Agronotícias - 24/10/2020

FIM DE SEMANA, 24 E 25 DE OUTUBRO DE 2020

Especial - Grupo A Hora

PRODUÇÃO DE LEITE CRESCE 13,89% EM DEZ ANOS Vale do Taquari produziu 336,5 milhões de litros de leite no último ano

A

produção de leite no Vale do Taquari recuou 2% entre 2018 e 2019, mas ao longo de dez anos, registra crescimento de 13,89%. Passando de 295,3 milhões de litros em 2010 para 336,5 milhões de litros no ano passado.

Os dados são do IBGE Pesquisa da Pecuária Municipal.

A expressão “Vale dos Lácteos” é evidenciada pelos números da produção, que colocam, por exemplo, o município de Estrela entre os dez maiores no setor leiteiro no RS, com 42 milhões de litros produzidos em 2019.

“O Vale do Taquari foi responsável pela produção de 7,9% do leite do estado do RS. Em valor de produção, representa R$ 426,3 milhões”, comenta Paulo Hamester, coordenador da agência do IBGE, de Lajeado.

Também se destacam na produção de leite os municípios de Teutônia (33 milhões de litros/ano) e Anta Gorda (20,7 milhões de litros/ano). Em relação ao número de produtores, Progresso lidera o ranking do Vale do Taquari, são 579, conforme o Censo Agro 2017.

“Percebo uma estabilidade na produção desde 2012, com pequenas variações anuais. De modo geral, um setor que mantém sua força e vem crescendo em determinados municípios, como é o caso de Vespasiano Corrêa, que em 2010 registrava produção de 15 milhões de litros e em 2019 teve produção de 20,4 milhões de litros de leite”, aponta o coor-

Alta no preço do leite anima produtores. Elceu Fleck, 56, de Canudos do Vale está na atividade faz mais de 30 anos e diz ser o melhor momento

RANKING DOS 10 MAIORES Município

Produção(mil litros)

Leite em alta

Produção de leite no Vale do Taquari

Produção de leite no estado Município

Produção(mil litros)

Santo Cristo

52.101

Estrela

42.000

Augusto Pestana

51.423

Teutônia

33.000

Ibirubá

49.548

Arroio do Meio

20.800

Crissiumal

48.800

Anta Gorda

20.772

Nova Bassano

47.170

Vespasiano Corrêa

20.430

Ijuí

45.000

Westfália

17.500

São Lourenço do Sul

43.307

Progresso

12.500

Ajuricaba

42.744

Putinga

10.800

Cândido Godói

42.200

Cruzeiro do Sul

10.450

Estrela

42.000

Marques de Souza

10.364 IBGE - PPM 2019

denador da agência do IBGE, de Lajeado.

Conforme Hamester, os dados da PPM 2019 são apurados com diversas fontes, sendo um levantamento complexo e muito bem estruturado. “Contamos com informações das cooperativas, empresas integradoras, Emater, secretarias de agricultura, produtores rurais, STR’s entre outros”, explica.

Estrela está entre os 10 municípios gaúchos com maior produção de leite. Em 2019, o volume de produção alcançou 42 mi-

lhões de litros, com valor estimado em R$ 55,4 milhões.

Nos últimos dez anos a produção de leite em Estrela saltou de 31 milhões de litros para 42 milhões. “São propriedades bem variadas, tem produção de 50 a 5 mil litros diários. “comenta o extensionista da Emater/RS-Ascar, Tiago Conrad.

Além da produção comercializada, Conrad estima que cerca de 1 milhão de litros seja destinado para consumo próprio e alimentação dos terneiros. “Hoje são cerca de 370 produtores no segmento leiteiro. Teve uma

redução nos últimos cinco anos, mas o volume de produção aumentou na faixa de 13%”, destaca o técnico da Emater, de Estrela.

No município, a Emater/ Ascar-RS atua com assistência técnica e extensão rural em mais de 30 atividades. “A bovinocultura leiteira tem relação direta com manejo de pastagens, produção de milho, implantação de tecnologias de processo e produto, qualidade do leite, dietas para os animais, entre outras ações junto aos produtores”, explica Conrad.

A cotação do litro de leite se mantém em alta. De acordo com boletim semanal da Emater, o preço máximo pago ao produtor é de R$ 2,06. A valorização anima produtores do setor leiteiro. Elceu Fleck, 56, está no ramo faz mais de 30 anos. Entre altos e baixos, diz ser o melhor momento na produção de leite.

“Antes da pandemia recebia em média R$ 1,20 e agora subiu para R$ 2,00 pelo litro de leite”, comenta Fleck, produtor rural de Canudos do Vale, município que registrou produção de 5,4 milhões de litros de leite em 2019.

Na propriedade de Elceu são 25 vacas em lactação.

“A produção diária fica na faixa de 600 litros”, destaca Fleck. A maior preocupação no momento é em relação aos custos de produção e previsão de estiagem. “A seca afetou na produção de milho no ciclo anterior, encarecendo o trato dos animais”, comenta o produtor.

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La Niña será severo e aum Depois de um inverno com chuvas dentro da média, esfriamento das águas do Oceano Pacífico traz irregularidade nas precipitações nos próximos meses.

Fenômeno climático deve atingir safras gaúchas e ter efeito até abril ESTADO

I

nstitutos meteorológicos confirmam a incidência de La Niña para a primavera e verão. Com isso, os próximos meses serão de precipitações abaixo da média. O motivo é resfriamento das águas do Oceano Pacífico, que altera as correntes de umidade e todo o hemisfério sul tem mudança no ciclo das chuvas.

As imagens dos satélites comprovam que o fenômeno será severo, com efeitos previstos até abril de 2021. A situação fica mais grave, pois o Rio Grande do Sul, e em consequência o Vale do Taquari, tiveram quase seis meses de seca entre os últimos meses de 2019 e o início deste ano.

O inverno chuvoso elevou os reservatórios de água nas camadas mais profundas do solo, ainda assim, não o suficiente para repor todas as perdas de quase seis meses de pouca chuva, afirma o gerente adjunto da Regional Emater\Ascar-RS Carlos Lagemann.

“Pelos prognósticos, se confirma o fenômeno La Niña. Significa que

teremos uma primavera e um verão com baixo volume de chuvas”, diz. De acordo com ele, ainda não é possível afirmar se essa interferência representará um período de seca como nas estações passadas, ainda assim, afirma que a agricultura será impactada.

De acordo com a MetSul, a estação primavera será irregular, com variações no nível de chuva dependendo da região. Não estão descartados períodos de precipitações intensas, intercalado de períodos sem precipitações.

Pela análise do instituto, com a aproximação do verão, entre novembro e dezembro, a irregularidade da chuva se acentua. O que evoca a possibilidade de déficit hídrico, com ameaça de prejuízos às lavouras.

Saída pela irrigação A produção primária depende da capacidade hídrica, afirma Lagemann. “Propriedades com sistema de irrigação têm menos riscos de prejuízos. Mas essa não é a realidade do estado e nem do Vale do Taquari”, alerta.

Conforme o gerente adjunto, na região não chega a 1% o número de propriedades com sistemas de irrigação. Lagemann realça a importância de criar sistemas para reservar água.

Dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) mostram que houve um crescimento de 20% na procura por sistemas de irrigação

Conforme a Emater, o milho cultivado na região foi uma das culturas mais atingidas na seca de 2019/20 Estimativa de prejuízos com a quebra das safras tenha ultrapassado os R$ 250 milhões

no RS. Pela análise da instituição, se trata de um movimento comum frente ao quadro de seca.

Os anos anteriores a 2019 não houve oscilações no volume de chuva e os investimentos nesse tipo de tecnologia foram tímidos.

Informações da Secretaria Esta-

dual de Agricultura confirmam essa tendência.

Em 2019, o programa Mais Água Mais Renda teve 165 projetos inscritos. Em 2012, ano de seca no RS, foram 844. Menos de 27 mil das mais de 360 mil propriedades gaúchas contam com sistemas de irrigação.

No Vale, menos de 1% contam com reservatórios de água para irrigação

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menta risco de nova seca FOTOS ARQUIVO A HORA

Safras perdidas

020.

Do total de 21,7 milhões de hectares de produção gaúchas, apenas 6% contam com tecnologia de armazenamento de água e irrigação.

Pelo relatório da Emater, a quebra nas lavouras entre outubro a março foi a pior desde a safra 2011\12. Em termos econômicos, os prejuízos ultrapassam R$ 256 milhões. Para chegar neste valor foram considerados indicadores sobre as áreas cultivadas e nas que deixaram de ser plantadas em função da estiagem, tendo como base a cotação dos grãos no mercado. O cultivo da soja, por exemplo, teve uma quebra de 47%.

Entre 2011 e 2012 foram dez meses de estiagem. Naquele período, a justificativa para a pouca chuva foi devido ao fenômeno La Niña, marcado pelo esfriamento das águas do Pacífico Equatorial.

A maior seca registrada na região aconteceu de 1943 a 1945.

Neste período houve apenas chuvas esparsas. A estiagem se prolongou por vários meses, e provocou perda total nas safras.

CHUVA ACIMA DA MÉDIA

DETALHES • O La Niña ocorre quando há redução na temperatura do Oceano Pacífico; • Como efeito, há mudanças no ciclo de chuvas em todo o hemisfério sul; • No Brasil, os três estados do Sul costumam registrar diminuição na média de chuva. Enquanto no Norte ocorre o contrário, com aumento nos índices de precipitações;

CHUVA ABAIXO DA MÉDIA

• Neste ano, institutos de meteorologia confirmam a incidência do fenômeno. A previsão é que o sul do Brasil tenha chuva abaixo da média até abril; • Prognósticos apontam que o período com mais chance de chuva será entre o fim de dezembro e início de janeiro;

04 Vale do Taquari

O

preço dos grãos atinge nível histórico em 2020. Alta nas exportações, valorização do dólar e consumo interno com aumento na demanda, obrigou o governo federal a zerar as tarifas de importação.

No mercado nacional, a saca de soja chegou a R$ 170. Preço muito próximo ao boi gordo negociado pela BM& em 2019, quando o valor do animal atingiu R$ 171,50 no contrato para janeiro de 2020. No milho, a saca está cotada entre R$ 70 a R$ 72, bem próximo do valor da soja em outubro do ano passado.

A alta no preço da soja é explicada pela cotação do dólar. Com o preço atrativo para o grão, a China exportou grande parte da produção brasileira. Com

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Soja e milho: cotação atinge patamar recorde Neste ano, milho se aproxima do patamar da soja, enquanto a soja é vendida com preço semelhante a carne bovina. Pela análise de mercado, perspectiva é de continuidade dessa alta nos próximos meses

2021, quando a China deve reduzir a compra do grão brasileiro para honrar contratos com os Estados Unidos.

Outro fator que pode trazer mudanças nas cotações do grão é o efeito do La Niña. A expectativa da Confederação Nacional de Abastecimento (Conab) é que a produção de soja seja recorde, com 133 milhões de toneladas.

Porém, a escassez de chuva nos três estados do sul pode frustrar essa estimativa.

Milho valorizado

Tendência é que cotação do milho e da soja permaneçam em alta no mercado até o fim deste ano

alta demanda para a soja nacional, houve redução da oferta no mer-

cado nacional.

Esse cenário no mercado da soja permanece ao

longo dos próximos meses, com perspectiva de mudança apenas para

Em outubro de 2019, a saca do milho valia, em média, R$ 40. Neste ano, dobrou. A escassez na oferta do mercado interno tem como um dos fatores o maior depósito feito por produtores, para usar o grão como reserva caso haja nova frustração da lavoura devido ao risco de estiagem.