SEXTA-FEIRA, 21 DE AGOSTO DE 2020
Especial - Grupo A Hora
A
instrução normativa do Ministério da Agricultura,PecuáriaeAbastecimento (Mapa), reconhecendo o Rio Grande do Sul como zona livre de febre aftosa, é passo importante para o setor, permitindo a entrada em novosmercadosimportadores de carne. O reconhecimento será encaminhado à área técnica da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Após análise, o pedido passapelaAssembleiaGeralda OIE, que acontece em maio de 2021, na França. De acordo com o governo do estado, o novo cenário possibilita a venda de carne bovina, suína e de aves para 70% do mercado mundial. Entreaspossibilidades:Coréia do Sul, Japão, Chile, FilipinaseEstadosUnidos.Além disso, a China, que hoje só importa carne sem osso do RS, pode abrir espaço para carne com osso e miúdos. ConformeaFederaçãodos TrabalhadoresnaAgricultura no Rio Grande do Sul – Fetag/RS,apesardepositiva,a retirada da vacinação exigirá que o governo do estado sigavigilante,redobrandoos cuidadoseosinvestimentos em sanidade animal. “Entendemos ser necessárioqualificarasestruturas das inspetorias da Secretaria da Agricultura espalhadas pelo território gaúcho, o que permitiria maior fiscalizaçãodefronteiras,seja por terra, água ou ar”, defende o presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva. A federação apoia a retiradadavacinaçãocontrafebre aftosa, mas enaltece a preocupação sanitária. “Os produtores também precisam fazerasuaparte,reforçando as boas práticas no manejo e no transporte de animais, não deixando de reportar para as autoridades qualquer anormalidade”, acrescenta Carlos Joel. A estimativa é de que em torno de 12,5 milhões de cabeças, entre bovinos e
Status sanitário abre novas oportunidades Reconhecimento do RS como zona livre de aftosa possibilita a venda de carne para 70% do mercado mundial. Ao mesmo tempo, exige maior vigilância no controle da sanidade animal para evitar retrocessos
Leonir Heisser, 50, é criador de gado faz vinte anos, em Boqueirão do Leão. Iniciou com duas novilhas e agora conta com plantel de 200 cabeças da raça angus
bubalinos, deixem de ser vacinados no RS. “O novo status sanitário reflete também de forma positiva no mercado de aves e suínos. Não faz sentido ficarmos isolados, sendo que o estado vizinho já é livre da vacinação. Esse cenário era desfavorável economicamente”, ressalta o presidente da Fetag/RS.
Maior controle Em 2010, o quilo do boi vivo era cotado em R$ 2,78. Atualmente, chega ao patamar de R$7,39.NaavaliaçãodaFetag, o preço pago ao produtor deve continuar subindo nos próximos meses. “Haverá aumento de demanda e com isso o produtor ganha mais. Chegamos a um valor justo, após muitos
O momento é bom no segmento de carnes, mas o produtor ainda não recuperou o preço defasado.”
Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag
anos de defasagem”, aponta Carlos Joel. Leonir Heisser, 50, é criador de gado faz vinte anos. Iniciou com duas novilhas e agora conta com plantel de 200 cabeças da raça angus. “Investi muito em genética e qualidade do gado. Por mais de dez anos o preço do quilo vivo estacionou na faixa de R$ 3”, comenta o produtor rural, de Boqueirão do Leão. Heisser optou pela raça angus focando na venda de terneiros para criadores. “Sempre tive muita preocupação com a sanidade do rebanho. Compro somente animais de procedência”, relata. Na visão de Heisser, o reconhecimento do RS como zona livre de aftosa é passo importante que não se deve retroceder. “Nós como criadores devemos fazer nossa
parte e o governo precisa controlar o gado que entra de fora do país”, observa. A médica veterinária Luciana Kniphoff reforça que a normativa do Mapa passa a vigorar a partir de 1º de setembro. “Nosso trabalho vai aumentar justamente para manter o estado como zona livre de febre aftosa. O governo já anunciou reforço na estrutura em campo para garantir a sanidade animal”, diz Luciana, responsável pelo posto de inspetoria veterinária, em Boqueirão do Leão. Para ela, as instituições devem aumentar os cuidados junto aos produtores rurais. “É fundamental maior vigilância e cuidado por parte dos criadores, mantendo a rastreabilidade de seu gado”, complementa.