Quarta-feira, 25 de maio de 2016
1433
NANY MAYER / DIVULGAÇÃO
Experimento realizado nas ruas do centro chamou atenção da população para o respeito às minorias e aos excluídos
Intervenção Marcha Cega instiga sentidos Projeto propõe caminhada com cegos no centro, chamando atenção à inclusão Lajeado
U
m grupo de voluntários fez um experimento nessa segunda-feira de manhã. Juntou um grupo de cegos a outras pessoas sem a deficiência e propôs uma caminhada às escuras. Com os olhos vendados, descobriram um pouco das dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência visual. Segundo o idealizador da iniciativa, o músico Lucas Brolese, a motivação inicial se deu após ter visto um documentário que abordava a situação dos cegos nas ruas. Depois de concebida a ideia, foi realizada em cinco dias, sendo divulgada essencialmente em redes sociais. Afirma que teve dois resultados imediatos. A participação de pessoas sem problemas de visão e que se
propuseram a fazer a experiência e a impressão de quem acompanhava a caminhada na rua. Trata-se de um ensaio à empatia, de se colocar no lugar do deficiente, diz. Conforme o artista, a proposta diz respeito à cegueira da sociedade em relação às pessoas que não têm dinheiro ou que estão em vulnerabilidade. “É questionar a marcha cega da população que não tem empatia. Enxergam, mas passam diariamente por eles sem ver.” Conforme o músico, o comportamento do público foi de surpresa ao se deparar com a intervenção. No caminho, alguns percalços foram notados. Embora existam calçadas com guias para os bastões dos deficientes, muitas estão danificadas e com pedras. Para a fotógrafa Nany Mayer,
ao observar a intervenção, foi possível fazer algumas reflexões. Ao passarem pelas flores sem observá-las ou pelas pedras, quando quase tropeçaram, isso
É questionar a marcha cega da população que não tem empatia. Enxergam, mas passam diariamente por eles sem ver
Lucas Brolese Músico
despertou nela a empatia. “Não viram nada, mas havia tanta vontade de viver que eu pensei nos meus impedimentos. E tenho algum?”
Em outros países A intervenção foi considerada pelo músico uma obra de arte audiovisual que poderá circular em outros lugares, inclusive fora do país, sem haver problemas em relação ao idioma. É uma linguagem universal. Os registros como fotografias e vídeos gravados da performance urbana artística e social poderão ser enviados para
o Museu de Imagem e do Som de Santa Catarina. A exposição fotográfica poderá ser exposta em Cuba e na Costa Rica, próximos países onde o cantor se apresentará. Além das fotografias, a ideia é realizar com pessoas nativas a intervenção nesses países. O grupo foi convidado ainda a fazer a mesma intervenção em Santos (SP).