Beleza e resistência
















O cabelo crespo é apenas um dos símbolos da vasta cultura negra. Muito além da estética, os penteados também contam a história de um povo que luta e se orgulha de suas origens.




O cabelo crespo é apenas um dos símbolos da vasta cultura negra. Muito além da estética, os penteados também contam a história de um povo que luta e se orgulha de suas origens.
Com uma câmera na mão e uma caneta na outra, uma moça desconhecida entrou no pátio que abriga o salão Pimenta Negra e Ateliêr Débora Tatiane. Não dava para ver, mas talvez o cabelo preso escondesse os cachos bagunçados. Enquanto a estranha era recebida pelas donas dos empreendimentos, uma menina de não mais do que três anos apareceu na porta do atelier.
O contraste entre pequeno black power e os olhos claros não deixariam Aurora passar despercebida. E, mais do que beleza, a pequena entregava simpatia. Assim que a moça terminou de fazer as fotos, Aurora quis ver. Entre gargalhadas percebeu que quem a jornalista fotografava eram as suas tias, Cátia e Débora.
Aurora não sabe, mas suas tias foram entrevistadas porque
tem o cabelo como o dela. Aos três anos ainda não dá para perceber que o simples fato de se orgulhar dos cabelos crespos é motivo de pauta e capa de caderno de jornal.
Mas não vai demorar muito para Aurora entender que seu pequeno black power é mais do que um penteado. Logo ela vai aprender que cada um de seus cachinhos contam uma história bonita, mas que muitos ignoram e fingem que não tem importância: a história do povo negro brasileiro.
Aurora não pode escolher entre saber ou não saber dessa história, porque é a história dela, e ela nem vai ter como esquecer disso, porque, para o bem ou para o mal, ninguém vai deixar. Está nos cabelos, na pele, estampado no rosto. E estamos no Brasil.
Não dá para prever em que pé o mundo estará quando Aurora for adulta. Mas, se mulheres como suas tias seguirem estampando o orgulho da cor no jornal e mais pessoas passarem a se interessarem genuinamente pelo o que elas têm para dizer, talvez as coisas estejam melhores. A moça com a câmera e a caneta na mão torce e trabalha por isso.
Boa leitura!
AgendaA Praça Henrique Brückner, em Imigrante, será o ponto de encontro para os amantes do rock. Com programação diversificada, o evento recebe o 8º Festival de Bandas, 5º Encontro de Motos, 4º Encontro de Carros Antigos, 1ª Rústica Rock’n Run, apresentações e workshop com alunos. Programação segue até a segunda-feira, 4.
Em show intimista, revezando a viola, o violão e o piano, Oswaldo Montenegro traz pela primeira vez ao Teatro Univates, o espetáculo “Lembrei de Nós”, na sexta-feira, 18, às 20h30min. Neste show, além da música que dá título à performance, o cantorcompositor apresenta novas composições, como “Não há Segredo Nenhum”, e canta seus grandes sucessos. Os ingressos já estão disponíveis no site do teatro e no Centro Cultural, com valores entre R$ 45 e R$160.
Na quinta-feira, 17, às 19h10, o Teatro Univates recebe o Piccadilly Inspira, evento que busca fortalecer o empreendedorismo feminino por meio de bate-papos inspiradores. Para participar, é necessário se inscrever no site da Univates e, no dia do evento, doar um material de higiene feminina e um litro de leite na entrada. As doações serão repassadas para entidades locais.
Ocorre neste domingo, 13, mais uma edição do Arte na Praça, ma Praça do Papai Noel, em Lajeado. O evento conta com exposição e feira de artesanato com apresentações artísticas, brinquedos para as crianças, gastronomia com produtos locais e brechó de roupas e antiguidades.
De programação musical ao Encontro Numismata, região tem programação diversificada nos próximos diasColecionadores e estudiosos de moedas têm encontro marcado em Estrela neste sábado, 12. O evento inicia às 9h e segue até às 16h, na rua Venâncio Aires, 239, no Centro.
No dia 18 de novembro
o Clube Tiro e Caça realizará seu Luau, em alusão a abertura da temporada das piscinas. O evento iniciará às 19h e se estende até às 00h, com show do DJ Hassmann e banda Adama, de Porto Alegre. Os ingressos do Luau são limi tados e devem ser adquiridos na secretaria do Clube. Sócios e não sócios têm o custo de R$25, po rém os associados têm neste va lor o direito a consumação. Crian ças até 12 anos não pagam.
Por ser realizado junto do am biente das piscinas, neste dia a área será fechada mais cedo para organização do evento. Pedimos a compreensão de to dos e esperamos você para essa noite de música e muita diversão!
2022/2023
A temporada de piscinas fica rá aberta até o mês de março. O acesso ao espaço se dá por meio da compra do cartão de banho, Após finalizar a primeira etapa das obras dos pilotis do Salão Social, o próximo espaço que receberá me lhorias é o Campo A. Entre
que pode ser adquirido na Secreta ria do Clube mensalmente ou por temporada.
Nas segundas-feiras as piscinas abrem às 14h, enquanto que de terças-feiras a domingo os sócios
podem aproveitar das 9h às 20h. Importante destacar que, duran te a alta temporada, (dezembro, janeiro e fevereiro), o horário de fechamento das piscinas muda, sendo estendido até às 21h.
as reformas, haverá a troca do gramado, manutenção da cerca e aperfeiçoamen to das áreas do entorno.
A previsão de término
das obras é para final de março. Durante este perío do, pedimos a compreen são e colaboração de todos os sócios.
O CTC realizará, entre os dias 15 e 18 de dezembro, o torneio aberto de Beach Tennis CTC 2022. Os jogos acontecerão nas quadras de areia do CTC e se rão disputados nas categorias Open, B, C e D, na modalidade feminina, masculina e mista.
Nesta edição, a competição dará aos vencedores o total de
R$ 2,7 mil em prêmios. Para o Open (masculino, feminino e misto) o campeão levará R$400 e o vice R$ 200. Já na categoria B, (masculino, femino e misto) o campeão receberá R$ 200 e o vice R$100.
As inscrições iniciam no próxi mo dia 18 e se estendem até o dia 10 de dezembro. Os atletas
que competirem na modalidade Open ou mista podem se inscre ver em mais de uma categoria.
Sócios têm o custo de R$ 40 para participar da competição, enquanto não sócios pagam R$ 80. Inscrições podem ser realiza das pelo e-mail esporte@ctclaje ado.com.br ou nos telefones (51) 3710-2649 e (51) 9 8153-1222.
Ainda dá tempo dos sócios garantirem uma vaga na se gunda edição do Open CTC de Futevôlei, que acontece nos dias 18 e 19 de novem bro. As inscrições vão até o dia 14 de novembro e tem vagas limitadas.
O torneio é aberto ao pú blico e será disputado nas categorias Iniciante, Interme diária e Open, sendo neces sário o mínimo de 12 duplas por categoria para ocorrer as partidas. Também haverá premiações em dinheiro para as duplas campeãs na Open e Intermediário, e entrega de troféus e medalhas aos Ini ciantes.
Interessados devem fa zer as inscrições pelo e-mail esporte@ctclajeado.com. br, telefone 3726-4980 ou Whatsapp 98153-1222. Para associados há o custo de R$50,00 por dupla, enquanto os demais pagam R$100,00 na inscrição.
O 2º Open de Futevôlei é uma realização do CTC com o patro cínio de Redram Brindes e apoio do Kalber Fardamentos Esporti vos.
Lançado na última sexta-feira, 11, na Expovale+Construmóbil, o Diamond Time traz novidades e inovação para o Vale do Taquari. O novo empreendimento da Construtora Diamond tem na sua estrutura de condomínio um grande diferencial.
Com mais de 3 mil metros, a área destinada à convivência será mobiliada e decorada em alto padrão. “Quem morar no local poderá usufruir de uma estrutura semelhante a de clubes, mas dentro do seu próprio prédio”, explica o diretor Gustavo Schmidt. Ele destaca a conveniência como uma das principais novidades, que contará com uma loja self-service dentro do próprio condomínio, ou seja, diversos itens poderão ser adquiridos sem precisar sair do prédio para fazer compras no mercado. Outro ponto diferencial será a área das piscinas. “Teremos um acqua play para a garotada brincar e uma área molhada bem interessante.”
De acordo com Schmidt, a localização do Diamond Time é uma das melhores da cidade, pois o Bairro Florestal está bem no meio de Lajeado e é uma das regiões mais valorizadas. “É um projeto ousado para a região e com certeza vai colaborar para elevar ainda mais o nível dos empreendimentos daqui”, aposta.
Com projetos construídos em Gramado e em Santa Catarina, o diretor da Diamond afirma que o Vale do Taquari já é referência no setor da construção civil e empreendedorismo no estado. “Cada
novo lançamento que fazemos traz consigo a inovação, que é a nossa marca. Queremos fazer cada vez melhor. A região está de parabéns em termos de empreendedorismo.”
No total, serão 166 unidades residenciais, divididas em duas torres, com três elevadores cada para dar tranquilidade no deslocamento dos moradores. O prazo de entrega da primeira torre é de 5 anos e mais um ano e meio para a segunda. “É um prazo necessário por conta do tamanho da obra e para garantir o padrão Diamond de qualidade.”
Das tranças ao black power, o cabelo da mulher negra carrega história e identidade. Salões e produtos especializados, hoje, facilitam o empoderamento e incentivam as pazes com os cachos
Julia Amaral juliaamaral@grupoahora.net.br Bibiana Faleiro bibianafaleiro@grupoahora.net.brAs irmãs Débora Tatiane da Silva, 37, e Cátia Betânia da Silva, 34, compartilham a mesma memória de infância: os dias em que a mãe e a tia faziam tranças em seus cabelos cacheados. Para deixar o penteado ainda mais bonito, elas apostavam em enfeites coloridos junto das mechas.
“Nossa mãe sempre nos fez entender que somos lindas assim”, lembra Débora. Mas, mesmo com uma educação que se distanciava da ideia de que o
único cabelo bonito era o liso, as irmãs passaram por momentos difíceis na adolescência.
Foi nessa época que elas buscaram produtos para alisar os cachos. O objetivo era melhorar a autoestima mas, como ainda não havia tratamentos especiais para esse processos químicos, era comum que os fios ficassem ressecados e quebrassem.
Além disso, para fazer o alisamento era preciso viajar até Porto Alegre. “Então, além de estragar nosso cabelo, também era caro de fazer”, recorda Cátia. Foi pesquisando formas de solucionar o problema que a dupla descobriu o mega hair.
“Aqui na região nós fomos as primeiras a usar o mega. Todo mundo perguntava o que era, como era. Diziam que a gente parecia americanas”, conta Débora. Como em 2010 o assunto ainda era novidade, Cátia começou a estudar a técnica e, hoje, é cabeleireira especializada em cabelo afro.
Conforme Cátia, a aplicação de mega hair em cabelo liso é diferente da técnica do crespo. Mas, em todos os casos, o mega
Aqui na região nós fomos as primeiras a usar o mega. Todo mundo perguntava o que era, como era. Diziam que a gente parecia americanas”
A trança nagô foi usada para fazer mapas na cabeça, eram rotas de fuga. É mais do que um penteado, é um caminho para liberdade”
Débora Tatiane da Silva consultora de estiloé uma extensão do cabelo. Na prática, é uma interação entre fios sintéticos e naturais para aumentar o comprimento e volume.
Pode ser usado, inclusive, durante a chamada “transição capilar”, momento em que o ideal é ficar sem fazer procedimentos químicos para que o cabelo cresça em sua forma natural. “O cabelo é a moldura do rosto, e nós podemos transitar por vários tipos”, afirma Débora, que hoje é consultora de estilo.
“Antes eu chegava nos lugares
TRANÇA NAGÔ/RAIZ: começa na raiz da cabeça e é feita por todo o comprimento, em cabelos naturais ou adicionando fios sintéticos para aumentar a extensão das madeixas.
TRANÇA BOX BRAIDS: tranças individuais feitas em toda a extensão do cabelo e tem como principal papel unir os fios naturais aos sintéticos.
TRANÇA TWIST: Nos twists, as mechas são torcidas, dando uma aparência semelhante a uma corda trançada, com um efeito diferente das box braids.
e diziam que eu era diferente. Com o tempo eu pensei que com diferente eles queriam dizer ‘como uma mulher negra pode se vestir bem, tá bem posicionada”, conta. Para a profissional, uma pessoa que se sente bem com a imagem que reproduz é muito mais confiante e entende o seu valor.
Cátia destaca que no salão “Pimenta Negra”, em Lajeado, ela atende mulheres com as mais variadas texturas de cabelo, inclusive lisos. Quando uma cliente de fios crespos ou cacheados chega no salão, Cátia sabe que o trabalho não acaba no corte ou no penteado. É preciso repassar todas as técnicas de cuidado, que nem sempre são bem divulgadas, para que os fios permaneçam bonitos.
“Eu sempre deixo aquela janelinha aberta: quando tiver alguma dúvida, me chama”, diz a cabeleira.
Essa rede que se cria entre as mulheres crespas e cacheadas é bastante antiga. A trancista Camila Marques lembra das mulheres da rua que faziam tranças umas nas outras. A cultura, no entanto, não dobrava a esquina.
“A gente sempre fez isso, mas hoje entendemos que é um negócio. Por que eu não posso ter um salão de beleza para mulheres negras?”, indaga. Em breve, ela deve inaugurar o salão Rai-
As irmãs Débora e Cátia assumiram os cachos e incentivam outras mulheres negras a aceitarem sua identidade
nhas Nagô, em Lajeado.
Para o espaço, Camila tem um objetivo em mente: fazer com que as mulheres se sintam como rainhas. Con-
Como inicia a história dos povos africanos aqui na região?
A vinda dos primeiros africanos se deu como mão de obra escravizada. Pelos estudos, isso foi no século XII, também com a inserção dos portugueses aqui, que recebiam sesmarias, terras da coroa portuguesa para produzir, com mão de obra africana. A região em si teve um número significativo de mão de obra escravizada. Foram homens, mulheres, crianças comercializadas. Levantamos uma documentação de compra e venda, cartas de alforria, registro de batismos, casamentos, óbitos. Identificamos muitas pessoas escravizadas nascidas em África e muitos crioulos, escravizados nascidos no Brasil. Tivemos essa diversidade.
Quais
Brasil a partir desse período. A culinária, as músicas, a dança. Temos hoje um vocabulário repleto de palavras africanas, como o “cafuné”, por exemplo.
Nós tivemos uma diversidade de nações africanas aqui, como os Nagôs, pessoas de Moçambique, Angola, Congo, Cabindas. No comércio, era intensa a troca cultural. Os senhores não queriam adquirir pessoas da mesma nação por medo de rebeliões, então faziam uma diversidade para que não se “entendessem entre si”. Só que a resistência contra o sistema perpetuou todo o período de escravidão. Hoje, as religiões de matriz africana são uma herança do período de escravidão. Mesmo dentro do sistema escravista, a religiosidade era exercida. O Rio Grande do Sul é o estado que mais tem terreiros no Brasil. O culto aos orixás, os rituais, também vieram ao
Na reportagem, falamos muito sobre as tranças, quais são os simbolismos que elas carregam?
O cabelo significa resistência para o povo negro, no sentido de afirmar sua identidade. Porque o cabelo é uma marca identitária do povo negro. As tranças também eram uma estratégia, porque a partir do trançado do cabelo se traçava rotas de fuga. Hoje, assumir o cabelo afro, o black, a tança, é uma questão de identidade, de se afirmar como povo negro perante uma sociedade ainda racista. O povo negro sempre resistiu e continua resistindo, seja na herança cultural, na afirmaçlão do seu cabelo, do seu jeito de se vestir, isso tudo faz parte de sua resistência.
forme o projeto, logo na entrada do local haverá um quadro contando toda a relação das tranças com o povo negro.
“A trança nagô foi usada no período da escravidão para fazer mapas na cabeça, eram rotas de fuga. Então é mais do que um
penteado, é um caminho para liberdade”, destaca Camila.
A profissional lembra que cada tipo de trança era feita por uma tribo diferente, por isso, hoje se tem uma gama de possibilidades e, quem tivesse mais tranças na cabeça, era tratado como realeza.
as principais heranças dos povos africanos encontradas no Vale?FOTOS JÚLIA AMARAL Camila é trancista há anos e, agora, se prepara para abrir o Salão de beleza “Rainhas Nagô”
Amodernidade nos brindou com muita coisa. No entanto, as possibilidades de comunicação e de interações sociais ampliadas geram ansiedade, síndrome de burnout e correlatos – porque não conseguimos mais desligar.
Além de alimentados aquém da necessidade, notícias falsas, pseudoconhecimento e opiniões sem fundamentação nos incham e inflamam. Um exemplo de compartilhamento que causou mal-estar foi a declaração feita pela primeira-dama de Lajeado sobre o que ocorreu com Seu Jorge, no final de um show no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre.
Em suma, o cantor argumentou ter escutado ofensas racistas provenientes de uma plateia formada por brancos. Não havia negros entre os espectadores.
Essa ausência, se alguém não entendeu, é um dos indicadores mais seguros de segregações étnico-raciais associadas às de classe social. Diante do relato do artista, a primeira-dama gravou um videozinho, desses à moda de digital influencer. Entre o toc-toc dos sapatos no piso da casa de alto padrão, ela disse: “Será que nenhum branco que estava na plateia não ficou incomodado com a história dele dizer que ficou surpreso que não tinha nenhum negro? Pra que fazer segregação?”
Teor e tom deselegantes revelaram uma forma deturpada de olhar para a realidade, na qual as diferenças são apagadas. Isso permite que as pessoas possam se esquivar de
questões historicamente colocadas e das difíceis formas de mitigar suas consequências negativas. O mantra “somos todos iguais” é falso - infelizmente. Estamos separados nos acessos e nos usufrutos. De fato, deveríamos ser mais iguais em oportunidades e reconhecimentos, ninguém discorda.
Não são todos irresponsáveis, mas falácias de blogueiros, youtubers, tiktokers e assemelhados têm nublado a visão de muitas pessoas. O prefeito Marcelo Caumo, face à repercussão gerada, tem a oportunidade de demonstrar que as desculpas ofertadas por sua esposa - sim, houve um pronunciamentoforam refletidas. Através da Secretaria de Cultura, pode trazer nomes aptos a abordar o racismo estrutural ou para falar sobre o que acreditam ser pertinente.
Quem? Gilson dos Anjos, Nathallia Protazio, Ronald Augusto e Rosane Cardoso são ótimas referências.
O ideal é que nós, brancos, demandemos esse evento sem que os negros precisem se desgastar - afinal, o erro partiu de cá. Isso é agir minimamente como antirracista. Obviamente, ninguém organiza a casa dos outros de graça. O que não é óbice para um município tão rico. Estar na plateia também seria exemplo.
Diversidade, respeito e identidade são temas encontrados no livro “Flávia e o Bolo de Chocolate”, escrito por Míriam Leitão e ilustrado por Bruna Assis Brasil. A obra literária conta a história de uma criança negra adotada por uma família branca, que tenta entender as diferenças entre sua cor de pele e a de sua mãe.
A história é contada por Sílvia Adriana Estanislau Lima, professora e presidente do Centro de Cultura Afro-Brasileira de Lajeado, durante o Mês da Consciência Negra da cidade. Com fantoches, ela recria a narrativa de Flávia para ensinar às crianças sobre as diferenças.
“Na história, a vizinha fala para a menina que ela não pode ser filha da mãe dela, porque ela é negra, e a mãe branca. Então Flávia começa a não gostar de mais nada que seja marrom”, descreve Sílvia.
Ao longo do livro, a meni-
na entende que muitas coisas que ela gosta, como sorvete ou bolo de chocolate, brigadeiro e o cachorrinho Cacau são marrons, e faz perguntas sobre sua cor de pele. “Esses momentos são muito legais, porque as crianças conversam sobre isso. Reconhecem um primo negro, um pai, ou se identificam nas histórias”.
Para Sílvia, essa representatividade é um dos principais objetivos dos livros infantis. “As crianças podem se reconhecer
nos livros, e ver que também podem ser príncipes e princesas, que podem sonhar”, acredita a professora.
Sílvia ainda destaca que ensinar sobre a diversidade para as crianças é mais fácil do que falar sobre racismo com pessoas de mais idade. E, assim, os jovens crescem com consciência sobre as diferenças. A professora acredita que, hoje, não há mais espaço para o preconceito e que os livros têm poder para mudar essa realidade.
Amoras - Emicida
Contos africanos para crianças brasileiras - Rogério Andrade Barbosa
O cabelo de Lelê - Valeria Belém (autora), Adriana Mendonça (ilustradora)
A África recontada para criançasAvani Souza Silva (autor), Lila Cruz (ilustradora)
Meninas negras - Madu Costa
O menino marromZiraldo Alves Pinto
O pequeno príncipe pretoRodrigo França
No Mês da Consciência Negra, Centro de Cultura Afro-brasileira compartilha com as crianças histórias com personagens negrosSílvia Estanislau participou de horas do conto na Casa de Cultura de Lajeado BIBIANA FALEIRO
A penúltima edição do Projeto Pratas da Casa recebeu o morador de Estrela Gustavo Wickert no palco do Teatro do Sesc. O show, ao som de MPB, foi na quarta-feira, 9, e contou com a presença de público. No Pratas da Casa, o músico inscreveu a canção autoral “O Canto da Sereia”, que traz uma reflexão sobre como o capitalismo molda a subjetividade humana. A próxima apresentação do projeto é no dia 7 de dezembro, com o artista Kikee.
Festa, cultura e diversidade marcaram a abertura da Expovale + Construmóbil 2022 na quintafeira, 10. Com 400 expositores, esta é a primeira vez que as duas maiores feiras de negócios do Vale do Taquari ocorrem juntas. A programação segue com dez dias de mostra de arquitetura, estandes empresariais, eventos, shows e parques de diversões. Confira quem prestigiou a abertura da feira!
Comida típica da culinária afro-brasileira, a receita leva milho, amendoim, leite, cravo e canela
De origem Tupinambás, da Índia ou da África. A história da conhecida canjica, feita com amendoim, leite e canela, tem diferentes versões. A mais aceita, no entanto, é que ela tenha chegado ao Brasil no período colonial, trazida pelos africanos escravizados no país, e muito consumida nas senzalas.
Com o passar do tempo, a “kanzika”, como era chamada, recebeu outros ingredientes como o amendoim, leite de coco, cravo e canela, e se transformou no prato conhecido hoje. Pelo país, a receita ganha diferentes nomes. No Norte e Nordeste, por exemplo, é conhecida como mungunzá ou curau.
Na casa de Recioli dos Santos, em Lajeado, o prato é conhecido como canjica. Ele conta que quando criança, o avô
• 1 kg de canjica
• 1 xícara de açúcar
• 4 litros de leite
• Amendoim torrado
• 2 gemas de ovo
• Canela em pó
• Cravo da Índia
• Chocolate em pó
visitava a família que morava, na época, em Montenegro. Naqueles momentos, sempre arrumava tempo para fazer a canjica. A mãe de Recioli também gostava de preparar o prato e ensinou a receita para o filho. “Aprendi com eles e resolvi fazer. De vez em quando faço e chamo a família”, conta.
O avô era tropeiro, neto de escravizado e carregava com
ele as histórias da família, que eram contadas a Recioli. “O vô me contava que a canjica era a coisa mais fácil de conseguir. Era barato, eles tinham vaca de leite, canjica, amendoim, canela, cravo e gema do ovo. Não precisavam comprar outra coisa. E fica muito bom”, recorda. Depois do período de escravidão, o prato se tornou comum, em especial, entre
os tropeiros, e acompanhava o arroz de carreteiro.
Hoje, a receita é mantida como tradição na casa de Recioli.
As filhas apreciam o prato e preferem a canjica feita pelo pai.
Na tarde de quarta-feira, Recioli também ensinou a receita para a comunidade na Casa de Cultura de Lajeado. “Não quero deixar desaparecer. Quero expandir isso, essa história”, comenta.
Coloque a canjica branca de molho pelo menos duas horas antes do preparo. Recioli costuma colocar os grãos de milho em um recipiente com água no dia anterior. Depois de trocar pela primeira vez o líquido, coloque mais água que vai se incorporar à canjica. Na hora do preparo, misture meia xícara de açúcar à canjica, e coloque em uma panela de pressão, adicionando o leite. Coloque também a canela e o cravo. Depois de 10 minutos, acrescente mais leite. No terceiro litro, coloque o amendoim torrado.
Bata as gemas para fazer a gemada, acrescente meia xícara de açúcar e, no fim, o chocolate em pó. Depois, junte as misturas e complete com o quarto litro de leite. Deixei ferver por alguns minutos e pode ser servido. O prato, em geral, é consumido quente, no inverno.
• 1 Kg de feijão preto
• 100 g de carne seca
• 70 g de orelha de porco
• 70 g de rabo de porco
• 70 g de pé de porco
• 100 g de costelinha de porco
• 50 g de lombo de porco
• 100 g de paio, uma carne especial portuguesa
• 150 g de linguiça portuguesa
• 2 cebolas grandes picadas
• 1 maço de cebolinha verde picada
• 3 folhas de louro
• 6 dentes de alho
• Pimenta do reino a gosto
• 1 ou 2 laranjas
• 40 ml de cachaça
• Sal se precisar
Coloque as carnes de molho por 36 horas ou mais. Troque a água várias vezes. Se for ambiente quente ou verão, coloque gelo por cima ou em camadas frias.
Coloque para cozinhar as carnes duras e, em seguida, as moles.
Quando estiver mole, coloque o feijão, e retire as carnes.
Tempere o feijão e está pronto para servir.
Couve, arroz branco, laranja, bistecas, farofa, quibebe de abóbora, baião de dois, bacon, torresmo, linguicinha e caldo temperado.