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Menino adapta livros para aprender Com visão prejudicada, ele usa materiais feitos de pano na alfabetização MARCELO GOUVÊA
Lajeado
O
menino Ari Zucchi, 10, supera as limitações da deficiência visual. Com ajuda de livros feitos de pano, o arroio-meense iniciou o processo de alfabetização no ano passado. Desde então, elaborou duas publicações para facilitar o aprendizado. Com as criações, Ari melhorou a leitura. Antes, tinha dificuldade mesmo com acesso a livros adaptados, com letras maiores. As poucas opções de livros adaptados para a deficiência também eram empecilhos, assim como o alto custo dos materiais. A adaptação mais recente, chamada O Trator, ficou pronta há duas semanas. Antes dela, Zucchi reproduziou a obra O Caminhão de Bombeiros. Ambos receberam ilustrações criadas pelo menino. Os desenhos e a leitura são indicados pela mãe, Joana Warken, 41, como os principais passatempos do menino. Foi ela quem percebeu as limitações de visão do filho, logo nos primeiros meses de vida. Na época, a mãe prestava atenção ao movimento dos olhos da criança para acompanhar objetos e movimentos. Zuc-
chi chegou a ser diagnosticado como cego. Depois de constatados problemas como catarata congênita e glaucoma, o menino passou por três cirurgias.
Estímulo constante O dano na visão foi efeito da rubéola, desenvolvida pela mãe durante a gravidez. Os problemas se intensificaram quando Ari tinha 4 anos. Hoje, o tamanho das letras dificulta a aprendizagem durante as aulas. Para estimular o menino após
Materiais personalizados foram criados para ajudar o menino. Aos 10 anos, ele convive com catarata congênita
Tentei ensinar ele a ler em casa, mas com os livros normais ele se desgastava muito Joana Warken Mãe
tentativas frustradas de ler sozinho, a mãe contava histórias de livros comprados ou emprestados da biblioteca. “Tentei ensinar ele a ler em casa, mas com os livros normais o desgaste era muito grande.” Conforme a mãe, os livros adaptados deram a possibilidade de um desenvolvimento intelectual mais amplo para o menino. Para Joana, a medida pode beneficiar outras crianças com a mesma limitação.
Acompanhamento profissional A iniciativa da família foi acompanhada desde o início pela psicopedagoga e terapeuta ocupacional, Cristiane Loposzinski, na Apae de Lajeado. Segundo a profissional, os resultados são positivos para desenvolvimento do menino. O processo de criação inclui a cópia de partes dos livros trabalhados para o computador. Com a edição, ampliava o
tamanho da fonte para possibilitar a leitura dos materiais. Impressas em pano, as publicações permitem uma aproximação maior com o conteúdo Durante a criação, a psicóloga aproveitava para estimular o entendimento de Ari sobre a história e a criatividade. De acordo com os trechos trabalhados durante as sessões de terapia, ele produzia o cenário das histórias.