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NEF AGIR: Missão País Coja 2020

Missão País Coja 2020

A Missão País é um projeto católico de universitários para universitários. Este projeto organiza e desenvolve as Missões Universitárias e tem como objetivo missionar em Portugal através do testemunho da fé, do serviço e da caridade. A nossa Faculdade insere-se na Missão UC + IPC, que este ano decorreu na vila de Coja com o lema “Desce depressa! Eu fico contigo”. Nesta edição d’O Pilão, entrevistámos a Yasmin Almeida e o Tomás de Oliveira, ambos alunos do segundo ano de Ciências Farmacêuticas, de forma a perceber que projeto é este e o que ele lhes trouxe para as suas vidas. pelos outros sem esperar qualquer coisa em troca.

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ICS: Como foi o teu primeiro contacto com a Missão?

Y: A primeira vez que ouvi falar na Missão País foi numa das reuniões de Rabo de Peixe, em que alguns dos meus colegas contavam histórias das suas missões do ano anterior. A maneira como recordavam aquela semana, deixou-me logo com vontade de me inscrever!

ICS: Ao longo da semana, os missionários têm todos as mesmas funções?

Y: Existem 5 valências: Porta a Porta (como diz o nome, os missionários fazem um porta a porta pelas casas das pessoas das comunidades e falam com elas, fazem-lhes companhia...), Lar, Escola, Creche (os missionários ficam atribuídos a um lar/escola/creche, onde ajudam as pessoas no seu dia a dia e enchem-lhes o coração com canções e brincadeiras que

Yasmin Almeida

Intervenção Cívica e Social: Como é feito o processo de inscrição e seleção para a Missão?

Yasmin: Antes de tudo, temos de nos registar no site da Missão e fornecer alguns dados básicos, como o nome, a idade, a faculdade que frequentamos, se sabemos tocar algum instrumento, etc. Este é o primeiro passo. De seguida, temos de submeter a nossa candidatura (num dia e hora previamente para todos aqueles que a iriam ver e que iriam receber a

anunciado pela chefia nacional), escolhendo desde uma até seis missões por ordem de preferência. Depois, é só esperar pelo e-mail com o resultado. O único critério utilizado na seleção é o tempo que demoramos a submeter a mesma desde que as candidaturas abrem, pelo que convém sermos o mais rápidos possível! Mas, dentro de uma missão, tem prioridade quem frequenta a(s) faculdade(s) da mesma e, se em primeira opção colocarmos uma missão que não a da nossa faculdade, ficamos automaticamente em lista de espera.

ICS: Sendo a Missão País um projeto católico, consideras possível a participação de todos, católicos e não católicos, neste projeto de voluntariado?

18Y: Sim, claro que sim! Para missionarmos não precisamos de

ser católicos, apenas temos de ter vontade de fazer o bem

os fazem sentir queridos) e Teatro (onde os missionários, em conjunto com os chefes de teatro, ficam encarregues de preparar uma peça para apresentar à comunidade e aos missionários no final da missão). No início da missão, pedem-te para escreveres as valências que queres, mais uma vez por ordem de preferência, e depois és colocado numa delas.

ICS: Como descreves a tua passagem pela valência na qual ficaste colocada?

Y: Fui colocada no Teatro, a minha primeira opção, e voltava a escolhê-la sem pensar duas vezes. No início, estava um bocado reticente em como iria poder missionar se ia ter pouco ou quase nenhum contacto com a comunidade durante o meu dia a dia, mas, com o passar dos dias e ensaios, fui-me apercebendo que estava a missionar todos os dias em que me dedicava a preparar uma peça, não para mim, mas sim

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mensagem que queríamos passar. No final, não me arrependo nada da minha escolha, pois saí do palco com o coração cheio de risos, sorrisos e carinho da comunidade e dos missionários.

ICS: Quais foram os maiores desafios durante a semana da Missão?

Y: Durante essa semana, algumas das situações mais desafiantes para mim foram os momentos de oração. Tinha sempre muito na cabeça e às vezes tornava-se difícil concentrar-me, mas acho que isso é uma coisa que se vai aperfeiçoando com o tempo. Ninguém nasce ensinado.

ICS: Como é que levas a Missão para o teu dia a dia?

Y: As amizades que criei e fortaleci na Missão são muito boas para me ajudar com esse aspeto, na medida em que o ambiente em que os conheci e as coisas que partilhei com alguns permitem uma cumplicidade diferente da que existe noutras relações. Para mim, torna-se mais fácil explorar e viver a minha fé com apoio de amigos que a partilhem e a queiram viver como eu. Outra coisa que me ajuda a manter o espírito de missão aceso é recordar as orações que foram feitas durante essa semana e experimentar outras novas. Creio que não se deve deixar que esse espírito perca a chama, pois a missão pode ser uma semana ou pode ser para o resto das nossas vidas e isso só depende de nós.

ICS: O que gostarias de dizer aos estudantes da nossa Faculdade?

Y: Acho que nunca é demais dizer que a Missão é para todos, todos aqueles que tenham sempre espaço no coração para mais um. Não é preciso ser-se católico para ajudar outros que precisam, que às vezes pode ser um amigo, um colega ou até um estranho. Também não é necessário irmos para países distantes para fazer voluntariado quando há quem precise mesmo aqui no nosso país e a Missão é um ótimo lugar para começar. Por isso, todos aqueles que tenham vontade de fazer o bem, acho que se deviam inscrever na Missão País 2021, porque não se vão arrepender!

ICS: Como é feito o processo de inscrição e seleção para a Missão?

Tomás de Oliveira: Inicialmente, a inscrição passa por criar uma conta no site da Missão País. Criada a conta, há uma data específica para se fazer a inscrição nas missões que queremos fazer. Normalmente, as pessoas inscrevem-se em várias, pela ordem preferencial das missões que querem fazer. Assim, se não entrarem na primeira, podem entrar na segunda. No dia da inscrição, fica tudo à espera da hora em que começa o prazo de inscrição, porque, como a entrada é feita pela ordem de inscrição, o objetivo é ser-se o mais rápido possível a completar o processo. Como já disse, a seleção para a missão é feita pela ordem de inscrição, mas também há preferência por alunos que pertençam à faculdade onde se realizará a missão. Visto que pode haver desistências ou a missão pode não encher na primeira fase de inscrição, há a segunda e, nalguns casos, a terceira fase de inscrição.

ICS: Sendo a Missão País um projeto católico, consideras possível a participação de todos, católicos e não católicos, neste projeto de voluntariado?

T: Como qualquer outro projeto de serviço e voluntariado, a Missão País acolhe tanto católicos como não católicos. Na minha opinião, qualquer universitário devia fazer uma missão e, mesmo que não seja católico, basta entrar com sentido de total entrega, serviço e animo. Este ano, uma das pessoas que fez missão comigo não era católica e era das pessoas mais animadas e com melhor espírito das que lá estavam.

ICS: Como foi o teu primeiro contacto com a Missão?

T: Adorei a experiência. Já tinha feito voluntariado em campos de férias católicos, incluindo no Camtil, e senti que a missão era uma mistura dos dois, tanto em serviço, como em fé e animação. Era a minha primeira missão e não conhecia muita gente, pelo que não sabia muito bem o que esperar, mas bastou entrar no autocarro para me sentir à vontade com as pessoas com quem estava. Os chefes de missão fizeram um trabalho excelente em pôr-nos à vontade e a falar uns com os outros.

Gostei imenso da dinâmica, da organização e do objetivo da missão. Fiz imensas amizades, incluindo com pessoas de Coja (a terra onde fiz a missão), senti-me mais próximo de Deus de várias maneiras e foram uns dias muito bons, tanto de autorreflexão, como de entrega aos outros.

ICS: Ao longo da semana, os missionários têm todos as mesmas funções?

T: Não. Para começar há os chefes de missão, que não deixam de ser missionários, cujo papel é organizar toda a missão e a sua dinâmica. Para o resto dos missionários, há diferentes valências que são escolhidas por cada um no segundo ou terceiro dia. São 5 valências: Teatro, Escola, Porta a Porta, Cresce e Lar. O Teatro é responsável por preparar um teatro ao longo da semana e, no fim, apresentar a toda a aldeia. Na Escola, os missionários vão animar as crianças da escola nos intervalos e falar um pouco durante as aulas. No Porta a Porta, tal como o nome diz, os missionários vão porta a porta, a aldeias e casas mais remotas da região, ajudar, falar e alegrar as pessoas. Na Cresce, os missionários ajudam a tomar conta das crianças e com tudo o que for necessário. Por fim, no Lar, o papel dos missionários passa por alegrar, fazer companhia e ajudar também no que for preciso.

ICS: Como descreves a tua passagem pela valência na qual ficaste colocado?

T: A valência onde eu fui colocado foi a Escola. Durante esses dias, íamos todos para a Escola Básica de Coja e passávamos os intervalos a brincar com os miúdos, a fazer brincadeiras e a conversar com eles no ATL da escola, a tocar guitarra e cantar e a partilhar um pouco daquilo que estávamos a fazer na Missão País e da nossa vivência com Deus. Também tivemos oportunidade de ir falar diretamente com os professores e com os miúdos durante as aulas. Foi uma valência em que eu gostei muito de participar, apesar de não ter tanto voluntariado como as outras valências, uma vez que passávamos o dia a brincar. Estávamos em contacto direto com o dia a dia das crianças de Coja, com a sua vida, a sua rotina, as suas experiências e as suas dificuldades.

ICS: Quais foram os maiores desafios durante a semana da Missão?

T: Um dos maiores desafios que eu senti que tive foi precisamente tentar fazer chegar o espírito missionário às crianças da escola, tentar ter conversas um bocadinho mais sérias com eles e ter partilhas mais profundas, o que era quase impossível porque eles só queriam jogar futebol e Jenga, mas, no final da semana, quando pudemos ir falar às salas de aula, conseguimos ultrapassar esse desafio com dinâmicas muito giras. Também foi um pequeno desafio abstrair-me de todos os problemas do dia a dia, da faculdade e do telemóvel e entregar-me completamente à missão e às outras pessoas. Não sei se consegui fazê-lo a cem por cento, mas estive quase.

ICS: Como é que levas a Missão para o teu dia-a-domo é que levas a Missão para o teu dia-a-dia?

T: É um pouco difícil viver o espírito de missão fora da Missão, mas tento ao máximo ajudar em casa, ajudar e animar crianças como animador do Cabra, fazendo um pouco daquilo que fazia na escola. Tenho a cruz da Missão pendurada na parede para me ir lembrando dos bons momentos que passei e, de vez em quando, faço uma reflexão e uma oração à imagem das da Missão.

ICS: O que gostarias de dizer aos estudantes da nossa Faculdade?

T: A mensagem que eu tenho para os estudantes de Farmácia é que todos devem experimentar, porque é uma experiência única e muito especial, tanto para conhecerem pessoas da vossa Faculdade, como para se ficarem a conhecer melhor a vocês mesmos e também outras pessoas com realidades muito diferentes das vossas. Eu, sendo caloiro, sendo provavelmente a pessoa mais nova que lá estava e sendo a minha primeira missão, adorei. Portanto, aconselho vivamente.

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