JornalCana 246 (Julho/2014)

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TECNOLOGIA INDUSTRIAL

Julho 2014

Para ser empresário no setor é preciso fé inabalável A afirmação é de Antonio Gusmão, executivo de destaque que atua há 32 anos na cadeia sucroenergética RENATO ANSELMI,

DE

CAMPINAS, SP

Novas soluções e tecnologias não são viabilizadas por acaso. Para serem transformadas em aliadas estratégicas do processo de produção agroindustrial de usinas e destilarias, precisam contar com o esforço, persistência e visão de executivos da cadeia fornecedora de bens e serviços para o setor sucroenergético. Há muitos profissionais de destaque nessa área. Um deles é o diretor da Authomathika, Antonio José de Gusmão, que atua há 32 anos na cadeia sucroenergética. “Vi muitas crises do setor. Aprendi muito e respeito todos os empresários que lutam e que empreendem nele. Ser empresário no Brasil é ser herói. Ser empresário no setor sucroenergético, além de heróico, é ter uma fé inabalável e inquestionável”, afirma. A Authomathika surgiu, cresceu e tornou-se forte, atuando nesse mercado há 15 anos – conta – por meio de fornecimentos de Automação e Elétrica, Serviços de Revisões e Metrologia. A ligação dele com o setor sempre foi inclusive muito próxima. “Nasci numa colônia de usina. Com cinco anos de idade

Antonio José de Gusmão, diretor da Authomathika

meu pai me colocou em cima de uma moenda. E já era elétrica na época”, relata. No momento de crise é necessário procurar – afirma – maior retorno, “tirar leite de pedra”. Segundo ele, a automação e a tecnologia de maneira geral são ferramentas para isto. Ajudam a empresa a ser mais produtiva e, consequentemente, mais competitiva, para conseguir ganhar

um pouco mais ou deixar de perder. Com a automação industrial e agrícola, implantada de maneira correta, o aumento da eficiência é real, indiscutível e facilmente notada, afirma Antonio Gusmão. “O retorno financeiro é evidente”, enfatiza. Na opinião dele, hoje não é concebível uma usina operar adequadamente, objetivando lucro, sem ter um sistema de

automação. “É quase impossível ter bons rendimentos, em todos os turnos de trabalho, dependendo apenas do operador e da sua habilidade”, comenta. A implantação de um sistema de automação, bem elaborado e estudado profissionalmente – ressalta – reduz perdas, melhora a eficiência de processos, aumenta a capacidade produtiva com baixo custo, traz mais proteção ao patrimônio, diminui problemas trabalhistas e dá mais recursos para análises gerenciais. Em relação à crise, ele considera que é a maior já vivenciada pelo mercado sucroenergético. Toda empresa, que tem na sua carteira clientes desse setor, está sendo afetada. Por estar operando em outros segmentos, a Authomathika tem conseguido manter seus compromissos – observa. ”Mesmo com a crise, o setor sucroenergético ainda é uma fatia importante de nossas vendas, equivalente a cerca de 60% neste último ano”, revela. Na opinião de Antonio Gusmão, de todos os problemas enfrentados pelo governo e o Brasil, os que estão mais fáceis de ser equacionados são os do setor sucroenergético. “Precisamos ter uma política clara e definida para os próximos anos”, afirma. De acordo com ele, existe demanda forte latente para o etanol e a energia da biomassa. “Temos expertise, capacidade de produzir e de ampliar a produção”, constata. Há uma luz no fim do túnel. Basta caminhar na direção correta – enfatiza.

A visão de quem conhece os dois lados do balcão Com 29 anos de atuação no mercado, o engenheiro mecânico Waldemar Antonio Manfrin Junior, diretor da TGM, outro executivo com atuação destacada na indústria de base do setor, conhece de perto não somente os efeitos da crise em toda a cadeia sucroenergética. Tem também experiência para propor alternativas para driblá-la. É fundamental as usinas buscarem soluções tecnológicas para as áreas industrial e agrícola visando a redução do custo fixo e o aumento da produtividade – afirma. E, por consequência, terão condições de vender um produto competitivo mundialmente – comenta. Waldemar Manfrin faz essa análise com a “autoridade” de quem já viveu “dos dois lados do balcão”. Em 1985, ele iniciou a sua carreira, trabalhando na empresa Zanini, onde ficou por um ano. Em 1986, foi para a Usina Santa Elisa, atuando como gerente de manutenção industrial e moagem. “Lá fiquei até 2000 e continuo no setor até hoje como diretor da TGM”, conta. Na opinião dele, um dos investimentos mais importantes para as usinas, atualmente, é a cogeração de energia. “Além da rentabilidade, gera empregos na cadeia produtiva”, observa.

Terceiro produto de usinas e destilarias, a bioeletricidade tem inclusive potencial para se tornar um fator relevante para a sobrevivência e a elevação da competitividade das unidades sucroenergéticas – afirma. “A energia torna-se o ponto de equilíbrio financeiro, pois permite que a usina tenha contratos fixos com garantias de receitas”, ressalta. Em relação à situação da indústria de base do setor, Waldemar Manfrin observa que a crise afeta e muito, não só a TGM, como todas as empresas da cadeia sucroenergética, reduzindo a quantidade de projetos e, por consequência, aumentando a concorrência, o que impacta nos preços e na margem de lucro. Apesar de todos os problemas, o setor sucroenergético continua sendo estratégico para a TGM, que é fabricante de turbinas a vapor e redutores de velocidade. “Representa 60% do nosso faturamento”, revela. A empresa tem procurado se fortalecer por meio da atuação em outros mercados. Segundo ele, a exportações tem dado bons resultados devido à qualidade dos serviços e dos produtos da TGM que são bem vistos pelos clientes. (RA)

Waldemar Antonio Manfrin Junior, diretor da TGM


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