A Hora – 10/05/24

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Campanha pela RECONSTRUÇÃO

Uma semana depois da ponte histórica entre Arroio do Meio e Lajeado ruir devido a força da enchente, um grupo de

da iniciativa privada lança o movimento “Juntos pela Ponte de Ferro”. Objetivo é garantir o acesso ainda neste ano.

Donativos chegam por avião

ANÁLISE, CURADORIA E OPINIÃO DE VALOR Sexta-feira,
digital grupoahora.net.br
10 maio 2024 | Ano 21 - Nº 3563 | Edição
OPINIÃO RODRIGO MARTINI
Precisamos reforçar a Carta do Vale PONTE DE FERRO
voluntários
abril de Ano 58 Imigrante cheia da história deixa grandes impactos desafios para reerguer Estrela EM BUSCA DA RECONSTRUÇÃO A assolou Vale Taquari deixou Com metros, enfrentou nos mais aspectos, desde pessoas em risco complicações atendimento Foram centenas tes durante enchente. oscilação fornecimento na comunicação mais de uma rastros ciados pelainundação já registrada, da água desalojadas mil em abrigos disponibilizados Estrela. bairro bairros interior, localidades Arroio Figueira casas condições uma família, impactos no Empresas comércios são fortemente impactados. Dianpopulação retorno para reconstruir comunidade Oatendimento saúdepassa reestruturação,com UnidadeBásica (UBS) Central, União,postos Auxiliadora,Imigrantes trias,bem atendimentos HospitalEstrela Hospitalde distribuição foi organizado transportadora Doações grandes quantidades organizadas de abastecer itens tamdisponibilizados municípios fase reconstrução começa das aulas segunda-feira, diversas entre elas Leo Joas, Educação reorgarede escolar espaços. “As escolas atendidas turmas”, secretária Mendes. buscajunto deral autorização construção modulares. quesãoespaços emperíodos “Fomos comrecursos construção áreas alagadiças.Pedimosavalpara construçãodasescolas porque respostas explica. tentativa aplicaçãonosanteriormente,na BoaUnião governo também espaço para instalação empresas. vice-premunicípio reformar tiga Polar espaços para empreendimentos. Cerca de quadrados não atingidos pela enchenpodem receber segmentos cujas atingidas Missão salvar cou esposa duas anos. mulher sair da casa. que se escolher alguém, fazer isso? gente anoitecer acabou destroços tudo, pai na casa uma de tio na todas casas “No fazer uma tremenda peguei meu um amigo viemos. cabos luz caindo, levamos sustos. gente casas, famílias. resgate conseguimos pois caiu casa assim chegar. O sair do telhado, escada, até o barco, desceu segurou não conseguia ripas. era deixar pessoas que chegaria. Pensei podia levar que deixasse mundo caram vivo, vamos Fomos contemplados recursos para construção de fora de áreas alagadiças.” Pensei que o rio podia levar minha desde que deixasse mundo vivo. Todos vivo, estão bem vamos car bem.” LEMBRANÇAS DA TRAGÉDIA ESTRELA DEPOIS DA ENCHENTE NESTA EDIÇÃO Acessos pela ERS-332 estão bloqueados e dificultam a passagem de alimentos e combustível. Aeródromo de Doutor Ricardo abre para receber aeronaves REGIÃO ALTA São cerca de 9 mil pessoas desalojadas. Com serviços básicos em colapso, volta à normalidade ainda está distante. OPINIÃO THIAGO MAURIQUE Quiero Café se soma às marcas solidárias AUXÍLIO FEDERAL Medidas de apoio passam de R$ 50 bilhões PÁGINA | 8 PÁGINA | 4 BRAYAN BICCA FÁBIO KUHN PÁGINAS | 2 e 3

EDITORIAL

Reconstruir a história

A Ponte de Ferro, entre Lajeado e Arroio do Meio, foi destruída pela enchente de maio. Este evento catastrófico cortou a ligação entre várias cidades e também uma parte da história regional. Em cima disso, o movimento empresarial lançado ontem tenta sensibilizar o Brasil para restituir o acesso entre Lajeado e Arroio do Meio. A sociedade civil organizada já demonstrou a capacidade de superar desafios.

A ação comunitária é a espinha dorsal de qualquer sociedade resiliente.”

Em Nova Roma do Sul, uma ponte destruída pelo Rio das Antas em setembro do ano passado foi reerguida em menos de 140 dias por meio de uma ação comunitária. Este exemplo serve como uma inspiração e um modelo para o que pode ser alcançado no Vale do Taquari.

A ação comunitária é a espinha dorsal de qualquer sociedade resiliente. Em tempos de crise, como a devastação causada pela enchente e a subsequente destruição da Ponte de Ferro, a importância do trabalho conjunto se torna ainda mais evidente. É a ação coletiva que permite que as comunidades se recuperem, se reconstruam e se fortaleçam após tais eventos catastróficos.

A reconstrução da Ponte de Ferro é um desafio, mas não é insuperável. Com a força da comunidade e da iniciativa privada, é possível reconstruir esse acesso vital. Este é um momento para ação coletiva.

Fundado em 1º de julho de 2002

Vale do Taquari - Lajeado - RS

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Os artigos e colunas publicados não traduzem necessariamente a opinião do jornal e são de inteira responsabilidade de seus autores.

LAJEADO/ARROIO DO MEIO

Empresários organizam ação para reconstruir Ponte de Ferro

Movimento lançado na tarde de ontem sensibiliza o Brasil para restituir acesso entre Lajeado e a parte alta do Vale

VALE DO TAQUARI

Ahistórica Ponte de Ferro, entre Lajeado e Arroio do Meio, foi destruída pela enchente de maio. Junto com ela, a passagem pela ERS-130 também foi levada pela força dos rios Forqueta e Taquari na manhã da quinta-feira passada, 2 de maio.

Sem condições logísticas, os municípios a partir de Arroio do Meio, como Encantado, Roca Sales e Muçum ficaram sem ligação com a parte baixa da região. Todo o socorro às vítimas, entrega de insumos básicos e abastecimento ficou comprometida.

“Precisamos sensibilizar todos. Empresários, comunidade, autoridades. Vamos cair na real, se não nos envolvermos, a reconstrução dessa ponte terá dificuldade para sair”, adverte o empresário, Gilmar Borscheid.

O movimento para reconstrução da Ponte de Ferro começou a ser articulado no sábado. “Fizemos uma reunião e fomos atrás. Estabelecemos contatos e buscamos apoio de várias entidades”, relembra o empreendedor, Daniel Both.

“São várias mãos de empresários de diversos pontos do Rio Grande do Sul. Todos

precisam deste acesso, não é só Lajeado e Arroio do Meio. Precisamos angariar recursos e refazer essa obra no período mais curto possível”, acrescenta Both. O lançamento da campanha “Juntos pela Ponte de Ferro” ocorre na tarde de ontem, com participação de voluntários, representantes do Rotary Club e de autoridades públicas dos municípios.

Inspiração vem de Nova Roma

Movimento Juntos pela Ponte de Ferro foi lançado uma semana depois da estrutura ser levada pela enchente. Doações podem ser feitas pelo PIX: novapontedeferro@gmail.com

Diretor Executivo: Adair Weiss

Diretor Editorial e de Produtos: Fernando Weiss

Precisamos sensibilizar todos. Empresários, comunidade, autoridades. Vamos cair na real, se não nos envolvermos, a reconstrução dessa ponte terá di culdade para sair”

GILMAR BORSCHEID

EMPRESÁRIO

Estima-se que sejam necessários até R$ 12 milhões para reconstruir a passagem e também dotar os acessos de infraestrutura para suportar a circulação de veículos, tanto de passeio quanto de caminhões.

A sociedade civil organizada reergueu em menos de 140 dias a ponte entre Nova Roma do Sul e Farroupilha, destruída pelo Rio das Antas em setembro do ano passado. Por meio de uma ação comunitária, o grupo de voluntários arrecadou R$ 7 milhões para a obra, inaugurada em janeiro deste ano.

No Vale do Taquari, os empresários contataram líderes do movimento, buscaram detalhes sobre como foi o movimento e também com os profissionais que fizeram o projeto da obra.

Financiamento comunitário

JUNTOS PELA PONTE DE FERRO

Grupo de empresários e líderes locais arrecada dinheiro para custear a reconstrução da passagem entre Lajeado e Arroio do Meio

COMO DOAR:

PIX: novapontedeferro@gmail.com (atenção, é tudo em minúsculo)

A conta é do Rotary Club Lajeado-Engenho

“Pela experiência de Nova Roma, temos uma referência do que precisamos fazer. Temos engenheiros para o projeto, contato com fornecedores. Ainda não temos um orçamento. Temos a estimativa do quanto será necessário”, diz Borcheid. Porta-voz do grupo de empresários, Gustavo Bozetti, destaca a integração regional em defesa da campanha Juntos pela Ponte de Ferro. “Com a força da comunidade e da iniciativa privada, vamos reconstruir esse acesso. Não podemos ficar esperando, temos de fazer acontecer”, frisa.

De acordo com ele, a organização empresarial dividiu tarefas entre os voluntários, para que o processo corra de maneira rápida.

2 | A HORA Sexta-feira, 10 maio 2024
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Transparência

A gestão dos recursos será feita pelo Rotary Club de LajeadoEngenho. “Fomos convidados para ajudar, e isso nos orgulha muito. O empresariado está engajado e temos de parabenizar essa iniciativa, seja pela dimensão dessa ponte quanto pela sua importância à região”, destaca o presidente do clube, Dário Inácio Graff.

As doações podem ser feitas para o PIX: novapontedeferro@ gmail.com.

Todo o dinheiro arrecadado será apresentado de maneira transparente, com prestação de contas. Para acompanhar o movimento, é só acessar @ pontedeferro, no instagram.

Humorista destina R$ 500 mil

O Colono Badin já arrecadou cerca de R$ 60 milhões para ajudar vítimas da catástrofe no Rio Grande do Sul. Entre doações de itens básicos para famílias atingidas pela enchente, depositou R$ 500 mil para a reconstrução da Ponte de Ferro. O influenciador digital estava ontem na ação de lançamento da campanha. “O que eu tenho feito é ir nos lugares e entender a demanda da comunidade. Conversando com as pessoas na rua, me disseram que seria importante ajudar na ponte, para manter os empregos, fazer os produtos chegarem para os dois lados do Vale”, declara.

Em cima disso, o humorista destaca a importância de ajudar em diversas áreas. “Precisamos instigar as pessoas para ajudar”, resume.

Ponte provisória

inviável, diz Bruxel

Uma das possibilidades para dar agilidade no acesso entre a parte baixa e alta do Vale é a instalação de uma passagem provisória. A estrutura do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) está em Santa Catarina. Foi sugerido um ponto com as dimensões mais próximas da estrutura pré-fabricada. Na rua Romeu Júlio Scheeren, no bairro Planalto, em Lajeado. A equipe do Exército, do batalhão de Engenharia, de Cachoeira do Sul, foi escalada para a instalação. Conforme o prefeito de Arroio do Meio, Danilo Bruxel, há poucas condições para a passagem provisória. “A ponte está em cima dos caminhões para vir. Estive com o tenente-coronel para visitar o local. Saímos de lá decepcionados.”

Pelas questões técnicas a distância naquele ponto entre as duas cidades é superior à metragem de 60 metros, limite da estrutura. “Teríamos de fazer 20 metros de aterro dos dois lados. Avançar sobre o rio. Além disso, tem que ficar no mínimo um metro acima da maior enchente. Estamos falando de 35 a 36 metros de altura. Acho um tanto

A ponte está em cima dos caminhões para vir. Estive com o tenente-coronel para visitar o local. Saímos de lá decepcionados.”

DANILO BRUXEL PREFEITO DE ARROIO DO MEIO

inviável.”

Não podemos esperar, rebate Caumo

O prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, tem uma opinião diferente de Danilo Bruxel. Para ele, é preciso viabilizar o quanto antes essa ligação provisória. “Não podemos esperar. Precisamos de respostas para amanhã. Não podemos abrir mão dessa ponte do Exército.”

Na avaliação dele, há três caminhos: a provisória em curto prazo, a nova Ponte de Ferro em médio e a reconstrução da ponte na ERS-130 até dezembro de 2024. “A EGR afirma que o edital para a obra na ERS-130 sai até o fim deste mês. Precisamos de engajamento, da força e dedicação de todos para que a ligação com Arroio do Meio e a parte alta da região seja feita.”

Ponte de Ferro na história

1927

Início da construção

A passagem de moradores, carroças e produções sobre o Rio Forqueta, na junção com o Rio Taquari, era feita por balsa.

1929

Obra interrompida Falta de dinheiro fez com que a ponte fosse interrompida.

1939

Inauguração Uma década do início ao término. Em 16 de julho de 1939 a Ponte de Ferro foi aberta. Foi a primeira ligação por terra entre a parte baixa e alta do Vale do Taquari. A festa foi um marco na história regional, com presença de autoridades locais, do RS e até um representante do presidente Getúlio Vargas.

Anos de 1970

Patrimônio histórico e cultural

A importância como obra emblemática que simbolizou o progresso e a união entre as comunidades de Arroio do Meio e Lajeado foi reconhecida como patrimônio histórico e cultural da região.

Anos 2000

Preservação e valorização

A passagem do tempo degradou a ponte. Para manter a história preservada, governos dos municípios iniciaram uma série de ações conjuntas para manutenção da passagem.

2019

Celebração dos 80 anos

A comunidade de Arroio do Meio, por meio da Casa do Museu, fez uma exposição especial sobre a história da Ponte de Ferro. Também foi agendado um passeio ciclístico para celebrar o aniversário da estrutura.

2024

A ruína

Na quinta-feira, 2 de maio, a força dos Rios Forqueta e Taquari destruíram a Ponte de Ferro.

Movimento pela reconstrução Uma semana depois, empresários, representantes da comunidade e autoridades locais lançaram a campanha “Juntos pela Ponte de Ferro”. O esforço conjunto visa reconstruir a passagem por meio do financiamento comunitário.

ARQUIVO A HORA

Com rodovias bloqueadas, donativos chegam por avião

Acessos pela ERS-332 até cidades como Encantado estão bloqueadas e dificultam a passagem de alimentos e combustível. Aeródromo de Doutor Ricardo abre para receber aeronaves de pequeno porte e recebe primeiros aviões nessa quinta-feira

REGIÃO ALTA

Falta de acessos e riscos de desmoronamentos dificultam a passagem de veículos até a região alta do Vale do Taquari. A rodovia ERS332, que liga Doutor Ricardo a Encantado, também foi bloqueada pela instabilidade do trecho e deixa as cidades desamparadas. Para que alimentos, combustível e doações cheguem à região alta, as entregas são feitas por voo no aeródromo de Doutor Ricardo, que recebeu os primeiros aviões nessa quinta, 9. Prefeito de Encantado, Jonas Calvi destaca a preocupação dos municípios. O gestor público alerta a comunidade sobre as fendas e riscos de deslizamentos em grande parte dos morros da cidade, e pede socorro ao Estado para a liberação dos acessos e

Precisamos que o Estado nos ajude, porque vamos começar a car sem comida, sem gasolina...

JONAS CALVI PREFEITO DE ENCANTADO

alternativas à logística.

Calvi diz que o bloqueio de acessos impede a chegada de caminhões. “Às vezes libera a 332, em alguns momentos podem só veículos leves. É uma situação complicada. A logística está ficando sob responsabilidade dos prefeitos, mas não conseguimos absorver tudo”, afirma.

Ele diz que o município já se preocupa com os abrigos, com a necessidade de alimentos aos desalojados, com o salvamentos dos moradores do interior, e não possui capacidade técnica para viabilizar essa logística, que seria de responsabilidade do Estado.

Calvi ainda destaca que a administração recebeu uma

ligação de Santa Cruz do Sul com a doação de alimentos, mas o município não tem condições de buscar. “Se não conseguirmos sair de Encantado, como vamos ir a Santa Cruz buscar carne? A equipe do Estado tem que criar essa logística para nós, por via terrestre, liberando acessos, ou por via aérea”, reforça.

De acordo com o prefeito, cada município tem seus próprios problemas e desafios neste momento e os prefeitos não têm como resolver o que não é de suas competências, como seria o caso da liberação de acessos e da logística.

“Precisamos que o Estado nos ajude, porque vamos começar a ficar sem comida, sem gasolina. Encantado está conseguindo auxiliar Roca Sales e Relvado com combustível, mas também estamos chegando em um ponto em que vamos ficar sem”.

Prioridade à 332

Secretário de Logística e Transportes do estado, Juvir Costella garante prioridade à situação da ERS-332. O caos logístico enfrentado no Rio Grande do Sul há mais de uma semana impõe desafios na desobstrução de acessos e reconstrução de estradas e

têm sido parceiros e temos que compreender a angústia de todos e buscar a solução”, frisa. Em relação às estradas, cita que boa parte dos trechos administrados pela EGR estão liberados, com exceção da ERS-130, entre Lajeado e Arroio do Meio, e da ERS-129, entre Muçum e Vespasiano Corrêa. Já o outro trecho, entre Colinas e Roca Sales, de responsabilidade do Daer, exige atenção. “Temos convênio com a prefeitura de Roca e a Giovanella está lá, trabalhando. Essa chuva trouxe transtornos de atoleiros”.

Voos em Doutor Ricardo

pontes. Autarquias e estatais, como o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) intensificam os trabalhos para garantir a travessia segura de veículos nesses locais. Conforme o secretário, o Estado tem ciência do tamanho da responsabilidade e garante esforços máximos para a reconstrução. “O Daer disponibilizou todas as superintendências para iniciar a recuperação. Não há uma região no RS em que o Daer não esteja presente. Os prefeitos

Diante desta realidade que a região alta do Vale enfrenta, o aeródromo particular de Doutor Ricardo recebeu autorização para voos de helicópteros e aviões de pequeno porte. A liberação tem como finalidade a recepção e distribuição de mantimentos para regiões afetadas pela cheia. Dez aeronaves já pousaram na pista nessa quinta-feira e devem chegar com cestas básicas, roupas e medicamentos, que serão distribuídas entre cidades como Encantado, Roca Sales, Arroio do Meio e Muçum. Prefeito do município, Alvaro Giacobbo diz ser necessário que o governo municipal, a comunidade e empresários se unam para solucionar as demandas atuais. “É necessário unirmos esforços, se esperarmos apenas pelo Estado, as coisas não irão acontecer”, ressalta o gestor municipal.

O prefeito cita ainda cita a EGR. Segundo Giacobbo, havia uma empresa particular desobstruindo as passagens e abrindo novos acessos, entretanto, a companhia desautorizou, com ameaça de multa caso o serviço fosse continuado. “A EGR, tem que se puxar mais ou então eles abandonam o posto e deixam que a gente faça”, finaliza.

ERS-332 entre Doutor Ricardo e Encantado sofreu deslizamentos e não permite mais passagem de veículos pesados

4 | A HORA Sexta-feira, 10 maio 2024 LOGÍSTICA
Aeródromo entrou em funcionamento nessa quintafeira, 9, e já recebe donativos BRAYAN BICCA
A HORA | 5 Sexta-feira, 10 maio 2024

É preciso reforçar a Carta do Vale

OGrupo A Hora realizou um instigante seminário em novembro do ano passado para discutir saídas e soluções aos problemas e prejuízos gerados pelas enchentes. Profissionais técnicos, voluntários e agentes políticos participaram de uma série de debates e rodas de conversa para finalizar a composição da “Carta do Vale”, com todas as demandas e projetos estratégicos necessários à nossa segurança regional. Meio ano após a simbólica assinatura da carta, é momento de reunir outra vez as mesmas cabeças pensantes e os líderes por detrás do movimento para verificar, afinal, o que de fato saiu do papel, e o que ainda sequer foi debatido entre os entes e agentes responsáveis.

Entre as ações mais latentes, um plano regional de prevenção e evacuação; a ampliação do sistema de informações e monitoramento da bacia hidrográfica; o fortalecimento da Defesa Civil; a criação de mapas hidro geotéc-

nicos com cotas de enchentes, e estudos hidrológicos e de possíveis barramentos. Desde então, pouco avançamos. Portanto, é preciso reunir outra vez os representantes da Amvat, Amat, Avat, Amturvales, CIC/VT, Codevat, Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica Taquari Antas, e, claro, a nossa Universidade do Vale do Taquari (Univates). Não podemos esperar mais seis meses. É preciso correr contra o tempo.

Aeródromo em Doutor Ricardo. Heliponto em Estrela

O Vale do Taquari sofreu um duríssimo golpe em sua infraestrutura logística. E diante da morosidade do Estado e da União, os governos municipais e as entidades empresariais se unem como nunca para devolver um mínimo de normalidade ao escoamento da produção e a chegada de insumos às indústrias e empresas – além de mantimentos para a sobrevivência da população, é claro. E as soluções surpreendem. Em Doutor Ricardo, uma pequena cidade com 1,8 mil habitantes, foi “descoberto” um pequeno aeródromo. E só nessa quinta-feira o espaço recebeu 10 aeronaves pequenas com alimentos e outros produtos necessários à região alta. Em Estrela, a Defesa Civil implantou um heliponto improvisado na sede da transportadora Nimec, nas proximidades da BR-386, em um ponto que já serve como o Centro de Distribuição de materiais para os desabrigados.

rodrigomartini@grupoahora.net.br

Como serão as eleições?

Conversei com diversos agentes políticos e muitos compactuam com uma dúvida: afinal, como serão as eleições municipais de outubro? Alguns sugerem a suspensão do pleito. Outros sustentam a necessidade de protelar o aguardado e disputado dia da votação. E há quem não veja empecilho em manter o dia seis de outubro como o dia “D” para a escolha dos futuros prefeitos e vereadores. Da mesma forma, os correligionários e marqueteiros reavaliam as estratégias para situacionistas e opositores. Tudo deve mudar a partir da trágica enchente. Inclusive as coligações, é claro.

Escolas modulares em Estrela

Antes mesmo da tragédia da semana passada, o governo de Estrela já havia conquistado recursos federais para a construção de quatro novas escolas municipais – três de ensino infantil e uma de ensino fundamental. E não havia tanta pressa na construção desses educandários. A partir da maior enchente da nossa história, porém, e com a destruição de diversos espaços escolares, a municipalidade quer acelerar o processo de construção das estruturas. Para isso, a Secretaria de Educação estuda contratar uma obra modular. Em suma, tratase de um modelo de construção rápida e econômica, altamente flexível, adaptável às mudanças e que oferece um interessante custo-benefício. Caso se confirma a ideia, a projeção é finalizar as obras em 90 ou 120 dias.

Resgates – ainda –são necessários

O Vale do Taquari já contabiliza 34 mortos e ainda possui 49 pessoas desaparecidas. Além disso, ainda há moradores aguardando por resgate. São pessoas que vivem em comunidades mais isoladas e que ainda possuem enormes dificuldades para acessar as áreas menos impactadas. Há casos em Arroio do Meio, Imigrante e Estrela. Menos mal que a Defesa Civil já acessou e entregou mantimentos aos moradores dessas áreas. Mas o resgate ainda é uma prioridade.

Juntos pela Ponte

Empresários e agentes políticos de Lajeado, Arroio do Meio e Encantado realizaram um ato simbólico e histórico junto aos destroços da ponte de ferro, parcialmente destruída pela força do Rio Forqueta. O movimento busca angariar recursos para a reconstrução da passagem e dos acessos, e estimam gastos superiores a R$ 10

milhões. Paralelo a isso, um outro grupo estuda a possibilidade de reutilizar a estrutura de ferro que estava do lado lajeadense e tombou junto à margem do afluente do Rio Taquari. Fato é que a recomposição daquela importante ligação entre as regiões alta e baixa do Vale do Taquari parece ser apenas uma questão de tempo.

R$ 50 bilhões ao Estado? Tomara...

O Governo Federal anunciou ontem um pacote de R$ 50,9 bilhões para auxiliar famílias, trabalhadores rurais, empresas e municípios no Rio Grande do Sul. As 12 medidas de apoio aos gaúchos constam em uma Medida Provisória encaminhada ao Congresso Nacional pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. São medidas econômicas destinadas a trabalhadores assalariados, beneficiários de programas sociais, ao estado e a municípios, às empresas e aos produtores rurais. Entre as medidas, a antecipação do abono salarial, do Bolsa Família e do Auxílio-Gás; a prioridade na restituição do Imposto de Renda; e duas parcelas adicionais do Seguro-Desemprego para quem já estava recebendo antes da decretação de calamidade. Pronampe, Pronaf e Pronamp também serão invocados. E fica a torcida para que não se repitam os erros de 2023.

6 | A HORA Sexta-feira, 10 maio 2024

Piratini estima necessidade de quase R$ 20 bilhões para reconstruir o RS

Cálculo inicial mostra, sobretudo, aporte elevado para restabelecimento e reconstrução. Governador clama por celeridade na liberação de recursos federais e pede aprovação de PEC semelhante à estabelecida na pandemia

ESTADO

Com 428 dos 497 municípios impactados pela maior catástrofe natural da história do Rio Grande do Sul, o governo gaúcho sabe que a tarefa de reconstrução não será simples. Com o caixa comprometido, dependerá de aportes federais para dar a volta por cima. Os primeiros cálculos apontam a necessidade de quase R$ 20 bilhões em investimentos. Os recursos, conforme o governador Eduardo Leite, são direcionados desde as ações de resposta às cheias históricas nas regiões – esta já em andamento – até a reconstrução definitiva de escolas e pontes, por exemplo.

Precisaremos de um esforço muito grande para conseguir atender a todas essas necessidades e fazer a reconstrução dos municípios”

EDUARDO LEITE

No entanto, por se tratar de um levantamento inicial, este montante tende a aumentar conforme o tempo.

“Essa estimativa está baseada na resposta atual, nos levantamentos já feitos e também nas projeções comparadas a partir dos esforços empregados no desastre de setembro, no Vale do Taquari. Precisaremos de um esforço muito grande para conseguir atender a todas essas necessidades e fazer a reconstrução dos municípios”, projeta.

A preocupação, segundo Leite, é do recurso prometido pelo governo federal – as medidas totalizam R$ 50 milhões –demorar a chegar ao RS.

“Temos uma lista de demandas muito grande e entre elas está uma PEC, semelhante a que o governo federal colocou na época da pandemia, mas que possa ser aplicado no contexto da calamidade. É como um orçamento de guerra”.

O gestor estadual lembra que, mesmo processos extraordinários pensados para situações excepcionais possuem algum grau de “normalidade”. “Os processos precisam ser muito mais simplificados em calamidades”.

“Destruição sem precedentes”

Designado para instalar seu gabinete em Encantado no pósenchente de setembro, o vicegovernador Gabriel Souza afirma que a situação do RS, sobretudo nas áreas logística e de mobilidade, não serão de resolução imediata. Por isso, concentra esforços em, com a ajuda do governo federal, buscar recursos que viabilizem a reconstrução.

“Temos uma destruição na infraestrutura rodoviária sem precedentes no RS. São pontes, viadutos, rodovias e estradas vicinais devastadas. E não é

Cidades como Cruzeiro do Sul necessitarão de um grande aporte nanceiro para a reconstrução

simples de resolver, pois não há nem mesmo equipe suficiente capaz de resolver tudo. O maquinário está todo disponível. Provavelmente teremos que buscar de outros estados”, comenta.

Souza lembra que o RS possui a quarta maior economia do país e destaca a vinda do presidente Lula em duas ocasiões nos últimos dias para verificar o drama gaúcho de perto. “Nós vivemos um momento de tragédia. Temos que nos unir com prefeituras, a União, os deputados e o Senado. para vencer essa crise. Não temos recursos no caixa para fazer todos os investimentos. Precisamos que a dívida da União seja suspensa”.

Apoio do Daer

O caos logístico enfrentado no RS há mais de uma semana impõe desafios na desobstrução de acessos e reconstrução de estradas e pontes. Autarquias e estatais, como o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) intensificam os trabalhos.

Conforme o secretário de Logística e Transportes, Juvir Costella, o Estado tem ciência do tamanho da responsabilidade e garante esforços máximos para a reconstrução. Por isso, o objetivo é garantir a travessia segura de veículos nesses locais.

“O Daer disponibilizou todas as superintendências para iniciar a recuperação. Não há uma região no RS em que o Daer não esteja presente. Os prefeitos têm sido parceiros e temos que compreender a angústia de todos e buscar a solução”, frisa.

Plano de reconstrução do estado

Estimativa de custos

Resposta

– R$ 217,1 milhões em reforço nas forças de segurança

– R$ 1,5 milhão em estrutura de governo emergencial

Assistência

– R$ 252,3 milhões em atendimentos em saúde

– R$ 200 milhões em benefícios emergenciais

– R$ 2 bilhões em estruturas e manutenção de abrigos

Restabelecimento

– R$ 209 milhões em apoio às defesas civis

– R$ 1,8 bilhão em escolas

– R$ 1,9 bilhão em moradias

– R$ 63,4 milhões em projetos de manutenção e reconstrução

– R$ 790 milhões em manutenção de estradas vicinais

– R$ 500 milhões em manutenção de rodovias

– R$ 1,5 milhão em manutenção de vias urbanas

– R$ 12,4 milhões em balsas

– R$ 260 milhões em remoção e destinação de resíduos

Reconstrução

– R$ 368,1 milhões em apoio à agricultura

– R$ 1 bilhão em apoio às empresas

– R$ 754 milhões em reconstrução de escolas

– R$ 65 milhões em estrutura de governo

– R$ 2,9 bilhões em moradias

– R$ 3,6 bilhões em pontes

– R$ 96 milhões em unidades de saúde

– R$ 77 milhões em recomposição de áreas degradadas

Números da tragédia

428 municípios afetados

67,5 mil pessoas em abrigos

165 mil pessoas desalojadas (estão em casas de familiares ou amigos)

1,4 milhão de pessoas afetadas de alguma forma

107 óbitos

136 desaparecidos

374 feridos

70,2 mil pessoas resgatadas

A HORA | 7 Sexta-feira, 10 maio 2024 POLÍTICA
RANGEL FELIPE

União anuncia R$ 50 bilhões em medidas de apoio ao RS

Iniciativas abrangem trabalhadores, empresas e municípios afetados pela catástrofe. Entre as medidas confirmadas, estão antecipação do abono salarial, aberturas de linha de crédito e subvenção

AS MEDIDAS

TRABALHADORES ASSALARIADOS

– Antecipação do cronograma de pagamento de abono salarial 2024 – impacto previsto de R$ 758 milhões; – Liberação de duas parcelas adicionais do seguro-desemprego para os desempregados que já estavam recebendo antes da decretação de calamidade, ao final da última parcelaimpacto previsto de R$ 495 milhões;

– Antecipação do pagamento da restituição do Imposto de Renda para o RS - impacto previsto de R$ 1 bilhão;

BENEFICIÁRIOS DE PROGRAMAS SOCIAIS

– Liberação do calendário para pagamento dos programas Bolsa Família e Auxílio-Gás, antecipando os pagamentos do mês de maioimpacto previsto de R$ 380 milhões;

ESTADO E MUNICÍPIOS

– R$ 200 milhões de aporte para fundos de estruturação de projetos – impacto previsto R$ 200 milhões, com grande impacto na rápida estruturação de projetos para retomada dos investimentos;

– Constituição de força-tarefa para acelerar a análise de crédito com aval da União para municípios, com impacto previsto de R$ 1,8 bilhão, sendo R$ 1,5 bilhão em operações externas e R$ 0,3 bilhão em operações internas;

EMPRESAS

– Aporte de R$ 4,5 bilhões para concessão

de garantias de crédito no Fundo Garantidor de Operações, Programa Nacional de Apoio a Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) – impacto previsto de R$ 4,5 bilhões de aporte, com potencial de alavancagem de R$ 30 bilhões;

– R$ 1 bilhão para subvenção de juros no Programa Nacional de Apoio a Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) –impacto previstos de R$ 1 bilhão para desconto de juros no Pronampe até o limite de R$ 2,5 bilhões de créditos concedidos; – R$ 500 milhões no Fundo Garantidor de Investimentos para garantir a alavancagem de crédito no Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (FGI-PEAC) - impacto previstos de R$ 500 milhões em aporte de garantias no Fundo Garantidor de Investimentos para alavancar até R$ 5 bilhões em concessão de crédito; – Prorrogação por no mínimo 3 meses dos prazos de recolhimento de tributos federais e Simples Nacional – impacto previsto de R$ 4,8 bilhões; – Dispensa da apresentação da Certidão Negativa de Débitos para facilitar o acesso ao crédito em instituições financeiras públicas –prazo de 6 meses (maio a novembro);

PRODUTORES RURAIS

• R$ 1 bilhão para subvenção de juros ao Pronaf e Pronamp - impacto previstos de R$ 1 bilhão para desconto de juros no Pronaf e Pronamp até o limite de R$ 4 bilhões de créditos concedidos.

Em conjunto com os anúncios do presidente Lula, a Caixa detalhou novas medidas de apoio ao RS. Ações para clientes foram ampliadas. Também foi criada uma força-tarefa para acelerar o processo de habilitação do Saque Calamidade do FGTS com as prefeituras.

De acordo com decreto de 2004, para habilitação ao saque do FGTS, é necessário que o município em estado de calamidade pública ou situação de emergência, devidamente reconhecidos por portaria do governo federal, apresente à Caixa a declaração das áreas afetadas pelo desastre.

Conforme decreto editado nesta semana, está dispensado também o intervalo mínimo de 12 meses para novo saque por calamidade para os trabalhadores dos municípios atingidos pela calamidade. Após a habilitação, a população poderá efetuar o saque pelo celular por meio do aplicativo FGTS, de forma fácil e rápida, sem a necessidade de comparecer a uma agência.

ESTADO

Em coletiva ocorrida ontem, o presidente Lula anunciou um conjunto de medidas de apoio ao Rio Grande do Sul que somam cerca de R$ 50 bilhões. O anúncio foi feito ao lado de ministros. As ações, que contemplam empresas, trabalhadores e municípios, estão previstas em Medida Provisória (MP) encaminhada ao Congresso Nacional.

Entre as medidas confirmadas, estão a antecipação de abono salarial e do pagamento de benefícios como o Bolsa Família e o Auxílio Gás, abertura de linhas de crédito e subvenção. Luça agradeceu a agilidade do Legislativo na aprovação de medidas de socorro ao estado e o apoio do Judiciário e pediu que os poderes continuem unidos no socorro ao Rio Grande do Sul.

“A gente não pode permitir que nenhum viés burocrático possa atrapalhar a urgência das medidas que estamos anunciando. E ai vamos precisar do esforço de todo mundo”, afirmou. Na próxima segunda-feira, 13, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai se reunir com o governador Eduardo Leite para renegociar a dívida do Estado.

Na terça-feira, 14, a previsão é de anúncio de medidas diretas para a população atingidas pelas chuvas. Haddad assegurou que outras medidas de apoio ao RS serão apresentadas pelo governo federal à medida que foram formatadas.

O QUE A CAIXA ANUNCIOU

SAQUE CALAMIDADE

– Liberação de R$ 6.220,00 disponíveis na conta do FGTS de quem tem saldo. Para ter acesso a essa permissão, a pessoa precisa residir em um município com o estado de calamidade pública ou situação de emergência reconhecida pela União. A solicitação pode ser feita até 90 dias após a publicação da portaria federal, no aplicativo do FGTS ou em agência da Caixa;

PAUSA NO FINANCIAMENTO

– Possibilidade de pausar por até seis meses o pagamento das parcelas do financiamento habitacional nas regiões atingidas pelas enchentes. Essas prestações também podem ser incorporadas no saldo devedor de clientes inadimplentes. O requerimento pode ser feito no app Habitação Caixa ou em agência bancária;

SEGURO HABITACIONAL

– Qualquer pessoa com financiamento habitacional ativo possui seguro contra danos físicos ao imóvel. A cobertura mínima prevê o pagamento de danos causados em situações de inundação ou alagamento e também em ameaças de desmoronamento;

– Os sinistros e assistências devem ser acionados nos seguintes telefones: 0800 274 1000 (contratações até 15 de fevereiro de 2021), 0800 722 4926 (pedidos de assistência após 15 de fevereiro de 2021) e 0800 722 4923 (aviso sobre sinistros em contratações após 15 de fevereiro de 2021).

8 | A HORA Sexta-feira, 10 maio 2024 POLÍTICA
DANIELY SCHWAMBACH

AÇÃO SOCIAL

Voluntários entregam doações e alimentos para desabrigados

Cozinhas solidárias pela cidade coletam itens de primeira necessidade e preparam almoço e janta para levar aos abrigos e também para quem está na rua

Nos oito abrigos oficiais de Lajeado, são em torno de 1,3 mil pessoas cadastradas. Fora desse universo, as estimativas são de pelo menos mais mil que foram para casa de amigos, de parentes, ou na rua.

“Muitas pessoas escolheram ficar perto da casa. Tiraram o que tinham de móveis, cobriram com uma lona, e como não conseguiram transporte, ficaram por ali para cuidar dos pertences e evitar furtos”, conta uma das abrigadas no ginásio do bairro Conservas, Michele Siqueira. Preocupado com esse público da periferia, a Associação Marinês, do bairro Santo Antônio, tomou a frente. No residencial Novo Tempo II, conseguiram autorização para usar a cozinha coletiva e formaram uma central de doações e preparo de marmitas.

“Reunimos o que tínhamos em casa. Começamos na terça-feira (30 de abril) com 50 jantares. Agora fazemos almoço e janta para mais de 1,2 mil pessoas”, conta uma das cozinheiras, Ester Almeida.

Os relatos das pessoas emocionam. “Tem muita gente desassistida. Chegamos naqueles que ficaram na suas casas e que dizem: estávamos o dia inteiro esperando vocês. Fazemos de tudo o que for possível para ajudar. Vamos nos pontos mais de uma vez por dia. Para muitos, é essa refeição que está mantendo eles.” Além dos desabrigados, Ester também agradece aos voluntários que estão na limpeza. “Tem aqueles que estão ajudando. Para eles também separamos uma comida quentinha e gostosa, pois

eles merecem.”

O crescimento da ação social foi para além dos alimentos. A Associação Marinês também passou a distribuir água, roupas, cobertores, travesseiros e produtos de higiene e limpeza. Para todos que desejam ajudar com doações de alimentos não-perecíveis, basta procurar o grupo no Residencial Novo Tempo II, no fim da rua onde fica a Escola Santo Antônio. Também é possível enviar qualquer quantia em dinheiro, pelo PIX: 02871915083.

Bairro Santo Antônio Associação Marinês Instagram: @ associacaomarines

Doações: Novo Tempo II, Santo Antônio, Rua da Felicidade (nas proximidades da escola Ciep)

Aceitam: água, alimentos não-perecíveis, roupas, produtos de higiene e limpeza, cobertores.

Doação em dinheiro PIX: 02871915083 (em nome de Ester Almeida)

Bairro Moinhos\Cohab Ginásio do bairro (rua Alan Kardec, 81)

Doações a partir das 18h Em dinheiro pelo PIX: 89953339015 (em nome de Fabrício Tedesco).

Rotaract Lajeado Em dinheiro, por meio do pix solidário: lajeado.rotaract@ gmail.com.

Cozinha Univates Em dinheiro, pelo PIX ajudavt@univates.br

Trabalho no bairro Moinhos

O grupo de moradores do bairro Moinhos\Cohab também organizou uma cozinha solidária no ginásio. Todos os dias, preparam mais de 600 jantares. Além disso, kits de primeira necessidade são levados tanto para Lajeado, quanto para outros municípios.

Nesta semana, inclusive, estiveram em Travesseiro. Foram duas caminhonetes com produtos de higiene, alimentos, fraldas geriátricas e medicamentos. “Fomos até Marques de Souza e atravessamos de barco. Quando chegamos, foi uma emoção muito grande. As pessoas chorando, passando muito trabalho, em especial por causa dos remédios, que eles não tinham mais lá”, relembra um dos voluntários, o morador Cândido dos Santos.

As doações podem ser feitas direto no ginásio, todos os dias a partir das 18h. Também é possível doar qualquer valor, para o PIX: 89953339015 (em nome de Fabrício Tedesco).

Ajuda comunitária

Outro grupo que também se dedica a preparar alimentos aos desalojados é o Rotaract Club de Lajeado. Com doação de valores da comunidade, o clube é responsável por comprar os mantimentos e organizar as refeições. Até o momento, foram R$ 32 mil arrecadados.

As doações foram para os abrigos de Lajeado, além da distribuição de produtos de limpeza, higiene e farmácia para Estrela e Cruzeiro do Sul. As marmitas preparadas pelos voluntários ainda chegaram aos abrigos de Arroio do Meio. Também foram doadas mantas e roupas íntimas. Para quem quiser auxiliar, o Rotaract arrecada os valores por meio do pix solidário: lajeado.rotaract@gmail.com.

Mensagens das crianças

No prédio 9 da Univates um grupo de voluntários se dedica a produzir mais de 2 mil marmitas. Além do alimento, na tampa de cada marmita há uma mensagem escrita por crianças. Gabriel Miller, cozinheiro e voluntário, agradece o apoio da comunidade. “Temos aqui um grupo de voluntários que se mobilizam para ajudar as pessoas. Se cada um fizer um pouco, conseguimos dar a volta”, acredita.

Além das refeições, a equipe estabeleceu uma rede de comunicação com outras cozinhas solidárias da região, para evitar desperdícios e otimizar o alcance do auxílio.

Para ajudar, a Fundação Univates lançou uma chave PIX (ajudavt@univates.br) para doações exclusivas da cozinha solidária. A prestação de contas será feita no portal da universidade.

A HORA | 9 Sexta-feira, 10 maio 2024
VALE DO TAQUARI Associação Marinês, no bairro Santo Antônio, começou com 50 marmitas e hoje produz mais de 1,2 mil para atender a periferia de Lajeado No Moinhos, grupo de voluntários cozinha todos os dias a partir das 18h no ginásio na rua Alan Kardec
COMO AJUDAR
FOTOS FILIPE FALEIRO

Agência internacional se compromete a reconstruir a cidade

Além do auxílio imediato, objetivo é retirar famílias das áreas de risco. Socorro em atendimento médico também é prioridade

VALE DO TAQUARI

Representantes da USAID, agência de auxílio humanitário com sede nos EUA, estiveram na tarde dessa quinta-feira, 9, em Cruzeiro do Sul. Durante reunião com o prefeito João Dullius, reiteraram o engajamento em direcionar recursos para a reconstrução da cidade. “Se disponibilizam para ajuda imediata. Deve vir em até dez dias.”

Além do auxílio imediato, a esperança para o futuro de Cruzeiro do Sul é tirar as famílias das áreas de risco. Nesse sentido, as tratativas avançam. “Precisamos tranquilizar a comunidade e priorizar o trabalho pela reconstrução”, pontua Dullius.

Conforme levantamento inicial, são mais de um mil casas

destruídas, em média, 40% do total de moradias e mais de 5,2 mil pessoas desalojadas em abrigos do município. “As que não foram destruídas, apresentam avarias. Tubulações inteiras da Corsan arrancadas, algumas localidades sem qualquer acesso por terra.”

A reconstrução requer tempo e será por etapas. “É momento de vencermos mais uma etapa de forma gradativa. Estamos fortemente trabalhando e serei o último a pular desse barco, ele não vai afundar”, garante.

Outra demanda é a destinação de veículos preparados para acessar áreas remotas. Famílias estão em localidades isoladas e precisam de atendimento em saúde. Além disso, sete das 14 escolas foram danificadas e mais de 900 alunos são impactados.

Dullius

“Aumento extorsivo é caso de polícia”

Delegado regional do Creci, Keko Munhoz orienta população a denunciar preços abusivos de aluguéis

Diretor da Imobiliária Arruda e Munhoz e delegado subregional do CreciRS, Keko Munhoz abordou as consequências das enchentes no mercado de aluguéis durante entrevista ao programa Frente e Verso na Rádio A Hora 102.9. Acompanhado da corretora Kátia Sieben, ele confirmou casos de preços abusivos nos valores e orienta a população a denunciar na polícia os aumentos extorsivos. De acordo com Munhoz, há relatos de elevações de até dez vezes do valor mensal pedido por proprietários de imóveis, situação inadmissível. “O proprietário tem o direito de alugar para quem quiser, mas não existe justificativa para aumentos extorsivos. É caso de polícia e a promotoria também

Famílias atingidas pelas cheias terão que se adaptar a novas realidades de moradias

Não teremos imóveis nas mesmas condições do que as pessoas tinham antes da enchente.”

está atenta.” Conforme o empresário, esse abuso nos preços não é praticado pelas imobiliárias da região. Segundo ele, as empresas do setor se desdobram para continuar oferecendo um trabalho sério, mesmo em um momento de exceção. Lembra que muitas empresas do setor também foram atingidas pelas cheias, inclusive a Arruda e Munhoz.

“Em um cenário normal, os contratos de locação são regidos pela lei de oferta e procura, mas hoje nos encontramos em estado fortuito”, destaca. Segundo Munhoz, o índice ICP-M, que regula o mercado de locações, teve grande elevação no período de pandemia mas, desde o ano passado, opera com índices negativos.

Procura elevada

Keko Munhoz afirma que a procura por aluguéis cresceu muito após as cheias, o que provoca dificuldade na oferta de imóveis. Segundo ele, Lajeado tinha proporcionalmente uma oferta grande frente a demanda e a principal dificuldade está nas cidades menores. “São famílias hoje abrigadas em casas de parentes e amigos, mas que terão que se restabelecer em curto e médio prazo.”

De acordo com Kátia Sieben, as buscas se concentram em imóveis mobiliados ou semi-mobiliados, o que já era tendência mesmo antes da tragédia. “Precisamos de opções. Estamos pedindo aos proprietários com imóveis à venda que disponibilizem as moradias também para aluguel.”

Tanto Kátia quanto Munhoz afirmam que Lajeado terá grande movimento de pessoas que virão de outras cidades atingidas ou de localidades do interior em busca de moradia. Conforme o diretor da imobiliária, as famílias deverão se adaptar a novas realidades, seja com opções em bairros mais afastados do centro ou em imóveis menores. “Quem morava em uma residência de três quartos acabará aceitando uma de dois dormitórios. Não teremos imóveis nas mesmas condições do que as pessoas tinham antes da enchente.”

10 | A HORA Sexta-feira, 10 maio 2024 MORADIA CRUZEIRO DO SUL
KEKO MUNHOZ DELEGADO SUBREGIONAL DO CRECI-RS
Representantes da USAID em reunião com o prefeito João

RELATOS DOS SOBREVIVENTES RELATOS DOS SOBREVIVENTES

Quase 40 horas de pesadelo

Na localidade de Arroio do Ouro, em Estrela, Silvio Gregory, 57, passou duas noites e dois dias em cima do telhado da casa, à espera de um resgate. “Eu estava sintonizado na Rádio A Hora o tempo todo, porque o sinal de telefone e internet tava muito fraco aqui”, relata.

Morador próximo do rio, acompanhou o movimento das águas o dia inteiro. “Eu já estava ilhado na minha casa e parecia que iria estabilizar.

Mas então escutei no rádio um depoimento de um homem de Santa Tereza, dizendo que a água chegaria com muita força por aqui. Nesse momento, soube que teria de me preparar. Separei roupas, mantimentos e fui para o telhado”, conta.

Isso foi na quarta-feira à tarde, 1º. O resgate de Gregory só foi feito na sextafeira, 3, no fim da manhã. “Foram os piores momentos da minha vida, em especial, à noite.”

“Eu sabia que a água não alcançaria o telhado, me criei por aqui, conheço o Taquari. Mas meu medo era de que a casa não fosse aguentar. Quando vi a garagem quebrando pela força da correnteza, tive medo”, relembra.

Choveu o tempo todo durante a primeira

Foram os piores momentos da minha vida, em especial, à noite”

SILVIO GREGORY

MORADOR DE ESTRELA

noite, a única luz eram os relâmpagos. “Quando chegou quinta-feira de tarde e eu percebi que teria que passar outra noite assim, foi muito difícil. Naquele momento, a água já tinha infiltrado a capa de chuva e a única coisa que me aquecia era uma garrafa de cachaça”, lembra.

Na manhã de sexta-feira, ele conseguiu um resquício de sinal e enviou mais um pedido de socorro ao filho.

A casa de Gregory ficava circundada por uma área verde, o que dificultava que os helicópteros avistassem ele. O barulho do rio tornava os gritos por socorro inaudíveis. “Quando chegou sexta-feira, o rio estava baixando. Ali eu sabia que não ia mais morrer, mas não sei como teria sido se tivesse que esperar mais tempo por resgate.”

Em 50 anos, a primeira vez

Morador do bairro Conservas há 52 anos, Sadi Luis Pereira, 63, viu pela primeira vez a água do Rio Taquari invadir a casa dele. A residência de dois andares, na rua João Avelino Maria, foi completamente coberta pela enchente.

A estrutura permanece de pé, apesar de umas rachaduras, mas as conquistas de uma vida inteira foram levadas embora pelo rio. Em Lajeado, o Conservas foi um dos locais mais atingidos, grande parte dos moradores estão alojados no ginásio. A comunidade está há dez dias sem energia elétrica.

Pereira, que está abrigado na casa de amigos, foi conferir o estado da própria

“Tem que lembrar que estamos vivos, tem gente que não tá”

O morador do Morro 25, em Lajeado, Alirio Evaldir Brandão, 54, perdeu tudo que tinha na casa na rua Bernardino Pinto. Ele e a esposa residiam no endereço há pouco mais de três anos.

Pela primeira vez a enchente alcançou a residência e cobriu até o teto. Até então, a água tinha chegado nas proximidades, em setembro, circundou a casa, mas nunca invadiu.

“A gente colocou os móveis numa parte mais elevada do terreno, na esperança que água não chegaria ali”.

ALIRIO EVALDIR BRANDÃO MORADOR DE LAJEADO Para reconstruir não vai ser fácil, mas a gente não pode desanimar”

Brandão e a esposa saíram de casa só com a roupa do corpo, antes da água invadir a casa.”Para reconstruir não vai ser fácil, mas a gente não pode desanimar. Tem que lembrar que estamos vivos, tem gente que não tá.”

moradia. “É uma experiência triste, trabalhei uma vida inteira para ter essa casa, o que eu tinha dentro dela. Mas ela ainda tá de pé, isso é bom”, diz. Ele mora no local junto da esposa e do filho. “Nós não fomos resgatados, saímos antes da água chegar. A vida é a coisa mais importante. Em uma situação de risco, a gente precisa sair e preservar a vida”, enfatiza.

“Dá uma tristeza voltar e ver todos os móveis estragados, as roupas. Mas não tem o que fazer, agora é tentar se reerguer dentro do possível. Tem muita gente ajudando também. A esperança é poder voltar para casa e reconstruir”, finaliza.

A HORA | 11 Sexta-feira, 10 maio 2024

“Ninguém acreditava que vinha o rio dessa forma”

Em Arroio do Ouro, no interior de Estrela, outro relato comovente é de Regina Mallmann, uma das proprietárias da Brinquedos Piá. Ela foi resgatada pela Defesa Civil junto a mais 19 pessoas, e cruzou a eclusa de lancha para chegar a Bom Retiro do Sul.

Regina conta que quando a água começou a subir, a família ficou atenta às informações divulgadas na rádio. Quando ouviram sobre a possibilidade das águas subirem ainda mais e talvez chegarem à cota 40, como foi divulgado pelo vice-

Com a luz, um pouco de alegria

Os moradores de Lajeado que estão abrigados no ginásio do bairro Conservas comemoraram a volta da energia elétrica no local. O abrigo ficou cinco dias sem luz e, nesta semana, um gerador foi instalado no espaço.

Um dos alojados é Percival Gaspar dos Santos, morador do bairro, que teve a casa inundada pelo rio. Ele comemorou o estabelecimento da luz. “Agora tem até uma televisão para ver as notícias”, cita. Ele, assim como muitos, perdeu tudo o que tinha. É a terceira enchente que enfrenta. “Vamos ficar vários dias aqui, não sabemos para onde ir. Coloquei as coisas na casa do vizinho de cima, mas a água chegou igual, perdemos tudo. Não temos mais

Vamos car vários dias aqui, não sabemos para onde ir”

PERCIVAL GASPAR DOS SANTOS MORADOR DE LAJEADO

nada além da roupa do corpo e do carro”, conta. Percival e a esposa deixaram o lar antes da água chegar e buscaram abrigo no ginásio.

Meu lho nunca tinha andado em uma lancha, subiu e veio faceiro dizendo que era a nossa salvação”

em uma lancha, ele foi até lá buscar, subiu e veio faceiro dizendo que era a nossa salvação”. O filho então usou a embarcação para buscar familiares na vizinhança e levar para a casa de Regina. Lá, no segundo andar, 20 pessoas foram resgatadas pela Defesa Civil de Bom Retiro do Sul.

governador do Estado, Gabriel Souza, se desesperam.

A estrelense relata que nas proximidades da residência da família, parou uma lancha presa às árvores, que tinha gasolina e a chave dentro. “Meu filho nunca tinha andado

“O resgate aqui foi difícil porque ninguém acreditava que vinha o rio dessa forma, carregando tudo”. A moradora conta que quando a água baixou, a família voltou à residência em Arroio do Ouro. Ela e o marido de mãos dadas, enquanto os filhos iam à frente. “Deixamos o carro no asfalto e viemos caminhando, vendo essa destruição. Vim chorando até aqui”. A casa de Regina permaneceu de pé, enquanto a de muitos amigos foi totalmente destruída. Agora estão no processo de limpeza, recebendo ajuda de muitos voluntários. Mesmo assim, não sabem se vão voltar a morar na localidade. Por enquanto, residem com outros familiares em uma casa alugada na Linha Glória, para onde levam móveis ou pertences que ainda conseguiram salvar depois da cheia.

Quem decide não voltar mais

O bairro Oriental, em Estrela, está entre os mais devastados pela cheia. O morador José Claudiomir residia há dois anos em um prédio junto da esposa e outras quatro famílias. Essa foi a terceira vez que perdeu tudo na enchente, a água chegou até o telhado do prédio, somente a chaminé e a antena parabólica ficaram de fora.

“Minha esposa saiu antes da água fechar o portão aqui do prédio, na terça-feira de tarde ainda. Mas eu fiquei até quarta de noite, junto com o cachorro, até ser resgatado pela defesa civil”, conta. Juntos, Claudiomir e a esposa decidiram que não vão mais retornar ao bairro. “Não tem mais como ficar na nossa casa, caiu todo

Não tem mais como car na nossa casa, caiu todo o forro”

JOSÉ CLAUDIOMIR MORADOR DE ESTRELA

o forro, a água levou embora”, cita.

“Vamos tentando nos reerguer. Por enquanto, estamos na casa do meu filho, depois vamos para novo local.”

12 | A HORA Sexta-feira, 10 maio 2024
REGINA MALLMANN MORADORA DE ESTRELA

TRAGÉDIA NO RS

Sobe para 34 o número de mortes confirmadas no Vale

Marques de Souza confirma um óbito e uma pessoa desaparecida. Números divulgados pela Defesa Civil do Estado divergem das autoridades locais

MARQUES DE SOUZA

ADefesa Civil do RS divulgou um novo relatório sobre as ações de resgate no estado. Os números do órgão mostram, que dos 497 municípios, 428 sofreram danos com as cheias e 1.482.006 pessoas foram afetadas, 165.112 desabrigadas, 136 desaparecidos e 107 óbitos foram registrados. No Vale do Taquari, são 34 mortes confirmadas e 49 desaparecidos. Entretanto, há um conflito entre os números divulgados pela Defesa Civil e pelas autoridades locais. O Executivo de Roca Sales, registra oito mortes, enquanto a proteção civil contabiliza duas. O óbito confirmado em Marques de Souza também não foi contabilizado pelo estado. A morte é de um homem da família que foi soterrado em Tamanduá, identificado como Juarez Kerber. Ele foi socorrido e levado ao hospital mas não resistiu aos ferimentos. Outra mulher da localidade

Bombeiros fazem buscas pela região com cães farejadores. Locais com desmoronamentos estão entre os veri cados

que também foi resgatada ainda está no hospital, e teve melhoras em relação ao atendimento. Outra mulher, Clair Terezinha Bergmann, continua desaparecida no município.

No Vale

34

49 óbitos desaparecidos

No RS

107

136 óbitos desaparecidos

Por cidade na região

Desaparecidos: 49

Cruzeiro do Sul: 12

Lajeado: 11

Roca Sales: 7

Relvado: 4

Muçum: 4

Arroio do Meio: 2

Putinga: 1

Marques de Souza: 1

Encantado: 1

Estrela: 2

Teutônia: 3

Travesseiro: 1

Óbitos: 34

Cruzeiro do Sul: 8

Roca Sales: 8

Venâncio Aires: 3

Lajeado: 5

Paverama: 2

Forquetinha: 2

Capitão: 2

Encantado: 2

Putinga: 1

Marques de Souza: 1

A HORA | 13 Sexta-feira, 10 maio 2024

PÓS-CHEIA

Certel restabelece energia para mais 5 mil associados

As cidades de Canudos do Vale e Progresso tiveram o serviço retornado a partir da tarde dessa quinta-feira, 9

Areconstrução da linha de transmissão entre Forquetinha e Canudos do Vale foi concluída nessa quinta-feira, 9. Conclusão dos trabalhos permitiu restabelecer energia de 5 mil associados das cidades de Canudos do Vale e Progresso. Informação foi compartilhada pelo presidente da cooperativa, Erineo José Hennemann, durante entrevista ao Grupo A Hora. Hennemann menciona, que as fortes chuvas destruíram oito estruturas da subestação e que

Cooperativa mobiliza mais de 400 pro ssionais para restabelecer serviço

atualmente são 63 equipes com mais de 400 pessoas trabalhando, além do auxílio dos governos municipais e dos cidadãos. “O apoio da comunidade nos motiva, ontem tivemos uma evolução muito grande na construção das redes”, ressalta o presidente. Após o restabelecimento da

energia em Canudos do Vale e Progresso, os esforços devem se centralizar em Pouso Novo, onde há uma dificuldade maior em razão do difícil acesso à região. “Há um esforço muito grande, nosso povo está trabalhando para solucionar com brevidade”, finaliza o gestor.

14 | A HORA Sexta-feira, 10 maio 2024
CANUDOS DO VALE DIVULGAÇÃO

SOLIDARIEDADE

Sincovat auxila vítimas das cheias

Prioridade de doações são colchões, roupas de cama e peças de inverno

Devido à grande cheia que devastou o estado, as ações de assistência do Sindicato dos Contadores e Técnicos em Contabilidade do Vale do Taquari (Sincovat) em prol das vítimas da inundação, tomaram ainda mais força. Atualmente o sindicato atua em diferentes frentes, recebendo e organizando donativos e auxiliando nos abrigos dos flagelados. O presidente do Sincovat, Luciano Muller, relembra que o sindicato sempre esteve envolvido em ações de solidariedade e menciona que até hoje mantém contato com as vítimas da cheia de setembro de 2023. “As ações de auxílio aos necessitados nunca parou. Os volumes só mudaram conforme a s demandas”.

A tesoureira Nicole Schneider en-

fatiza “nosso intuito é fazer uma entrega rápida e efetiva para quem precisa”. As ações do sindicato, não se limitam a região do Vale do Taquari, ela atende todos os municípios que tenham a necessidade de amparo. Nicole ainda frisa que os itens mais importantes são atualmente os relacionados as baixas temperaturas que se aproximam. “É necessário pensar no inverno. Precisamos de roupas compridas,

colchões, travesseiros e cobertores. Tem gente dormindo no chão”. Em razão da abundância em doações, os representantes do sindicato salientam que uma demanda atual é a necessidade de um local espaçoso o suficiente para recebimento e organização de todos os donativos. “Temos cinco carretas vindos, porém não adianta vir a carga e não ter onde colocar”, explica.

OBITUÁRIO

JURACY MARIA PASTÓRIO FACCHINETTO, 73, faleceu ontem, 9. O velório ocorre na Capela Santa Catarina, da comunidade de Pinhal Queimado, em Arvorezinha. O sepultamento ocorre hoje, 10, às 10h, no Cemitério da comunidade de Pinhal Queimado.

VINÍCIUS DAVI BUENO DE LIMA, 7 meses, faleceu ontem, 9. O sepultamento ocorreu no Cemitério Municipal de Guaporé.

IVONNE LUCIA JOHANN, 80, faleceu na quarta-feira, 8. O sepultamento ocorreu no Cemitério Católico do bairro Hidráulica, em Lajeado.

ILSE GORETE MALLMANN, 58, faleceu na quarta-feira, 8. O sepultamento ocorreu no Cemitério Católico de Estrela.

ANGELO BONETI, 80, faleceu na quarta-feira, 8. O sepultamento ocorreu no Cemitério Católico de Santo Agostinho, em Encantado.

ANTÔNIO DA SILVA DUTRA, 82, faleceu na quarta-feira, 8. O sepultamento ocorreu no Cemitério Católico de Canabarro, em Teutônia.

THEREZINHA MARIA SOCCOL FERRARI, 84, faleceu na quarta-feira, 8. O sepultamento ocorreu no Cemitério Municipal de Dois Lajeados.

A HORA | 15 Sexta-feira, 10 maio 2024
VALE DO TAQUARI PAULO CARDOSO Muller e Nicole enfatizam ações de solidariedade pelo Vale

thiagomaurique@grupoahora.net.br

THIAGO MAURIQUE

Quiero Café distribui donativos no Vale do Taquari

Um caminhão da rede de cafeterias Quiero Café começou a circular ontem para distribuir donativos aos atingidos pelas enchentes no Vale do Taquari. A empresa projeta distribuir de quatro a cinco cargas de caminhão por dia, contendo produtos de limpeza e higiene pessoal, água, e alimentos.

Sócio do Quiero Café, Matheus Fell afirma que a equipe da empresa se dividiu entre a distribuição

das doações, a confecção de marmitas, em parceria com o Clube 7 de Setembro, e a produção de marmitas, café, bolos e salgados na cozinha da franqueadora, em Lajeado. “Montamos quase um mini mercado dentro do caminhão e, com ajuda da Defesa Civil, mapeamos os lugares afetados para chegar às pessoas que mais precisam.”

As enchentes no Estado obrigaram a suspensão das atividades em sete operações da rede Quiero

Café, três delas invadidas pela água (duas em Porto Alegre e uma em Guaíba). Também estão fechadas as operações do aeroporto Salgado Filho e outras três na Capital, incluindo a unidade do bairro Moinhos de Vento, atualmente utilizada para produção de marmitas aos atingidos. “Em todas as demais lojas, procuramos manter abertas o máximo possível, para que as pessoas possam utilizar internet e ter acesso a luz, água e refeições.”

Medical San presta apoio às comunidades atingidas

O Grupo Medical San retomou as atividades na segunda-feira, 6, tanto na matriz, em Estrela, quanto na filial, em Lajeado. A empresa segue prestando apoio aos atingidos dos dois municípios, em especial funcionários e seus familiares, por meio de ações iniciadas tão logo a enchente chegou ao Vale do Taquari.

O retorno das atividades foi possível graças ao esforço conjunto de todos os colaboradores e parceiros estratégicos da empresa. De acordo com o CEO e Presidente do Grupo, Mauro Santos Filho,

os prazos de produção serão cumpridos e as entregas realizadas em todo o Brasil. “Para seguirmos fortes e realmente

FRASE DO DIA

Reduzir o ritmo de corte da taxa básica tira a oportunidade de o Brasil alcançar mais prosperidade econômica, aumento de emprego e de renda. Essa decisão é incompatível com o cenário de inflação controlado e torna impraticável o projeto de neoindustrialização do país.”

podendo ajudar e fazer a diferença na reconstrução de toda a região, seguir produzindo é fundamental.”

Impacto na indústria – Estudo preliminar realizado pela Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da Fiergs aponta que os municípios atingidos pelas chuvas correspondem a mais de 80% da atividade econômica do Estado. As cidades afetadas representam 86,4% dos estabelecimentos industriais e 87,2% dos empregos do setor e contribuem com 83,3% da arrecadação de ICMS com atividades industriais. Ao governo Federal, a entidade pede a adoção de medidas emergenciais de apoio a indústria e aos trabalhadores atingidos.

Recurso internacional – O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou a disponibilidade de R$ 1,5 bilhão em financiamentos já disponíveis para o Rio Grande do Sul e outros R$ 4 bilhões à disposição do estado. Desse total, R$ 400 milhões são para suporte ao emprego e financiamento de micro e pequenas empresas e outros R$ 400 milhões serão redirecionados do saldo de um projeto para pequenas e médias empresas no mercado de trabalho, no turismo, saúde e saneamento. Com juros subsidiados, o BID oferece taxas entre 0,4% e 0,8% ao ano.

14 | A HORA Sexta-feira, 10 maio 2024
PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA (CNI) SOBRE O CORTE DE 0,25% NA TAXA SELIC DEFINIDA PELO COPOM. COM A MEDIDA, A TAXA BÁSICA DE JUROS FICOU EM 10,25% AO AN.

Sexta-feira, 26 abril de 2024

Ano 58 | Edição nº 3029

EM BUSCA DA RECONSTRUÇÃO

Maior cheia da história deixa grandes impactos e desafios para reerguer Estrela

Acheia que assolou o Vale do Taquari deixou duras marcas em Estrela. Com mais de 34 metros, a cidade enfrentou adversidades nos mais diversos aspectos, desde a retirada de pessoas em situação de risco nas residências até as complicações no atendimento em saúde. Foram centenas de resgates durante o pico da enchente. A falta de água, a oscilação no fornecimento de energia elétrica e na comunicação há mais de uma semana são rastros ainda vivenciados pela população. Maior inundação já registrada, a força da água destruiu milhares de residências e deixou cerca de 9 mil pessoas desalojadas e quase mil em abrigos disponibilizados pela prefeitura de Estrela. Na área urbana, bairro das Indústrias, Moinhos e Loteamento Marmitt são os bairros mais afetados. No interior, localidades como Arroio do Ouro e Linha Figueira contabilizam as casas que ainda possuem condições de abrigar uma família, afora os impactos no campo.

Empresas e comércios também são fortemente impactados. Diante da situação, a população avalia o retorno para as casas. Surge o desafio de reconstruir a cidade e abrigar a comunidade atingida.

O atendimento em saúde passa por reestruturação, com consultas na Unidade Básica de Saúde (UBS) Central, UBS Boa União, postos da Auxiliadora, Imigrantes e Indústrias, bem como os atendimentos nos abrigos, Hospital Estrela e Hospital de Campanha no Sesi. Um centro de distribuição de alimentos foi organizado junto à transportadora Nimec. Doações feitas em grandes quantidades são organizadas no local. Além de abastecer Estrela, os itens também são disponibilizados a outros municípios atingidos.

A fase de reconstrução começa pelo retorno das aulas na próxima segunda-feira, 13. Com diversas escolas atingidas, entre elas a Emef Leo Joas, a Secretaria de Educação trabalha na reorganização da rede escolar em 13 espaços. “As crianças das escolas atingidas serão atendidas em outras turmas”, comenta a secretária Elisângela Mendes.

Fomos contemplados com recursos para construção de escolas fora de áreas alagadiças.”

A pasta busca junto ao governo federal a autorização para construção de escolas modulares. A secretária explica que são espaços viabilizados em períodos de 120 dias. “Fomos contemplados com recursos para construção de escolas fora de áreas alagadiças. Pedimos aval para construção das escolas modulares porque precisamos de respostas rápidas”, explica. A tentativa é para aplicação nos mesmos espaços aprovados anteriormente, na Nova Morada, Boa União e Auxiliadora. O governo municipal também planeja espaço para instalação de empresas. Segundo o vice-prefeito João Schäfer, o município pretende reformar prédio da antiga Polar e oferecer espaços para instalação de empreendimentos. Cerca de 4 mil metros quadrados não foram atingidos pela enchente e podem receber diferentes segmentos da economia, cujas sedes foram atingidas pela água.

Missão de salvar

Ismael Diel ficou com minha a esposa e duas crianças, uma de cinco e outra de dois anos. Ele relata que a mulher não queria sair da casa. “Argumentei que se precisasse escolher alguém, como iria fazer isso? Por segurança a gente saiu. Ao anoitecer acabou vindo os destroços tudo, levei mãe e pai na casa do vizinho, uma de dois pisos, irmã e tio na casa do vô, todas casas altas.”

“No outro dia tive que fazer uma volta tremenda e só no caminho peguei meu irmão e mais um ami-

Pensei que o rio podia levar minha casa desde que deixasse todo mundo vivo. Todos caram vivo, estão bem e vamos car bem.”

go e viemos. Vimos cabos de luz e postes caindo, levamos muitos sustos. A gente chegou nas casas, tiramos umas três famílias. O ultimo resgate conseguimos fazer pois caiu o galpão da casa e assim conseguimos chegar. O casal teve que sair do telhado, pegaram escada, desceram até o barco, o outro desceu e segurou a mulher não conseguia descer das ripas. O mais triste era deixar para trás pessoas que o barco não chegaria. Pensei que o rio podia levar minha casa desde que deixasse todo mundo vivo. Todos ficaram vivo, estão bem e vamos ficar bem.”

KARINE PINHEIRO
51 3712.1250
98650.5460 Avulso:
FAÇA SUA ASSINATURA Fundado em 13 de Janeiro de 1966
Estrela • Teutônia
Bom Retiro do Sul
Fazenda Vilanova Colinas
• Imigrante
51
R$ 5,90
ELISÂNGELA MENDES SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DE ESTRELA
ISMAEL DIEL MORADOR DE ESTRELA

Por conta das cheias, moradores deixam propriedade da família

Área na Pedreira pertencia aos pais de Regina Dornelles há mais de 70 anos

Regina pretende transformar residência em casa de campo, com pouco mobiliário

Em Bom Retiro do Sul, moradores das comunidades do interior atingidos pela enchente estão deixando as casas para residir em pontos não alagáveis. É o caso de Regina Dornelles, 72, de Pedreira.

Ela testemunhou não apenas a tragédia atual, mas também as mudanças no ambiente ao longo dos anos. “Eu me criei aqui.” Ela via o pai cuidando da natureza, da terra, e guiando-se pelos elementos da natureza.

Dias da enchente de setembro, Regina havia pressentido o desastre iminente. “Já estava notando que alguma coisa ia vir”, conta, baseando-se em na observação dos padrões naturais. Sua previsão não falhou. Quando

as águas subiram, ela e sua família tiveram que agir rapidamente para proteger o que podiam. Agora, a reação foi diferente. “Desta vez, nós colocamos tudo no segundo piso da casa, mas não foi o suficiente, perdemos tudo. Deixei a casa e me protegi antes da água subir.” descreve. Residindo em casa de familiares, Regina e seu marido encontraram uma residência para alugar no centro de Bom Retiro do Sul. “Enchente não me pega mais aqui” Apesar da perda, comenta que transformará o espaço em uma casa no campo para passear aos fins de semana. “Vou deixar aqui a casa com umas coisinhas, de vez em quando a gente vem pra passar um fim de semana ou durante a semana, quando der saudade”.

Vou deixar aqui a casa com umas coisinhas, de vez em quando a gente vem pra passar um m de semana.”

2 | Nova Geração Sexta-feira, 10 maio 2024 BOM RETIRO DO SUL
REGINA DORNELLES MORADORA DE BOM RETIRO DO SUL
EZEQUIEL NEITZKE

Empresário projeta reabertura da loja na próxima semana

Situada no bairro

Oriental, Estrela Pneus foi atingida pela terceira vez em menos de um ano

Nova Geração | 3 Sexta-feira, 10 maio 2024 ECONOMIA
KARINE PINHEIRO

ESTRELA

Prejuízo na área rural supera R$ 150 milhões

Em relatório parcial divulgado pela Secretaria de Agricultura de Estrela e técnicos da Emater, estima-se que cerca de 150 residências tenham sido devastadas pela enchente nas comunidades de Arroio do Ouro e Linha Figueira, em Estrela. Centenas de famílias estão abrigadas na casa de amigos e familiares. Além disso, aproximadamente 500 vacas, 300 bois de corte e 100 suínos foram mortos, e dezenas de veículos pertencentes aos moradores foram perdidos. Calcula-se que os danos aos maquinários agrícolas ultrapassem os R$ 20 milhões somente nessas duas localidades, totalizando prejuízos que superam os R$ 150 milhões. Esses números foram comunicados pelo prefeito de Estrela, Elmar Schneider, em entrevista à Rádio A Hora. O gestor manisfestou a preocupação em relação à infraestrutura viária, com destaque para a necessidade de alternativas de travessia entre Estrela e Lajeado. Ele lembra do incidente passado envolvendo uma balsa

que colidiu com a ponte que liga os dois municípios. “Foi um milagre não ter derrubado”, disse.

Abastecimento de água

Schneider expressou a insatisfação com o fornecimento de água no município, sugerindo que a Corsan talvez não tenha compreendido a extensão da tragédia que assolou a região, especialmente nos municípios mais afetados.

A demora na chegada dos geradores impactou as comunidades, resultando em oito dias de escassez de água em grande parte de Estrela. Ele destacou que, 65% das ruas urbanas ficaram submersas durante a enchente, e a limpeza dessas áreas dependem crucialmente do acesso à água. “A Corsan não acreditou no tamanho da tragédia no Vale do Taquari. Eles poderiam ter antecipado a vinda dos geradores, para que as tubulações fossem limpas assim que tivesse baixado a água.

4 | Nova Geração Sexta-feira, 10 maio 2024
Entre as localidades rurais mais atingidas estão Arroio do Ouro e Linha Figueira

RETRATOS DA TRAGÉDIA

As cheias que assolaram o Vale do Taquari na última semana deixaram rastros de destruição. Em Estrela, nos bairros mais afetados, mais de 8 mil pessoas ficaram desalojadas. O município ainda registra o desaparecimento de duas pessoas. Nas cidades do entorno, a destruição também é percebida e a comunidade trabalha para reerguer cada comunidade

IMIGRANTE

Nova Geração | 5 Sexta-feira, 10 maio 2024

BOM RETIRO DO SUL

6 | Nova Geração Sexta-feira, 10 maio 2024

ESTRELA

Nova Geração | 7 Sexta-feira, 10 maio 2024

COLINAS

TEUTÔNIA

8 | Nova Geração Sexta-feira, 10 maio 2024

Sexta-feira, 10 maio 2024

Fechamento da edição: 19h

MÍN: 17º | MÁX: 22º Sol com muitas nuvens durante o dia. Períodos de nublado, com chuva e noite chuvosa.
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