Lusitânia Contact N.º 6

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06 MARÇO MAIO

2014 Revista Trimestral Ano 2

NOS 40 ANOS DO 25 DE ABRIL

O 25 de Abril na imprensa genebrina

POSTAL DE LISBOA

Eusébio

no Panteão

A LIGAÇÃO À LÍNGUA PÁTRIA

O ensino do Português na Suíça

Évora TERRAS LUSITANAS

Cidade património da UNESCO

HOJE FALO EU

Crónica do Luvas Pretas



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Número

Ano II • Trimestral • Março/Maio 2014

Ficha Técnica

Sumário

Propriedade

Fotografias Câmara Municipal de Évora Carlos Neves (Capa, entre outras) DEPARTAMENTO COMERCIAL Diretor comercial Luís Mata - Tel. 0041 (0) 76 510 22 44 - Tlm. 00351 96 58 10 018 comercial@ilustrevasion.com Publicidade (Região francesa) Luís Mata - Tel. 0041 (0) 76 510 22 44 - Tlm. 00351 96 58 10 018 comercial@ilustrevasion.com (Regiões alemã e italiana) Manuel Correia Tel.: 0041 (0) 79 722 94 70 E-mail: manuel.correia@ilustrevasion.com Correspondência Lusitânia Contact CP 117 - 1211 Genève 8 Suisse Tel.: 0041 (0) 22 329 77 86 Fax: 0041 (0) 22 329 77 86 Assinaturas Suíça, 20 CHF Resto da Europa, 20 Euros Impressão Lisgráfica Rua Consiglieri Pedroso, n.° 90 Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena Tel. 21 434 54 44 Fax 21 434 54 94 Periodicidade Trimestral Tiragem: 10.000 exemplares Depósito legal: 357274/13 Leia a Lusitânia Contact em www.ilustrevasion.com

A CIÊNCIA NO DIA A DIA 42 Sabe o que é o GPS?

EDITORIAL

TERRAS LUSITANAS 6 Évora

E como funciona?

ECONOMIA 44 Sou fiador ou avalista?

16 GASTRONOMIA EBORENSE HISTÓRIA E MEMÓRIA 20 Évora e a escada do céu

45

HOJE FALO EU Lágrimas bem diferentes SAÚDE E BEM-ESTAR 46 Doar medula salva vidas

22 A revolta do Manuelinho

24 O 25 de Abril na imprensa genebrina

51 Escoliose: como prevenir?

ESCRITORES PORTUGUESES 28 André de Resende

MEDICINAS NATURAIS 52 Dores nas costas

LISBOA 31 POSTAL DE no Panteão

56

REPORTAGEM Macau, uma ”gota” de Portugal na China

Eusébio

32

PORTUGUESES DE SUCESSO Fernando Martins

ASSOCIAÇÕES PORTUGUESAS 58 Rancho Folclórico Estrelas

34

EDUCAÇÃO E ENSINO O ensino de Português na Suíça

de Portugal de Genève

CURIOSIDADES E PASSATEMPOS 60 Truques e astúcias

INFORMAÇÕES CONSULARES 38 A formação profissional

61 Horóscopo

ESPECIAL SUÍÇA 40 O divórcio é uma realidade

62 Anedotas

que muitas pessoas enfrentam RECEBA A REVISTA

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LUSITÂNIA CONTACT

Lusitânia Contact

CP 117 • 1211 Genève 8 Suisse comercial@ilustrevasion.com

13/10/05

assinatura anual

17:03

Suíça:

Festividades

O Natal do Senhor

Terras lusitanas

João Penha

Especial Portugal

O Ultimatum inglês de 1890

CY

CMY

K

Especial Suíça

Quem tem direito ao fundo de desemprego?

Escritores portugueses

Miguel Torga e a essência de Trás-os-Montes

Especial Portugal

O 5 de outubro de 1910

O mirandês

Um país, duas línguas

Hoje falo eu

Duas palavras do Cônsul-Geral de Portugal em Genebra

Bragança

Resto da Europa:

20 CHF 20€

Bracara Augusta

Escritores portugueses C

M

Y

CM

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N°5 - DEZEMBRO - FEVEREIRO 2013

Redatores e colaboradores Adelino Sá Alberto Pinto Câmara Municipal de Évora Consulado-Geral de Portugal em Genebra / Porfírio Pinheiro Deco Proteste Fernando Martins Flávio Borda d’Água Georges Richard Isabel Gomes João Alves Joaquim Vieira Lourdes Gonçalves Manuel Henrique Figueira Paula Matos Santos Reto Monico Sara Vitorino Fernandez Sérgio Tomásio Telma Ferreira

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N°4 - OUTUBRO - DEZEMBRO 2013

Diretor Amílcar Figueiredo amilcar.figueiredo@ilustrevasion.com

Braga

Para sua maior comodidade e para ter a certeza de que a Lusitânia Contact chega até si, assine o cupão e devolva-o ou então contacte-nos para o e-mail abaixo Ajude a divulgar a nossa revista enviando este cupão para os seus amigos. (Fotocopie o cupão)

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Editorial Caros leitores:

Quero agradecer aos redatores e colaboradores que, direta ou indiretamente, fizeram da Lusitânia Contact a revista que se deu a conhecer à comunidade portuguesa de uma maneira simples e rápida, num intercâmbio que se afigura especial. É um trabalho de equipa e aqui deixo expresso o testemunho da minha simpatia e um obrigado sincero a todos, incluindo os nossos parceiros comerciais, essenciais para a sustentação financeira da revista.

Amílcar Figueiredo

A confiança e amizade que os leitores depositam em nós está patente na procura e nas assinaturas que chegam cada vez em maior número ao departamento comercial. Foi no dia 1 de janeiro de 2013 que a revista viu a luz do dia. Desde então, a diversidade de artigos e a inovação foram uma constante. Das 36 páginas do primeiro número, dedicado à vila de Sintra, conseguimos atingir as 68 páginas na última edição, relativa à cidade de Braga. Assim, no primeiro ano, atingimos o programa estipulado. A próxima «Terra lusitana» a merecer a nossa atenção não será desta vez uma cidade mas sim a histórica vila de Palmela, terra de famosos vinhos, reconhecidos internacionalmente, situada paredes-meias com Setúbal, na região sul de Lisboa. E também terra de indústrias modernas e produtivas, de que o melhor exemplo é a fábrica da Ford-Volkswagen – a Autoeuropa. Para seu conforto pessoal pode receber em casa a sua revista preferida pela módica quantia de 20 francos suíços anuais no resto da Europa. Mas, se achar conveniente, fique a saber que os pontos de distribuição gratuita em toda a Suíça são publicados na própria revista. A Lusitânia Contact aparece com uma nova imagem, um novo design gráfico, se se quiser um novo look, sempre para agradar e testemunhar as exigências de quem aprecia ler e pretende mostrar aos amigos que é uma boa companhia, para aconselhar, refletir, procurar novos rumos, novas ideias e tirar ilações para um futuro mais risonho. Visite o Site www.ilustrevasion.com e deixe o seu parecer, que será sempre bem-vindo, e não deixe de aconselhar a revista aos seus amigos.



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Terras lusitanas

É

Évora

vora situa-se no coração de uma vasta região ao sul de Portugal – o Alentejo –, cerca de 1/3 do território nacional e mais de 500 mil habitantes, perto de 55 mil só na cidade. É o seu polo natural desde há muito tempo, aqui se localizando importantes infraestruturas e serviços regionais: do hospital distrital à universidade. A paisagem alentejana é aberta – largos horizontes de campos de cereais em regime extensivo, pastagens e manchas notáveis de floresta de sobreiro e azinheira, muitas vezes com cereais e pastagens sob o coberto. O olival geométrico, a vinha e o regadio (arroz, tomate, melão) completam a diversidade e a unidade alentejanas. O clima é mediterrânico adoçado pela influência atlântica, de verãos quentes, longos e secos e invernos curtos e suaves. Ambientalmente é uma das regiões mais bem preservadas da Europa: paisagem, fauna, flora, património histórico e identidade cultural dão-lhe uma forte personalidade geográfica. No contexto nacional Évora é reconhecida pela qualidade do ambiente urbano, outorgada pelo Centro Histórico classificado Património da Humanidade pela UNESCO em 1986 (por proposta do município) e pela harmonia do desenvolvimento urbanístico. É também caraterizada pelo conjunto de atividades sociais, culturais e desportivas que desenvolve, apoiadas num movimento associativo e participação dos cidadãos talvez únicos no país. Internacionalmente, goza de um prestígio excecional pelos seus valores histórico-patrimoniais e pela participação ativa dos órgãos locais em redes europeias e mundiais, que trabalham em prol da dignificação das cidades e em defesa de importantes valores de sustentabilidade urbana.

e o seu contexto


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População Évora cresceu no último século sobretudo à custa das zonas rurais envolventes. Nos últimos dois decénios atraiu população de fora da região e do estrangeiro. A universidade e os serviços da administração têm fixado pessoas, atraídas pela vida numa cidade média com qualidade de vida. Não tem «ghettos» nem zonas marginais, o planeamento e as práticas urbanísticas promoveram a integração social e o convívio de diversas camadas sociais nos mesmos espaços. Aos residentes soma-se a população flutuante de cerca de 6000 estudantes, na maioria universitários, que contribuiu nos últimos anos para o rejuvenescimento da população, assim como para o incremento do comércio, serviços e equipamentos ligados às utilizações socioculturais das camadas juvenis. Este facto, e a existência de escolas secundárias e profissionais fazem dela no dia a dia uma cidade onde a juventude e as suas potencialidades marcam presença.

Turismo e capacidade hoteleira O turismo merece um lugar de destaque, pois tem crescido em quantidade sem perder qualidade. Trata-se de um turismo histórico, cultural e ambiental, que atrai camadas médias e altas com cultura e razoável poder de compra, consolidado pela classificação da UNESCO, e que tem atraído investimentos nesta área. A gastronomia regional é rica, variada e prestigiada a nível nacional. A restauração é diversificada e tem estabelecimentos de renome mundial.

Dado o número e as proveniências dos turistas que visitam Évora, a qualificação profissional do pessoal de hotelaria e restauração é boa, nomeadamente no que diz respeito à comunicação em outros idiomas.


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Terras lusitanas

Acessibilidades Évora está ligada a Lisboa e a Madrid por autoestrada. Até Lisboa demora-se cerca de 1 hora pela Ponte Vasco da Gama. Deste modo, importantes equipamentos e infraestruturas como o Aeroporto Internacional estão muito perto. Badajoz (Espanha) ainda mais. O IP2 (Itinerário Principal 2), um eixo Norte / Sul, permite boas ligações a outras cidades do interior. No essencial está requalificado como via moderna. O terminal rodoviário e a nova estação ferroviária facilitam a ligação ao resto do país e ao mundo através de modernos transportes públicos e das suas ligações a outros meios de transporte. O Aeródromo Municipal, alvo de grandes beneficiações, já tem uma pista asfaltada de 1500 metros, que permite aeronaves de médio porte. Esta infraestrutura possui também gare para check-in, combustíveis e oficinas de manutenção / reparação de aviões. Évora tem também uma das melhores redes de telecomunicações do país, sendo considerada uma cidade digital pelo avanço nas infraestruturas e know-how informáticos.

Palácio D. Manuel

Praça de Sertório (Município)

Património A história de Évora remonta aos primórdios da ocupação humana da Península Ibérica – em redor da cidade existem alguns dos mais importantes monumentos megalíticos do ocidente peninsular. Depois, os romanos construíram uma cidade – Liberalitas Iulia –, centro e polo de uma vasta região agrícola da qual ainda se encontram vestígios.

Os árabes ocuparam a região durante cerca de 500 anos e deixaram notáveis obras de regadio, a par da introdução de culturas regadas. A Reconquista Cristã começou no século XII e com ela um período de tranquilidade com outros povos até aos nossos dias. A Catedral é um dos primeiros marcos desta era, a que se seguiram outros monumentos – por exemplo, a cerca de muralhas fernandinas (século XIII). No século XV começa a «idade de ouro» da cidade, que se prolongou por dois séculos – a família real instala-se durante largos períodos e com ela a corte de nobres, cientistas e cronistas. Desta época datam os grandes palácios, as casas nobres, o Aqueduto e o sistema de abastecimento de água às fontes da cidade, inúmeros conventos e a universidade. Os estilos manuelino, renascença e barroco estão largamente representados na cidade então construída. Todo este riquíssimo património histórico-monumental, que se manteve preservado, aliado a uma forte identidade cultural, levou à classificação da UNESCO que referimos. O património histórico-cultural é hoje um bem que se preserva para as gerações futuras de todo o mundo, or-


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Templo Romano

gulho dos eborenses e motivo de desenvolvimento económico. Cidade internacional Évora, mercê das suas caraterísticas, tem atraído, sobretudo ao longo do último decénio, inúmeros acontecimentos internacionais. De facto, o caráter singular da cidade elegeu-a palco de conferências, seminários, encontros, etc. Destacamos a Assembleia Geral das Cidades Património da Humanidade e as visitas de Reis e de Chefes de Estado de todo o mundo para ilustrar a experiência da cidade na organização de encontros de alto nível. Participa ainda em redes de cidades europeias e mundiais e noutros projetos de prestígio, o que lhe dá competências para lidar com acontecimentos que envolvam grandes meios humanos e técnicos, assim como lhe confere qualificações que só a experiência pode dar.

Esse forte movimento, apoiado pelas autarquias e por outros serviços do Estado, dá a milhares de eborenses as condições e o estímulo para a prática habitual de desporto ou de atividades recreativas e culturais. A cidade oferece aos seus habitantes a possibilidade de prática do desporto formal nos campos e pavilhões

Desporto Existem dezenas de associações socioculturais e desportivas no concelho.

Universidade

públicos e nos equipamentos das associações. Futebol, ténis, basquetebol, andebol, natação, ciclismo, ginástica e tiro são modalidades praticadas por muitos eborenses. Para os visitantes as possibilidades da prática desportiva são inúmeras. Desde o karting ao hipismo, passando pelo para-quedismo, voo sem motor e


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Saúde lusitanas Terras

balonismo, as escolhas são muito variadas assim como os custos. Empresas de turismo ambiental e de aventura oferecem perspetivas novas a quem procure fugir dos circuitos tradicionais e preencher os tempos livres em atividades ligadas ao meio rural. Polo de desenvolvimento A agricultura continua a gerar importantes rendimentos no concelho, embora tenha perdido mão de obra. A produção tem vindo a melhorar a qualidade – os vinhos, queijos e carnes da região provam-no. A indústria estabilizou quanto aos empregos, destacando-se as atividades ligadas às máquinas elétricas. O crescimento económico tem-se feito, sobretudo, à custa do comércio e dos serviços, que conheceram nos últimos anos um grande incremento e uma forte requalificação. No entanto, pela dimensão, centralidade e visibilidade no contexto nacional, Évora assume-se como um polo de desenvolvimento de toda a região do Alentejo. O enquadramento territorial tem favorecido a consolidação, em diferentes fases, da função de «capital regional». Geograficamente, as boas acessibilidades facilitam a interação funcional com os principais espaços de afirmação da economia da Região do Alentejo, designadamente: o Porto de Sines; o empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva; a Área Metropolitana de Lisboa; a Estremadura espanhola. Para isso o concelho tem procurado diversificar a sua economia, particularmente no setor secundário. Destacam-se as seguintes indústrias: metalúrgica de base; componentes elétricos e eletrónicos; agroalimentar; transformadora de madeira e cortiça; aeronáutica (mais recentemente com as duas fábricas da Embraer, entre outras empresas deste setor). Nesta linha estratégica de apoio empresarial o município tem apostado, desde 1990, na infraestruturação de terrenos com a criação do Parque

Industrial e Tecnológico de Évora (PITE): um total de 369 lotes (216 na primeira fase e 153 na segunda). Estão infraestruturados: arruamentos; ETAR; rede de telecomunicações; rede de eletricidade; rede de água e esgotos; rede de Internet RDIS; rede de gás natural; sistema de resíduos sólidos e arranjos exteriores. Aquando do último estudo caraterizador do PITE (1.ª fase) o parque industrial albergava cerca de 80 empresas, representando 1197 postos de trabalho. O setor industrial é predominante (33,75 % das empresas e 837 postos de trabalho), seguido pelas oficinas e armazéns (18,75 % das empresas e 228 postos de trabalho) e pelos serviços (17,5 % das empresas e 132 postos de trabalho). Até à data o nível de atribuição dos lotes do PITE - 2.ª fase (expansão) atingiu os 92,1%. Nas áreas rurais do concelho foram também criadas pelo município cinco zonas industriais infraestruturadas. Recentemente foi criado o Parque Industrial Aeronáutico, com cerca de 865.000m2, contíguo ao Aeródromo Municipal, que reúne condições excecionais para a localização de empre-

Fonte na Praça do Geraldo

sas da fileira aeronáutica e eletrónica, onde se encontra instalada a 3.ª maior construtora de aviões: a Embraer. Sendo uma cidade universitária, Évora alberga importantes centros de investigação de nível nacional, particularmente nas seguintes áreas: física; química; matemática; computação; mecatrónica; ciências agrárias e ambientais. Assim, numa ótica de desenvolvimento visando emprego, o empreendedorismo e a inovação, o município participa ativamente no desenvolvimento do projeto do Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo, que irá potenciar o capital de conhecimento existente na região. Com um importante potencial de desenvolvimento, a cidade e o concelho reúnem condições para proporcionar uma elevada qualidade de vida, traduzida na cobertura por serviços de saúde e equipamentos sociais de qualidade, na rede de estabelecimentos de ensino (desde o pré-escolar ao profissional e universitário), bem como na programação e equipamentos culturais e desportivos. Para indicadores económicos e demográficos caraterizadores do concelho pode consultar-se a Pordata: http://www.pordata.pt/


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Terras lusitanas

Évora: «Doze Meses de Boa Mesa» A gastronomia tradicional − na dimensão da «Dieta Mediterrânica» − acaba de ser consagrada Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO. Portugal faz agora parte dos países com esta honrosa distinção, facto relevante para a promoção turística da cozinha tradicional, desde logo a do Alentejo. A gastronomia sempre representou para o Alentejo, em particular para Évora, um importante recurso turístico com raízes na identidade cultural da região. Todavia, Évora, ao contrário de outros locais do país que fizeram da gastronomia uma bandeira identitária em festivais, congressos e mostras, tem apostado numa estratégia diferente. Não obstante esta estratégia ter sido conduzida pelo município ao longo dos últimos 30 anos, quem tem feito da gastronomia alentejana um produto

turístico de projeção nacional e internacional têm sido os profissionais da restauração, que nos 365 dias do ano se mobilizam para dar aos clientes os sabores mais genuínos da nossa terra. É a eles que Évora deve o estatuto de destino turístico gastronómico, indissociável da alta qualidade do vinho, do azeite e de tantos outros produtos regionais. Se não restam dúvidas sobre a diferenciação da oferta instalada na cida-

de, sobretudo se comparada com outros locais do país, a aposta estratégica deve ser nas temáticas gastronómicas, ciclos festivos dos alimentos, sazonalidade e genuinidade dos produtos, bem como na dimensão cultural dos saberes e sabores da boa mesa. Évora, pioneira na promoção da Cozinha Tradicional Alentejana, prepara-se uma vez mais para ser exemplo à escala nacional. Fá-lo com o empenho de todo o setor da restauração tra-


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dicional, das pastelarias com fabrico próprio, das lojas gourmet de produtos regionais e das wine shops. Tudo para fazer a diferença na promoção do produto turístico «gastronomia e vinhos», que é o segundo motivo mais importante das visitas à cidade a seguir ao rico e variado património monumental. Assim, ao longo dos doze meses de 2014 a oferta gastronómica nas temáticas do porco, das sopas, do borrego, das comidas de verão, da caça e da doçaria regional vai de novo constituir um renovado pretexto para uma visita à cidade e ao concelho. Para os fiéis consumidores destas especialidades gastronómicas, ou simplesmente para quem as venha descobrir e degustar pela primeira vez, serão, estamos certos, uns verdadeiros e intensos «Doze Meses de Boa Mesa».

«DOZE MESES DE BOA MESA» (participantes)

RESTAURANTES

1. Adega do Alentejano R. Gabriel Pereira, 21 A Tel.: 266 744 447 2. Adega Típica Vinho e Noz R. Ramalho Ortigão, 12 Tel.: 266 747 310 3. Alguidar d’Aromas R. Miguel Bombarda, 74 Tel.: 962 350 056 4. O Antão R. João de Deus, 5 Tel.: 266 706 459 5. A Baiúca R. das Fontes, 67 Tel.: 266 704 782 6. BL Lounge R. das Alcaçarias, 1 Tel.: 266 771 323 7. Café Alentejo R. do Raimundo, 5 Tel.: 266 706 296 8. Cardo (EcorkHotel) Qta. da Deserta e Malina Tel.: 266 738 500 9. Cartuxa R. Vasco da Gama, 15 Tel.: 266 700 839 10. Casa do Vale Hotel Estrada Nacional 114 Tel.: 266 738 030 11. Chico Rua do Sol S. Manços Tel.: 266 722 208 12. A Choupana R. dos Mercadores, 16 e 20 Tel.: 266 704 427 13. Cozinha de Stº. Humberto R. da Moeda, 39 Tel.: 266 704 251 14. O Cruz Pç. 1º.Maio, 20 Tel.: 963 402 825 15. Degustar (M’AR de Ar Aqueduto) R. Cândido dos Reis, 72 Tel.: 266 740 700 16. Divinus (Convento do Espinheiro) Tel.: 266 788 200 17. Divor Rua Principal, N.ª. Sr.ª da Graça do Divor Tel.: 266 967165 18. Docas Gourmet R. Romão Ramalho, 37-39 Tel.: 266 733 193

19. Dom Joaquim R. dos Penedos,6 Tel.: 266 731 105 20. Fialho Tv. das Mascarenhas, 16 Tel.: 266 703 079 21. O Garfo R. de Sta. Catarina, 13-15 Tel.: 266 709 256 22. Giraldo Pç. do Giraldo, 17 Tel.: 266 704 756 23. Guião R. da República, 81 Tel.: 266 703 071 24. Luar de Janeiro Tv.do janeiro,13 Tel.: 266 749 114 25. Manueis R. do Raimundo, 33 Tel.: 266 707 635 26. Maria Luísa Pç. 1º. de maio, 12 e 14 Tel.: 266 781 333 27. Martinho da Arcada Lg. Luís de Camões, 24 Tel.: 960 093 189 28. Medieval R. do Raimundo, 47 Tel.: 266 744 116 29. Moinho do Cu-torto Rua de Santo André, 2, B. Sr.ª do Carmo Tel.: 266 771 060 30. Mr. Pickwik R. Alcárcova de Cima, 3 Tel.: 266 706 999 31. A Muralha R. 5 de Outubro, 21 Tel.: 266 702 284 32. PipaRoza R. Alcárcova de Baixo, 23 Tel.: 266 709 517 33. Pousada dos Loios Lg. Conde Vila Flor Tel.: 266 730 070 34. Repas Pç. 1º. maio, 19 Tel.: 266 708 540 35. O Ricardo Quinta da Deserta, Valverde Tel.: 266 711 115 36. Sabores do Alentejo (M’Ar de Ar Muralhas), Trav. da Palmeira, 4-6 Tel.: 266 739 300

37. S. Brás (Hotel D. Fernando), Av. Dr. Barahona, 2 Tel.: 266 737 990 38. S. Luís R. do Segeiro, 32 Tel.: 266 741 585 39. O Sobreiro R. do Torres, 8 Tel.: 266 700 574 40. Sol Poente (EvoraHotel), Av. Túlio Espanca Tel.: 266 748 800 41. Tasquinha do Oliveira R. Cândido Reis, 45 A Tel.: 266 744 841 42. Tasquinha do Zé Tv. das Nunes Tel.: 966 066 972 43. Taskafina R. dos Apóstolos, 10 Tel.: 266 707 070 44. Trovador R. da Mostardeira, 4 Tel.: 266 707 370 45. Um Quarto para as Nove R. Pedro Simões, 9-A Tel.: 266 706 774 46. Vinho e Noz dois R. dos Penedos, 5 Tel.: 266 735 478 PASTELARIAS

47. In Plaza Rua da República, 15 Tel.: 266 732 056 48. Pão de Rala Rua do Cicioso, 47 Tel.: 266 707 778 LOJAS GOURMET

49. Agroloja Rural Gourmet Rua D. Isabel, 7 Tel.: 266 700 585 50. Boa Boca L. Porta de Moura, 25 Tel.: 266 704 632 51. Divinus Praça 1.º de Maio Tel.: 266 704 636 52. Évora Alforge R. Alcárcova de Baixo, 1 Tel.: 266 746 091 WINE SHOPS

53. Ervideira Wine Shop R. de Valdevinos, 15 Tel.: 266 700 402 54. Pera Grave Quinta de S. José da Peramanca Tel.: 266 785 045

Onde dormir em Évora Veja em: http://www2.cm-evora.pt/guiaturistico/alojamento.htm


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Terras lusitanas

Entrevista ao vereador da cultura

Eduardo Luciano As eleições autárquicas de 2013 ditaram uma alteração política no município. Eduardo Luciano (CDU) é o novo vereador da cultura e a Lusitânia Contact quis saber o que pensa de uma área tão importante para a histórica cidade P − Qual a importância de Évora na região e no país, numa altura em que se celebra o 27.º aniversário da classificação como Património Mundial? R − Sendo uma cidade classificada pela UNESCO como Património da Humanidade, tem caraterísticas muito próprias. Com uma carga patrimonial imensa, impõe-se neste e noutros domínios como uma das cidades mais importantes da região e do país. É a porta de entrada do turismo cultural no Alentejo e em Portugal. Quem nos visita dispensa o sol e a praia, prefere motivos de interesse cultural, paisagístico, gastronómico e etnográfico. Atualmente vive-se um período de transição entre, por um lado, a decadência e o abandono a que foi votado o património e a atividade cultural e, por outro lado, a valorização de um legado de importância incalculável. Será nossa prioridade colocar a cultura como um vetor estratégico de desenvolvimento da cidade e da região. As comemorações do 27.º aniversário da classificação da UNESCO foram o primeiro passo neste sentido, procurando dar à efeméride a dignidade que a mesma merece, condicionados, naturalmente, pelas dificuldades económicas herdadas.

P − Qual o futuro de Évora na perspetiva cultural e turística? Para cumprir o desiderato por nós assumido, ou seja, fazer da cultura um dos pilares essenciais para a consolidação da nossa sociedade, vamos apostar claramente na defesa, na promoção e na educação para o património. Queremos que quem nos visite consiga olhar a história como algo vivo que se projeta no futuro. Deste modo temos em preparação um conjunto de iniciativas ambiciosas, enquadrado pela tal estratégia de desenvolvimento da cidade, e, apesar dos constrangimentos financeiros, prometemos devolvê-la e o seu património às pessoas. Com a inestimável colaboração dos agentes culturais e de outras entidades regionais, iremos levar a cabo um conjunto de atividades nos próximos meses, de que destaco: «12 Meses de Boa Mesa», várias atividades de verão, as comemorações dos 50 anos da inauguração das piscinas municipais e, no Natal, a recriação dos conhecidos mercados de rua que se fazem por essa Europa fora e de que Évora já teve tradição. Por outro lado, o 40.º aniversário do 25 de Abril será também assinalado fortemente em Évora. P − O que poderão encontrar os leitores da Lusitânia Contact que não conhecem Évora? Quem nos visitar será bem recebido, encontrará excelente gastronomia e um património histórico incrível, que deve ser apreciado e protegido para constituir uma alavanca essencial na forma como olhamos o futuro. Évora, cidade Património da Humanidade, tem de ser uma cidade de futuro e de encontros.

CÂMARA MUNICIPAL DE ÉVORA Edifício Paços do Município Praça de Sertório 7004 - 506 ÉVORA Tels.: +351 266 777000 Tlm.: +351 965959000 Fax: +351 266 702950 Email: cmevora@mail.evora.net ou cmevora@cm-evora.pt Fotos: Carlos Neves


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Ch. Louis-Hubert 2 1213 PETIT-LANCY GENEVE, SUISSE Telephone: 022 796 98 24 FAX: 022 796 98 47 info@cuisiform.ch

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Gastronomia eborense

Migas à Alentejana Ingredientes: (4 a 6 pessoas)

500 g de entrecosto 250 g de lombo ou de costelas de porco (sem osso) 150 g de toucinho salgado 800 g de pão de trigo caseiro (duro) 3 dentes de alho 3 colheres de sopa de massa de pimentão Sal Confeção: Corta-se o entrecosto e a carne em pedaços regulares e barram-se bem com os alhos pisados e a massa de pimentão. Deixa-se ficar assim de um dia para o outro. Corta-se o toucinho em bocadinhos. Numa tigela de fogo (tigela de barro vidrado muito estreita na base e larga em cima) levam-se a fritar as carnes e o toucinho juntando um pinguinho de água (para não deixar queimar). Retiram-se as carnes à medida que forem alourando. A gordura (pingo) resultante da fritura das carnes é passada por um passador. Tem-se o pão cortado em fatias. Deita-se o pão na tigela, rega-se com um pouco de água a ferver e bate-se imediatamente com uma colher de pau esmagando-o. Tempera-se com o pingo necessário batendo as migas. Estas devem ficar bem temperadas mas não encharcadas de gordura. Sacode-se a tigela sobre o lume enrolando as migas numa omeleta grossa. A esta operação dá-se o nome de enrolar as migas. Quando as migas estiverem envolvidas numa crosta dourada e fina colocam-se na travessa, untam-se com pingo e enfeitam-se com as carnes. Variante: As migas não são obrigato-

riamente enroladas. Podem servir-se com o aspeto de uma açorda grossa (no sentido que a palavra tem no resto do país). Em Alter do Chão, quando as migas não se enrolam, servem-se com fatias de pão frito e gomos de laranja. O entrecosto pode ser suprimido aumentando-se a quantidade de carne de febra. Os dentes de alho podem ser fritos no pingo e retirados antes de se juntar o pão.

se deita o caldo do ensopado depois dos temperos retificados. A carne serve-se à parte numa travessa mas ao mesmo tempo.

Sopa de Beldroegas com Queijinhos e Ovos Ingredientes: (4 pessoas)

Ensopado de Borrego Ingredientes: (8 pessoas)

2 kg de carne de borrego (costeletas e sela) 500 g de cebolas 2 colheres de sopa de farinha 200 g de banha 5 dentes de alho 1 folha de louro 1 colher de sopa de pimenta em grão 1 colher de sobremesa de colorau doce 1 ponta de malagueta 1 kg de pão caseiro ou de segunda Sal Confeção: Corta-se a carne em bocados que se passam pela farinha. Retiram-se três colheres de sopa de banha e aquece-se a restante num tacho de barro. Introduz-se a carne neste tacho e deixa-se alourar. À parte, noutro tacho de barro, faz-se um refogado com a restante banha, as cebolas cortadas às rodelas, os dentes de alho cortados, o louro e a pimenta em grão. Introduz-se a carne bem loirinha no refogado assim como os restantes temperos e a água necessária para o ensopado, que pode ser acrescentada quando se julgar conveniente. Na altura de servir tem-se o pão cortado em fatias numa terrina, sobre a qual

2 molhos de beldroegas 2 cebolas 500 g de batatas 1,5 dl de azeite 1 cabeça de alhos 500 g de pão caseiro ou de 2.ª categoria 4 ovos 2 queijinhos frescos

Confeção: Preparam-se as beldroegas aproveitando-se apenas as folhas. Os molhos devem ser grandes. Cortam-se as cebolas às rodelas e alouram-se em azeite. Juntam-se as folhas de beldroegas lavadas e deixam-se refogar muito bem mexendo com uma colher de pau. Regam-se com cerca de 2 litros de água e deixa-se levantar fervura. Retiram-se as peles brancas à cabeça de alhos, que se introduzem inteiras (isto é, sem retirar a pele roxa de cada dente de alho) na panela com o caldo a ferver. Juntam-se ainda as batatas cortadas às rodelas grossas. Tempera-se a sopa de sal e deixa-se cozer. Na altura de servir introduzem-se no caldo os ovos, um a um, e deixam-se escalfar. Por fim, metem-se na panela os queijinhos cortados aos quartos. Tem-se o pão cortado às fatias numa terrina e rega-se com o caldo. À parte servem-se as batatas, os ovos, as beldroegas e os queijinhos. Variante: Substituem-se os queijinhos frescos por um queijo de leite de ove-


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Gastronomia eborense lha fervido cortado aos bocados. Na região de Évora esta sopa não leva cebola mas sim uma maior quantidade de alhos inteiros e sem serem pelados.

Açorda à Alentejana Ingredientes: (4 pessoas) 1 bom molho de coentros (ou um molho pequeno de poejos ou uma mistura das duas ervas) 2 a 4 dentes de alho 1 colher de sopa de sal grosso 4 colheres de sopa de azeite 1,5 litro de água a ferver 400 g de pão caseiro (duro) 4 ovos Confeção: Pisam-se num almofariz, reduzindo-os a papa, os coentros (ou os poejos) com os dentes de alho aos quais se retirou o grelo, juntando-se depois sal grosso. Deita-se esta papa na terrina ou numa tigela de meia cozinha (que neste caso fará ofícios de terrina). Rega-se com azeite e escalda-se com água a ferver na qual previamente se escalfaram os ovos (de onde se retiraram). Mexe-se a açorda com uma fatia de pão grande com que se prova a sopa. A esta sopa dá-se o nome de «sopa azeiteira» ou «sopa mestra». No caldo introduz-se o pão cortado em fatias ou em cubos com uma faca ou partido à mão conforme o gosto. Depois tapa-se a açorda ou não, pois uns gostam dela mole e outros apreciam as sopas duras. Os ovos são colocados no prato ou sobre as sopas na terrina também conforme o gosto. Fora do Alentejo a açorda é o prato mais conhecido da culinária alentejana. Ia à mesa do pobre e do rico e raro era o dia em que não constituía o almoço do

trabalhador rural. Tem muitas variantes, mais influenciadas pela mudança de estações do que, como é regra em cozinhas tradicionais, de terra para terra. É sempre um caldo quente e transparente, aromatizado com coentros ou poejos, ou os dois, alhos pisados com sal grosso e condimentado com azeite. Dão-lhe consistência fatias ou bocados de pão de trigo, de preferência caseiro e duro. Acompanha-se geralmente com ovos escalfados, que também podem ser cozidos, e azeitonas. Frequentemente na água utilizada já se cozeu uma posta de pescada ou de bacalhau. Também pode ser acompanhada com sardinhas assadas ou fritas. No outono é muitas vezes enriquecida com tiras finas de pimento verde, que se escaldam com a água ao mesmo tempo que as ervas, sendo acompanhada com figos maduros ou um cacho de uvas brancas de mesa.

Encharcada do Convento de Santa Clara (Évora) Ingredientes:

22 gemas de ovos 4 claras 750 g de açúcar Canela

Confeção: Leva-se o açúcar ao lume com 2 dl de água e deixa-se ferver até fazer ponto de pérola muito fraco. Entretanto batem-se os ovos. Estando a calda no ponto, deita-se-lhe dentro os ovos, lentamente, através de um passador de rede e em movimentos circulares. Deixa-se cozer a encharcada espetando-a com uma espátula, dos lados para o meio, para evitar que ganhe crosta. Retira-se do lume quando os ovos es-

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tiverem cozidos mas ainda com um pouco de calda. Os ovos ficam com o aspeto de trouxa de ovos partida em bocadinhos. Deita-se num prato fundo, polvilha-se com canela e leva-se ao forno bem quente só para tostar. Esta é uma das receitas de doçaria tradicional de que os Alentejanos mais se orgulham.

Torrão Real de Ovos Ingredientes: (10 pessoas) 125 g de amêndoa pelada e moída 15 gemas 150 ml de natas 250 ml de água 500 g de açúcar Canela em pó q.b. Confeção: Leve o açúcar e a água ao lume deixando ferver até atingir o ponto de espadana (cerca de 3 minutos, quando ao mergulhar uma colher na calda esta formar uma espécie de lâmina ao cair). Retire a calda do lume e, estando morna, junte o miolo de amêndoa moído, as gemas batidas e as natas. Bate-se muito bem para ligar bem os ingredientes. Leve de novo ao lume, em lume brando, e mexa até as gemas estarem cozidas. Retire do calor quando a mistura atingir o ponto de estrada (ao passar a colher vê-se o fundo do tacho). Deite o doce numa taça funda ou em taças individuais e polvilhe com canela a gosto. CÂMARA MUNICIPAL DE ÉVORA Edifício Paços do Município Praça de Sertório 7004 - 506 ÉVORA Email: cmevora@mail.evora.net ou cmevora@cm-evora.pt


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Gastronomia eborense casca de limão e o pau de canela e deixar arrefecer. Bater as claras em castelo bem firme e incorporá-las cuidadosamente no preparado anterior, que deverá estar frio ou ligeiramente morno. Deitar o creme num prato de barro fundo e bem largo, polvilhar abundantemente com canela e levar a cozer no forno.

Sericaia Ingredientes

1 l de leite 12 ovos 450 g de açúcar 125 g de farinha 1 pau de canela Limão q.b. Canela em pó q.b. Sal q.b.

Preparação Ligar o forno a 225°C. Levar ao lume e ferver o leite juntamente com a casca de limão, o pau de canela e uma pitada de sal. Retirar do lume e deixar arrefecer um pouco. Entretanto, bater muito bem as gemas com o açúcar até obter um creme fofo. Em seguida dissolver a farinha no leite fervido, juntar o creme de gemas e o açúcar e, mexendo sempre, engrossar em lume brando. Retirar do lume, tirar a

Pão de Rala Ingredientes

(Para a massa) 500 g de açúcar 3 dl de água 480 g de amêndoa moída 6 ovos (Para a calda) 400 g de açúcar 4 dl de água 12 gemas 390 g de doce de gila 1 pitada de canela

Confeção: Leve o açúcar ao lume com a água até formar uma pasta. Junte a amêndoa moída e os ovos batidos em fio. Leve de novo ao lume e mexa sempre com o lume médio até que comece a descolar do tacho. Retire e deixe arrefecer um pouco. Forre com esta massa uma forma redonda previamente untada. Cubra primeiro o fundo. Estique bem a massa e forre as paredes da forma. Reserve um pedaço para depois tapar a forma. Prepare a calda: Ferva a água com o açúcar até atingir ponto de fio. Bata 6 gemas. Com uma colher vá deitado o preparado e cozendo até acabar. Misture as outras 6 gemas com o doce de gila e deixe cozer. Coloque então dentro da forma uma camada de doce de gila e outra de capas de ovo. Tape a forma com uma camada de massa de amêndoa e leve ao forno cerca de 20 minutos. Aqueça o forno a 180ªC aproximadamente.

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História e memória

Évora ea escada do céu

Podemos admirar neste convento, para além de uma biblioteca ampla e rica de obras, e do maior claustro português (cada corredor mede cerca de 98 metros), um vasto cadeiral monástico e um grande retábulo de talha dourada. Com as revoluções liberais em Portugal extingue-se definitivamente a Inquisição, embora esta tenha sido «dessacralizada» pelo Marquês de Pombal, no último quartel do século XVIII; os frades cartuxos são então obrigados a abandonar o Mosteiro, em 1834. Esta «deserção» faz com que a propriedade fique ao Flávio Borda d’Água Historiador abandono e perdem-se, desta forma, valiosas pinturas f.bordadagua@gmail.com e uma preciosíssima biblioteca. Consegue-se, no entanto, salvar algum espólio que repousa hoje nos Arquivos Nacionais – Torre do Tombo (Lisboa). A propriedade serve em seguida uma escola agrícola e será mais tarde vendida a José Maria cala Coeli, ou escada do céu, é uma denominação Eugénio de Almeida, conde de Vilalva e precursor da que alguns enólogos conhecem bem por se tratar Fundação Eugénio de Almeida. No século passado de uma marca de vinhos da Cartuxa de Évora. Este inicia-se uma vasta restauração do convento por nome, Cartuxa de Évora, está também mais ligado à Vasco Maria Eugénio de Almeida, bisneto de José vitivinicultura do que propriamente ao panorama patrimonial Maria. A fim de dinamizar e, sobretudo, de dar ao e cultural de Évora. No entanto, Scala Coeli e Cartuxa referemconvento a sua finalidade primeira, o instituidor -se, em primeiro lugar, a um convento nos arredores de da Fundação chama de novo, em 1960, os frades Évora, a cerca de 1 km das Portas da Lagoa. da ordem de S. Bruno para tomarem posse do O convento de Santa Maria Scala Coeli é também conhecido espaço conventual. Tal iniciativa só é, no entanto, pela demoninação de Convento da Cartuxa, pertencendo à possível com o consentimento do arcebispo de Ordem dos Cartuxos e o primeiro desta ordem construído Évora. em Portugal. A sua fundação data do século XVI (8 de Com a morte de Vasco Maria, poucos meses dezembro de 1587). O edifício fica situado perto do Aqueduto depois do 25 de Abril e com apenas 61 anos, a da Água da Prata. A sua fachada renascentista em mármore vasta propriedade da Cartuxa de Évora passa é obra de arquitetos italianos a quem fora encomendada de novo, por falta de descendentes, para as a construção. Este convento torna-se rapidamente um mãos dos Cartuxos. elemento importante na paisagem religiosa portuguesa e Trata-se de uma ordem religiosa católica dita alentejana, devido à sua proximidade da cidade de Évora e de semieremítica, de clausura monástica; fundada no esta ser sede de um dos tribunais inquisitoriais portugueses. século XI por São Bruno.

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História e memória Hoje, coabitam Cartuxa e Fundação. A Fundação Eugénio de Almeida, cujos estatutos foram redigidos por Vasco Maria Eugénio de Almeida, foi marcada pela personalidade desse grande mecenas e filantropo. Tem inicialmente como principais objetivos a recriação do Convento da Cartuxa como centro de vida espiritual e a construção do Oratório de S. José orientado para a formação escolar e profissional de milhares de crianças. Atualmente, a Fundação destaca-se sobretudo na vitivinicultura e na oleicultura, atividades das quais resultam os vinhos produzidos na Adega Cartuxa e os azeites produzidos no Lagar Cartuxa. Em 2012 a Fundação estendeu-se na cidade com a criação de um Fórum dedicado à promoção de atividades culturais e pluridisciplinares. O edifÍcio que o abriga situa-se em pleno coração da cidade, «resulta da requalificação do património edificado da Fundação Eugénio de Almeida no âmbito da parceria para a regeneração urbana da cidade e agrega o Palácio da Inquisição, as Casas Pintadas e o antigo Fórum Eugénio de Almeida». Lugares com histórias e estórias milenares e uma passagem obrigatória para quem passe por Évora. Fontes: Fundação Eugénio de Almeida (http://www.fundacaoeugeniodealmeida.pt) Ordem dos Cartuxos (http://www.chartreux.org) Nacho Doce, Paulo Moura, O Segredo da Cartuxa, Colares, Pedra da Lua, 2007. Nicolas Mignard, Saint Bruno en prière dans le désert, 1638, óleo sobre tela, 220 × 144.5 cm. Avignon, Musée Calvet (http://commons.wikimedia.org) Convento de Santa Maria Scala Coeli (Convento da Cartuxa), Évora, Alentejo, Portugal, Fotografia Hans Sterkendries (http://www.panoramio.com/photo/39539155)

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História e memória

A Revolta do

Manuel Henrique Figueira manuelhenrique@netvisao.pt

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Manuelinho

sta revolta, também conhecida por Alterações de Évora ou Motim de Évora, ocorreu nesta cidade em 21 de Agosto de 1637. Era contra o aumento de impostos que agravava as difíceis condições de vida da população, decidido pela governação de Filipe III de Portugal, IV de Espanha (1621-1640). O mal-estar contra as condições de vida manifestara-se numa importante revolta anterior − o Motim das Maçarocas − que eclodiu no Porto em 1628 contra o imposto do linho fiado. Mas a Revolta do Manuelinho foi o antecedente mais importante que conduziu ao golpe de Estado que pôs fim à dinastia castelhana. O aumento do imposto do real de água e a sua extensão a todo o reino, assim como o aumento das antigas sisas, fizeram aumentar a indignação geral e explodir os protestos e os actos violentos. A casa do Corregedor André de Morais Sarmento (o magistrado judicial administrativo que representava Relato historiográfico dos o rei na comarca) foi acontecimentos de Évora. assaltada, «deitaram tudo para a Praça e puseram-lhe fogo». De seguida, os amotinados entraram nas casas dos vereadores (Luís de Vila Lobos, Manuel de Macedo e Agostinho Moura), que entretanto tinham fugido, e «lançaram tudo o que nelas havia pelas janelas». Foram também às casas dos escrivães «à procura dos livros e papéis» onde eram anotadas as contribuições e «tudo trouxeram a queimar na fogueira já acesa». Dirigiram-se ao matadouro e «racharam as balanças». A cadeia foi assaltada «dando liberdade aos presos». Até as autoridades religiosas, na pessoa do Arcebispo, que eram simbolicamente muito importantes na época, foram desrespeitadas. Segundo informações que se recolhem dos poucos relatos conhecidos escritos na época, o regresso à ordem estabelecida só viria sete meses depois. Supõe-se que os principais responsáveis pela revolta tenham sido o Procurador e o Escrivão do povo, embora como

Imagem retratando o motim.

medida de precaução as ordens deste movimento insurrecional tenham sido assinadas pelo Manuelinho, um pobre atrasado mental daquela cidade alentejana. Esta era uma forma de se manter o anonimato dos impulsionadores e de os verdadeiros chefes da revolta se furtarem à justiça real, pois aquela personagem era inimputável. Durante o movimento em que foram queimados os livros dos assentos das contribuições reais e atacadas algumas casas nem os nobres nem os apoiantes do rei castelhano se dispuseram a enfrentar a multidão enfurecida. O movimento rapidamente se alastrou a outras partes do reino, havendo a esperança de que se podia depor a dinastia filipina e entronizar de novo um rei português. Desse modo, eclodiram insurreições e motins em localidades como Abrantes, Albufeira, Campo de Ourique, Coruche, Faro, Loulé, Montargil, Portel, Porto, Sardoal, Setúbal, Sousel, Tavira, Viana do Castelo, Vila Real e Toponímia eborense alusiva Vila Viçosa. à revolta popular. O movimento insurrecional não conseguiu destituir o governo em Lisboa, pois foi vencido pelas tropas castelhanas que vieram reforçar as tropas locais e reprimir a revolta antes que se transformasse numa revolução. No entanto, podemos afirmar que constituiu o início da Revolta dos Conjurados, que culminou na Restauração da Independência com a aclamação de D. João IV de Bragança como o 21.º rei de Portugal, em 1 de Dezembro de 1640. A importância do acontecimento mereceu relato num livro de natureza historiográfica do importante escritor da época, D. Francisco Manuel de Melo, assim como numa pintura que pretende mostrar o que aconteceu. A toponímia da cidade de Évora viria a contemplar um Largo com o nome do acontecimento, a Oeste da Praça do Giraldo, no término da Rua de Serpa Pinto, em plena contemplação da porta de Alconchel.


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História e memória

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25 de abril na imprensa genebrina Reto Monico Historiador retomonico@gmail.com

Figura 1. Marcello Caetano (1906-1980), último presidente do Conselho de Ministros do Estado Novo, sucedeu a Salazar em setembro de 1968. A 26 de abril de 74 é levado para a Madeira, onde fica às ordens da Junta de Salvação Nacional. Um mês depois será exilado no Brasil.

Há 40 anos, em menos de 24 horas, um golpe militar orquestrado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), formado principalmente por capitães, derruba o Estado Novo, um regime ditatorial que governa Portugal desde 1933. Marcello Caetano (Fig. 1), o presidente do Conselho que sucedeu a Salazar em 1968, rende-se no fim do dia, entregando o poder ao general António de Spínola, escolhido pelo MFA para presidir à Junta de Salvação Nacional. A Junta era composta por sete oficiais-generais, dois por cada ramo da Forças Armadas, mais o presidente, tendo alguns sido promovidos a oficial-general para desempenhar essa função. Depois de 48 anos (em 1926 outro golpe de Estado tinha instaurado uma Ditadura Militar que em 1933 daria origem ao Estado Novo) começa para os portugueses uma nova era democrática. Neste artigo pretende-se relatar, de forma resumida, como os cinco jornais quotidianos genebrinos falam da Revolução dos Cravos, deste «Golpe de Estado» que, como Charles Bays, editorialista de Le Courrier, disse a 26: «não tem igual nos anais da História.»

a) Como chega a notícia O primeiro que anuncia o acontecimento é o vespertino Tribune de Gèneve, logo no dia 25. Jovem estudante universitário na altura, lembro-me de ter atravessado, naquela quinta-feira, o Rond-Point de Plainpalais e de ter visto a manchete da Julie (como se chama familiarmente este diário) anunciando a sublevação de tropas em Portugal (Fig. 2). Mas é nos dois dias seguintes que todos os diários do Cantão − e do mundo − se debruçam sobre a nova situação portuguesa, já quando se conhece a queda definitiva do velho regime: O jornal Tribune de Genève, que faz manchete sobre a entrega do poder a Spínola (Fig. 3), La Suisse (Figs. 4, 5, 6), o Voix Ouvrière (Fig 7), Le Courrier (Figs 8 e 9) e o Journal de Genève* com um editorial e notícias na página 3.


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b) Os primeiros editoriais Os jornais genebrinos não se limitam a reproduzir os despachos das agências noticiosas (AP, AFP, UP e Reuter), mas analisam os acontecimentos, publicando, entre 25 e 27, uma dezena de comentários, quase todos nos editoriais. Três são os temas que dominam estas primeiras análises: o antigo regime; a guerra colonial; a margem de liberdade da qual os portugueses poderão beneficiar com esta mudança tão radical. Nenhum articulista defende nem o Estado Novo nem Marcello Caetano: Jean Jacques Chouet (Tribune de Genève, 26 de abril) escreve que «a rapidez e a facilidade com a qual o governo Caetano se deixou derrotar […] prova que tinha um poder fictício»; Claude Monnier (Journal de Genève, da mesma data) é mais taxativo: «O regime salazarista, velho de perto de meio século, caiu – como caem as árvores secas, corroídas pelo interior»; por seu lado, André Rauber, no comunista Voix Ouvrière, no editorial de dia 27, «Qualquer fascismo tem um fim», é ainda mais feroz e chama ao antigo regime «obscurantista com um balanço económico catastrófico». Tema central e incontornável de todos os comentários: a guerra colonial. Os analistas pensam que o novo regime terá de enfrentar o dilema dos territórios ultramarinos − em particular em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau − com uma situação militar quase num beco sem saída (e a principal causa da revolução), os movimentos de libertação que só querem a

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Figura 2: «Levantamento de tropas esta noite em Portugal», Tribune de Genève, 25 de abril de 1974. O quotidiano genebrino é um dos primeiros jornais do mundo a anunciar a revolta militar em Lisboa.

Figura 3: «Golpe de Estado em Portugal. O general Spínola assume a presidência da Junta Militar», Tribune de Genève, 26 de abril de 1974.

Figura 4: «Portugal. Uma Junta no poder», La Suisse, 26 de abril de 1974.


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História e memória independência e a população branca que acusa os militares de a abandonar. Nestes dias, os jornalistas genebrinos, depois de terem lembrado o custo da guerra para o orçamento do Estado (mais de 40 %), limitam-se a pôr o problema em cima da mesa. Quanto aos novos dirigentes e às promessas de liberalização, os jornalistas têm opiniões um pouco divergentes. Jean-Jacques Chouet, embora confie em Spínola, pensa que as promessas feitas quando cai um regime autoritário são difíceis de cumprir. Monnier − aliviado por não ter sido um movimento popular a derrubar Caetano − receia que os novos dirigentes, «por falta de experiência, deixem perder os frutos da sua ação. E que um novo ditador − militar ou civil − consiga […] instalar-se». Philippe Roy (La Suisse, 26 de abril) pensa que «o melhor, mas também o pior, pode sair deste golpe de Estado». André Rauber, que desconfia de Spínola, só espera que a Junta Militar possa cumprir as promessas. Charles Bays (Le Courrier, 27 de abril) parece o mais otimista. «Um único dia foi suficiente para varrer quarenta anos de imobilismo», proclama o jornalista,

Figura 5: La Suisse, de 26 de abril, dedica toda a última página aos acontecimentos portugueses.

Figura 6: «Portugal. A Junta apresenta o seu programa», La Suisse, 27 de abril de 1974.

Figura 7: O comunista Voix Ouvrière fala pela primeira vez da mudança de regime em Lisboa no dia 26, só na última página e com um título muito sóbrio: «Após 40 anos de ditadura. O Golpe de Estado Militar põe fim ao regime Salazar-Caetano».


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que afirma perentoriamente: «o Golpe de Estado português, varrendo os últimos vestígios do salazarismo, suscita as maiores esperanças para a construção de uma Europa mais democrática». ***** Esta minha análise é, por razões óbvias, muito limitada. Os jornalistas de todo o mundo irão debruçar-se com frequência sobre a evolução política de Portugal durante o PREC (Processo Revolucionário Em Curso), de abril de 1974 até novembro de 1975. Quem estiver interessado em saber mais sobre este tema pode ler o livro escrito por Joaquim Vieira e por mim próprio, a sair em breve na editora Tinta da China. *(O Arquivo do Journal de Genève pode ser consultado na Internet, bastando para isso escrever «Archives du Temps» no motor de pesquisa).

Figura 8: «Portugal. Golpe de Estado vitorioso. Caetano rende-se sem condições ao General Spínola”, Le Courrier, 26 de abril de 1974.

Agradecimentos: às redações de Le Courrier e Tribune de Genève pela autorização da publicação das manchetes dos jornais.

Figura 9: «A calma prevalecia em Portugal na sequência do golpe de Estado. A Junta restabelece as liberdades fundamentais.», Le Courrier, 27 de abril de 1974.


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Escritores portugueses

André de Resende:

Vida e Obra de um Humanista Eborense

Sara Vitorino Fernandez CLEPUL Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias sarafernandez1976@hotmail.com

In memoriam de António Rosa Mendes, Humanista e estudioso de Humanistas.

O século XVI português foi pródigo em figuras da cultura que foram respeitadas pela Europa. A ação cultural dos reis da Dinastia de Avis permitiu que intelectuais portugueses se deslocassem até Salamanca, Paris, Bolonha ou Lovaina para estudar e aperfeiçoar-se nos estudos da Antiguidade Clássica. Muitos desses homens foram até bolseiros do Estado e conseguiram brilhar nas Cortes europeias pela sua inteligência e vontade de saber. Um desses homens foi André de Resende.

A

ndré de Resende nasceu em Évora no ano de 1500, no seio de uma família abastada. Ficou órfão de pai em 1502, ingressando no Convento dos Dominicanos, em Évora, para seguir a vida eclesiástica e fazer os primeiros estudos. Aos treze anos vai estudar para Alcalá de Henares, onde tem como professor o célebre gramático António de Nebrija. Em 1521 vai para Salamanca para terminar os seus estudos e, em 1527, está em Paris, onde conhece pes-

soalmente Nicolau Clenardo, professor de Grego da Universidade de Paris e humanista muito conceituado. No ano de 1529 André de Resende parte para Lovaina, centro cultural do Norte da Europa. Nessa época discutiam-se os escritos de Erasmo de Roterdão sobre os dogmas da Igreja. Erasmo foi a maior referência cultural da Idade Moderna na Europa. Os seus escritos e traduções dos Textos Sagrados dividiram as opiniões dos intelectuais, designadamente entre os que se queriam manter nos velhos preceitos da religião e os que queriam renovação. André de Resende correspondeu-se durante muito tempo com Erasmo, que lhe tinha muita estima. Porém, nunca chegaram a conhecer-se pessoalmente. Todavia, a ingenuidade de Erasmo, nomeadamente por ter publicado um poema de André de Resende onde este criticava duramente a Ordem Dominicana, fez com que Resende tivesse que parar com a correspondência. Na época, André de Resende residia com a comunidade dominicana em Lovaina e podemos imaginar o que se passou. Resende teve de abandonar o convento onde vivia e, em 1531, foi contratado pelo embaixador do Rei de Portugal na corte do Imperador Carlos V para ser professor de Latim e Grego. Nessa época convive com Damião de Góis, outra figura da cultura portuguesa que se movia pela Europa do Norte. Em 1533, o embaixador é dispensado do seu cargo; regressa a Portugal e com ele regressa André de Resende. Quando chega a Portugal, Resende é contratado pelo rei D. João III para ser professor dos Infantes D. Afonso e D. Duarte. Este era um cargo de muita importância, já que a influência que se tinha na personalidade dos jovens príncipes era grande. Como nunca esqueceu a qualidade de Nicolau Clenardo, André de Resende aconselha o rei de Portugal a contratá-lo para ser professor do Infante D. Henrique; o qual, mais tarde, foi Regente e depois Rei de Portugal, por morte de D. Sebastião. D. João III concordou e mandou Resende ir buscar Clenardo a Salamanca, a fim de o contratar


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Escritores portugueses para ser professor do Infante. Também por esta época Resende pede à Ordem de S. Domingos dispensa da vida do convento, bem como dos votos de pobreza, e adquire vários terrenos e quintas que começa a explorar com muito sucesso. No ano de 1539, o novo Provincial da Ordem de S. Domingos decreta a expulsão de André de Resende da Ordem, não podendo usar mais o título de Frei. Não se sabe ao certo a razão da expulsão, mas consegue-se adivinhar que terá sido a relação de amizade que unia André de Resende a alguns humanistas europeus condenados pela Igreja e as opiniões muito incómodas de Resende acerca de algumas figuras da sua Ordem. Para agravar a situação, no ano de 1540 morrem os Infantes D. Afonso e D. Duarte. O Infante D. Afonso foi o protetor de Resende desde que este foi designado para seu professor. Com a morte do Infante, André de Resende foi esquecido pela Corte. Sabe-se que, em 1551, lecionava em Coimbra, mas era um trabalho que não o satisfazia. Tinha sido chamado para dar aulas na Universidade de Coimbra pela falta de professores que havia, pois, no ano anterior, os mais célebres professores de Coimbra, George Buchanan, João da Costa e Diogo de Teive foram presos pela Inquisição, acusados de serem apoiantes de Erasmo de Roterdão, cujas opiniões tinham sido declaradas heréticas. Em 1552 regressa a Évora e, desde então, vai sendo chamado pela Corte para trabalhos de burocracia. Como se observa, André de Resende não teve uma vida calma nem sedentária. Desde a mais tenra idade viajou pela Europa para estudar e consolidar a sua posição como latinista e estudioso das Humanidades. Estudou nas melhores Universidades da época, conviveu com os grandes nomes da cultura europeia, foi respeitado pelos governantes e, durante a sua vida, teve uma obra vastíssima, escrevendo em Língua Portuguesa e em Latim. Da extensa lista de obras de André de Resende destaco três, pois são estas as que considero que melhor o definem como humanista e como defensor do património português e da cidade de Évora em particular. A primeira obra é um discur-

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so feito em 1534, na abertura do ano letivo na Universidade de Lisboa. A Oratio pro Rostris, como é conhecida, foi dedicada ao rei D. João III e enaltece as artes liberais, a literatura, as línguas clássicas como veículo de cultura e de saber, a ação dos humanistas e a renovação da Teologia. Este discurso é fundamental para a compreensão do pensamento de André de Resende e do ambiente cultural que se vivia em Portugal na primeira metade do século XVI. A obra seguinte data de 1553 e tem por título História da Antiguidade da Cidade de Évora. Este texto é uma exaltação da história e do património da cidade. André de Resende foi sempre um grande defensor da terra onde nasceu e tentou sempre pôr em evidência o que de melhor Évora tinha. Diz-se até que, notando que o rei D. João III tinha uma predileção pela cidade de Évora e passava lá muito tempo com a Corte, André de Resende tentou convencer o rei a mudar a capital do Reino para Évora. Finalmente, a terceira obra de Resende que destaco vem na mesma linha temática da anterior. De Antiquitatibus Lusitaniae (Acerca das Antiguidades da Lusitânia) foi a obra de maior fôlego de André de Resende, que não viveu o suficiente para a ver completamente publicada. O texto fala dos monumentos portugueses, com destaque para as marcas da ocupação romana. Apesar das suas boas intenções, Resende, por vezes, manipulava os documentos para ilustrar as suas opiniões. No entanto, temos que pensar que era uma época em que as noções de honestidade intelectual, plágio e direitos de autor não existiam. Fica, porém, a intenção de promover o país e as riquezas do património português. André de Resende tem sido chamado por muitos o «primeiro arqueólogo português». Infelizmente, não viveu para ver esta obra integralmente publicada, pois só em 1593, vinte anos depois da sua morte, é que saiu à luz o último volume. André de Resende morreu em Évora no ano de 1573. As suas ossadas jazem num pequeno sarcófago na Sé de Évora, para onde foi transladado em 1839, numa última homenagem a este grande homem de Letras.

Hispani omnes sumus ”Todos nós somos hispanos”

Estátua de André de Resende por José Cutileiro

(André de Resende)

Onde posso encontrar

Bern Embaixada de Portugal Genève Alsa Voyages (Escritório e Autocarros de Linha: Portugal - Suíça - Portugal) Caixa Geral de Depósitos Cepeda Voyages Consulado-Geral em Genève Banco Espírito Santo Banco BPI

Millennium BCP Montepio Geral Santander Totta Livraria Camões Lausanne Banco Espírito Santo Millennium BCP Império SA SEP Voyages

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Eusébio no Panteão

om a morte de Eusébio, no primeiro fim de semana do ano, o país foi sacudido por uma onda de emoção idêntica à que sofreria caso tivesse desparecido o fundador da nação. Os feitos do genial futebolista passaram a ocupar as ondas dos canais noticiosos de TV quase 24 horas por dia. Era como se nenhum português tivesse cometido algo tão grandioso desde a época das Descobertas. Enrolados na onda, os líderes parlamentares de todos os partidos representados na Assembleia da República concluíram que os restos mortais do antigo «magriço» eram merecedores de serem depositados no Panteão Nacional, destinado a servir de última morada aos grandes da pátria. Os deputados, em busca de popularidade fácil, nem olharam para a lei estipulando que as honras do Panteão se destinam a portugueses «que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica ou artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade». É que, apesar da ambiguidade da redação, permitindo leituras dúbias, o futebol não figura como atividade elegível.

Não viria daí grande mal ao mundo, até porque a equipa de dez elementos que Eusébio teria a aguardá-lo no monumento é algo irregular: dois políticos circunstanciais, só notados por terem sido pioneiros na função (Teófilo Braga e Manuel de Arriaga, respetivamente primeiro chefe de governo republicano e primeiro presidente da República), dois responsáveis por ditaduras (Sidónio Pais e Óscar Carmona), dois poetas de época (João de Deus e Guerra Junqueiro), dois escritores entre outros possíveis (Almeida Garrett e Aquilino Ribeiro), um militar que pagou com a vida o seu oposicionismo (Humberto Delgado) e, como entrada mais recente, uma cantora (Amália Rodrigues). Para mais, os partidos parlamentares entenderam nem sequer respeitar outro dispositivo da lei: que tais honras não devem ser concedidas «antes do decurso do prazo de um ano sobre a morte dos cidadãos distinguidos» (o prazo era de cinco anos, mas foi encurtado com a pressa de levar Amália para o sítio). O que se compreende, porque não faz sentido tomar uma decisão destas sob o impacto emocional de um falecimento recente. No fim de contas, o que os leitores deverão querer saber é se Eusébio merece ou não ficar no Panteão. Para ser coerente, respondo: perguntem-me daqui a um ano.


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Portugueses de sucesso

Fernando Martins leportugais@bluewin.ch

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s meus pais deixaram Portugal nos anos 60, sendo quase pioneiros na imigração portuguesa na Suíça. Mas não sabiam que também seriam pioneiros na gastronomia portuguesa. O meu pai chegou a Lausanne em 1961, vindo de Pomares, uma aldeia do concelho de Pinhel, distrito da Guarda. O destino era Paris mas um imprevisto encaminhou-o para a Suíça. A fuga de Portugal, tratou-se de uma fuga, de um exílio, para não sufocar num país onde as ideias e opiniões de um jovem não cabiam (embora não pertencesse a nenhum partido ou grupo político), acabou por ser uma aventura que daria um livro. A minha mãe, originária de Bente, Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, veio por razões económicas, em 1966. Uma irmã que trabalhava em Genebra arranjou-lhe trabalho numa casa de uma família. Conheceria o meu pai pouco tempo depois. Rapidamente se casaram e, nove meses depois, nasci eu na Clínica des Grangettes, em setembro de 1967. Gostava de realçar o facto de eu ter nascido aux Grangettes (como se costuma dizer em Genebra), não só porque os meus filhos, Basílio e Valentina, também aí nasceram, mas porque quem conhece esta conceituada clínica, onde se tem um serviço hoteleiro de alto padrão, não imagina que em 1967 era «gerida» por freiras. Os meus pais, depois de vários anos a trabalhar na hotelaria e na restauração, decidiram abrir um restaurante próprio. O meu pai achava que as delícias culinárias da minha mãe fariam sucesso, embora todos os que os rodeavam os tentassem dissuadir imaginando uma falência inevitável. Quem se deliciaria com essa cozinha se naquela época aqui vivia apenas «uma dúzia» de portugueses? E os suíços eram muito fechados e reticentes a tudo o que viesse de fora, achavam tudo demasiado «exótico». Até as autoridades eram bastante fechadas às «novidades». Por exemplo, foi muito trabalhoso arranjar um nome para o restaurante, pois não permitiam nomes estrangeiros (do género O Português) nem de cidades e de países: acabou por se chamar Le Portugais. Uma vez que referi o meu pai como sendo um dos poucos portugueses na Suíça, o nome do restaurante viria a ser o do apelido que lhe chamavam os amigos, colegas e clientes nos restaurantes onde trabalhara.

Contrariando o pressentimento negativo e reticente dos que achavam que um restaurante de cozinha portuguesa iria ser um falhanço, revelou-se um sucesso. Casa cheia de manhã à noite. Claro que a comunidade italiana e a espanhola, já instaladas, também ajudaram a esse sucesso. Mas a grande parte do trabalho foi feita pelos meus pais. Quando um cliente se recusava provar o polvo ou o bacalhau, optando por um bife, uma costeleta ou frango assado, pratos muito menos arriscados na sua maneira de ver, o meu pai mandava preparar umas travessinhas de petiscos, bem típicos, e oferecia-os como aperitivo sem dizer o que era. Depois de terem provado pediam para trocar o pedido feito (que o meu pai não tinha passado para a cozinha) e escolhiam então uma dose de polvo, de bacalhau ou uma sapateira recheada. Depois da Revolução do 25 de abril o restaurante, para além da sua função original, transformou-se numa espécie de «consulado» de Portugal. As pessoas chegavam a Genebra com o nosso endereço e o nosso número de telefone. O meu pai aconselhava-as, oferecia-lhes um almoço e muitas vezes arranjava-lhes trabalho e alojamento. Queria salientar que foi sempre gratuitamente que os meus pais auxiliaram os imigrantes que aqui chegavam, enquanto alguns portugueses ganharam muito dinheiro «ajudando» os compatriotas na obtenção de trabalho ou de um quarto, acabando, por vezes, por explorá-los. Ao mesmo tempo eu crescia e vivia a vida de um filho de imigrantes. Mas havia algo que eu não compreendia: chamavam-me portugais ou le fils du portugais, a mim que tinha nascido aqui. Eu comparava-me com os poucos filhos de portugueses que chegavam e que não falavam francês, não percebendo eu, que falava, embora não falasse português, por que tinha de ser igual a eles. Pensava que era suíço mas ao mesmo tempo sentia que não era. Por isso me juntava aos espanhóis e aos italianos da minha idade e mentia a mim próprio: sou estrangeiro mas ao menos não sou português. Para mim, ser português era uma vergonha, embora eu compreendesse perfeitamente a língua e gostasse ir de férias a Portugal: mas nada me ligava a esse povo. O meu irmão António, nascido em 1976, também viveu com esse sentimento. Fui crescendo e comecei a aprender a ser cozinheiro no Hotel du Rhône, um Palace 5 estrelas, hoje chamado Mandarin Oriental. Aí comecei a conviver com portugueses que trabalhavam nos diversos sectores do hotel. Todos se riam de mim, do meu sotaque afrancesado. Ainda tinha mais vergonha. Mas iria ter uma revelação. Com 17 anos descobri, um pou-


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Portugueses de sucesso

co por acaso, um livro de Fernando Pessoa: precisamente O livro do desassossego. Nesse momento foi um grande choque: afinal, em Portugal havia mais do que avós, tios, primos, vacas, cavalos, namoradas do verão, praias e romarias religiosas. Portugal tinha escritores, tinha uma história e uma cultura riquíssimas. E, acima de tudo, tinha sido uma potência mundial. Foi nesse momento que tive a revelação de minha portugalidade. Aprendi a língua portuguesa intensamente mas sozinho, sobretudo a parte fonética. E comecei a amar Portugal com os seus defeitos e qualidades. Passei da vergonha ao orgulho de ser português, apesar de os meus pais terem querido pedir para mim a nacionalidade suíça. Compreende-se: pertenceram à geração que viveu com o medo de ser um dia expulsa da Suíça. Em 1988, depois de ter tirado o Certificado de Capacidade para poder gerir um restaurante, vim trabalhar com os meus pais para o nosso Le Portugais.

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Foi uma nova aprendizagem que durou 4 anos, pois a cozinha portuguesa era uma nova escola. Ao fim deste tempo conheci a que viria a ser a minha mulher e meu braço direito. Tinha de me casar com uma portuguesa. Antonina, que era natural de Resende, distrito de Viseu, perto do Douro, e que estava na Faculdade de Direito, em Lamego, tendo vindo à Suíça no verão para trabalhar uns meses e juntar algum dinheiro para os estudos. Pedi-lhe para ficar e para abrirmos um restaurante. Num primeiro tempo a resposta foi negativa, queria ser advogada. Num segundo tempo… ficou comigo. Em 1994 comprámos o restaurante aos meus pais, o referido Le Portugais. Faz agora 20 anos que estamos à frente desta instituição. Tentamos aliviar a cozinha portuguesa de alguns pesos inúteis e reinterpretar, sem os desnaturar, alguns pratos. Utilizamos produtos da melhor qualidade, o que tem um preço, mas graças a esse empenho fomos selecionados por todos os guias gastronómicos suíços (Michelin e Gault & Millau, entre outros) como uma das referências da gastronomia portuguesa e dos produtos do mar na Suíça. A nossa clientela é cosmopolita e uma parte já vem de há mais de 40 anos. Para terminar, gostava de destacar o absurdo da vida de alguns emigrantes: os meus pais deixaram os que amavam em Portugal, o que de melhor se tem na vida, a família, para procurarem uma vida materialmente melhor. Hoje voltaram para Portugal para poderem gozar a merecida reforma, embora para isso tenham deixado aqui os que mais amam: os filhos e os netos!


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Educação e Ensino

Lourdes Gonçalves epse@bluewin.ch

Caraterização O Ensino de Português no Estrangeiro (EPE) é uma modalidade especial de educação escolar que tem como objetivo a afirmação e a difusão da língua portuguesa no mundo, assim como proporcionar a aprendizagem da língua e da cultura portuguesas. No presente ano letivo, o EPE na Suíça conta com 94 professores e

11510 alunos, abrangendo os níveis de progressão linguística desde o A1 até ao C1 (do QuaREPE − Quadro de Referência para o EPE), compreendendo alunos com idades entre os 6 e os 17 anos. Os cursos de Língua e Cultura Portuguesas têm como finalidades: − Favorecer o desenvolvimento harmonioso da personalidade das crianças e jovens;

− Alargar as competências linguísticas orais e escritas das crianças e jovens na língua portuguesa; − Facilitar a comunicação no seio da família e dos amigos e a integração na sociedade de acolhimento; − Facilitar a aprendizagem da língua do lugar onde vivem, apoiando o sucesso escolar; − Certificar as competências linguís-


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Educação e Ensino ticas das crianças e dos jovens na língua portuguesa. A Suíça, como país plurilingue, reconhece cada vez mais a importância e a mais-valia dos cursos de língua e cultura de origem, como foi afirmado no dia 18 de janeiro em Berna nas jornadas dedicadas à discussão sobre a pertinência e futuro destes cursos. O conhecimento e domínio de mais de uma língua é uma vantagem real, dado que desenvolve e estimula a flexibilidade cognitiva, sendo uma ferramenta importante para o sucesso escolar. Além disso, a competência certificada em várias línguas é uma vantagem profissional no mundo globalizado. Como afirma Reto (2012) no livro Potencial económico da língua portuguesa, «A língua portuguesa é hoje uma das mais influentes do mundo, com tendência para o crescimento dos seus falantes, dos utilizadores como segunda língua e da sua afirmação como língua de cultura e ciência».

Notas Informativas − Decorreu em fevereiro o «Concurso do Logótipo para a página web do Ensino de Português na Suíça», destinado a todos os alunos dos cursos de Língua e Cultura Portuguesas; − Brevemente estará disponível a página web da coordenação deste ensino para mais rápido acesso à informação; − Os encarregados de educação têm a possibilidade de consultar os sumários, a avaliação e a assiduidade dos alunos através da plataforma virtual do Camões IP (https://epe.instituto-camoes. pt/login/link/); − As inscrições para o próximo ano letivo decorrem online através da seguinte página do Instituto Camões (https://www.instituto-camoes.pt/) − Os exames de certificação realizam-se a 24 de maio de 2014 em diversos centros de exame.

Contactos: Coordenação do Ensino de Português Embaixada de Portugal em Berna Coordenadora: Lurdes Gonçalves Weltpoststrasse 20 CH-3015 Bern Tel.: 0041 (0)31/352 73 49 Email: epse@bluewin.ch http//www.ensinoportugues.ch Horário de atendimento: 09H30 – 12H30 (dias úteis) • Serviços de Ensino de Genebra Consulado-Geral de Portugal em Genebra Adjunto da Coordenação: Carlos Oliveira Route de Ferney 220 CH-1218 Grand Saconnex Tel.:0041 (0)22/798 87 66 Email: segeneve@bluewin.ch http//www.ensinoportugues.ch Horário de atendimento: 09H30 – 12H30 (dias úteis) • Serviços de Ensino de Zurique Consulado-Geral de Portugal em Zurique Zeltweg 13 CH-8032 Zürich Tel.: 0041 (0)44/200 30 55 Email: sezurich@bluewin.ch http//www.ensinoportugues.ch Horário de atendimento: 09H30 – 12H30 (dias úteis exceto quartas-feiras)


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Educação e Ensino

PLANO DE INCENTIVO À LEITURA

Apresentação do projeto «Palavras a voar» Paula Matos Santos paulasantos37@hotmail.com

Objetivos e atividades Inserido no Plano de Incentivo à Leitura promovido pelo Camões, IP e pela Coordenação do Ensino de Português na Suíça, desenvolvi o projeto pedagógico intitulado «Palavras a voar».

É um projeto com atividades diversificadas e adequadas à proficiência dos diferentes alunos. Tem como objetivos: a promoção de hábitos de leitura para o sucesso na aprendizagem da escrita; a promoção das interações familiares durante a leitura de livros com vista a ajudar as famílias a tornarem-se mais conscientes do seu papel no estímulo e criação de hábitos de leitura. «Palavras a voar» pretende ser um incentivo à leitura, à escrita e à comunicação em língua portuguesa. Neste sentido, e para ser abrangente, foi dividido em três momentos: Num primeiro momento, os alunos receberam livros personalizados, a melhor e a mais forte estratégia para envolver a criança na leitura. Ao ver o seu nome, o lugar onde mora e os nomes dos seus amigos impressos, os seus olhos brilham e cobrem-se de orgulho, tendo prazer em ler.

A minha primeira preocupação foi a de oferecer momentos únicos de diversão e entretenimento, além de incentivar o hábito da leitura na infância, prática que melhora a capacidade de concentração, a autoestima e tem um papel fundamental no desenvolvimento emocional e cognitivo nos primeiros anos de vida. Nestes livros infantis personalizados a criança é a protagonista da história, sendo possível incluir no enredo até três amigos ou parentes, o que estimula a sua autoestima.

Fotografias de livros personalizados

O livro da aluna Lara, A liga da justiça – Cossonay (A2)

O livro do aluno Diogo, Como é divertido andar na escola - Cossonay (A1)


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Educação e Ensino

Num segundo momento, os alunos participaram num concurso de desenho e escrita. Destinado ao nível A1, «Às voltas com a escrita» pretende reforçar a importância do livro como fonte de inspiração, coragem e aventura. Nesta atividade os alunos tiveram de fazer um bonito desenho alusivo ao livro Serafim está sempre constipado, de Manuela Mora Ribeiro, e escrever uma bela frase sobre aquilo que aprenderam com a leitura da história.

«A minha alma lusa» foi o tema selecionado para os alunos de A2, concurso de desenhos infantis sobre Portugal. Nesta primeira edição o tema dos desenhos é o modo como a criança residente fora de Portugal recorda ou imagina o nosso país: pode ser através de uma personagem histórica, de uma cidade, de um prato típico, entre outras possibilidades. «Contos de encantar» foi o tema do concurso para os alunos de nível B1. Este concurso consiste na elaboração de textos narrativos a partir de um tema apresentado «Era uma vez um país encantado, Portugal…». O vencedor, em cada um dos níveis, será escolhido por um grupo de pais e encarregados de educação e um júri presidido pelo Sr. Adjunto da Coordenação, Dr. Carlos Oliveira, e receberá o prémio «Camões − Portuguesinhos pelo Mundo», numa gala que decorrerá no dia 16 de fevereiro, em Epalinges.

HORÁRIO DE ATENDIMENTO: SEGUNDA A SEXTA: DAS 17:00H ÀS 20:00H SÁBADO: DAS 09:00H ÀS 17:00H DOMINGO: DAS 09:00H ÀS 12:00H

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Neste dia assistiremos a uma gala dedicada à língua portuguesa; para isso, os alunos declamarão poesias de vários autores portugueses, far-se-á uma homenagem a Manuel António Pina, ouvir-se-ão canções tradicionais portuguesas e uma série de lengalengas e trava-línguas. Os pais e encarregados de educação participarão também na festa e interpretarão poesias e canções junto dos filhos. O avô Martim, escritor e contador de histórias, contará uma história à sua netinha Cindy e aos outros meninos. «A leitura é uma fonte inesgotável de prazer mas, por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede». Carlos Drummond de Andrade Paula Alexandra Rebelo Matos Santos Licenciada em Ensino Básico – 1.° Ciclo Pós-graduada em Ensino Especial: Domínio Cognitivo-Motor Professora no EPE desde 2006

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38 S.

Informações consulares

R.

CONSULADO-GERAL DE PORTUGAL EM GENEBRA

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA ÁREA CONSULAR DE GENEBRA (cantões de Genève, Valais e Vaud)

(2ª PARTE) (“A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS ADULTOS”)

Destina-se às pessoas que possuem já uma experiência do mundo do trabalho em resultado de uma prática profissional mas que, não possuindo um diploma ou certificado, desejam melhorar, completar ou atualizar os seus conhecimentos de base e obter o título ”certificado profissional” adequado. Face à evolução da economia, da tecnologia e do mundo do trabalho, são inegáveis as vantagens na continuidade de aquisição e desenvolvimento de conhecimentos e de aptidões técnicas, pois o aperfeiçoamento profissional permitirá reduzir o risco de desemprego ou pretender a uma reorientação profissional completa.

apresentar-se a exame de fim de aprendizagem (processos de qualificação), exames esses que são os mesmos já enunciados na primeira parte deste tema dedicada aos jovens aprendizes. Condições exigidas para se apresentar a exame: cinco anos de experiência profissional; bons conhecimentos práticos e teóricos; realização de um trabalho pessoal de aperfeiçoamento (” TPA” ) a executar na escola; domínio oral e escrito da língua francesa (pelo menos, o nível B1). Importa referir que, para além da possibilidade de se preparar parcialmente, de maneira autodidacta, existem também escolas profissionais (públicas ou privadas) que organizam cursos preparatórios.

A) - O APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL Várias pistas possíveis: I) Preparar um CFC (”Certificat Fédéral de Capacité”) sem contrato de aprendizagem Esta solução destina-se aos trabalhadores que, desprovidos de certificado ou diploma, exercem uma profissão do tipo CFC (profissões para as quais existe um CFC) há, pelo menos, cinco anos. A obtenção do título pode ser feita através dos seguintes meios: a) formação profissional compensatória ad hoc com exame. Os interessados inscrevem-se e avaliam as medidas de formação complementares a efectuar. São os próprios interessados que dizem qual o ano em que pretendem

b) ”VAE” – (”Validation des Acquis de l’Expérience”) Trata-se do reconhecimento, validação e certificação de competências em resultado da experiência adquirida. A validação faz-se depois de uma análise pormenorizada das competências profissionais do(a) candidato(a) pelo(a) próprio(a), através de um dossier (portefólio), seguida da validação oficial por um grupo de peritos das matérias adquiridas, a fim de determinar os sectores susceptíveis de lacunas sobre os quais deve especialmente incidir a formação ad hoc (Plano de formação). Os interessados têm cinco anos para completar a sua formação e adquirirem as competências em falta. Só quando obtiver a sua equivalência

I - A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS ADULTOS

por validação dos ”acquis” (ou passar com aproveitamento os exames normais de todas essas matérias) é que o/a candidato/a poderá pretender a atribuição do CFC. II) Preparar um CFC com contrato de aprendizagem acelerada ou adaptada A obtenção do título pode ser feita através de uma Formação Profissional Curta ou de uma Aprendizagem Adaptada. a) Formação Profissional Inicial Curta (”FIR – Formation Professionnelle Raccourcie”) Destina-se àqueles que já são titulares dum CFC/AFP (”Certificado Federal de Capacidade/Atestado Federal de Formação Profissional”) ou duma formação incompleta, mas mais ou menos terminada . Os interessados assinam um contrato de aprendizagem com uma firma formadora e frequentam os cursos numa escola profissional. Consoante o número de anos de experiência profissional ou as competências já adquiridas, os interessados poderão ser eventualmente dispensados de frequentarem o 1.º ano de formação ou integrar aulas a um nível mais avançado. b) Aprendizagem adaptada Destina-se aos trabalhadores cujos patrões estão dispostos a incentivar o aperfeiçoamento dos seus assalariados. Para além do contrato de trabalho propriamente dito, a firma empregadora e o assalariado assinam um contrato de aprendizagem, através do qual o trabalhador vai beneficiar dum


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Informações consulares enquadramento específico no próprio local de emprego. A formação é feita no âmbito do exercício da actividade propriamente dita, com uma diminuição do tempo de trabalho por forma a que o trabalhador possa frequentar cursos ou estudar por si próprio. Consoante as capacidades do formando/trabalhador, o programa de formação será mais ou menos condensado e, no caso de algumas profissões, a duração da aprendizagem poderá mesmo ser reduzida um ou 2 anos. B) - FORMAÇÃO PROFISSIONAL CONTÍNUA A formação profissional contínua tem variantes – (atualização, aperfeiçoamento, reconversão, através de uma formação não formal, de caráter privado, como cursos e seminários) – que se destinam a adultos que já possuem uma qualificação profissional e que necessitam de adaptar os conhecimentos, o ”saber fazer” e os comportamentos às novas realidades e exigências do desempenho profissional, ou mesmo adquirir novos conhecimentos e aptidões. Em princípio, é possível fazê-la paralelamente a um emprego. Para tal, a melhor solução é consultar a base de dados da ”Bolsa das Ofertas de Aperfeiçoamento” do portal da formação profissional na Suíça – (”BOP – Bourse des Offres de Perfectionnement”). C) - OUTRAS POSSIBILIDADES PARA QUEM JÁ É TITULAR DE UM CERTIFICADO FEDERAL DE CAPACIDADE (CFC):

Completar a formação numa escola superior (ES); • Preparar um certificado/carteira profissional (Brevet) ou um diploma federal; • Prosseguir os estudos numa Alta Escola Especializada (HES). •

II - PRINCIPAIS ENTIDADES COMPETENTES A) - A NÍVEL FEDERAL Conférence Suisse des Offices de Formation Professionnelle – CSFP, em Berna, e Secrétariat d’Etat à la formation, à la recherche et à l’innovation - SEFRI / Office Fédéral de la Formation Professionnelle et de la Technologie – OFFT, em Berna. B) - A NÍVEL CANTONAL Em princípio, são os cantões que fornecem a lista das formações profissionais bem como as condições e requisitos exigidos. São também eles que concedem as diversas ajudas e/ou formas de financiamento. Incumbe igualmente aos cantões a competência sobre o reconhecimento e validação de conhecimentos, competências e aptidões profissionais.

III - ONDE OBTER MAIS INFORMAÇÕES

1) - ORGANISMOS ACIMA REFERIDOS As informações prestadas na presente comunicação são de carácter geral e são um resumo de uma Nota Informativa mais vasta em posse do Consulado. Para esclarecimentos complementares, os interessados deverão contactar os organismos acima referidos ou, se estiverem inscritos no Consulado-Geral de Portugal em Genebra, poderão solicitar a versão mais extensiva desta NOTA INFORMATIVA contendo informações mais detalhadas, bem como endereços e demais contactos das entidades acima referidas.

IV - CONCLUSÃO Atendendo à importância e às vantagens que dela resultam, poderíamos afirmar que a formação profissional é uma mais-valia para as empresas e seus colaboradores e que, considerando a constante mudança dos actuais ciclos económicos e a conjuntura actual, mais do que nunca, é um bem precioso de que todos devemos tirar o máximo proveito utilizando todas as oportunidades que se nos oferecem. Consulado-Geral de Portugal em Genebra, Janeiro de 2014. Porfírio Pinheiro

1) Para obtenção da Lista das Formações, Requisitos e Validação dos Conhecimentos e Competências

2) Ajudas e/ou formas de financiamento - Bolsas de estudo

• Fazer uma ”maturité” profissional a tempo inteiro ou trabalhando Este complemento de formação em cultura geral permite o acesso às Altas Escolas especializadas (HES) – (estabelecimentos de formação superior em engenharia, saúde, social, artes e economia) -, ou mesmo às universidades e escolas politécnicas federais mediante um complemento de formação. De facto, se, regra geral, um certificado federal de capacidade (CFC) é suficiente para ingressar numa escola superior (ES), para o ingresso numa Alta Escola Especializada (HES) já se tornam necessários um CFC e uma ”Maturité” profissional (”matu pro”), se bem que, por um lado, o inverso também pode acontecer (isto é, escolas superiores (ES) que exigem também uma ”maturité”) e, por outro lado, Altas Escolas HES que admitem os titulares dum CFC mediante a passagem de um exame de admissão.

PERMANÊNCIAS CONSULARES

O Cônsul-Geral de Portugal em Zurique Dr. Licínio Bingre do Amaral

Samedan Futebol Club Lusitanos de Samedan Cho D’Punt, 59 - 7503 Samedan Horário: 09h00 – 15h00 Dias: 21 de março 11 de abril 23 de maio 20 de junho 26 de setembro 24 de outubro

Basel Agência César’s Centralbahnplatz 12 4002 Basel Horário: 09h00 – 15h00 Dias: 14 de março 4 de abril 16 de maio 27 de junho 19 de setembro 17 de outubro 21 de novembro


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Especial Suíça

O divórcio é uma realidade que muitas pessoas enfrentam Adelino Sá a_sa@gazetalusofona.ch

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ão muitos os portugueses que enfrentam o problema do divórcio em terras helvéticas. E a verdade é que cada caso é um caso. Não sendo exequível abordar aqui a questão de forma exaustiva, podemos, no entanto, dar uma ideia dos procedimentos a adotar. Interessa, desde logo, referir que são muitos os fatores a ter em conta: filhos, encargos financeiros, país onde o casamento foi contraído (neste caso Portugal ou Suíça), natureza do divórcio (litigioso ou por mútuo acordo), etc. É muito importante lembrar o seguinte: para quem contraiu matrimónio em Portugal não basta divorciar-se na Suíça, o mesmo terá de ser feito em terra lusas. Vejamos um exemplo: «Estamos casados há cerca de três anos. Queremos o divórcio por mútuo acordo. Temos dupla nacionalidade (portuguesa e suíça), residimos em Zurique, não existem filhos do casamento, ambos trabalhamos e somos financeiramente independentes. Nenhum de nós pretende pedir pensão de alimentos ao outro. Qual é a maneira mais rápida, mais simples e mais económica de conseguir o divórcio?»

Desde o início de 2000 que a legislação helvética prevê o divórcio por mútuo acordo – também chamado «divórcio convencional». A partir desse ano, cerca de 95% dos divórcios no território helvético realizaram-se por mútuo acordo. O processo inicia-se com a entrega de um requerimento no tribunal da zona de residência de um dos cônjuges (o requerimento de divórcio). Para o efeito, basta entregar uma carta assinada pelos dois cônjuges (declaração em como desejam divorciar-se por mútuo acordo), devendo esta ser acompanhada pela «caderneta de família» (Livret de famille) ou pela certidão de nascimento e de casamento de ambos (no caso de o matrimónio ter sido realizado em Portugal), assim como pela convenção de divórcio assinada por ambos. No exemplo apresentado, dada a inexistência de filhos e o facto de os cônjuges desistirem voluntária e reciprocamente de pensão de alimentos, a convenção de divórcio deve regulamentar somente os seguintes pontos: A divisão dos bens comuns, inclusive o eventual capital do terceiro pilar, assim como um acordo sobre as contas bancárias ativas; A divisão do capital da Caixa de previdência profissional (Caisse de pension) acumulado durante os anos de casamento; A desistência recíproca da pensão de alimentos; A divisão das custas do processo de divórcio.

Através de uma consulta pessoal e individual o tribunal verifica se o desejo de divórcio é realmente manifestado por ambos os cônjuges e se estes concordam com a convenção de divórcio apresentada. O tribunal verifica, ainda, se a convenção está conforme a lei, se está redigida de forma clara para não dar lugar a falsas interpretações e se o documento em causa é justo para ambas as partes. Para proceder à verificação o tribunal necessita dos seguintes documentos: A declaração de impostos dos últimos dois anos; O contrato de arrendamento; A confirmação oficial das Caixas de previdência profissional (Caisses de pension) de ambos os cônjuges sobre o montante de capital e sobre o processo de divisão deste capital entre os cônjuges (metade do capital de cada um reverte a favor do outro, ou seja, os cônjuges dividem o capital acumulado durante os anos de casamento na proporção de 50%). Esta confirmação é fornecida pelas Caixas de previdência profissional. Depois da audiência, a lei prevê um prazo de espera de dois meses. Posteriormente, tanto o marido como a esposa têm de comunicar por escrito ao tribunal que continuam a querer o divórcio e que estão de acordo com a convenção apresentada. E agora sim, o tribunal pode proferir a sentença de divórcio, que entra imediatamente em vigor. A sentença é enviada aos cônjuges em cartas separadas.



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A ciência no dia a dia

Sabe o que é o GPS? E como funciona?

Manuel Henrique Figueira manuelhenrique@netvisao.pt

Todos nós conhecemos muito bem o Sol, muitos a Estrela Polar mas menos o Cruzeiro do Sul, pois só é visto a partir do hemisfério sul. Durante milhares de anos serviram-nos de orientação, principalmente para os navegadores marítimos: eram o GPS daqueles tempos.

Segmento Espacial do GPS

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eformaram-se, que é como quem diz, foram substituídos pelos satélites artificiais. Hoje é que nós temos o verdadeiro GPS. Bem, o nome é mais complexo, NAVSTAR GPS (Navigation System by Time And Ranging – Global Positioning System), mas todos o conhecem apenas pelo último nome, reduzido às três conhecidas letras: GPS. E sabe em que consiste esse sistema? Será um superespião? Haverá satélites a espiar-nos do alto dos céus e a controlar os nossos movimentos, as nossas posições no terreno cá em baixo? Não! A realidade é muito menos intrigante ou assustadora e muito mais fascinante. É ao contrário, são os nossos aparelhos cá na Terra que espiam esses satélites artificiais. E de quem são esses satélites artificiais que constituem o Glogal Positioning System? Trata-se de um sistema criado a partir de 1973 pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (a que se juntaram ainda nesse ano representantes militares e civis de todas as forças armadas norte-americanas, da Guarda Costeira dos EUA e dos países da NATO), e que nós podemos utilizar. Este sistema é composto por três componentes principais: 1) o segmento espacial (satélites); 2) o segmento terrestre (monitorização e controlo); 3) o segmento dos utilizadores (receptores GPS e equipamentos associados), isto é, nós, milhões de utilizadores.

Mapa para determinação da posição por processos manuais

A primeira componente é constituída por 24 aparelhos situados em seis planos orbitais diferentes. Estão distribuídos de maneira a que em cada ponto da Terra, e em cada momento, seja possível receber sinais de, no mínimo, quatro desses 24 satélites. A segunda componente, constituída pelas bases terrestres, controla os satélites artificiais sabendo com muito rigor o seu posicionamento no espaço. Estas bases transmitem a informação aos satélites de tal forma que estes acabam por transmitir cá para baixo sinais que informam qual é o seu posicionamento rigoroso. Os nossos aparelhos GPS recebem os sinais dos satélites e calculam a posição em que nos encontramos a partir desses sinais e assim nós já não nos perdemos ou podemos seguir um determinado percurso que nos leve ao destino que queremos. Como é que as coisas se passam na realidade? Vamos trocá-las por miúdos. De uma forma muito mais simples e artesanal podemos determinar a nossa posição num dado sítio da terra. Como? Por exemplo, servindo-nos do som de dois objectos que estejam fixos. Quais? Dois sinos de duas igrejas relativamente distantes entre si ou duas sirenes que assinalem a entrada e a saída dos operários de duas fábricas igualmente relativamente distantes entre si. Há outras hipóteses, que cada um escolha as que conhecer de acordo com o local onde se encontrar.


Março

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A ciência no dia a dia Vamos dar um exemplo prático: nós estamos algures no Ribatejo, entre Santarém e Alpiarça, duas localidades em que na primeira existe um quartel militar onde todos os dias às 07h00 da manhã o clarinete toca para a alvorada dos soldados. Em Alpiarça há uma igreja cujo sino da torre toca hora a hora para assinalar as horas certas. Ouvimos o som do sino da igreja de Alpiarça 18,2 segundos depois das 07h00. Portanto, como o som se desloca à velocidade de 340 metros por segundo, multiplicamos por 18,2 segundos e ficamos a saber que nos encontramos a 6,2 Km de Alpiarça. Quase de imediato, passados 20 segundos das 07h00, ouvimos o som do clarinete do quartel de Santarém. Fazendo uma conta semelhante concluímos que nos encontramos a 6,8 Km desta segunda localidade. Traçamos agora duas circunferências sobre um mapa: uma com o centro em Alpiarça e um raio de 6,2 Km (fazendo a correspondência em centímetros no compasso a partir da escala do referido mapa). É sobre essa circunferência que se encontram todos os pontos onde se ouviu o som do sino da igreja de Alpiarça passados 18,2 segundos; traçamos outra circunferência com o centro em Santarém e um raio de 6,8 Km. É sobre essa circunferência que se encontram todos os pontos onde se ouviu o som do clarinete do quartel de Santarém passados 20 segundos. Como ouvimos os dois sons, o do sino e o do clarinete, temos que estar simultaneamente sobre as duas

circunferências. Verificamos que as mesmas se cruzam duas vezes, mas num dos pontos sobre o rio Tejo e no outro em terra firme. Como não estamos em nenhum barco, só podemos estar no outro ponto do cruzamento das duas circunferências, a sul de uma povoação chamada Alcanhões e a noroeste do rio Tejo, entre Santarém e Alpiarça. O GPS funciona de forma muito parecida, não com sons como os do sino e do clarinete, mas com ondas electromagnéticas que os 24 satélites de que falámos no início emitem, que são recebidas pelos receptores, que assim conseguem medir a que distância os receptores se encontram de cada um dos satélites. Conhecendo a posição dos satélites (o chamado almanaque), que é permanentemente actualizada, sabe-se as coordenadas do lugar. Situando as coordenadas do lugar num mapa que o software de navegação tem na sua memória é possível indicar o local. Com dois satélites os receptores conseguiam medir a latitude e a longitude, mas o GPS necessita de quatro. O terceiro mede a altura em relação à superfície terrestre e o quarto acerta o relógio interno.

Os quatro sinais que o GPS recebe simultaneamente permitem-lhe calcular as quatro coordenadas por comparação. O tempo é a quarta dimensão. As ondas electromagnéticas que constituem os sinais dos satélites viajam à velocidade da luz (300 mil quilómetros por segundo), pelo que as medições têm de ser muito rigorosas. Por isso tem de se fazer várias compensações: das condições atmosféricas; da velocidade dos satélites; do campo gravítico terrestre; do movimento relativo da Terra. O GPS, o aparelhinho barato e prático que tantos de nós usam no dia a dia, é um sucesso espantoso da ciência e da tecnologia. No entanto, o seu princípio básico de funcionamento é tão simples como o dos sons do sino e do clarinete que nos permitiu encontrar com alguma segurança o local onde nos encontrávamos perdidos para os lados de Santarém.

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garantias

Dinheiro&direitos 121 janeiro/fevereiro 2014

Empréstimos | Notas de crédito | Risco

Economia

Dinheiro&direitos 121 janeiro/fevereiro 2014

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Sou Soufiador fiadorou ouavalista? avalista? Sou fiador ou avalista? garantias

Empréstimos | Notas de crédito | Risco

Fiança Fiançaeeaval, aval,duas duas modalidades modalidadesde de Fiança e aval, duas garantiapessoal, pessoal,são são garantia modalidades de porvezes vezesconfundidas. confundidas. por garantia pessoal, são Mashá há diferenças Mas diferenças por claras vezes confundidas. entreasasduas. duas claras entre

Mas há diferenças claras entre as duas

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ááse fiadorde deuma uma nota se imaginou imaginou fiador nota de de crédito ouou avalista na compra da casa seu crédito avalista na compra da do casa filho? bem, jábem, que éjáimpossído seu Não? filho?Ainda Não? Ainda que é vel. Em comum, a fiança e o aval têm o facto de impossível. Em comum, fiança e de o aval á se modalidades imaginou fiador deauma nota créserem de garantia pessoal. Mas dito ou avalista na compra da casa do seu têm o facto de serem aí. modalidades de o as similitudes terminam O aval garante filho? pessoal. Não? Ainda bem, játítulo que éde impossípagamento de determinado crédito, garantia Mas as similitudes tervel. Em uma comum, a fiança e o avalou têm o facto de como um cheque. minam aí. Onota avalpromissória garante o pagamento de serem modalidades de garantia Já a fiança garante contratos empessoal. geral. Mas determinado de crédito, como umao as similitudes título terminam aí. O aval garante nota promissória ougarantia um cheque. Jácrédito, a fianpagamento de como determinado título de Património como umaé onota promissória ouum um cheque. ça contratos emqual geral. A garante fiança contrato pelo terceiro –o Jáfiador a fiança garante contratos em geral. – se compromete a pagar a dívida de outrem, o devedor “original”, caso este não Património como garantia o faça. Assim, coloca o seu património como Património como garantia A fiança fiançaé oé contrato o contrato qualterceiro um terA pelopelo qual um –o ceiro ––osefiador – se compromete a pagar fiador compromete a pagar a dívida de a dívidaode outrem, o devedor outrem, devedor “original”, caso”original”, este não ocaso faça.este Assim, o seu património nãocoloca o faça. Assim, coloca ocomo seu património como garantia de uma dívida

COMaAsubida SUBIDAdo DO Com inCumprimento INCUMPRIMENTOdo DO pagamento PAGAMENTO DO CRÉDITO, Com a subidado doCrédito, ser SER fiador FIADOR éÉuma UMA OPÇÃO inCumprimento doopção arrisCada ARRISCADA. do Crédito, pagamento ser fiador é uma opção arrisCada

alheia. se for fiador um fa-se garantiaNa deprática, uma dívida alheia. Nade prática, for fiador de um familiar naecompra de casa miliar na compra de casa este deixar dee este deixar de pagar asé prestações, é acumsi que pagar as prestações, a si que cabe cabe cumprir o contrato. prirOoaval contrato. Ogarantia aval alheia. é uma garantia pesgarantia deé uma Na prática, se umadívida pessoal que é dada for fiador de um familiar na compra de casa e soal que éterceira dada por uma(avalista) terceira pessoa por uma pessoa a quem este deixar de pagar as prestações, é a si que concede um crédito. Nos empréstimos (avalista) a quem concede um crédito.bancáNos cabe o contrato. rios,cumprir esta garantia é representada pela assinaempréstimos bancários, esta garantia é O aval é uma garantia que é dada tura do avalista no versopessoal do documento que representada pela assinatura do avalista por uma terceira pessoa (avalista) a quem titula a dívida e pode respeitar à totalidade ou no verso do documento que titula abancádívida dor sóarriscada. é acionado se o devedor concede um crédito. empréstimos opção A fiança implica principal uma resa parte do valor emNos dívida. rios, estarespeitar garantia éàrepresentada assinae pode totalidade oupela a parte do ponsabilidade subsidiária: o fiador é aciofalhar a sua obrigação. Mas nemsó sempre tura avalista no verso do documento que nado se o devedor principal falharassegurea sua obriSerdo fiador é opção arriscada valor em dívida. é assim! Se aceitou ser fiador, titula dívida e pode respeitar à totalidade ou Comaos incumprimentos dos empréstimos gação. Mas nem sempre é assim! Se aceitou -se de que no documento que vai assinar a subir, tornar-se fiador é uma opção ser fiador, assegure-se de que no documento arriscada. A fiança implica uma resabancários parte do valor em dívida. Ser fiador é opção arriscada consta que ”não prescinde do benefício que vai assinar consta queo“não prescinde do ponsabilidade subsidiária: fiador só é acioCom os incumprimentos dos emprésti- nado de excussão prévia”. Se prescindir tal benefício de excussão prévia”. Seaprescindir se o devedor principal falhar suade obriSer fiador é opção arriscada de talMas benefício, o credor pode optar logo mosos bancários a subir, dos tornar-se fiador gação. Com incumprimentos empréstimos nem sempre é assim! Se aceitou benefício, o credor pode optar logo de defiador, início assegure-se por indicar de os que seusno bens (e não os bancários a subir, tornar-se fiadorimplica é uma ser documento é uma opção arriscada. A fiança início por indicar os seus bens (e não os do vai devedor) penhora. fiança de do um assinarààconsta queNuma “não prescinde uma responsabilidade subsidiária: o fia- que do devedor) penhora. fiança de empréstimo à habitação, seNuma o fiador prescinbenefício de excussão prévia”. Se prescindir um empréstimo à habitação, se o fiador dir deste benefício, o banco pode aceder de tal benefício, o credor pode optar logoao património do fiador o considerar mais Fiança Aval prescindir benefício, o banco pode de início pordeste indicar osse seus bens (e não os interessante. aceder ao património do fiador se de o condo devedor) à penhora. Numa fiança um No aval, não há uma relação entre as parempréstimo à habitação, se o fiador prescinContratoS em geral títuloS de Crédito siderar mais interessante. tes, já que o avalista garantirá o pagamento dir deste benefício, o banco pode aceder ao Responsabilidade subsidiária (1.º acionado o devedor Responsabilidade solidária (qualquer um deles Nodívida aval, independentemente não há uma relação entre as da do seu titular. e só depois o fiador – em princípio) – devedor ou avalista – pode ser logo acionado) património do fiador se o considerar mais Fiança Aval Ao invésjádo benefício de excussão partes, que o avalista garantirá prévia, o painteressante. Feita pela totalidade da dívida Feito pela totalidade ou parte da dívida existe a chamada“responsabilidade solidágamento da há dívida independentemente No O aval, não uma relaçãoe entre as par-firia”. património do avalista do devedor ContratoS em geral títuloS de Crédito do seu titular. Ao garantirá invés do obenefício de Exige documento escrito Basta assinatura no verso tes, que o avalista pagamento camjáno mesmo patamar de responsabilidade Responsabilidade subsidiária (1.º acionado o devedor Responsabilidade solidária (qualquer um deles da dívida independentemente do seu titular. excussão prévia, existe a chamada ”respode tentar–recuperar o dinheiro junto do titular –Avalista recuperar o dinheiro junto do titular da e o titular do aval pode mudar com o tempo, e Fiador só depois o fiador em princípio) devedorpode ou avalista – pode ser logo acionado) Ao invés do benefício de excussão prévia, da dívida dívida ou junto de um anterior avalista ponsabilidade solidária”. O património do já que podem existir avalistas sucessivos. ■ Feita pela totalidade da dívida Feito pela totalidade ou parte da dívida existe a chamada“responsabilidade solidáavalista e do devedor ficam no mesmo ria”. O património do avalista e do devedor fiExige documento escrito Basta assinatura no verso patamar de responsabilidade e o titular cam no mesmo patamar de responsabilidade do aval pode mudar com o tempo, já que Fiador pode tentar recuperar o dinheiro junto do titular Avalista pode recuperar o dinheiro junto do titular da e o titular do aval pode mudar com o tempo, da dívida dívida ou junto de um anterior avalista existir avalistas sucessivos. jápodem que podem existir avalistas sucessivos. ■

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Como distinguir dESCUBRA AS dIFERENÇAS ENTRE AS dUAS GARANTIAS

COMOdistinguir DISTINGUIR Como DESCUBRAAS ASdIFERENÇAS DIFERENÇASENTRE ENTREASASdUAS DUASGARANTIAS GARANTIAS dESCUBRA

Deco Proteste


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2014

Hoje falo eu

João Alves jalves7@hotmail.com

meu grande amor pelo Benfica, que me fazia chorar quando perdíamos jogos importantes. Quando subi de Júnior a Sénior ainda encontrei como jogador Eusébio e todos aqueles craques que faziam parte do meu imaginário, os na altura recentemente bicampeões europeus, que trouxeram para Portugal as primeiras grandes vitórias a nível internacional. Tive o prazer e o orgulho de fazer parte do plantel do Benfica no meu primeiro ano de Sénior, onde pontificava Eusébio, o maior, o King, como era tratado por todos aqueles que o consideravam o melhor jogador do mundo. Anos mais tarde fomos adversários, e já no final da sua carreira companheiros da mesma equipa em Linz (Áustria), numa seleção da Europa. Tornámo-nos bons amigos e, muitos anos mais tarde, em 2007, deu-me o prazer e a honra de emprestar o seu nome à minha escola de futebol, criada há cerca de 8 anos. Com pompa e circunstância foi inaugurada a Sala Eusébio, que o perpetuará para sempre. Foi verdadeiramente inesquecível a homenagem que lhe foi prestada no seu funeral. Os portugueses demonstraram bem toda a gratidão e admiração que tinham pelo King, independentemente da cor clubista. Eusébio é Imortal e assim continuará para sempre entre nós, bem presente na nossa memória.

Lágrimas bem diferentes Eusébio − o último adeus Talvez não haja muitas situações na vida em que a tristeza e a alegria nos façam chorar, como ainda há bem pouco tempo, e com muito pouco espaço de dias a separá-las, todos vivemos tão intensamente. Falo do desaparecimento do mundo dos vivos daquele que será, eternamente, o melhor jogador de todos os tempos: Eusébio. O meu ídolo de infância, o grande Eusébio, possivelmente o principal responsável pelo

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Ronaldo − passagem do testemunho Pouco tempo depois as lágrimas foram bem diferentes. Ronaldo chorou e fez chorar os portugueses. O melhor jogador do mundo, o madeirense e português Ronaldo, numa votação mediatizada e «enraivecida» pela postura mais do que estúpida do presidente da FIFA, Blatter, criou um sentimento e uma onda de injustiça em relação ao que este alto responsável lhe fez. Mas a razão veio ao de cima e foi justamente galardoado como o maior do momento. A emoção veio ao rubro quando o jogador foi chamado ao palco e, para espanto de muita gente, a fortaleza Ronaldo derreteu-se como a manteiga, demonstrando a todo o mundo que aquela postura altiva, tantas vezes assumida, não significa que os craques sejam insensíveis, que não tenham sentimentos. Foram lindos e puderam ser vistos por muita gente os momentos que as televisões de todo o mundo nos ofereceram. Parabéns, Ronaldo. Obrigado, Eusébio! Podes ficar descansado, o teu sucessor está encontrado e não podias ficar melhor representado. Eusébio e Ronaldo bem podem estar orgulhosos um do outro, por terem sido colocados em equação no que respeita à escolha do melhor. Impossível fazer comparações. Eusébio foi único, Ronaldo é único.

Contactos da Escola: Tel.: 00 351 269 825 043 / 00 351 965 645 126 • info@luvaspretas.com


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Saúde e bem-estar

Leucemia

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A leucemia atinge cerca de mil portugueses todos os anos. Quando o transplante de medula óssea é a única solução, a vida do paciente pode depender de um dador compatível. A probabilidade aumenta com o número de dadores voluntários

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Doar medula salva vidas SiNtomaS impreciSoS

teste saúde 106 dezembro 2013/janeiro 2014

Vá ao méDico

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Palidez Fadiga Falta de apetite e perda de peso Febre e suores noturnos Gânglios inchados Infeções frequentes Reações cutâneas Hemorragias e nódoas negras Fígado inchado Dores ou inchaço das articulações

Leucemia significa “sangue branco” em grego. É um cancro do sangue que afeta os glóbulos brancos, com origem nas células da medula óssea, um tecido esponjoso dentro dos ossos responsável pela produção das células sanguíneas. Estatísticas globais apontam para 60 a 100 novos casos de leucemia por ano por cada milhão de habitantes. Segundo a Associação Portuguesa contra a Leucemia (APCL), a doença atinge 1000 portugueses todos os anos. Na última década, muitos progressos foram feitos nos tratamentos, nomeadamente ao nível das técnicas de transplantação de medula. A APCL defende que tal permitiu aumentar a taxa de sobrevivência dos doentes de 30 para 80 por cento. Para muitos, é a única possibilidade de cura e, quando não existe um dador compatível na família, dependem da disponibilidade de

O Registo todos os que se inscrevem nos reNacional de gistos nacionais e internacionais Dadores é o de dadores de medula óssea. 2.º maior da mais de 300 mil dadores Europa e o ■ Segundo o Centro Nacional de 3.º do mundo Dadores de Células de Medula por milhão de Óssea, Estaminais ou de Sangue habitantes do Cordão (CEDACE), até 2003, os

doentes portugueses dependiam quase exclusivamente de dadores de outros países, por falta de dadores locais. Desde então, consequência de casos mediáticos, há cada vez mais inscritos no registo de dadores de medula. O caso do Gustavo, filho do futebolista Carlos Martins, criou uma onda de solidariedade no País que levou a que mais de 40 mil pessoas se inscrevessem. Graças à doação de medula saudável, pôde curar-se. ■ Em dez anos, o CEDACE passou de último lugar nos rankings mundial e europeu para o 2.º maior re-

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c A f g b A t n a r u m e f f d o n ç s s

o d A t b S N m c v e u s d -


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Saúde e bem-estar

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ENTREVISTA ENTREVISTA

“Vamos “Vamos fazer, fazer, hoje hoje pelos pelos outros, outros, amanhã, amanhã, porpor nós” nós”

ram açõesram para ações ajudar paraoajudar Gustavo o Gustavo e, come, com como souberam como da souberam doença?da doença? ele, tantasele, crianças tantas crianças que, na que, altura, na altura, pre- preA doença foiAdiagnosticada doença foi diagnosticada estava a estava a de cisavam cisavam um dador de um compatível. dador compatível. família em Espanha, família emquando Espanha, euquando jo- Através eu jo- da Através comunicação da comunicação social consesocial consegava no Granada. gava no O Granada. Gustavo estava O Gustavo a estava a mobilizar guimos guimos mobilizar a população a população para apara a carlos carlos martins, martins, jogador jogador de de futebol futebol brincar e caiu-lhe brincar uma e caiu-lhe caixa na uma perna. caixa nadádiva perna.dedádiva medula deemedula de sangue, e de sangue, o que só o que só do Sport do Sport Lisboa Lisboa e Benfica e Benfica A minha esposa A minha aproximou-se esposa aproximou-se e cons- surtiu e cons-efeito surtiu porque efeito oporque CEDACE o CEDACE conse-consetatou que a perna tatouficou que aimediatamente perna ficou imediatamente guiu dar resposta guiu dar resposta a essa situação a essa situação nova enova e continuou continuou a tomar a tomar imunossupressores imunossupressores negra. Fomosnegra. ao hospital Fomoseaooshospital médicos e os médicos repentina.repentina. Não posso Nãodeixar possode deixar saliende salienpara evitar para evitar a rejeição a rejeição da medula, da medula, conconafirmaram que afirmaram não se tratava que nãode se algo tratava tar de algo que muitas tar queoutras muitasentidades outras entidades foram foram tinuou tinuou a seracontrolado ser controlado semanalmensemanalmenresultante apenas resultante do acidente, apenas domas acidente, de cruciais: mas de cruciais: bombeiros, bombeiros, clubes clubes desportidesportite com te com a realização a realização de vários de vários exames, exames, um problemaum da problema medula óssea da medula [aplasia óssea vos, [aplasia comunidades vos, comunidades portuguesas portuguesas no es-no esa alimentação a alimentação era era específica, específica, tinha tinha dede medular]. O Gustavo medular].realizou O Gustavo imensos realizou imensos trangeiro,trangeiro, Associação Associação Portuguesa Portuguesa Con- Conevitarevitar o contacto o contacto comcom outras outras crianças crianças ee exames e tratamentos, exames e tratamentos, mas nenhum mas nenhum tra a Leucemia, tra a Leucemia, televisões televisões e revistas, e revistas, etc. etc. locaislocais com com muitas muitas pessoas, pessoas, etc.etc. fez com que a fezmedula com que recomeçasse a medula recomeçasse a a O Gustavo O Gustavo deixou deixou a medicação a medicação háhá al-alfuncionar. Viemos funcionar. a Portugal Viemos ea fomos Portugal eQuanto fomos tempo Quantoesperaram tempo esperaram até enconaté encongumas semanas. semanas. Os cuidados Os cuidados mantêmmantêmdiretamente ao diretamente IPO de Lisboa, ao IPOpara de Lisboa, que para trarque um dador trar um 100% dadorcompatível? 100% compatível? gumas -se, mas não não de forma de forma tãotão rigorosa. rigorosa. os médicos avaliassem os médicosoavaliassem nosso filho o nosso e Esperámos filho e Esperámos cerca de cerca seis meses. de seis meses. Até lá, o Até lá,-se, o mas Esta fase Esta já fase passou, já passou, masmas muitos muitos outros outros nos dessem anos esperança dessem ade esperança uma solude uma solu- foi Gustavo Gustavo sujeitofoia sujeito transfusões a transfusões de pla-de pladesafios desafios começam: começam: aprender aprender a ter a ter conconção. O professor ção.Manuel O professor Abecassis ManueleAbecassis a quetas e ae de quetas sangue. e de Todas sangue.as Todas semanas, as semanas, fiançafiança no dia no adiadia, a dia, ganhar ganhar coragem coragem sua equipa foram sua equipa perentórios foram perentórios quanto à quanto à ia ia ao IPO levar ao IPO transfusões. levar transfusões. para ir para à escola ir à escola pelapela primeira primeira vez, vez, tudo tudo solução - transplante solução -de transplante medula. de medula. Quando tivemos Quandoconhecimento tivemos conhecimento da exisda exisdesafios desafios normais normais de uma de uma criança criança com com tência de tência um dador de um compatível, dador compatível, foi umfoi um a idade a idade do Gustavo. do Gustavo. SãoSão preocupações preocupações o que fizeram o para que fizeram encontrar paraum encontrar da- misto um da-de sentimentos. misto de sentimentos. Ficámos Ficámos eufóri-eufóritão boas, tão boas, tão saudáveis, tão saudáveis, tãotão esperadas… esperadas… dor compatível? dor compatível? cos com acos possibilidade com a possibilidade de cura, demas cura, mas A confirmação A confirmação da necessidade da necessidade do sentimo-nos do sentimo-nos angustiados angustiados por conhepor conheQue Que conselhos deixaria deixaria a outros a outros dodotransplante foi transplante em meados foi em de meados novem-de cermos novem- todo cermos o processo. todo o processo. Os médicos Os médicos já já conselhos entesentes e à população e à população emem geral? geral? bro, horas antes bro, de horas entrar antesno dejogo entrar dano nos jogotinham da nospreparado tinham preparado para os para riscos os de riscos de Não Nãomuito há muito a dizer a dizer quando quando tudo tudoo o Seleção Nacional, Seleção noNacional, Estádio no da Estádio Luz. um da Luz. transplante, um transplante, para toda para a privação toda a privação e e há que éque necessário é necessário é fazer é fazer e sentir. e sentir. À poÀ poNesse mesmo Nesse dia, mesmo com o dia, apoio comdos o apoio dos sofrimento sofrimento que isso que acarreta isso acarreta para o para pa- o papulação pulação em geral em geral cabe cabe o fazer. o fazer. Vamos Vamos meus colegasmeus e da colegas equipaetécnica, da equipa foitécnica, foie também ciente ciente e também para a família. para a família. continuar continuar a apoiar a apoiar os doentes os doentes com com leuleucriada uma página criada uma no Facebook página noaFacebook dia dicemiacemia ou outras ou outras doenças doenças dodo sangue, sangue, vulgar a situação vulgare apedindo situação ajuda e pedindo na ajuda na aao a seguir seguir transplante, ao transplante, o Gustavo o Gustavo vamos vamos continuar continuar a aumentar a aumentar a lista a lista dos dos exasperante procura exasperante de um procura dador. de Foi um dador. teveFoi de submeter-se teve de submeter-se a cuidados, a cuidados, me- mepotenciais dadores dadores de sangue, de sangue, vamos vamos um fenómenoum defenómeno inexplicável de inexplicável bondade, bondade, dicação ou dicação exames ou exames específicos? específicos? potenciais continuar continuar a fazer, a fazer, hoje hoje pelos pelos outros, outros, solidariedadesolidariedade e força. A partir e força. desse A partir dia, desse dia, Osque Os tempos tempos se seguiram que se seguiram foram muiforam muiamanhã, amanhã, por nós. por nós. AosAos doentes: doentes: força, força, desenvolvemos desenvolvemos - eu, família - eeu, amigos família eto amigos complicados. to complicados. O processo O processo de recupede recupeesperança, esperança, fé e acreditem fé e acreditem na na cura. cura. - esforços nosentido esforços de, nocom sentido os vários de, com os váriosé lento ração raçãoeé complexo. lento e complexo. O Gustavo O Gustavo

teste teste saúde saúde 106 106 dezembro dezembro 2013/janeiro 2013/janeiro 2014 2014

centros de centros histocompatibilidade de histocompatibilidade do do Gustavo, Gustavo, filho de filho Carlos de Carlos País, marcar País,ações marcardeações recolha de recolha de po-de poMartins, encontrou Martins, encontrou tenciais dadores tenciais de dadores medula. de medula. Mas o moMas o moum dadorum dedador medula de medulavimento transcendeu-nos. vimento transcendeu-nos. As pessoas As pessoas e e mais diversas as mais diversas instituições, instituições, espontaespontacompatível compatível ao fim de aoseis fim deasseis neamente, neamente, com um com genuíno um genuíno espíritoespírito de de meses demeses espera de espera solidariedade solidariedade e altruísmo, e altruísmo, desenvolvedesenvolve-

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Saúde e bem-estar

Leucemia Leucemia

>>

gisto 3.ºdo domundo, mundo, gisto da da Europa Europa ee ee3.º por habitantes.Do Dorerepor milhão milhão de habitantes. gisto têmsaído saídocélulas células gisto português português têm de nacionaispara paraajudar ajudar de dadores dadores nacionais aa salvar, os anos, anos,centenas centenas salvar, todos os de doentesem emPortugal Portugale e devidas vidas de doentes em paísesespalhados espalhadospelo pelo emmais mais 20 países mundo. demememundo. A transplantação transplantação de dula paratratar tratarleuceleucedula éé utilizada utilizada para mias, outrasdoenças doenças mias,mas mas também também outras do como aaaplasia aplasiamedumedudosangue, sangue, como lar Gustavo. larque que atingiu oo Gustavo. ■■Esta visa substituir substituiruma uma Esta técnica técnica visa medula incapazde degerar gerarasas medula óssea incapaz células emquantidade quantidade células do sangue sangue em suficiente afetadapor poruma umadodosuficiente ou afetada ença seufuncionafuncionaença que que impede impede ooseu mento Permitetratar tratarmais mais mento normal. normal. Permite eficazmente as doenças doençasmalignas malignas eficazmente as do com recurso recurso aaquiquido sangue, sangue, com mioterapia prévia mais maisagressiva. agressiva. mioterapia prévia OOtransplante permitereconstituir reconstituir transplante permite

medula destruída pelos tratadústria química e em gasolineiras. a amedula destruída pelos tratadústria química e em gasolineiras. A taxa A taxa de de mentos, e, assim, voltar a produzir O benzeno encontra-se também mentos, e, assim, voltar a produzir O benzeno encontra-se também sobrevivência sobrevivência células sanguíneas normais. no fumo do tabaco, pelo que fucélulas sanguíneas normais. no fumo do tabaco, pelo que fudoentes mar aumenta o risco. Mais estudos dosdos doentes mar aumenta o risco. Mais estudos com leucemia leucemia Radiações, vírus e genes com são necessários para esclarecer se Radiações, vírus e genes são necessários para esclarecer se aumentou ■ Desconhece-se a causa específiaumentou existeexiste associação entreXraios Xe ■ Desconhece-se a causa específiassociação entre raios e leucemia, mas alguns vírus tomografias computorizade para 30 para cacadada leucemia, mas alguns vírus tomografias axiais axiais computorizade 30 bem como fatores genéticos, das (TAC) frequentes na infância. bem como fatores genéticos, am-am- 80% das (TAC) frequentes na infância. 80% com o com o bientais e imunológicos poderão ■ As doenças ou tratamentos bientais e imunológicos poderão ■ As doenças ou tratamentos que que recurso recurso ao ao estar envolvidos. Mesmo afetam o sistema imunitário, como estar envolvidos. Mesmo queque sejaseja afetam o sistema imunitário, como transplante quimioterapia, são outro fator de transplante causada por uma infeção causada por uma infeção rararara (o (o quimioterapia, são outro fator de de medula. HTLV-1), a leucemia é conta- de medula. Poderá HTLV-1), a leucemia nãonão é contarisco.risco. Poderá ainda ainda haver haver uma uma giosa. associação com a exposipredisposição genética nalgumas giosa. AA associação com a exposipredisposição genética nalgumas ção a radiações a certos químicos famílias que padecem de uma ção a radiações e aecertos químicos famílias que padecem de uma tóxicos (benzeno) já conhecida. anomalia genética rara. Indivídutóxicos (benzeno) é jáéconhecida. anomalia genética rara. IndivíduMaseste este risco apenas estaos síndrome com síndrome de Down Mas risco apenas estáestá estaos com de Down tam- tambelecido para exposições a doses bémum têm umacrescido. risco acrescido. belecido para exposições a doses bém têm risco muitoelevadas, elevadas, como tratamuito como emem tratamentos com radioterapia, Descontrolo mentos com radioterapia, em em so- soDescontrolo dos dos breviventes bombas atómicas glóbulos brancos breviventes dasdas bombas atómicas glóbulos brancos trabalhadores contactam ■ Num doente com leucemia, a ououtrabalhadores queque contactam ■ Num doente com leucemia, a regulamente com benzeno, na inprodução de glóbulos brancos, regulamente com benzeno, na inprodução de glóbulos brancos,

ReGiste-se hojecomo comoDaDoR DaDoR ReGiste-se hoje aa dádiva de medula medulaconsiste consistecada cadavez vez mais numa simples colheita de sangue. dádiva de mais numa simples colheita de sangue. se as condições condiçõesindicadas indicadasnono balão lado, inscreva-se e ajude a salvar a vida de muitos doentes se reúne reúne as balão aoao lado, inscreva-se e ajude a salvar a vida de muitos doentes

teste saúde 106 dezembro 2013/janeiro 2014

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Dador Dador

16 16

Registo Registo colheita ee colheita

exame exame colheita suplementar colheita suplementar

inscriçãono noceDace, ceDace, inscrição noscentros centrosde de nos Histocompatibilidade Histocompatibilidade do Sul, Sul,centro centroou ouNorte Norte do ou num numhospital hospital ou

caso seja compatível caso seja compatível com doente, com umum doente, é é contactado para contactado para fazer exames fazer exames suplementares suplementares

Apósum umquestionário questionário Após avaliaçãomédica, médica, ee avaliação chamadopara parauma uma éé chamado análisede desangue. sangue. análise Osdados dadossão são Os guardados,sob sob guardados, anonimato,numa numabase base anonimato, informáticanacional nacional informática internacional ee internacional

mais mais iNfoRmações iNfoRmações Associação Portuguesa Associação Portuguesa contra www.apcl.pt contra a Leucemia Leucemia www.apcl.pt Associação Portuguesa Associação Portuguesa de Linfomaswww.apll.org www.apll.org deLeucemias Leucemias ee Linfomas

sangue sangue processado processado

> en

> sa

Separação, assinatura Separação, em em assinatura do do laboratório, consentimento informado laboratório, dos dos consentimento informado elementos do sangue decidir o de tipo de elementos do sangue apósapós decidir o tipo colheita a realizar colheita a realizar Procede-se à recolha Procede-se à recolha das células estaminais, Regra geral, opta-se das células estaminais, Regra geral, opta-se que de seguida recolha de células que são Confirmada desão seguida pelapela recolha de células Confirmada a a congeladas progenitoras através compatibilidade, até ao até ao progenitoras através de de congeladas compatibilidade, transplante colheita de sangue,transplante começa a preparação: umauma colheita de sangue, começa a preparação: método menos invasivo injeções para método menos invasivo injeções para e menos doloroso do que estimular a atividade e menos doloroso do que estimular a atividade a recolha de medula medula óssea, de medula ósseaóssea dada medula óssea, umum a recolha a quatro dias antes a quatro dias antes do do transplante transplante

> ma

> Nã tra san

Quimioterapiaisolamento isolamento transplante transplante Quimioterapia Doente Doente a duas semanas umauma a duas semanas antes do transplante, antes do transplante, o doente é submetido o doente é submetido a tratamentos a tratamentos intensivos de quimio intensivos de quimio radioterapia e/oue/ou radioterapia

o isolamento no o isolamento no hospital hospital ajuda aajuda a prevenir infeções, prevenir infeções, uma vez que uma vez que os tratamentos os tratamentos destroem destroem muitasmuitas a medula vezesvezes a medula e as e as células sanguíneas células sanguíneas

as células recebe recebe as células estaminais estaminais doatravés dador através do dador de transplante de transplante ou de transfusão ou de transfusão sanguínea sanguínea e fica e fica internado até internado até recuperar recuperar


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Saúde e bem-estar

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destinadosa proteger a proteger o corpo destinados o corpo e e combaterinfeções, infeções, descon- Leucemia combater ficafica desconLeucemia ao microscópio ao microscópio trolada. Resultado: a medula óssea trolada. Resultado: a medula óssea a leucemia linfocítica mais frequente em crianças, sobretudo entre linfocítica agudaaguda é maiséfrequente em crianças, sobretudo entre começaa produzir a produzir células imatu- a leucemia começa células imatu2e os 5 anos. a mieloblástica tantojovens afetacomo jovens como adultos. os 2 os e os 5 anos. a mieloblástica aguda aguda tanto afeta adultos. ras(blastos), (blastos), que interferem com ras que interferem com produção células normais Glóbulos Glóbulos aaprodução dede células normais do do ou vermelhos vermelhos ou sangue. Existem dois tipos de leusangue. Existem dois tipos de leueritrócitos eritrócitos cemias, dependendo glóbulos cemias, dependendo dosdos glóbulos brancosimplicados. implicados. A leucemia brancos A leucemia NeutrófilosNeutrófilos linfocítica linfoblástica ataca linfocítica ouou linfoblástica ataca os os linfócitos. leucemia mielóide linfócitos. AA leucemia mielóide ou ou mieloblástica atinge outros Linfócitos Linfócitos mieloblástica atinge os os outros gló-glóbulosbrancos brancos mielócitos bulos -os os mielócitos -, -, queincluem incluem neutrófilos, eosinóque neutrófilos, eosinóMonócitos Monócitos filose ebasófilos basófilos (ver ilustração filos (ver ilustração ao ao lado).SeSe a proliferação células lado). a proliferação de de células forrápida, rápida, a doença é dita aguda; for a doença é dita aguda; Plaquetas Plaquetas quandoé de é de evolução mais lenta, quando evolução mais lenta, Leucemia linfocítica diz-secrónica. crónica. sangue normal Leucemia linfocítica diz-se sangue normal Em doentes com leucemia, Algumasleucemias leucemias mais Composto essencialmente Em doentes com leucemia, ■ ■Algumas sãosão mais Composto essencialmente Leucemia os glóbulos aumentam Leucemia por glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos brancos aumentam por glóbulos vermelhos, que que frequentesem emdeterminados determinados frequentes mieloblástica deexagerada, forma exagerada, reduzindo mieloblástica transportam oxigénio de forma reduzindo transportam oxigénio dos dos gruposetários. etários.A A linfoblástica grupos linfoblástica os níveis de glóbulos vermelhos pulmões paraotodo o corpo. os níveis de glóbulos vermelhos pulmões para todo corpo. e de plaquetas. Dependendo Contém também plaquetas, e de plaquetas. Dependendo do tipo do tipo Contém também plaquetas, de glóbulos que interferem na coagulação de glóbulos brancos brancos afetados,afetados, que interferem na coagulação assim se classifica a leucemia. e impedem a formação de assim se classifica a leucemia. e impedem a formação de A leucemia linfocítica caracterizahemorragias, e glóbulos brancosA leucemia linfocítica caracterizahemorragias, e glóbulos brancos um excesso de linfócitos. ou leucócitos, responsáveis um por excesso de linfócitos. ou leucócitos, responsáveis pela pela -se por -se Na leucemia mieloblástica, são defesa do organismo Na leucemia mieloblástica, são defesa do organismo contracontra osglóbulos outros glóbulos infeções. os outros brancos,brancos, infeções. os mielócitos (compostos por os mielócitos (compostos por neutrófilos, eosinófilos e basófilos), neutrófilos, eosinófilos e basófilos), que proliferam. que proliferam.

+ Neutrófilos + Neutrófilos + Eosinófilos + Eosinófilos + Basófilos+ Basófilos

entre18 18ee45 45anos anos >>entre saudável >>saudável

Recuperação Recuperação monitorização eemonitorização transplante requer hospitalização, ootransplante requer hospitalização, podendolevar levar seis a nove meses podendo seis a nove meses atéààremissão remissão completa doença. até completa da da doença. Apóso orestabelecimento, restabelecimento, o doente Após o doente deverámanter manter vigilância deverá vigilância da da suasua situaçãoclínica clínica regularmente, situação regularmente, commaior maiorfrequência frequência início, com nono início, atravésdedeexames exames médicos e análises através médicos e análises

aguda é mais frequente nas crianaguda é mais frequente nas criane uma pesquisa e uma pesquisa de outrosde outros Há de 25%análise de análise Há 25% ças, sobretudo entre 2 e 5 anos. ças, sobretudo entre 2 e 5 anos. elementos, comoimatucélulas imatuelementos, como células probabilidade probabilidade A mieloblástica aguda A mieloblástica aguda afeta afeta tanto tanto ras (blastos). Se os resultados se ras (blastos). Se os resultados deou dois ou confirmarem e houversemais de 20 jovens como adultos. As variantes de dois jovens como adultos. As variantes confirmarem e houver mais de 20 irmãos crónicas são mais frequentes irmãos crónicas são mais frequentes en- en-maismais a 30% de só blastos, só uma biopsia a 30% de blastos, uma biopsia tre os 40 e os 70 anos. A leucemia tre os 40 e os 70 anos. A leucemia da medula diagnosticar seremserem da medula permitirápermitirá diagnosticar linfocítica crónica linfocítica crónica surgesurge geral-geral-compatíveis com exatidão a leucemia compatíveis com exatidão a leucemia e identi- e identimente 55 anos. mente apósapós os 55os anos. ficardeo células tipo deimplicadas. células implicadas. ficar o tipo Este consiste exame consiste em retirar Este exame em retirar sangue e medula à lupa sangue e medula à lupa uma amostra de no medula uma amostra de medula inte- no inteOs sintomas da leucemia ■ Os■ sintomas da leucemia são são rior do osso, uma agulha fina. rior do osso, com umacom agulha fina. pouco específicos e comuns a pouco específicos e comuns a Geralmente, Geralmente, a punçãoa épunção feita noé feita no muitas outras doenças. Na conmuitas outras doenças. Na conosso(bacia) ilíaco ou (bacia) ou no esterno osso ilíaco no esterno sulta, o médico examina sulta, o médico examina o pa-o paas costelas), após anestesia (entre as(entre costelas), após anestesia ciente e, perante algumas queixas, ciente e, perante algumas queixas, nocrianças. caso de crianças. local oulocal geral,ou nogeral, caso de como febre e fadiga, gânglios como febre e fadiga, gânglios e fí- e fíA recolha dura segundos. A recolha dura segundos. Após re- Após regado inchados, poderá gado inchados, poderá pedirpedir uma uma pousar 10 a 20 minutos, pousar 10 a 20 minutos, o pacienteo paciente análise ao sangue. Um nível análise ao sangue. Um nível muitomuito pode retomar as suas atividades. pode retomar as suas atividades. elevado de glóbulos brancos elevado de glóbulos brancos po- poOutros exames, como a biopsia ■ Outros■ exames, como a biopsia derá ser indício de leucemia. derá ser indício de leucemia. Ge- Gede um gânglio, o raio de um gânglio, o raio X ao tóraxXeao tórax e ralmente, é pedida segunda ralmente, é pedida uma uma segunda a TAC permitem estabelecer o esa TAC permitem estabelecer o esteste saúde 106 dezembro 2013/janeiro 2014

maisde de50 50quilos quilos >>mais Nãoreceber receber >>Não transfusão transfusão dede sanguedesde desde1980 1980 sangue

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Saúde e bem-estar

Leucemia

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tádio da doença e determinar se é de evolução rápida ou não, e traçar o tratamento mais eficaz. ■ O paciente deverá fazer quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, transplante de medula. Em regra, o tratamento prolonga-se por dois anos, período após o qual o doente permanece sob vigilância médica, para o caso de recorrência da doença. Sobretudo nos idosos, a doença pode ser de evolução tão lenta que não se justifiquem estes tratamentos.

transplante de medula melhora prognóstico

teste saúde 106 dezembro 2013/janeiro 2014

■ A quimioterapia atua impedindo a divisão celular. Além de células malignas, o tratamento ataca também células normais, o

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isabel Barbosa Presidente da associação Portuguesa de Leucemias e Linfomas

“Os doentes e familiares procuram-nos para obter informações sobre a doença, principalmente na altura do diagnóstico. Prestamos também apoio psicológico através de voluntários, doentes e psicólogos.”

que explica os efeitos secundários típicos, como perda de cabelo, falta de apetite, diarreias, náuseas e vómitos. O sistema imunitário fica fragilizado, pelo que o doente deve proteger-se de infeções, por exemplo, evitando locais com grande afluência ou usando máscara. Os efeitos secundários são passageiros e podem ser minimizados com medicação. ■ A radioterapia pode ser usada numa primeira fase dos tratamentos, para aliviar dores localmente, num osso afetado, ou atacar células malignas num órgão atingido pela doença (cérebro ou testículo, por exemplo). Numa fase já posterior, pode ser aplicada como preparação para um transplante de medula. Atualmente, o transplante é uma prática corrente. Ao dar ao doente células estaminais de medula saudável, estas restauram a produção normal de células sanguíneas e o doente acaba por se restabelecer. ■ As células da medula podem ser colhidas diretamente da medula através de cirurgia, do cordão umbilical ou ser obtidas através de uma técnica que as separa do sangue que circula nas nossas veias. Esta última técnica é, hoje, a mais difundida. O processo consiste na simples colheita de sangue de um dador e na sua infusão no doente. As células estaminais podem ser do próprio paciente (autotransplante ou transplante autólogo) e congeladas para usar após os tratamentos. Quando tal não é possível, é necessário procurar um dador compatível. Em 25% dos casos, encontram-se familiares compatíveis. Para os restantes 75%, é necessário encontrar um dador compatível nos registos nacionais ou mundiais (transplante alogénico). Quanto maior o número de potenciais dadores, maior a probabilidade de cura dos doentes. Por isso, não espere por amanhã. Dirija-se a um centro de registo. Neste momento, a vida de outra pessoa pode depender de si.

outraS DoeNçaS graveS Do SaNgue

tRaNsPLaNte como soLução aplasia medular Falência de produção pela medula óssea de todas as células sanguíneas. O doente tem anemia, problemas de coagulação e é vulnerável a infeções. A aplasia pode ser congénita ou adquirida (por efeito de drogas, medicamentos ou infeções). Obriga a transfusões de sangue frequentes e, muitas vezes, apenas o transplante é a solução.

Linfomas Doenças malignas que se devem à produção de linfócitos anómalos, os quais se acumulam nos gânglios linfáticos (podem surgir caroços palpáveis, por exemplo, no pescoço). Também podem atingir o baço e a medula. Existem dois tipos de linfomas: Hodgkin e não-Hodgkin (mais comum). No primeiro tipo, as células malignas sofrem alterações. No segundo, guardam características iniciais. A doença trata-se com quimioterapia, anticorpos monoclonais, radioterapia e, nalguns casos, com transplante de medula.

TESTE SAúDE ACONSElhA

Prevenir infeções e obter apoio

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Durante e após os tratamentos, o sistema imunitário fica fragilizado. Os doentes devem respeitar com rigor algumas medidas de higiene básicas para prevenir infeções e complicações, como lavar as mãos com frequência (também válido para os familiares), evitar locais com grande afluência, estar próximo de doentes ou usar máscara nessas situações.

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Não se recomenda fruta e legumes crus. A fruta deve ser descascada e os legumes e alimentos muito bem cozinhados, para destruir eventuais germes.

´

Os pacientes e familiares podem obter apoio psicológico e aconselhamento sobre a doença e os tratamentos junto das associações de doentes, por telefone ou através das respetivas redes sociais ou sítios na Internet. Grupos de voluntários deslocam-se igualmente aos hospitais. Deco Proteste


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Saúde

Escoliose:

Como prevenir?

Telma Ferreira Fisioterapeuta telmaferreira20@hotmail.com

A escoliose é o resultado da uma curvatura patológica da coluna vertebral, apresentada frequentemente com uma forma de ”S” ou ”C” na região torácica, ou lombar. Pode ser mais ou menos acentuada, com sintomas que vão desde ombros desalinhados a dores difusas na coluna vertebral.

A

escoliose afeta grande parte da população, principalmente quando há um fator hereditário na incidência da doença. Se alguém da família tiver escoliose, a probabilidade de desenvolvimento é muito maior, aproximadamente (20%) vinte por cento. Pode ter diversas origens sendo as três principais causas: • A escoliose congénita (de nascença) decorre de um problema com a formação dos ossos da coluna vertebral (vértebras) ou fusão de costelas

Saúde e bem-estar durante o desenvolvimento do feto ou do recém-nascido. • A escoliose neuromuscular é causada por problemas como défice do controlo muscular ou paralisia decorrente de doenças como paralisia cerebral, distrofia muscular, espinha bífida… • A escoliose idiopática causada por desiquilibrios musculares não possui causa conhecida. A escoliose idiopática é comum em adolescentes. As adolescentes do sexo feminino são mais susceptiveis a estas alterações que normalmente se agravam durante os surtos de crescimento. A escoliose em crianças é menos comum e geralmente atinge igualmente tanto meninas como meninos. Em adultos pode representar a progressão de uma condição que realmente começou na infância e não foi diagnosticada ou tratada enquanto o indivíduo estava em processo de crescimento. O que pode ter início numa curva leve ou moderada pode progredir na ausência de tratamento. A escoliose adulta pode ser causada também pela degeneração dos discos da coluna associado a problemas como a osteoporose. Uma escoliose não diagnosticada a tempo ou não tratada devidamente pode evoluir para complicações como baixa autoestima do indivíduo devido a deformações muito acentuadas; artrite ou artrose e, consequentemente, dor na coluna vertebral principalmente na idade adulta; problemas respiratórios decorrentes de uma curvatura grave. Devemos por isso estar atentos a todas as alterações do nosso corpo e procurar ter um estilo de vida saudável, seguinda algumas linhas de orientação: 1. Estar sempre atentos a qualquer alteração física; 2. Praticar exercício físico com frequência, trabalhando ambas as partes do corpo de forma simétrica para fortalecer os músculos e as articulações que suportam a coluna; 3. Manter sempre uma postura cor-

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reta e equilibrada quer durante o dia como durante o sono; por exemplo, ao segurar um saco pesado por longos períodos de tempo devemos alternar o peso nos dois braços no sentido de que este seja distribuído de maneira regular. 4. Alertar a comunidade para a existência deste problema (principalmente, a comunidade educativa, devido ao excesso de peso nas mochilas a que as crianças / jovens estão sujeitos); neste sentido é importante sensibilizar as crianças e adolescentes para utilizarem sempre as duas alças da mochila para que o peso seja distribuido igualmente pelos dois ombros. 5. Ter uma alimentação equilibrada e saudável garante que o corpo receba a quantidade adequada de vitaminas e minerais. O cálcio é especialmente importante para a saúde dos ossos.

Escoliose em estado avançado


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Medicinas naturais

Dores nas costas

Georges Richard georges.richard@dagcreation. com

Muitas vezes os últimos meses do ano são, por vários motivos, períodos de grande tensão e stresse físico e emocional. Seja por razões profissionais ou particulares, é muitas vezes nesta temporada, em que a natureza e nós mesmos deveríamos repousar mais frequentemente, que tal acontece. O stresse e o excesso de atividade criam um cansaço que se manifesta no corpo pela dor, quer nos ombros, quer nas costas. Duas sessões no meu gabinete serão suficientes para aliviar as dores se a pessoa seguir à letra os meus conselhos desde a primeira consulta.

H

oje gostaria de vos dar alguns conselhos para aliviar, enfim, para evitar as dores nas costas, para que possam passar um Bom Ano de 2014. Ao ler este artigo podem dizer que já conhecem todas estas «dicas». Mas o importante é pô-las em prática no dia a dia. No início é um pouco difícil, mas com perseverança consegue-se e teremos a compensação. O verdadeiro mal do século, o «mal de costas», afeta mais de 60% da população, desde os pequenos aos grandes ninguém escapa. Este problema banalizou-se de tal forma que já não é considerado uma doença, antes uma ocorrência inevitável. Temos de lutar contra esta ideia comum, não se trata de uma fatalidade. Uma coisa é certa, mais de 90 por cento de dores nas costas podem ser curadas por si só. Os meios postos à disposição não faltam, como os naturais, suaves e sem perigo, mas nem por isso menos eficazes. Trata-se de «prevenir o mal para melhor o evitar». Eles irão ajudar-vos, sem o auxílio de medicamentos que têm efeitos colaterais indesejáveis, a fazer parte dos que conseguiram. Dos que foram capazes de superar a dor para sempre. Descubram-nos e, sobretudo, testem-nos o mais rapidamente possível.

Faz parte das pessoas ditas em risco? Se trabalha sempre na mesma posição, seja na posição sentada ou de pé, faz mesmo parte do grupo de pessoas que são vítimas de dores de costas. Este problema de saúde afeta principalmente os seguintes tipos de pessoas: − Os que ficam em pé durante todo o dia: vendedores, cabeleireiros, balconistas, etc. − Os que passam muito tempo ao volante: motoristas, taxistas, mesmo alguns condutores de carros particulares. − Os que passam longas horas sentados nos locais de trabalho: secretárias, trabalhadores informáticos, executivos, trabalhadores de escritório. No entanto, quem está sempre em movimento também pode expor-se a problemas de dores nas costas: agricultores, enfermeiros, funcionários de hospital, transportadores de mobílias, trabalhadores da construção civil. Investigadores holandeses que estudaram 61 profissões durante vários meses concluíram que entre as pessoas mais expostas se encontram as das seguintes profissões: ladrilhadores, telhadores, estucadores, motoristas de autocarros e de pesados. Estes, essencialmente devido às vibrações a que estão sujeitos. Surpreendente, não é? Se os nossos antepassados tivessem previsto melhor as coisas, nunca a nossa coluna estaria completamente na vertical. E a nossa posição normal seria ainda hoje comparável à dos grandes símios. Mas isso não aconteceu e a nossa pobre coluna vertebral (e as suas 33 vértebras) cumprem bem todas as nossas vontades. O nosso corpo é uma pequena «maravilha da natureza», organizada em torno de um eixo central − a coluna vertebral −, para a qual nem


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Medicinas naturais

as posições de pé nem as sentadas são muito adequadas. Quanto à posição deitada, se pode ser pouco mais favorável para a coluna, também pode ser terrivelmente nefasta. O que é aceite e reconhecido por todos os especialistas é que todos os dias as coitadas das costas aguentam tudo e mais alguma coisa. Elas sofrem com resignação as dores provocadas por movimentos em falso, gestos incorretos, colchões demasiado macios, travesseiros mal adaptados, cadeiras e poltronas mal concebidas, maus hábitos posturais adquiridos ao longo da vida. Tudo isto vai acontecendo até ao dia em que uma vértebra começa a dar problemas, faz «crac», um músculo fica tenso e bloqueado, são os sinais que anunciam uma série de dores e de incómodos. Todavia, mais do que lamentar a sorte, podemos resolver os problemas de uma vez por todas. É preciso apenas ter-se força de vontade e, se for esse o caso, estar-se ciente de que há muitas soluções à nossa disposição as quais podem constituir ajudas muito preciosas. Antes de mais, é essencial corrigir os erros posturais, sejam pequenos ou grandes, pois a sua acumulação ao longo dos anos é a origem da maior parte dos sofrimentos diários. Por isso, quanto mais depressa nos livrarmos deles melhor será. Ainda por cima, segundo os especialistas, «se nós déssemos mais um pouco de atenção ao nosso comportamento e conhecêssemos melhor as posições do corpo, os gestos ou os movimentos perigosos, eliminaríamos mais de 90% do ”mal de costas”».

1 – Cuidado com a postura corporal:

− A posição vertical pode tornar-se rapidamente muito dolorosa de su-

53 exercício 100% eficaz para tomar consciência da postura e corrigi-la. Estes tipos de meditação, acompanhados de sessões de relaxação e de exercícios de respiração, são facultados no centro de terapias naturais.

portar, especialmente se estivermos um pouco curvados. Além disso, se tivermos de permanecer muito tempo de pé devemos tentar não estar parados. Optemos por posições em que alternemos o peso ora sobre a perna esquerda ora sobre a perna direita. − Passa os dias inteiros sentado no escritório? Ao contrário do que se pode pensar, esta posição está longe de ser relaxante para a parte inferior das costas. Por isso é muito importante escolher-se uma boa cadeira, idealmente com um encosto lombar alto, que permita ajustar bem a nuca e as costas e se adapte à anatomia de cada um. − Cada um deve sentar-se comodamente mantendo a postura direita, com os dois pés assentes no chão. Deve evitar-se, especialmente, cruzar as pernas.

2 – Cuidado com a respiração:

Poucas pessoas sabem disso, mas a respiração condiciona a saúde e a vitalidade. Infelizmente, este ato parece tão natural que acabamos por esquecê-lo, por descurá-lo. A maioria de nós não sabe controlar a respiração, o que nos pode causar vários problemas de saúde, incluindo o «mal de costas». Para se controlar a respiração e transformá-la em «Respiração-Saúde», devem fazer este pequeno exercício: sentem-se com as costas direitas; levantem os braços para o lado de cima da cabeça, inspirando profundamente; baixem-nos lentamente ao longo do corpo e expirem fortemente. Para além de todos os benefícios que pode trazer a meditação, é um

3 – Atenção à cama:

− Deve escolher-se uma cama firme mas não muito dura. E evitar-se completamente as camas macias demais. Elas são o pior inimigo das costas. − Um bom colchão deve, acima de tudo, respeitar a curvatura fisiológica das costas. − Deve mudar-se de colchão de 10 em 10 anos. Um estudo realizado num centro de reabilitação funcional em que se comparou as noites passadas num colchão desgastado artificialmente foi claro. Os doentes que dormiram em colchões novos levantavam-se sem problemas nas costas. − Deve escolher-se um travesseiro anatómico, de látex, nem muito mole nem muito duro, perfeitamente adaptado à forma do pescoço. Deve adaptar-se também à curvatura natural das vértebras. − Como sair de sua cama? Deve fazer-se como fazem os gatos e observar algumas regras que poderão ser muito úteis: a) − Antes de mais, esticar lentamente os braços e as pernas durante dois minutos, como se se quisesse crescer. b) − Para passar da posição deitada para a posição sentada, deve deitar-se primeiro sobre um dos lados e girar as pernas para a borda da cama. Com a ajuda do cotovelo e do braço, e com as costas bem direitas sente-se à beira da cama. c) − Para se levantar, incline o corpo para a frente, mantendo o tronco direito. Puxe com as mãos para se levantar mantendo os pés próximos da cama. − Como fazer a cama? Deve ajoelhar-


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Saúde Medicinas naturais

-se para fazer a cama. Ponha um joelho no chão ou mantenha-se agachado, o peso do corpo é então repartido entre as duas pernas. − Qual é a posição ideal para dormir? Para começar, é necessário estar-se ciente de que deve ser evitado, tanto quanto possível, dormir sobre o estômago. Isto por causa da coluna cervical. As posições sobre as costas ou de lado também não são as melhores.

4 –Como fazer a toilette, vestir-se, calçar os sapatos?

− Há aqui situações «inimigas» das costas. Em frente ao lavatório deve evitar-se a inclinação para a frente dobrando as costas. Deve apoiar-se uma mão no lavatório, esticar uma perna para trás enquanto a outra permanecerá fletida sob o lavatório. − Para uma atividade mais prolongada, maquilhagem, secagem do cabelo, devemos sentarmo-nos. − Na banheira, deve dar-se especial atenção aos movimentos de torção do tronco ao entrar e sair. − Para enfiar as meias ou os «collants» não se deve ficar de pé mas sentar-se à beira da cama ou numa cadeira. − Para vestir as calças apoie as costas contra uma parede ou sente-se numa cadeira. − Para calçar os sapatos devemos baixar-nos mantendo o dorso bem direito ou pôr um joelho no chão. Para apertar os cordões deve pôr-se o pé em cima de uma cadeira.

5 – Como levantar uma carga pesada?

− Levantar um objeto pesado não é um gesto inócuo, muito longe disso. Para levantarmos uma carga quando estamos em pé devemos

pôr-nos um pouco de cócoras sobre a mesma, com os joelhos afastados e colocarmo-nos o mais possível perto dela. Com os braços entre os joelhos levantamos o objeto ao mesmo tempo que inspiramos profundamente. Devemos manter o dorso direito como um I enquanto levantamos o objeto até tão próximo quanto possível de nós. Expiramos lentamente pela boca enquanto o deslocamos ou colocamos no sítio. − Devemos evitar o mais possível os movimentos de rotação do tronco. Nunca devemos flexionar a coluna para frente sem dobrar os joelhos. − Em todas as circunstâncias, se se tem dores nas costas é proibido levantar qualquer carga pesada.

6 – Tarefas domésticas:

− As tarefas domésticas, por mais interessantes que sejam, são fonte de situações arriscadas para as costas. − Ao passar o pano de lavar o chão ou o aspirador de pó uma perna deve estar esticada para trás e a outra flexionada para a frente mantendo a coluna direita. As mangas do aspirador devem ser alongadas ao máximo. − Na preparação das refeições, ao passar a roupa a ferro ou lavar a loiça, devemos sentarmo-nos numa posição suficientemente alta, sempre com as costas direitas, de preferência num banquinho de altura ajustável. É verdade que não é costume passar a roupa a ferro sentado, mas se se tiver um banco com rodas e suficientemente alto, sugiro-vos que tentem.

7 – Jardinagem e bricolage… vigilância:

− Nestas atividades deve evitar-se a inclinação para a frente manten-

do os pés juntos. Devemos sempre agacharmo-nos ou ajoelharmo-nos mantendo ao mesmo tempo as costas direitas. − No caso de se precisar de levantar cargas pesadas deve pôr-se um cinto de contenção que irá ajudar a coluna vertebral.

8 – Tenha cuidado com a posição do corpo quando conduz

− Embora seja prática e indispensável, a viatura pode ser terrível para as costas sensíveis. − Para entrar no carro, primeiro sente-se no banco, ajeite as costas e só depois rode as pernas para dentro. − Para sair, faça exatamente o contrário. Com uma mão segure-se ao teto do carro e com a outra à borda da porta.

Seis conselhos de especialistas para evitar as dores

a) – Aprender a descansar. Em caso de crise ou de dor aguda devemos repousar. Este é o tratamento mais simples mas também o mais eficaz. Ele permitirá aliviar as tensões dos músculos doridos, acalmar a inflamação, descomprimir os nervos. A maioria ou pelo menos mais de 50 por cento dos casos de lombalgia melhorarão. b) – Adotar posturas antidor. Ponha uma almofada no chão para apoiar a cabeça. Deite-se suavemente e dobre as pernas. Levante lentamente os joelhos até o peito e feche-os abraçando-os. Permaneça nesta posição 10 minutos e, em seguida, rode para o lado e levante-se. Ponha-se em frente a uma parede a cerca de 20 cm dela. Ajoelhe-se, deite-se e puxe os joelhos até ao peito. Apoie-se numa parede e levante para a frente uma perna e depois a


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Medicinas naturais outra, bem esticadas. Mantenha-se cada perna nesta posição 10 minutos e repita o exercício várias vezes ao dia. c) – Use e abuse do calor. É bem conhecido que o calor alivia as dores. Ele descontrai os músculos e acalma os nervos. Use sem hesitar este «medicamento natural» de eficácia comprovada: um banho bem quente a 39ºC. Se um bloqueio o impede de entrar na banheira tente primeiro resolver o problema. Para isso deite-se no chão, de lado, e peça que lhe soprem ar quente nas costas, por exemplo, com um secador de cabelo. Uma vez na banheira (em cuja água deve pôr 2 copos de sal grosso), dobre o corpo: costas enroladas para a frente, joelhos junto ao peito, ombros relaxados, braços à volta das pernas. Mantenha-se nesta posição o tempo que quiser.

Saia do banho em posição curva, como se tivesse dor de barriga, e endireite-se suavemente. d) – Perfume a água do banho. Tomar banho com óleos essenciais é uma solução muito eficaz nos casos de dores nas costas, nas articulações, nos músculos e de dores nevrálgicas. E até pode abusar deste «tratamento». Se sofre de reumatismo, artrose ou da coluna cervical, dores lombares ou dorsais, pode recorrer aos óleos essenciais de bétula amarela, «copaíba» e alecrim. Se quiser relaxar os músculos, opte pelos óleos essenciais de laranja, lavanda ou de laranja amarga. Algumas gotas misturadas com um pouco de óleo (amêndoas doces por exemplo). e) – Friccione-se. A fricção com alho e álcool de cânfora é uma verdadeira bênção para

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as dores nas costas. É bom ter isto sempre à mão porque é um remédio muito eficaz. Deixo-vos a receita: Ingredientes: alho esmagado e álcool com cânfora. Encha uma garrafa com 10% de alho esmagado e 90% de álcool de cânfora. Deixe macerar durante dez dias e agite bem. Esfregue os pontos dolorosos. Alívio garantido! Outra ajuda consiste em fortificar a cintura abdominal com exercícios muito suaves feitos ao sol. Georges RICHARD Membre RME ASCA EISA Praticien shiatsu certifié EISA (European Iokaï Shiatsu Association) Praticien en EFT (Emotianal Freedom Techniques) Maître Reiki certifié Spécialiste en développement personnel Rue de la Prulay 59-61 1217 Meyrin - Genève Tél privé: 00 41 (0)78 602 38 09 Tél. prof: 00 41 (0)78 732 27 20 http://georges-richard.com http://www.amazon.com/dp/B007N61UL2

Traduções • Apoio Jurídico • «Steuer» Assistência ao Domicílio

Manuel da Silva Desde 1981 em Luzern Tlm: 079 630 13 52 elektro52@hotmail.com


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Reportagem

Macau, uma «gota» de Portugal na China Alberto Pinto Fotojornalista photopinto@tvtmail.ch

Igreja de S. Paulo

V

ou fazer-vos um pequeno relato de uma volta que dei por Macau, depois de ter ficado a conhecer bem Hong Kong, que teve o propósito de verificar se ainda havia um «cheirinho» da nossa terra por aquelas paragens. Mas não, apenas encontrei os nomes de algumas ruas, as matrículas dos automóveis e as indicações nos edifícios oficiais em português. Ao desembarcar, à saída do cais, encontrei logo meninas de minissaia com as bandeiras dos casinos para onde trabalham e as respetivas limousines ao fim dos tapetes, para, e apesar da hora matinal, me convidarem a entrar. Isto é banal porque os casinos se encontram a funcionar de dia e de noite. A viagem desde Hong Kong até Macau, o antigo território chinês sob administração portuguesa desde 1553, data da fundação da cidade do Santo Nome de Deus, até 20 de dezembro de 1999, data da entrega da soberania portuguesa à China, é bastante fácil. Basta apanhar um catamarã e, depois de uma hora de viagem, aportar à nova terra chinesa, antiga terra portuguesa. Tive, no entanto, o azar de não ter encontrado nenhum residente que falasse a nossa língua. Logo que se chega ao centro da cidade encontra-se a Igreja de São Domingos (de seu nome completo Igreja do Convento dos Dominicanos de Nossa Senhora do Rosário, fundada em 1587 por frades dominicanos espanhóis oriundos da antiga colónia espanhola do México), no largo do mesmo nome, que convida qualquer visitante a entrar mesmo que não seja de confissão católica. A seguir há um passeio estreito onde se


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Reportagem

podem encontrar várias lojas de guloseimas e de comida, tanto portuguesas como chinesas, onde vi à venda os famosos pastéis de Belém: mas uma imitação. Continuando o passeio, vamos encontrar ao fundo a rua de São Paulo, com as ruínas da famosa igreja do mesmo nome, reduzidas apenas à fachada ao cimo de uma imponente escadaria, o resto foi destruído por um incêndio em 1835. Por detrás há um museu onde se podem admirar fotografias antigas da igreja. Para almoçar passei pelo Clube Militar, onde tive o prazer de provar «Gambinhas ao ”alhinho”», terminando a refeição com pastéis de bacalhau com salada de feijão-frade, que me fizeram lembrar os da minha avozinha: uma delícia para o paladar e para o estômago. A visita continuou pela parte velha da cidade, onde podemos deparar com o estilo português nos prédios coloniais, pelo menos nas fachadas, e com nomes de ruas bem portugueses. Qual não foi o meu espanto quando vi uma senhora, de aspeto asiático, estendendo a roupa como estamos habituados a ver nos estendais das janelas dos prédios dos nossos bairros. Para terminar, e apesar de ter feito quase todo o percurso a pé, o regresso ao porto de embarque para Hong Kong foi de autocarro. E por aqui me fico no meu relato de poucas linhas sobre este périplo por Macau e pelos vestígios das memórias portuguesas, esperando que possa suscitar a vossa visita a esta terra maravilhosa, apesar de nela já se não encontrar muito dos «cheiros» da nossa que nos povoam os sentidos desde a infância.

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Associações portuguesas

Rancho Folclórico Estrelas de Portugal de Genève

O

Rancho Folclórico Estrelas de Portugal foi fundado em Genève a 2 de setembro de 1996, pelo Sr. Luís Maurício. Atualmente é composto por um grupo juvenil e por um grupo sénior, perfazendo um total de 76 elementos (incluindo músicos e cantadeiras). Depois de uma longa e aprofundada pesquisa no respeitante aos trajes populares, o Ribatejo acabou por ser a região escolhida. A recolha de músicas, danças, usos e costumes ficou a cargo de um agregado de jovens e adultos determinados a prosseguir a divulgação das tradições lusitanas, há muito dissemi-

nadas pelo mundo. De realçar que no reportório musical se incluem também danças e cantares de outras regiões de Portugal, acontecendo, porém, que o Fandango do Ribatejo nunca é esquecido em todas as exibições. Os laços de amizade com outras comunidades são bem conhecidos, pois as deslocações a países como Portugal, França, Alemanha, Luxemburgo, entre outros, são a prova desse intercâmbio que nos enaltece. O grupo Estrelas de Portugal faz parte, desde 5 de outubro de 2003, da Federação Portuguesa de Folclore e Etnografia na Suíça, da qual é presidente Florêncio Carneiro.

No respeitante às músicas, destacam-se, entre outras: «Na Eira», «Maria minha Maria», «Marchando a virar», «Cantemos, batemos», «O fandango», «O Ribatejo», «Fado dos camponeses», «Milho rei» e «Vem comigo para a romaria». Antes da atual sede, cuja data de inauguração está prevista para muito em breve, o rancho esteve instalado na rua de Vieux-Grenadiers, n.° 10, desde a sua fundação até 30 de junho de 2010. A sala tem capacidade para cerca de cem pessoas, estando à disposição dos elementos do rancho para aniversários, casamentos, comunhões, crismas, batizados e outros acontecimentos. As pessoas que compõem o rancho são oriundas de várias regiões do país e é esta diversidade que enriquece o grupo. O presidente da direção, Adérito Marques, é originário de Vale da Feiteira, concelho de Gavião, distrito de Portalegre, e está na Suíça há 25 anos. É casado com Maria de Lurdes, de quem tem dois filhos: o Luís Carlos e a Anabela, assim como uma netinha de nome Lea. Foi eleito em setembro de 2007 e tomou posse a 1 de janeiro de 2008, cumprindo três mandatos consecutivos, tendo sido precedido pelo Sr. Justiniano Rocha a quem presta home-


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Associações portuguesas nagem pelo trabalho desenvolvido ao longo de dez anos de presidência. Com um passado rico em experiências associativas em Genebra, Adérito Marques já fazia parte do rancho desde 1998. Posteriormente resolveu colaborar nos órgãos diretivos, pondo a sua experiência ao serviço da comunidade. Agradece, naturalmente, a todos os que ao longo destes anos têm ajudado ao engrandecimento do rancho, desde os elementos que o compõem, à família dos mesmos, assim como a todos os parceiros sociais, membros da direção, sem esquecer a sua família e, em especial, a sua esposa, Maria de Lurdes. Disse-nos ainda que, no decurso dos últimos seis anos, apesar de muitas horas que dedica ao rancho, a experiência tem sido enriquecedora. A convivência e o bom ambiente no seio do grupo são um passo enorme no sentido da eficácia. Um dos aspetos fundamentais é saber escutar. Na verdade, nas diversas reuniões todos os participantes expressam a sua opinião. O prestígio do rancho está acima de todos os interesses particulares. Adérito Marques refere também que, atualmente, 75% dos elementos do rancho têm idade igual ou inferior a 20 anos, mostrando-se assim que os jovens se interessam pela cultura e tradições (uma mais-valia para o rancho e para Portugal). Alguns dos elementos ingressaram com seis ou sete anos de idade, sendo que dezassete anos depois ainda continuam no grupo. Por aqui cresceram, por aqui casaram e alguns já tiveram filhos. Há famílias com quatro elementos no rancho. Quem gostar de folclore e quiser fazer parte do rancho pode frequentar os ensaios. O ponto de encontro é na sede, em Vernier, todas as sextas-feiras a partir das 21h e 30m. Diz o presidente da direção que todos são bem-vindos, mas gostaria de ver presentes mais elementos do sexo masculino para haver maior equilíbrio de pares. Não existem quotizações, pelo que para colmatar as despesas se organi-

Em cima, da esquerda para a direita: José Jorge Ferreira, Carlos Caetano, Andreia Monteiro, Paulo Fiães, Fátima Monteiro e Adérito Marques (presidente). Em baixo, da esquerda para a direita: António Carvalho, José Medeiros, Adriano Silva, Arnaldo Valadares, Virgílio Silva e Luís Fiães.

zam anualmente várias iniciativas: um festival de folclore adulto; o aniversário do rancho; um festival de folclore infantil (este, em bom rigor, é bienal). Aproveitam-se sempre os referidos intercâmbios culturais para trocar ideias sobre folclore e promover relações de amizade duradouras. A festa do aniversário, como já é hábito, é animada pelas jovens do grupo Ilusões, que fazem parte da associação, pelo Estrelas de Portugal, por um grupo musical e por um artista convidado para animar a noite. Os presentes deliciam-se com um jantar requintado. As entradas são sempre gratuitas. É no aniversário que a associação aproveita para angariar fundos para poder enfrentar as dificuldades que possam surgir. Para manter o espírito de grupo e a confraternização são também organizados anualmente os seguintes encontros: a festa de Natal e o piquenique no mês de junho, para os elementos e familiares. R de rigor, D de disciplina e H de humildade, é a divisa adotada por Adérito Marques desde que assumiu a presidência do Estrelas de Portugal, em janeiro de 2008.

Direção

PRESIDENTE Adérito

Marques Carlos Caetano TESOUREIRO Luís Fiães SECRETÁRIA Andreia Monteiro CONSELHO FISCAL António Carvalho José Ferreira 1.° VOGAL Arnaldo Valadares 2.° VOGAL Adriano Silva 3.° VOGAL José Medeiros 4.° VOGAL Virgílio Silva 5.° VOGAL Paulo Fiães 6.° VOGAl Fátima Monteiro 7.° VOGAL José Jorge Ferreira ENSAIADORES Paulo Fiães Luís Fiães VICE-PRESIDENTE

Horários

Sextas-feiras, das 20h00 às 02h00 Sábados, das 15h00 às 02h00 Domingos, das 15h00 às 24h00 (exceto em dias de atuação do rancho)

Contatos

Rancho Folclórico Estrelas de Portugal de Genève Route de Vernier, 138 1214 Vernier - Genève E-mail: info@ranchoestrelasdeportugal.ch Presidente Adérito Marques Tel./Fax - 022 301 20 13 Tel.: 079 897 38 67 079 478 31 65 Vice-presidente Carlos Caetano Tel.: 078 804 21 59 Secretária Andreia Monteiro Tel.:078 891 70 94 www.ranchoestrelasdeportugal.ch


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Curiosidades e passatempos

Truques & astúcias

Isabel Gomes vito_isabel@hotmail.com

IOGURTE NATURAL: • Para regular o intestino preso bata no liquidificador 1 iogurte natural, 1 colher de sopa de sementes de linhaça e adicione 1 peça de fruta, como, por exemplo, ameixa, papaia ou outra à sua escolha. Beba 1 ou 2 copos de batido por dia. • Para estimular o cérebro (memória e antisstresse), ingira diariamente1 iogurte natural com 3 nozes partidas em pedaços.

ASMA: • Para aliviar os sintomas de asma coza 250 g de cenouras em meio litro de água até obter um líquido com aspeto licoroso e adicione meia chávena de mel. Tome 4 a 6 colheres de sopa de xarope por dia. ANALGÉSICO NATURAL: • Corte um pedaço de gengibre em rodelas (aproximadamente 5 cm) e coloque-o dentro de um fervedor com 4 copos de água fervente. Deixe ferver durante 15 minutos com o fervedor tapado para não deixar sair o vapor. Desligue e junte mel e limão ou laranja a gosto. Beba segundo a necessidade.

PEDRA NA VESÍCULA BILIAR (CÓLICAS): • Faça um chá com casca de abacaxi e beba com a frequência desejada. ESFOLIANTE DE AZEITE: • Misture uma colher de sopa de açúcar mascavado e algumas gotas de azeite, o suficiente para fazer uma pasta. Aplique sobre a zona a esfoliar com movimentos circulares. De seguida lave com água. CLAREAR PANOS DE COZINHA: • Lave bem os panos para eliminar a gordura. De seguida coloque-os de molho com sabão de barra. Retire-os de molho, ensaboe-os novamente e leve-os a corar ao sol durante 30 minutos. Lave os panos e, se ainda não estiverem a seu gosto, esfregue-os novamente com sabão e ferva-os durante alguns minutos numa mistura de 2 copos de água e 1 copo de álcool etílico.

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Curiosidades e passatempos

HORÓSCOPO PREVISÃO TRIMESTRAL (Março, Abril e Maio)

Caranguejo Caranguejo AMOR: O propósito de melhorar a qualidade da relação a dois exigirá muito esforço e provocará cansaço. Evite fechar-se com alguma frequência como tem acontecido ultimamente. TRABALHO: Os nativos deste signo ultrapassarão uma prova a que serão sujeitos. No entanto, deverão analisar bem a situação envolvente para evitar surpresas. SAÚDE: Para evitar demasiada adrenalina os astros aconselham-no a tomar alguns banhos relaxantes. Leão Leão

Sérgio Tomásio sergio.voyante@gmail.com

Carneiro Carneiro AMOR: Os nativos deste signo terão muitas energias positivas para partilhar. Assim, o diálogo com a pessoa amada será favorecido permitindo o entendimento e a resolução de problemas que têm afligido a relação. TRABALHO: Deparar-se-á com uma situação que condicionará o seu futuro profissional. Os astros aconselham-no a não cometer erros; devendo seguir a sua intuição e as suas inclinações. SAÚDE: Terá uma forma física invejável, continue o exercício físico. Touro Touro AMOR: Graças à lealdade conseguirá a confiança de quem está ao seu lado. A pessoa amada olhará para si de uma maneira muito especial. TRABALHO: Confie no seu senso comum uma vez que não terá indicação sobre a resolução de um problema. Para não correr riscos terá de pôr os seus colegas ao corrente da situação. SAÚDE: Terá tendência para pensamentos negativos, é aconselhável fazer algumas consultas de REIKI. Gémeos Gémeos AMOR: Sentir-se-á muito determinado a perseguir os seus objetivos. Terá de refrear e redimensionar o seu entusiasmo para não desorientar a pessoa amada. TRABALHO: Conseguirá um desenvolvimento brilhante de uma tarefa que tem vindo a fazer, o que será reconhecido pelos seus chefes. Procure dar provas de continuidade desse seu esforço. SAÚDE: Está a levar uma vida demasiado sedentária, tente praticar alguma atividade física.

AMOR: A presença de um familiar será uma boa ajuda para encontrar a harmonia no casal. No futuro, antes de magoar alguém meça bem as consequências. TRABALHO: O desejo de afirmação levará a um empenhamento no sentido de vencer algumas dificuldades, aumentando dessa forma a visibilidade do seu sucesso. Mas deverá perder o receio de fracassar. SAÚDE: Tente evitar os ambientes climatizados pois estes podem causar dores cervicais. Virgem Virgem AMOR: A sua atitude sedutora e a sua simpatia não deixarão as pessoas indiferentes. Sentirá alguma atração por alguém que tem vindo a seduzi-lo nos últimos tempos. TRABALHO: Evite as atitudes demasiado obstinadas, controle-se pois o seu chefe poderá ficar desagradado. SAÚDE: Sentirá um pouco de debilidade geral devido à mudança climática. É aconselhável praticar desporto. Balança Balança AMOR: Encontrará uma pessoa na qual verá dotes fascinantes, o que o levará a pensar romper a relação com a pessoa amada. Lembre-se de que nem tudo o que brilha é ouro. TRABALHO: Terá dificuldade em reagir às exigências das novas e acrescidas responsabilidades. Não se deixe levar pela ansiedade. SAÚDE: Para gozar de alguma paz relaxe-se, faça algumas caminhadas. Escorpião Escorpião AMOR: A sua grande força de caráter permitir-lhe-á emergir no seio do grupo a que pertence. Mas os seus bons propósitos não serão bem compreendidos.

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TRABALHO: Terá de ter muito cuidado com as propostas que receberá, pois contêm situações pouco claras. Para si não será difícil atuar com astúcia e com cautela. SAÚDE: O exercicio de meditação será aconselhado para ultrapassar o stresse a que está exposto. Sagitário Sagitário AMOR: A pessoa amada sentirá ciúmes em relação a pessoas do seu local de trabalho. No entanto, com carinho e afabilidade conseguirá uma mudança de opinião, contribuindo assim para harmonia conjugal. TRABALHO: As suas atitudes poderão causar-lhe dissabores. Organize-se, pois da próxima vez não será tão fácil sair dessa situação. SAÚDE: Terá de ter algum cuidado com o seu sistema nervoso. Capricórnio Capricórnio AMOR: Teimará em manter a situação inalterada apesar de saber que chegou o momento de mudar. Deste modo só arrastará a situação. TRABALHO: Finalizará o trabalho acumulado nos últimos tempos, o que contribuirá para melhorias no seu ambiente de trabalho. Procure não exagerar desenvolvendo tudo com a máxima concentração. SAÚDE: O seu humor não será dos melhores. As estrelas aconselham-no a aproveitar a convivialidade dos seus amigos. Aquário Aquário AMOR: Sentirá intuições particularmente boas e isso melhorará o seu dia a dia. Deverá ter paciência e consolar a sua pessoa amada devido às ausências dos últimos tempos. TRABALHO: Consolidará a sua posição com a execução de uma tarefa com sucesso. No entanto, no seu local de trabalho há um clima pouco sereno, o que influenciará o seu humor. SAÚDE: Algumas horas de ginásio dar-lhe-ão a força necessária. Peixes Peixes AMOR: O seu humor um pouco instável criará tensões com quem tem estado ao seu lado. Deverá atenuar os seus caprichos. TRABALHO: Concentre-se mais se quiser atingir objetivos ambiciosos. Elimine as pequenas coisas que o têm vindo a distrair. SAÚDE: Nos próximos meses tente fazer uma alimentação equilibrada.


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Saúde

Anedotas Investigações científicas demonstraram que o humor e o riso são excelentes para a saúde. Rir entre 10 e 20 minutos por dia reforça o sistema imunitário e elimina o stresse. Enviem as vossas anedotas e vamos todos rir! Pergunta a professora: — Que género de mulher gostarias de ter, João? — Eu gostaria de uma mulher que fosse como a lua. — Como a lua? Mas que escolha! — Queres uma que seja bonita e calma como a lua? — Não, professora, quero uma que chegue pela noite e desapareça pela manhã. (De Maria Rosa Barbosa da Cunha) •

Numa consulta, o médico pergunta ao doente: — Sr. José, o senhor está em muito boa forma para os seus 54 anos. — Eu disse que tinha 54 anos? — Que idade tem então? — Fiz 60 anos em março. — Não me diga! E quantos anos tinha o seu pai quando morreu? — Eu disse que o meu pai morreu? — Oh, desculpe! Quantos anos tem o seu pai? — O velho tem 81. — 81? Que bom! E quantos anos tinha o seu avô quando morreu? — Eu disse que ele morreu? — Sinto muito. E qual é então a idade dele? — 103 e ainda anda de bicicleta. — Fico feliz em saber. E o seu bisavô? Morreu de quê? — Eu disse que ele tinha morrido? Está com 124 e vai casar para a semana que vem.

Curiosidades e passatempos — Essa agora é demais, diz o médico já incomodado com a situação. — Diga-me lá então por que razão um homem de 124 anos iria querer casar? — Eu disse que ele queria casar? Não queria, mas engravidou a moça! (De Jorge Barbosa) •

Diz o namorado para a amada: — Querida, o meu amor por ti não tem fim, isto é uma loucura de amor. Eu posso não ser rico, não ter dinheiro, apartamentos e carros de luxo ou empresas como o meu amigo Anastácio; mas amo-te muito, adoro-te, estou doidamente apaixonado por ti. Ela olhou-o com lágrimas nos olhos, abraçou-o como se o amanhã não existisse e disse-lhe baixinho ao ouvido: — Se me amas de verdade apresenta-me o Anastácio. • Um camionista para a sua viatura à beira da estrada e dá boleia a uma bela jovem. Depois de conversarem um pouco, ambos decidiram ir ao bar de um motel mais adiante. Depois de comerem qualquer coisa acabam por ir para um quarto do motel. Enquanto a jovem se despe, o homem pergunta-lhe: — Diz-me lá, que idade tens? — Treze. — Por amor de Deus! Veste-te imediatamente e vai-te embora daqui! — Olha outro supersticioso!

que o dono os vigiava de perto. Na escuridão da noite valiam os relâmpagos para ajudar à melhor escolha, enquanto um dos meliantes, animado pela boa colheita, ia gracejando: — Relampeja, relampeja, de maneira que a gente veja! — Relampeja, relampeja, de maneira que a gente veja! Inesperadamente, o segundo meliante, até ali em silêncio, grita desesperado na escuridão: — Para aí com o relampejo, caramba, que já me caiu um raio em cima! A tempestade era outra. O dono do meloal tinha acabado de lhe «chispar» uma sacholada nos ossos! (De Victor Inácio de Faria Gomes)

Sudoku

(De Fátima Amor Figueiredo) •

Numa noite de trovoada, dois amigos do alheio resolveram «visitar» um meloal cheio de apetitosos melões. No entanto, não se aperceberam de

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