Jornal B&B Edição de Maio/2014

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Brasileiras & Brasileiros, Inc.

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Vol 20 ||

Num 5 || May 2014

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Reforma Imigratória

A vida de12 milhões em “roleta” eleitoral

Barack Obama Rick Perry

Nancy Pelosi

John Boehner

Hillary Clinton

São seis lideranças. Cada uma com um grau de poder específico, mas também com pontos fracos e compromissos com a própria sobrevivência: eleitoral e partidária. Sarah Palin Marco Rubio Presidente Obama, líder republicano John Boehner, líder democrata Nancy Pelosi, governador do Texas, Rick Perry, “poster-girl” do Tea Party, Sarah Palin e a estrela emergente dos conservadores republicanos, senador Marco Rubio, da Flórida, são os principais atores num “teatro” que pouco afeta a vida dos Estados Unidos, mas é agonia e tensão na vida de 12 milhões de imigrantesindocumentados. Veja abaixo porque a reforma “não engata” e o repulsivo jogo político que mantém, milhões de famílias num “limbo”. Até que ponto o presidente Obama e os mais altos dirigentes do Partido Democrata realmente acreditam que podem “forçar” o Partido Republicano a votar a reforma imigratória em ano eleitoral? Entra ano e sai ano e uma das mais graves questões político-sociais dos Estados Unidos se

arrasta de forma quase patética, provando que, acima de qualquer coisa, a situação dos 12 milhões de imigrantes indocumentados e seus descendentes, vivendo nos EUA, parece mesmo não passar de exclusivamente “moeda de barganha político-eleitoral”. E o pior é que tanto republi-

canos quanto democratas querem ser vistos como “pais da reforma” e com isso capitalizar o poderoso bloco de votos latinos, que já se mostrou decisivo nas duas eleições ganhas pelo atual presidente. Já que ambos os partidos são a favor da reforma, porque a reforma não é votada? Simplesmente porque os dois partidos reconhecem que a reforma imigratória teria um impacto devastador nas eleições, tanto deste ano, quando haverá renovação de parte do Senado e da Câmara de Representantes, quanto em 2016, quando será eleito o sucessor de Obama. Isso mesmo, é a disputa por esse “cabedal político” que trava a reforma, já que os republicanos - que vêm se opondo de forma sistemática a qualquer reforma imigratória até mesmo durante os oito anos de governo Bush - não admitem “entregar de bandeja” aos democratas, ou um eleitorado que hoje representa quase 20% do país. Sem números na Câmara de Representantes que possam aprovar a reforma independente dos votos republicanos, os democratas estão numa encruzilhada. Obama pode usar o mesmo recurso que o republicano Ronald Reagan utilizou nos anos 80. Uma “Executive Order”, que promulgou uma ampla anistia a todos os imigrantes. Mas o recurso, considerado extremo pelo sistema

político norte-americano, seria muito arriscado politicamente. O que teme Obama e os republicanos? A questão é que a causa dos imigrantes não conta com grande simpatia dos norte-americanos. A rejeição até já foi bem maior, nos anos que se seguiram aos ataques de 11 de setembro de 2001. Segundo as pesquisas da Rede CNN, embora 69% dos americanos apóiem uma reforma imigratória, uma percentagem bem menor - 47% - apoiariam uma anistia ampla, como pretendem os democratas. Um dado interessante da mesma pesquisa são os 22% que não aprovam a deportação em massa e indiscriminada. Sinal de que a opinião pública norte-americana realmente reverteu o quadro de desfavorabilidade com os imigrantes. O impasse político é grande. E é muito provável que a decisão só saia mesmo em ano “neutro”: 2015. Se a reforma parece contar com apoio de quase todos - cada um com sua própria “receita’ do que deve ou não deve ser feito, um fato que não muda é a permanência de quase 12 milhões de pessoas vivendo nos Estados Unidos de forma irregular. Parece já não haver argumentos fortes o suficiente para justificar a reforma. A briga parece ser unicamente pela “paternidade” da lei e suas inevitáveis consequências nas urnas eleitorais.

O que pensam os americanos?

69

%

São favoráveis a uma reforma imigatória que contemple a maioria dos indocumentados.

47

%

Não apoiariam uma anistia “ampla geral e irrestrita”.

22

%

Ainda acham que todos os ilegais deveriam ser deportados.


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