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N°5 - DEZEMBRO - FEVEREIRO 2013

Festividades

O Natal do Senhor

História e memória Bracara Augusta

Escritores portugueses João Penha

Especial Portugal

O Ultimatum inglês de 1890

Braga


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Ficha Técnica Propriedade

Diretor Amílcar Figueiredo amilcar.figueiredo@ilustrevasion.com

Redatores e colaboradores Adelino Sá Adelito Rodrigues Augusto Lopes Câmara Municipal de Braga Consulado-Geral de Portugal em Genebra / Porfírio Pinheiro Deco Proteste Fernando Lopes Flávio Borda d’Água Isabel Gomes João Cordeiro Miguel Dalla Vecchia Reto Monico Rocha Pires, Neves Fernandes & Associados Rui Marques Sara Vitorino Fernandez Sérgio Tomásio Telma Ferreira

Grafismo e paginação João Morais joao.morais1965@gmail.com

Fotografias Câmara Municipal de Braga

Publicidade Diretor comercial Luís Mata - Tel. 0041 (0) 76 510 22 44 00351 96 58 10 018 comercial@ilustrevasion.com Lusitânia Contact CP 117 - 1211 Genève 8 - Suisse Tel.: 0041 (0) 22 329 77 86 Fax: 0041 (0) 22 329 77 86 Assinaturas Suíça, 20 Frs Europa, 20 Euros Impressão Lisgráfica Rua Consiglieri Pedroso, n.° 90 Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena Tel. 21 434 54 44 - Fax 21 434 54 94

Periocidade trimestral Tiragem: 10 000 exemplares Depósito legal: 357274/13 Leia a Lusitânia Contact em www.ilustrevasion.com

Sumário

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Editorial

Terras lusitanas Braga

Gastronomia bracarense História e memória Bracara Augusta

Escritores portugueses João Penha Poesia

Festividades O Natal do Senhor Mensagens de Natal João Ramos Pinto Embaixador de Portugal na Suíça Miguel de Calheiros Velozo Cônsul-Geral de Portugal em Genebra Licínio Bringe do Amaral Cônsul-Geral de Portugal em Zurique

30 Especial Portugal O Ultimatum inglês de 1890 3 4 Portugueses de sucesso Fernando Lopes 3 6 Saúde 13 porções de hidratos de carbono ao dia 4 0 Bem-estar Cuidados posturais na gravidez 4 2 História de Portugal Monarquia e bastardia II 4 6 Economia Idade decide o melhor pé-de-meia A baixa das taxas hipotecárias baixará as rendas das casas?

5 3 Hoje falo eu A importância da cultura de um povo 5 4 Matemática Matematicamente falando 5 6 Especial Suíça Quanto irei receber quando me reformar? 5 8 Associações portuguesas Associação Recreativa e Cultural Danças e Sons do Minho de Genève

6 0 Consultório jurídico Novo regime de arrendamento urbano 6 2 Informações consulares Formação profissional dos jovens 6 4 Truques e astúcias Sabia que... 6 5 Horóscopo Previsão trimestral 6 6 Rir faz bem Anedotas


Editorial Caros leitores:

Como temos vindo a referir nos dois números anteriores, a Lusitânia Contact está a passar por um processo de renovação e melhoramento. Este processo envolve o enriquecimento e a diversificação dos temas que publica, o melhoramento técnico, e, muito importante, o alargamento a novos parceiros comerciais.

Amílcar Figueiredo

Neste sentido, podemos desde já anunciar uma nova rubrica – Consultório jurídico − que se inicia com um artigo neste número. Informamos também que a cidade portuguesa escolhida por votação dos leitores para tema de capa, e tratamento aprofundado no interior da revista, foi Évora, cujo Centro Histórico está classificado como Património da Humanidade desde 24 de novembro de 1986. Reiteramos, portanto, o convite à participação de novos colaboradores, de todas as idades, proveniências sociais e qualificações académicas. As páginas da revista chegam cada vez a um maior número de leitores e às mais diversas regiões de Portugal e da Suíça, pelo que representam uma boa oportunidade para que os nossos parceiros comerciais apresentem a esses públicos os seus serviços e produtos. Pretendemos também privilegiar a interação entre os leitores e os redatores, razão pela qual publicamos junto dos artigos as fotografias e os endereços de e-mail dos respetivos autores. Agradecemos, mais uma vez, as provas de carinho que temos recebido da parte de variadíssimas pessoas, quer leitores anónimos, quer figuras institucionais, assim como as manifestações de agrado para com a «nova» Lusitânia Contact. A todos agradecemos as simpáticas palavras e os incentivos que nos têm deixado. Renovamos o convite às pessoas para colaborarem com sugestões ou ideias concretas: todas serão bem-vindas. Convidamos também as associações portuguesas na Suíça a enviarem-nos textos relatando a sua história: a formação, a evolução, os protagonistas e as atividades no presente. Prometemos a publicação desses textos, de preferência acompanhados de fotografias. Um obrigado muito especial a todos os redatores e outros colaboradores, assim como aos leitores e parceiros comerciais, com os votos de Boas Festas de Natal e de Ano Novo. Com o propósito de facilitar o acesso à aquisição da Lusitânia Contact, voltamos a publicar os pontos de referência onde a mesma pode ser encontrada: veja qual deles fica mais perto de si. Se desejar fazer a assinatura, quiser votar na sua cidade preferida para a futura publicação como tema principal da revista ou não tiver Lusitânia Contact para oferecer aos amigos, indique-lhes a consulta do Site www.ilustrevasion.com

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RESIDENTES NO ESTRANGEIRO

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Terras lusitanas

Braga: tradição e inovação de mãos dadas Braga tem uma enorme beleza e riqueza patrimonial, que alia tradição e inovação, memória e juventude, criatividade e conservadorismo. Com mais de 2000 anos de uma história riquíssima, nos últimos 30 o concelho conheceu um enorme crescimento em vários aspetos, para o que muito contribuiu a Universidade do Minho, instituição reconhecida internacionalmente pela qualidade do ensino e investigação. De acordo com os Censos 2011, tem cerca de 112 habitantes, afirmando-se como a 3.ª maior cidade de Portugal. Situada no Vale do rio Cávado, é capital de um distrito constituído por 14 concelhos: Amares, Barcelos, Braga, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto, Esposende, Fafe, Guimarães, Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro, Vieira do Minho, Vila Nova de Famalicão, Vila Verde e Vizela −, sendo o principal motor de desenvolvimento da região do Minho. Recentemente, um estudo da Direção-Geral de Política Urbana e Regional da Comissão Europeia revelou que Braga é uma das cidades europeias com melhor qualidade de vida, sobretudo na habitação e no ensino, sendo também onde os habitantes estão mais satisfeitos. Em 2012 foi sede da Capital Europeia da Juventude, iniciativa do Fórum Europeu da Juventude, que visa o

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Câmara Municipal

desenvolvimento de ações de âmbito cultural, social, político e económico para os jovens. Com um programa de atividades abundante e variado, foi um marco importante para o fortalecimento do papel da juventude no dinamismo da cidade.


Terras lusitanas

Av. Central Visitar Braga é fazer uma viagem através do tempo na atualidade. Cidade de antiguidade e de tradicional religiosidade, sempre imponente na sua riqueza e majestade, vive de mãos dadas com o empreendedorismo e o espírito livre em áreas tão vitais como a cultura, o comércio, a indústria e os serviços.

No final do século XIX o centro desloca-se da área da Sé para a Avenida Central. Em 1875 o Rei D. Luís inaugura a linha de Braga e a estação dos caminhos de ferro. No início do século XX a Avenida da Liberdade foi reformulada, destacando-se nela o Theatro Circo, sala de espetáculos por excelência da cidade.

História da cidade

Geografia e clima

É uma das mais antigas cidades portuguesas e uma das cidades cristãs também mais antigas do mundo. Tem origem na urbe romana Bracara Augusta, nome atribuído em homenagem ao seu fundador, o Imperador César Augusto. Nesse período teve uma enorme importância, pois dominou administrativamente uma extensa região. A partir da reforma de Diocleciano passou a ser a capital da província da Gallaecia. No século V foi tomada pelos suevos que a fizeram capital do reino.

Braga encontra-se numa região de transições de Este para Oeste, entre serras, florestas e leiras nos grandes vales, planícies e campos verdejantes. Com uma área de 183,51 Km2 no concelho, a Norte situa-se o Alto Minho, a Este o Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Sul as terras senhoriais de Basto e a bacia industrial do rio Ave e a Oeste o litoral marítimo das conhecidas praias de Esposende, Apúlia e Ofir. Predominam as zonas de vale e as elevações variam entre os 20 e os 572 metros, pelo que a exposição solar é boa em quase todo o território. Atravessam o concelho os rios Cávado, Este e Torto.

No ano de 716 os Mouros alcançam-na provocando-lhe grande destruição, dada a sua importância religiosa, tendo sido palco de várias guerras. No século XI foi reorganizada e deu-se início à construção da muralha citadina e da Sé, por ordem do bispo D. Pedro de Braga. Desenvolveu-se então em torno da Sé e ficou restringida ao perímetro amuralhado. Com os anos sofreu diversas alterações, estando em constante desenvolvimento e expansão. No século XVI o Arcebispo D. Diogo de Sousa modifica-a profundamente. Do século XVI ao século XVIII os edifícios romanos vão sendo substituídos por outros de arquitetura religiosa. No século XVIII, graças à inspiração artística do arquiteto André Soares, transforma-se em ex libris do Barroco em Portugal.

O clima da região é ameno, com as quatro estações bem definidas e valores médios da temperatura entre 12.5º C e 17.5ºC. Os invernos são bastante chuvosos e frios, por vezes cai neve. As primaveras são tipicamente frescas e as brisas matinais ocorrem com maior frequência, principalmente, nas maiores altitudes. Os verãos são quentes e soalheiros, com ventos suaves. Nos dias frescos podem ocorrer espontaneamente chuvas de curta duração, bastante importantes para o coberto vegetal, que torna a região rica em vegetação durante o ano inteiro, pelo que é conhecida por Verde Minho. Os outonos são amenos e pluviosos, geralmente com ventos moderados. Dezembro 2013

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Terras lusitanas Património

Triângulo turístico Bom Jesus − Sameiro − Falperra

Igreja do Bom Jesus do Monte. Desenhada pelo arquiteto Carlos Amarante, substituiu a primitiva que se encontrava em ruínas. As obras começaram em 1 de junho de 1784 e concluíram-se em 1811. É um dos primeiros edifícios neoclássicos em Portugal: tem fachada ladeada por duas torres que termina num frontão triangular. Para além da igreja, o santuário é constituído por um escadório onde se desenvolve a Via Sacra do Bom Jesus, uma área de mata (Parque do Bom Jesus), alguns hotéis e um funicular (Elevador do Bom Jesus), constituindo um conjunto arquitetónico-paisagístico integrado.

Igreja do Bom Jesus do Monte

Igreja de Tibães

Santuário do Sameiro

Mosteiro de São Martinho de Tibães

O Santuário de Bom Jesus do Monte, o Santuário do Sameiro e a Igreja de Santa Maria Madalena, na serra da Falperra, são pontos que, pela devoção e beleza, se impõem como de visita obrigatória no roteiro turístico de Braga. Constituem, assim, um triângulo de beleza indescritível, assentando numa apelativa base religiosa, rodeada de extasiantes espaços verdes e paradisíacas paisagens que nem o «progresso do betão» ousou manchar. Segue-se uma breve descrição das características destes locais do «triângulo de ouro» da cidade e da região:

Santuário do Sameiro. A construção iniciou-se em meados do século XIX, sendo, depois de Fátima, o centro de maior devoção mariana em Portugal. No interior do templo destaca-se o altar-mor em granito branco polido e o sacrário de prata. Em frente do templo ergue-se uma imponente escadaria, no topo da qual se levantam dois altos pilares encimados pela Virgem e pelo Coração de Jesus.

Braga é talvez o principal centro religioso do país, razão pela qual grande parte do seu património está ligado ao sagrado. O legado romano é outro motivo de atração da cidade, sendo por isso apelidada de «Roma Portuguesa». Conhecida pelas igrejas barrocas, esplêndidas casas do século XVIII, jardins e parques bastante elaborados, a sua longa história é bem visível nos monumentos e nas igrejas.

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Igreja Santa Maria Madalena. Na serra de Falperra pode encontrar-se a belíssima Igreja de Santa Maria


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Terras lusitanas Madalena, construída por ordem do arcebispo D. Rodrigo Teles. É um harmonioso monumento barroco com uma ampla escadaria, de acordo com a tipologia comum aos santuários mais próximos. No interior, também ricamente decorado em estilo barroco, importa destacar o púlpito e o revestimento de azulejos do século XVIII. Sé Catedral. Local de passagem obrigatória para os visitantes da cidade, é a catedral mais antiga de Portugal, um centro de irradiação episcopal e um dos mais importantes templos do românico português. A sua história remonta ao tempo do 1.º bispo, D. Pedro de Braga e à restauração da Sé episcopal, em 1070. Nesta catedral encontram-se os túmulos de Henrique de Borgonha e de D. Teresa de Leão, condes do Condado Portucalense e pais de D. Afonso Henriques. Devido à longa história e importância arquitetónica, a Sé é considerada um dos edifícios mais importantes do país.

Igreja Santa Maria Madalena

Igreja e Mosteiro de Tibães. Trata-se da antiga Casa-Mãe da Congregação Beneditina Portuguesa. Fundado entre finais do século X e inícios do XI, foi reconstruído no último terço deste século transformando-se, com o apoio real e a concessão de cartas de couto, num dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte de Portugal. No decurso dos séculos XVII e XVIII sofreu obras profundas (reconstrução, ampliação, decoração e redecoração) que lhe deixaram marcas estilísticas do maneirismo tardio ao rocaille. Estas intervenções transformaram-no numa bela peça arquitetónica de grandes dimensões e num dos maiores e mais importantes conjuntos monásticos beneditinos portugueses. Arco da Porta Nova. Foi uma das portas das muralhas da cidade, rasgada em 1512, na época de D. Diogo de Sousa, Arcebispo de Braga. A sua atual feição data de 1772, da iniciativa do arcebispo D. Gaspar de Bragança e com projeto do arquiteto bracarense André Soares. Trata-se de um momento histórico na medida em que a cidade rompia as antigas muralhas, expandindo-se para o exterior. É monumento nacional desde 1910.

Sé Catedral

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Arco da Porta Nova


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Terras lusitanas

Museu Pio XII

Vestígios romanos – Domus da Escola Velha da Sé

Museus Tesouro-Museu da Sé de Braga. As suas coleções testemunham mais de XV séculos da história da arte e da Igreja em Braga. Em formação desde a sua fundação, em 1930, acolhe um valioso espólio de cerâmica, escultura, medalhística, mobiliário, numismática, ourivesaria, pintura e têxteis. A exposição permanente «Raízes de Eternidade. Jesus Cristo – Uma Igreja», consagrada à arte sacra, permite, através dos diferentes núcleos, revisitar a vida de Jesus Cristo e a história da Igreja em Braga. Esta é contada tomando como referência alguns arcebispos desde o século V até ao século XX. Os núcleos de paramentaria e ourivesaria complementam a narração. Museu Nogueira da Silva. Deve a sua fundação ao legado feito em setembro de 1975 a favor da Universidade do Minho por António Augusto Nogueira da Silva. A dimensão do edifício, da autoria do arquiteto Rodrigues Lima, o jardim e a localização no centro da cidade disponibilizaram espaços para atividades culturais complementares às do museu, como é o caso da galeria da Universidade, onde se realizam exposições temporárias de arte. Museu Pio XII. Dispõe de um vasto espólio de numismática, cerâmica, têxtil, escultura, pintura, ourivesaria e lítica. Os visitantes poderão conhecer parte significativa da obra de Henrique Medina, um dos grandes retratistas do séc. XX. Vestígios romanos Domus da Escola Velha da Sé. Conta-nos um pouco da história bimilenar da cidade de Braga. As ruínas conservadas documentam a transformação do espaço urbano entre a época romana e a atualidade. Neste espaço convivem vestígios de partes de uma casa romana, alterada ao longo dos séculos, estruturas defensivas medievais e a traça do próprio edifício da escola. Fonte do Ídolo. Provavelmente do século I d.C., consiste numa fonte de água com inscrições e figuras esculpidas num afloramento natural de granito. Perto dela encontraram-se vestígios arquitetónicos que indicam que o santuário pode ter feito parte de um templo. 12

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Vestígios romanos – Domus da Escola Velha da Sé

Termas Romanas. Em 1977, na colina da Cividade de Cima descobriram-se as ruínas de umas termas públicas junto ao Fórum da antiga cidade romana. As termas proporcionavam aos habitantes ou aos visitantes da cidade a possibilidade de tomarem banho de acordo com as regras prescritas pelos costumes de higiene pessoal da época. A área escavada tem cerca de 850 m2, mas é apenas uma parte do vasto espaço que estas instalações ocupavam. Não se conseguiu ainda definir o circuito interno nem a função de alguns compartimentos anexos. Nos finais do século III o edifício sofreu uma grande remodelação e a sua superfície foi muito reduzida. Jardins Jardim do Bom Jesus do Monte. Num dos locais mais adequados e aprazíveis de beleza e envolvência espiritual, ao atravessá-lo entra-se num espaço místico, com as escadarias envolvidas por árvores centenárias que conduzem o caminhante às capelas representando a paixão de Cristo. Num patamar médio encontra-se o primeiro miradouro, donde se avista a cidade e a paisagem envolvente. A partir daí as escadarias deixam de ziguezaguear pelo bosque frondoso e o espaço torna-se aberto. Ao cimo está a Igreja do Bom Jesus, imponente, convidando os caminhantes a visitá-la.


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Terras lusitanas

Jardim de Santa Bárbara

Jardim de St.ª Bárbara. É um espaço público localizado no centro da cidade. No seu interior existe uma fonte encimada pela estátua desta santa que lhe deu o nome. Universidade do Minho A UM foi fundada em 1973, faz parte do grupo das novas universidades que alteraram o panorama do ensino superior em Portugal. Atualmente tem cerca de 20 mil alunos e continua a ser um dos motores de desenvolvimento da cidade. Os estudantes que a frequentam podem, conforme as conclusões da Comissão Externa de Avaliação da Euro-

pean University Association, contar com cursos de qualidade e elevados padrões de ensino. A qualidade dos cursos resulta do trabalho de pessoal altamente motivado, do acompanhamento cuidado, da adoção de métodos de ensino inovadores e do desenvolvimento curricular adequado às exigências do mercado de trabalho. Em 2012, o jornal The Times situou-a entre as 400 melhores academias do mundo. Educação, tecnologia e inovação Fruto da aposta na educação e, sobretudo, da afirmação da Universidade como grande estrutura de investigação, a tecnologia e a inovação são áreas em franco desenvolvimento. Braga é considerada por muitos a «Silicon Valley» portuguesa, devido às inúmeras empresas ligadas ao software que nasceram na cidade. Instituto Ibérico de Nanotecnologia

Universidade do Minho

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O Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) é o primeiro, até agora único, centro de investigação e desenvolvimento na Europa nas áreas da nanotecnologia e nanociência. Tem um investimento anual de 30 milhões de euros e resulta de um acordo entre os ministérios desta área de Portugal e de Espanha, de 2005, para a sua criação e operação conjunta. Possui várias oficinas, laboratórios, uma biblioteca e auditórios. Será também dotado em breve de um centro de ciência viva para que seja mostrado à população o trabalho que ali se desenvolve.


Terras lusitanas

Acontecimentos marcantes na cidade O dinamismo de Braga é patente na diversidade de iniciativas culturais espalhadas pela cidade: música, teatro, dança, fotografia e cinema. Existe uma multiplicidade de sons, cores e movimentos que, pela sua riqueza e popularidade, se tornaram autênticas tradições. Com uma agenda religiosa, festiva e cultural sempre recheada, Braga tem uma constante animação. Os programas religiosos, respeitados e muito procurados, são marcados por momentos solenes e de sentida

Theatro Circo

devoção, mas também de alegria, onde o sagrado se mistura com o profano. Todos os anos as cores e a vivacidade das romarias e festas tradicionais emprestam às ruas muita vida e movimento. As salas de espetáculo enchem-se para ver e ouvir música, teatro, cinema e exposições, sem esquecer as ações comerciais e as feiras. O Parque de Exposições, e, principalmente, o recém restaurado Theatro Circo, entre outros espaços, são palcos privilegiados de grandes acontecimentos, com programas diversificados para todas as idades e gostos.

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N°4 - OUTUBRO - DEZEMBRO 2013

Instituto Ibérico Internacional de Nanotecnologia

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Suíça:

20 Frs 20€

Especial Suíça

Quem tem direito ao fundo de desemprego?

Escritores portugueses

Miguel Torga e a essência de Trás-os-Montes

Especial Portugal

O 5 de outubro de 1910

O mirandês

Um país, duas línguas

Hoje falo eu

Duas palavras do Cônsul-Geral de Portugal em Genebra

Bragança

Resto da Europa:

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Dezembro 2013

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Terras lusitanas

A mais elegante e requintada sala de espetáculos da cidade foi ideia de um grupo de bracarenses, cerca de 1906. A edificação decorreu de 1911 a 1914, ficando com capacidade para 1500 pessoas e afirmando-se, então, como um dos maiores e mais belos teatros portugueses. O edifício foi objeto de uma profunda obra de restauro e reestruturação dos espaços que o modernizou: reabriu em 2006 depois de um longo período encerrado. Manteve a traça original e foi dotado com um dos mais avançados equipamentos técnicos da Europa. É hoje uma referência no meio artístico, quer por possuir uma das mais carismáticas salas de espetáculos

imagem do Senhor Ecce Homo (ou «Senhor da cana verde») representa Cristo que se declarou rei e que o governador romano pôs a ridículo pondo-lhe na mão um simulacro de cetro (uma cana verde). Foi assim que Pilatos o apresentou à multidão, dizendo: «Eis aí o Homem!». Além das figuras alegóricas da Ceia e do julgamento de Jesus, desde 2004 que se incorporam na procissão alegorias das catorze obras de misericórdia, bem como figuras históricas ligadas à fundação e à história das Misericórdias, especialmente a de Braga. Desde há anos que se incorporam também várias Irmandades das Misericórdias de outros pontos do país; 3.ª − a do Enterro do Senhor: ocorre na sexta-feira santa e encerra o ciclo. Organizada pelo

Celebrações da Semana Santa

Festas de S. João

do país, quer pela programação que obedece a critérios de qualidade e ecletismo, refletindo os objetivos estratégicos propostos para este magnífico espaço cultural.

Cabido da Catedral, pelas Irmandades da Misericórdia e de Santa Cruz e pela Comissão da Semana Santa. Esta imponente procissão − a mais solene e comovente − leva pelas ruas da cidade o esquife do Senhor morto. Acompanham-no várias irmandades, cavaleiros das ordens Soberana de Malta e do Santo Sepulcro de Jerusalém, Capitulares da Sé e as autoridades civis e militares. Vão também os andores de Santa Cruz e da Senhora das Dores. Em sinal de luto, os Capitulares e os membros das Confrarias vão de cabeça coberta. Para mostrar a sua dor, as figuras alegóricas ostentam um véu de luto. As matracas dos farricocos vão silenciosas. As bandeiras e estandartes, com tarja de luto, arrastam-se pelo chão.

Theatro Circo

Semana Santa Braga é a cidade portuguesa que celebra a Semana Santa com maior solenidade e esplendor. Decoradas com motivos alusivos à quadra pascal, as ruas enchem-se de velas e de pessoas para assistir às majestosas procissões. Realizam-se todos os anos três grandes procissões: 1.ª – da Penitência: no 5.º Domingo da Quaresma, desde a Igreja de Santa Cruz, na cidade, até ao Santuário do Bom Jesus do Monte, ligando dois templos dedicados à Paixão e à Morte de Jesus. Junto a cada «Passo» há lugar a uma piedosa alocução; 2.ª − do Senhor Ecce-Homo: organizada desde tempos antigos pela Irmandade da Misericórdia, evoca o julgamento de Jesus e celebra a misericórdia por Ele ensinada. Abre o cortejo o exótico grupo dos farricocos, com grosseiras vestes de penitência, descalços e encapuçados, de cordas à cinta, como outrora os penitentes públicos, empunhando matracas e fogaréus (taças com pinhas a arder). Por isso se chama também Procissão dos Fogaréus. Integrados na procissão, os fogaréus evocam os guardas que, com archotes, foram de noite prender Jesus. A

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Festividades de S. João O S. João celebra-se no dia 24 de junho e é a maior festa concelhia profana (embora de matriz religiosa). As primeiras referências remontam a 1489, ignorando-se, já nessa época, quando terá ocorrido a primeira das festividades. A programação é rica e variada, com muita música popular, ranchos folclóricos, iluminações artísticas, fogo de artifício e uma série de manifestações culturais, desportivas e religiosas. É festejada com martelinhos, alho-porro, cheiro dos manjericos, saltos à fogueira e arraiais com tradicionais bailaricos.


Terras lusitanas Braga Romana Reviver o passado em Bracara Augusta é viajar 2000 anos no tempo, regressando ao Império Romano e evocando o quotidiano como capital da província da Gallaecia. No início de junho, é recriado um mercado romano no centro histórico da cidade, onde ocorrem cortejos romanos, espetáculos de artes circenses, representações dramáticas, simulações bélicas, personificações mitológicas, malabarismos, interpretações musicais e danças relativas à época histórica. Encontros da Imagem É um festival internacional de fotografia que se iniciou em 1987 e que se foi adaptando aos desenvolvimentos estéticos e formais da fotografia criativa, que é o seu objeto central. Gastronomia Terra de gentes laboriosas e amigas, tradições e história, Braga sabe acolher com uma boa mesa os visitantes, com pratos regados a vinho verde, jovem, fresco, capitoso e frutado. A diversidade da paisagem natural e as influências de outras culturas durante séculos geraram um festival de sabores e perfumes subtis na culinária minhota. O Minho é sobretudo bacalhoeiro. Em lascas de cura amarela, variedade do «fiel amigo» praticamente de-

saparecida, à Margarida da Praça, à Miquelina, à Mira Penha e, forçosamente à Narcisa (melhor, à Eusébia, a emérita cozinheira do restaurante vizinho do cemitério falecida em 1972), em todas estas formas de confeção se pode desfrutar esta gostosa iguaria. Há um prato tipicamente local, copiado um pouco por toda a parte: o arroz de pato à moda de Braga. O arroz é cozido na água da cozedura do pato e levado ao forno com rodelas de chouriço e tiras de presunto. Um toque especial leva o sarrabulho, sendo fundamental acompanhá-lo com os rojões de carne enrijada em vinha-de-alhos. Há ainda os farinhotes, enchidos de sangue de porco e farinha de milho; as belouras, tripas enchidas com farinha e condimentos; os fígados e o verde (sangue) frito com alho. Exclusivamente bracarenses são as frigideiras, grandes pastéis de massa folhada com recheio de vaca e presunto, citadas como divinas por Júlio Dinis e com que fazia as suas orgias gastronómicas o José Fístula. Mas é na doçaria que Braga atinge uma maior originalidade e requinte culinário, com o pudim Abade de Priscos, o toucinho do céu, as vieiras, o bolo-rei, os doces de romaria e os fidalguinhos, o biscoito seco para acompanhar o chá, bem como outras especialidades ricas de longa tradição conventual e popular. Câmara Municipal de Braga Praça Municipal • 4704-514 Braga Tel.: 253 203 150 Email: municipe@cm-braga.pt

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Gastronomia bracarense Bacalhau à moda de Braga (ou à Narcisa)

Rojões à moda do Minho

Ingredientes: 3 postas de bacalhau do lombo demolhado; 3 cebolas grandes; Azeite q.b.; Colorau q.b.; Pimenta q.b.; Sal q.b.; 1 folha de louro; Vinagre q.b.; 1 kg de batatas (fritas às rodelas). Preparação: 1. Demolha-se o bacalhau e frita-se em azeite. 2. Cortam-se as batatas às rodelas finas, temperam-se com sal e fritam-se em metade do azeite onde se fritou o bacalhau (acrescenta-se 1,5 dl de azeite). 3. Cortam-se as cebolas às rodelas finas, picam-se os dentes alho, junta-se uma folha de louro, colorau, pimenta, sal e umas gotas de vinagre e leva-se tudo ao lume em metade do azeite onde se fritou o bacalhau (acrescenta-se 1,5 dl de azeite). Logo que a cebola esta esteja mole retira-se tudo do lume. 4. Colocam-se as postas de bacalhau numa travessa de barro, põe-se por cima a cebolada e leva-se ao forno durante dez minutos. 5. Põe-se à volta do bacalhau as batatas fritas às rodelas e enfeita-se com azeitonas.

Papas de sarrabulho Ingredientes: (Para 6 pessoas) 1 kg de miúdos de porco (coração, fígado, etc.); 1 osso da suã (osso da coluna vertebral do porco, desde o cachaço até aos lombinhos);

250 gr de carne de vaca; 250 gr de farinha de milho; 250 gr de galinha gorda (de preferência do campo); 250 gr de sangue de porco cozido; Sal e cominhos a gosto.

Preparação: 1. Põe-se uma panela com água ao lume e, quando estiver a ferver, juntam-se as carnes, tempera-se com sal e deixa-se cozer até a galinha se desfazer. 2. Depois de cozidas, retiram-se as carnes e desfiam-se. 3. Deita-se a farinha no caldo de cozer as carnes, juntamente com o sangue e um pouco de fígado cozido e esmagado à mão, as carnes desfiadas e os cominhos a gosto. Misturam-se todos os ingredientes e deixa-se cozer, fazendo uma papa não muito espessa. 4. Servem-se as papas em tigelas polvilhadas com cominhos.

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Ingredientes: 800 gr de perna de porco com gordura; 3,5 dl de vinho verde branco; 4 dentes de alho; 2 folhas de louro; 3 a 4 colheres de sopa de banha; 1 colher de sobremesa de colorau; Sal e pimenta q.b.; 350 gr de castanhas descascadas; 300 gr de tripa enfarinhada; 100 gr de fígado de porco; 100 gr de sangue de porco cozido. Preparação: 1. Corta-se a carne em cubos com cerca de 5 cm de lado. Põe-se a marinar durante cerca de 2 horas no vinho, com os dentes de alho esmagados, o louro, o sal e a pimenta. 2. Num tacho levam-se os rojões e a marinada a lume forte até o vinho evaporar, depois junta-se a banha e, em lume brando, deixam-se fritar até alourarem. Mistura-se então o colorau dissolvido num pouco de vinho verde. 3. Entretanto corta-se a tripa enfarinhada em bocados (3 a 5 cm) e o fígado, ambos em fatias fininhas. Retira-se um pouco da gordura do tacho para uma frigideira e fritam-se lentamente a tripa, o fígado, as castanhas e o sangue. À medida que se vão fritando juntam-se aos rojões. 4. Serve-se numa travessa decorada com raminhos de salsa e rodelas de limão.

Pataniscas de bacalhau Ingredientes 600 gr bacalhau; 4 ovos; 50 gr farinha; 1 cebola; 1 ramo de salsa; Óleo para fritar; Sal q.b.; Pimenta q.b. Preparação: 1. Depois de demolhado coze-se o bacalhau. 2. De seguida escorre-se e lasca-se retirando-lhe também todas as peles e espinhas. 3. Faz-se um polme juntando os ovos com a farinha até se obter um creme. Se se achar necessário pode acrescentar-se um pouco da água onde se cozeu o bacalhau. 4. Pica-se a cebola finamente, bem como a salsa, e junta-as ao polme acrescentando também o bacalhau. 5. Por fim, tempera-se a gosto e frita-se o preparado às colheradas em óleo bem quente. 6. Deixa-se escorrer as pataniscas sobre papel absorvente para eliminar o óleo em demasia.


Gastronomia bracarense Pudim Abade de Priscos

Canela em pau; Casca de limão.

Aletria Ingredientes: 15 gemas de ovos; 500 gr de açúcar; 1 litro de água; 50 gr de toucinho de presunto; 1 cálice de vinho do Porto; Caramelo líquido;

Preparação: 1. Parte-se o toucinho em lascas muito finas. 2. Leva-se a água ao lume com o açúcar, o toucinho, a casca de limão e o pau-de-canela. Deixa-se ferver até fazer ponto de fio. Passa-se depois por um passador de rede e deixa-se até ficar morno. 3. Batem-se as gemas muito bem, junta-se o vinho do Porto continuando a bater-se e incorpora-se na calda entretanto amornada. 4. Vaza-se numa forma caramelizada, tapa-se bem e coze-se em banho-maria, em forno quente, durante mais ou menos 40 minutos.

Fidalguinhos de Braga Ingredientes: 450 gr de farinha de trigo tipo 65; 150 gr de açúcar; 75 gr de manteiga; 1 colher de chá de fermento em pó; 1,5 dl de leite; 2 ovos inteiros; 2 gemas; Raspa da casca de 1/2 limão; 1 colher de chá de canela. Preparação: 1. Peneira-se a farinha com o açúcar e juntam-se os ovos, as gemas, a manteiga, a raspa da casca de limão e a canela e amassa-se tudo muito bem até se obter uma massa homogénea. 2. Deixa-se descansar a massa durante cerca de meia hora. 3. Retira-se pequenas porções da massa e molda-se em rolos finos. Dobram-se ao meio, em forma de laço, e colocam-se num tabuleiro previamente pulverizado com o spray para untar. 4. Levam-se ao forno a 190ºC durante cerca de 20 minutos. Retiram-se do calor, colocam-se num prato de servir e polvilham-se com açúcar.

Ingredientes: 150 g de aletria; 5 dl leite; 200 gr de açúcar; 50 gr manteiga; 4 gemas de ovo; 1 limão. Preparação: 1. Põe-se a água a ferver numa caçarola. 2. Desfazem-se as «madeixas» da aletria e introduzem-se numa caçarola deixando-as cozer durante 5 minutos. 3. Aquece-se o leite com a casca fina do limão. Deita-se o leite aos poucos na caçarola com a aletria, que deve estar em lume brando, mexendo-se sem parar. 4. Junta-se a manteiga e depois o açúcar. 5. Batem-se as gemas e adiciona-se-lhes um pouco de leite. Retira-se a aletria do lume juntando-lhe as gemas cuidadosamente. 6. Leva-se de novo ao lume durante mais 2 minutos. 7. Ainda quente, deita-se a aletria numa travessa. Deixa-se arrefecer um pouco e polvilha-se com canela.

Rabanadas do Convento (Braga) Ingredientes: 1 pão do tipo cacete com 2 dias; 12 gemas de ovo; 700 gr de açúcar; Água q.b.. Para a calda 1 colher de sopa de manteiga; 1 colher de sopa de mel; 1 pau de canela; 1 pitada de sal; 2 cálices de vinho do Porto; 2 tiras de casca de limão; 200 ml de água; 300 gr de açúcar. Preparação: 1. Corta-se o pão em fatias com 1 dedo de espessura. 2. Faz-se uma calda pouco espessa com a água, o açúcar, o pau de canela, as cascas de limão, a manteiga, o mel e o sal. Retira-se do lume, junta-se 1 cálice de vinho do Porto e deixa-se arrefecer. 3. Batem-se as gemas num prato. 4. Leva-se o restante açúcar ao lume com água até se obter um ponto fraco. 5. Passam-se as fatias de pão pela calda, depois pelas gemas, frita-se uma de cada vez na calda que está a ferver. 6. À medida que se vão fritando colocam-se as rabanadas em travessas fundas ou em taças. 7. Regam-se as rabanadas com a calda da fritura depois de se ter juntado o outro cálice de vinho do Porto. Note que a calda terá farrapos de ovos, o que dará um aspeto característico às rabanadas. Câmara Municipal de Braga Praça Municipal • 4704-514 Braga Tel.: 253 203 150 Email: municipe@cm-braga.pt

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História e memória

Bracara Augusta Flávio Borda d’Água Historiador f.bordadagua@gmail.com

Bracara Augusta é o nome romano da cidade convidada este mês para tema principal da Lusitânia Contact, quer no artigo de fundo, quer no tema da capa. As origens desta cidade, a mais antiga do país, encontram-se num povoado anterior ao período celta, no qual se tornou a capital da Galécia, ainda antes de Portugal ter se ter formado como país. Os celtas organizavam-se em tribos e ocuparam o espaço territorial desde a Península Ibérica até à atual Turquia. O declínio deste povo iniciou-se com a romanização da Europa.

local onde existiria um povoado, e por uma necrópole que terá existido na zona dos Granjinhos. Na Idade do Ferro desenvolveram-se os chamados castros, povoações que ocupavam locais altos do relevo circundante da cidade atual. Os celtas eram os seus habitantes e, nesta região, em particular, habitavam os brácaros (em latim bracar), aos quais os romanos teriam ido buscar o nome da cidade após terem forçado as populações a descerem para os vales. Os romanos fundaram então Bracara Augusta, em homenagem ao Imperador César Augusto, no ano 16 a.C.

Do período pré-céltico há vários achados, como a Mamoa de Lamas, um monumento megalítico edificado, contudo, já no período Neolítico. No entanto, apenas se consegue comprovar a existência de aglomerados populacionais em Braga na Idade do Bronze. Caracterizam-se por fossas e cerâmicas encontradas no Alto da Cividade,

Após o declínio e a conquista do Império Romano, a cidade tornou-se a capital política e intelectual do reino dos Suevos, que englobava a extinta região da Gallaecia (hoje Galiza, o norte de Portugal, uma parte das Astúrias e das províncias de Leão e Zamora, e se prolongava até ao Rio Tejo).

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História e memória mas também edifícios religiosos consagrados ao culto de deuses pagãos, como o deus Tongoenabiagus. Isto demonstra, por exemplo, que a presença religiosa em Braga tem um lugar importante. Reza a sabedoria popular que Lisboa se diverte, que o Porto trabalha e que Braga reza. Todavia, Braga é uma das cidades portuguesas que têm o maior número de designações: na Antiguidade foi Bracara Augusta; mas existem outras, é também conhecida por Cidade dos Guerreiros do Minho, para relembrar o tempo em que Portugal ainda não era Portugal. À imagem de Genebra, que era conhecida durante o período da Reforma como a Roma protestante, Braga é intitulada a Roma portuguesa. O aspeto interessante entre estas duas denominações é que as ambas emergem no mesmo período, ou seja, no século XVI. É durante esse século que o arcebispo Diogo de Sousa redesenha a cidade, após uma viagem a Roma, em que os espaços principais passam principalmente a ser praças e igrejas. Sem esquecer que durante séculos o arcebispo de Braga era o mais importante da Península Ibérica, tendo mesmo recebido o título de Primaz das Espanhas. Lembramo-nos que, de um ponto de vista urbanistico, a iniciativa de D. Diogo de Sousa será mais ou menos reproduzida pelo Marquês de Pombal aquando da reconstrução de Lisboa, que deu uma nova cartografia à capital do reino. Tito Flávio Sabino Vespasiano foi um imperador romano, o primeiro da dinastia flaviana, ocupou o poder em 69 d.C. e foi determinante para o início do desenvolvimento de Braga, Santarém e Beja

No ano de 716 os Mouros alcançam a cidade e provocam-lhe grande destruição, dada a sua importância religiosa. Na época foi também palco de várias guerras, destruições e saques. Mais tarde foi reconquistada por Afonso III, rei das Astúrias. O desenvolvimento da cidade inicia-se após César Augusto, isto é, durante a dinastia flaviana, que foi a segunda do Império romano. O primeiro Flávio, ou flaviano, a aceder ao poder é o conhecido Vespasiano, do seu nome oficial Tito Flávio Vespasiano, que reina durante dez anos, entre os anos 69 e 79; segue-se então o imperador Tito Flávio (Tito Flávio Vespasiano Augusto), entre 79 e 81, terminando esta dinastia com o imperador Domiciniano (Tito Flávio Domiciano), entre os anos 81 e 96. É durante esta dinastia que Braga recebe o estatuto municipal e que é elevada a sede da assembleia (conventus), uma das três sedes, que reunia os então romanos e os indígenas. As outras cidades a receber este privilégio foram Santarém e Beja. Desta forma, Braga passa a ter uma função administrativa importante sobre uma região bastante extensa. A história desta cidade resulta da sua posição estratégica na região nordeste da Península Ibérica, tendo por isso sofrido diversas invasões, a que a historiografia portuguesa chama bárbaras. A sua importância levá-la-á a ser capital da província da Galécia durante o tempo do imperador Dioclesiano. O património arqueológico da cidade, e da região, é dos mais ricos de Portugal, como demonstram alguns estudos da Universidade do Minho. Durante diversas escavações foi descoberto um grande número de termas,

Braga barroca é outra forma para designar a capital da região minhota. Esta alusão ao período barroco é devido ao facto de o arquiteto André Soares ter transformado a cidade num verdadeiro ex libris deste estilo artístico, que floresceu em Portugal entre o século XVI e o século XVIII. Portugal é, aliás, assim com o Brasil, uma das grandes referências barrocas devido às decorações de igrejas que oferece aos visitantes. O ouro descoberto no Brasil e a efervescência cristã, que se fazem sentir nas duas partes do Atlântico, ajudaram bastante o desenvolvimento do estilo barroco. O aspeto religioso é um dos mais presentes em Braga, sendo ainda denominada como a cidade dos Três Sacro-Montes, isto devido a estarem situados nos seus arredores, na cadeia montanhosa a sudeste, nem mais nem menos do que três santuários importantes. Estamos a falar, como é óbvio, do Bom Jesus, do Sameiro e da Falperra (santuário em honra de Santa Maria Madalena e de Santa Marta das Cortiças). Como podemos confirmar, a cidade de Braga é uma das mais importantes cidades portuguesas e um verdadeiro tesouro cultural, tantas vezes ocultada devido à importância da capital, Lisboa, e também do Porto. Não podemos finalmente esquecer que Braga é a cidade da juventude. Embora seja uma mais antigas de Portugal – é duas vezes milenar – é também uma das que atrai e abriga o maior número de jovens. É de lembrar que a Universidade do Minho é uma das mais importantes do país, ao lado das de Coimbra, Lisboa, Porto e Aveiro. Bracara Augusta já chegou a ser considerada, e também distinguida, como a cidade mais jovem da Europa, distinção que em 2012 lhe valeu o prestígio de ter sido a Capital Europeia da Juventude. Fontes das imagens: Noua Bracarae avgvste descriptio, [Köln], [s.n.], 1594 (http://aleph.unibas.ch) Titus Flavius Caesar Vespasianus Augustus (http://commons.wikimedia.org)

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Escritores portugueses

João Penha

O 1.º parnasiano português

Sara Vitorino Fernandez CLEPUL Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias sarafernandez1976@hotmail.com

J oão Penha de Oliveira Fortuna, conhecido como o

poeta João Penha, nasceu em Braga no dia 29 de Abril de 1838. Estudou na Universidade de Coimbra, onde se matriculou em Teologia, mas acabou por concluir o curso de Direito. Foi um estudante boémio e cultivou amizades com alguns dos grandes homens de Letras da época, como Guerra Junqueiro ou Antero de Quental. Nos anos de estudante fundou e dirigiu um jornal literário conhecido como A Folha, que foi publicado entre 1868 e 1873. Este jornal pretendeu ser um espaço aberto a todas as correntes poéticas, mas acabou por ser uma publicação onde se manifestou com primazia o parnasianismo — uma nova corrente literária de influência francesa. Este periódico teve como principais colaboradores Antero de Quental, Guilherme Braga, Alberto Pimentel e Gomes Leal. João Penha formou-se em 1873 e regressou a Braga. Exerceu advocacia e magistratura como juiz no Julgado da Sé, em Braga. Além da vida de magistrado, teve uma vida literária muito activa, publicando vários volumes de poesia e em prosa. Seguiu as influências francesas e podemos dizer que se tornou num dos introdutores do Parnasianismo em Portugal. Esta corrente literária surgiu em França na primeira metade do século XIX e foi uma reacção contra a literatura romântica e o excesso de sentimentalismo na poesia e no romance. As temáticas parnasianas buscam a simplicidade de temas e procuram abarcar questões universais, afastando-se de assuntos mais intimistas e sentimentalistas. Os parnasianos franceses acreditavam também que a arte deveria servir a sociedade. Em Portugal, o Parnasianismo manifestou-se somente na segunda metade do século XIX, mas de uma maneira muito discreta. Na época, Eça de Queiroz e Antero de Quental defendiam que a arte deveria ter uma função social e que o romance e a poesia seriam uma das melhores formas de influenciar o pensamento da popula22

ção. O Parnasianismo confundiu-se com o Realismo nos seus objectivos e nas suas temáticas, pois afastou-se da poesia sentimentalista, que valorizava demasiado o indivíduo, para retratar, com certa imparcialidade, cenas da sociedade e do quotidiano. Neste cenário cultural, João Penha seguiu a tendência parnasiana através da sua obra poética. O poeta focou a temática do Amor de uma forma amarga e desiludida, evitando e criticando os entusiasmos românticos. A paixão acaba em desilusão e o sofrimento amoroso é retratado de forma irónica. Vejamos o soneto «Vinho e Fel», que integra o primeiro volume de poemas deste autor, intitulado Rimas, publicado em 1882. Oh ventura perdida, mal sonhada! Quem dissera que tudo acabaria, Como este meu charuto, em cinza fria, Em fumo que se esvai no obscuro nada! Deixaste-me, julgando-te adorada Pelo moço de estranha galhardia, Que no aspecto e nos gestos reflectia O Manfredo sombrio da balada. Abalroando ao penetrar na barra, Senti do ciúme a lacerante pua: Quis ir-te em cima, erguida a cimitarra. Mas foi-se-me depressa a ideia crua, Graças a um vinho de espanhola parra, E à mudança benéfica da lua. Também o retrato da Mulher é feito com alguma crueza e ironia. As mulheres deixam de ser anjos românticos e símbolos de pureza para se tornarem em criaturas frias e de sentimentos duvidosos. Como exemplo temos o soneto «Jura»:


Escritores portugueses Quando ao ver-te aborrecida, Em teu sofá recostada, Te propus, com voz magoada, Consagrar-te a alma e a vida,

tuguesa da época, morreu pobre e doente em 1919, na terra que o viu nascer. Depois da sua morte foram publicados dois volumes de poemas, Últimas Rimas (1919) e Canto do Cisne (1923). O seu desalento como homem e poeta está bem patente no seu soneto «Última Vontade».

Uma proposta sentida, Recebeste-a à gargalhada! E logo eu disse: coitada! Estás de todo perdida!

O corpo num lençol e, assim metido em minha mãe, donde nasci, a terra. Nada do som do bronze, um som que aterra, que descontenta um delicado ouvido.

Como na boca do sapo Se vai meter a doninha, Hás-de cair-me no papo.

Ninguém ouse soltar um só gemido junto da cova que o meu corpo encerra; longe, a minh’alma em outros mundos erra, dêem-lhe a paz dum sempiterno olvido.

Não me escapas, avesinha: Não me tenho por guapo, Mas, que importa? Hás-de ser minha! A obra de João Penha mostra um desencanto e um pessimismo em relação a tudo quanto é sentimental. O autor prefere os prazeres materiais da vida, a diversão, a boémia, aos prazeres espirituais. Apesar da importância literária que teve e da convivência com os grandes vultos da cultura por-

Nada de luto, de sanefas pretas; onde eu fique, um recôndito jardim, onde ela, a mais divina das Julietas, se, por acaso, se lembrar de mim, possa colher um ramo de violetas com que inflore o seu peito de cetim.

Triste de quem nos alvores da primavera dos anos sentiu no peito os agrores dos funestos desenganos! (João Penha)

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Poesia Maria Ondina Braga Biografia Maria Ondina Soares Fernandes Braga nasceu em Braga em 1932, onde fez os estudos liceais, abandonando a sua cidade nos anos 50. Após uma breve passagem pela Escócia e Inglaterra, onde foi precetora e frequentou a Royal Society of Arts, instalou-se em Paris aí trabalhando e estudando na Alliance Française. Em 1959 rumou até Angola e Goa (onde esteve aquando da ocupação indiana) e, mais tarde, Macau, onde ensinou Português e Inglês até 1966, data do seu regresso a Portugal. Desenvolveu também a atividade de tradutora em obras de Erskine Caldwell, Graham Greene, Bertrand Russel, Herbert Marcuse e Tzyetan Todorov. Colaborou em várias publicações periódicas como o Diário de Notícias, o Diário Popular, A Capital, Panorama, Colóquio-Letras e Mulher. O fascínio pelo povo chinês levou-a ao Leitorado de Português no Instituto de Línguas Estrangeiras de Pequim, em 1982, ano em que redigiu as crónicas reunidas em Angústia em Pequim (1984), uma «narrativa dolorosa, cirúrgica», segundo Inês Pedrosa. Regressou a Macau em 1991 a convite da Fundação Oriente, tendo registado esse reencontro em algumas páginas da narrativa de viagens Passagem do Cabo (1994). Busto de Ondina Braga, Avenida Central, Braga.

Maria Ondina Braga Regresso

A sua bibliografia inclui poesia, romance, contos e crónicas de viagem, afirmando-se como ficcionista e sendo considerada um dos grandes nomes femininos da narrativa portuguesa contemporânea. Depois de ter vivido em Lisboa durante muitos anos, voltou a Braga onde faleceu no dia 14 de março de 2003.

Não sei dizer porque fui. Não sei contar como vim. Caminhos de toda a gente Não guardam rastos de mim. Cruzei os campos maninhos Onde os ciganos assentam Seus arraiais cinza e ouro. Pasci rebanhos de sombras. Montei cavalos de agouro. Volto simples como os mortos, Mãos de gestos absortos, Perfil de dor e de lei. A amortalhar-me, piedosos, Sonhos que nunca sonhei.

José Manuel Mendes Viagem

Lúcio Craveiro da Silva O livro

ainda aprenderei o lume que nas rosas me buscava

Toma o teu livro cuidadosamente como quem afaga um tesoiro. Inclina-te contente, e abre o segredo de oiro das laudas vigilantes: ardem como um coração fixam como um olhar abrem-se como uns lábios que segredam uma oração. Toma o teu livro que te ensina a Vida com um abraço de irmão.

mas agora soa o bronze da terra a ressequir e o peso da lava não pede outras areias seu repouso e seu florir (Outubro de 1996)

(Macau, 13/12/1962)

Amadeu Torres (Castro Gil) Bom Jesus do Monte Turíbulo da noite, em ritmos vagos, A lua anda num céu que doira e incensa. O ar rescende a nardo e à seiva imensa Da floresta espelhando-se nos lagos. Madeixas de irreal, mornos afagos Descem da ramaria absorta, densa. E o silêncio é uma catedral suspensa Da fé que ali sorveu a longos tragos. Êxtase. Paz. Mistério. A aragem calma Em cada sombra esperta um sonho e uma alma Que nos embriagam a alma de ideais… Um convento sem celas e sem monges, Parecendo guardar do olhar dos longes O Santo Graal das gestas medievais. 24

Maria Adelina Vieira Fonte (i)limite Se te consentem atentos os deuses que lúcido dançando num voo tangido instante repouses na fonte ilimite as coisas instantes não interrogues bebe-as pouco a pouco. E se unidos em sumo concílio novo voo te for ora interdito cala uno a justa voz da quimera adia o encontro, olvida a espera a lei não desafies. E até que dos píncaros te despertem ensaia um sábio sorrir de Gioconda colhe um a um teus ávidos sentidos. No néctar fugaz do leve Morfeu põe total prazer. Dorme.


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Festividades

O Natal do Senhor P. Miguel Dalla Vecchia Missionário Scalabriniano miguel.dv@scalabrini.net

Caros amigos leitores, estamos a viver momentos de espera, de alegria e de esperança. Em breve celebraremos o Natal do Senhor. Contudo, precisamos viver com intensidade o tempo do Advento, que é, por excelência, a oportunidade que Ele nos dá em cada ano para nos prepararmos para acolher aquele que veio, que vem e que está sempre no meio de nós: Jesus. O Natal não deve ser, somente, um momento que aproveitamos para trocarmos prendas e para convivermos, encontrarmo-nos, os mais próximos ou os mais distantes, para festejar em família e com os amigos. O Natal deve ser, acima de tudo, a festa da Cristandade, em que recordamos que Deus se faz Homem para redimir a Humanidade e nos convida a viver a fraternidade e a solidariedade. O verdadeiro espírito do Natal não deve ser comercial, do consumismo, dimensão muito redutora das nossas vidas e do sentido que lhe devemos dar. Antes deve ser o de criar ao nosso redor um clima de união, de oração e de amor, para que os irmãos que vivem ao nosso lado se possam sentir valorizados e tenham os mesmos direitos e deveres. Criar um clima de paz e de harmonia, permitir que todos possam ter uma vida digna, com casa, trabalho, direito e acesso, na prática, à saúde e à educação, sem esquecer que enquanto nós festejamos o Natal, por vezes na fartura pouco contida, muitos vivem na pobreza extrema ou em clima de guerra, em suma, com total falta de dignidade que deve enformar as nossas vidas. Caros irmãos, os meus sinceros desejos são de que, neste Natal que a passos largos se avizinha, cada um de nós possa fazer um gesto de solidariedade e de partilha para com os mais necessitados. Temos o direito de festejar e de nos alegrarmos, é evidente que temos, mas não te-

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mos o direito de esquecer aqueles que estão privados dos bens materiais mais elementares deste mundo, privação que lhes retira as condições básicas de dignidade, pois o Senhor veio para todos nós. Só poderemos dizer que é verdadeiramente Natal quando não houver mais irmãos excluídos pelas nossas sociedades, devido a este materialismo consumista, quando todos tiverem os mesmos direitos e a possibilidade de viver uma vida segundo os padrões comummente reconhecidos como sendo de dignidade. Portanto, queremos que o Natal celebre, mais uma vez, o nascimento do Senhor, do Emanuel, do Deus connosco, a festa por excelência onde o nosso coração se abra aos irmãos que estão tanto ao nosso lado como longe de nós. A cada um de vós e às vossas famílias um FELIZ E SANTO NATAL, na paz e na alegria. Um NOVO ANO de prosperidade e de nova humanidade. BOAS FESTAS A TODOS. HORÁRIOS DA MISSÃO CATÓLICA DE LÍNGUA PORTUGUESA DE GENEBRA ATENDIMENTO NA SECRETARIA: Terça a sexta: das 15h00 às 18h30 Sábados: das 9h00 às 11h30 MISSAS: Terça a sexta: às 19h00, na capela. Sábados: às 19h00 Domingos; às 9h30 / às 11h00 / às 18h00 MISSAS DE NATAL: Dia 24 de dezembro: às 24h00 (meia noite) Dia 25 de dezembro: às 11h00 / às 18h00 Av. de Sainte Clotilde 14 bis • 1205 - GENEVE Tel. 022 70 80 190

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Mensagens de Natal

Mensagem de Natal João Ramos Pinto Embaixador de Portugal na Suíça

Começo por saudar a publicação da vossa revista Lusitânia Contact e faço votos para que possam dar informação útil aos nossos compatriotas residentes na Suíça. Tenho a maior admiração e respeito pelos portugueses que vivem na Suíça, os quais, com o seu esforço, trabalho e solidariedade tanto contribuem para o desenvolvimento de Portugal e também para a economia do país que os acolhe. No momento em que entramos na quadra natalícia, um período especialmente dedicado ao convívio com a família, desejo para todos os portugueses residentes na Suíça um bom Natal com muita paz a alegria. Aproveito a oportunidade para expressar os meus votos de um Ano Novo muito feliz e com saúde. Podem continuar a contar em 2014 com o apreço e apoio dos serviços da Embaixada e dos Consulados de Portugal na Suíça.

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Mensagens de Natal

Votos de Feliz Natal e Bom Ano Novo Licínio Bingre do Amaral Cônsul-Geral de Portugal em Zurique

Miguel de Calheiros Velozo Cônsul-Geral de Portugal em Genebra

Caros leitores: Habitamos num país rico e organizado que nos aceitou e respeita, onde nos impusemos pela capacidade de trabalho e pelo modo de vida familiar. Aqui nos integrámos pacífica e gradualmente, mas continuamos a ser Portugueses e devemos sentir orgulho em sê-lo, assumindo, sem complexos, essa condição. A opção determinada e corajosa que foi deixar o nosso país e partir à procura de trabalho e de melhores condições de vida que seja agora sentimento de autoconfiança naquilo que fomos, somos e seremos. Na verdade, é bom não esquecer que com a nossa língua, cultura e tradições honramos Portugal. Nesta época convido-vos, precisamente, a partilhar na sociedade que nos acolhe as nossas vivências de Natal: a Consoada em família, com o bacalhau e o peru; as decorações natalícias centradas à volta do Presépio; a troca dos presentes em família ou deixados no sapatinho; para quem for religioso, a Missa do Galo, como nas nossas vilas ou aldeias. E tudo isto num espírito de concórdia e solidariedade. Solidariedade e partilha devem ser também as palavras de ordem para com os que vivem em maior solidão e dificuldades − o Natal é para Todos e deve chegar a Todos. Desejo-vos um Feliz Natal e um Bom Ano Novo!

Caros concidadãos: Neste meu primeiro Natal entre vós, na Suíça, não queria deixar passar a oportunidade sem vos saudar. Esta é uma altura propícia para a meditação e para se estar com a família. Espero que todos possam passar esta quadra rodeados pelos seus, aqui ou em Portugal, e que consigam aproveitar este período para usufruir plenamente a companhia dos vossos familiares e amigos. Ao terminar o ano podemos também reflectir sobre o que conseguimos realizar e se atingimos os nossos propósitos, esperando que o Ano Novo nos permita concretizar plenamente todas as nossas expectativas. Espero também que 2014 permita consolidar a recuperação que se iniciou em Portugal no ano em curso. Para que a nossa Pátria consiga ultrapassar os obstáculos que ainda enfrenta é necessária a ajuda de todos para cumprirmos esse objectivo. Queria desejar a todos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.

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Especial Portugal

O Ultimatum inglês de 1890 Reto Monico Historiador retomonico@gmail.com

A aliança de Portugal com a Inglaterra, que data de 1373, foi abalada por uma grave crise nos finais do século XIX. Neste artigo, ilustrado com algumas caricaturas da época, pretende-se explicar o que foi o Ultimatum de 1890, acontecimento que está na origem, entre outras coisas, do hino nacional A Portuguesa. A repulsa contra os ingleses foi tão grande na altura que deu origem a este hino de guerra, tendo, no entanto, a sua letra sido parcialmente modificada — por exemplo, em vez de se dizer «contra os bretões [ingleses] marchar, marchar», passou a dizer-se «contra os canhões marchar, marchar» —, para que pudesse ser adotado como hino nacional sem levantar problemas diplomáticos.

A exploração das costas africanas pelos europeus começa no século XV, mas até cerca de 1880 (a data da Conferência de Berlim, que decorreu de 19 de novembro de 1884 a 26 de fevereiro de 1885 e teve como objetivo definir as regras da ocupação de África pelas potências coloniais), os países europeus não colonizam praticamente o interior do Continente, limitando-se a ocupar as zonas costeiras. Quando começa a corrida à África, Portugal reclama, então, os direitos históricos porque foi o primeiro país a explorar estas costas. Porém, na Conferência de Berlim estipula-se que as potências coloniais só podem considerar como seus os territórios que ocupam realmente. É por isso que Portugal quer conquistar um território que permita unir Angola e Moçambique. Organizam-se, então, várias expedições para pôr em prática este objetivo. Este projeto da África Meridional Portuguesa — conhecido por «mapa cor-de-rosa», porque no mapa, concebido pela Sociedade de Geografia, em 1881, estes territórios aparecem coloridos nessa cor — tornaria impossível o famoso lema de Cecil Rhodes: «Domínio inglês do Cairo ao Cabo», a ligação planeada pelos colonialistas ingleses entre e o Egito, e a África do Sul. Londres abre o conflito diplomático em 1887, mas é em novembro de 1889, com a expedição de Serpa Pinto ao 30

«O macaco travesso». O semanário Punch, de 14 de dezembro de 1889, conta a história do macaco Jacko, muito traquina, que quis brincar com o mapa da África. Agarrou numa pena, meteu-a no tinteiro e escreveu «Anexação». Mas Jacko, que é um trapalhão, sujou as mãos e encheu o mapa de manchas de tinta — Nisto entrou John Bull [o Zé Povinho inglês] com a bengala e o pobre macaco Jacko teve de fugir rapidamente. Moralidade da história, segundo o semanário britânico: «Um macaco não deve brincar com mapas, mesmo sendo um português simpático».

Chire (Niassalândia e atual Malawi), que a crise entre os dois países chega a um ponto de quase rutura. O governo inglês acusa Portugal de ter atacado, quer os Macalolos, quer os Machonas (atual Zimbabué), povos que estavam, segundo o governo do 1.º ministro Lord Salisbury, «sob a proteção de sua Majestade». Toda a imprensa inglesa ataca Portugal, nomeadamente a partir de meados de novembro. «O papel de Portugal em África é uma maldição para os pretos, uma vergonha e uma desgraça para a civilização branca», escreve, por exemplo, The Times, a 7 de janeiro de 1890.


Especial Portugal As explicações dadas por Henrique Barros Gomes, o ministro dos Negócios Estrangeiros, não satisfazem Londres que, a 11 de janeiro de 1890, envia um memorandum no qual exige que Portugal retire todas as suas tropas das zonas em questão. Em caso de resposta negativa, o embaixador Petre deixaria imediatamente Lisboa. Além disso, no porto espanhol de Vigo, o navio Enchantress está a espera de receber ordens. Como o pequeno Portugal não tem condições para se opor à grande Inglaterra e ao seu Ultimatum, o governo de José Luciano de Castro vê-se obrigado a aceitar todas as condições impostas pela velha aliada. Para os intelectuais e a opinião pública portuguesa, o Ultimatum é uma autêntica catástrofe. Assiste-se também, nas principais cidades do país, a uma onda de agitação antibritânica.

Resposta de Rafael Bordalo Pinheiro no semanário Pontos nos ii, de 19 de dezembro de 1889: (A palavra que o general Cambronne teria pronunciado é: «Merde!»).

Semanário Punch, de 19 de janeiro de 1890, artigo «Para falar claro»: «John Bull [O Zé povinho inglês]: — Olha lá, portuguesinho, tira as patinhas de cima da minha bandeira!».

Logo no dia 12, na baixa lisboeta, começa um violento protesto contra a Inglaterra e o governo português. Ouvem-se «Abaixo os piratas», «Abaixo os Braganças», «Morte aos ingleses». Segundo a imprensa da época, no Rossio concentram-se entre 1 500 e 5 000 pessoas que se dirigem ao Consulado britânico e arrancam o brasão que se encontra em cima da porta. A casa de Barros Gomes é apedrejada, os jornais republicanos aclamados. O povo invade o Teatro São Carlos e põe a bandeira nacional a meia haste: «Hoje é dia de luto». Apesar da intervenção policial, as manifestações duram até altas horas da madrugada. Mais de cinquenta pessoas são presas, entre as quais Alberto de Oliveira, o futuro ministro de Portugal em Berna [Cf. Lusitânia Contact, n.º 4, outubro de 2013]. Naqueles dias, a estátua de Camões, no Bairro Alto, é coberta com um pano preto.

Resposta de Rafael Bordalo Pinheiro no semanário Pontos nos ii, de 23 de janeiro de 1890: «Também David era pequeno, e com uma simples pedrinha fez desabar Golias, o gigante».

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Especial Portugal Nestas duas imagens – as únicas que encontrei nos periódicos helvéticos consultados — o caricaturista do Nebelspalter não se esquece de que as verdadeiras vítimas do conflito são os africanos (ao pé das palhotas estão os cadáveres de dois indígenas).

Semanário Nebelspalter, de 11 de janeiro de 1890: «O inglês: — Pare, Senhor, deixe-me o negro. Quero civilizá-lo! O português: — Deixe-me fazer isso. Que seja eu ou o Senhor, para ele não vai mudar nada».

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Os protestos – que envolvem o povo no seu conjunto — não se limitam às manifestações de rua. Organiza-se, igualmente, uma grande subscrição nacional para comprar armas; a Associação Comercial de Coimbra, como a de Lisboa, declara uma «guerra sem tréguas» ao comércio e à indústria ingleses; alguns industriais, como, por exemplo, os da Covilhã, declaram já não querer exportar para Inglaterra; os alfaiates suprimem os figurinos ingleses; a companhia de circo do Coliseu já não contrata artistas ingleses; dão-se nomes de africanistas a algumas ruas das cidades; por medo ou em sinal de protesto, alguns ingleses residentes em Portugal pedem a nacionalidade portuguesa; os empregados ingleses em casas particulares são despedidos; os estabelecimentos comerciais que têm nomes ingleses mudam-nos; os letreiros de alguns nomes de ruas são arrancados e substituídos por outros (a Travessa dos Inglesinhos, por exemplo, torna-se a Travessa dos Ladrões); criam-se novas palavras, tais como inglesada, inglesar, dando-lhes um significado negativo [«uma inglesada» (um roubo); «preso por inglesar», «prisão de um inglês» (prisão de um ladrão)]; questiona-se o próprio ensino do inglês (em 1890 não há exames desta língua nas escolas portuguesas); protesta-se contra a presença de palavras inglesas na língua portuguesa; os barbeiros recusam-se a fazer a barba aos ingleses; etc.


Especial Portugal Tudo se acalma a partir de março, mas a publicação, a 30 de agosto de 1890, do Tratado de Londres desencadeia fortes reações na imprensa, nos setores económicos, desportivos, académicos e políticos. A rua volta a agitar-se com grandes comícios, nomeadamente em Coimbra, Lisboa e Porto. A 15 de setembro a polícia faz 53 prisões e um jovem operário morre. O protesto atinge o seu auge no dia 17, quanto a polícia ataca os manifestantes. Com a queda do governo Pimentel, a 18 do mesmo mês, e a não ratificação do Tratado pelo poder legislativo, o movimento começa a enfraquecer. A assinatura do novo Tratado Luso-Britânico, em 28 de maio de 1891, não provocará nenhuma reação significativa na opinião pública lusa. Esta relativa indiferença pode parecer um pouco paradoxal, porque este tratado é muito mais desfavorável a Portugal do que o de agosto do ano anterior. ***

Semanário Nebelspalter, de 8 de fevereiro de 1890. Este jornal satírico exprime a opinião de quase todos os jornalistas suíços: os ingleses não respeitaram os tratados e o direito internacional. (das Recht = o direito).

A esmagadora maioria da imprensa suíça, espanhola, francesa, austríaca, alemã e italiana que consultei defende a posição portuguesa e condena, muitas vezes duramente, a arrogância inglesa. O título do editorial do quotidiano parisiense La Lanterne, de 16 de janeiro de 1890, «O direito da força», resume a opinião de quase todos os editorialistas não britânicos. Publicam-se também diversas caricaturas, o que prova a importância do conflito anglo-português para a opinião pública da Europa ocidental da altura.

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Portugueses de sucesso

Fernando Lopes

info@obomgosto.ch

A minha vida nunca teve facilidades, comecei a trabalhar aos 12 anos, depois de ter frequentado o Ciclo Preparatório do Ensino Secundário (mais conhecido por 5.º e 6.º anos de escolaridade). Em Celorico de Basto só havia padarias onde um jovem se pudesse iniciar na vida ativa, a outra escolha seria trabalhar no campo. Por essa razão tenho quatro irmãos com a mesma profissão que a minha, trabalhando no ramo da panificação. A vontade de sair de Celorico de Basto havia algum tempo que se tinha manifestado em mim, logo que me surgiu a oportunidade fiz-me ao caminho e cheguei a Genebra, isto em 1986, solteiro e com 22 anos. Não foi nada fácil encontrar o trabalho que desejava, mas quando as circunstâncias da vida falam mais alto o remédio é aceitar o que aparece. Foi assim que comecei a trabalhar num restaurante chinês durante 15 dias. Um mês depois encontrei outro trabalho, como padeiro e pasteleiro, atividade que bem conhecia de Celorico, apesar de, à partida, não querer continuar nessa profissão. Inicialmente sem autorização para trabalhar, consegui o chamado «Permis A» através de um hotel em Genebra. Após quatro anos, já com o «Permis B», juntamente com a minha mulher, Deolinda Lopes, abrimos a primeira padaria e pastelaria «Bom Gosto», isto no longínquo ano de 1995, no local da antiga padaria onde trabalhei, que se chamava «La Parisienne», na rua de Zurich. Coube à Deolinda, mulher com quem decidi compartilhar a vida há 17 anos, de cuja união nasceu o nosso filho Filipe, escolher o nome «Bom Gosto». O trabalho era muito árduo, trabalhávamos 24 horas por dia e víamo-nos confrontados, permanentemente, com muitos sacrifícios. Eu começava a trabalhar às sete da noite e ia até ao meio-dia seguinte, a minha mulher começava às quatro da manhã e ia até às sete da noite. Mas o trabalho árduo e sério compensa sempre, pelo que estes nossos sacrifícios nos trouxeram as nossas recompensas. Há muitas pessoas que pensam que o nosso êxito atual foi fácil, mas, de facto, não foi. Continuo convencido de que sem sacrifícios nunca se conseguirá nada, a não ser que se usem processos pouco honestos.

Há uma curiosidade que eu descobri nesta atividade e que nunca pensei que existisse: por vezes há quem encomende até três bolos de aniversário para festejar com outros tantos grupos diferentes de pessoas no mesmo dia. E também se descobre que há quem seja mal intencionado, quem faça encomendas dizendo que as pagará no dia seguinte mas nunca mais aparece. Mas a paciência é um dom que eu possuo e que me tem ajudado a enfrentar todas as contrariedades na vida. No «Bom Gosto», na rue des Asters 4, investi cerca de 700.00 francos, porque é aqui que são confecionados todos os nossos produtos. Está em curso um projeto de alargamento de maior dimensão para melhor servir os nossos estimados clientes e promover, com mais vigor, a doçaria portuguesa que tanto sucesso têm tido desde que a demos a conhecer aos portugueses e aos genebrinos. Durante 10 anos ocupámos um espaço à entrada do supermercado «Manor», onde as bolas de Berlim, recheadas com «apricot» (damasco), framboesa ou chocolate fizeram sucesso. Os célebres bolos de natas, o bolo-rei pelo Natal e o pão de ló pela Páscoa, deliciaram também milhares de pessoas, que os podem continuar a encontrar atualmente nas nossas lojas. A equipa de 30 empregados que connosco colabora é o motor principal que põe a funcionar esta máquina que são as nossas lojas, empregados a quem quero exprimir, através da Lusitânia Contact, o meu apreço e estima públicos. Todos os nossos produtos são reconhecidos em Genève desde 1989. E já agora convido-vos a uma visita aos nossos quatro pontos de venda nesta cidade: o principal situa-se na rue des Asters 4, os outros três são o Café L’Aquarium, na rue du Grand-Pré 67, a Shop do Blandonnet Centre, em Vernier e o último na rue de Chêne-Bougeries 39-41. N.R. - Esta rúbrica está aberta a todas as pessoas que queiram participar e dar a conhecer à Comunidade a sua história de vida. Não se esqueçam de enviar uma foto.

O papel é um dos produtos mais utilizados nas tarefas do dia-a-dia. A utilização banal prejudica vastamente o nosso planeta. A Revista Lusitânia Contact não gosta de desperdícios. Antes de se separar da revista, pense em oferecê-la a um amigo. Se não for o caso, por favor, pense no meio ambiente e faça reciclagem.

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Saúde ALIMENTAÇÃO pArA DIABÉTICOS

13 porções de hidratos de carbono ao dia 3 colheres de sopa de cereais integrais

1 batata

2 colheres de sopa de arroz ou massa

amidos

3 colheres de sopa de grão ou feijão

2 colheres de sopa de flocos de aveia

2 tostas integrais ou 2 bolachas de água e sal

Uma alimentação equilibrada e planeada ao longo do dia pode prevenir as diabetes de tipo 2 e gestacional. Regra de ouro: não permanecer mais de três horas sem comer

6 colheres de sopa de fava ou ervilha

30 g de pão integral ou 25 g de mistura

1 laranja

2 tangerinas pequenas

1 pêssego

Frutas

1 copo de leite + 30 g de pão de mistura (2 porções) 1 chá sem açúcar + + 2 tostas integrais (1 porção)

1 laranja + 2 bolachas cream cracker (2 porções)

teste saúde 104 agosto/setembro 2013

1 maçã média

merendas

1 chá sem açúcar + + 25 g de pão de mistura (1 porção) 30 g de pão integral com queijo magro + + 2 tangerinas (2 porções)

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1 pera + 25 g de pão de mistura (2 porções)

1 pera média

1/2 banana ou 14 morangos

indicamos as equivalências em hidratos de carbono para os alimentos mais comuns. entre amidos e frutas, todas as quantidades equivalem a uma porção. nas merendas, podem corresponder a uma ou duas. Consuma, pelo menos, 13 porções, repartidas por seis a sete refeições diárias. as refeições principais devem incluir um mínimo de duas e as merendas uma a duas.


Saúde Doença crónica que resulta da produção insuficiente de Alimentação mo de glicose pelo organismo insulina pelo pâncreas ou da incapacidade de o organise mais controlados ficarão os correta mo usar eficazmente aquela hormona, a diabetes afeta açúcares. e exercício mais de um milhão de portugueses. insuficiência de alimentos e Doença crónica que resulta da ■ Stresse, infeções e, nos doentes Alimentação •ta ouStresse, físico infeções e, nos exercício físico em excesso. que tomam insulina, doses insufi- correta produção insuficiente de insulina Como a insulina regula a glicose no sangue, os diabétidoentes que tomam insulina, ajudam cientes podem ou aumentar pelo ou da incapacidade cospâncreas estão sujeitos a um fenómeno de também hiperglicemia, doses insuficientes também e exercício a prevenir a glicemia. Mas estes doentes podeseja, o organismo usar eficazmente Planearaumentar é o segredo a um aumento dos níveis de açúcar. podem a glicemia. a diabetes aquela hormona, a diabetes afe- dem ainda experimentar o inverso: físico ajudam Mas ■ O diabético não épodem diferente de estes doentes ainda de tipo 2 a prevenir hipoglicemia, que surgeaquando taAmais de ummais milhão de portu-é a ado quem não sofreo da doença: deve diabetes frequente tipo 2, associada experimentar inverso: a hipoidadesComo mais aavançadas, a uma alimentação incorreta e abaixo a diabetes glicemia, quando os níveis de açúcar se fixam gueses. insulina regula a os seguir umaque dietasurge saudável. A difeao sedentarismo. detipo açúcar se fixam abaixo dos 70 miligramas por de de glicose no sangue, os diabéticos dos 70 miligramas por decilitro níveis rença está na distribuição dos ali2 decilitro de sangue. Podementos ser causada falta ou insuestão sujeitos a um fenómeno de sangue. Pode ser causada por falpor umpor maior número de Neste caso, ooupâncreas produz ficiência de alimentos e exercício físico em excesso. hiperglicemia, seja, a um au- insulina, mas o organismo resiste à sua ação. Já o mento dos níveis de açúcar. tipo 1, que surge sobretudo A diabetes mais frequente é a do em jovens, caracteriza-se tipo 2, associada a idades mais s pela falta ou insuficência de avançadas, alimentação produção adeuma insulina. Daí os incorreta e ao sedentarismo. doentes terem de adminisNeste o pâncreas produz intrá-lacaso, todos os dias. Outro sulina, masdiabetes, o organismo resiste tipo de dita ges-à tacional, na sua ação. Já opode tipo 1,aparecer que surge sogravidez no geral, desapabretudo eme,jovens, caracteriza-se recefalta após parto. pela ou oinsuficência de produção de insulina. Daí os doentes Para de quem sofre da doença, terem administrá-la todos os a alimentação é importante, dias. Outro tipo de diabetes, dita mas não traz a cura. Porém, gestacional, pode aparecer na gracomo a obesidade é um fator videz e, no geral, desaparece após de risco, o controlo do peso, Qual a importância de uma primeira o com parto.uma alimentação consulta? Para quem sofre da doença, a aliequilibrada e exercício físico, Tal como a medicação e a atividade física, mentação é importante, mas não é fundamental para prevenir a alimentação faz parte do tratamento da glicemia são mais rigorosos, é necessário as adiabetes de tipo 2 ea gestraz cura. Porém, como obediabetes e tem como objetivo estabilizar distribuir mais os alimentos, com intervatacional. sidade é um fator de risco, o conos níveis de glicemia e gordura no sangue los inferiores a três horas. trolo do peso, com uma alimentae controlar o peso. Uma primeira consulta Neste artigo, damos dicas ção equilibrada e exercício físico, com um dietista ou nutricionista permite de que forma a fruta e os laticínios depara vigiar os níveis de açúé fundamental para prevenir as recolher informações acerca da ingestão vem ser incluídos na alimentação? car no sangue e compor um diabetes de tipo 2 e gestacional. menu diário equilibrado alimentar (hábitos, horários ou preferên- Se não houver contraindicações, recoNeste artigo, damos dicas para vie variado. cias), estilo de vida, obstáculos e crenças, menda-se duas a três doses de fruta e giar os níveis de açúcar no sangue de forma a eestabelecer o tratamento. outras tantas de laticínios por dia. O leite e Raízes compor um diário equilido menu problema deve ser meio-gordo ou magro e os iobrado e variado. Como define as necessidades energéti- gurtes naturais ou de aromas ou pedaços, • Além do excesso de peso, a cas e a repartição das refeições? magros e sem adição de açúcar. Não há predisposição genética pode raízes do problema As necessidades energéticas são calculafrutas proibidas: todas têm frutose. Por pela a dia■ ser Alémresponsável do excesso de peso, predas através de fórmulas que têm em conta isso, há que ter em conta as equivalências betes. O genética risco sobe também disposição pode ser reso peso, a altura, o género, a situação clíni- da fruta em hidratos de carbono para vaem indivíduos com hipertenponsável pela diabetes. O risco ca e o nível de atividade física. Se o obje- riar a qualidade mantendo a quantidade. são também ou colesterol elevadocom ou sobe em indivíduos tivo for perder peso, é recomendado um mulheres que tiveram diahipertensão ou colesterol elevado betes gestacional. Hábitos corte de 500 quilocalorias, conjugado com os diabéticos devem recorrer a "proou mulheres que tiveram diabetes de vida saudáveis são meio atividade física regular. A distribuição dos dutos especiais" ou uma alimentação gestacional. Hábitos de vida saucaminho andado alimentos depende dos aspetos referidos, normal é suficiente? dáveis meio ou caminho andado para são evitar retardar a do tipo de diabetes e do tratamento. Se estivermos a falar de uma alimentapara evitar ou retardar a doença. doença. ção equilibrada e variada, é suficiente. ■ A hiperglicemia pode ocorrer nas diabetes do tipo 2 e gestacional, as Os diabéticos não devem recorrer frequen• Avárias hiperglicemia pode por razões, entre as ocorquais refeições são definidas de igual forma? temente a "produtos especiais": além de porer poralimentares várias razões, entre excessos e sedentarisO planeamento das refeições é individu- derem conter ingredientes que favorecem as Quanto quais mais excessos mo. intensaalimena ativial e independente do tipo de diabetes. o aumento de peso, no geral, conduzem a tares e sedentarismo. Quandade física, maior será o consumo Mas, na gestacional, como os objetivos de um comportamento de “consumo livre”. to mais intensa a atividade de glicose pelo organismo e mais física, maior será o consucontrolados ficarão os açúcares.

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TESTE SAÚDE entrevista Ana Raimundo, dietista

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teste saúde 104 agosto/setembro 2013

"todas as frutas têm açúcar"

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Saúde Planear é o segredo ALIMENTAÇÃO pArA DIABÉTICOS

teste saúde 104 agosto/setembro 2013

Para controlar >• O diabético não é diferente dequem não sofre da os níveis de açúcares no doença: deve seguirsubidas uma dieta saudável. A diferença refeições, para evitar ou nos cereais integrais, no feijão, nas Para controlar sangue, deve está na distribuição dos alimentos por um maior descidas acentuadas da glicemia, ervilhas e na fruta.númeos níveis de conhecer ro de refeições, para evitar subidas ou descidas acene nas quantidades. O ideal é fazer ■ Devido ao elevado teor em açútuadas da glicemia, e nas quantidades. O ideal é fazer açúcares no e dosear seis a sete refeições por dia e não car e gordura, há que evitar bolos, seis a sete refeições por dia e não estar sem comer por os alimentos sangue, deve estar comer por mais de três e salgados. pode mais sem de três horas. À noite, devedoces evitar mais deMas oito a comer fornecedores horas. À noite,em deve evitar mais de um doce de vez em quando. Prefi- conhecer nove horas jejum. oito a nove horas em jejum. ra o final da refeição, tendo o de cui- hidratos e dosear de ■• Comece principais de reduzir quantidade de carbono Comeceasasrefeições refeições principais dado com uma sopa arica em os alimentos

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• Fruta, leite ou iogurtes sem açúcar podem preencher as refeições ligeiras a meio da manhã, à tardeosou à ceia. diárias e distribuir hidratos de O chá sem açúcar acompacarbono pelas refeições. Aquelas nhado de bolachas integrais variam consoante a idade, o peso é outra alternativa. e a atividade física. Também é importante estável a quanCortarmanter nos açúcares tidade de hidratos de carbono ao longo do dia, evitar grandes • Antes de para iniciar a dieta, é útilconsultar um nutricionisflutuações dos níveis de glicemia. ou dietista para ajudá-lo a legumes. Se incluir segundohidratos prato,deprepare-a, com uma sopa rica emum legumes. carbono node prato. ■ ta A glicose no sangue provém sofornecedores calcular as suas necessidades energéticas diárias e dispreferência, sem batata. caso■de comer umasem açúSe incluir um segundo prato,No preFruta, leiteapenas ou iogurtes bretudo da digestão dos hidratos tribuirde os hidratos hidratos de carbono pelas dos refeições. Aquelas sopa ao já é sem importante incluir batata ou um pare-a, de jantar, preferência, bata- car podem preencher as refeições de carbono alimentos. O diavariam consoante a idade, o peso e a atividade física. equivalente. de carbono ta. No caso de comer apenas uma ligeiras a meio da manhã, à tarde bético tem de contabilizá-los, pois Também é importante manter estável a quantidade de sopa ao jantar, já é importante in- ou à ceia. O chá sem açúcar acominfluenciam os níveis de glicemia. hidratos de carbono ao longo do dia, para evitar grandes • Se juntar leguminosas, como o feijão, o grão e as cluir batata ou um equivalente. panhado de bolachas integrais é Para isso, deve conhecer os aliflutuações dos níveis de glicemia. lentilhas, as necessidades em proteína (por exemplo, ■ Se juntar leguminosas, como outra alternativa. mentos que os contêm. Pão, masprovenientes da carne) diminuem. Os legumes cozidos osão feijão, o grão e as lentilhas, as sa, arroz, batatas, leguminosas, • A glicose no sangue provém sobretudo da digestão dos ótimas fontes de fibra. Também as encontra no pão necessidades em proteína (por noCortar açúcares fruta e laticínios são os principais. hidratos de carbono dos alimentos. O diabético tem de escuro, nos cereais integrais, feijão, nos nas ervilhas e exemplo, útil Ao ingerir iogurte, pois influenciam os fruta, níveisleite de ou glicemia. na fruta. provenientes da carne) ■ Antes de iniciar a dieta, é contabilizá-los, diminuem. Os legumes cozidos consultar um nutricionistaPara os alimentos contêm. ou isso, deve conhecer acompanhe comque um os alimento rico Pão, massa, arroz, batatas, fruta de e laticí• Devido elevado açúcar e gordura, que evisão ótimasaofontes de teor fibra.em Tamdietista para há ajudá-lo a calcular emleguminosas, hidratos de carbono absornios são os principais. Ao ção ingerir fruta, ou iogurte, tar bolos, doces enosalgados. Mas pode comer um doce energéticas de bém as encontra pão escuro, as suas necessidades lenta, comoleite bolachas integrais acompanhe com um alimento rico em hidratos de carvez em quando. Prefira o final da refeição, tendo o cuidado ou pão de mistura. bono de absorção lenta, ■como bolachas integrais de reduzir a quantidade de hidratos de carbono no prato. Outro método para escolherou os pão de mistura. alimentos baseia-se no chamado índice glicémico. Este classifica • Outro método para escoos lher alimentos de acordo com a sua os alimentos baseia-se Verifique os açúcares na embalagem capacidade de elevar a glicemia no chamado índice glicé-e pode ser considerado baixo, mico. Este classifica os méalidio ou alto. Quanto mais baixo, mentos de acordo com a alegações nutricionais sua capacidade de elevar a mais lenta será a digestão e a ab“Sem açúcar adicionado” não significa glicemia e podedeser consi-e, sorção dos hidratos carbono que este se encontre ausente: podem existir derado baixo, médio após ou açúcares naturais. Se aparecer "light", assim, a subida da glicemia deve ser indicado o ingrediente que torna alto. Quanto mais baixo, a ingestão de um dado alimeno alimento "light". Compare rótulos e veja será digestão e to.mais Entrelenta os que têmaíndice baixo, se o valor calórico é mesmo menor. a absorção dos hidratos de incluem-se flocos de aveia, legucarbono e, assim, a subida edulcorantes minosas, arroz integral e pão de da glicemia após a ingestão mistura. este conceitoEntre não é Aparecem como aditivos, pelo nome ou pela de umMas dado alimento. letra E seguida de um número. Os polióis consensual entre a comunidade os que têm índice baixo, têm valor energético. Os edulcorantes médica e científica. incluem-se flocos de aveia, intensos, como o não têm, estão ausentes ■ Alguns produtos arroz alimentares são leguminosas, integral da informação nutricional. Se o alimento contiver mais de 10% de polióis, deve exibir e pão de mistura. Mas este adoçados com edulcorantes, para a menção “o consumo excessivo pode ter conceito não aé reduzir consensual ajudar o diabético o conefeitos laxativos”. entre comunidade médica sumo de aaçúcares (ver ilustração científica. ao elado). Sorbitol, xilitol, isomalte, Lista de ingredientes manitol e maltitol são exemplos de Os ingredientes são indicados por ordem • Alguns produtos alimenpolióis, os quais apresentam cerca decrescente. Mel, xarope de glucose tares são adoçados com e cevada maltada são outras formas de metade do valor energético da edulcorantes, para ajudar de açúcar adicionado. A fruta e o leite sacarose. o diabético a reduzir o também contêm açúcares. ■ Mas o consumo de edulcoranconsumo de açúcares (ver tesilustração em excessoao pode ter umSorbiefeito rotulagem nutricional lado). laxante. Os adultos devemmanievitar tol, xilitol, isomalte, Incluída na maioria dos rótulos, surge por 100 g ou 100 ml e, às vezes, também por tolde e maltitol mais 50 gramassão porexemplos dia de alidose. Vigie o valor energético e o teor em de polióis, os quais aprementos com estas substâncias. hidratos de carbono, açúcar, gordura e sal, sentam cerca de metade As crianças, mais sensíveis, posobretudo por porção. doreagir valormal energético sa-a dem com dosesda de 10 20 carose. gramas.

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Saúde ■•Por suao vez, os edulcorantes diMas consumo de edulcotos intensos, o acessulfame rantes em como excesso pode ter rOTEIrO pArA DIABÉTICOS K,um nãoefeito têm calorias nemOsafetam laxante. adul-a anote as resPostas Certas evitar mais de 50 glicose novez, sangue. Os edulcoran■tos Por devem sua os edulcorantes digramas por dia deaçúcar, alimenum doce esporádico, até três peças de fruta por dia e refeições a cada três horas são tes substituir mas tos podem intensos, como ooacessulfame rOTEIrO pArA DIABÉTICOS tos devem com ser estas substâncias. boas práticas para diabéticos do tipo 2. não consumidos sisteK, não têm calorias nem afetam a As crianças, mais sensíveis, maticamente. anote as resPostas Certas glicose noreagir sangue. Oscom edulcoranpodem mal doses os diabéticos podem comer bolos ou doces de ■tes A podem fibra ajuda a controlar a gliceum doce esporádico, até três peças de fruta por dia e refeições a cada três horas são substituir o açúcar, mas de 10 a 20 gramas. vez em quando. Verdadeiro Desde que o façam mia após asser refeições, pois torna boas práticas para diabéticos do tipo 2. não devem consumidos sistecom planeamento e ingiram uma pequena pormais lenta a absorção açúcar. • Por sua vez, osdoedulcomaticamente. ção. Mas devem diminuir a quantidade de ouJunte 25 aajuda 30 gramas ao menu dios diabéticos podem comer bolos ou doces de ditos ■rantes A fibra aintensos, controlar acomo glicetros hidratos de carbono nessa refeição. ário. O pão integral ou de mistura vez em quando. Verdadeiro Desde que o façam o acessulfame K, não têm camia após as refeições, pois torna com planeamento e ingiram uma pequena porcontém mais fibra do que o branlorias nem afetam a glicose mais lenta a absorção do açúcar. o açúcar amarelo e o mel substituem o açúcar ção. Mas devem diminuir a quantidade de ouno sangue. Os edulcorantes co. A fruta pode ser ingerida, mas Junte 25 a 30 gramas ao menu dibranco. Falso Tal como o açúcar branco, são podem substituir oduas açúcar, tros hidratos de carbono nessa refeição. com moderação: inclua a três ário. O pão integral ou de mistura constituídos por sacarose. Os edulcorantes de mas não devem sercom consumipeças, de preferência, casca e contém mais fibra do que o branmesa, sem sacarose, são uma opção para adodos sistematicamente. o açúcar amarelo e o mel substituem o açúcar acompanhadas fontemas de co. A fruta pode de ser uma ingerida, çar o chá ou café. Alguns edulcorantes perdem branco. Falso Tal como o açúcar branco, são amido. com duas a três o poder adoçante quando submetidos a elevaDesde que planeado, um doce • Amoderação: fibra ajudainclua a controlar a constituídos por sacarose. Os edulcorantes de ■peças, Os produtos ditosas light nem sem-e de vez em quando não faz mal de preferência, com casca das temperaturas. glicemia após refeições, mesa, sem sacarose, são uma opção para adopre sãotorna opção. É preciso pois mais afonte absoracompanhadas delenta umaconfirmar de çar o chá ou café. Alguns edulcorantes perdem se a redução se deve à substituição ção do açúcar. Junte 25 a 30 saltar uma refeição não tem importância. Falso Os diabéticos do tipo 2 devem repartir as amido. o poder adoçante quando submetidos a elevaDesde que planeado, um doce do edulcorante ou aopor menu diário. O sempãoà refeições de modo a não estarem mais de três horas sem comer. Falhar uma refeição ou ■gramas Osaçúcar produtos ditos light nem de vez em quando não faz mal das temperaturas. adição gordura. Podeconfirmar verificar integral ou de mistura contém ingerir alimentos em quantidade reduzida pode conduzir a hipoglicemia. pre são de opção. É preciso mais fibra do que o branco. A estas informações na rotulagem se a redução se deve à substituição saltar uma refeição não tem importância. Falso Os diabéticos do tipo 2 devem repartir as fruta pode ser ingerida, mas dos alimentos. ingerir duas a três peças de fruta por dia traz benefícios. Verdadeiro A fruta é uma exdo açúcar por edulcorante ou à refeições de modo a não estarem mais de três horas sem comer. Falhar uma refeição ou com moderação: inclua duas celente fonte de vitaminas e fibra, mas também tem açúcares. Por isso, os diabéticos adição de gordura. Pode verificar ingerir alimentos em quantidade reduzida pode conduzir a hipoglicemia. a três peças,controladas de preferência, do tipo 2 não devem ingerir mais de três peças ao dia. Se o fizerem nas refeições lialegações estas informações na rotulagem com casca e acompanhadas geiras, devem juntar alimentos de absorção lenta, como bolachas de água e sal ou pão ■dos A União Europeia aprovou uma ingerir duas a três peças de fruta por dia traz benefícios. Verdadeiro A fruta é uma exde alimentos. uma fonte de amido. de mistura. Enquanto sobremesa, no final da refeição, não precisam deste cuidado. lista de alegações de saúde e nutricelente fonte de vitaminas e fibra, mas também tem açúcares. Por isso, os diabéticos cionais a que os alimentos podem do tipo 2 não devem ingerir mais de três peças ao dia. Se o fizerem nas refeições li• Os produtos ditos light alegações controladas recorrer. Entre estas, encontramgeiras, devem juntar alimentos de absorção lenta, como bolachas de água e sal ou pão sempre sãoaprovou opção.uma É ■nem A União Europeia -se "sem adiçãode desaúde açúcar" ou preciso confirmar se a eredução se deve à subsde mistura. Enquanto sobremesa, no final da refeição, não precisam deste cuidado. lista de alegações nutriNão abuse dos edulcorantes, "sem açúcar", usadas em produtos tituição do açúcar por edulcorante ou à adição Não cionais a que os alimentos podem TESTEtêm SAÚDE AcONSElhA de gordura. Pode verificar estas informações na pois efeito laxativo para diabéticos. recorrer. Entre estas, encontramabuse dos rotulagem dos foram alimentos. ■-se Recentemente, introduzi"sem adição de açúcar" ou edulcorantes, das mais seis usadas alegações de saúde "sem açúcar", em produtos Alegações pois Não têm na lista. Uma dizcontroladas respeito à frutose TESTE SAÚDE AcONSElhA para diabéticos. abuse dos efeito e■•Recentemente, consiste no seguinte: "O consuforam aprovou introduzi-uma lista de alegaA União Europeia Os diabéticos do tipo 2 e as grávidas devem consultar o edulcorantes, laxativo mo de alimentos contendo ções de seis saúde e nutricionais das mais alegações defrutose saúdea que os alimentos rótulo dos alimentos pré-embalados. Prazo de validade, lista pois«sem têm produz menor aumento de gli-encontram-se podem recorrer. Entreàestas, na lista.um Uma diz respeito frutose de ingredientes e rotulagem nutricional são os aspetos a ter cose no sangue do que os alimenefeito adição de açúcar» ou «sem açúcar», usadas em e consiste no seguinte: "O consuem conta. Os diabéticos do tipo 2 e as grávidas devem consultar o tos contendo glicose ou sacarose." produtos para diabéticos. laxativo mo de alimentos contendo frutose rótulo dos alimentos pré-embalados. Prazo de validade, lista Para serum utilizada, a substituição produz menor aumento de gliUma alimentação diária variada e repartida seis aasete de ingredientes e rotulagem nutricional são ospor aspetos ter • Recentemente, foram introduzidas mais seis de açúcar normal deve cose no sangue dopor quefrutose os alimenrefeições minimiza os picos glicémicos. Evite estar mais de três em conta. alegações de saúde na lista. Uma diz respeito à corresponder, pelo ou menos, a 30 tos contendo glicose horas sem comer. À noite, não deverá permanecer mais de oito frutose e consiste nosacarose." seguinte: «O consumo de por cento. Para ser utilizada, a substituição a nove horas em jejum.diária Incluavariada na dietae alimentos ricosseis emafibra. alimentos contendo frutose produz um menor auUma alimentação repartida por sete ■deDesde o normal ano passado que é proiaçúcar porno frutose devedo que os alimentos Prefira o pão e as massas integrais e não vá além de duas a três três mento de glicose sangue refeições minimiza os picos glicémicos. Evite estar mais de bido venderglicose produtos com alegacorresponder, pelo ou menos, a 30 Para ser utilizada, contendo sacarose.» peças de fruta por dia. Não esqueça as leguminosas. Sopa com horas sem comer. À noite, não deverá permanecer mais de oito ções não autorizadas. A lei previu, a substituição de açúcar normal por frutose deve por cento. pouca ou nenhuma batata, rica em cenoura, espinafres, a nove horas em jejum. Incluamas na dieta alimentos ricos em fibra. contudo, pelo para menos, a 30 por cento. ■corresponder, Desde oum anoperíodo passado que escoar é proifeijão-verde, couve, brócolos e abóbora, é indispensável. Prefira o pão e as massas integrais e não vá além de duas a três produtos comprodutos rótulos antigos, que bido vender com alegapeças de fruta por dia. Não esqueça as leguminosas. Sopa com • Desde o ano que é proibido vender terminou em finaispassado do primeiro ções não autorizadas. A lei previu, Mantenha umabatata, atividade física regular, que aumenta a pouca ou nenhuma mas rica em cenoura, espinafres, produtos com alegações atennão autorizadas. A lei semestre Estaremos contudo, de um2013. período para escoar eficácia da insulina e ajuda a eliminar o excesso de açúcar no feijão-verde, couve, brócolos e abóbora, é indispensável. previu, contudo, um período para escoar produtos para ver se rótulos estes rótulos apareprodutos com antigos, que sangue. tos com rótulos antigos, que terminou em finais cem nas prateleiras dos supermerterminou em finais do primeiro do primeiro semestre 2013. Estaremos atentos Mantenha uma atividade física regular, que aumenta a cados depois2013. da referida de data. semestre atenpara verde se estesEstaremos rótulos aparecem nas prateleiras eficácia da insulina e ajuda a eliminar o excesso de açúcar no tos para ver se estes rótulos aparedos supermercados depois da referida data. sangue. cem nas prateleiras dos supermerDeco Proteste cados depois da referida data.

Faça seis a sete refeições por dia

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teste saúdeteste 104 agosto/setembro saúde 104 agosto/setembro 2013 2013

Faça seis a sete refeições por dia

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Bem-estar

Cuidados posturais na gravidez Telma Ferreira Fisioterapeuta telmaferreira20@hotmail.com

A gravidez provoca inúmeras modificações no corpo da mulher. Entre elas podemos apontar as dos ossos, músculos, articulações, tendões, ligamentos e também no tecido conjuntivo. Os ossos tornam-se mais frágeis devido às mudanças hormonais, podendo provocar lesões na coluna vertebral. O centro de gravidade da mulher tende a alterar-se com o avançar das semanas de gestação, adotando a grávida por vezes uma postura incorreta que impõe à coluna vertebral e às articulações um esforço anormal. A partir do segundo trimestre da gravidez o aumento do peso gera um exagero nas curvas naturais da coluna vertebral, sendo importante que a gestante comece desde esse momento a cuidar da sua postura para evitar problemas maiores com a continuação da gestação. Uma postura adequada pode ajudar a transferir o peso da parte inferior da coluna (coluna lombar) para as ancas, pernas e pés. Seguindo algumas orientações posturais básicas, a gestante pode obter o máximo de segurança e um desempenho eficiente nas suas atividades diárias. Deverá, portanto: Usar sapatos adequados. O conforto é fundamental, pelo que a gestante deverá evitar saltos altos e finos e sapatos com bicos estreitos e apertados. Um sapato baixo e confortável favorece a circulação sanguínea, evita cãibras e facilita o posicionamento correto de todo o corpo. Manter-se em forma. A futura mãe deve fazer exercícios simples para as articulações, assim como caminhadas diárias de meia hora. Ter cuidado ao levantar objetos do chão. Deve fletir os joelhos, abrir as pernas e encaixar a barriga entre elas. A força deve incidir sobre os músculos das pernas e nunca sobrecarregando a musculatura da coluna vertebral. 40

Alteração do centro de gravidade, com consequências para a postura da mulher

Distribuir o peso da barriga. É importante que a grávida não coloque todo o peso da barriga para frente, pois essa postura pressiona a parte inferior da coluna e os músculos abdominais, aumentando a hiperlordose lombar. Ter cuidado ao sentar-se. Deve sentar-se em cadeiras que tenham encosto e apoio dos braços. O peso deve ser colocado sobre as nádegas, permitindo aos joelhos relaxar-se num ângulo de 90º e aos pés descansarem no chão. Se tiver de permanecer muito tempo nesta posição, deverá estimular a circulação batendo com os pés no chão alternadamente. Ter cuidado ao levantar-se de uma cadeira. Para se levantar de uma cadeira ou sofá a grávida deverá colocar os pés separados e virados para fora e os calcanhares no chão; de seguida deverá inclinar-se para frente com a coluna livre, libertando o peso sobre os calcanhares ao levantar-se. Desta forma não haverá tensão sobre a região lombar. Ter cuidado ao levantar-se da cama. Antes de se levantar, a grávida deverá mexer as mãos e os pés com movimentos circulares para lubrificar as articulações, preparando-as para o movimento; depois deverá virar-se de lado e apoiar o tronco sobre o cotovelo, levando as pernas para fora da cama. Ter cuidado ao dormir. Deverá colocar uma almofada que preencha o espaço entre a cabeça e os ombros e outra entre os joelhos. Preferencialmente, deverá adotar um posicionamento para o lado esquerdo, pois esta posição permite um relaxamento dos músculos ao mesmo tempo que diminui a compressão dos discos intervertebrais. Ter cuidado ao conduzir. Deverá evitar a extensão completa dos braços e das pernas mantendo-os em semiflexão. As gestantes deverão compreender a importância destas orientações e segui-las de forma gradual e de acordo com as condições individuais e a idade gestacional.



História de Portugal

Monarquia e bastardia II Adelito Rodrigues adelito1911@hotmail.com

Brasão da II Dinastia

Naquele tempo... em muitos aspectos, as coisas não seriam muito diferentes do que são hoje. Se bem que os Lamborghines, Jaguares, Porches e Ferraris daquelas épocas andassem a «gasopalha» e os «turbo» fossem apenas para quem tinha acesso a uns verdes prados; estes também transportavam os nossos reis aos «ballet rose» de então. Que fique bem claro: não é minha intenção «maldizer» os nossos reis e rainhas. Nem quero negar que foi também graças a eles que somos hoje quem somos. Uns mais do que outros, claro, enchem-nos de orgulho com os seus feitos gloriosos e as suas grandes conquistas territoriais. A nossa História está cheia de bons exemplos de valentia e bravura. Quiçá, algo que nos falta nos dias que correm. Hoje trago-vos mais um pouco da nossa História, como prometido. Mas, tal como já vos disse, a História que aprendemos na escola, essa, quase todos ainda a sabemos. Pesquisei então o tal «reverso da medalha» e eis o que descobri da segunda dinastia: Quadro da II Dinastia: de Avis ou Joanina

Reis

Nome

Cognome

Duração do reinado

Datas

10.°

D. João I

O da Boa Memória

48 anos

1385 –1433

11.°

D. Duarte

O Eloquente

5 anos

1433 –1438

12.°

D. Afonso V

O Africano

43 anos

1438 – 1481

13.°

D. João II

O Príncipe Perfeito

14 anos

1481 – 1495

14.°

D. Manuel I

O Venturoso

26 anos

1495 – 1521

15.°

D. João III

O Piedoso

36 anos

1521 – 1557

16.°

D. Sebastião

O Desejado

21 anos

1557 – 1578

17.°

D. Henrique

O Casto

2 anos

1578 - 1580

Regências: D. Leonor de Aragão e D. Pedro, Duque de Coimbra (1438-1439). Pedro, Duque de Coimbra, sozinho (1439-1448). D. João, o futuro Rei D. João II (1476-1477). Catarina de Áustria (1557-1562). Cardeal D. Henrique (1562-1568) 5 Governadores, presididos por D. Jorge de Almeida, Arcebispo de Lisboa (1580).

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D. João I, O da Boa Memória, nasceu em 1357, oriundo da carreira eclesiástico-militar (Mestrado de Avis) e bastardo régio. Que reinou de 6 de Abril de 1385 a 14 de Agosto de 1433 já toda a gente sabe. Menos conhecido é o facto de ter chegado a Rei porque os Infantes Castro estavam presos em Castela e porque, no dia 6 de Dezembro de 1383, o povo e alguns nobres (diz-se que ele também) mataram o conde João Andeiro à punhalada, conhecido confidente e amante da Rainha-viúva, D. Leonor Teles. Contudo, os castelhanos não nos deixaram em paz. Cercaram Lisboa mais de uma vez. A sul, vencemo-los em Atoleiros, em Abril de 1384, com D. Nuno Álvares Pereira à frente das hostes portuguesas; em Trancoso, em Maio de 1385; finalmente, em Aljubarrota, a 14 de Agosto de 1385, com a famosa Ala dos Namorados: a batalha decisiva para termos conquistado definitivamente a nossa independência. Seguiu-se ainda Valverde, em 14 de Outubro de 1385, que encerrou a questão. O vencido Rei de Castela morreu 4 anos depois, vítima de um acidente «rodoviário»: caiu do cavalo. Voltando ao nosso D. João. Apesar da sua vida eclesiástica, teve dois filhos quando ainda era adolescente. Mas também não se lhe conhecem amantes depois de casado. Do seu casamento oficial com D. Filipa de Lencastre ficaram oito filhos.


História de Portugal O Infante D. Henrique, o navegador, foi o 5.°, e o grande impulsionador dos Descobrimentos e da Expansão: a grandiosa gesta marítima dos portugueses de quatrocentos e de quinhentos. D. Duarte I, O Eloquente, foi o 11.° Rei e o 2.° desta dinastia, Reinando de 14 de Agosto de 1433 a 9 de Setembro de 1438. Sofreu uma enorme depressão e teve algumas recaídas graves. Com a morte de sua mãe, em 1415, vítima de peste, «bateu no fundo do poço». Recuperou. Em 1433 morreu-lhe o pai, que pranto houve naquela corte! Uma tristeza. Foi então coroado Rei, em 1433, mas foi «sol de pouca dura». O seu reinado durou apenas 5 «tristes anos». Finou-se. Mesmo assim ainda deixou dez filhos. Destes, nove foram de sua esposa, a Rainha D. Leonor, e um de uma fidalga de origem espanhola: apenas mais um bastardo.

D. Afonso V, O Africano, reinou duas vezes. A primeira, de 9 de Setembro 1438 até 11 de Novembro de 1477, tinha apenas 6 anos quando foi entronizado mas só assume o poder plenamente em 1449, apesar e ter atingido a maioridade em 15 de Janeiro de 1446: pediu ao tio que continuasse na regência que vinha desde 1438. A 11 de Novembro de 1447 «tirou umas férias» e foi até França. Quando regressou, quatro dias depois, voltou a sentar-se na «poltrona», ou, como quem diz, no trono. E aí ficou até 28 de Agosto de 1481. Quando «foi de férias» foi o seu filho João quem o substituiu. Casou aos 15 anos com D. Isabel, filha do seu tio Pedro, logo, sua prima em primeiro grau. Casou pela segunda vez aos 43 anos, com a Infanta Dona Joana, tinha esta apenas 13 anos. Além de ser menor, era ainda sua sobrinha. Hoje este acto seria considerado pedofilia e incesto. Mas naquele tempo cuidava da família. Mas este casamento foi por interesse (naqueles tempos, entre famílias reais, qual não era?), pois a Infanta era herdeira do trono de Castela. Se outras coisas não tivessem acontecido entretanto, Espanha e Portugal seriam hoje um só país ou, pelo menos, quem reinasse em Espanha teria «sangue luso». Mas as contas saíram-lhe furadas: foi derrotado na Batalha de Toro, a 2 de Março de 1476. Curiosamente, morreu no mesmo quarto onde nascera.

Dezembro 2013

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História de Portugal E eis D. João II, O Príncipe Perfeito, que era filho de Afonso V. Também reinou duas vezes, melhor, regeu o reino durante 4 dias, entre 11 e 15 de Novembro de 1477, para as ditas «férias» francesas do pai, e entre 28 de Agosto e 1481 a 25 de Outubro de 1495. Quanto ao casamento, naquele tempo as coisas não se deixam para o dia seguinte: quando casou, em 1470 (ainda futuro Rei), tinha 15 anos e D. Leonor, ainda Infanta, apenas 12.

Pela segunda vez Portugal volta a sonhar com a unificação da Península Ibérica. Afinal, D. Isabel era a herdeira das coroas de Castela e de Aragão.

Foi D. João II, com o seu cunho pessoal e o seu lema, «Pola lei e pola grei», que deu origem ao actual lema da GNR (Guarda Nacional Republicana): «Pela lei e pela grei». Foi também ele que definiu o brasão português tal como ainda é hoje. Foi conhecido como sendo justiceiro.

Mas foi sonho de pouca dura: a Rainha morreu de parto e o filho Miguel morreu com 21 meses. Lá se foi o sonho por água abaixo.

Não tanto pela justiça mas pela garantia de que a Coroa não caísse nas mãos de Castela, pelo que mandou prender ou executar algumas dezenas de fidalgos. A estratégia de D. João II era a de que o seu único filho legítimo, o Infante D. Afonso, viesse a ser o Rei de Portugal, Castela e Aragão. O seu sonho era ver a Península Ibérica unida sob a mesma coroa e sangue português. Só que esse sonho foi quebrado quando o seu filho morreu de acidente «rodoviário» para os lados de Santarém, em Alfange: caiu do cavalo.

D. Manuel casou então com a cunhada e tiveram 10 filhos. Casaria, pela terceira vez, com a castelhana D. Leonor de Áustria, de quem teve mais dois. Ao todo foram 13, o planeamento familiar ainda não tinha sido inventado e os reis estavam imunes às crises e à perda de rendimentos: podiam por isso ter filhos à vontade.

A Infanta-viúva, Isabel de Aragão, regressou a Castela, mas mal sabia ela nessa altura que um dia voltaria para casar com D. Manuel, o qual receberia a Coroa que estaria destinada ao seu defunto marido. Não foi Rainha com um... foi com o outro. Coisas do destino.

O seu reinado é lembrado pela perseguição aos judeus e aos muçulmanos, particularmente nos anos de 1496 a 1498. Esta política foi tomada de forma a agradar aos reis católicos, cumprindo uma das cláusulas do seu contrato de casamento com a herdeira de Espanha, Isabel de Aragão.

D. Manuel I, O Venturoso, foi 14.° Rei. Segundo se consta, foi-o quase por milagre. A Coroa caiu-lhe no colo sem ser herdeiro directo: não era filho do Rei anterior, nem sequer de qualquer outro.

O Massacre de Lisboa, de 1506, foi talvez uma das consequências da política de D. Manuel I. Seguiram-se as conversões forçadas dos judeus e, depois, confiou ao seu embaixador em Roma a missão secreta de pedir ao Papa, em 1515, a permissão de estabelecer a Inquisição em Portugal.

D. Manuel I foi amamentado por uma ama-de-leite, como era uso na época. No entanto, não era uma ama qualquer. Essa ama-de-leite, Justa Rodrigues, era mãe solteira, o que não era nada do outro mundo. Mas imagine-se que era mãe de dois filhos cujo pai era D. Manuel, bispo da Guarda. Por outro lado, este bispo era filho bastardo do Rei D. Duarte. Aqui temos um Rei com irmãos colaços (isto é, que não sendo irmãos de sangue são irmãos de leite), filhos de uma borregã. No entanto, foi fiel às suas rainhas: não se lhe conhecem amantes. Quando recebeu a coroa ainda era solteiro. Mas um Rei precisa de uma Rainha e logo se resolveu a questão. Fez-se a escolha e… quem seria a escolhida? A viúva do Infante D. Afonso, o que morreu no tal acidente «rodoviário» de que vos falei atrás (caiu do cavalo), que era filho de D. João II. Não fora a morte do Infante e D. Isabel seria Rainha. Mas o destino não perdoa: casou com D. Manuel I, acabou por ser Rainha da mesma maneira.

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No entanto, foi no seu reinado que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil e que Vasco da Gama chegou à Índia. Mas isso aprendemos nós na quarta classe. Note-se, contudo, que o nome Brasil só foi atribuído mais tarde devido à abundância de pau-brasil, madeira avermelhada, da cor de brasas, muito usada na tinturaria da época. Inicialmente foi-lhe dado o nome de Terras de Vera Cruz. Se vos descrevesse aqui as peripécias das naus, chegaríamos à conclusão de que estas Terras foram encontradas quase por acaso. D. João III, O Piedoso, nasceu de um parto doloroso na manhã de 7 de Junho de 1502. Reinou de 13 de Dezembro de 1521 a 11 de Junho de 1557 e foi o 15.° Rei de Portugal. Não terá sido um bom aluno, preferindo as lides hípicas. Para além de uma queda de uma varanda quando tinha 12 anos e de uns


História de Portugal ataques de sarna, destaca-se uma «real tareia» que levou do pai, D. Manuel I. Teria o miúdo uns 9 anos quando viu um pobre a pedir. Comovido, deu-lhe um burro que por ali estava. Só que o burro não era dele. O pedinte ficou todo contente mas o mesmo não aconteceu quando chegou o dono do jumento. A confusão só não foi pior porque D. Manuel, entretanto chegado, pôs fim à contenda de modo exemplar: devolveu o burro ao dono, deu a quantia equivalente ao pedinte e deu também uma real tareia no Joãozinho. Alexandre Herculano terá descrito o Infante como «intelectualmente imbecil». Haverá aqui alguma relação com as anedotas do Joãozinho? Outro caso curioso foi D. João ter estado quase para casar com a madrasta. Foi pressionado mas safou-se. Não queria casar com uma mulher a quem já tinha chamado mãe. Na verdade, D. João esteve noivo da madrasta ainda antes dela se ter casado com o pai. Depois da morte de D. Manuel, a viúva ainda se candidatou a Rainha, desta vez com o enteado. Ele tinha 19 anos e ela 23. Onde estava o mal? Mas D. João acabou por casar com uma «reclusa». Calma, eu explico. A escolha recaiu sobre D. Catarina de Áustria, tinha ela 17 anos. Catarina teve uma infância realmente muito conturbada: o pai morreu quando ela ainda andava no ventre da mãe, que era esquizofrénica. Deu ordem para que transladassem o corpo do marido para Granada, a quase 700 quilómetros. Pelo caminho pariu a pobre Catarina ou seja, nasceu durante o funeral do pai, ainda por cima numa modesta casa lá para os lados de Palência. A mãe acabou por ser internada e com ela Catarina. Joana, a mãe esquizofrénica, obrigou a filha a viver com ela, num pequeno compartimento, quase em clausura. Só anos mais tarde é que conseguiu deixar Tordesilhas e ir directamente para Lisboa. Daí se dizer que deixou a clausura para ser Rainha. D. Sebastião, O Desejado, foi mais um dos reis aclamados quando ainda era menor, tinha apenas 14 anos. Mesmo assim, reinou de 11 de Junho de 1557 a 27 de Agosto de 1578. Diz-se que pode ter morrido virgem. Efectivamente, existem narrativas muito peculiares que falam de vergonha ou repulsa pelo sexo feminino, até mesmo tendências ou gestos homossexuais. Fala-se também de doença venérea. Certo é que, ainda muito novo, os médicos da corte lhe diagnosticavam uma doença estranha de «fluxo de sémen». Suspeitou-se que seria gonorreia. Houve quem dissesse que a doença poderia ter surgido de uma relação pedófila com o padre Câmara, mas tal poderia não passar de especulação. O certo é que o padre sofria da mesma doença. Desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir, conhecida como a batalha dos três reis. O povo terá esperado por ele, indo com frequência ao miradouro do jardim de Santa Catarina para ver se o Rei vinha nalgum dos muitos navios que atracavam em Lisboa. Talvez por isso

hoje ainda se diga de uma pessoa que se põe a olhar e não vê nada :«está a ver navios». Foi um Rei à volta do qual se construiu uma lenda que impregnou de tal modo o nosso imaginário que o Quarteto 1111, primeiro, com a música «A Lenda de El-Rei D. Sebastião», de 1967 e a Filarmónica Fraude, depois, com a música «Sebastião Morreu», de 1969, o lembraram de uma forma original. Foi D. Sebastião que atribuiu uma tensa de 1500 réis a Luís de Camões, que morreu 2 anos depois na Barquinha, de peste, não de desgostos, como diz. D. Henrique, O Casto (não admira, era padre) foi o 17.° e último Rei desta dinastia, cujo reinado se estendeu de 27 de Agosto de 1578 a 31 de Janeiro de 1580. Aqui temos um Rei que, apesar de ser muito culto, ter fundado a Universidade de Évora, ter sido candidato a Papa no conclave de 1549, foi também muito impopular. Como se tudo isto não bastasse, abriu as portas para que os espanhóis tomassem conta de Portugal. Aos 10 anos já era Prior, aos 11 Abade, com 21 Administrador do Arcebispado de Braga e aos 27 foi mesmo Arcebispo de Braga e Inquisidor-mor do Reino. O pior legado que nos deixou foi não ter deixado sucessor. Por ser do clero era de esperar que não tivesse grandes apetências para as mulheres. Mesmo assim, ainda o quiseram casar, tinha ele já 66 anos: em vão. Morreu no dia do seu aniversário, a 31 de Janeiro, com 68 anos. Após a morte de D. Henrique foi eleito um Conselho de Governadores que dirigiu os destinos de Portugal, desde 31 de Janeiro a 24 de Julho de 1580. D. António I, Prior do Crato, foi aclamado Rei pelos seus apoiantes em Santarém, a 19 de Junho de 1580, mas a 25 de Agosto seguinte é derrotado pelas tropas de Filipe I, na batalha de Alcântara (Lisboa). Filipe I será proclamado nas Cortes de Tomar, em 1581. D. António refugia-se em Inglaterra e França, tentando obter ajuda para a sua causa, que consegue, concentrando as tropas e a resistência em Angra do Heroísmo. Morre em Paris, a 26 de Agosto de 1595. Seguiu-se a terceira dinastia, a Filipina, de que falaremos na próxima edição da Lusitânia Contact. NOV2013MS Fontes: Sérgio Luís de Carvalho e Wikilusa- Imagens. Nota: Este texto não obedece à ortografia do Acordo Ortográfico de 1990, pelo facto de o autor não concordar com o mesmo.

Dezembro 2013

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Economia 34 Dinheiro&direitos 118 julho/agosto 2013 POUPANÇAS PARA OS FILHOS FUNDOS | DEPÓSITOS Fundos || Depósitos poupanças para os filhos

Idade decide o melhor pé-de-meia

Idade decide o melho Entre depósitos, O NOSSO ESTUDO Teste prático em 5 bancos Analisámos o preçário de 20 bancos para verificar se dispõem de produtos de poupança para certificados, crianças e jovens. Fizemos ainda um teste prático nos balcões dos cinco maiores bancos. Apresentámo-nos como pais de uma criança de 3 anos e um jovem de 15 anos com 1000 euros de obrigações e Entre depósitos, certificados, obrigações fundos, a melhor cada uma para aplicar.e Contávamos aindaexplicamos investir cerca de 100 euros todos os meses, mas com fundos, explicamos liberdade para alterar o valor a aplicar. Em cada local, perguntámos que produtos nos aconserentabilizar o dinheiro até completarem os 18 anos. As visitas decorreram em abril estratégia para conseguir umalhavam boaparapoupança para os filhos a melhor estratégia de 2013. para conseguir oupar para o futuro dos filhos é 11 a 18 anos importante modo a garantir uma boadepoupança que, quando for necessário, existe Se a criança tiver 11 ou 12 anos, os fundos mistos defensivos são a melhor opção. para osparafilhos dinheiro pagar a universidaA percentagem investida em ações é menor, pelo que o risco também diminui.

P

de, comprar o primeiro carro ou financiar a viagem de finalistas. Daí que muitosPoupar pais tenham a preocupação organizar para o futuro de dos filhos é uma poupança para os mais novos. Mas, com importante de modo a garantir que, frequência, a dúvida: qualexiste a melhor soquandosurge for necessário, dinheiro lução parapagar rentabilizar o dinheiro? comprar o para a universidade, Analisámos as propostas dos bancos e viprimeiro carro ou financiar a viagem sitámos alguns balcões. Concluímos que as tede finalistas. Daí que muitos pais contas de poupança para crianças e jovens nham a preocupação de organizar têmuma um rendimento poucoos interessante, poupança para mais novos. inferior ao das melhores contas de depósito Mas, com frequência, surge a dúvida: dirigidas Quanto aos balcões que qual aa “adultos”. melhor solução para rentabilivisitámos, foram quase unânimes em aconzar o dinheiro? selhar depósitos a prazo, mesmo não sendo a melhor opção paraastodas as idades.dos Piorbancos foi a Analisámos propostas taxa anual líquida apresentada: 2 por cento. e visitámos alguns balcões. ConcluíComo a idade das crianças é um fator mos que as contas de poupança para decisivo na escolha do produto, ao crianças e jovens têm um devido rendimento prazo do investimento, apresentamos-lhe pouco interessante, inferior aoasdas melhores soluções para fazer um pé-de-meia melhores contas de depósito dirigidas para os seus filhos. Para tal, basta emque a “adultos”. Quanto aosverificar balcões quevisitámos, escalão etário eles se inserem (até aos foram quase unânimes10em aconselhar depósitos a prazo, mesmo não sendo a melhor opção para  todas as idades. OPior NOSSO foi a ESTUDO taxa anual líquida apresentada: 2 por Teste prático emcento. 5 bancos

■■Analisámos o preçário de 20 bancos Como a idade das crianças é um fapara verificar se dispõem de produtos tor decisivo na escolha do produto, de poupança para crianças e jovens. devido ao prazo do investimento, Fizemos ainda um teste prático nos apresentamos-lhe as melhores solubalcões dos cinco maiores bancos. ções para fazer um pé-de-meia para Apresentámo-nos como pais de uma os seus filhos. Para tal, basta verificar criança de 3 anos e um jovem de 15 em que escalão etário eles se inserem anos com 1000 euros de cada uma para (até aos 10 anos, entre os 11 e os 18 aplicar. Contávamos ainda investir ou mais de 18 anos). Siga os nossos cerca de 100 euros todos os meses, mas conselhos para o Rafael, para a Bruna com liberdade para alterar o valor a e para a Bárbara. Para cada escalão, aplicar. Em cada local, perguntámos indicamos a melhor estratégia de inque produtos nos aconselhavam vestimento de modo a rentabilizar ao para rentabilizar o dinheiro até máximo as poupanças e os produtos completarem os 18 anos. As visitas que são Escolha Acertada. decorreram em abril de 2013. 46

Para garantir que recebe a totalidade do capital investido, opte pelos Certificados de Aforro ou pelas Obrigações do Tesouro. Estas têm o inconveniente de implicar um investimento mínimo de 2500 euros, para diluir os custos de aquisição em bolsa. Também terá de manter os títulos até ao vencimento. Próximo dos 18 anos, os depósitos a prazo são a solução.

FUNdoS mISToS dEFENSIvoS Credit Suisse Portfolio Fund (L) Income Ruro B subscrição

activoBank

Mínimo

€ 155,55 (1 unidade de participação)

rentabilidade anualizada 5 anos

4,3%

3 anos

4,4%

Custo de gestão

1,3%

UBS SF Yield EUR N subscrição Mínimo

bcp, activoBank e Best € 13,46 (1 unidade de participação)

rentabilidade anualizada 5 anos

3,5%

3 anos

3,4%

Custo de gestão

1,68%

oBRIgaçõES do TESoURo subscrição

Bolsa (via banco ou corretora)

Mínimo

1 título

rendimento oT Junho 2018 (5 anos) 3,5%

CERTIFICadoS dE aFoRRo Ver ficha para mais de 18 anos

dEPóSIToS a PRazo Ver ficha para mais de 18 anos

Bruna Sa 14 anos


Economia Dinheiro&direitos 118 julho/agosto 2013

Taxas baixas para crianças e jovens

35

melhores depósitos tradicionais a 12 meses. As melhores propostas para os menores estão no Montepio e no Banco Popular e são de 2,2% líquidos. Já os melhores depósitos tradicionais chegam aos 3% de rendimento líquido. A única vantagem das contas para jovens é permitirem entregas regulares de baixo valor: útil como destino do dinheiro que as crianças recebem de familiares.

hor pé-de-meia Dos 20 preçários que analisámos, 13 apresentavam produtos para crianças ou jovens. As propostas vão desde contas à ordem ou a prazo até seguros de capitalização ou planos mutualistas. O problema é que nenhum dos produtos proporciona, no primeiro ano, um rendimento superior ao dos

0 a 10 anos Como ainda faltam vários anos para usar a poupança (será aos 18 anos), a melhor solução é um produto com elevado potencial de rendimento a médio e longo prazo, mesmo que o capital não esteja garantido. É o caso dos fundos mistos porque permitem investir pequenos montantes numa carteira diversificada de ações e obrigações. Aceitam ainda reforços esporádicos. Dado o prazo de investimento, vale a pena correr algum risco.

FUNDOS miSTOS NEUTrOS Fidelity Euro Balanced a

JP morgan global Balanced EUR d

subscrição

activoBank e Best

subscrição

activoBank e Best

Mínimo

€ 1000

Mínimo

€ 1000

rentabilidade anualizada

rentabilidade anualizada

5 anos

3,3%

5 anos

3,8%

3 anos

8%

3 anos

5,3%

Custo de gestão

1%

Custo de gestão

1,95%

na Santos nos

O nosso teste prático aos balcões do entreEspírito os 11 e os 18Santo, ou maisSantande 18 anos). BPI, anos, Banco Siga os nossos conselhos para o Rafael, para a der Totta, Caixa Geral de Depósitos Bruna e para abcp Bárbara. Para cada escalão, e Millennium também não deu indicamos a melhor estratégia de investimento grandes frutos. Com exceção de um modo a rentabilizar máximo as poupandos defuncionários do ao Santander Totos produtosforam que sãounânimes Escolha Acertada. ta, ças os erestantes em recomendar depósitos a prazo como Taxas baixas a melhor solução.para Na crianças verdade,e jovens estes 20 preçários analisámos, 13 apresennemDos sempre são aque melhor opção, sotavam quando produtos para jovens. bretudo faltacrianças muitooupara o As vão desde contas à ordem ou aaprafilhopropostas completar 18 anos. Para piorar, zo atédas seguros de capitalização ou planos maioria taxas propostas foi muitomutualistas. O problema que de nenhum baixa (a mais elevadaéfoi 2%) dos ou, produtos proporciona,taxas no primeiro ano, quando apresentavam um pouco melhores, só incidiam sobre parte da

mais de 18 anos A partir desta idade, a possibilidade de resgatar o dinheiro em qualquer momento é decisiva. Daí a Escolha Acertada recair em produtos sem risco e de elevada liquidez: depósitos a prazo e Certificados de Aforro. Para consultar a lista atualizada de todos os depósitos a prazo visite-nos em deco.proteste.pt/investe/ depositos-a-prazo.

CERTIFICadoS dE aFoRRo subscrição

Correios

Mínimo

€ 100

rendimento 2,3%

dEPóSIToS a PRazo E-depósito a Prazo subscrição

privatbank

Mínimo

€ 500

rendimento 3%

Investe Novos depósitos subscrição

Banco invest

Mínimo

€ 2000

rendimento 2,7%

Rafael Santos 8 anos

Bárbara Pratas 20 anos Dezembro 2013

47


o/agosto 2013

Fundos | Depósitos 118 julho/agosto 2013 lhos36 Dinheiro&direitos

poupanças para os filhos

Fundos | Depósitos

Economia

ao dos melhois a 12 meses.um rendimento superior ao dos melhos menores es-res depósitos tradicionais a 12 meses. melhores propostas para os menores esPopular As e são tão no Montepio e no Banco Popular e são ores depósitos de 2,2% líquidos. Já os melhores depósitos de rendimento tradicionais chegam aos 3% de rendimento as contaslíquido. para A única vantagem das contas para s regulares de é permitirem entregas regulares de jovens baixo valor: útil como destino do dinheiro o do dinheiro miliares. que as crianças recebem de familiares. O nosso teste prático aos balcões do BPI, alcões doBanco BPI,Espírito Santo, Santander Totta, Caixa er Totta, Caixa Geral de Depósitos e Millennium bcp tamium bcpbém tamnão deu grandes frutos. Com exceção de um de dos funcionários do Santander Totta, os om exceção restantes ander Totta, os foram unânimes em recomendar depósitos a prazo como a melhor solução. m recomendar Na verdade, estes nem sempre são a melhor elhor solução. opção, sobretudo quando falta muito para o e são a melhor filho completar 18 anos. Para piorar, a maioContas para menores têm taxas inferiores ria das a muito para o taxas propostas foi muito baixa (a mais às dos melhores depósitos tradicionais elevada foi de 2%) ou, quando apresentavam piorar, a maiotaxas um pouco melhores, só incidiam sobre Contas para menores têm taxas inferiores o baixa (aparte maisda poupança. A idade da criança nunca às dos melhores depósitos tradicionais apresentavam foi relevante para o aconselhamento. Apenas ncidiam sobre melhor opção é o fundo Crédito Suisse Por- dos depósitos e certificados. Para estes pranum dos balcões do Santander Totta foi aconzos, pode atingir os 4,2% líquidos. selhado um produto com capital garantido, tfolio Fund (L) Growth Euro B. Este produto criança nunca pode ser subscrito ActivoBank e teve uma anual Umde investidor cuidadoso, com o rendimento indexado a ações e quefoi relevante poupança. A idade da criança nunca para noteve uma rentabilidade 2,3% e mais de 4,8% a 5 e 3mas que mento. Apenas rentabilidade anual de 2,3%respetivamente. e de 4,8% a 5 e 3 queira garantir um bom rendimento, deve renderia mais do que umApenas depósitonum a prazo. o aconselhamento. dos balcões do Sananos, melhor opção é o fundo Crédito Suisse Por- dos depósitos e certificados. Para estes praTotta foi acontander Totta foi aconselhado um produto com capital anos, respetivamente. diversificar ao combinar vários produtos. tfolio Fund (L) Growth Euro B. Este produto zos, pode atingir os anos 4,2% ital garantido, garantido, com o rendimento indexado a ações e que Entre oso 11 e os 18 fatorabrir “risco” deve sera prazo consi-para gamelhor rendimento no longo prazo Entre os 11 e os 18 anos fator “risco” Ouolíquidos. seja, um depósito pode ser subscrito no ActivoBank e teve uma Um investidor mais cuidadoso, mas que a ações eA que renderia mais do que um depósito a prazo. derado. Perto dos 11 anos, quem liquidez, estiver dispostoObrigações a escolha de um produto de poupança, que só deve ser considerado. Perto dos 11 anos, rantir alguma comprar arriscar um pouco e, em troca, obter um rendimento vá ser usadorentabilidade a partir dos 18 anos, irá depender quem estiver a arriscar um pouco do Tesouro para aumentar anual de 2,3% e de 4,8% a 5 edisposto 3 queira garantir um bom rendimento, deve o rendimento com sito a prazo. Melhor rendimento no longo prazoe, em troca, obter um superior, pode em fundos defensivos. Os para de três fatores: da respetivamente. idade da criança ou jovem rendimento superior, segurança emistos investir num fundo misto, anos, diversificar aoapostar combinar vários produtos. produtos qualquer rentabilizar risco têm um rendimento na data da contratação, de pretender ou não pode apostar em fundos mistossem defensivos. melhor o dinheiro.mais Confira as ongo prazo Entre os 11 e os anos o fator Ou seja, abrir um depósito a prazo para gaA escolha de uma qualquer produto de 18 poupança, queprodutos só“risco” vá ser baixo, como a prazo e os Certificados de função aceder ao dinheiro momento e do Os sem qualquer risco os têmdepósitos um Escolhas Acertadas na página 35, em upança, que só deve ser considerado. Perto dos 11 anos, rantir alguma liquidez, comprar Obrigações usado a partir dos 18 anos, irá depender de três fatores: Aforro. Contudo, tem sempre o dinheiro disponível e, risco que os pais estão dispostos a correr. rendimento mais baixo, como os depósitos da idade da criança. ■ daPara idade da criança ou jovem na data da contratação, à partida, pode fazer reforços quando quiser. São mais s, irá depender quem estiver disposto a arriscar um pouco do Tesouro para aumentar o rendimento com os mais novos, o potencial de rendi- a prazo e os Certificados de Aforro. Contude pretender ouquando não aceder ao dinheiro qualquer mo- o dinheiro indicados para quem do dinheiro mento é superior se investe pro- a do, tem sempre disponível e, à pode ança ou jovem e, em troca, obter umem rendimento superior, segurança e investir num precisar fundo misto, para em qualmentodeelongo do risco que os pais estão dispostos a correr. quer momento, ou, no caso dos filhos, quando estão dutos prazo. Embora envolvam alpartida, pode fazer reforços quando quiser. tender ou não pode apostar em fundos mistos defensivos. perto rentabilizar melhor dinheiro.ou Confira de pode entrar para aofaculdade de tirarasa carta de risco, por incluírem ações, como o prazo São mais indicados para quem precisar momentogum e do Os produtos sem qualquer risco têm um Escolhas Acertadas na página 35, em função os dá mais novos, potencialeventuais de rendimento é superior condução, por ou, exemplo. A solução para si éPara longo, tempo paraorecuperar do dinheiro em qualquer momento, no quandoNeste serendimento investe produtos de longo prazo. os a correr. mais baixo, comocaso os depósitos da estão idadeperto da criança. perdas. campo,em os fundos mistos são dosEmbora filhos, quando de entrar ■ risco, incluírem ações, como Contuo prazo As Obrigações do Tesouro são um produto de baixo ncial de rendiaalgum prazopor e serem ospor Certificados de Aforro. aenvolvam melhor solução, uma forma dipara a faculdade ou de tirar a carta de condué longo, dá tempo para recuperar eventuais perdas. Neste risco, mas só interessam a quem não faz questão de ter de investir em ações eoobrigações. ção, por exemplo. nveste emversificada prodo, tem sempre dinheiro disponível e, à melhor campo, os fundos mistos são a melhor solução, por serem o dinheiro disponível em A breve e não estratégia pretende fazer reSegundo a partida, percentagem aplicada em ações, quando As Obrigações são um produa envolvam al-forma pode fazer reforços quiser. do Tesouro de poupança uma diversificada de investir em ações e obrigações. forços. Têm ainda outro inconveniente: mínimo de 2500 pode optar por fundos defensivos (30%), to de baixo risco, mas só interessam a quem , como o prazo mais indicados paraem quem pode precisar Segundo aSão percentagem aplicada ações, pode optar euros, para diluir os custos de transação (a Em função do destino queaquisição quer dar ao neutros (entre 30 e 50%) ou agressivos (mais não faz questão de ter o dinheiro disponível por fundos defensivos (30%), neutros (entre 30 e 50%) ou dos títulos é feita em Bolsa). Trata-se de uma poupança erar eventuais do dinheiro em qualquer momento, ou, no dinheiro, indicamos-lhe os produtos a de 50 por cento). maior a percentaem breve e não pretende fazer reforços. Têmprazo (3 a 10 anos), com um agressivos (mais Quanto de 50 por cento). Quanto maior a percende médio e longo renescolher dos mistos são caso dos filhos, quando estão perto de entrar gem daquelas, maior o rendimento potencial ainda inconveniente: mínimo de 2500 tagem daquelas, maior o rendimento potencial e ooutro risco. A dimento superior ao dos depósitos e certificados. Para enossa o risco. A nossa Acertada recaiu so-fundos euros, diluir osestes custosprazos, de transação uma forma di- Escolha paraAcertada aEscolha faculdade ousobre de tirar a carta depara condurecaiu os mistos neupode (a atingir os 4,2% líquidos. bre os fundos mistos neutros. Mas, para pais aquisição dos títulos é feita em Bolsa). Tratas e obrigações. tros. Mas,ção, parapor paisexemplo. que não se importem de arriscar um Amédio melhor estratégia que nãomais se importem dedearriscar pouco superior, -seum de uma poupançaUm de e longomais prazo pouco em um rendimento aprodumelhor investidor cuidadoso, mas que queira garanada em ações, As troca Obrigações doum Tesouro são de poupança mais emétroca de umCrédito rendimento superior, a Fund (3 a 10 anos), com umtir rendimento superior ao opção o fundo Suisse Portfolio (L) Growth um bom rendimento, deve diversificar ao combinar nsivos (30%), to de baixo risco, mas só interessam a quem Euro B. Este produto pode ser subscrito no ActivoBank e vários produtos. Ou seja, abrir um ao depósito a prazo Em função do destino que quer dar gressivos (mais não faz questão de ter o dinheiro disponível para garantir alguma liquidez, comprar Obrigações do dinheiro, indicamos-lhe os produtos a or a percenta- em breve e não pretende fazer reforços. Têm Tesouro para aumentar o rendimento com segurança investir num fundo misto, para rentabilizar melhor o ento potencial ainda outro inconveniente: mínimo de 2500 e escolher para Jovens perTo dos 18 anos, tada recaiu so- euros, para diluir os custos de transação (a dinheiro. Confira as Escolhas Acertadas em função da idade da criança. depósiTos CerTifiCados, Mas, paraprefira pais aquisição dos títulosou é feita em Bolsa). Tratawww.deco.proteste.pt/investe car um pouco -se de uma poupança de médio e longo prazo Deco Proteste para Ter o dinheiro disponível nto superior, a (3 a 10 anos), com um rendimento superior ao

A solução para si

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Economia

A baixa das taxas hipotecárias baixará as rendas das casas? Rui Marques CIS Comptabilité Impôts Services dream-impots@romandie.com

No princípio de setembro o «Office Fédéral du Logement» anunciou uma baixa da taxa hipotecária de referência de 2,25% para 2,00%. Com esta baixa as rendas das casas poderão baixar

Desde o verão de 2008 que a taxa das hipotecas não parou de baixar, passando de 3,40% para 2% atualmente. E se o abaixamento dos valores das rendas das casas não é automático, como pode ser pedido esse abaixamento pelos inquilinos? Uma redução de cerca de 2,91% dos valores das rendas é neste momento justificável. A taxa de referência das hipotecas permanece inalterada em 2,25% e não está previsto nenhum aumento nem nenhuma redução. De 3,4% em junho 2008 para 2,0% em setembro de 2013, a baixa da taxa de hipoteca tem sido regular durante os últimos 5 anos. Trata-se de uma tendência de longo prazo que tem sido seguida com atenção pela Asloca (Associação Suíça dos Inquilinos), que anunciou no passado mês de junho a redução da taxa de juros das hipotecas de 2,25 para 2%. E de acordo com pessoas responsáveis desta associação, esta taxa deverá permanecer baixa durante muito tempo.

período os proprietários economizaram 83 francos por mês nos juros das hipotecas. A Asloca diz que só aproximadamente 15% dos inquilinos beneficiaram da redução dos valores das rendas, apesar da baixa da taxa de juros de referência. Entretanto, para os proprietários estas reduções têm sido contrabalançadas pelos fortes aumentos aplicados aos novos contratos de arrendamento. É o que mostra o índice suíço dos contratos de aluguer, nota Carlo Sommaruga, secretário-geral da Asloca na Suíça francesa. Uma «taxa histórica» Os proprietários que não baixariam os valores das rendas, pelo menos para os adaptar à nova taxa, estão a receber rendas «fora da lei». A Asloca vai pedir a estes senhorios que baixem esses valores para os adaptar a esta nova realidade, a esta «taxa histórica», assumindo assim a sua responsabilidade social. De acordo com Carlo Sommaruga, haveria várias centenas de francos economizados por mês nas rendas das casas, os quais poderiam ser reintroduzidos na economia através da compra de produtos ou em outras despesas, o que a estimulava, em vez de «alimentarem» apenas as pensões dos proprietários.

Os valores das rendas dos novos arrendamentos aumentou

Uma redução em 2,91%, no mínimo

Estes valores têm tido um aumento de 5% desde 2008, apesar da baixa da taxa de referência. Em 2011 os inquilinos tiveram, em média, um aumento de 50 francos por mês desde aquela data. Ao mesmo tempo, durante este

A redução esperada dos valores das rendas é de 2,91%. Em alguns casos a baixa deverá ser superior se as reduções anteriores não foram aplicadas, o que aconteceu frequentemente.

Dezembro 2013

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Economia No futuro, o secretário-geral da Asloca na Suíça francesa espera uma estabilidade das taxas, pelo menos para os próximos dois anos. E se houver um ligeiro aumento este será progressivo, tal como foi a redução durante quatro anos. Esta estabilidade deveria ser favorecida pelo novo método de cálculo da taxa de referência do Banco Nacional Suíço (BNS), que tem em conta todas as hipotecas a partir de agora. Porém, a possível modificação tem de levar em linha de conta a evolução dos outros componentes para a fixação dos valores das rendas, a saber: − Os 40% do índice suíço de preços ao consumidor; − O aumento de gastos atuais de manutenção das casas; − Os serviços adicionais do senhorio, como os trabalhos que ocasionem mais-valias em capital (aumentos em valor); − A ampliação das casas alugadas. Trata-se do chamado método relativo, que tem em conta as variações destes parâmetros entre determinado momento e a última fixação do valor da renda. O recente e acentuado aumento do número de hipotecas com taxa fixa permitirá a estabilização da taxa de referência e deveria ter um papel moderador no caso de elevação por algum tempo das taxas variáveis.

Os alugueres são baseados numa taxa hipotecária como se mostra no quadro seguinte.

5.00%

4.75%

4.50%

4.25%

4.00%

3.75%

3.50%

3.25%

3.00%

2.75%

2.50%

2.25%

7.00%

15.25%

17.36%

19.35%

21.26%

23.08%

24.81%

26.47%

28.06%

29.58%

31.03%

32.43%

33.77%

6.75%

13.79%

15.97%

18.03%

20.00%

21.88%

23.66%

25.37%

27.01%

28.57%

30.07%

31.50%

32.89%

6.50%

12.28%

14.53%

16.67%

18.70%

20.63%

22.48%

24.24%

25.93%

27.54%

29.08%

30.55%

31.97%

6.25%

10.71%

13.04%

15.25%

17.36%

19.35%

21.26%

23.08%

24.81%

26.47%

28.06%

29.57%

31.34%

6.00%

9.09%

11.50%

13.79%

15.97%

18.03%

20.00%

21.88%

23.66%

25.37%

27.01%

28.57%

30.07%

5.75%

6.98%

9.50%

11.89%

14.16%

16.32%

18.37%

20.32%

22.18%

23.95%

25.65%

27.14%

28.83%

5.50%

4.76%

7.41%

9.91%

12.28%

14.53%

16.67%

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20.63%

22.48%

24.24%

25.93%

27.54%

5.25%

2.44%

5.21%

7.83%

10.31%

12.66%

14.89%

17.01%

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20.95%

22.78%

24.39%

26.20%

5.00%

2.91%

5.66%

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13.04%

15.25%

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13.04%

3.25%

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5.66%

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3.00%

2.91%

5.66%

8.26%

2.75%

2.91%

5.66%

2.50%

2.91%

(Este calculo é proposto a titulo indicativo)

Não há redução automática De acordo com a legislação em vigor é ao inquilino que compete pedir ao senhorio, por escrito, a diminuição do valor da renda a partir do próximo termo do contrato.

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Economia palavras, poderá alegar que o valor da renda aplicada é aceitável se comparado com os de casos semelhantes, ou que o rendimento do bem imobiliário em causa é insuficiente. Nos casos em que o valor da renda deva ser aumentado, apesar da redução na taxa de juros das hipotecas, esse valor pode ser mantido no nível atual com a fixação de uma reserva aplicável durante a mudança futura dos parâmetros de fixação das rendas. Sem incidência

O senhorio tem de responder no prazo de 30 dias senão o inquilino poderá pedir a intervenção da autoridade de conciliação, igualmente no prazo de 30 dias. O senhorio também poderá opor-se à diminuição pedida usando o meio do método dito absoluto. Por outras

Explicámos que a evolução da taxa de juros das hipotecas não entra em consideração nos contratos indexados, estabelecidos com uma duração de 5 anos, normalmente renovados de forma tácita de 5 em 5 anos. Há uma cláusula que prevê que só inquilino poderá fazer o cancelamento antes do termo do contrato. Neste caso, a indexação tem em conta os 100% da evolução do índice suíço de preços ao consumidor.

Dezembro 2013

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Economia O mesmo princípio é aplicado aos edifícios subvencionados (HLM, HBM e HCM), em que os valores das rendas são fixados pelas autoridades públicas e as modificações que não entram na extensão da proteção dos valores das rendas excessivas estão previstas na lei do arrendamento. Para finalizar, uma redução na taxa de juros das hipotecas de 0,25% não significa, de forma imediata, uma redução dos valores das rendas de 3%. Além disso, deve ter-se em conta a não repercussão automática das diminuições da taxa de referência em relação ao fenómeno das rendas garantidas, de que beneficiam numerosos inquilinos durante vários anos.

serão os exportadores que irão beneficiar da melhoria da situação mundial, mas a economia local encontra-se também num excelente ciclo alimentado pelas baixas taxas e por uma considerável imigração. Por enquanto, a economia suíça parece estar quase imune às diversas crises dos países estrangeiros, graças ao excelente ciclo por que passa a sua componente interna.

A economia suíça em 2014 continuará num «super ciclo»

De acordo com a análise desses economistas, aproximadamente um quarto do crescimento do consumo desde 2008 acontece graças à imigração. Ao mesmo tempo, as baixas taxas de juros durante este período aliviaram o orçamento dos proprietários imobiliários em cerca de 18.000 CHF. Este crescimento é fortalecido pelos efeitos do câmbio internacional, sendo que o crescimento do consumo influencia positivamente o emprego e este último favorece o crescimento da imigração. O «boom» de bens imóveis é também estimulado pelas taxas de juros e a imigração alimenta novos postos de trabalho que atraem outros imigrantes: estes fatores favorecem um saldo positivo da riqueza. Ao mesmo tempo, as dívidas crescentes das casas representam um vetor e um efeito colateral excelente do ciclo evocado.

Segundo os economistas de um grande banco suíço, o crescimento da economia da Confederação Helvética irá acelerar até aos 2,0% em 2014. Em primeiro lugar

Continuemos por enquanto nesta onda positiva que contrasta com a onda negativa pelos lados do nosso querido país: Portugal.

Realmente, apesar das possíveis adaptações de acordo com as possibilidades da lei de arrendamento, o valor dos alugueres no curso dos contratos não segue a evolução de preços de mercado. Os proprietários que desejam um rendimento justo dos fundos que investiram têm de ter isso em conta aquando da fixação dos valores das rendas dos seus edifícios, analisando caso a caso.

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Hoje falo eu

A importância da cultura de um povo Uma criança quando nasce e começa a interagir com o meio que a rodeia recebe de imediato a influência das condicionantes exteriores, o que, aliado à sua herança genética, constituem os dois fatores preponderantes para a sua identidade futura. A educação a que será sujeita, regras, hábitos, costumes e valores, juntamente com o ensino escolar, interagindo mutuamente sobre a matriz hereditária, vão construindo aquilo a que podemos chamar cultura. É essa cultura que liga as pessoas à terra, às outras pessoas e às comunidades onde nasceram, às suas tradições e hábitos, e que irá ser determinante na sua educação, resultando num enriquecimento intelectual, social e cultural, assim como num melhor entrosamento com outras comunidades estranhas. Deste modo, certamente que uma criança a partir do momento em que começa a assimilar os valores que a rodeiam se questiona: «Quem sou eu?», «De onde vim?», «O que faço aqui?», «Qual o meu futuro?» Estas dúvidas, muito legítimas, que inquietam a sua mente, a par da cultura no seio da qual é formada a sua personalidade, irão desempenhar um papel importante no seu modus vivendi. Com o intuito de compreendermos melhor muitos dos nossos comportamentos e ações, por vezes sui generis, resultantes das nossas vivências desses valores que nos condicionam, torna-se importante conhecê-los melhor com a finalidade de melhor nos conhecermos também, pois, tal como eles, não surgimos do nada de um momento para o outro. Ao tema da cultura, e sua importância, deram especial atenção e sobre ele refletiram alguns dos nossos mais influentes pensadores, historiadores e etnólogos, como, por exemplo, Adolfo Coelho (1847-1919), José Leite de Vasconcelos (1858-1941), mais tarde Jorge Dias (1907-1973). Desse modo, e como dizia Jorge Dias, as culturas dos povos têm uma feição própria que as individualiza umas em relação às outras, podendo fazer-se uma certa analogia com as feições humanas que individualizam os homens dentro das sociedades a que pertencem. É certo que a idade e o tipo de vida que cada um tem lhes influencia a mudança das feições, sem contudo o indivíduo deixar de ser reconhecível ao longo da sua vida. Também a cultura, uma vez individualizada, está sujeita a movimentos e a transformações constantes como consequência do dinamismo cultural e dos valores existentes, em resultado dos contatos com outros povos. Este importante etnólogo, Jorge Dias, considerava que o dinamismo estava na base da evolução permanente de todas as culturas, mas processando-se umas vezes lentamente, de maneira quase impercetível, quando se tratava de sociedades pequenas e praticamente isoladas; outras vezes mais rapidamente, quando os contatos, interno e

externo, eram mais numerosos e complexos. Este processo evolutivo das culturas não impede, no entanto, que elas mantenham a sua identidade essencial através dos tempos, desde que se preservem certos aspetos básicos ou sistemas de valores que, pela carga emocional que contêm, orientam a ação dos membros de uma dada sociedade em determinado sentido e os levam à escolha de certas atitudes que considerem mais adequadas. É de grande importância que estes sistemas de valores sejam respeitados por todos os componentes da sociedade, de modo a preservar-se a fisionomia da cultura, mesmo estando sujeita a mudanças mais ou menos profundas ao longo do tempo. No entanto, alguns destes últimos fatores, aliados à miscigenação com outros grupos de características diversas, poderão levar ao aparecimento de determinados movimentos que se insurjam contra alguns dos valores existentes. Aparecem assim os primeiros focos de rebelião e o desejo da aventura, de medir forças com a sociedade e de desrespeitar as regras que ela lhes quer incutir. Por vezes esses grupos manifestam-se através de atos de subversão, querendo destruir o que demorou décadas a elaborar, paradoxalmente, revelando a sua falta de cultura e de respeito pelos valores das sociedades. Felizmente, verifica-se que a distância que separa um indivíduo da sua terra natal e da comunidade onde se fez pessoa nem sempre o faz esquecer as suas origens. É o que se passa com os emigrantes portugueses, que além da imagem de pessoas trabalhadoras, sérias, honestas e responsáveis nos mais diversos locais de trabalho, tal como nas comunidades onde habitam e vivem, promovem ainda de forma ativa a imagem de Portugal no estrangeiro. É surpreendente saber que, por exemplo na Suíça, um país a mais de 2000 km de distância das nossas origens, exista uma tão numerosa comunidade de portugueses ligados a movimentos culturais, desportivos ou até religiosos. Com base numa publicação recente no Sítio do Observatório da Emigração, da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, existem na Suíça cerca de 280 associações portuguesas para uma comunidade emigrante de 240.000 pessoas, sendo a mais ativa culturalmente de entre as comunidades estrangeiras existentes neste país. Estas associações, além de proporcionarem o contato no seio da comunidade, promovem ainda a sua cultura através da divulgação dos usos, costumes e tradições, muitas vezes até com cariz solidário com outras comunidades. É de louvar e saudar todas as pessoas que se esmeram em promover assim esses valores culturais além fronteiras. Desta forma, é com orgulho e satisfação que constato que podemos estabelecer uma analogia entre a ação dos emigrantes portugueses (e ressalvando as devidas distâncias, que são enormes) e os feitos nobres dos heróis nacionais do período áureo dos Descobrimentos (quando deram início à Expansão Portuguesa além fronteiras), espalhando por outras paragens bem distantes a riqueza cultural do país, pois os emigrantes agem hoje com o mesmo propósito dos portugueses de antanho. Bem hajam! http://facebook.com/augustolopeswriter

Dezembro 2013

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Matemática

Matematicamente falando João Cordeiro jbmcordeiro@iol.pt

O declínio começa em pleno auge, como é habitual, pois é mais difícil declinar-se a partir de uma situação de fragilidade. A sociedade grega não fugiu à regra. Iremos então ver, na Parte III, um pouco da história do Oriente depois do declínio da sociedade grega; na Parte IV, veremos a evolução da matemática na Europa ocidental Parte III A antiga civilização do Próximo Oriente antigo nunca desapareceu completamente, apesar de todas as influências helenísticas. Em 394 Teodósio I fundou o Império Bizantino, cuja capital, Constantinopla, era grega. Aquele império lutou contra forças vindas de todos os lados exceto do sul e, ao mesmo tempo, serviu de guardião da cultura grega fazendo a ponte entre o Oriente e o Ocidente. A hegemonia política dos gregos no próximo Oriente desapareceu quase inteiramente com o súbito crescimento do Islão. Depois de 622 os árabes conquistaram rapidamente várias regiões da Ásia ocidental e, antes do final do século VIII, já tinham ocupado regiões do Império Romano do ocidente, tal como a Sicília, o Norte de África e a Espanha. Onde quer que chegassem tentavam substituir a civilização greco-romana pela islâmica. O árabe tornou-se a língua oficial em vez do grego e do latim. No entanto, durante todo o período da dominação islâmica existiu uma tradição grega bem vincada que se manteve apesar das diferentes culturas. No apogeu do império romano haviam surgido resultados matemáticos gloriosos, fundamentalmente no Egito. Com o declínio deste império, o centro de investigação matemática começou a deslocar-se para a Índia e, ainda mais tarde, regressou à Mesopotâmia. As primeiras contribuições indianas relacionam-se, essencialmente, com a astronomia, mas ao mesmo tempo surge na Índia o sistema decimal de posição. A Pérsia, situada entre Constantinopla, Alexandria, a Índia e a China, era uma região onde muitas culturas se cruzavam. A Babilónia tinha desaparecido, tendo sido substituída por Bagdade depois da conquista árabe em 641.

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Túmulo de Omar Khayyam em Nisha pur

Durante o período islâmico, séculos VI e VII, os califas promoveram a astronomia e a matemática, tendo sido organizada em Bagdade a «Casa da Sabedoria», que tinha uma biblioteca e um observatório. A tradição grega foi depois cultivada por uma escola de sábios árabes que traduziu fielmente os clássicos gregos para a sua língua: Apolónio, Arquimedes, Euclides, Ptolomeu entre outros. Cerca do ano 1000 d.C. surgiram novos governantes no norte da Pérsia, sendo Merv o principal centro de cultura, nele tendo vivido Omar Khayyam, um astrónomo e filósofo que se reclamava do espírito de Aristóteles. Deixou várias obras de que se destaca uma, intitulada «Álgebra». No domínio da geometria questionou axiomas de Euclides e chegou a figuras que atualmente têm lugar na geometria não euclidiana. Relativamente à astronomia trabalhou na reforma do calendário persa, a partir da qual este passou a dar apenas um erro em cada 5000 anos enquanto o nosso atual, o calendário gregoriano, dá um erro de um dia em cada 3330 anos. Falando agora das matemáticas chinesas, estas foram influenciadas pela ciência indiana e, mais tarde, também pela ciência árabe. Pensa-se que o sistema decimal e os números negativos tenham vindo da China para a Índia. Já quanto à relação entre o perímetro e o diâmetro de uma circunferência, esta parece ter sido estudada


Matemática pelos chineses, independentemente dos trabalhos de Arquimedes. Parte IV A parte mais desenvolvida do Império Romano, tanto económica como culturalmente, sempre foi a oriental. A ocidental não tinha uma economia de irrigação, a agricultura era, portanto, extensiva, factos que não estimulavam o estudo da astronomia. O estímulo para o desenvolvimento da astronomia, da aritmética e de algumas medições para o comércio e para a agrimensura vieram do Oriente. Esse estímulo oriental quase desapareceu quando as duas partes do Império Romano, a oriental e a ocidental, se separaram politicamente. Depois da queda do Império Romano do ocidente, em 476, a autoridade central do mundo greco-romano foi partilhada pelo imperador de Constantinopla e pelos papas de Roma. Mosteiros e homens laicos cultos mantiveram viva parte da civilização greco-romana. Destacamos, desde já, o nome de Boécio, homem laico, diplomata e filósofo, que escreveu textos matemáticos que foram fonte de autoridade no mundo ocidental durante mais de um milhar de anos. A separação entre o Ocidente e o Oriente limitou a autoridade efetiva do Papa e a sociedade tornou-se feudal e eclesiástica. Além do já citado Boécio, devemos igualmente referir dois matemáticos eclesiásticos: Alcuíno, associado à corte de Carlos Magno, e Gerbert, monge francês que, em 999, se tornou o Papa Silvestre II. Existem diferenças significativas entre o desenvolvimento do Ocidente nos tempos do domínio da cultura grega e nos tempos do feudalismo. Quando as aldeias da Europa ocidental cresceram e se tornaram burgos, desenvolveram-se como unidades independentes capazes de estabelecer uma vida de ócio baseada na escravatura. Os habitantes das cidades medievais tinham de confiar no próprio génio inventivo para desenvolver os seus padrões de vida. Travando uma luta amarga contra os senhores feudais, saíram vencedores nos séculos XII, XIII e XIV. Surgem os primeiros estados nacionais na Europa Ocidental. As cidades começaram então a estabelecer relações mercantis com o Oriente, a começar pelas italianas, tendo-se seguido as de França e da Europa central. A Espanha e a Sicília eram os pontos de contacto mais próximos entre o Oriente e o Ocidente e, através deles, os mercadores ocidentais e os estudantes conheceram a civilização islâmica. Quando, em 1085, Toledo foi tomada aos mouros pelos cristãos, estudiosos ocidentais afluíram a esta

cidade para aprender a ciência tal como era transmitida pelos árabes. Traduziram-se manuscritos matemáticos do árabe para o latim e a Europa familiarizou-se, então, com os clássicos gregos através da língua árabe. Nos séculos XII e XIII surgiram em Itália as primeiras cidades comerciais poderosas, Génova, Pisa, Veneza, Milão e Florença, que mantiveram um comércio florescente entre o mundo árabe e o Norte. Os mercadores italianos visitaram o Oriente e estudaram a sua civilização. O primeiro mercador ocidental cujos trabalhos de matemática revelaram uma certa maturidade foi Leonardo de Pisa (também chamado de Fibonacci). A principal linha de desenvolvimento da matemática passou então pelo crescimento das cidades mercantis sob a influência direta do comércio, da navegação, da astronomia e da agrimensura. Os centros da nova vida eram as cidades italianas e as cidades da Europa central, tais como Nuremberga, Viena e Praga. A queda de Constantinopla, em 1453, que pôs fim ao Império Bizantino (ou Romano do Oriente), conduziu muitos sábios gregos às cidades ocidentais. Não podia terminar sem referir os trabalhos de matemáticos e de astrónomos como Corpénico e Kepler, entre outros, assim como da Universidade de Bolonha (uma das maiores e mais famosas da Europa), que recebia estudantes e leitores de todas as partes, trabalhos esses que, após a invenção da imprensa, espalharam a «arte» matemática por toda a parte. Neste número a questão a apresentar tem um cariz um pouco diferente do habitual. Vou apresentar-vos o quadrado mágico de Albrecht Durer (1471-1528). 16 5 9 4

3 10 6 15

2 11 7 14

13 8 12 1

Onde se encontra a magia deste quadrado? Vamos calcular algumas somas, como, por exemplo: − somar os elementos da primeira coluna 16 + 5 + 9 + 4 = 34; − somar os elementos da terceira linha 9 + 6+ 7 + 12 = 34; − somar os elementos dos quadrados centrais 10 + 11 + 6 + 7 = 34. Estas são pistas que nos levam à magia deste quadrado. Outras somas perfazem igualmente 34. Tente descobri-las. Sendo este o último número deste ano da nossa revista, desejo-vos umas Festas Felizes e um Ano Novo cheio das maiores venturas.

muitas a revista que vai abrir

portas Dezembro 2013

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Especial Suíça

Quanto irei receber quando me reformar? Adelino Sá a_sa@gazetalusofona.ch

O sistema de atribuição de reformas na Suíça Muitos portugueses que vivem e trabalham na Suíça não têm a mínima ideia de como funciona a atribuição de uma pensão de velhice (reforma) ou até mesmo de invalidez. Procurarei explicar, por palavras simples, o sistema de Segurança Social Helvético, que é completamente diferente do que vigora no nosso país. A Suíça introduziu o que podemos chamar Estado Social no ano de 1918, após uma greve geral. Assim, nasceu o que as pessoas conhecem como AVS ou AHV. Em 1925, o Parlamento Federal em Berna decretou uma lei que o povo aprovou num referendo, segundo a qual as pessoas teriam direito a uma reforma (AVS – para as mulheres aos 64 e para os homens aos 65) ou, no caso de serem incapacitadas, ser-lhe-ia atribuída antes dessas idades a AI. No entanto, este sistema levou alguns anos até se implantar plenamente, o que aconteceu só no ano de 1948, pois os partidos da Direita recearam novas convulsões populares. O que se chama AI ou IV, o seguro de invalidez, foi introduzido apenas no ano de 1960. Como em tudo, os suíços são bastante ponderados antes de aceitarem como um facto consumado algo que decidam. São conhecidas, também, as diversas adaptações por que o sistema de Segurança Social Helvético tem passado ao longo dos anos, dado que já está prevista a 11.ª revisão da AHV / AVS e a 6.ª revisão da AI / IV. A AHV / AVS é o que se chama vulgarmente de 1.° Pilar. O trabalhador desconta para este sistema 5,05% do seu salário e o seu empregador paga a mesma quantia. Em 1982 foi introduzido o 2.° Pilar, o que as pessoas chamam mais vulgarmente «Pensão Caixa» (Caisse de Pension), mas só com efeito obrigatório no dia 1 de Janeiro de 1985. Existe ainda o 3.° Pilar, que é facultativo, consistindo numa poupança pessoal feita num banco, a qual não pode ultrapassar um certo valor por ano (variando esse valor de acordo com a situação de cada trabalhador, se é dependente ou independente). Os juros deste depósito são um pouco superiores à média, não pagam impostos, e, além disso, a quantia depositada nessa conta é deduzida no rendimento declarado nos impostos. No entanto, não pode ser levantada senão entre os 60 e os 65 anos. O 1.º Pilar, AHV / AVS, não paga mais do que 2320 francos por mês a quem tiver contribuído com 44 anos de descontos, isto para um salário anual igual ou superior a 80 mil francos por ano. Assim, é fácil uma pessoa aperceber-se de que o que irá receber será proporcional tanto aos anos que teve de descontos como ao salário 56

que auferiu. Temos então o que se chama uma «Renda em escala», que vai atribuir uma pensão em conformidade com os anos de trabalho activos neste país. O 2.º Pilar («Caixa de Pensão») é, assim, um complemento de reforma que as pessoas têm a possibilidade de usufruir depois de um procedimento pré-estabelecido e ao fim de 90 dias após se terem ausentado em definitivo da Suíça. Vamos voltar à pensão (reforma) da AHV / AVS. Como foi concebida numa base solidária, todos têm direito a ela quando chegarem à idade de a auferir, desde que tenham pago as contribuições mínimas à Caixa de Compensação e que residam na Suíça. Assim, esta reforma vai de 1140 francos por mês até aos referidos 2320 francos, para quem tiver 44 anos de contribuições: é preciso não esquecer este último ponto, que é muito importante. Como é fácil verificar, com estes valores é muito difícil uma pessoa viver com dignidade na Suíça, dado o seu elevado custo de vida. É possível ainda obter-se uma reforma antecipada aos 62 anos de idade para as mulheres e aos 63 para os homens. No entanto, se a antecipação for de um ano perde-se 6.8% da reforma AHV / AVS e se a antecipação for de dois anos perde-se 13,6%. A lei prevê que se possa solicitar um «complemento de reforma» em caso de se continuar a viver neste país. Tanto as reformas por idade como as de invalidez devido a doença são atribuídas em relação aos anos em que se descontou para a sua Caixa de Compensação, assunto que será tema numa das próximas edições da Lusitânia Contact. Seguro de velhice e sobrevivência e seguro de invalidez AHV / IV − AVS / AI (1.° Pilar) = Seguro básico É válido para todas as pessoas que residam ou trabalhem na Suíça (excepto para os trabalhadores destacados). Previdência Profissional (2.° Pilar) = Seguro de empresa Só é obrigatório para as pessoas que trabalham na Suíça e que aufiram, no mínimo, um salário anual de 20.520 francos. O AHV / IV, o AVS / AI e a Previdência Profissional são regulados de forma diferente e geridos por entidades distintas:


Especial Suíça patronal, que paga um valor igual ao que o trabalhador descontou.

SEGURANÇA SOCIAL AHV / IV – AVS / AI (+EL – PC = Prestações

Previdência profissional

Previdência privada

LPP (Lei da Previdência

(Pilar 3a)

Profissional)

complementares)

1.º Pilar

2.º Pilar

3.º Pilar

Fundo de desemprego

Seguro de acidentes

Subsídio por perda de

(ALV)

(UV)

salário (EO)

(Seguro de saúde (KV)

Subsídio para o Serviço Militar (MV)

Salário e capital

(De igual modo, tanto as pessoas que não exerçam uma actividade profissional como os trabalhadores independentes pagam o montante completo, pelo menos a contribuição mínima estipulada, que é 460 francos / ano. Os elementos do agregado familiar também estão segurados? O seguro AHV / IV − AVS / AI é um seguro pessoal. Os elementos do agregado familiar só estão abrangidos desde que preencham os requisitos necessários (residir ou trabalhar na Suíça. Os cônjuges que não exerçam uma actividade profissional estão segurados se o companheiro / companheira pagar, pelo menos, o dobro do montante mínimo das contribuições do seguro AHV / AVS). Fontes: www.sozialversicherungen. admin.ch e www.unia.ch

1 – O princípio dos 3 pilares cobre os riscos de velhice, incapacidade e morte. 2 – O 1.º Pilar é financiado através do Sistema de Repartição de Gastos. O 2.º e o 3.º Pilares são financiados através do Sistema de Prémios Crescentes. 3 – Risco: perda de salário. Riscos: doença e acidente. Riscos: maternidade e serviço militar.

Caixas de Compensação (AHV / IV e AVS / AI) Instituições de Previdência / Caixa de Pensões (Previdência Profissional): estas estão organizadas de forma distinta. Cada empregador deve aderir a uma instituição de previdência social. O seguro de velhice e sobrevivência, o seguro de invalidez (AHV / IV − AVS / AI) e a Previdência Profissional são obrigatórios e protegem na velhice (pensão de velhice), em caso de incapacidade (pensão por invalidez) e em caso de morte de um dos cônjuges ou dos pais (pensão de sobrevivência / pensão de orfandade). Quando se começa a descontar para a AHV / AVS? Depois de completar 17 anos de idade (empregados). Sem actividade profissional, depois de completar 20 anos de idade até à idade oficial de reforma (mulheres 64 anos, homens 65 anos). Quem paga e quanto paga? O empregado paga 5.05% do salário bruto, valor que é descontado directamente do salário e entregue à Caixa de Compensação, juntamente com a parte da entidade Dezembro 2013

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Associações portuguesas

Associação Recreativa e Cultural Danças e Sons do Minho de Genève Esta Associação, que tem como principal propósito divulgar e promover a difusão da cultura popular portuguesa, constituiu para o efeito vários grupos: o Grupo Folclórico Danças e Cantares do Minho (na modalidade de adultos e de infantis) e o Grupo de Cavaquinhos, Danças e Cantares do Minho. Visa com a atividade destes grupos a preservação das nossas tradições, usos e costumes, assim como a perpetuação e difusão, especialmente junto das camadas mais jovens, dos valores da nossa cultura popular e a memória cultural das gentes do Minho. Grupo Folclórico Danças e Cantares do Minho de Genève Este grupo, fundado no ano de 2007, realizou a sua primeira apresentação ao público no dia 14 de abril desse mesmo ano, tendo sido apadrinhado pelo Rancho Folclórico da Associação Cultural. Recreativa e Desportiva Portuguesa de Sierre. Com o intuito de preservar e divulgar a grande riqueza etnográfica e cultural do norte do nosso país, um grupo de amigos empenhou-se em criar um projeto que honrasse os portugueses e presenteasse a comunidade helvética com a música e as danças tradicionais portuguesas. Começaram, assim, as pesquisas sobre o folclore predominante nas regiões de Baixo e Alto Minho, concretamente acerca dos trajes, das músicas, das danças e dos cantares, bem como dos hábitos e tradições dos finais do século XIX e inícios do século XX, procurando despertar na juventude o gosto pela valorização da cultura minhota. Do seu reportório fazem parte danças e cantares da região de Braga e de Viana do Castelo, viras, chulas e malhões, tendo como suporte musical uma ronda composta por concertinas, violas, cavaquinhos, bombos, ferrinhos e

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recos-recos. Como todos os grupos musicais que iniciam a sua atividade também este teve grande carência de músicos, dificuldade que foi colmatada pela excelente colaboração do professor de música Eduardo Lopes, que formou muitos dos atuais elementos do rancho folclórico. O levantamento de tipo etnográfico que foi feito permitiu identificar um conjunto de trajes usados a partir de meados do século XIX, que foram reconstituídos e serviram de base para os vestuários dos diversos elementos dos grupos. Referimo-nos, em concreto, ao traje de Capotilha ou Romeira (também chamado do vale do Cávado) e aos de Sequeira, de Encosta, de ribeira de Valdeste e de Trabalho, que representam a diversidade de zonas existentes entre Braga e Viana do Castelo. Todos os elementos que constituem este grupo estão imbuídos de uma determinação que tem sido patente no seu crescimento registado num tão curto espaço de tempo. O rigor, a ordem, o empenho e a dedicação de todos os elementos foram reconhecidos aquando do 2.° aniversário, mais propriamente no dia a 25 de abril de 2009. Foi-lhes aí concedido o mérito de pertencer, como membro efetivo, à Federação Portuguesa de Folclore e Etnografia na Suíça, o que foi testemunhado pela pre-


Associações portuguesas

sença de três personalidades bem distintas desta Federação, o Presidente, Sr. Florêncio Carneiro e dois membros do conselho técnico, Sr. Amândio Dinis e Sr.ª São Belo. O Grupo Folclórico Danças e Cantares do Minho tem divulgado o folclore minhoto por toda a Suíça e, por várias ocasiões, também em França, na Alemanha e em Portugal. De salientar, por exemplo, a última atuação no verão de 2012 em S. Tropez, região turística do sul de França, onde teve uma excelente performance musical e folclórica, calorosamente referida pela comunidade anfitriã. Fazem parte deste grupo cerca de 70 elementos, com idades compreendidas entre os 3 e os 60 anos, uma vez que existe também o rancho Infantil. É com esta disponibilidade que este Rancho Folclórico está à disposição de todas as organizações para animar os seus encontros quando assim o desejarem. O grupo de folclore tem estado sob a responsabilidade de uma equipa de pessoas dedicadas, de que destacamos os seguintes: responsável e coordenador técnico, António Neves; ensaiador do grupo dos adultos, Eugénio Soares; ensaiador do grupo dos pequenos, Albino Agostinho; responsável pela música, Joaquim Afonso; responsável pelo grupo de cavaquinhos, Júlio Vilaça; coordenador técnico, Horácio Rocha; organizadores das festas, Vincent Piguet e João Freitas. Grupo de Cavaquinhos Danças e Cantares do Minho O Grupo de Cavaquinhos desta associação iniciou a atividade no ano de 2007, com o intuito de divulgar a

música tradicional portuguesa. Realizou várias atuações em Genève espalhando alegria e diversão durante cerca de três anos, tendo sido muito importante a colaboração da professora de música Maria José. Era composto pelos seguintes elementos: Horácio, Júlio, Romeu, Cesar, José Trigo, Ferreira, Letícia, Maria José, Angélica e Mara. Apresentamos agora a composição dos corpos diretivos da Associação. Mesa de Assembleia: presidente, José Luís Gonçalves; vice-presidente, António Tavares; secretário, Stéphanie Alves. Direção: presidente, Luís Mata; vice-presidente, Albino Agostinho; secretário, Cláudia Martins; tesoureiro, André Santos; responsável pela sala, César Oliveira; vice-responsável pela sala, Pedro Rocha; responsáveis pelo bar, Victor Costa e Fernando Martins Conselho Fiscal: presidente, Júlio Vilaça; vice-presidente, Horácio Rocha; secretário, Luciano da Silva. Horário de funcionamento: Sextas-feiras: 21h00 às 24h00 (aos fins de semana a sala encontra-se disponível para poder ser alugada, com excelentes condições para receber festas, jantares, aniversários, etc.) Contacto para reservas: Tlm.: 079 520 26 32 (Podem visitar também a página do Facebook do Grupo Folclórico Danças e Cantares do Minho de Genève).

Augusto Lopes

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Consultório jurídico

Novo regime de arrendamento urbano A crise financeira e económica, que não para de crescer, tem originado maior procura de imóveis para arrendamento. O mercado da construção e do imobiliário tem estado também em forte crise, o que, aliado à fraca oferta de arrendamento a preços acessíveis, determinou que a reforma do arrendamento urbano fosse um objetivo prioritário no domínio da habitação. Já tinha havido uma primeira tentativa de alterar o mercado de arrendamento urbano com a Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro de 2006. No entanto, esta não conseguiu dar resposta suficiente aos principais problemas com que se debate o setor, especialmente os que estão relacionados com os contratos de arrendamento anteriores a 1990, devido à dificuldade de realização de obras de reabilitação em imóveis arrendados e ao complexo e moroso procedimento de despejo. Assim, e com a finalidade de revigorar o setor e dar resposta ás necessidades que cada vez mais eram sentidas, entrou em vigor no dia 12 de novembro de 2012, a Lei n.º 31/2012 (Novo Regime do Arrendamento Urbano − NRAU), que procede à revisão do regime jurídico do arrendamento urbano até então vigente. Esta lei introduz várias medidas destinadas a dinamizar o mercado do arrendamento, de que se destacam: 1. Liberdade no ajustamento da duração dos contratos pelas partes a) − N o caso de contratos de arrendamento para fins habitacionais deixa de existir um prazo mínimo, sendo que, se as partes não estipularem um pra zo, os contratos se consideram celebrados pelo prazo certo de 2 anos; b) − Nos contratos não habitacionais é mantida a liberdade de as partes estabelecerem a duração do contrato, prevendo-se que, em caso de tal não acontecer, o contrato se considerar celebrado por 5 anos. 2. Possibilidade de as partes poderem negociar a atualização das rendas antigas a) − Nos contratos para fins habitacionais celebrados antes de 1990, a atualização assenta num mecanismo de negociação da renda pelas partes, sendo, porém, salvaguardadas as situações de carência económica e de arrendatários com 65 ou mais anos de idade ou com deficiência grave; b) − Para os contratos não habitacionais celebrados antes de 1995 foi igualmente estabelecido um mecanismo de negociação da renda entre as partes, sem prejuízo da previsão de um período transitório de 5 anos para os casos de microentidades. 60

3. Redução da duração do período de transição dos contratos antigos para o novo regime a) − Após um período de 5 anos a renda dos contratos habitacionais pode ser atualizada, competindo à Segurança Social encontrar soluções para as situações de carência económica; b) − No entanto, nos casos de arrendatários com 65 ou mais anos de idade ou com grau de incapacidade superior a 60%, não há alteração do regime do contrato ou cessação do mesmo sem o seu acordo. Nestes casos, a atualização está sujeita a um regime especial. 4. Novo regime para realização de obras em prédios arrendados a) − O regime da Lei n.º 31/2012, de 14 de agosto, de denúncia para demolição ou para a realização de obras profundas, assenta na negociação entre as partes, sendo que, na falta de acordo, haverá lugar ao pagamento de uma indemnização; b) − O regime da denúncia para obras é completado e desenvolvido pela Lei n.º 30/2012, da mesma data, que revê o regime jurídico de obras em prédios arrendados e reforça a ligação deste regime com o da reabilitação urbana. As alterações ao NRAU preveem a agilização do procedimento de denúncia do contrato de arrendamento para habitação celebrado por duração indeterminada nas seguintes situações: 1) − Quando o senhorio pretenda proceder à demolição ou a realização de obra de remodelação ou restauro profundos que obriguem à desocupação do locado (imóvel ou parte em causa). Nestes casos, a denúncia do senhorio deverá ser feita mediante comunicação ao arrendatário com uma antecedência não inferior a seis meses sobre a data pretendida para a desocupação, na qual deve constar, de forma expressa, o fundamento da denúncia. A denúncia, tendo por base o referido fundamento, e para ser eficaz, deverá ser acompanhada dos seguintes documentos: i) − Comprovativo de que foi iniciado junto da entidade competente o procedimento de controlo prévio da operação urbanística a efetuar no locado; ii) − Termo de responsabilidade do técnico (legalmente habilitado) autor do projeto, em que declare que a operação urbanística obriga à desocupação do locado, quando se trate de


Consultório jurídico operação urbanística sujeita a controlo prévio ou de descritivo da operação urbanística a efetuar no locado indicando que a operação urbanística está isenta de controlo prévio. A denúncia nesta situação obriga o senhorio, mediante acordo, e em alternativa, ao pagamento de uma indemnização correspondente a um ano de renda ou a garantir o realojamento do arrendatário em condições análogas às que já tinha, quer quanto ao local, quer quanto ao valor da renda e encargo. Nas situações em que o arrendatário tenha idade igual ou superior a 65 anos ou deficiência com grau comprovado de incapacidade superior a 60%, na falta de acordo das partes, o senhorio é obrigado a garantir o realojamento do arrendatário nos termos atrás descritos. 5. Procedimento especial de despejo a) − Está previsto um procedimento que privilegia, em grande parte, a via extrajudicial, tornando mais simples e menos morosa a desocupação efetiva do local arrendado por incumprimento do arrendatário, nomeadamente nos casos de falta de pagamento de rendas, de caducidade do contrato pelo decurso do prazo e de cessação do contrato por oposição à renovação ou por denúncia. A mora pelo arrendatário, igual ou superior a dois meses no pagamento da renda, encargos ou despesas que corram por conta do mesmo, confere ao senhorio o direito de resolver o contrato de arrendamento. O arrendatário poderá fazer cessar a mora, no prazo de um mês, sendo que esta faculdade só poderá ser utilizada uma única vez em relação a cada contrato. O senhorio deverá desencadear a resolução do contrato mediante o envio de comunicação à contraparte onde, fundamentadamente, se invoque a obrigação incumprida. E isto por uma das seguintes formas: 1) − Notificação avulsa; 2) − Contacto pessoal através de representante legal (advogado, solicitador ou agente de execução); 3) − Escrito assinado e remetido pelo senhorio. b) − Prevê-se também ser inexigível ao senhorio a manutenção do arrendamento no caso de o arrendatário se constituir em mora superior a oito dias no pagamento da renda, por mais de quatro vezes seguidas ou interpoladas, num período de doze meses, com referência a cada contrato. Através desta alteração ao NRAU cria-se um meio processual que se destina a efetivar a cessação do arrendamento, independentemente do fim a que este se destina, quando o arrendatário não desocupe o locado na data prevista na lei ou naquela que resultou do acordo das partes. Este procedimento aplica-se às seguintes situações: 1) − Resolução do contrato por comunicação, com fundamento no não pagamento de ren da igual ou superior a dois meses, ou por mora superior a oito dias no pagamento da renda, por mais de quatro vezes, seguidas ou interpola-

das, no período de 12 meses; 2) − Revogação; 3) − Caducidade do contrato por decurso do prazo; 4) − Cessação por oposição à renovação; 5) − Cessação por denúncia para habitação do senhorio e/ou filhos, para obras profundas ou, ainda, por livre denúncia (alínea c) do art.º 1101.º do CC); 6) − P or denúncia do arrendatário. CÁLCULO DAS RENDAS PARA O ANO DE 2014 No ano de 2013, o aumento das rendas foi de 3,36% e em 2012, foi de 3,19%. Assim, o valor da atualização prevista para o ano de 2014 é muito inferior ao registado nos últimos dois anos, algo que se deve ao facto de a atualização depender da inflação registada, que foi mais baixa em 2013. Como calcular as rendas em 2014? O aumento das rendas em 2014 calcula-se da seguinte forma: Valor atual da renda x 1,0099 Exemplo para uma renda de 500 euros: 500 x 1,0099 = 504,95 euros Uma renda de 500€ a partir de 2014 pode então aumentar 4,95€. Resumidamente, em 2014 há um aumento de renda de 1€ por cada 100€ de renda. Segundo a Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, que aprovou o Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU), o valor da renda deverá ser arredondado ao euro seguinte. No exemplo dado, o valor da renda passaria para 505€. Como é feita a atualização de renda? O valor é estipulado pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) e resulta da variação do índice de preços no consumidor, sem se considerar o custo da habitação. O índice é relativo aos últimos 12 meses. Essa revisão das rendas antigas traduz-se, em muitos casos, num aumento assinalável da renda paga pelo inquilino. A opção da atualização pertence ao senhorio. Face à conjuntura económica, muitos senhorios não têm procedido a esta atualização. Em todo o caso, os proprietários devem alertar os inquilinos − com 30 dias de antecedência − do aumento que a renda irá sofrer através de uma minuta de comunicação do aumento das rendas. A primeira atualização da renda pode ser exigida um ano após a vigência do contrato; as atualizações seguintes um ano após a atualização prévia. A Sociedade de Advogados Rocha Pires, Neves Fernandes & Associados disponibiliza-se para prestar esclarecimentos de natureza jurídica sobre qualquer matéria aos leitores da Lusitânia Contact. Para o efeito, as perguntas e dúvidas deverão ser encaminhadas através dos seguintes canais de comunicação: Tel. +351 219 236 680 TM. +351 932 020 210 E-mail: geral@rpnfa.com

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Informações Consulares Informações consulares

CONSULADO GERAL DE PORTUGAL EM GENEBRA

A PREVIDÊNCIA FORMAÇÃO PROFISSIONAL A PROFISSIONAL NA ÁREA CONSULAR DE GENEBRA

A) O 2º PILAR – LPP PROFESSIONNELLE”)

«2ème PILIER – LPP» («Loi sur la Prévoyance Professionnellle») (Cantões de Genève, Valais e Vaud) (1.ªSUR PARTE) (“LOI LA PRÉVOYANCE F) SISTEMA DE FINANCIAMENTO («A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS JOVENS – APRENDIZAGEM»)

Trabalhou na Suíça depois da idade de 25 anos? As relações de trabalho foram superiores a 3 meses ? Nesse caso, mediante certos requisitos (ex.: salário anual I - IMPORTÂNCIA DACHF) FORMAÇÃO PROFISSIONAL superior a 20’880,00 , quando atingir o limite de idade legal para a reforma suíça (64 anos para as mulA formação profissional é essencial ocupa um não lugartiver esheres e 65 para os Homens) e se eentretanto tratégico, enquanto para a aquisição levantado os fundosespaço sob aprivilegiado forma de dinheiro (capital),e desenvolvimento e de aptidões terá direito, não de só conhecimentos à pensão do regime de basetécnicas, estatal comseguro vista aodedesempenho eficiente e actualizado da nossa do velhice e sobrevivência suíço (“AVS” – 1º profissão. pilar), mas também a uma pensão do regime complementar de previdência profissional – “LPP” / 2º Pilar. Para além disso, permite aumentar as probabilidades de encontrar um trabalho, umaCOMPLEMENTAR nova posição na firma B) OBJECTIVOS DOreforçar REGIME DE aPREVIDÊNCIA que já pertencemos, aceder a outras eventuais propostas PROFISSIONAL de emprego, beneficiar de um aumento salarial e limitar o perigo da perda Ode2º emprego. (2º PILAR/LPP) Pilar/LPP visa garantir, juntamente com a pensão AVS-AI, de maneira apropriada, o nível de Conforme se (cerca poderáde verificar pelo desenvolvimento mais vida anterior 60% do salário anual médio). abaixo, os sistemas da Formação Profissional e da Formação Contínua na Suíça nos quais DE participam, tanto a C) PRESTAÇÕES DO SISTEMA PREVIDÊNCIA Confederação, como cantões ou ainda as organizações PROFISSIONAL – 2º os PILAR: do mundo do trabalho, caracterizam-se por uma elevada permeabilidade - (possibilidade Para além das pensões de velhicede aosseguir idososulteriormente na reforma, formações mais exigentes ou eventuais de mudar pensões de actividade no o 2º Pilar concede também de invadecorrer da vida profissional sema grande perda edepensões tempo) lidez, complemento por filhos cargo (20%) e por uma adequação entre as formações propostas de sobrevivência (viuvez: 60%; e orfandade: 20%). e o mundo do trabalho (ofertas e possibilidades de emprego existentes). A formação profissional inicial inscreve-se, D) QUEM ESTÁ ABRANGIDO? senão numa “continuidade” propriamente dita, pelo menosregime numa das vertentes do sistema e a(*) formação O complementar LPP é educativo obrigatório desde profissional no prolongamento lógico 1985, parasuperior todos inscreve-se os trabalhadores assalariados (*) da formação profissional inicial. anual ilíquido superior a com um rendimento salarial 21’060,00 CHF ou 1’755 mensais (valores 2013). (*) Daí a os vantagem em aproveitar máximo as oportunidades Para independentes, o 2° ao pilar é facultativo. que o sistema de formação profissional suíço nos oferece. E) MONTANTE E GESTÃO DAS COTIZAÇÕES II – ENQUADRAMENTO LEGAL O montante das contribuições, pagas à razão de 50% A “Formação Profissional a Formação pelo trabalhador e 50%e pelo patrão,Contínua” variam deregemcaixa -se pela Lei Federal sobrea aidade Formação Profissional e(LFPr), de para caixa e segundo dos segurados podem 13 de Dezembro de dos 2002, em vigor desdedo 1 de Janeiro de atingir, na maioria casos, 7 a 18% salário coor2004, e respectivo regulamento (Ordonnance) de aplicação denado, isto é da parte compreendida entre 24’570,00 (OFPr), de 19jádeassegurada Novembro de 2003. CHF (parte pelo seguro de base AVS) e o limite máximo do salário anual AVS, 84’240 CHF, ou III - TIPOS E SISTEMAS seja, sobre 59’670,00 CHFDE noFORMAÇÃO máximo, chamado salário coordenado máximo (valores 2013). A gestão das cotiExistem édiversos tipos/sistemas podendo os zações confiada a fundaçõesde deformação previdência também mesmos serCaixas classificados em função dos objectivos, públichamadas de Pensões escolhidas pelos patrões co-alvo, metodologias e meiosprivadas, pedagógicos utilizados. (ex.: Companhias de seguros Caixas de EmDestacam-se sobretudo o sistema de formação inicial de presa ou mesmo Caixas Colectivas Profissionais ou Inaprendizagem e ensino profissional, o aperfeiçoamento terprofissionais). profissional e a formação profissional contínua. 56 62

O 2° pilar é baseado no sistema da capitalização que consiste na constituição, para cada indivíduo, de um capital resultante da acumulação das contribuições pagas, ano após ano, pelo patrão e pelo trabalhador, durante as 1 - A “FORMAÇÃO PROFISSIONAL INICIAL” DOS diversas relações de trabalho (*), designadamente pela JOVENS, MAISà poupança CONHECIDA O de NOME DE parte destinada velhiceSOB (pensão reforma) “APRENDIZAGEM” também conhecidas sob o nome de “bonificações de velhice”, acrescidas por juros compostos (*) para pagaOrientada paradas a “prática”, esta(*) viaAsdestina-se jovens mento futuro prestações. eventuaisaos “prestaque escolaridade obrigatória (fiminstituição do “Cycle çõesterminaram da saída” - a(fundos acumulados em cada d’Orientation CO), não pretendem ou não podem (*) de previdência– em resultado do exercício de actividades ingressar numa Escola de no Cultura Geral com vista à anteriores) - transitam, âmbito da(ECG) chamada “livre obtenção do Certificado de Cultura ou da “Maturité passagem”, de caixa para caixa e Geral são creditadas pelos Spécialisée”, ou num Colégio/Liceu obtenção duma respectivos juros. O capital assim para constituído é deno“Maturité” (“Baccalauréat”). minado capital de poupança reforma (“avoir/épargne vieillesse”) e é convertido em pensão anual paga em (*) SOLUÇÕES TRANSITÓRIAS : prestações mensais. A taxa de juros (rendimentos) é de Aqueles que, apesar de .terem terminado o fim dos estudos secun1,5%. (Valor 2013) dários (secundário inferior ou secundário I - (fim do ciclo de orien-

tação MONTANTE - CO), não tiverem o nível ou o DA número de pontos necessários G) E CÁLCULO PENSÃO – (Ex.: alunos provenientes do sistema pedagógico compensatório,

As são calculadas emd’accueil”, percentagem do ingressar capital das pensões classes de acolhimento “classes etc.) - para de poupança velhice (“avoir/épargne vieillesse”) acumudirectamente numa formação profissional inicial (“AFP” Atestado Felado, capital esseProfissional resultanteoudas contribuições acrescideral de Formação “CFC” Certificado Federal de das por juros A taxa deumconversão (também Capacidade), oucompostos. não tiverem encontrado patrão disposto a assiconhecida por “taxa de transposição”) actualmente em nar-lhes um contrato de aprendizagem, ou não souberem ainda qual vigor é de 6,85% para os homens e de 6,80% as a via profissional que pretendem seguir, poderão ficar maispara um ano mulheres. (Valor 2013) . Em 2014, será de 6,8% no ciclo de transição do Ciclo de Orientação (se apenas a Escola concordar) tanto para os pelo homens como para mulheres. ou inscrever-se, período de um ano as (“année de raccordement - Rac”), numa das medidas de transição propostas pelo cantão de

H) IDADE REFORMA residência (ex.: DA estágio; “SeMo”- -FLEXIBILIZAÇÃO Semestre de Motivação; “ EPP” – escola de pré-aprendizagem; Escola de transição “OPTI” - “OrgaA idade da reformascolaire, é de 64 anos para as mulnisme pournormal le Perfectionnement la Transition et l’Insertion heres e 65 anos professionnelle», etc. para os homens). Se o regulamento

da caixa o prever, os interessados podem pretender a uma pensão profissional de reforma inicial” antecipada penalização A “formação maiscom conhecida sob o * - (o de mais cedo, aos 58 anos). A pensão antecinome “aprendizagem” tem por(*) objectivo a obtenção pada sem penalização só das é possível se existir algum de uma certificação escolar qualificações profissionais acordo/convenção no sector profissional a que pertence fundamentais, visando a entrada no mercado do trabalho. o seguradoos(Ex.: Os trabalhadores das obras públicas Consoante cantões e as profissões, esta formação é or-e construção ganizada de civil). diferentes formas: • Numa escola profissional oficialmente reconhecida (École de Métiers) . ODO essencial da –formação práticaDEe I) LEVANTAMENTO CAPITAL CONDIÇÕES teórica passa-seDAS na escola, mesmo se, frequentemente, são REEMBOLSO COTIZAÇÕES EM DINHEIRO – ASorganizados estágios nas empresas. PECTOS FISCAIS • Numa empresa. Trata-se de uma formação “dual”, isto é, feita em alternância, a escola e a empresa. O reembolso em dinheiro entre (capital) da totalidade das co(Trabalho num patrão e- respectivos 3 a 4 dias por semana -, e curtizações acumuladas juros é possível nas sos teóricos numa escola profissional, à razão de um ou seguintes situações: dois dias por semana). Esta formação inicial merece uma • Compra de alojamento; (**)(***) especial importância na Suíça, pois oferece melhores saídas • Exercício de actividade económica independente (inspara o mercado deprópria); trabalho (**)(***) e constitui também uma boa talação por conta base para a aprendizagem ao longo da vida.


Informações consulares Existem duas espécies de formação “dual”: a) Formação Profissional Inicial Elementar do sistema “dual”, de 2 anos Destina-se aos jovens com orientações essencialmente práticas, que não reúnem as aptidões exigidas para levar a cabo uma aprendizagem longa. No fim da formação, poderá ser obtido um “Atestado Federal de Formação Profissional” (AFP) b) Formação Profissional Inicial do sistema de aprendizagem “dual”, de 3 ou 4 anos (consoante a importância do programa exigido pela formação) É o tipo de formação profissional mais conhecido. Destina-se a jovens ou adultos e tem por objectivo a obtenção de uma certificação das qualificações exigidas para o exercício de uma profissão específica. Em princípio, a formação é feita em alternância, entre a escola e a empresa, com a qual é assinado um “contrato de aprendizagem” (sistema “dual”). Todavia, conforme acima referido, este tipo formação profissional inicial pode também ser ministrado numa escola oficialmente reconhecida, a tempo inteiro, designadamente nas escolas profissionais, com recurso, na maioria dos casos, a estágios nas empresas. (Ex.: as Escolas Profissionais (EP); a Escola do Comércio (EC) que propõe formações comerciais de nível equivalente ao “CFC” (“Diploma de Comércio”); as Escolas de Ensino (Cursos) Tecnológico(s) (ECT) que conferem uma “maturité tecnhique” e permitem o acesso às escolas

de engenheiros (Altas Escolas Especializadas - Hautes Écoles Spécialisées - HES). No fim da formação, poderá ser obtido um “Certificado Federal de Capacidade” profissional (CFC). (*) “MATURITÉ” integrada no CFC e “MATURITÉ” pós-CFC: Os candidatos que se sintam capazes poderão depois deste, preparar uma “Maturité” profissional (“Matu pro” integrada, isto é, ao mesmo tempo que o “CFC”) ou uma “Matu post-CFC”, ou seja, depois do CFC. A “Maturité professionnelle” permitirá, tal como a “Maturité Spécialisée “ obtida na Escola de Cultura Geral e a “Maturité gymnasiale” obtida no âmbito do cursus dos liceus/colégios, o acesso às Escolas Superiores (“ES”) e às Altas Escolas Especializadas (“HES”) e, nalguns casos, o ingresso directo ou mediante exame especial, nas Universidades ou nas Escolas Politécnicas (“EPF”).

NOTA: No próximo número, será abordada a questão da “FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS ADULTOS”. Veremos alguns temas como o “Aperfeiçoamento Profissional” com as várias pistas possíveis - ( ex.: a “Preparação do CFC sem contrato de aprendizagem, via os Exames e via a equivalência por Validação dos Acquis; o CFC com Aprendizagem Profissional Acelerada ) - e a “Formação Profissional Contínua”. Consulado-Geral de Portugal em Genebra, Novembro de 2013. Porfírio Pinheiro

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Truques e astúcias

Sabia que... Isabel Gomes vito_isabel@hotmail.com

Pedra nos rins: Faça uma infusão com 20g de folhas de medronheiro num 1 litro de água. Deixe repousar 10 minutos. Beba uma chávena três vezes por dia durante 3 semanas. Este tratamento deve ser repetido várias vezes ao longo do ano. Limpa vidros caseiro: Faça uma solução com 3 colheres de sopa de vinagre e 3 litros de água. Humedeça um pano macio na solução e torça-o muito bem antes de limpar os vidros. Seque com um pano de algodão ou com papel de jornal. Inibidor de apetite: Bata no liquidificador 1 maçã com casca, 1 pera com casca e meio copo de água. Adicione 1 colher de sopa de flocos de aveia. Beba diariamente este batido em jejum e, se possível, também entre as refeições.

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Dor de dentes: Ponha 3 colheres de sopa de folhas de eucalipto numa chávena e verta sobre elas água a ferver. Deixe repousar durante 15 minutos. Coe a solução obtida e bocheche com ela durante alguns minutos. Atenção, esta solução não deve ser ingerida. Estimulante sexual: Coloque na centrifugadora 350g de melancia com a casca e sementes e junte 150g de morangos. Se gostar, pode misturar um pouco de malagueta. Centrifugue e beba o sumo obtido, que deve ser tomado com certa regularidade para fazer efeito. Manchas na pele provocadas pelo envelhecimento: Ponha uma cebola num copo misturador e misture-a até obter uma pasta. Coe com a ajuda de um pano de algodão e esprema-o até extrair todo o sumo. Misture a este sumo a mesma quantidade de vinagre de cidra. Aplique esta loção sobre as manchas 3 vezes por dia. Problemas de tensão: Deve substituir o sal tradicional pelo sal de ervas. Ponha num copo misturador 1 colher de sopa de cada um dos seguintes produtos: alecrim seco, manjericão seco e orégãos secos. Por fim, 1 colher de sopa de sal marinho. Misture muito bem e coloque a mistura num frasco hermético. Utilize como substituto do sal tradicional.


Horóscopo

Previsão Trimestral (Dezembro, Janeiro e Fevereiro) Sérgio Tomásio sergio.voyante@gmail.com

Virgem

AMOR −Procure limar as asperezas do seu caráter para

não criar conflitos com a pessoa amada. Confie mais nela para poderem viver em harmonia. TRABALHO − Haverá a possibilidade de, em breve, concluir um assunto importante, pelo que não deverá tomar decisões precipitadas. SAÚDE − Sentir-se-á com energia, bom humor e boa disposição, o que lhe dará um grande bem-estar.

Balança

AMOR − Procure atenuar as suas reações para evitar

conflitos desnecessários. Mude a sua atitude para melhorar a relação conjugal. TRABALHO − O sucesso das suas ideias no trabalho irá trazer-lhe o reconhecimento por parte das suas chefias, o que lhe dará grande satisfação. SAÚDE − Sentir-se-á em plena forma mas continue com os exercícios físicos, pois isso ajudá-lo-á a libertar a sua mente.

Carneiro

AMOR − Irá sentir tensão devido a problemas não resolvi-

dos. A insegurança daí resultante provocará comportamentos que se tornarão insuportáveis para a pessoa amada. TRABALHO − Irá superar uma prova difícil graças à sua coragem. Como gosta de desafios, as suas chefias irão propor-lhe metas cada vez mais ambiciosas. Avalie bem os riscos e as vantagens. SAÚDE − Esforços excessivos poderão provocar-lhe um esgotamento. Deverá dar mais atenção à sua saúde.

Touro

AMOR − As suas intenções serão louváveis mas um pouco

equivocadas. Um conselho familiar poderá ajudar ao diálogo, conseguindo assim a compreensão da pessoa amada. TRABALHO − Graças à sua atitude, conseguirá resolver um problema grave. Mas deverá reorganizar-se melhor pois na próxima vez não será tão fácil resolver a situação. SAÚDE − O seu humor não será dos melhores, pelo que deverá passar mais tempo junto amigos e familiares.

Gémeos

AMOR − Não siga o seu instinto pois poderá cair na mo-

notonia conjugal e no aborrecimento; contudo, mantenha a calma pois com um pouco de esforço e alguma imaginação encontrará o bom entendimento com a pessoa amada. TRABALHO − Confie no seu sentido profissional para resolver alguns problemas que poderão ocorrer em breve. Não corra riscos, ponha os seus superiores e colegas ao corrente da situação. SAÚDE − Poderá sentir-se um pouco mais instável e com dificuldades para encontrar o equilíbrio necessário.

Caranguejo

AMOR − Perante uma situação que há muito esperava,

não a deixe escapar; tenha confiança porque este é o seu momento; invista em si mesmo. TRABALHO − Poderá ter uma grande desilusão pelo facto de as coisas não lhe correrem bem. Evite a instabilidade e aceite a ajuda de quem o possa ajudar. SAÚDE − Faça exercício físico, sobretudo no período da manhã.

Leão

AMOR − Encontrará uma pessoa que conhece há muito

mas que agora vê de uma forma diferente, o que o fará feliz. Acabará por verificar que têm muitas coisas em comum. TRABALHO − Encontrará a coragem para revelar a uma pessoa importante os problemas que o afetam no seu trabalho, o que ajudará a ultrapassá-los. SAÚDE − Combata o excessivo nervosismo em que se encontra neste momento fazendo umas caminhadas.

Escorpião

AMOR − Poderá ter encontrado a pessoa ideal? Não poupe,

então, os esforços para que as coisas tenham sucesso. Mas procure ser o mais natural possível e tudo correrá pelo melhor. TRABALHO − Poderá ser grande a sua insatisfação profissional. Terá a tentação mudar de trabalho mas não se precipite, espere o momento oportuno. SAÚDE − Poderá confrontar-se com alguns problemas devido a ansiedade e a stresse, pelo que deverá procurar ajuda especializada.

Sagitário

AMOR − Sentir-se-á num beco sem saída e sem saber

como dizê-lo à pessoa amada. Procure superar o egocentrismo e invista mais na relação a dois. TRABALHO − Não se precipite para não tomar decisões equivocadas. Tem de confiar mais em si, no seu empenho, e não delegar nos outros o que acha que não será capaz de fazer. SAÚDE − Deverá sair de casa com mais frequência e receber ar puro para recuperar energias mentais e físicas.

Capricórnio

AMOR − Sentirá a necessidade de estar mais tempo com

os seus amigos, o que lhe poderá trazer a incompreensão da pessoa amada. Partilhe mais momentos a dois para compensar as ausências. TRABALHO − Conseguirá solucionar os problemas com que se depara graças à sua intuição mas também graças à intervenção de um colaborador fiável. SAÚDE − Mostrará sinais de cansaço, pelo que deverá fazer algumas pausas para descansar.

Aquário

AMOR −Terá a força suficiente para mudar uma situação

que começa preocupá-lo? Procure cativar a pessoa amada com uma ideia original e romântica. TRABALHO − Passará por um pequeno fracasso do qual retirará ensinamentos. Não fique amargurado e procure retirar ensinamentos que o poderão ajudar no futuro. SAÚDE − Sentir-se-á mais forte mas não exija demasiado do seu corpo. Um pouco de meditação é aconselhada para saber dosear o esforço.

Peixes

AMOR − Passará por momentos de alguma confusão que

poderão gerar equívocos devido a pontos de vista diferentes. Mas sairá mais forte e enriquecido das experiências vividas. TRABALHO − Depois de alguns problemas e erros encontrará o caminho para a resolução das suas preocupações graças à sua intuição. SAÚDE − Tenha uma alimentação mais equilibrada e faça um pouco de exercício físico. Manter-se-á em forma.

Dezembro 2013

65


Rir faz bem

Anedotas Às 3 da manhã um bêbado é detido pela polícia. O agente pergunta-lhe: − Onde vai a estas horas? − Vou assistir a uma palestra sobre o abuso do álcool e os seus efeitos nefastos no organismo, o mau exemplo cívico que se dá e as consequências no seio da família, criando um mau ambiente familiar, bem como a questão da irresponsabilidade absoluta em que por vezes se cai, por exemplo na condução do carro. Sem acreditar no que estava a ouvir, o agente olha para ele e pergunta-lhe: − A sério? E quem vai dar essa palestra a esta hora da madrugada? − A minha mulher, claro! Assim que eu chegar a casa! • Dois aldeões que já se não se falavam há anos encontram-se na barbearia. Enquanto estavam a ser atendidos não trocaram uma única palavra. Os barbeiros temiam iniciar qualquer conversa, pois poderia gerar-se uma discussão. Ambos terminaram de fazer a barba aos dois clientes mais ou menos ao mesmo tempo. Um dos barbeiros, ao estender o braço para pegar o frasco do «after shave», foi prontamente interrompido pelo seu cliente: − Não, não quero isso! A minha mulher vai sentir esse cheiro e vai pensar que eu estive numa casa de meninas. O segundo barbeiro virou-se para o outro aldeão e perguntou-lhe: − E o senhor? Ao que ele respondeu: − Ponha bastante! A minha mulher nunca lá esteve, por isso não conhece o cheiro. • Duas crianças de oito anos conversam no jardim e o menino pergunta à menina: − O que vais pedir no Dia da Criança? − Eu vou pedir uma Barbie, e tu? − Eu vou pedir um Tampax ou um OB, responde o menino − Tampax? OB? O que é isso? − Eu não sei, mas na televisão dizem que com Tampax ou com OB se pode ir à praia todos os dias, andar de bicicleta, andar a cavalo, dançar, ir ao clube, correr, fazer um montão de coisas e, melhor ainda... sem que ninguém se aperceba. • Um rapazinho alentejano emigrou com os pais para os Estados Unidos da América e foi trabalhar para um daqueles grandes hipermercados que há lá em cada cidade. Ao fim do primeiro dia de trabalho, o chefe abeira-se dele com um dossier na mão, uma caneta, óculos na ponta do nariz e pergunta-lhe: − Quantos clientes atendeste hoje? − Um. − Só um? Isso para começar não podia ter sido pior. Os meus vendedores normalmente atendem entre 25 a 30 clientes por dia. Se continuares assim não tens futuro nesta profissão. Ora diz lá de quanto foi a venda que fizeste a esse cliente? − Foi no valor de 757.326,45 dólares. − O quê? Ainda por cima estás a gozar comigo? Mas tu pensas que isto aqui é o quê? Ora diz lá então o que é que vendeste a esse cliente?

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− Bem, primeiro vendi-lhe um anzol pequeno, depois, como ele não percebia nada de pesca, disse-lhe que o outro acima, o de tamanho médio, seria melhor. Como ele estava meio confuso, sugeri-lhe que levasse também um grande, pois podia assim podia pescar peixes de diversas dimensões. A seguir convenci-o a levar uma boa cana de pesca! Perguntei-lhe ainda para onde pensava ir pescar, tendo-me respondido que ia para a costa. Claro que lhe expliquei que para pescar na costa era melhor ter um barco. Levei-o então à secção dos barcos de recreio e vendi-lhe aquele «Silver Esprit» com os dois «outboard». O tipo até se ia passando. Como conversa puxa conversa, disse-me que o seu carro era um utilitário Chrysler. Foi então que lhe sugeri que, para puxar o barco, ele precisava de um 4x4. Fomos então direitinhos ao stand e vendi-lhe aquele Range Rover azul metalizado que lá estava. − Muito bem! Deves ser mesmo muito bom vendedor para teres conseguido impingir isso tudo a um tipo que só queria comprar um anzol pequeno. − Qual anzol qual quê, ele só cá vinha comprar uma caixa de Tampax para a mulher, foi aí que eu lhe disse: − Já que tem o fim de semana estragado, porque não aproveita para ir à pesca?

Sudoku




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