FIM DE SEMANA, 9 E 10 DE MAIO DE 2020
Circulação bimensal
Especial do jornal A Hora
Chegou a hora da noz-pecã GABRIEL SANTOS
A árvore ocupa 6,5 mil hectares em mais de 150 municípios, com produção de 2 mil toneladas. Com alta demanda, clima propício e boa rentabilidade, cultura abre novas oportunidades no meio rural
“Na floração, entre setembro e outubro choveu demais. Na formação de frutos faltou água. A expectativa é colher apenas 500 quilos”, calcula Jacinto. O quilo será negociado a R$ 30 sem casca.
A demanda é certa
Conforme o diretor da Associação Brasileira de Nozes, Castanhas e Frutas Seca (ABNC) e da Divinut, em Cachoeira do Sul, Edson Ortiz, o Brasil, que há pouco se tornou o 4º maior nquanto caminha produtor de noz-pecã do entre o pomar, mundo, deve registrar uma safra da fruta menor em Gilvan Zanotelli, 34, 2020. Em 2019 foram colhisorri orgulhoso. A área de 10 hectares antes das 3,5 mil toneladas. coberta por eucaliptos agora O motivo seriam as horas abriga 300 nogueiras e de frio a menos do que mais de 5 mil pés de as nogueiras precisam, somado a muierva-mate e ovelhas. “Além de diversifita chuva no período car, priorizamos a de polinização nos sustentabilidade. meses de setembro Seus benefícios para a e outubro, seguida saúde, a demanda Eugênio Luiz Seter, da estiagem na e o clima propício técnico agrícola hora do enchitornam a cultura mento do grão. promissora”, observa. Dona do maior viveiro de A primeira colheita comemudas de nogueira-pecã ça este ano. Nas plantas em raiz coberta do muncultivadas faz dez anos, do, a Divinut é uma das a produtividade alcança grandes beneficiadoras do 30 quilos, considerado um fruto do Brasil, com ampla volume bom. “A sanidade variedade de opções de e a qualidade está boa”, resume. Ao lado do pai Ari, 61, ainda administra uma granja com mil suínos e uma Brasil unidade de compostagem 3,5 mil para transformar os dejetoneladas tos em adubo orgânico, a primeira no Estado. Em Canudos do Vale, na propriedade da família Schmidt a oferta será menor México Estados neste ciclo. Em uma área Unidos de seis hectares, adminis145,5 mil 126,5 mil trada por cinco irmãos, na toneladas toneladas safra passada foram colhidas 5 toneladas.
E
Zanotelli projeta colher 900 quilos da fruta neste ciclo. Clima propício e demanda torna cultura promissora
Queríamos investir para o futuro. E, claro, que isso nos gerasse renda e sustentabilidade”. Gilvan Zanotelli, produtor
Produção
RS Cerca de 2 mil toneladas
frutos inteiros, aos pedaços, doces e salgados. Entre os fatores que podem afetar o preço, estão a umidade, a presença de impurezas e o aproveitamento da polpa em relação à espessura da casca. Atuando há duas décadas em um mercado que cresce de 20% a 30% ao ano, Ortiz mantém parceria com 1,4 mil fornecedores e projeta aumento de cerca de 1 mil hectares ao ano. “A lucratividade pode chegar a R$ 50 mil por hectare ao ano”, calcula.
Área
18,2 mil toneladas
mais de 1,1 mil
6,5 mil hectares
(mais de 150 cidades)
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Produtores
Rica em nutrientes, vitaminas e antioxidantes, a noz-pecã é fonte de minerais importantes para o funcionamento do organismo, como cálcio, ferro e potássio. Ainda, o fruto é rico em "gorduras boas", além de não conter sódio, sendo positivo para o equilíbrio de gordura no corpo e reduzindo os níveis de colesterol.
Investimento em longo prazo Maior produtor do Vale do Taquari, a cidade de Anta Gorda possui 290 produtores e 500 hectares de nogueiras. Segundo o técnico agrícola da Emater, Eugênio Luiz Seter, o excesso de chuvas aliado à estiagem durante a fase de desenvolvimento das castanhas reflete em queda de 70% na oferta. “Com poucos frutos a maioria deixou de fazer os tratamentos fitossanitários e com isso a qualidade foi afetada”, explica. O preço do quilo com casca está cotado em R$ 14 e sem R$ 50. Apesar de lucrativa, Seter entende que a atividade é um investimento em longo prazo. Com um bom manejo, chega ao auge após o décimo ano. “Por hectare é preciso desembolsar R$ 5 mil”.