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INDUSTRIAL
Julho 2017
Secagem de levedura pode gerar lucros adicionais de 65 milhões de reais em 10 anos Processo faz com que a levedura gerada durante a fermentação do etanol tornese o coproduto mais rentável para as usinas A levedura gerada durante o processo de fermentação alcoólica tornou-se um valioso produto para nutrição animal. Nos últimos anos, as leveduras foram reposicionadas como um aditivo funcional, melhorador da saúde intestinal, trazendo benefícios em todas as espécies de animais, e por isso a levedura tem encontrado um mercado aquecido em todo o mundo. Um estudo recente demonstrou que a secagem de levedura para um grupo de usinas que produz 270 milhões de litros de etanol/ano pode gerar o faturamento bruto anual de R$12 milhões e um lucro líquido anual, de R$8,5 milhões, já descontadas as despesas com vapor e energia elétrica. Em 10 anos, após a amortização dos equipamentos, o projeto pode gerar lucro líquido de R$65 milhões. É o que garante Glycon Santos, CEO da ICC, uma ¬¬multinacional brasileira com filiais em 5 países, incluindo China, Índia, EUA e Inglaterra, que exporta leveduras para mais de 50 países. “O mercado para o etanol é muito competitivo, com margens de lucro estreitas, por isso entendemos que a secagem da levedura que é gerada durante o processo de fermentação é uma forma imprescindível de incrementar receita e lucratividade às unidades produtoras de etanol. Quem descarta levedura pela vinhaça, perde a fração mais lucrativa do processo de fermentação. Não
Glycon Santos, CEO da ICC: "conseguimos oferecer para a unidade produtora a possibilidade de escoar toda a produção durante a safra, sem a necessidade de a usina fazer a estocagem".
processar a levedura é mesmo que jogar açúcar fora, pois para produzir etanol a levedura se multiplica e consome açúcar; infelizmente a prática de não processar o excedente de levedura ocorre na da maioria das usinas”. Santos afirma que a levedura seca pode ser o coproduto mais lucrativo produzido por uma usina que produz açúcar, etanol e cogeração de energia elétrica. Porém, este coproduto tem passado despercebido para maior parte dos empresários, porque a levedura não pode ser produzida em larga escala. “O faturamento do negócio levedura seca sempre representará no máximo 1,0 % do faturamento de uma usina e é por isso que eu acredito que as usinas não tem dado a devida atenção a este coproduto. Mas essa é uma realidade que está mudando, pois
alguns empresários tem percebido que este 1,0% de faturamento adicional é altamente lucrativo, “levedura seca é dinheiro no caixa”, e representando mais uma atividade descolada dos ciclos de alta e baixa típicas do açúcar e etanol”. Ele explica que todas as usinas, ao produzirem etanol, inevitavelmente geram um excedente de levedura. O excedente de levedura gerada durante a fermentação, de acordo com os consultores mais renomados do Brasil, é de cerca de 60 gramas de levedura por litro de etanol produzido. Quando a levedura não é extraída para secagem, ela se perde na centrifugação do vinho. Esse residual de leveduras passa pelos equipamentos de destilação, agravando os problemas de incrustação, causando maior consumo de vapor além da perda de etanol
na degasagem dos condensadores. Finalmente a levedura é descartada junto com a vinhaça aumentando sua carga DBO e DQO, sem agregar nenhuma receita ao processo produtivo. “As 60,0 gramas de levedura por litro de etanol significam 6,0% da produção de etanol. As usinas mais desenvolvidas têm recuperado até 35 gramas de levedura seca por litro de etanol, as demais cerca de 20 a 25 gramas levedura seca por litro de etanol, ou seja, em massa, secar levedura significa incrementar a produção de etanol de 2,0% a 3,5%. É um ganho de produtividade enorme! Mas é preciso destacar que enquanto o etanol traz uma margem média de lucratividade de 10,0%, a levedura seca pode gerar uma margem próxima de 70,0% de lucro para a usina”, calcula o CEO da ICC.
Parceria atende usina desde a produção até à venda da levedura A ICC entrega fábricas completas, “turn key”, estoca e escoa o produto até o Porto de Santos, onde a levedura é exportada para mais de 50 países Por se tratar de um coproduto, de pequena escala de produção, e do mercado consumidor ser pulverizado, a ICC oferece um pacote integrado de serviços, que vai da instalação da fábrica de secagem da levedura até a venda do produto. “A missão da ICC é permitir que as usinas agreguem valor às leveduras, sem desviar o foco dos seus negócios principais: açúcar, etanol e energia elétrica”, destaca Glycon Santos, CEO da ICC Brasil. Outro ponto muito importante no pacote de serviços oferecido pela ICC é o seu compromisso com o desenvolvimento
do mercado. A ICC investe cerca de 2,0 milhões de reais por ano em pesquisa científica para esclarecer as propriedades extra nutricionais da levedura de cana, participando de todos os eventos mais importantes para saúde e nutrição animal. “Este investimento é fundamental para garantirmos que o mercado para a levedura de cana será sempre crescente” reitera Santos. Em relação às usinas, tudo começa com um estudo de viabilidade econômica realizado pela ICC juntamente com empresa. “Uma usina que produz 100.000 m3 de etanol por safra, já apresenta viabilidade para comportar uma unidade de secagem de levedura. O conceito de “hub” de produção está se consolidando, onde a levedura de 2 a 4 usinas é industrializada em uma mesma planta. Quanto maior a escala, maior o retorno. No estudo de viabilidade, verificamos a demanda por vapor e energia elétrica e outras utilidades e a sanidade da fermentação alcoólica. Com essas informações apresentamos os valores do
Capex [investimento] e do Opex [operação]”, explica o executivo. A fábrica — anexa à destilaria — é um projeto “turnkey”. Considerando-se a produção de 6.000 tons/ano de levedura, o investimento estimado é de 11,0 milhões de reais. A ICC avalia e implanta a fábrica. A operação pode ficar sobre a responsabilidade da ICC ou da própria usina. Os projetos garantem à usina o retorno do investimento feito em um prazo máximo de cinco anos. “O projeto implantado gera um fluxo de caixa positivo desde o primeiro dia de produção, as receitas são suficientes para cobrir o custo operacional: mão-de-obra, sacaria, energia, vapor, manutenção e transporte do creme (no caso de hub); e também a amortização do equipamento instalado; e ainda gera renda adicional para a usina”. De acordo com CEO da ICC, a planta é de fácil operação e baixa manutenção. Todos os equipamentos envolvidos são fabricados no Brasil. São necessários apenas dez meses para a construção da fábrica. Há também uma equipe técnica
disponível que dá manutenção nas fábricas e assistência técnica quando existem problemas de qualidade relativos à levedura. A operação de uma planta de secagem de levedura com capacidade de 25,0 t/dia necessita de cerca de 8 colaboradores diretos, os quais são treinados pela equipe técnica da ICC, que, por fim a ICC também cuida da estocagem e da comercialização da levedura. “A ICC possui 2 centros de distribuição, um localizado em Macatuba (SP), com 13.000 m² de área coberta, e outro localizado em Santos (SP), com 3.000 m² de área coberta, de onde exportamos nossos produtos. Assim conseguimos oferecer para a unidade produtora a possibilidade de escoar toda a produção durante a safra, sem a necessidade de a usina fazer a estocagem. A estocagem da levedura é muito importante porque a demanda pela mesma ocorre durante o ano todo. O cliente exige serviço e a garantia de entrega regular é parte fundamental do pacote de serviços” esclarece Santos.