FIM DE SEMANA, 04 E 05 DE JANEIRO DE 2020
Circulação bimensal GIOVANE WEBER
Especial do jornal A Hora
Cultivo de grama vira opção de renda Pastagens permanentes tornam-se aliadas dos produtores de leite ou de corte e ajudam a reduzir os custos. Análise de solo, adubação e manejo são fundamentais para conseguir obter resultados satisfatórios de produtividade
U
ma das fontes mais econômicas para alimentar o gado, as pastagens permanentes, em especial as perenes, são grandes aliadas dos agricultores, pois permitem obter leite ou carne com menos custo e mais saudável. Produtores de leite faz mais de três décadas, o casal André e Elaine Beuren, de Arroio do Meio, encontrou no cultivo de grama uma forma de incrementar a renda mensal. As variedades Jiggs e Tífton 85 são cultivadas em três estufas. As mais de 120 mil mudas ficam acomodadas em bandejas no sistema Floating, modelo adotado pelos fumicultores, onde é acondicionada uma solução nutritiva a base de adubo e substrato orgânico. Todo trabalho é manual, uma das dificuldades para aumentar a oferta. “A demanda é maior do que a disponibilidade de plantas. Elas precisam de calor e umidade para se desen-
volver bem”, explica André. Após 18 dias, é possível fazer o replantio para a lavoura. Beuren sugere uma análise de solo e adubação correta para garantir um bom crescimento. “A grama necessita de fósforo, calcário, potássio e nitrogênio para enraizar bem”, ensina. Em três meses, com boas condições climáticas e de manejo, é possível levar o gado leiteiro ou de corte para o primeiro pastejo. A bandeja com 200 mudas custa em média R$ 25. O frio é um empecilho. Quando a temperatura baixa de 10 graus, elas param de crescer, no entanto rebrotam após a geada. Após a implantação das áreas na propriedade, o casal conseguiu reduzir os custos com silagem e ração em até 50%, sem perder a produtividade do plantel de 13 vacas. A grama pode ser destinada também para alimentar ovelhas, cabras e até cachorros. “Ela é um aliado natural para os cães quando estão com problemas intestinais. Muitos clientes compram para plantar no pátio ou jardim”, observa Elaine.
Treze litros por dia Segundo o médico veterinário, da Emater Regional de Lajeado, Martin Schmachtenberg, essa é a quantida-
de máxima de leite a ser produzida diariamente apenas com pastagem. Acima disso, entende ser necessário fazer um complemento com silagem e concentrados para atender as necessidades diárias de energia dos animais. “As pastagens permanentes, bem implantadas e manejadas, permitem longo pastejo. Quando elas reduzem a oferta de alimento, também é possível a semeadura de variedades anuais de pastagens de inverno, como aveia e azevém”, explica. Para manter a abundância, é preciso observar e respeitar a altura do pasto para a entrada e saída dos animais nos piquetes. “Adubar após
Menos custos Segundo ele, uma pastagem bem manejada tem um alto teor de proteína. “Quando os animais conseguem ingerir uma grande quantidade de pasto, consomem menos silagem e ração, o que reflete em custo menor”, observa. Os animais podem ficar o tempo todo na área, quando não estão em ordenha ou na sala de alimentação. Mas para isso, precisam ter oferta
Por ciclo, Elaine e André cultivam em média 120 mil mudas de grama das variedades Tífton 85 e Jiggs
cada pastejo aumenta a oferta e a qualidade”, ensina. Antes do plantio, recomendado de setembro a fevereiro, sugere uma análise de solo para corrigir deficiências de acidez e adicionar a quantidade ideal de adubo para cada planta. Outro detalhe é comprar mudas de produtores especializados, cultivadas em bandejas. “Em 60 dias estará apta ao primeiro pastejo”, comenta. Schmachtenberg sugere evitar a entrada de animais em dias de chuva, respeitar a lotação e fazer o controle de invasoras. Com isso, uma área pode durar até 10 anos. de água e sombra. “O ideal, no verão, é ficarem nas horas mais frescas ou durante a noite”, aconselha. Outro cuidado importante é evitar o pastejo após o trato no galpão. “Estarão com o “bucho cheio” e não vão ingerir a quantidade que deveriam. Usarão o espaço para dormitório”, alerta. Com calagem, adubação, preparo da lavoura e aquisição de mudas, o investimento chega R$ 3 mil por hectare.