Nova Geração - 17/05/2024

Municípios têm prejuízo bilionário na microrregião

Valor total estimado nas seis cidades de cobertura do Jornal Nova Geração é aproximadamente R$ 1,1 bilhão. Levantamento preliminar considera setores da agricultura, comércio, indústria e moradias

Acheia que assolou o Vale do Taquari no mês de maio trouxe inúmeros prejuízos financeiros para as cidades. Em um levantamento preliminar feito nos seis municípios que abrangem a microrregião de cobertura do Jornal Nova Geração – Estrela, Teutônia, Colinas, Imigrante, Fazenda Vilanova e Bom Retiro do Sul – as cifras ultrapassam R$ 1,13 bilhão. A maior fatia desse valor está em Estrela. Liderada por indústria, comércio e serviços, o total de perdas é de R$ 400 milhões. O prejuízo esti-

mado da cidade é de R$ 1,01 bilhão. Na agricultura está outro grande desfalque. A estimativa é de R$ 280 milhões. Um dos produtores que sofreu revés milionário foi Jorge Dienstmann, 52 anos. Morador da comunidade de Chá da Índia, distrito de Costão, afirma ter um prejuízo de R$ 2,5 milhões na propriedade de 16 hectares. Entre as perdas cita animais, estrutura física e lavoura. As mais de 2 mil residências perdidas equivalem a R$ 240 milhões no município. São 5 mil pessoas desalojadas e mais de 680 em abrigos no município.

Prejuízos em outras cidades

Teutônia

O prefeito Celso Forneck avaliou em R$ 10 milhões o valor necessário para reconstrução dos prejuízos causados pelas inundações. Pelo menos sete pontes e diversas ruas precisam de reparos. A situação acerca dos deslizamentos em Linha Harmonia também deve demandar recursos recursos.

Imigrante Levantamento preliminar feito pela Secretaria de Administração aponta prejuízo de R$ 40 milhões agricultura, habitação e infraestrutura. Segundo o secretário Edson Heck, esses números são uma estimativa, pois a prefeitura ainda contabiliza os danos. “Devemos ter os dados mais concretos no decorrer das próximas semanas.”

Colinas

Em Colinas, segundo levantamento preliminar, o prejuízo é de R$ 44,5 milhões. O maior montante está no setor privado, que totaliza R$ 18 milhões. Agricultura e pecuária juntas

somam R$ 14 milhões. A cidade teve 2,6 mil pessoas afetadas e 250 casas danificadas. Dessas 50 foram destruídas.

Bom Retiro do Sul

Bom Retiro do Sul teve a parte baixa e rural da cidade atingida pela cheia do Rio Taquari. Além dos estragos em pontes e estradas, 44 residências foram completamente destruídas, sem mencionar as que estão com a estrutura comprometida. Levantamento inicial aponta que somente na pecuária e agricultura o prejuízo é superior a R$ 5,5 milhões. Na parte da infraestrutura, 191 famílias perderam as casas de forma completa ou parcialmente, desses 116 necessitam de moradias novas.

Fazenda Vilanova O maior prejuízo está no interior. Segundo dados da Secretaria de Agricultura os danos com lavouras de soja chegam próximo a R$ 1,3 milhão. Com silagem de milho é de R$ 1 milhão. Produção leiteira a estimativa é de R$ 15,4 mil. Em relação a danos nas ruas, boeiros e estradas o prejuízo calculado é de R$ 500 mil.

“Enquanto houver necessidade, estaremos aqui”

Professor de artes marciais, Antônio Marcos de Borba, o “Marcão”, ajuda a população de Estrela na distribuição de cestas básicas e na limpeza das casas. Durante a enchente salvou mais de 500 pessoas

estrela

Em meio à devastação causada pelas enchentes que assolaram a cidade de Estrela, algumas histórias de superação e de solidariedade começam a surgir. É o caso do professor de artes marciais e multicampeão de jiu-jitsu, Marcos Borba, o “Marcão”, 39, que após ser atingido pela cheia, ajuda as pessoas que necessitam de apoio.

Diferente de setembro de

2023, quando a enchente chegou até a porta da academia, a água dessa vez entrou e alcançou quatro metros no estabelecimento. “Conseguimos tirar algumas coisas, mas muito foi perdido. Quando a água baixou, limpamos tudo com a ajuda de um caminhão-pipa, pois ninguém tinha água ou luz”, relata Marcão. Imediatamente após a limpeza, ele e sua equipe, composta por membros da comunidade e voluntários de diversas regiões, se mobilizaram para ajudar os afetados. “O apóstolo Wagner Calheirana, da Igreja Cristo Vive, e meu vizinho Pinheiro foram fundamentais na organização dos esforços. A ajuda não parou de chegar, com contatos do mundo todo e uma equipe de cerca de 100 pessoas, incluindo voluntários de estados como Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro”, conta. O trabalho do grupo de Marcão vai além da distribuição de mantimentos. Diariamente, são entregues cerca de 800 a mil cestas básicas, além de kits de limpeza, higiene, colchões

Ao lado de Wagner

Calheirana, Marcão ajuda a população com cestas básicas e mantimentos

Diariamente, são entregues cerca de 800 a mil cestas básicas

e roupas. “Nossa prioridade é dar dignidade às pessoas, oferecendo não apenas comida, mas também apoio emocional e espiritual. Além dos itens básicos, entregamos bíblias e compartilhamos palavras de conforto e fé. Todos que vem aqui ganham um abraço”, explica.

Mais de 500 resgates

Marcão também esteve à frente dos esforços de resgate durante as enchentes. Utilizando seu conhecimento local e habilidades de navegação, ajudou a retirar mais de 500 pessoas das áreas inundadas, muitas vezes arriscando a própria vida. “Os bombeiros me chamaram de herói por conseguir chegar a lugares inacessíveis. Mas fui apenas um instrumento de Deus”, afirma. Ele cita que entre os resgates mais marcantes estão idosos com corda, amputados, pessoas recém-operadas e nascidas.

A academia Dojô Marcão Borba permanece aberta das 5h às 22h de segunda a segunda, e atende a todos que precisam de ajuda. “Enquanto houver necessidade, estaremos aqui. Quem quiser ajudar pode nos contatar pelo Instagram Dojô Marcão Borba. Não pedimos dinheiro, mas aceitamos doações de itens essenciais”, conclui.

fotos Daniély schwambach

Sexta-feira, 17 maio 2024

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