FIM DE SEMANA, 9 E 10 DE OUTUBRO DE 2021
Especial - Grupo A Hora FELIPE NEITZKE
TRATORES E IMPLEMENTOS
Falta de peças atrasa entrega em seis meses Produtor rural enfrenta fila para comprar maquinário novo e desembolsa até 80% a mais comparado a 2019 FELIPE NEITZKE felipeneitzke@grupoahora.net.br
VALE DO TAQUARI
A
alta demanda no agronegócio e escassez de componentes geram um atraso superior a 180 dias na entrega de novos equipamentos. O produtor disposto a esperar também terá de desembolsar mais comparado a 2019. A valorização acumula alta de até 80%. Um trator vendido por R$ 120 mil no ano passado, hoje, o mesmo modelo, custa cerca de R$ 200 mil. Mesmo assim, dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram o aumento de vendas em 28,83% no acumulado de doze meses. No RS, o setor estima 50% a mais de negociações. A comercialização só não é maior por conta da indisponibilidade nas fábricas. Conforme o supervisor de vendas Fernando Hammes, na unidade da Tratorpeças Mário, em Lajeado, há pedido de 80 tratores com previsão de entrega até fevereiro de
Hoje é muito difícil o produtor comprar uma máquina e receber ainda este ano. É preciso ter paciência, o setor enfrenta a falta de peças e não conseguiu acompanhar o aumento da demanda devido à valorização dos grãos.” Claudio Bier presidente do Simers 2022. "Houve uma procura muito grande no segmento do agronegócio, mesmo durante o pior momento da pandemia. Hoje já temos pedidos na fabricante para até dezembro do próximo ano”, comenta Hammes. Alguns modelos já encomendados há mais tempo têm previsão de entrega em janeiro do próximo ano, outros somente após fevereiro. "No mesmo ritmo
que aumentou a procura, também houve a disparada nos preços. Tratores novos acumulam alta de 50% e os implementos custam até 80% a mais comparado ao mesmo período de 2019", observa o supervisor de vendas. A comercialização de usados também representa alta expressiva. "Zeramos nosso estoque de máquinas usadas. Infelizmente não há maior disponibilidade, caso contrário seria um ótimo momento, uma boa retomada do setor", pontua Hammes. O aumento de preço dos tratores pode dificultar o acesso de pequenos produtores às linhas de crédito do programa Mais Alimentos e inviabilizar investimentos. Por enquanto não há projeções de um recuo nos preços e maior disponibilidade de máquinas.
Tecnologia e rentabilidade O RS é responsável por 60% das máquinas agrícolas produzidas no país, é o que aponta o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers). Conforme o presidente Claudio Bier, as
Fernando Hammes, supervisor de vendas, confirma espera superior a seis meses na entrega de novos tratores
Tratores e máquinas agrícolas O segmento se manteve estável em relação a julho, mas continua em alta na comparação com o ano passado. Os seguidos recordes do agronegócio refletem na comercialização de veículos e máquinas para o trabalho no campo.
agosto/julho 2021
-0,04% agosto 2021/2020
+21,66% acumulado 12 meses
+28,83% FONTE: FENABRAVE
indústrias focam na tecnologia das máquinas. “Há cinco anos era preciso 45 dias para plantar ou colher uma área de grãos. Hoje, em 15 dias o agricultor faz o mesmo serviço. Com isso, ele aproveita o tempo para outra safra e ganha em produtividade”, explica Bier. Embora ocorra a falta de componentes para a montagem de tratores e implementos, destaca a alta do segmento no último ano. “Houve uma redução de ritmo nas indústrias logo quando iniciou a pandemia, mas em questão de dois meses a produção foi retomada. Não se sabia ao certo o que iria ocorrer, hoje o ritmo é menor pois faltam peças que dependem do mercado externo”, aponta o presidente do sindicato. A valorização das commodities, milho e soja em larga escala, fez o produtor ir às compras, mas o setor não conseguiu absorver essa demanda. “Tem empresa que deve entregar silos e armazéns somente em setembro do próximo ano. Teve um período de escassez do aço, sem falar do aumento de preço”, pontua Bier.