Comunicare 310

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Jornalismo da PUCPR é tetra!

Se locomover é preciso

Universidade é a grande vencedora do Pessoas com limitações físicas sofrem prêmio Sangue Novo com a locomoção em Curitiba Página 04 Página 05

Lugar de mulher também é na política

Participação feminina na área ainda é pequena Página 11

Curitiba, 15 de Maio de 2018 - Ano 21 - Número 310 - Curso de Jornalismo da PUCPR

O jornalismo da PUCPR no papel da notícia

Tiros contra a democracia

Shots against democracy

Acampamento pró-Lula é vítima de atentado em Curitiba Pro-Lula camp is victim of attack in Curitiba Páginas 6 e 7


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Curitiba, 15 de Maio de 2018

Expediente

Crônica

Os dois lados da moeda Isabela Lemos Thiliane Leitoles 3º período

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ois cenários contrastantes. Um deles equivale a ¼ da população que sobrevive na linha da pobreza com menos da metade de um salário mínimo. O outro é representado por parte da classe privilegiada, a mesma que possui rendimentos familiares percaptos acima de 10 salários mínimos por mês. E esse é um fato que faz parte da vida de apenas 2,2% da sociedade brasileira. Presenciar tal divergência social não é tão difícil, basta apenas abrir os olhos. Ao caminhar pela Rua Aquelino Orestes Baglioli, no Prado Velho, a qual está ligada a uma das saídas da PUCPR, encontramos um campo de futebol de areia que reúne crianças de uma escola municipal curitibana logo após o término de suas aulas. Esse momento de descontração deixa clara a diversidade

Comunitiras

social entre alunos de uma escola da comunidade e uma escola privada de classe alta, que fica em frente ao local. O ar de diversão é tomado por uma nuvem cinzenta de desprezo vinda dos pais que buscam os filhos com carros de luxo e não permitem a convivência de seus pequenos com realidades diferentes. Tomando um ônibus no final dessa mesma rua, percebemos a contraposição de realidades quando parte dos assentos do coletivo é ocupada pela população de estudantes de uma universidade particular e a outra por moradores de uma vila da capital, conhecida pelo modo precário de vida de seus habitantes. Vidas controversas, que se encontram em momentos cotidianos, passam por nossos olhos sem serem percebidas de fato. E o que mais choca é a falta de empatia por um alguém tão próximo.

Edição 310 - 2018 O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR Não nos preocupamos com o que não faz parte de nossas vidas e, muitas vezes, nem respeitamos a condição em que o próximo se encontra. Fazendo comentários infelizes ou piadas quando alguém entra pela porta de trás do ônibus pelo simples fato de não ter dinheiro para pagar uma passagem, reforçamos o preconceito que insiste em segregar nossa sociedade. Isso também é visível no momento em que uma garota passa pelo campo de futebol de areia de mãos dadas com sua mãe. O olhar de curiosidade da menina expressa sua vontade de conhecer o outro lado da vida, de conviver com a diferença, não se importando com ela. Essa vontade é impedida pelo medo de uma mãe, a qual não quer permitir a relação de sua filha com uma realidade desconhecida.

jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR

REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO Suyanne Tolentino de Souza

COORDENADORES DE REDAÇÃO /JORNALISTAS RESPONSÁVEIS Miguel Manasses (DRT-PR 5855) Renan Colombo (DRT-PR 5818) MONITORIA Caroline Deina

COORDENADORA EDITORIAL

FOTO DA CAPA

Suyanne Tolentino de Souza

Paula Araújo

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO

CHARGE Isabella Beatriz Fernandes

Rafael Andrade

EDITORES

PAUTEIROS

Anelise Wickert

Bernardo Nadaleti

3º Período

3º Período

João Matheus D’Ambros

Evelyn Rodrigues

3º Período

3º Período

Matheus Zilio

Thais Porsch

3º Período

3º Período

Carolina de Andrade

Flávia Mota

3º Período

3º Período

Henrique Zanforlin

Isabela Lemos

3º Período

3º Período

Natalie Bollis

Gabriela Savaris

3º Período

3º Período


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Curitiba, 15 de Maio de 2018

Literária

Uber em Quatro Viagens Caronas em dó menor Isabella Fernandes 7º período

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afael vem de Ônix Preto. Um carro que a revista Quatro Rodas chama de melhor em nada, bom em tudo. Seria um prelúdio? É um Homem de Poucas Palavras. Cabelo escuro, olhos escuros. Ele checa a previsão do tempo todos os dias: “Não tem previsão pra chuva hoje”. Começou no Uber faz dois meses: “Desde o começo do ano”. Gosta? “Mais ou menos”. A única hora em que conversa é quando um novo passageiro é anunciado por um bablim! no telefone, para logo depois ser cancelado. “O mesmo cara de novo. Ué. Deve ter trocado o endereço”. A falta de palavras não é necessariamente má. Seus passageiros vão na mesma direção. Em seu perfil, se lê apenas um agradecimento: “10”. Já Claudinei vem de Gol. Carro confiável. Popular, mas com história e personalidade. Claudinei tem mais papo. O nariz de curva íngrime e olhos claros presos na estrada. Já pergunta como está, se ‘tava estudando e diz que é importante estudar mesmo que seja difícil. “Vai tudo valer a pena no final”. Em 15 minutos, dá pra saber que tem amiga jornalista, adora dirigir, trabalha de corretor de imóveis durante o dia. Pra ele, o Uber melhora seu senso de localização para seu trabalho diurno. Nos sábados, ele roda até 1 da manhã, após trabalhar o dia todo. “Depois desse horário, só bêbado, aí eu não gosto”, resmunga meio constran-

Isabella Fernandes

gido, como se estivesse se desculpando por não ficar até mais tarde. “Isso é algo de emergência. Você precisa de um dinheirinho extra, então faz. Mas não é o que eu quero”. Seu Arli chega no seu Ford Ka - compacto e querido pelos seus proprietários - vestido como se fosse à praia, de camiseta branca e bermuda, ar condicionado ligado no último. Encurvado. Praticamente um escorregador de playground, o nariz é de alemão - língua que fala, inclusive. É o senhorzinho que você esperaria encontrar sentado nos bancos da rua XV. Seu celular está preso em uma reentrância no display do carro que obviamente não serve para isso, mas faz bem a função. Ele já faz uber há 1 ano e meio e já fez mais de 7 mil viagens. Enche a boca para falar: “Já levei legista no IML, que agora mudou de endereço. Já levei médico para consulta, estrangeiros...”. Quem ouve falar, acha que o senhor era o próprio engenheiro mecatrônico! Ensina a reeniciar o aplicativo “porque às vezes dá problema mesmo...” - a colocar o endereço sempre com número primeiro - “porque o sistema é estrangeiro, pode testar!” - e a sempre atender o telefone quando ligam - “não dá! Não respondem e não atendem, a gente fica como?!”. O Thiago, do Sandero prata, mora na Padre Germano Meyer e só sobe algumas quadras até a Marechal Deodoro para iniciar a corrida. Ele pergunta qual a melhor rota,

As viagens e desviagens da nova modalidade dos transportes porque não quer ficar na rua se chover. Ele viu os carros boiando durante as enchentes das chuvas da semana anterior ali no bairro. De barba, camiseta e um sorriso tão comum que parece familiar, ele guia pelas ruas de Curitiba tranquilamente. De relógio prateado no braço peludo apoiado ao lado da janela fechada, parece até taxista. No intervalo do noticiário esportivo, um incômodo: “Rádio hoje em dia só tem propaganda”. Ironicamente, o rádio repete a mesma propaganda depois de dois minutos. Quando muda para a música, Thiago dá petelecos no próprio dedo no ritmo da canção, feliz que a propaganda acabou.

Thiago é Uber há 8 meses. Não é formado, mas já passou por administração e logística. Esse ano vai fazer concurso, mas por enquanto vive com o aplicativo. Ele tem um filho de 7 anos, que sempre estudou a tarde e agora está difícil de mudar para a manhã, especialmente na segunda. Como é segunda, talvez seja com ele que Thiago fica falando pelo celular entre as pernas, que ele pega quando o carro para. Quase no destino final, passam dois táxis. Sinal que os negócios não vão tão mal para o lado menos moderno da peleja contemporânea. Por outro lado, é difícil saber quantos ao redor são Uber. Thiago é um de muitos que não usa o adesivo no para-brisa.


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Cidades

PUCPR é destaque no 22º Sangue Novo A universidade é pela quarta vez seguida campeã geral do maior prêmio do jornalismo estudantil paranaense Carolina de Andrade Flávia Mota Stefany Mello 3º período

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m mais uma noite de festa para estudantes e professores de Jornalismo de todo o Estado, na quinta-feira, dia 03 de maio, ocorreu a 22ª edição do Prêmio Sangue Novo e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) sagrou-se tetra campeã geral da premiação. Criado em 1995 pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), o Sangue Novo atua como forma de incentivar, premiar e valorizar as produções acadêmicas de estudantes de jornalismo de todo o Paraná. Neste ano, o prêmio aconteceu na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP Sindicato), no Rebouças, em Curitiba. O evento foi aberto ao público e recebeu no total 626 inscrições de 17 instituições, superando a marca de 2017, segundo dados fornecidos no site do Sindijor. A PUCPR teve 16 finalistas em 13 categorias, conquistando nove primeiros lugares, três segundos e quatro terceiros.

Na categoria webdocumentário, os três finalistas foram trabalhos realizados por estudantes da PUCPR: Divisor de águas: um webdocumentário sobre saneamento básico em Curitiba; Somos: um webdocumentário sobre identidade de gênero; e Mulheres paratletas e a representação na mídia local. Segundo o presidente do Sindijor, Gustavo Henrique Vidal, o Sangue Novo é a única premiação de estudantes de Jornalismo no Brasil, sendo importante para o cenário nacional da profissão. “Nossa função enquanto sindicato é formar estudantes comprometidos com nosso código de ética, sendo fundamental manter o estudante empolgado. Para nós o prêmio é isto. Temos tentado trabalhar pela valorização”. Além disso, Vidal comenta que no Brasil os direitos dos jornalistas estão comprometidos, e que o Sindijor, através de iniciativas como o Sangue Novo, procura se esforçar

para manter o mercado “justo para os estudantes que vão ingressar nele”. Para a coordenadora do curso de Jornalismo da PUCPR, Suyanne Tolentino de Souza, o prêmio é importante na fase universitária dos alunos, pois este “é o primeiro que eles podem concorrer, e funciona como um incentivo para que se produza mais e melhores materiais. É uma competição saudável”. O professor Paulo Camargo, do curso de Jornalismo da PUCPR, enfatizou a qualidade dos trabalhos. “O evento é uma grande festa celebratória do ensino de jornalismo no estado do Paraná, que reúne as excelências e o que melhor foi de produzido nos cursos”. Um dos trabalhos premiados com a primeira colocação foi o das alunas Natália Filippin e Thaise Carolina Borges, com a reportagem escrita digital As infâncias perdidas e o desafio do combate à pedofilia. “Estamos sentindo muita Angélica Klisievicz Lubas

gratidão e muito amor pela matéria, pela universidade e pelo professor que ajudou a gente. Foi muito bom mesmo, uma honra ser reconhecida por um trabalho que nos dedicamos bastante”. Outro estudante que também conquistou um dos primeiros lugares no evento foi Gabriel Rocha Loures da Silva Dittert, com o trabalho fotográfico intitulado Felipe Rutkoski e a androginia. “Eu fiquei assustado porque eu não esperava, mas foi muito bom e incrível. Valeu a pena o esforço”, comentou o aluno. O evento contou com a presença de estudantes oriundos de faculdades espalhadas por diversas cidades do Estado, entre elas: Cascavel, Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina, Pato Branco e Ponta Grossa. Segundo a diretora de formação do Sindijor, Silva Valim, “todas essas pessoas participam e fazem questão de estarem presentes, compartilhando este prêmio e conhecendo pessoas novas. Uma forma de espalhar por todo o Estado o que os futuros jornalistas estão fazendo”. Os prêmios foram troféus entregues pelos próprios jurados, além disso, o evento contou com sorteio de brindes e uma mesa de comidas e bebidas para os professores, estudantes, jornalistas e demais convidados presentes.

Estudantes da PUCPR marcaram presença no prêmio Sangue Novo 2018

Para conferir o vídeo completo do evento, galeria de fotos e todas as colocações do 22º Prêmio Sangue Novo acesse o portal Comunicare através do site: www.portalcomunicare. com.br


Curitiba, 15 de Maio de 2018

Acessibilidade em Curitiba ainda é um problema Pessoas com limitações físicas sofrem ao se locomoverem pela cidade Fernanda Xavier 3º período

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a edição de 2017 do Prêmio Internacional de Transporte Sustentável, que é promovido pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), a capital paranaense recebeu uma menção honrosa devido às suas atividades inovadoras no transporte público, destacando-se sua atenção às necessidades das pessoas com alguma limitação física. Segundo o site da empresa de economia mista que controla o transporte público de Curitiba, a URBS, 93% da sua frota total de ônibus é habilitada para transportar pessoas com alguma limitação física. Porém, ainda há muitas críticas por parte dos usuários a respeito da locomoção acessível pela cidade. Um exemplo é o estudante e cadeirante Igor Ceccato, que diz não fazer uso

frequente de transportes públicos, mas quando faz não recebe assistência: “são poucos os ônibus que têm assento para a cadeira, e quando têm os motoristas não sabem manusear”. Ceccato cita fatores que poderiam contribuir para uma melhor acessibilidade: “acho que poderia melhorar a questão das guias rebaixadas, ter mais acessos no ônibus juntamente com motoristas preparados para lidar com essa situação, e melhorar a questão das calçadas. Eu tenho cadeira motorizada, isso facilita a minha locomoção, porém, se eu sair com a cadeira normal, a cadeira fica tremendo ou até mesmo enrosca a roda”. O professor de braile e deficiente visual Leomir Barbosa Bill afirma que a cidade melhorou em relação à infraestrutura, porém

ainda há problemas. “Muitas calçadas são danificadas, além de que os ônibus muitas vezes não param com exatidão para fazer a parada. Já caí muitas vezes por conta disso”. Para ele as calçadas táteis, implantadas para alertar os deficientes visuais na hora da locomoção por meio de relevos, são desnecessárias: “a calçada tátil reduz meu espaço, me limita. Eu quero que tirem os buracos, e que as calçadas sejam mais largas, assim eu posso andar como os outros”. Sob o ponto de vista do planejamento da cidade em relação à acessibilidade e transporte público, o conselheiro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR) Milton Gonçalves, afirma que Curitiba está no caminho para ter mais acessibilidade, porém o trabalho ainda é longo. Matheus Zilio

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Cidades

Sobre a irregularidade e a falta de acessibilidade nas calçadas, como pisos táteis, o urbanista argumenta ser um problema de grande discussão: “alguns dizem ser responsabilidade da Prefeitura, e outros que a responsabilidade é do morador da rua. Assim muitas calçadas ficam inacabadas e sem acessibilidade porque alguns cidadãos fazem a revitalização, e outros jogam para o lado da Prefeitura”. Em relação ao transporte público, o urbanista aponta o problema de que nem todas as linhas possuem o serviço especial: “não adianta nada oferecer o serviço de acessibilidade, se o cidadão vai descer em um ponto para pegar outra linha que não proporciona a mesma prestabilidade”. Em resposta às críticas quanto ao problema de acessibilidade em parte da frota de ônibus de Curitiba, o diretor de transporte da URBS, Aldemar Martins, diz que mesmo a cidade tendo um dos maiores índices de acessibilidade em transporte público entre as capitais brasileiras, ainda há o que mudar: “temos como meta completar os 7% da frota de ônibus que falta’’. Por isso, segundo Martins, é necessário haver uma renovação constante da frota de ônibus para que todos os critérios de acessibilidade previstos em leis sejam atendidos, e cita como exemplo o fato de os 25 novos biarticulados possuírem dois lugares reservados para cadeirantes, invés de um.

A estação-tubo Gastão Câmara, no Bigorrilho, não possui acessibilidade para cadeirantes


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Cidades

Acampamento pró-Lula sofre atentado Homem não identificado atirou contra os manifestantes e feriu uma pessoa Paula Araújo 3º período

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a madrugada do dia 28 de abril, mesmo com todo o policiamento que havia na região, um indivíduo ainda não identificado efetuou disparos de arma de fogo contra manifestantes pró-Lula que estão acampados nas proximidades da sede da Polícia Federal, no Santa Cândida, em Curitiba, onde o ex-presidente Lula está cumprindo pena de 12 anos e um mês, pela condenação no caso do tríplex do Guarujá, no litoral de São Paulo. No atentado, que foi registrado por câmeras de segurança instaladas nas proximidades, Jefferson Lima de Menezes foi baleado de raspão e encaminhado em seguida ao Hospital do Trabalhador. Uma mulher ficou levemente ferida após ser atingida por estilhaços de um banheiro químico. Após o atentado, a união entre os manifestantes que estão no acampamento cresceu, é o que afirma Simone Ferreira. “A gente tem medo, mas entre nós o sentimento é de pura união”. Para a manifestante, os policiais estão mais

empenhados em manter a paz e a segurança das pessoas que estão acampadas no local e dos moradores da região. De acordo a cientista política Ane Elise Brandalise Gonçalves, a intolerância e o desrespeito estão potencializados na sociedade. “Não vivemos mais em um mundo no qual os meus direitos acabam quando o direito do outro começa. Os manifestantes estão no direito de expressarem suas vontades, assim como o suspeito dos tiros está no direito de manifestar seu desagrado. Porém, a situação muda quando alguma dessas partes fere os preceitos da Constituição, como aconteceu na madrugada do dia 28 de abril”. Em nota oficial, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP/PR) informou que, após investigações mais detalhadas de câmeras de segurança, o delegado titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Curitiba, Fábio Amaro, averiguou que o suspeito chegou em um carro preto modelo

Manifestantes se aglomeram em barracas no novo acampamento

sedan e caminhou até o acampamento, efetuou os disparos e depois fugiu. A DHPP pede que quem tiver informações sobre o caso entre em contato pelo telefone 0800-643-1121. A ligação é gratuita e anônima. Ainda por meio de nota, a SESP/PR informa que todas as forças de segurança do Estado estão trabalhando em conjunto para identificar e prender o suspeito.

A ocupação No sábado, dia 07 de abril, Luiz Inácio Lula da Silva começou a cumprir a pena, estipulada pelo juiz Sérgio Moro. O ex-presidente foi recebido na capital paranaense com grande comoção por parte de seus simpatizantes, que permaneceram acampados em frente à Superintendência da Polícia Federal (PF), no Santa Cândida, em Curitiba, local onde ele está cumprindo a pena. Paula Araújo

Os manifestantes pró-Lula acamparam nas ruas e calçadas cercadas pelos policiais. Entre crianças e adultos, o entorno da PF foi tomado por apoiadores do ex-presidente vindos de várias regiões do país. O manifestante Tarcisio de Andrade está acampado desde a chegada de Lula e elogia a organização e limpeza do local. Andrade está no último ano do curso de Direito pelo ProUni e agradece ao ex-presidente pela oportunidade, afirmando que está ali não só pelo sentimento de gratidão, mas sim porque não há provas contra o ex-presidente: “sempre que falam desse processo, nós lançamos o desafio de apresentarem provas contra o Lula, e ninguém se manifesta”. Assim como o estudante, outros manifestantes se emocionam ao falar do acampamento, relatando o sentimento de solidariedade e respeito entre eles e os policiais. O agricultor Delfino José Becker faz parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde 1986 e agradece ao PT por dar liberdade democrática ao povo, já que, de acordo com o manifestante, antes do governo Lula a democracia era falha. Becker organiza uma das seis cozinhas presentes no acampamento, e se orgulha ao falar que ele e sua família produziram boa parte dos alimentos que são distribuídos para mais de 200 pessoas. “A solidariedade é muito grande aqui em Curitiba. As famílias doaram cobertores, comidas e abriram suas casas para nós”, declara o agricultor.


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Cidades Ao ser perguntado sobre o que sente sobre o ex-presidente, Becker se emociona ao lembrar de problemas que passou com o MST e, com ajuda do PT, conquistou o espaço para construir sua casa. O manifestante afirma que, no momento, Lula é a pessoa mais preparada para governar o país e ainda agradece a forma como estão sendo tratados: “é importante a barreira da polícia, a gente não veio aqui para criar conflito com quem pensa diferente. É mais do que o Lula, é a democracia que está em risco, as diferenças devem ser superadas em prol de uma sociedade melhor”.

Embate nas ruas Gelson Lima Bandeira dos Santos é funcionário público e atualmente trabalha no Mercado Municipal de Curitiba, e mora no entorno da PF. O morador abriu sua casa para que os manifestantes pudessem usar o banheiro, carregar seus telefones celulares e tomar banhos quentes. “Meus vizinhos negaram a entrada dos manifestantes em suas casas, e eu já passei por uma situação parecida quando trabalhava na rua, então resolvi ajudar”, declara Santos. O funcionário ainda diz que é uma injustiça o que estão fazendo com o ex-presidente e espera que ele saia logo da cadeia. Entre os moradores da região insatisfeitos com a presença dos manifestantes pró-Lula, está o guarda municipal Arnaldo José Serra, que mora no entorno da PF, sendo afetado diretamente pelo acampamento. O morador diz que sente insegurança e medo que aconteça ações hostis por parte dos manifestantes. Outro fator de incômodo é a dificuldade para entrar na rua de sua casa, onde Serra precisa apresentar um comprovante de residência e identificação para os policiais que cercam a área. “No pri-

Paula Araújo

meiro dia houve confusão por parte dos manifestantes e das autoridades, mas mesmo sem novos incidentes a sensação de desconforto permanece”.

Mudança de local No sábado, dia 14 de abril, o juiz substituto da 3ª Vara da Fazenda Pública, Jailton Juan Carlos Tontini, assinou uma decisão fixando uma multa diária no valor de R$ 500 mil aos manifestantes. Perguntas como “Quem paga essa multa?” e “Como vai ser cobrada?” foram as maiores preocupações entre manifestantes. Em acordo firmado na segunda-feira, dia 16 de abril, entre a SESP/PR e os representantes sindicais da manifestação, foi determinada a retirada das barracas até às 18h de terça-feira, dia 17 de abril. Os manifestantes permaneceram com apenas quatro barracas no antigo local, as outras foram realocadas para um terreno particular ainda no Santa Cândida, podendo permanecer lá por 30 dias, como está previsto no contrato firmado pelos chefes dos sindicatos. Uma manifestante do MST conhecida no acampamento como “Branca” conta que desde o momento da chegada do ex-presidente, a ideia inicial não era ocupar as calçadas e ruas, mas sim alugar um terreno. Mesmo com o espaço mais restrito, Branca diz que seus companheiros não se desmotivaram e continuam apoiando Lula, respeitando os acordos impostos pelas autoridades. Em nota oficial, o núcleo de comunicação da SESP/PR informou que os manifestantes foram realocados por conta de uma decisão judicial obtida pela Prefeitura de Curitiba, tal decisão impede o acampamento em locais públicos da cidade. A Prefeitura, em uma reunião com represen-

Dilma counted on the support of Gleisi Hoffmann and Lidberg Faruas while giving a speech tantes da SESP/PR, Ministério Público do Paraná (MP-PR), PF, PT, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do MST, cedeu o Parque do Atuba para que fosse montado o acampamento. No entanto, os manifestantes preferiram utilizar um terreno privado, como foi apontado por Branca. De acordo com moradores da área, os manifestantes permaneceram apenas dois dias no local, voltando em seguida para o entorno da PF.

Visitando o companheiro O senador da República pelo PT, Luiz Lindbergh Farias Filho, compareceu ao acampamento no dia 16 de abril para conversar com os manifestantes, incentivando a luta deles e do próprio ex-presidente. “Vamos mostrar ao Lula como ele é grande, como ele é querido pelo povo!”, disse o senador. Para o petista, o acampamento está dando forças para muitas pessoas no país inteiro, e que a prisão de Lula é uma perseguição política. Lindbergh Farias levou os manifestantes à loucura, ao falar da grandeza do ex-presidente: “se achavam que iriam acabar com o Lula, quebraram a cara. Transformaram ele em um mito!”. Ao ser questionado sobre as condições em que os manifestantes se encontram, o senador parte logo para a

defesa de seus seguidores: “aqui você encontra o espírito de organização, solidariedade e principalmente de disciplina. A mídia espalha que nossos manifestantes fazem suas necessidades na rua, isso é mentira!”. Lindbergh Farias ainda convida as pessoas a conhecer o acampamento e assim, tirarem suas próprias conclusões. Na segunda-feira, dia 23 de abril, os manifestantes se reuniram novamente no antigo local do acampamento para receber a ex-presidente Dilma Rouseff. A petista veio a Curitiba, juntamente com a senadora Gleisi Hoffmann (PT) e o senador Roberto Requião (MDB), na tentativa de visitar Lula, porém teve seu pedido negado pela juíza Carolina Lebbos. Em entrevista coletiva feita no acampamento, Dilma alegou que as condições nas quais Lula se encontra são precárias, mostrando sua indignação por não ter conseguido visitar o companheiro petista. Enquanto ela se despedia dos manifestantes, o senador Lindberg Farias puxava gritos de incentivo: “Dilma guerreira da pátria brasileira!”. Dilma terminou seu discurso mandando palavras de apoio e usando apelidos carinhosos para se referir ao Lula: “Boa noite, presidente Lula” e “Lulinha, eu te amo!” foram o bastante para levar seus seguidores à loucura.

Análise dos eventos Para a professora de Ciência Política da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Ane Elise Brandalise Gonçalves, o lado ruim da prisão de Lula é que as pessoas começam a achar que só a punição via cárcere é válida e também evidencia a crise política, aumentando a descrença da população com as instituições legislativas. Sob o prisma ideológico do cenário atual, Ane Elise afirma que será um desafio para a esquerda reconstruir-se, repensando o que não foi proveitoso para a sociedade. Enquanto isso, a direita está se remodelando e tentando criar um consenso entre si e a população. “A Lava Jato e a prisão de Lula são capazes de demonstrar que se há crise, devemos encontrar, e logo, soluções viáveis e passíveis de discussão em toda a sociedade brasileira”. Por sua vez, o sociólogo Lindomar Wessler Boneti explica que a mobilização das pessoas para defender um político se justifica pelo sentimento de identificação. “O se sentir representado tem vários significados, como por exemplo representação da classe social”. Para Boneti, o grande problema do brasileiro é justamente o descrédito em relação à política e pede que as pessoas sejam ativas no cenário atual.


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Cities

Pro-Lula camp suffers attack An unidentified man shoot against the protestors and one person got hurt Paula Araújo 3nd period Translated by Vitória Gabardo 7th period

I

n the early hours of April 28, even with all the policing in the area, an individual still unidentified fired shots from a firearm against pro-Lula protestors that are camped near the Federal Police headquarters, in Santa Cândida, Curitiba, where ex-president Lula is serving 12 years and one month for the conviction on the Guarujá triplex case, on the seaside of São Paulo. On the attack, which was caught by security cameras installed in the proximities, Jefferson Lima de Menezes was grazed by a bullet and sent to the Workers Hospital. A woman was mildly wounded after being hit by shards of a chemical toilet. After the attack, the bond between the protestors that are at the camp grew stronger, according to Simone Ferreira. “We are afraid, but between us the feeling is of pure union”. To the protestor, the police force is more committed to keep the peace and the

safety amongst the people at the campsite and those who live in the neighborhood. According to political scientist Ane Elise Brandalise Gonçalves, the intolerance and disrespect are exacerbated in the society. “We no longer live in a world in which my rights end when someone else’s starts. The protestors have the right to express their wishes, just as the suspect who fired the shots has a right to manifest displeasure. However, the situation changes when either one hurts the precepts of the Constitution, like it happened in the early hours of April 28”. In an official remark, the Department of Public Safety of Paraná (SES/PR), informed that after more detailed investigations of the security cameras, the head police chief of the Homicide and People Protection Division (DHPP) of Curitiba, Fábio Amaro, ascertained that the suspect arrived in a black sedan and walked to the campsite, fired the shots and ran away.

The DHPP asks that anyone who has information about the case to get in touch through the phone number 0800-643-1121. The call is free and anonymous. Still through the same official remark, the SESP/PR informs that all State security forces are working together to identify and arrest the suspect.

The occupation On Saturday, April 7, Luiz Inácio Lula da Silva started his sentence, stipulated by judge Sérgio Moro. The ex-president was received in the paranaense capital with huge commotion from his supporters that remained camped in front of the Superintendence of the Federal Police (PF), at Santa Cândida, in Curitiba, place where he is serving the sentence. The pro-Lula protestors camped on the streets and sidewalks surrounded by the police. Amongst children and adults, Paula Araújo

the surroundings of the PF were taken by supporters of the ex-president who came from all over the country. Protestor Tarcisio de Andrade is camped since the arrival of Lula, and he complements the organization and cleanliness of the area. Andrade is attending the last year of Law school through ProUni and credits the ex-president for the opportunity, stating that he is there not only for the feeling of gratitude, but also because there are no proofs against the ex-president: “every time they talk about this case, we present the challenge of presenting proof against Lula and nobody manifest themselves”. Just like the student, other protestors get emotional talking about the camp, describing the feeling of solidarity and respect amongst them and the police. The farmer Delfino José Becker is part of the Movement of Rural Workers Without Land (MST) since 1986 and thanks PT for giving democratic freedom to the people, since, according to him, before Lula’s government democracy was flawed. Becker runs one of the six kitchens operating at the camp, and he is proud to say that he and his family produced a good amount of the food that is distributed to more than 200 hundred people. “The solidarity here in Curitiba is huge. The families donated covers, food and opened their houses for us”, stated the farmer.

Protestors gathered in tents on the new campsite


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Cities When questioned about what he feels towards the ex-president, Becker gets emotional remembering the problems he went through with the MST, and with help from PT, achieved the space to build his house.

Serra needs to present a proof of address to the police that surround the area. “On the first day there was confusion from the protestors and the authorities, but even without new incidents the feeling of discomfort remains”.

The protestor says that right now Lula is the fittest person to run the country, and is grateful by the way they are being treated: “the police barrier is important, we didn’t come here to cause conflict with those who think different. It is more than Lula, it’s democracy that is at risk, and the differences should be put aside on behalf of a better society”.

Change of place

Conflict on the streets Gelson Lima Bandeira dos Santos is a civil servant that works at Curitiba’s City Market, and lives in the PF’s surroundings. The resident opened his house in order for the protestors to use the bathroom, charge their cellphones and take hot showers. “My neighbors denied the entrance to the protestors in their houses, and I have been in a similar situation when I worked on the streets, so I decided to help”, states Santos. The civil servant says that it is an injustice what it’s being done to the ex-president and hopes that he is set free soon from jail. Amongst those who live in the neighborhood unsatisfied with the presence of the pro-Lula protestors, is municipal guard Arnaldo José Serra, that lives in the PF’s surroundings, being affected directly by the camp. He states feeling unsafe and afraid that hostile actions by the protestors could happen. Another bothering factor is the difficulty to get into the street of his house, where

On Saturday, April 14, the substitute judge of the 3rd Court of Public Treasury, Jailton Juan Carlos Tontini, signed a decision setting a daily fine of R$ 500 hundred thousand to the protestors. Questions like “Who pays this fine?” and “How it will be charged?” were the biggest concern amongst the protestors. In a deal set on Monday, April 16, between the SESP/PR and the union representatives of the manifestation, it was determined the removal of the tents until 6pm of Tuesday, April 17. The protestors remained with only four tents on the previous place, and the other ones were relocated to a private land still at Santa Cândida, being able to stay there for 30 days, as regulated in the deal made by the union chiefs. A protestor of MST, known at the camp as “Branca”, tells that since the moment of arrival of the ex-president the initial idea was not to occupy the streets and sidewalks, but to rent a plot. Even with the space more restrict, Branca says that her partners were not demotivated and keep on supporting Lula, respecting the deals imposed by the authorities. In an official remark, the communication center of SESP/PR informed that the protestors were relocated due to a judicial decision obtained by the City Hall of Curitiba.

Paula Araújo

Dilma contava com o apoio de Gleisi Hoffmann e Lidberg Farias enquanto discursava The decision prevents the camp in public spaces of the city. The City Hall, in a meeting with representatives from SESP/PR, Paraná Government Agency for Law Enforcement (MP-RP), PF, PT, Sole Central of Workers (CUT) and MST, it was granted Atuaba Park for the assembling of the camp. However, the protestors preferred to use a private plot, as pointed before by Branca. According to the residents of the area, the protestors remained for only two days at the place, going back to the PF’s surroundings.

Visiting the partner The Federal senator for PT, Luiz Lindbergh Farias Filho, showed up at the camp on April 16 to talk with the protestors, encouraging their fight and the ex-president’s fight. “Let’s show Lula how big he is, how dear to the people he is!”, said the senator. To the petista (left wing), the camp is giving strength to many people in the country, and that Lula’s imprisonment is a political persecution. Lindbergh Farias caused frenzy between the protestors while talking about the greatness of the ex-president: “if they thought they would end Lula, they fall flat on their faces. They turned him into a myth!”.

When being questioned about the conditions in which the protestors are, the senator goes right to the defense of his followers: “here you find the spirit of organization, solidarity and most of all discipline. The media spreads that our protestors make their needs on the streets, which is a lie!”. Lindbergh Farias invited people to meet the camp and then take their own conclusions. On Monday, April 23, the protestors reunited once again on the old campsite to receive the ex-president Dilma Rouseff. The petista came to Curitiba, alongside senator Gleisi Hoffmann (PT) and senator Roberto Requião (MDB), attempting to visit Lula, but had their request denied by judge Carolina Lebbos. In a collective interview done at the camp, Dilma stated that the conditiond in which Lula is are precarious showing her outrage at not being able to visit her party (petista) partner. While she said goodbye to the protestors, senator Lindbergh Farias raised incentive shouts: “Dilma figter of the Brazilian homeland!”. Dilma finished her speech sending support words and using fond nicknames to address Lula: “Goodnight, President Lula” and “Lulinha, I love you!” were enough to take the supporters to a frenzy.

Analysis of the events To Political Science professor of the Catholic University of Paraná (PUCPR), Ane Elise Brandalise Gonçalves, the bad side of Lula’s arrest is that people start to think that only punishment through prison is valid and shows the political crisis as well, increasing the loss of faith from the populations in the legislative institutions. Looking at the ideological prism of the current scenery, Ane Elise states that it will be a challenge to the left to rebuild itself, rethinking what was not valuable to the society. In the meantime, the right is reshaping itself and trying to create common ground between itself and the population. “The Lava Jato and Lula’s prison are capable of showing that if there is crisis, we should find, and soon, viable solutions and amenable of discussion in all of the Brazilian society”. Sociologist Lindomar Wessler Boneti explains that the mobilization of people to defend a politician justifies itself through the feeling of identification. “The act of feeling represented has a few meanings, for example social class representation”. To Boneti, the big problem of Brazilian people is exactly the discredit towards politic and asks of people to be more active in the current scenery.


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Economia

Economia criativa fomenta novos negócios Previsão é que o segmento remunere mais que as demais atividades Yuri Bascopé 3º período

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Yuri Bascopé

economia criativa tem crescido exponencialmente no Brasil nos últimos anos. É o que informa um estudo feito pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), divulgado no fim de 2016. Ainda de acordo com essa pesquisa, em 2015 a indústria criativa gerou um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 155,6 bilhões. O conceito de economia criativa surgiu em 1994 na Austrália, quando o primeiro-ministro Paul Keating abordou em um documento políticas públicas para este tipo de economia. Em 2001, John Howkins foi o primeiro autor a explicar o conceito do mercado criativo no livro Creative Nation. Segundo os dados revelados pela Firjan, os criativos têm salário médio de R$ 6.270,00, mais de duas vezes e meia

Moda é uma das áreas de destaque na economia criativa quais 3,8 mil trabalham com seus potenciais de inovação. O estudo se baseou em dados do ano de 2014. As principais atividades ligadas à economia criativa são o mercado audiovisual, arte, área de design, moda e gastronomia de acordo com a economista Gina Paladino.

A artesã Tamyris Sentone Bortolotte abriu a sua microempresa há seis anos. O conhecimento da arte foi passado por sua avó ainda na infância, que lhe ensinou a produzir roupas para bonecas. Para ela tudo começou como um hobby e que as pessoas foram gostando das peças produzidas. “Eu adoro trabalhar neste

Criativos têm salário médio de R$ 6.270,00

maior que a remuneração média dos empregados do setor comum. Um estudo realizado em 2015 pela Agência Curitiba de Desenvolvimento (ACD) em conjunto com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) revelou que a capital paranaense tem 19.263 empresas de economia criativa registradas. Elas empregam 22 mil pessoas com carteira assinada, das

Ela explica que a economia criativa é importante para qualquer país, e que o desenvolvimento ajuda a região a caminhar para ganhos maiores de renda ao longo do tempo. “Se a gente sonha em ter uma região mais desenvolvida, nós vamos ter que avançar rapidamente nos segmentos da economia criativa, porque as pesquisas já estão mostrando que são esses segmentos que irão remunerar mais que as demais atividades”.

mercado, é a minha segunda fonte de renda. Existem os seus desafios, como qualquer outro negócio, mas o principal é gostar do que se faz e não desanimar quando as dificuldades aparecem”. Dona de uma loja de moda feminina no Centro de Curitiba, Heloisa Strobel gerencia todo o processo de fabricação de seus produtos. Anteriormente arquiteta na empresa do ex-prefeito e ex-governador do Paraná Jaime Lerner, ela

explica que abrir um negócio voltado à economia criativa foi um processo natural. “Eu já escutei pessoas dizendo ‘eu quero surfar nessa onda’. Não é assim. Ou você realmente vive aquilo que você quer fazer ou você vira um investidor de papel. Eu já tinha essa visão do meu outro trabalho, já me envolvia com outros criativos por amizade, então isso acabou sendo um caminho natural da própria empresa. A companhia é o reflexo da pessoa que está gerenciando-a”. Ela diz que teve um pouco de dificuldade no início de sua empresa com a oferta de material e mão de obra para a confecção de seus vestuários. Porém, com o crescimento de seu negócio e a criação de vários cursos de moda, o que fomentou o mercado na cidade, o cenário teve uma melhora. Heloisa aponta como vantagem o valor dos aluguéis comerciais na capital paranaense, que são mais baratos quando comparados aos de São Paulo.


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Política

Mulheres seguem em busca de mais empoderamento Posse de Cida Borghetti como governadora fomenta discussão sobre a participação feminina na política do Paraná Bruno Previdi 3º Período

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chefia do Executivo do Paraná está, pela primeira vez na história, nas mãos de uma mulher. Cida Borghetti (PP) era vice de Beto Richa (PSDB) e assume o governo em um momento de calorosas discussões sobre a participação da mulher na sociedade. O tucano que chefiou o Estado pelos últimos sete anos e quatro meses deixa o cargo para concorrer ao Senado nas eleições deste ano. Na cerimônia de posse, que aconteceu no dia 7 de abril, na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Cida enfatizou que “é uma honra ser a primeira mulher a assumir esse cargo”. Contudo, o fato de Cida ser a primeira mulher governadora da história do Paraná revela um aspecto da política brasileira, pois mesmo sendo obrigatória a presença de 30% de mulheres nos partidos políticos nacionais, de acordo com lei implementada em 2009, ainda assim o Congresso Nacional é hoje composto 90% por homens, e isso se repete nas casas legislativas estaduais e das cidades. Em Curitiba, por exemplo, dos 38 vereadores da Câmara Municipal, apenas oito são mulheres. Maria Letícia Fagundes (PV) é uma das vereadoras da capital paranaense. Em 2018, ela recebeu a medalha Mietta Santiago, condecoração da Alep que homenageia iniciativas relacionadas aos direitos das mulheres. Para Maria Letícia, a invisibilidade é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas mulheres na política. “Quando uma mulher fala em política e não está eleita, a sua fala não é va-

lorizada. Somente quando fui eleita que a minha voz passou a ser respeitada”. A vereadora afirma que o ambiente público é extremamente machista, fazendo inclusive mulheres passarem por avaliação estética após ingressarem na política. As mulheres, no Brasil, representam 52% da população. Mesmo assim, continuam sendo pouco representadas no cenário político. “Somos nós, mulheres, que decidimos as eleições. Somos qualificadas, preparadas, mas percebo que mulher não vota em mulher. Precisamos que mulheres acreditem em mulheres!”, afirma a vereadora do PV.

Mercado Mas as barreiras enfrentadas pelas mulheres não se restringem à política apenas. Por isso, grupos com o objetivo de debater o papel feminino em outros setores foram criados em todo o país. A engenheira civil aposentada e ex-diretora financeira e executiva da Itaipu, Margaret Groff, é uma das duas líderes do grupo curitibano Mulheres do Brasil. O grupo visa reunir mulheres de diversas partes do país para debates sobre empreendedorismo, políticas públicas, projetos sociais e educação. O movimento é suprapartidário e não permite que as integrantes usem o grupo para benefício próprio, muito menos para debates de caráter partidário. Margaret afirma que para chegar ao cargo de diretora financeira da Itaipu, teve que enfrentar muitas barreiras de gênero. “Para os homens, eles mesmos são naturalmente

competentes. Já as mulheres têm que provar diversas vezes e, se errarem, são massacradas”. A partir da sua experiência profissional e de discussões, a engenheira observou a importância da presença feminina nas empresas. “No mundo dos negócios, a combinação das características dos homens e das mulheres traz resultados bem melhores quando você consegue trabalhar com a diversidade”. Já no âmbito das políticas públicas, a ativista defende que é necessário tomar medidas para que ocorra a inclusão das mulheres no meio. “Precisa de mecanismos para isso, porque as barreiras e os estereótipos são muito grandes. Esse fortalecimento só virá quando tiver uma mulher consciente no poder, que lute por isso”. No momento, a preocupação do grupo Mulheres do Brasil, é a conscientização da população. “O nosso objetivo agora é esclarecer a população. Independente do posicionamento político, é preciso ter o voto consciente, precisa ver e entender as propostas”.

Eleições Para o cientista político Marlus Forigo, a falta de mulheres eleitas é resultado da pequena

participação feminina na política. Ele lembra que o processo de democratização recente do Brasil e a cultura de inferiorização da mulher ajudam a causar desinteresse delas pelos assuntos políticos. Ainda assim, ele lembra que as mulheres já abriram caminho para mudanças na educação e no mercado de trabalho, e que agora na política vêm aos poucos conquistando seu espaço. “Eu vejo que é uma questão de tempo, não para que as mulheres se tornem maioria, mas que esse número esteja equiparado porque, na verdade, participar da política não é uma questão de ser homem ou ser mulher. É uma questão de consciência cidadã”. Sobre a importância histórica da posse de Cida Borghetti, Forigo diz que se trata de algo limitado. Para ele, é um marco quando se fala do cargo, mas não especificamente em participação. “É a primeira mulher a ocupar esse cargo. Mas não que ela tenha feito algo de diferente, que sirva de modelo”. Em relação às eleições deste ano, o cientista político diz que a governadora não tem história expressiva no meio político e uma possível eleição dela seria fruto de bons investimentos em campanha. Henrique Zanforlin

Apenas 10% do Congresso é composto por mulheres


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Internacional

Dia de Sant Jordi é celebrado em toda a Catalunya Feriado mais esperado do ano foi marcado pelas tradições e superou vendas de 2017 Beatriz Mira Maria Gusso Stephanie Abdalla 5º período *correspondestes do Comunicare em Vic, Espanha

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omemorado em 23 de abril, o dia de Sant Jordi é uma homenagem ao patrono da Catalunya e é celebrado em toda a província espanhola. Visto como um segundo dia dos namorados, a tradição é a de que os homens presenteiem as mulheres com uma rosa e elas agradecem com um livro. Devido a isso, as cidades da região ficam repletas de barraquinhas que vendem livros e flores e a festa conta com a presença de autores e políticos importantes. Segundo a Prefeitura de Barcelona, a capital contou com cerca de 4.900 bancas de venda ao redor da cidade, principalmente no caminho que une a La Rambla, Plaza de Catalunya e Rambla de Catalunya. Mais de 7 milhões de rosas foram vendidas, 25% a mais do que no ano anterior. Esse ano, em especial, devido à luta pela independência e pela liberdade dos presos políticos da região, o número

de rosas amarelas vendidas aumentou de 3% para 10%, sendo essa cor um símbolo do movimento. A data, para os moradores da região, é repleta de tradições como explica o universitário Eric Calduch, 19 anos, que comprou alguns livros e rosas para seus amigos e foi presenteado também. “Além da troca de presentes, muitas atividades são realizadas em relação a escritores e literatura. Também, nas escolas, são feitos teatros que contam a história de Sant Jordi”. Calduch ainda compara as celebrações das grandes cidades com as dos pequenos povoados que as cercam. Segundo ele, a maior diferença está no “aglomerado de pessoas” que se reúne nos centros dos lugares maiores e na proporção dos eventos que acontecem na capital, por exemplo. “Com exceção disso, as celebrações são as mesmas”.

A professora Mercedes Lopes explica como essa data é importante para o povo catalão, pois, “junta o dia do livro com o dia dos namorados, mas também por mostrar a autonomia da Catalunya”. Para ela, a tradição de dar livros a todos os familiares é muito forte e a professora não hesita em explicar que “a capacidade intelectual de um menino e de uma menina é igual e não deveria existir uma diferença na compra de presentes”. A opinião dos estudantes que vieram de outros países variou entre apreciar a beleza da festa e apontar os pontos negativos dela. A estudante alemã Kati Budczinski foi à Barcelona para passar o dia e conta que tomou essa decisão devido à grande divulgação feita pelos espanhóis sobre a decoração da cidade. Maria Gusso

Segundo ela, a experiência “valeu à pena, mas faltaram livros em inglês à venda”. Já para sua amiga Vanessa Farina, o local estava muito cheio, mas isso não a impediu de aproveitar e, inclusive, comprar uma rosa em doação ao Hospital Pediátrico.

A Lenda de Sant Jordi A lenda que dá origem ao dia festivo conta a história de um valente cavaleiro, um dragão monstruoso e uma princesa, na vila de Conca de Barberà. O dragão aterrorizava os moradores que, com medo de um possível ataque, davam-lhe tudo o que tinham de alimento. Um dia a comida acabou, e a cidade decidiu que um membro da comunidade deveria ser sacrificado para satisfazer o dragão. Eles então decidiram fazer um sorteio, e a princesa foi a escolhida. Seu pai, o rei, em desespero, pediu ao povo que a poupasse desse cruel destino e em troca, lhe daria todo o seu ouro e metade de seu reino. A comunidade não aceitou a proposta e quando o dragão estava prestes a comer a princesa, Sant Jordi chega em um cavalo branco. Ele mata o dragão com um golpe de lança no coração, e de onde o sangue da fera foi derramado, nasceu uma roseira. Sant Jordi deu uma das rosas para a princesa, e ela lhe deu um poema de amor. Por isso, até hoje, segue a tradição: eles dão rosas para elas, e elas dão livros para eles.

Número de rosas vendidas cresce


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Novas bandas largas chegam ao Paraná em 2018 4.5G da Claro e 4G+ da Vivo e da Tim são as velocidades atuais Franz Fleischfresser 3º período

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s novas tecnologias de banda larga, 4,5G e 4G+ chegaram ao Brasil em janeiro e estão presentes em 140 cidades. As operadoras Claro, Tim e Vivo estão operando em todo o Paraná, mas delimitam essas novas velocidades a modelos específicos de telefones: o Galaxy Note 8, Galaxy S8, Galaxy S8+, Moto Z² Force G6 ZX preminum, iPhone 8 e iPhone X são os únicos celulares compatíveis. A cobertura da Claro está em permanente expansão, de acordo com o gerente de tecnologia da informação, Irineu Zaremela, que afirma também que a tecnologia não para. “Estamos caminhando para a era 5G, que chegará no ano que vem. Implantamos a novidade no fim de 2017, mas ainda estamos expandindo. Em Curitiba já são mais de 300 usuários do plano 4.5G, e até agora só recebemos elogios”, concluiu Zaremela, ainda dando enfoque na superioridade da velocidade que a inovação traz ao Brasil. A diferença do 4G para o 4G+ está na evolução da antena visto que a velocidade de banda dobra. Segundo o engenheiro de computação e consultor de telecomunicações da Vivo, Emerson Neves Júnior, o 4G+ exige cada vez mais frequências e uma proximidade maior das antenas. “A tecnologia está dando passos largos, em dois anos já estaremos com o 5G que irá suportar 1 milhão de dispositivos conectados por quilômetro quadrado e a aglomeração de pessoas não mudará sua funcionalidade”, explica Neves citando a empresa que fabri-

cará o primeiro celular com 5G, a fornecedora chinesa de informação da indústria e das telecomunicações Haewei. A operadora Tim, em Curitiba, está utilizando o 4G+. “Ainda não começamos a investir no 4.5G e não temos uma data exata para começarmos, já o 4G+ começou a vigorar em março. Na Itália, os dois novos 4G estão funcionando em mais de 100 cidades. Como a Tim e o 4G vieram para o Brasil dois anos depois de começar a operar na Itália, acredito que até 2020 as novas versões estarão disponíveis por aqui. Já fechamos contrato com a Nokia, para inovar as 9 mil torres rádio base, já adaptáveis para a atualização do 5G ”, afirma a gerente de tecnologia da Tim, Eddele Obrzut. As novas bandas largas que surgem são soluções tecnológicas para as pessoas. “O 3G não foi criado para atender um público em massa, por isso deu-se a iniciativa de criar uma tecnologia capaz de atender mais pessoas, o 4G, que já estaria associado ao padrão Long Term Evolution (LTE), que é uma forma de tecnologia de rádio que permite velocidades maiores às convencionais. No Brasil, o 5G demorará para começar a funcionar, pois ainda estão instalando todos os LTE’s”, afirma o coordenador de engenharia eletrônica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Ricardo Nabhen. Nabhen também afirma que a diferença das bandas largas é grande. O 4.5G da Claro

está bem na frente, com uma velocidade 10 vezes superior à antiga do 4G e um sinal ainda melhor. Já na Vivo e na Tim, o 4G+ é duas vezes mais rápido que a velocidade anterior. A operadora Oi ainda não se manifestou, continuando com o 4G. Em 2020, provavelmente o 5G já chegará na maioria das operadoras do Brasil A internet está realmente mais rápida e prática, contam os usuários. “Consigo assistir a filmes enquanto baixo aplicativos e músicas, o celular não trava. O mais importante é que consigo fazer sessões para os meus clientes tudo pelo celular sem demorar nada, os aplicativos, o WhatsApp, tudo parece funcionar mil vezes mais rápido. Quero ver como serão as velocidades 5G e 6G”, explica o estudante Gabriel Guedes. que recentemente se tornou usuário do 4.5G da Claro.

Inovação

O estudante Henrique Taura usuário do novo 4G+ da Vivo, afirma que não notou muita diferença. “O celular ainda trava de vez em quando. Óbvio que consigo notar uma pequena diferença, mas achava que seria muito maior. Não consigo baixar meus jogos no celular, apenas no computador. Estou à espera de uma internet mais veloz, acho que eles poderiam ter esperado para aumentar, pelo menos cinco vezes mais e não apenas duas como fiquei sabendo”, criticou Taura. As novas tecnologias chegaram primeiro no Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro, depois chegando aos demais estados. A região sudeste obtém a maior aglomeração das bandas largas, com mais de 130 cidades utilizando o 4.5G e o 4G+, sendo 100 cidades só no estado paulista, segundo dados disponiveis nos sites das operadoras. Bernardo Gonzalez

Número de cidades por região que possuem as novas tecnologias


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Esportes

O verdadeiro jogo enfrentado pelas mulheres Elas continuam sofrendo assédio e preconceito ao praticar esportes e contam experiências vividas Stefany Mello 3º período

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mulher vem conquistando espaço na sociedade e o esporte é uma das áreas nas quais a presença feminina é cada vez mais forte, seja dentro ou fora dos complexos esportivos, como jogadora, torcedora ou profissional. Contudo, apesar do espaço alcançado, o assédio e preconceito sofrido por elas na área ainda são recorrentes e uma grande causa a ser enfrentada. A atleta Mariana Piske, compete na corrida “esquenta panturrilha”, que acontece mensalmente em Curitiba no Parque Barigui, e conta que escuta comentários machistas o tempo todo. “Já me falaram coisas horríveis como ‘homem é mais forte, mais rápido, são mais fortes em esportes’ e não é verdade, me sinto muito mal, desanima muito”. A maratonista aconselha quem vive a mesma situação: “para tudo isso acabar, tem que demonstrar que nada é impossível para nós. Muitas não fazem esportes por medo de serem julgadas pelo seu desempenho, vejo que algumas das minhas colegas caem na depressão e desistem, isso não pode acontecer”.

Segundo a psicóloga Giovana Tessaro, o machismo e assédio que as atletas sofrem as deixam intimidadas e afetam o treinamento. “A mente dela fica em alerta tentando se proteger da ameaça que sofreu, a energia não vai toda para o desempenho no esporte e ela acaba se desfocando, tendendo a se fechar porque entra em um mecanismo de fuga”. A psicóloga ainda explica que é necessário que as atletas procurem ajuda com pessoas da família ou amigos e irem até seus técnicos contar as situações que vivenciaram. Jogadora de futebol e vôlei, Eduarda Matczak relata que quando participava da diretoria esportiva do time em que joga, os diretores representados por homens não respeitavam a opinião que ela sugeria por ser mulher e que, às vezes, as meninas do time preferiam as opiniões masculinas. Em sua vivência de campo, Eduarda ainda desabafa, “a mulher tem que conquistar o espaço dela, o esporte sempre é levado para uma coisa masculina e quando as meninas começam a tomar conta disso, vejo uma reação ruim deles”. Stefany Mello

A advogada membra da Comissão de Estudos de Violência de Gênero (Cevige) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Paraná, Silvia Turra, explica que as mulheres que sofrem assédio e violência doméstica podem recorrer a leis como a Maria da Penha, previsto pelo Art 121 parágrafo 2º inciso VI. Também pode-se ligar para a Central de Atendimento à Mulher que funciona como disque-denúncia pelo número 180. O estudante e ex-atleta de Taekwondo Rafael Rocha, conta a experiência que já teve quando treinava. “Para a pessoa chegar no grau da faixa preta é uma série de testes, treinos e competições. O que notei nas academias é a falta de respeito dos homens com as mulheres, que às vezes são mais graduadas que eles, e na hora da luta eles preferem lutar com outros homens até menos graduados do que mulheres com faixas pretas porque entendem que a mulher é inferior e frágil, mas não é verdade, se acompanhar o treino delas dá para ver que são capazes e muito boas”. De acordo com o estudante, a falta de respeito com as mulheres é um preconceito que já está inserido no homem, e acontece em várias modalidades de esportes.

A luta contra assédio no jornalismo esportivo

Time feminino de futebol da atleta Eduarda Matczak

A campanha “Deixa ela trabalhar” foi criada por jornalistas esportivas que protestam pedindo mais respeito. Através de um vídeo lançado nas redes sociais, algumas repórteres relembram situações de assédios, machismo e agres-

sões que sofreram durante coberturas esportivas, pedindo paz em seu trabalho. A iniciativa do movimento foi criada por Bruna Dealtry, jornalista do canal Esporte Interativo, após ter sido beijada à força por um torcedor durante uma transmissão ao vivo na cidade do Rio de Janeiro, na partida entre o Vasco da Gama e Universidad do Chile, pela Copa Libertadores. Conforme informações divulgadas nas redes sociais da campanha, mais de 100 jornalistas participam da ação. A repórter e coordenadora de esportes no Paraná Portal, Francielly Azevedo, participa da campanha e conta que é difícil ser mulher e trabalhar dentro do esporte. “Você dá uma informação e é contestada o tempo todo. O colega, ou jogador, ou público, pergunta 10 vezes se realmente sua informação está certa, e muitas vezes vai conferir com outro colega. A mulher não tem tanta credibilidade como um jornalista esportivo homem”. Francielly relata uma situação em que sofreu assédio e levou o caso até a justiça. “Eu entrei com um processo contra um ex-chefe, eu trabalhava em rádio esportiva, ele começou a me assediar e não aceitei as investidas, e por não aceitar ele me demitiu, depois começou a me difamar para os colegas, me perseguir, sofri ameaças por parte dele”. O vídeo da campanha foi exibido no telão do Maracanã antes da final da Taça Rio, entre Fluminense e Botafogo. A campanha também chegou a ser citada em jornais internacionais, como o diário espanhol “Marca”.


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Cultura

Pavilhão Étnico mescla variadas culturas Apresentações culturais acontecem todo domingo, no Memorial de Curitiba Anelise Wickert 3º período

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evento cultural, conhecido como Pavilhão Étnico, recebe todo domingo apresentações de diversas etnias. Cada fim de semana uma cultura diferente é exibida por meio de dança, culinária, música, história ou oficina. Segundo Nelci Maria Amann, que acompanhou a apresentação do folclore árabe, a diversidade cultural de Curitiba é muito rica: “foi muito interessante, eles apresentaram uma variedade muito grande dentro da cultura deles. Acabamos aproveitando um espaço público, sem ter custo nenhum, o que deveria ser feito por mais pessoas. É um momento muito prazeroso e divertido que agrega coisas novas para sua vivência”, relata a pedagoga. Para Marcia Luz, professora de dança e folclore árabe, a valorização e o respeito são

fundamentais. “Cada etnia tem suas formas de vida, seu histórico. Nós brasileiros, temos bastante cultura, diversidade, povos que formaram nossa nação. Por isso precisamos respeitar sempre os nossos antepassados e a melhor maneira de fazer isso é por meio de eventos como este”. Conforme a professora, o público demonstra interesse por outros tipos de etnia: “a partir do momento que mostramos coisas diferentes que aqui no Brasil quase não vemos, as pessoas olham primeiro com olhar curioso, e depois elas percebem que o ritmo, a dança, a movimentação são tão pulsantes quanto o nosso samba ou o nosso frevo. E elas começam a gostar e a se envolver. O que é muito gratificante para nós. Assim a dança se torna um estímulo cultural para o público e um

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encorajamento para que nós sempre apresentemos nossa etnia com orgulho”. Segundo Carlos Hauer Amazonas de Almeida, coordenador das etnias da Fundação Cultural de Curitiba, o principal objetivo do pavilhão não é apenas apresentar determinada etnia para o público e sim manter e preservar essa cultura para o futuro. “O pavilhão tenta não segregar ninguém, muito pelo contrário, abrimos os braços para todos. Queremos que o pavilhão seja um local onde as pessoas possam mostrar sua cultura. As pessoas têm a necessidade de se identificar com suas raízes”, conta. Para Almeida, a cidade teve muita sorte de ser colonizada por povos tão diferentes: “Curitiba foi constituída por muitas etnias o que enriqueAnelise Wickert

ceu nossa cidade com culinária, dança, arquitetura, costumes sociais, tradições. Cada uma destas culturas trouxe alguma característica positiva para a capital. O pavilhão é a oportunidade de trazer todas as etnias que formaram Curitiba. É uma marca de todas as culturas. E nenhuma é melhor que a outra, por isso a importância de se apresentar todas”. De acordo com o coordenador, o memorial construído no aniversário de 300 anos da capital, é o local ideal para essa valorização cultural. “Aqui no memorial, é o lugar ideal para ser o pavilhão étnico, para guardar a memória de Curitiba, das suas culturas, dos seus povos”. Conforme Almeida, a Fundação Cultural está aberta para receber qualquer etnia. Quem tiver interesse em apresentar sua cultura ou tradição poderá entrar em contato com o órgão da Prefeitura responsável pelo pavilhão étnico. O evento já apresentou costumes e culturas germânicas, italianas, indígenas, africanas, afro-brasileiras, inglesas, latino-americanas, mexicanas, gregas, chinesas, latino-americanas, nordestinas, entre outras. O pavilhão foi fundado em 07 de maio de 2017 e faz parte do programa municipal “Manifestações populares” e tem como lema “visite este encontro de cultura, arte e história”.

Dançarinos de ritmo: cigano; arábe; espanhol e indiano

As apresentações acontecem das 11h ao meio dia no Memorial de Curitiba, Largo da Ordem, no centro histórico da cidade, com entrada gratuita e classificação livre.


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Ensaio

Viva a democracia Manifestantes pró-Lula se reuniram no bairro Santa Cândida em Curitiba, mostrando apoio ao ex-presidente e afirmando que a prisão do mesmo foi um afronto à democracia Paula Araújo 3º período

Representantes da CUT e do MST escutam o discurso de Dilma Rousseff Ex-deputado Angelo Vanhoni (PT) discursa para manifestantes pró-Lula

A ex-presidente Dilma Rousseff e Gleisi Hoffmann visitaram o acampamento Mesmo com chuva e frio os manifestantes permanceram no acampamento


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