Lusit7 issuu rev

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07 JUNHO AGOSTO

2014

4,00

CHF

Revista Trimestral Ano 2

O OLHAR DE UM SUÍÇO

Viagem a Portugal em 1943 A LIGAÇÃO À LÍNGUA MATERNA

O ensino de Português na Suíça À DESCOBERTA DO MUNDO

O maior espetáculo do mundo

PALMELA, TERRA-MÃE DO VINHO

Produtores de vinhos

Palmela TERRAS LUSITANAS

O melhor de dois mundos TERRAS HELVÉTICAS

NEUCHÂTEL


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Número

Ano II • Trimestral • Junho/Agosto 2014

Sumário

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Ficha Técnica 62

CIÊNCIA NO DIA A DIA 29 de fevereiro

EDITORIAL

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TERRAS LUSITANAS Palmela 16 Terra-Mãe do Vinho

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SAÚDE E BEM-ESTAR Doença de Parkinson

PALMELENSE 30 GASTRONOMIA Receitas 32 HISTÓRIA E MEMÓRIA

66

CRÓNICA DO LUVAS PRETAS Do Inferno às portas do Paraíso

Os Holstein e o Ducado de Palmela 34 Viagem poética a Portugal

ESCRITORES PORTUGUESES 38 Sebastião da Gama 40 TERRAS HELVÉTICAS

68

À DESCOBERTA DO MUNDO O maior espetáculo do mundo SOCIEDADE E ECONOMIA 70 Saudade, esperança

e futuro 72 O fim das rendas herdadas

Neuchâtel

FALO EU 75 HOJE Um oásis na cidade

48

POSTAL DE LISBOA A porta do cavalo

de Calvino

JURÍDICO 76 CONSULTÓRIO Sucessão por morte

DO PORTO 50 POSTAL Casa Branca de Gramido

PORTUGUESAS 78 ASSOCIAÇÕES Rancho Folclórico

52

PORTUGUESES DE SUCESSO José da Costa Rodrigues

da Comunidade Católica de Genève

54

EDUCAÇÃO E ENSINO Coordenação de Ensino

E PASSATEMPOS 80 CURIOSIDADES Truques e astúcias

56 Concurso literário Raízes

58

INFORMAÇÕES CONSULARES Formalidades após o óbito

60

Propriedade

ESPECIAL SUÍÇA O referendo na Suíça

81 Horóscopo 82 Anedotas

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Diretor Luís Mata comercial@ilustrevasion.com Redatores e colaboradores Adega Cooperativa de Palmela / João Nascimento Adega Cooperativa de Pegões / Eva Figueira Adega Xavier Santana / João Santana Pereira Adelino Maltez Adelino Sá Câmara Municipal de Palmela Consulado-Geral de Portugal em Genebra / Porfírio Pinheiro Deco Proteste Flávio Borda d’Água Gonçalo Cadilhe Isabel Gomes Isabel Gregório João Alves Joaquim Vieira José da Costa Rodrigues Lurdes Gonçalves Manuel Henrique Figueira Maria Antonieta Cruz Maria da Luz Silva Office du tourisme de Neuchâtel / Marine Pellet P.e Miguel Dalla Vecchia Rancho Folclórico da Comunidade Católica de Língua Portuguesa de Genève Reto Monico Sara Teixeira Sara Vitorino Fernandez Sérgio Tomásio Sociedade de Advogados Rocha Pires, Neves Fernandes & Associados Telma Ferreira Fotografias Câmara Municipal de Palmela João Nascimento Manuel Henrique Figueira

DEPARTAMENTO COMERCIAL Diretor comercial Luís Mata Tel.: 0041 (0) 76 510 22 44 Tlm.: 00351 96 581 00 18 comercial@ilustrevasion.com PUBLICIDADE (Região francesa) Luís Mata Tel.: 0041 (0) 76 510 22 44 Tlm.: 00351 96 581 00 18 comercial@ilustrevasion.com (Regiões alemã e italiana) Manuel Correia Tel.: 0041 (0) 79 722 94 70 manuel.correia@ilustrevasion. com Correspondência Lusitânia Contact CP 117 - 1211 Genève 8 Suisse Tel.: 0041 (0) 22 329 77 86 Fax: 0041 (0) 22 329 77 86 Assinaturas Suíça, 20 CHF (anual) Resto da Europa, 20 Euros (anual) Impressão Lisgráfica Rua Consiglieri Pedroso, n.° 90 Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena Tel.: 0035 21 434 54 44 Fax: 0035 21 434 54 94 Periodicidade Trimestral Tiragem 10.000 exemplares Depósito legal: 357274/13 Leia a Lusitânia Contact em www.ilustrevasion.com Nota O conteúdo dos artigos é da exclusiva responsabilidade dos seus autores.

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Editorial

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N°4 - OUTUBRO - DEZEMBRO 2013

N°5 - DEZEMB RO - FEVEREIR O 2013

A Lusitânia Contact, para além do caminho de afirmação no panorama das publicações destinadas à vasta comunidade portuguesa na Suíça (237 mil compatriotas e luso-descendentes), caminho que encetou em janeiro de 2013 com a cidade de Sintra como tema de capa, tem desenvolvido um esforço de melhoria em vários aspetos. Deste modo, já no número de Braga, mas especialmente no de Évora, respetivamente penúltimo e último, esse esforço de melhoria é bem visível. Passa o mesmo pela diversificação dos colaboradores e dos temas tratados, respondendo, assim, a um público muito diversificado; e passa também pelo novo design gráfico das páginas, de que o número de Évora é o primeiro exemplo. A partir do presente número a revista deixou de contar com a colaboração do primeiro diretor, Amílcar Figueiredo, a quem muito ficou a dever na fase crucial do arranque. Queremos deixar aqui, bem vincado, o nosso agradecimento ao seu empenho, dedicação e a todo o esforço que desenvolveu para que a Lusitânia Contact pudesse ver a luz do dia e dar os primeiros passos até ter atingido, ao fim dos seis números, a estabilidade de publicação e a qualidade que é hoje patente nas suas páginas. A diversificação dos assuntos que procurámos introduzir levou à criação de novas rubricas, de que destacamos: «Um postal de Lisboa», do prestigiado jornalista Joaquim Vieira, hoje dedicado à publicação de livros sobre a História contemporânea de Portugal, e «Um postal do Porto», da autoria de Maria Antonieta Cruz, professora de História da Universidade do Porto, que são dois flashes rápidos sobre aspetos atuais da vida em Portugal, dois olhares a partir das duas principais cidades do sul e do norte; «O Ensino de Português na Suíça», uma rubrica que reputamos muito importante, quer pela ligação que promove entre a comunidade portuguesa na Suíça e Portugal, quer pelo elo

que estabelece entre avós, pais e filhos, todos envolvidos na educação das crianças e dos jovens. Para esta rubrica contamos com a prestimosa colaboração de Lurdes Gonçalves, coordenadora deste ensino na Suíça, assim como dos docentes que participam apresentando relatos de atividades desenvolvidas com os alunos dos cursos de Língua e Cultura Portuguesas; «Sociedade e economia», um olhar sobre a microeconomia e os seus efeitos no dia a dia, da autoria de Aníbal Maltez; «À Descoberta do Mundo», uma viagem por lugares e gentes nos cinco continentes, que nos abre novos horizontes de conhecimento, de sonho e de evasão, da responsabilidade do conhecido jornalista de viagens Gonçalo Cadilhe; «Crónica do Luvas Pretas», um apontamento sobre futebol da responsabilidade de um prestigiado e conhecido internacional português, João Alves, hoje a viver na Suíça e que treinou até há pouco tempo a equipa do Servette; finalmente, «Uma Cidade Suíça», uma parceria que trará uma mais-valia à revista, e que consiste num contraponto entre a cidade portuguesa tema de capa e uma cidade helvética, dando a conhecer aspetos do seu património, da cultura e da gastronomia. Neste número a contemplada será Neuchâtel, para o que contámos com a excelente colaboração de Marine Pellet, do Tourisme Neuchâtelois. Esta parceria informal por nós estabelecida, quiçá, poderá levar à geminação das duas localidades tema de cada número da revista, figura sob a qual se estabelecem contactos amistosos entre as cidades e as vilas de vários países. Terminamos com questões práticas dirigidas aos nossos leitores, a quem convidamos a subscreverem a assinatura da Lusitânia Contact, preenchendo o cupão de assinatura que vem na página anterior. Convidamo-los igualmente a darem a vossa opinião e apresentarem as vossas sugestões sobre a revista. Boas leituras!

06 MARÇO MAIO

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Revist Trimes a tral Ano 2

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Quem tem direito ao fundo de desemprego?

Escritores portugueses

Miguel Torga e a essência de Trás-os-Montes

Especial Portugal

O 5 de outubro de 1910

O mirandês

Um país, duas línguas

Hoje falo eu

Duas palavras do Cônsul-Geral de Portugal em Genebra

Bragança

A LIGAÇÃ O À LÍNGU A PÁTRIA

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...mais do que uma simples revista!

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Terras lusitanas

O melhor de dois mundos

T

erra de contrastes, o concelho de Palmela estende-se ao longo de 460 quilómetros quadrados, sendo o maior território da Área Metropolitana de Lisboa. Com uma forte identidade cultural, forjada em mais de 800 anos de História, o concelho faz a transição entre a vida urbana, na proximidade de Lisboa, e a tranquilidade do mundo rural. Do Parque Natural da Arrábida − candidato a Património Mundial − à Reserva Natural do Estuário do Sado, dos vastos hectares de vinhas que se estendem pelas planícies ao morro de Palmela, no topo do qual se ergue, imponente, o seu Castelo, das herdades tradicionais e familiares aos núcleos urbanos modernos e aos parques industriais com tecnologia de ponta, Palmela é um concelho orgulhoso da sua riqueza e diversidade.

Os saberes ancestrais das gentes desta terra chegaram incólumes aos nossos dias, podendo ser encontrados nas pautas de música de uma das sociedades filarmónicas centenárias, nas cores vibrantes de um painel de azulejos, no sabor forte e genuíno de um Queijo de Azeitão (produzido em grande parte no concelho) ou nos aromas frutados de um dos seus vinhos de excelência. A alma e a alegria, típicas desta região, estão patentes, também, no preenchido calendário festivo e cultural de grande qualidade, onde se cruzam as manifestações mais genuínas e tradicionais das populações − destaque para a Festa das Vindimas, o cantar das Janeiras, a Queima do Judas ou as Marchas Populares − com artistas de renome e as novas artes performativas, numa busca criativa que aposta, também, na formação de novos públicos.

A 40 quilómetros de Lisboa, servida por uma excelente rede de acessos rodo e ferroviários, com alojamento de qualidade, dois deslumbrantes campos de golfe e as maravilhosas praias da Arrábida aqui tão perto, Palmela é um destino a não perder.

Palmela na História O concelho apresenta vestígios das várias culturas que por aqui passaram desde tempos pré-históricos, atraídas pela sua localização privilegiada e estratégica entre o Tejo e o Sado. Do Castro de Chibanes, do Alto da Queimada, dos Sepulcros Neolíticos de Quinta do Anjo − onde foram recolhidas as taças Campaniformes, conhecidas mundialmente como taças Tipo Palmela − e das diversas escavações no concelho, em particular, no Centro Histórico da


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própria vila, surgiu um vasto espólio a visitar nos núcleos museológicos instalados no Castelo, que nos permitem um olhar aprofundado pelo mosaico cultural que conduziu à construção deste concelho. Palco das lutas da Reconquista cristã aos mouros, é D. Afonso Henriques que lhe atribui o primeiro foral, em 1185. O papel do Castelo de Palmela como sede nacional da Ordem Militar de Santiago de Espada durante quatro séculos, acolhendo o Convento destes frades-soldados, é um marco fundamental da sua identidade. O município, através do seu Gabinete de Estudos sobre a Ordem de Santiago, tem promovido e incentivado a investigação sobre as ordens militares, organizando, desde a década de 80 do século passado, cursos e encontros de referência entre académicos de instituições uni-

versitárias de todo o mundo e publicando um vasto catálogo bibliográfico sobre o tema. Com ocupação islâmica entre os séculos VIII e XII, o Castelo foi conquistado por D. Afonso Henriques e definitivamente recuperado por D. Sancho I. Sede da Ordem de Santiago até à sua extinção, em 1834, é hoje um monumento nacional. Dentro das suas muralhas encontram-se a Igreja de Santiago, de traça gótica, que alberga o túmulo de D. Jorge de Lencastre, último Mestre da Ordem de Santiago, e que é, hoje, uma sala de exposições; o Convento da Ordem de Santiago, datado dos séculos XVII-XVIII e recuperado no século XX como Pousada histórica; a Igreja de Santa Maria do Castelo, primeira igreja paroquial de Palmela, provavelmente do século XII, que ficou em ruínas desde o terramoto de 1755, aco-

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lhendo a antiga sacristia o Gabinete de Estudos sobre a Ordem de Santiago; o Museu Municipal, com os seus espaços de arqueologia e de transmissões militares, a reserva visitável de S. Tiago e as exposições temporárias; a Casa Capelo, onde nasceu o explorador do continente africano Hermenegildo Capelo. O Centro Histórico da vila é ainda hoje testemunha de séculos de ocupação humana e da evolução através dos tempos. Um percurso pelas suas ruelas permite-nos encontrar a imponente Igreja de S. Pedro, de origem medieval. O atual edifício da Igreja Matriz, da segunda metade do século XVI, apresenta um notável revestimento azulejar barroco que retrata a vida apostólica do santo patrono. No mesmo largo encontra-se o edifício dos Paços do Concelho, cuja construção remonta ao século XVII e, mais abaixo, na


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Terras lusitanas

Entrevista ao

Dr. Luís Miguel Calha

Vereador do Desenvolvimento Económico, Turismo e Cultura As recentes eleições autárquicas em Portugal ditaram alterações políticas em muitas autarquias. Contudo, em Palmela tal não aconteceu. O senhor Vereador Luís Miguel Calha (CDU), tal como no mandato anterior, continua a ser o responsável, entre outras, pelas áreas do Desenvolvimento Económico, Turismo e Cultura. A Lusitânia Contact quis conhecer o que pensa sobre estas áreas tão importantes para a histórica vila de Palmela. P − Palmela é uma vila histórica que acabou por ficar um pouco subalternizada em relação a Setúbal, a capital do distrito. Que trunfos tem Palmela para se diferenciar e se impor na região? R − Permita-me que discorde da ideia de subalternização de Palmela, desde logo, numa perspetiva histórica. Palmela foi, durante vários séculos, sede da Ordem de Santiago, que dominava, em grande parte, os destinos do sul do país, e teve, desde sempre, um papel social, cultural, económico − e político − interventivo que lhe granjeou uma identidade forte e muito própria que a diferencia. Palmela é hoje o maior concelho da Área Metropolita-

Moinho na Serra do Louro

Praça Duque de Palmela, o Pelourinho, datado de 1645, e a Igreja da Misericórdia, edifício seiscentista com as paredes revestidas a azulejos do século XVII, do «tipo atapetado», e o Altar-mor em talha dourada joanina. No Largo do Chafariz, na entrada da vila, podemos apreciar o elegante Chafariz D. Maria I, decorado com as antigas armas da vila de Palmela, restaurado e remode-

lado no reinado da Rainha que lhe dá o nome. Noutro dos largos mais emblemáticos da vila, o Largo de S. João, fica o convite para se apreciar o Coreto da Sociedade Filarmónica Humanitária, de 1924, o exterior da Capela de S. João Batista, do século XVII, a Biblioteca Municipal de Palmela, na antiga escola primária construída em 1928 (recuperada), e o Cineteatro S. João, inaugura-


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Palmela vista do castelo

Vinha no Outono

do em 1952 – que é o principal equipamento cultural do concelho. Para uma pausa é recomendada a visita à Casa-Mãe da Rota de Vinhos da Península de Setúbal / Costa Azul, uma antiga adega recuperada com uma esplanada convidativa, onde é possível obter informações sobre a Rota de Vinhos, efetuar provas, marcar visitas às adegas e adquirir produtos regionais e vinhos

dos produtores aderentes. O Centro Histórico de Palmela é um encontro com a História viva, dos monumentos nacionais ao casario típico, das diversas adegas que confirmam a ligação à terra, aos largos e miradouros, onde a paisagem deslumbrante para a serra da Arrábida, Vale de Barris e horizontes sem limites são os verdadeiros protagonistas.

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na de Lisboa e mantém, todavia, um equilíbrio muito interessante entre a vida moderna, com todas as comodidades da proximidade aos grandes centros que a rede de acessibilidades lhe permite, e a qualidade de núcleos urbanos sustentáveis, onde se respira e é possível contactar de perto com a natureza, com o mundo rural e com as suas tradições. Fruto de uma rede de sinergias e dessa ligação com as suas raízes, o concelho viu renovadas as atividades tradicionais por um conjunto de novos empreendedores, com formação específica, que estão a inovar e a levar, ainda mais longe, os nossos produtos de referência. Não é por acaso que Palmela foi eleita, em 2009, a primeira Cidade Portuguesa do Vinho e, em 2012, também a primeira Cidade Europeia do Vinho. No entanto, gostaria de sublinhar que a região partilha uma visão integradora e não competitiva, pelo que acredito que as potencialidades de cada concelho são um fator importante para a competitividade e atratividade global da região enquanto destino privilegiado. É assim que surgem projetos como a Candidatura da Arrábida a Património da Humanidade, a Rota de Vinhos da Península de Setúbal ou, mais recentemente, o produto turístico «Castelos e Fortes da Arrábida», cujo acordo de cooperação entre os municípios de Palmela, Sesimbra, Setúbal e a ADREPES − Associação para o Desenvolvimento Rural da Península de Setúbal − foi celebrado no dia 27 de março. P – O que destaca de Palmela na perspetiva económica, turística e cultural (já agora ambiental, pois está inserida na Arrábida, candidata a Património da UNESCO − Candidatura Mista a Património Material e Imaterial)? R − A riqueza do concelho, em vários aspetos, dificulta esta tarefa, mas posso começar exatamente pela Arrábida, cujo processo de candidatura tem permitido um olhar mais apurado por parte dos especialistas. A cordilheira apresenta caraterísticas geológicas e uma fauna e flora únicas no mundo, com várias espécies a serem identificadas pela primeira vez. É um local fantástico para explorar, com potencialidades incomensuráveis para o turismo de natureza. A sua influência no desenvolvimento das comunidades que aqui se fixaram ao longo dos


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séculos, do ponto de vista económico, cultural e religioso, dá origem a esta candidatura mista que valoriza não só a riqueza natural como todo o património material e imaterial ligado à Arrábida e à sua ocupação humana. Não posso deixar de referir a rica herança cultural deste concelho, que mantém cerca de uma centena e meia de associações culturais, desportivas e recreativas, as quais demonstram a grande apetência da região para o trabalho de equipa e em parceria. Destaco aqui as quatro sociedades filarmónicas cuja atividade centenária encontra na música − mas não só − o seu principal motor, contribuindo para a formação cultural e cívica de muitas gerações. Temos um calendário animado e convidativo de festas, feiras e certames onde a cultura, a tradição e os principais produtos locais andam de mãos dadas, para dar a conhecer a nossa identidade e o melhor que temos para oferecer. Permita-me uma referência também aos diversos empreendimentos turísticos de grande qualidade que o concelho tem para oferecer, em particular, aos amantes de golfe e dos bons vinhos, que são já os nossos grandes embaixadores em todo o mundo. Digo com frequência, e com bastante orgulho, que temos em Palmela alguns dos melhores vinhos do mundo. Uma referência marcante e que se não pode ignorar no nosso território é, indiscutivelmente, o Castelo de Palmela (e todo o Centro Histórico que lhe é contíguo). São os nossos principais cartões de visita e marcam, certamente, quem por cá passa. P – Na perspetiva económica Palmela tem um território e uma atividade – a vinha e o vinho – em que pede meças a muitas outras terras do país. Hoje a economia cruza-se com o turismo e com a cultura. Qual o papel da autarquia neste triângulo virtuoso? R − O município tem pugnado − ultrapassando, muitas vezes, as suas competências − por uma postura pró-ativa, efetuando ou participando em estudos estratégicos sobre os principais eixos de desenvolvimento sustentável para o concelho e para a região, que continuam a apontar para a importância de assentar a economia nos valores endógenos. É assim que, na década de 90, são implementadas políticas de

Natureza exuberante

O concelho de Palmela integra duas das mais importantes áreas protegidas nacionais: o Parque Natural da Arrábida e a Reserva Natural do Estuário do Sado. A cordilheira da Arrábida − cujo território se divide entre Palmela, Sesimbra e Setúbal − tem em curso uma candidatura junto da UNESCO a Património da Humanidade, que visa reconhecer a incomparabilidade do seu património material e imaterial. A bucólica serra de S. Luís é local de pasto dos rebanhos que dão origem aos aromas únicos do Queijo de Azeitão. No topo da Serra do Louro as silhuetas dos moinhos surgem recortadas no horizonte, sendo possível visitar um destes gigantes de velas ao vento onde ainda se produz pão de forma tradicio-

nal. Este é, também, o ponto de partida para uma divertida burricada (caminhada de burro). Nestes cenários magníficos são cada vez em maior número os que se aventuram nas múltiplas hipóteses de experiências em contacto direto com a natureza e que fazem de Palmela um palco de referência para a prática do pedestrianismo, do cicloturismo, do BTT, do geocashing, do paintball ou da orientação − cujos Campeonatos Europeus 2014 decorreram aqui entre 9 e 16 deste último abril.

Entre a tradição e a modernidade

O tecido económico do concelho de Palmela tem na diversidade uma das suas mais-valias, que o município procura incentivar e aprofundar. No seu


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Vale de Barris

território desenvolvem-se alguns dos mais importantes parques industriais do país – o Parque da Autoeuropa – com tecnologias de ponta e exemplos de grande empreendedorismo e capacidade de concretização e inova-

ção, desde a indústria automóvel e de componentes eletrónicos à logística, passando pela iluminação, energias renováveis e produção agroprecuária. A formação especializada para estes setores, através da Academia ATEC, das escolas secundárias de Palmela e de Pinhal Novo, das escolas profissionais da região e do Instituto Politécnico de Setúbal, têm contribuído para a criação de uma bolsa de recursos humanos altamente qualificada e pronta para responder aos desafios atuais. O município tem procurado constituir-se ativamente como parceiro e promotor do desenvolvimento económico através de várias medidas que tem tomado, tais como: o impulso à formação especializada; a divulgação dos nossos produtos e empresas em Portugal e além-fronteiras; a implementação de medidas de incentivo a diversas atividades, através do apoio técnico e jurídico ao licenciamento de adegas e outras estruturas e da forte redução de taxas para a implementação em parques industriais estruturados ou para a requalificação urbana, entre outros. Os saberes tradicionais são, no entanto, e cada vez mais, o rosto deste concelho, que soube adaptar segredos valiosos de outros tempos às novas exigências de certificação e qualidade. É assim que podemos desfrutar, hoje, dos aveludados queijos de ovelha, com destaque para o Queijo de Azeitão, de uma vasta seleção de fruta ao longo de todo o ano, da doçaria e gastronomia típicas, do artesanato de autor e dos vi-

Casa Hermenegildo Capelo - Castelo

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desenvolvimento económico apoiadas em certames como o Festival do Queijo, Pão e Vinho ou a Mostra de Vinhos de Fernando Pó que, hoje, passados 20 anos, dão cartas e demonstram, claramente, o seu contributo para a visibilidade dos produtos, para a modernização das empresas existentes e para o nascimento de muitas outras, com um aumento exponencial de produtores e marcas. Além da criação destes certames e de diversas campanhas promocionais, o município tem, na medida das suas possibilidades, apoiado as associações e as estruturas, quer financeiramente, quer nas áreas técnica e logística − apoios que evoluíram nos últimos anos para o estabelecimento de protocolos de colaboração que permitem uma maior estabilidade e transparência. Por outro lado, temos tido um papel facilitador no estabelecimento de sinergias, promovendo os contactos e as parcerias e utilizando todos os meios ao nosso dispor para a promoção das riquezas endógenas do concelho em diversos fóruns nacionais e internacionais. Nesse sentido, temos mantido um relacionamento bastante forte e, muitas vezes, impulsionando entidades como a ADREPES, a Associação da Rota de Vinhos da Península de Setúbal, a Associação de Municípios da Região de Setúbal, a Entidade Regional de Turismo de Lisboa, o Turismo de Portugal ou o IAPMEI. Destaco, ainda, o nosso envolvimento em projetos como a Associação de Municípios Portugueses do Vinho ou, mais recentemente, a RECEVIN – Rede Europeia de Cidades do Vinho, em que integramos as estruturas diretivas e nos temos empenhado na construção de candidaturas que nos levaram à conquista dos títulos já referidos de Cidade do Vinho 2009 ou Cidade Europeia do Vinho 2012. P – Os poderes locais hoje estão legitimados pelo voto popular, pelo que há uma tendência generalizada nos países desenvolvidos de intervenção das edilidades em matérias antes reservadas aos governos − por exemplo na fiscalidade −, para tornarem os seus territórios mais competitivos. Facilita-se assim o desenvolvimento económico e atraem-se novos residentes. Fazem isso em Palmela? Os impostos


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sobre as empresas são mais baixos do que noutras cidades e vilas? E em relação à fiscalidade das famílias? R − A difícil situação económica e financeira que se vive na Europa e, em particular, em Portugal, com fortes medidas de austeridade, a par de alterações legislativas que reduziram drasticamente as fontes de financiamento das autarquias, deixaram os municípios muito dependentes dos impostos para conseguirem fazer face às suas responsabilidades quotidianas para com a qualidade de vida das populações, em áreas tão centrais como o abastecimento de água, o saneamento básico, a recolha de resíduos ou o funcionamento da educação pré-escolar ou do primeiro ciclo do ensino básico. Neste contexto, a margem para a redução fiscal é pouca, mas, ainda assim, o município baixou este ano o IMI das famílias com o compromisso de o continuar a baixar gradualmente ao longo dos próximos anos; mantém tarifas de água e saneamento muito abaixo das previstas pela Entidade Reguladora do setor. Acrescem medidas de discriminação positiva para famílias numerosas, idosos e pessoas com dificuldades económicas. Para as empresas, o município tem em vigor um conjunto de medidas de incentivo que passam, quer pela simplificação de procedimentos para licenciamento e outros, quer por reduções acentuadas de taxas para, por exemplo, a requalificação de edifícios, a implementação em áreas industriais consolidadas ou a instalação de esplanadas. Está para breve a apresentação de um novo conjunto de medidas que, a somar às já em vigor, ao trabalho de apoio ao empresário desenvolvido no nosso gabinete de promoção do investimento, aos programas de formação contínua para a comunidade, irão contribuir para fazer de Palmela um destino apetecível para novas empresas e investimentos, na linha do que tem sido feito desde há anos. P – Como sabe, a comunidade portuguesa na Suíça é composta por 237 mil concidadãos. A publicação do extenso artigo sobre Évora, no número anterior da Lusitânia Contact, levou à intenção de se organizar uma visita de natureza turística à cidade por parte de um grupo de pessoas. Se tal acontecer em

Caminhadas: «Mexe-te em Palmela»

nhos multipremiados em todo o mundo. Neste campo a oferta enoturística do concelho está em franco crescimento, com as empresas a apostarem, cada vez mais, na criação de programas próprios que permitam ao visitante não só desfrutar do vinho mas entrar no seu universo. A ligação ao mundo equestre, patente desde sempre, conhece, neste momento, um forte incremento, em particular, devido ao renascimento da Herdade de Rio Frio, cujo empreendimento turístico, contará, além da unidade hoteleira, com um Centro Hípico e um Hipódromo.

«Palmela, Experiências com Sabor!»

Em 2011, a Câmara Municipal de Palmela deu início, em parceria com a Associação da Rota de Vinhos da Península de Setúbal e os restaurantes do concelho, ao programa «Palmela, Experiências com Sabor!», que tem vindo a crescer. Construído para posicionar Palmela no roteiro gastronómico nacional e incentivar a inovação junto dos estabelecimentos de restauração, com base nos produtos locais de qualidade, este projeto conta, este ano, com o maior número de atividades de



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Terras lusitanas

relação a Palmela, que roteiro de visita aconselharia aos leitores que decidirem conhecer esta maravilhosa terra? R − O nosso concelho é composto por cinco extensas freguesias − Palmela, Pinhal Novo, Quinta do Anjo, Marateca e Poceirão − com identidades muito próprias, diferentes e complementares entre si, pelo que estou convicto de que uma visita ao concelho não fica completa sem uma passagem demorada por cada um destes territórios. Um périplo pelas nossas adegas, com prova de vinhos e de outros produtos regionais, é, talvez, uma das melhores formas de iniciar o contacto com esta terra generosa, que é muito orgulhosa da sua história e que é hospitaleira por natureza. Depois, o Centro Histórico de Palmela é, certamente, um dos locais a não deixar de visitar. Do Castelo até à vila promovemos visitas guiadas e teríamos todo o prazer em ser anfitriões dos nossos concidadãos numa aventura de descoberta dos nossos monumentos, dos largos e das esplanadas. A não perder, também, um percurso pela crista da serra do Louro até aos moinhos e, para os mais aventureiros, uma burricada nas encostas da Arrábida. A caminho de Quinta do Anjo há uma paragem obrigatória no Espaço Fortuna, Artes e Ofícios, onde nasce alguma da cerâmica mais notável do país. Bela, na minha opinião, durante todo o ano, é talvez no início de setembro que Palmela se veste com as cores mais bonitas. O sol dourado do final do verão adoçou as uvas e promete néctares de excelência − é a época de mais uma Festa das Vindimas, a principal festividade do concelho, recebendo muitos milhares de visitantes ao longo de seis dias para apreciarem a celebração da vinha e do vinho. Dois imponentes desfiles alegóricos, um desfile etnográfico, a tradicional Pisa da Uva e Bênção do Primeiro Mosto, um espetacular fogo de artifício, com simulacro de incêndio do Castelo, e a Eleição da Rainha das Vindimas são razões mais do que suficientes para partilhar connosco estes dias de festa. Câmara Municipal de Palmela Largo do Município 2954-001 Palmela Tel. 212 336 600 Fax 212 336 619 E-Mail: geral@cm-palmela.pt

Castelo ao longe

Espetáculo da Eleição da Rainha da Festa das Vindimas

sempre, desde os fins de semana gastronómicos temáticos – Queijo de Ovelha, Fruta de Palmela, Sopa Caramela, Vinho de Palmela e Moscatel de Setúbal – aos show cookings com chefs de renome, passando pelos concursos e mostras gastronómicas. Com excelente recetividade junto do público, o programa «Palmela – Experiências com Sabor!» veio juntar-se ao rico calendário de certames ligados aos produtos regionais de qualidade, onde se inscrevem já o Festival do Queijo, Pão e Vinho (este ano na sua 20.ª edição), a Mostra de Vinhos de Fernando Pó, o Mês da Fogaça de Palmela, a Feira Comercial e Agrícola do Poceirão ou o Festival do Moscatel. O visitante pode beneficiar de descontos e ofertas exclusivas «Palmela, Experiências com Sabor!», através da adesão ao cartão gratuito Palmela Tourist Card. Integrado na campanha promocional «Palmela Conquista», este cartão pode ser obtido no Site de turis-

mo do município, em http://turismo. cm-palmela.pt, a par das melhores propostas para uma experiência inesquecível em Palmela. Informações úteis para os visitantes: Como chegar: http://turismo.cm-palmela.pt/Como_chegar Onde passear: http://turismo.cm-palmela.pt/Palmela__ Castelo_e_Centro_Historico Onde comer: http://turismo.cm-palmela.pt/Onde_comer Onde dormir: http://turismo.cm-palmela.pt/Onde_ficar Posto de Turismo de Palmela O posto de turismo encontra-se aberto todos os dias (exceto Natal e Ano Novo), no Castelo de Palmela. Horário: 9h30-12h30 e das 14h00-17h30 Telefone: 212 332 122 Email: turismo@cm-palmela.pt Web: http://turismo.cm-palmela.pt


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Ch. Louis-Hubert 2 1213 PETIT-LANCY GENEVE, SUISSE Telephone: 022 796 98 24 FAX: 022 796 98 47 info@cuisiform.ch

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PALMELA:

Terra-mãe do vinho G

rande parte da história de Palmela está profundamente ligada à sua importância como região vitivinícola. Desde os tempos mais remotos que se pratica a cultura da vinha, devido ao facto de a região reunir as condições adequadas de solo e clima para a produção de grande variedade de vinhos. A sua fama deve-se à gama de castas existentes, predominando nas tintas o tradicional Castelão, enquanto nas brancas se destacam o Fernão Pires e o Moscatel. A cultura da vinha na região tem um passado longínquo, admitindo-se que tenha sido introduzida na Península Ibérica – Vale do Tejo e Sado (cerca de 2000 a.C.) – pelos tartéssios, que estabeleceram negociações comerciais com outros povos permutando diversos produtos, entre os quais o vinho. Posteriormente, os fenícios (cerca do século X a.C.), ao estabelecerem feitorias comerciais no nosso território apoderaram-se deste comércio, mas é com a chegada dos gregos à Península Ibérica, no século VII a.C., que a viticultura se desenvolve, passando a ser dada particular atenção à arte de fazer vinho. Crê-se, no entanto, terem sido os celtas que, no século VI a.C., introduziram na Península as variedades de videira que então cultivavam, implementando tam-

bém as técnicas de tanoaria indispensáveis à produção e ao comércio do «escoamento do vinho». Com a romanização da Península – consolidada em 15 a.C. – incrementa-se a cultura da vinha, não só com a introdução de novas variedades mas, também, com a modernização e o aperfeiçoamento de certas técnicas de cultivo, entre elas a poda. A vila de Palmela, que recebeu o seu primeiro foral em 1185, atribuído por D. Afonso Henriques – onde se mencio-

nava a vinha e o vinho da região – confirma a tradição vitivinícola do concelho e da região, que ainda hoje é festejada anualmente através das Festa das Vindimas. Desde finais do século XIX que figuras importantes marcaram a economia agrícola da vinha no concelho de Palmela. Alguns produtores de vinho destacaram-se na literatura vinícola, merecendo o reconhecimento nacional e europeu através da atribuição de

prémios e medalhas de qualidade. José Maria dos Santos é, neste caso, a personalidade mais importante que marcou, a partir de finais de oitocentos, a paisagem agrícola do concelho de Palmela. Instalou no Pinhal Novo um «mundo vinícola», adquirindo novas parcelas de terreno que arroteou e cultivou, utilizando os métodos mais modernos. Ficou conhecido como o proprietário da maior vinha do mundo, plantada no Poceirão, que ocupava uma área de 2400 hectares, com 6 milhões de cepas, produzindo anualmente entre vinte a trinta mil pipas de vinho. Já na entrada do século XX outro destacado membro se afirmou no concelho de Palmela como «empresário modelo», proprietário da mais moderna adega de Portugal naquela época. Falamos de D. Gregório Gonzalez Briz e da Adega de Algeruz, unidade industrial única distinguida por estar apetrechada com o mais moderno sistema tecnológico de vinificação da época. Mais recentemente muitos são os que têm divulgado o nome de Palmela como «Terra-Mãe de Vinhos».

Adaptado do Site da Câmara Municipal de Palmela − Turismo: http://turismo.cm-palmela.pt/os_vinhos__ alguma_historia?m=c138


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Terras lusitanas

Rota de Vinhos da Península de Setúbal / Costa Azul Casa-Mãe da Rota de Vinhos

Contactos e informações:

Rota de Vinhos da Península de Setúbal O polo dinamizador de todo este pro/ Costa Azul jeto é a Casa-Mãe. Inaugurada a 1 de Casa-Mãe da Rota de Vinhos junho de 2000 – data simbólica por ser Largo de S. João Batista • 2950 - 248 Palmela Telef.: (+351) 212 334 398 o dia do concelho – numa antiga adega Fax: (+351) 212 334 990 adaptada para o efeito, situada no Largo E-mail: info@rotavinhospsetubal.com website: http://www.rotavinhospsetubal.com de São João, em Palmela, a Casa-Mãe da Rota de Vinhos surpreende o visitanHorário De segunda-feira a sábado: 10h00-19h00 te pela beleza interior do edifício, pelas Domingos: 13h00-19h00 inúmeras marcas de vinhos e produtos Encerra aos feriados regionais de qualidade, assim como pela Serviços oportunidade de provar vinhos e efetuar Central de reservas; prova de vinho; venda de vinho; Entrada principal da Casa-Mãe as marcações de visitas guiadas às adevenda de produtos regionais; venda de artesanato; acolhimento linguístico: english, français, português. gas. A sua vocação principal é a promoção Acolhimento de grupo. Rota de Vinhos da Península de dos vinhos da Península de Setúbal e do Retirado do Site da Câmara Municipal de Palmela-Turismo (adaptado): Setúbal / Costa Azul existe para território, por estes constituírem um fator http://turismo.cm-palmela.pt/rota_de_vinhos_da_ surpreender quem visita uma importante na captação de turismo naciopeninsula_de_setubal__costa_azul?m=b103 região bafejada pela sorte, que reúne, nal e internacional. em três concelhos – Palmela, Setúbal e A Casa-Mãe da Montijo –, um elevado patamar de quaRota de Vinhos lidade. funciona, igualDo património à gastronomia, dos mente, como cenrecursos naturais às condições de alotro de documenjamento, a diversidade é ilimitada e retação e espaço de sulta num equilíbrio sustentado, com exposições, prova Lisboa aqui tão perto. Parta, pois, à e venda de vinhos descoberta das joias que se escondem produzidos pelas nesta geografia de clima favorável e adegas aderenseja o viajante atento e exigente neste tes. Um bar compercurso de múltiplos encantos. Use os Circuit Découverte de l’Alentejo doré põe o seu interior, cinco sentidos: saboreie o que de meFly & Drive - 8 jours/7 nuits tornando-a um lhor a gastronomia tem para oferecer; Profitez de cette offre pour visiter les villes de Lisbonne, local agradável Viana do Alentejo, Borba Crato e Alcochete dê ouvidos aos pedaços de História que de visita, impulDivers hôtels “Solares de Portugal” & os monumentos contam; toque nas sionado também location de voiture cat. C faianças, nos barros, nos tecidos artepela sua construsanais; veja o rio, o mar, a serra, o cação arquitetónica. Dès CHF 1’059.sario rural, os palácios; cheire as vinhas Se quiser ainda Le prix par personne Vol TAP, taxes d’aéroport, location de voiture Valable jusqu’au que dão este néctar de eleição. conhecer melhor comprend 24 octobre 2014 (assurance casco et taxes incl.) A Rota de Vinhos da Península de as adegas da re(base 2 personnes): logement en chambre double, Setúbal junta as vontades de adegas, gião aproveite a 7 nuits avec petit déjeuner. instituições e agentes para exaltar a possibilidade que identidade própria desta região em tora Casa-Mãe lhe no dos seus principais valores, contanwww.sepvoyages.com oferece de prodo com 14 adegas aderentes, 3 restauAv. de Montchoisi 2 – 1006 Lausanne mover marcações Tél. 021 601 08 30 – Fax 021 601 08 31 rantes e 2 pousadas. de visitas guiadas.

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Sala de receções

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undada em Palmela em 1926 por Xavier Santana, inicialmente criada em nome próprio, a empresa começou a produzir e a comercializar vinho em barril como atividade principal de negócio. O privilégio de pertencer à região de vinhos da Península de Setúbal tem contribuído, desde sempre, para uma produção que se distingue pela assinatura própria do clima e dos solos deste terroir, permitindo a produção de vinhos muito aromáticos, oriundos, principalmente, das castas Castelão (tinto), Fernão Pires (branco) e Moscatel de Setúbal (fortificado).

Vista exterior da Adega


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Moscatel de Setúbal D.O. (2008) Generoso, vinificado, produzido exclusivamente com uvas da casta Moscatel de Setúbal, que lhe confere um aroma e sabor inconfundíveis. Cor: Branco | Topázio Região: Palmela Teor de álcool: 17,15o Aroma: Característico da casta Paladar: Equilibrado, terminando com um final suave, doce, e com alguma persistência. Sugestões gastronómicas: Ideal como aperitivo ou no final da refeição. Serviço: Como aperitivo, servir a 12oC No final da refeição, servir entre 16-18oC Prémios: Medalha de Prata (Challenge International du Vin, 2013)

Vinho tinto “Palmela D.O. Reserva”

Depósitos de vinho

No final da década de 1970 a empresa tornou-se uma sociedade familiar limitada, designada Xavier Santana, Sucessores Lda., suportada na produção de vinho proveniente de vinhas próprias e da compra de uva a viticultores da região de Palmela. Em 1990 entrou no mercado dos vinhos engarrafados, apostando na atualização tecnológica dos seus pro-

cessos de produção para corresponder aos desafios a enfrentar. A primeira marca comercial introduzida no mercado foi a Casta Rica, seguida de Terras da Vinha, Terras da Fonte e Xavier Santana − atualmente produzidas nas variantes tinto, branco, rosé e fortificado. Desde a entrada no mercado dos vinhos engarrafados que a Adega Xavier Santana possui uma forte presença na

(2010) Produzido com uvas da casta Castelão, é concentrado, intenso e complexo, com um final de prova longo. Cor: Tinto | Rubi Região: Fernando Pó-Palmela Teor de álcool: 14,3o Aromas: Compotas; notas de baunilha e coco; madeira. Paladar: Concentrado, intenso e envolvente; encorpado; final agradável e persistente. Sugestões gastronómicas: Pratos de carne assada, caça e queijos amanteigados. Serviço: 16-18oC Prémios: Medalha de Prata (Lyon International Wine Contest, 2013) Medalha de Prata (Vinalies Internationales, 2014)

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Saúde

Branco Palmela D. O. (2013) De aroma frutado com toque floral, fresco e intenso na boca, com um final de prova agradável e persistente. Rigorosamente selecionado de acordo com os critérios da certificação de qualidade Palmela D. O. Cor: Branco | Citrina Castas: Fernão Pires (50%); Moscatel-Graúdo (20%); Arinto (15%); Viosinho (15%). Região: Fernando Pó-Palmela Teor de álcool: 12,5o Aroma: Frutas de polpa branca com leves notas florais. Paladar: Intenso, sobressaindo a frescura, com final agradável e persistente. Sugestões gastronómicas: Pratos de peixe, marisco, aperitivos ligeiros, saladas e queijos frescos. Serviço: 10-12oC

Quinta do Monte Alegre Syrah (2012) Tinto Regional Península de Setúbal produzido na Quinta do Monte Alegre-Fernando Pó, região de vinhos de qualidade reconhecida. Vinho monovarietal da casta Syrah proveniente das vinhas da própria quinta. Cor: Tinto | Granada Região: Fernando Pó-Palmela Teor de álcool: 14,0o Aroma: Fruta madura com toque especiado, de final agradável e persistente. Paladar: Intenso, de corpo médio com prolongamento das sensações olfativas. Sugestões gastronómicas: Aves, pratos de caça, carnes assadas e grelhadas, queijos e peixes gordos. Serviço: 16-18oC Prémios: Prémio Boa Compra (Revista de Vinhos «Os Melhores de 2013»)

Cubas de inox e barricas de carvalho

Cubas de inox

região como produtor do vinho certificado Moscatel de Setúbal, produzido com uvas da casta do mesmo nome, oriundas, exclusivamente, da região da Península de Setúbal. Este vinho é comercializado sob a marca Xavier Santana e tem sido medalhado consistentemente em variados concursos de vinhos nacionais e internacionais. No início da década de 2000 a empresa deu outro passo na expansão do seu portfólio de referências de vinho, através do estabelecimento de uma parceria com a empresa de um dos seus sócios, Fernando Santana Pereira, Unipessoal Lda., situada em Quinta do Monte Alegre, em Fernando Pó, o coração da maioria da plantação de vinha existente da região de Palmela. Através desta parceria foi introduzida no mercado nacional de vinhos engarrafados a marca Quinta do Monte Alegre, um vinho certificado na categoria Palmela D.O., produzido na Adega Fernando Santana Pereira, Unipessoal Lda. com uvas provenientes exclusivamente da plantação de vinha existente na própria quinta.

Através da rede da distribuição própria da Adega Xavier Santana as operações comerciais são concretizadas pelos canais de venda do mercado de retalho e distribuição de vinho. Também são feitas vendas diretas ao consumidor final. A área geográfica onde se processa a maior parte das vendas foca-se, essencialmente, na região da península de Setúbal, área metropolitana de Lisboa, Alentejo e Algarve. A adega Xavier Santana é hoje um produtor de vinhos de referência na região vitivinícola da Península de Setúbal, com várias distinções de relevo atribuídas aos seus vinhos no panorama nacional e internacional, fruto do trabalho de quatro gerações que fizeram a história da empresa. Adega Xavier Santana Largo do Chafariz, D. Maria I Quinta das Grades 2950-227 Palmela – Portugal GPS: N 38º34.197’, W 8º54.233’ Tel.: +351 21 235 0002 www.xaviersantanasuc.lda.pt www.facebook.com/adegaxaviersantana


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Vindima mecânica

Quinta do Monte Alegre Colheira Selecionada Palmela D. O. (2010) Tinto produzido na Quinta do Monte Alegre, Fernando Pó, região de vinhos de qualidade reconhecida. Elaborado com uvas da casta Castelão (65%), Alicante-Bouschet (25%) e Syrah (10%) provenientes das vinhas da própria quinta. Cor: Tinto | Granada Região: Fernando Pó-Palmela Teor de álcool: 14,36o Aroma: Frutos do bosque, toque balsâmico com leve nota a madeira. Paladar: Grande intensidade, harmonioso, com final agradável e persistente. Sugestões gastronómicas: Aves, pratos de caça, carnes assadas e grelhadas e queijos. Serviço: 16-18oC

Moscatel Roxo Setúbal D. O. (2009) Generoso, uma raridade na sua categoria, apresentando uma riqueza e complexidade de aromas e sabores muito característicos. Obtido a partir da casta Moscatel Galego Roxo. Cor: Tinto | Topázio escuro Região: Fernando Pó-Palmela Teor de álcool: 17,2o Aroma: Rico e complexo com notas florais, passa de uva e noz. Paladar: Na boca mostra a intensidade e complexidade da casta, com um final de prova doce e muito prolongado. Sugestões gastronómicas: Perfeito para sobremesas Serviço: 14-16oC Prémios: Troféu Melhor Vinho Fortificado (Vinalies Internationales, 2012) Medalha de Ouro (Vinalies Internationales, 2012) Medalha de Ouro «Grand’Or» (Lyon International Wine Contest, 2012)


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Terras Saúde lusitanas

Vale dos Barris Branco Moscatel Região: Península de Setúbal Classificação: Vinho Regional Península de Setúbal Vinificação: A partir de curta maceração pelicular (8-12h), fermentado a baixa temperatura, é engarrafado bastante jovem de forma a garantir toda a sua intensidade aromática. Servir à temperatura: 8-10 oC Acompanhamento: Como aperitivo; pratos de peixe grelhado ou assado no forno; marisco cozido ou grelhado. Período de consumo aconselhado: 3 anos. Nota de prova: Amarelo citrino, um intenso aroma floral com algumas notas de flor de laranjeira e um sabor fresco e bem estruturado. Análises: Grau 13% vol. | pH: 3,4 Acidez: 4,55 g/l Apresentação (capacidade): 750ml

Moscatel de Setúbal Região: Península de Setúbal Casta: Moscatel de Alexandria Vinificação: A partir da fermentação de uvas moscatel, interrompida através da adição de aguardente vínica. A maceração pelicular prolonga-se por um período mínimo de 5 meses. Servir à temperatura: Como aperitivo servir a 10oC; como digestivo a 16 oC. Acompanhamento: Excelente para doçaria regional, conventual e chocolate preto. Período de consumo aconselhado: Muitos anos. Nota de prova: Cor âmbar com alguns reflexos dourados e aroma a cascas de laranja, mel, frutos secos e chá. Sabor fresco, bem equilibrado e com boa persistência. Análises: Grau 17 % vol. | pH: 3,45 Acidez total: 4,2 g/l Apresentação (capacidades): 0,75cl | 0,06cl | 0,05cl

Tratamento da vinha

A Adega Cooperativa de Palmela é «ouro» nos pódios do mundo! Seis décadas de história Fundada em 1955 com a designação de Adega Cooperativa da Região do Moscatel de Setúbal, iniciou a atividade em 1958. É um dos principais polos de desenvolvimento do concelho de Palmela, marcadamente agrícola, onde a vinha e o vinho têm, por razões históricas, um peso bastante grande. A principal zona vitícola situa-se na planície arenosa que constitui grande parte do concelho. Com 50 associados de início e uma produção de cerca de 1,5 milhões de litros, ultrapassa hoje os 8 milhões e dispõe de capacidade para atingir 10 milhões, sendo 75% de vinho tinto, 15% de vinho branco e 10% de moscatel de Setúbal. Tem atualmente 300 associados, que possuem uma área total de 1000 hectares. Uma parte substancial da produção é engarrafada através de 5 linhas automáticas com capacidade para 10.000 garrafas/hora, tendo a Adega vindo, ao longo dos anos, a atualizar a sua tecnologia, quer de fabrico, quer de engarrafamento. Com a dedicação e esforço dos

cooperantes e dos seus 40 funcionários é, desde junho de 2003, uma unidade certificada (ISO 9001-2000). Produz, em embalagens de 0,06 a 20 litros, as marcas Pedras Negras (vinho de mesa branco, tinto e rosé, vinho licoroso abafado, aguardente bagaceira e bagaceira envelhecida), Vale dos Barris (vinho regional Península de Setú-


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Terras lusitanas Saúde bal branco, tinto e rosé), Adega de Palmela (DO branco, tinto e tinto reserva), Adega de Palmela (DO vinho generoso moscatel) e Palma (aguardente vínica velha). Missão A Adega Cooperativa de Palmela tem por missão transformar a uva proveniente das explorações agrícolas dos seus cooperantes em vinho e derivados, assim como fazer a sua comercialização de forma a obter os melhores benefícios para os associados. No ano de 2013 conquistou, nada mais, nada menos, do que 32 medalhas, 28 das quais importantes galardões internacionais. Entre os prémios de nível nacional destaca-se, no XIII Concurso de Vinhos da Península de Setúbal, a conquista do título de Melhor Vinho da Península de Setúbal, com o Vale dos Barris Branco Moscatel 2012, rótulo que, no mesmo concurso, já havia conseguido duas outras medalhas.

Vindima mecanizada

Importa ainda sublinhar que, no espaço de apenas dois anos, conquistou 66 prémios, a esmagadora maioria de nível internacional. Tornando-se assim bem clara a crescente importância desta Adega como marca de qualidade à escala global. Os medalhados com o precioso «ouro» no último ano foram: Palmela

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Vale dos Barris Pink

Plantação de videiras

Branco 2012 (Challenge International du Vin - França); Vale dos Barris Rosé 2012 e Vale dos Barris Branco Moscatel 2012 (XIII Concurso de Vinhos da Península de Setúbal - Portugal); Moscatel Superior 2005 (1.º Festival Ibérico - Portugal); Vale dos Barris Syrah 2011 (Premium Select Wine Challenge Selection - Alemanha); Moscatel de Setúbal 2011 (AWC Vienna 2013 - Áustria) e Moscatel de Setúbal Superior 2005 (Concurso de Vinhos Vinipax - Portugal). Destaque-se ainda a crescente aposta nas exportações para mercados emergentes como os de Angola, Brasil e China, surgindo, neste contexto, a grande estrela da música angolana, o cantor Bonga, como embaixador da Adega de Palmela e dos seus produtos à escala global. A grande importância dada a países onde há importantes comunidades portuguesas, como é o caso da Suíça, é outra dos pontos essenciais da sua estratégia. O final de 2013 ficou ainda marcado pelo lançamento do Espumante Moscatel, que veio alargar a gama Premium e abriu uma nova porta para o mercado dos espumantes. Lançado pouco antes

Região: Península de Setúbal Classificação: Vinho Regional Península de Setúbal Castas: Syrah, Castelão e Aragonês Vinificação: A partir de curta maceração pelicular (8-12h), fermentado a baixa temperatura, é engarrafado bastante jovem de forma a garantir toda a sua intensidade aromática. Servir à temperatura: 8-10 oC Acompanhamento: Pratos de peixe e marisco, cozinha oriental e italiana. Período de consumo aconselhado: 3 anos. Nota de prova: Cor rosa intenso (olho de perdiz). Apresenta um aroma a frutos vermelhos e compota. O sabor fresco e frutado demonstra uma boa estrutura e equilíbrio, terminando com um final de boca agradável e persistente. Análises: Grau:13% vol. | pH:3,4 Acidez: 5,5 g/l Apresentação (capacidade): 750ml

Espumante Moscatel Região: Península de Setúbal Classificação: Branco Casta: Moscatel Método de fabrico: A partir de curta maceração pelicular, fermentado pelo processo de bica aberta, a baixa temperatura, de forma a preservar todo o seu aroma. Espumantização: Método clássico com a segunda fermentação em garrafa. Servir à temperatura: 6-8oC Consumo: Excelente para ocasiões especiais, como aperitivo ou a acompanhar peixe e marisco. Período de consumo aconselhado: Cerca de 5 anos. Nota de prova: Cor amarela citrino e fragâncias de flores brancas, flor de laranjeira e mel. Muito cremoso na boca, com uma agradável sensação de doçura e o equilíbrio de uma acidez delicada e fresca. De bolha fina e persistente, tornase cheio de presença, elegância e personalidade. Análises: Grau 12,5% vol. | pH: 3,45 Acidez total: 4,2 g/l Apresentação (capacidade): 75cl


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Saúde

Palmela Tinto Região: Península de Setúbal Castas: Castelão, Syrah, Aragonês Vinificação: Fermentação em cubas de inox com temperatura controlada e maceração pelicular prolongada. Servir à temperatura: 16-18oC Acompanhamento: Todos os pratos de cozinha tradicional portuguesa, caça, queijos e bacalhau. Período de consumo aconselhado: Cerca de 5 anos. Nota de prova: Cor rubi com reflexos violáceos, aroma de frutos vermelhos evoluindo para algumas notas de compota e especiarias. Na boca é macio e com taninos aveludados, apresentando um final de boca agradável. Análises: Grau: 13,5% vol. | pH: 3,65 Acidez total: 5,1 g/l Apresentação (capacidades): 375ml | 750ml

Poda manual

Engarrafamento automático

Embalamento

Vale dos Barris Castelão Região: Península de Setúbal Casta: Castelão Vinificação: Fermentado em cubas de inox com remontagem e temperatura controlada, terminando com estágio de 4 meses em barricas de carvalho francês e americano. Servir à temperatura: 16-18oC Acompanhamento: Pratos de carne grelhada, caça e queijo de ovelha curado. Período de consumo aconselhado: 5 anos. Nota de prova: Cor granada intenso. Aroma a frutos silvestres maduros e compota, complementado com notas de madeira nova. O sabor macio, com boa estrutura e taninos aveludados, termina com um final de boca prolongado com nuances de baunilha, café e algumas notas de chocolate que o caracterizam. Análises: Grau:13,5 % vol. | pH 3,63 Acidez total: 5,4g/l Apresentação (capacidade): 750ml

do Natal e do Ano Novo, o êxito deste espumante foi imediato, servindo de incentivo para a continuação do bom trabalho de todos os que estão na Adega de Palmela. Há uma nova estrela no mundo dos espumantes Feito com as deliciosas uvas da mais famosa casta da região, a Moscatel, o novo néctar surpreende tanto pela qualidade e sabor como pela originalidade do rótulo, elaborado num material inovador e que envolve toda a garrafa. A energia das bolhas – presente na imagem – confere-lhe um espírito alegre e festivo, bem como o caráter necessário para se evidenciar em qualquer espaço comercial ou mesa de jantar. Ao contrário de outras bebidas do género, o novo espumante é não só ideal para festejar datas e acontecimentos especiais como para acompanhar inúmeros pratos, uma vez que tem as características de um espumante bruto,

ainda que com os toques de doçura dados pela casta Moscatel. Sendo o primeiro produto do género lançado em seis décadas de história, vem juntar-se aos outros vinhos da gama Premium desta casa, nomeadamente o Moscatel 2005 e o Adega de Palmela Reserva. Olhos postos no futuro Muito atenta às novas realidades, a Adega de Palmela marca também uma forte presença nas redes sociais, através do site www.acpalmela. pt/, da página de facebook www.facebook. com/acpalmela?fref=ts e do inovador blog http://adegadepalmela.blogspot.pt/, janelas, através das quais os interessados podem manter-se a par de tudo o que acontece nesta casa e contribuir com a sua opinião. Com o objetivo de promover a Rota dos Vinhos da Costa Azul e dar a conhecer os seus vinhos, esta cooperativa dispõe ainda de um serviço de Relações Públicas que proporciona aos clientes visitas guiadas às instalações, as quais terminam com uma prova de vinhos na cave. Pode ainda disponibilizar refeições a grupos superiores a 30 pessoas, sendo neste caso necessária marcação com antecedência. Para mais informações pode contactar-se Ana Nunes, usando os meios indicados. Horário: De 2.ª a 6.ª - 8h30-12h30 e 14h00-17h00 Sábados - 9h00-13h00 Contactos: Rua da Adega Cooperativa 2950-401 PALMELA Telefone: (+351) 212 337 020 Fax: (+351) 212 337 028 email: geral@acpalmela.pt http://www.acpalmela.pt Texto e Fotografias de: João Nascimento e Adega Cooperativa de Palmela



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Terras Saúde lusitanas

Adega de Pegões Colheita Selecionada Tinto Elaborado a partir de duas castas tipicamente portuguesas, Touriga Nacional e Trincadeira, mais duas castas estrangeiras, Cabernet Sauvignom e Syrah. Estagiou 12 meses em barricas de carvalho americano e francês, seguido de 12 meses em garrafa. Apresenta um aroma complexo, com notas de fruta preta e especiarias bem conjugado com a madeira. Grande volume de boca, final e prolongado. (14%) Medalha de Ouro no Challenge International du Vin 2014, em França.

Adega de Pegões Breve historial: A cerveja transformou-se em vinho José Rovisco Pais, grande proprietário rural e industrial de cervejas, doou as suas herdades de Pegões aos Hospitais Civis de Lisboa. Nelas viria a ser executado o maior projeto de colonização interna com a fixação de centenas de casais agrícolas e a plantação de 830 hectares de vinha. A Cooperativa Agrícola, constituída por Alvará de 7 de março de 1958, forneceu o apoio técnico e logístico à elaboração dos primeiros vinhos de Pegões.

Na primeira fase da existência beneficiou de substanciais apoios financeiros e tecnológicos do Estado, a que se seguiu uma fase de ocupação e perturbações na altura do PREC (1975-76). Nos últimos 15 anos empreendeu uma estratégia sistemática de modernização e estabilização financeira com o objetivo de melhorar e valorizar os seus vinhos. Neste período investiu cerca de 10 milhões de euros para dotar a adega com sistemas de vinificação e estabilização a frio, revestimento a epoxy dos primitivos depósitos de cimento, com-


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Terras lusitanas Saúde plexo de cubas de inox para fermentação com controlo de temperatura, prensas de vácuo e pneumáticas, modernas linhas de enchimento e rotulagem, uma ETAR, caves para estágio de vinhos com mais de 2000 barricas, obras de beneficiação e conservação geral de edifícios e pavimentação dos acessos fabris. No plano da organização interna avançou-se na informatização da empresa que, neste momento, está certificada na norma NP EN ISO 9001: 2000 e HACCP.

Barricas de carvalho

A diferenciação «Terroir de Pegões» A região de Pegões, situada entre as reservas naturais do estuário do Tejo, a noroeste, do estuário do Sado, a sudoeste, a serra da Arrábida, a poente, e os barros alentejanos, a nascente, apresenta condições edafoclimáticas (clima, relevo, litologia, temperatura, humidade do ar, radiação, tipo de solo, vento, composição atmosférica e precipitação pluvial) privilegiadas. Com clima de influência mediterrânica, localizada na mancha de solo plano denominada por Pliocénio de Pegões, que se caracteriza por ser um solo arenoso pobre formado ao longo de milhões de anos pelo depósito das areias transportadas pelos rios Tejo e Sado, esta região produz vinhos de características ímpares, próprios de um terroir que só em Pegões existe. Aspeto da vinha

Aragonez Frutos do bosque maduros, notas de madeira, um fundo lácteo, folhas frescas, pimenta. Robusto, encorpado, boa acidez, taninos firmes, boa secura, termina sério e bem definido (14,5%). Medalha de Prata no Vinalies Internationales du Vin 2014 - França

Touriga Fruta preta achocolatada, casca de árvore, especiarias doces, alguma complexidade. Robusto e texturado na boca, com acidez correta, taninos macios, encorpado e sério, com final firme e focado (14%). Medalha de Prata no Vinalies Internationales du Vin 2014 - França

Syrah Conjunto bem maduro, compota e baunilha, guloso e muito equilibrado num nariz intenso e bem casado. Muito jovem e sumarento na boca, taninos gordos muito polidos, final persistente e maduro (14%). Medalha de Ouro na Prodexpo 2014 - Rússia.


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Terras lusitanas

Nota Nota::

Cubas de inox

Na atualidade «o que somos» Pegões é hoje uma adega moderna e competitiva, reconhecida tanto a nível nacional como internacional, com inúmeras distinções e prémios (mais de 350 nos últimos 10 anos) nos concursos mundiais de vinhos de maior renome. Possui uma área vinícola de 1200 hectares, os quais produzem, em média, 11 milhões de quilos de uva, sendo 70% tinta e 30% branca. As castas tintas produzidas são o Castelão (Periquita), 70%, Touriga Nacional, Aragonês, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Shiraz, etc., com 30%. Nas brancas predominam o Fernão Pires, 40%, Moscatel, 25%, Tamarez, Arinto, Antão Vaz, Chardonnay, etc., estes com 35%. Regista uma diversidade de marcas para a sua gama de produtos, que vai desde os vinhos de mesa passando pelos regionais, DOC, Garrafeira, Colheita Selecionada, Moscatel, Light, Espumantes, etc. Vende a totalidade da sua produção engarrafada (mais de 9 milhões de litros), 75% para o mercado nacional e 25% para o internacional. Qualidade A qualidade é uma preocupação integrante do processo de produção de vinho e da sua comercialização. É devido a ela que se conseguem novos clientes e aumenta a fidelização dos atuais. A Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de

Pegões sempre apostou na qualidade, tanto dos seus produtos como da prestação de serviços ao cliente, como tal, e devido às exigências do comércio global atual, a empresa apostou na certificação do Sistema de Gestão de Qualidade. A implementação deste sistema é uma mais-valia tanto para a empresa como para o consumidor, pois permite, por um lado, coordenar todos os detalhes respeitantes ao vinho, como seja manter a rastreabilidade dos produtos, realizar e registar o acompanhamento da evolução dos mesmos (através de análises químicas realizadas no nosso laboratório); por outro, permite fazer o balanço da satisfação dos clientes. Assim, desde 2001 que a empresa se empenhou em cumprir todos os pré-requisitos para que fosse possível esta certificação, tendo-se tornado realidade em 2003, obtida pela NP EN ISO 9001:2000, dada pela empresa certificadora APCER. Contactos Morada: Rua Pereira Caldas n.º 1 2985-158 PEGÕES VELHOS Telefone: +351 265 898 860 Fax: +351 265 898 865 E-mail: geral@cooppegoes.pt www.cooppegoes.pt Horário dos Escritórios e da Produção: De 2.ª a 6.ª feira, das 8h30-12h30 e das 13h30-17h30 Diretor comercial: Jaime Quendera jaime.quendera@cooppegoes.pt Diretora de qualidade: Sónia Pinto sonia.pinto@cooppegoes.pt Diretora de produção: Inês Pimentel ines.pimentel@cooppegoes.pt

As cidades (ou vilas importantes) tema de capa da Lusitânia Contact são alvo de uma reportagem que aborda os aspetos históricos, culturais, patrimoniais, turísticos, paisagísticos, etc. Essa reportagem é da exclusiva responsabilidade das respetivas câmaras municipais. Neste número, dedicado a Palmela, decidimos estender essa reportagem à principal atividade económica do concelho − a vinha e o vinho –, e também ao maior símbolo da importante, diversificada e inovadora indústria do concelho – a Autoeuropa. Para isso convidámos oito empresas de vinhos − Casa Ermelinda de Freitas, Casa Agrícola Horácio Simões, Adega Xavier Santana, Adega Cooperativa de Palmela, Casa Agrícola Assis Lobo, Venâncio da Costa Lima, SIVIPA-Sociedade Vinícola de Palmela e Adega de Pegões (apesar de ter a sede no concelho do Montijo, a maior parte das uvas com que labora são produzidas em terras de Palmela. É também associada da Casa Mãe da Rota dos Vinhos) – tal como contactámos a Autoeuropa, convidando-as a participarem com um texto e algumas fotografias que fizessem o historial de cada empresa, assim como com pequenas notas descritivas acompanhadas de fotografias sobre os seus principais produtos. Apesar de termos, desde logo, afirmado que não pedíamos qualquer apoio pecuniário ou outro (como fizemos com a Câmara Municipal) nem qualquer compromisso publicitário futuro, só obtivemos a participação da Adega Xavier Santana, da Adega Cooperativa de Palmela e da Adega de Pegões, o que lamentamos. Quanto ao facto de não quererem ou não terem necessidade de divulgação dos seus produtos junto de uma comunidade de 237 mil portugueses na Suíça (e também de alguns suíços), é uma decisão que só às empresas convidadas compete e que respeitamos inteiramente. Contudo, pensamos que a divulgação de Palmela no estrangeiro talvez tivesse merecido um pequeno esforço por parte dessas empresas. Apresentamos as três empresas que se prestaram a colaborar com a Lusitânia Contact, às quais agradecemos a disponibilidade e a boa vontade.


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Gastronomia palmelense

Coelho à camponesa à moda de Palmela

Ingredientes: 1 coelho médio, bravo ou manso (1,2 Kg) 500 g de feijão branco 100 g de toucinho fumado ou bacon 1 cebola grande 1/2 pimento verde 6 dentes de alho 2 folhas de louro 2 dl de azeite 2 dl de vinho tinto 1 raminho de salsa Sal q.b. Pimenta q.b. Preparação: Corte o coelho em pedaços, marine-os durante um dia com alho picado, louro, sal, pimenta e vinho. Ponha o feijão de molho. No próprio dia ponha o feijão numa panela, cubra-o com a água de demolhar, se necessário acrescente mais água, tempere de sal e coza-o. Pique a cebola, corte o toucinho fumado ou o bacon em cubos, o pimento em pedacinhos, pique a salsa, acrescente azeite e refogue tudo. Deixe apurar. Junte o coelho ao refogado, deixe ferver um pouco, acrescente a marinada e deixe acabar de cozinhar lentamente. Junte o feijão, deixe apurar bem e sirva.

Cabrito assado no forno

Sopa caramela

Ingredientes: 1 cabrito médio 500 g de batatas 125 g de Becel de cozinha 100 g de toucinho 4 cebolas médias 6 dentes de alho 2 folhas de louro 1 ramo de salsa 2,5 dl de vinho branco 1 colher de chá de colorau Sal q.b. Pimenta q.b. Preparação: Barre o cabrito com uma mistura de 2 cebolas picadas, os alhos, o toucinho, 50 g de Becel de cozinha, o colorau, 1 dl de vinho branco, sal e pimenta. Num Pirex faça uma cama com 2 cebolas cortadas em rodelas, ponha o cabrito, um ramo da salsa, o louro e deixe marinar. Acrescente o restante vinho e as batatas cortadas em quartos e tempere com sal e pimenta. Espalhe pequenas nozes da restante Becel de cozinha sobre o cabrito e as batatas e leve a assar ao forno, regando de vez em quando com o molho.

Ingredientes: 500 g de carne de porco (chispe, orelha e entremeada) 150 g de enchidos 1 kg de couve lombarda 500 g de feijão (catarino ou encarnado) 200 g de cenoura 200 g de batata 150 g de abóbora 100 g de nabo 1 cebola grande 6 dentes de alho 1,5 dl de azeite 1 raminho de salsa 1 raminho de coentros Massa (macarronete) q.b. Sal q.b. Fio de cozinha (para atar) Preparação: Demolhe o feijão na véspera. Corte as carnes em pedaços e os enchidos em rodelas e ponha numa panela grande com água, juntando o feijão, os dentes de alho e a cebola picada. Tempere com sal, um pouco de azeite e um ramo feito com metade da salsa e dos coentros, atado com o fio de cozinha. Leve ao lume e deixe cozer. Retire as carnes cozidas para um prato. Entretanto, lave, descasque e corte os legumes: a couve em pedaços, a cenoura em rodelas

e os restantes em cubos pequenos. Meta tudo na panela de onde retirou a carne e coza os legumes. Um pouco antes de estarem cozidos acrescente a massa (macarronete). Adicione mais água na panela q.b. Acrescente o restante azeite, retifique o sal e deixe cozer. Entretanto limpe as carnes de ossos e peles e desfie-as. Pique os restantes coentros e a salsa. Ao servir a sopa adicione individualmente as carnes desfiadas. Polvilhe-a com os coentros e a salsa, ambos picados.

Sopa de Favas

Ingredientes: 300 g de favas, de preferência frescas 100 g de carne em pedacinhos Rodelas de chouriço de carne q.b. 100 g de alho francês em rodelas 100 g de fatias de pão escuro do dia anterior 1 cebola média 5 dentes de alho 0,5 dl de azeite Sal q.b. Pimenta q.b. Preparação: Coza a cebola e os alhos com o azeite, deixe apurar um pouco,

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Março

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Gastronomia palmelense misture a carne e o chouriço em rodelas, ponha água e deixe-os cozer. Junte a fava e deixe ferver uns minutos até estar cozida. Retire as rodelas de chouriço, metade da carne, metade das favas e passe o resto com a varinha mágica. Junte água a gosto e, quando começar a ferver, ponha o alho francês cortado às rodelas finas. Quando o alho estiver cozido meta as favas inteiras e a carne aos pedaços, tempere com um pouco de pimenta e junte as rodelas do chouriço de carne. Ponha as fatias de pão numa travessa funda, regue tudo com o caldo obtido bem quentinho e ponha as favas, as carnes e o alho francês por cima.

Pera cozida em moscatel de Setúbal

Bolinhos de amêndoa da Quinta do Anjo

Ingredientes: 1 kg de amêndoa com ou sem pele 1 kg de açúcar amarelo 3 ovos inteiros 3 limões para raspar 1 colher de chá de canela Preparação: Mói-se a amêndoa. Mistura-se com o açúcar, a raspa dos limões, a canela e os ovos batidos. Se a massa ficar muito enxuta mete-se mais uma clara ou uma gema. Esta operação realiza-se de um dia para o outro. No outro dia moldam-se os bolinhos. De seguida vão ao forno.

Fogaças de Palmela

Ingredientes 10 peras rocha pequenas 4 dl de moscatel de Setúbal 2 dl de água 200 g de açúcar 4 cravos da Índia 2 paus de canela 2 estrelas de anis Preparação: Ponha todos os ingredientes num tacho exceto as peras. Descasque as peras deixando-lhes os pés. Ponha as peras no molho, leve-o ao lume até ficarem cozidas e o molho começar a reduzir, ficando ligeiramente gelificado. Deixe arrefecer as peras dentro do tacho e sirva-as regadas com o molho.

Ingredientes: 500 g de pão em massa 500 g de açúcar amarelo 1 kg de farinha 125 g de banha 2 ovos + 1 ovo para pintar Sumo de 2 laranjas Raspa de 1 laranja Aguardente q.b. Canela q.b. Erva-doce q.b.

Preparação: Ligam-se os ovos ao pão em massa. Em seguida põe-se o sumo e a raspa das laranjas, a banha, o açúcar, a canela, a erva-doce, a aguardente e, por fim, a farinha. Depois de tudo bem ligado e amassado

deixa-se levedar durante 30 minutos. Moldam-se várias formas, como animais, corações, etc. e pintam-se com ovo batido. Vão a cozer num tabuleiro untado em forno não muito quente. Nota: Poderá levar um pouco mais de farinha dependendo do tamanho dos ovos e das laranjas. A erva-doce e a canela são a gosto, no entanto, a quantidade de erva-doce deverá ser sempre superior à da canela. Sobre as Fogaças de Palmela A seguir às principais festas e romarias, quase sempre nos dois domingos seguintes, era costume realizarem-se umas «festas menores» ao fim da tarde ou ao princípio da noite. Eram um complemento das «festas grandes» e, de alguma maneira, serviam para se obterem fundos para cobrir as despesas da festa principal. Nessas tais «festas secundárias» eram arrematados animais e produtos agrícolas mas, de modo especial, bolos designados por fogaças, parece que por inicialmente serem cozidos diretamente ao fogo ou, mais exatamente, em cima do borralho da lareira ou do forno. Em Palmela (vila – porque no resto do concelho o calendário das fogaças era diferente) a data mais marcada era a de 15 de janeiro, em que se festeja Santo Amaro. Nesse dia, na igreja paroquial, eram benzidas as fogaças que correspondiam a promessas formuladas àquele santo e que, de acordo com o problema que havia originado a promessa, se revestiam de formas diferentes mas, em qualquer caso, evocativas da aflição: um pé, um braço, um animal, etc. O produto da venda das fogaças revertia para o culto de Santo Amaro. (Texto da autoria do historiador Dr. António de Matos Fortuna) Nota: O ritual foi recuperado pela Confraria Gastronómica de Palmela com o apoio da autarquia. Os Confrades, trajados a rigor, levam anualmente ao altar as doces fogaças, confecionadas com produtos regionais, numa cerimónia aberta à participação de todos.

Santiagos

Ingredientes: (Massa tenra) 500 g de farinha 100 g de Becel de cozinha 2 ovos 10 g de sal Água q.b. (Recheio) 1 kg de açúcar 0.5 l de água 250 g de amêndoa 250 g de gila 12 ovos

Preparação: Junte os ingredientes e adicione água até que a massa fique boa para trabalhar e ganhe liga. Entretanto, deite num tacho a água e o açúcar até fazer ponto. Acrescente a gila, a amêndoa e, por fim, os ovos. Estique a massa, forre as formas e deite o recheio. Leve a cozer ao forno a 200ºC. Depois de arrefecer decore com a Cruz de Santiago. Nota: Receita da Confraria Gastronómica do concelho de Palmela.

Breve História dos santiagos Especialidade de Palmela, a sua receita foi criada através de uma pesquisa sobre a gastronomia do concelho para participar no Concurso Nacional de Gastronomia. O seu símbolo pretende invocar a Ordem Militar da Ordem de Santiago, que durante alguns séculos teve a sua sede no convento do Castelo de Palmela. Atualmente os Santiagos apresentam-se em forma de bolo de fatia ou em tamanho menor e ainda em miniatura: os Santiaguinhos. Adaptado do Site da Câmara Municipal de Palmela − Turismo: http://turismo.cm-palmela.pt/ docaria?m=c133


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Igreja de Santiago

História e memória

Os Holstein e o ducado de Palmela

Pedro de Sousa Holstein

Armas dos Duques de Palmela

Lançada, tendo estes títulos sido usados por alguns dos filhos e netos da linhagem dos duques de Palmela. Mas vamos conhecer um pouco mais o nosso primeiro «Palmela». Pedro de Sousa Holstein nasceu a 8 de maio de 1781 na cidade de Torino / Turim (então reino da Sardenha, hoje Itália) e faleceu a 12 de outubro de 1850 em Flávio Borda d’Água Lisboa, tendo feito parte do corpo diplomático portuHistoriador guês. Diplomata bastante ativo quando representou f.bordadagua@gmail.com Portugal no Congresso de Viena, exerce mais tarde, e várias vezes, as funções de ministro dos negócios estrangeiros e de primeiro-ministro. Sem esquecer que será embaixador de Portugal em postos relatihistória portuguesa e, aliás, todas as histórias ligavamente importantes tais como Copenhaga, Berlim, das às monarquias sempre foram muito conheciRoma, Madrid e Londres. das pelas famílias nobres e aristocráticas que lhe Tem as origens numa das familias mais imestão associadas. Entre nós, a tentação será mesportantes da aristocracia portuguesa, porque é mo chamar a essas famílias Os Grandes de Portugal. Hoje descendente direto da família real por parte de vamo-nos centrar apenas numa página de história da nobreambos os pais. Sem esquecer que as origens paza, em particular ligada ao ducado de Palmela. ternas o fazem também descender da família Embora constituído há cerca de duzentos anos, o ducado real dinamarquesa (Casa Schlewig-Holsteinde Palmela não é dos mais antigos de Portugal. Foi decretado -Sonderburg); talvez daí o facto de um dos pela rainha D. Maria II a 13 de junho de 1833 e em benefício seus postos diplomáticos ter sido, precisado que será o primeiro conde (1812), primeiro marquês (1823) mente, Copenhaga. Sendo o seu pai também e, finalmente, primeiro duque de Palmela (1833): D. Pedro de um diplomata, o primeiro duque de Palmela Sousa Holstein, que se destacou pelos bons serviços prestanasce em Itália aquando da estada nesse dos à Monarquia Portuguesa através da sua ação durante as país do seu progenitor. Guerras Liberais. Já antes o havia feito na Guerra Peninsular, Este nosso diplomata, duque, um Granentre 1808 e 1814, aquando das invasões francesas. de de Portugal, têm uma certa ligação à Estão também associados à casa de Palmela os títulos Genebra do Antigo Regime, tendo em de marquês de Sousa Holstein, de marquês de Sesimbra, de conta que frequenta um internato nesta marquês de Monfalim, de conde da Póvoa e de visconde de cidade entre os anos 1791 e 1795, ime-

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História e memória diatamente antes da anexão por parte da França napoleónica, em 1798. A sua carreira diplomática inicia-se sob uma tragédia. O seu pai, que ocupa o posto de embaixador português na Santa Sé, falece em funções. Longe ainda dos concursos diplomáticos que só seriam democratizados em Portugal nos finais do século XIX e inícios do século XX, D. Pedro de Sousa Holstein «herda» a função paternal, substituindo o pai em Roma e tornando-se um dos diplomatas mais jovens da história da diplomacia portuguesa. Embora a Santa Sé fosse um espaço relativamente «pacificado» não o era tanto como no resto da Europa. O futuro duque de Palmela regressa a Portugal no ano seguinte, a fim de combater as forças napoleónicas que tentavam invadir o país. No entanto, a arte da diplomacia sempre foi o seu ponto forte, tendo D. João VI, que regia nessa altura o reino, colocado este diplomata em Madrid para, de uma certa forma, controlar as informações relativas à ocupação francesa. Em 1815 D. Pedro de Sousa Holstein é enviado ao Congresso de Viena, onde defenderá «com unhas e dentes» a causa de Olivença, que continuava ocupada pela Espanha. Na conclusão do congresso ocupa o posto diplomático de Londres. Dois anos mais tarde viaja até ao Rio de Janeiro, onde se refugiara a família real portuguesa. Pelo facto de ser um dos partidários do regresso da coroa ao continente, D. Pedro Holstein acaba por se demitir. Este gesto vai deixá-lo sem pasta até à Revolução Liberal, em 1820, no entanto, a «abrilada» leva-o até à prisão porque é suspeito de ser um dos instigadores e dos líderes liberais. D. João VI liberta-o e atribui-lhe como recompesa o título de marquês de Palmela e nomeia-o de novo embaixador em Londres. Os seus restos mortais encontram-se sepultados no cemitério dos Prazeres, em Lisboa, no jazigo da família da Casa de Palmela. É considerado o maior mausoléu privado da Europa, no qual repousam cerca de duas centenas de restos mortais de membros da sua família. O seu espaço exterior tem uma grande influência maçónica e o interior é ricamente ornado com esculturas de artistas conceitudaos tais como Canova, Teixeira Lopes e Camels.

Urna tida por ser de D. Jorge de Lencastre

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História e memória

Poética

Uma viagem

a Portugal em 1943

HENRI DE ZIEGLER — PROFESSOR, POETA, ROMANCISTA, TRADUTOR, — VISITA PORTUGAL PELA SEGUNDA VEZ EM 1943. NESTE ARTIGO PRETENDE-SE ANALISAR LUSITANIE: INITIATION PORTUGAISE, LIVRO DA SUA AUTORIA PUBLICADO EM NEUCHÂTEL NO ANO SEGUINTE.

Lisboa

Reto Monico Historiador retomonico@gmail.com

Capa do livro publicado em 1944. As imagens seguintes, da autoria de Marcelle Galopin, foram tiradas desta obra.

O autor fica fascinado pela capital portuguesa à qual dedica muitas páginas. Admira as várias cores do grande estuário — de onde saíram os «navegadores e conquistadores portugueses» —, as «águas pesadas, terrosas, que nada têm a ver com a inocência azul do Ródano em Genebra», o «enfeite vegetal» da Avenida da Liberdade, o Rossio, o «dédalo de ruas napolitanas» de Alfama, os Jerónimos, a Torre de Belém, a Praça do Príncipe Real, as varinas... É um pouco mais crítico em relação às construções mais modernas, embora ache que não se fizeram excessos como em Madrid ou em Genebra antes da I Grande Guerra. Fala das origens mitológicas da cidade e do terramoto de 1755 que teve, segundo ele, a mesma importância para Lisboa que a Reforma Protestante para a cidade de Calvino. Depois do sismo, escreve Ziegler, o aspeto de Lisboa devia ser como o das cidades bombardeadas pela «violência desta guerra»: «quase nada ficou em pé». Acrescenta que visitando Coimbra se pode imaginar um pouco como terá sido a capital antes de 1755. Acha a cidade «calma mas não adormecida, movimentada mas não febril», sem pressas, acorda tarde: é «o inferno das pessoas com pressa e o paraíso dos notívagos». O autor

Henri de Ziegler (1885-1970) foi professor de literatura italiana na Universidade de Genebra desde 1934 (reitor de 1954 a 1956) e Presidente da Société suisse des écrivains (1942-1953). Em 1959 recebeu o prémio da cidade de Genebra. (Fonte: Le Mondain, 19 de maio de 1949).

deambula tranquilamente pelos bairros populares, sempre limpos, com muitas tabernas mas com pouco barulho, sem brigas nem bêbados. É uma população exemplar e decente. Um único ponto negativo: os mendigos, mais agressivos ao pé dos hotéis, dos teatros, dos cinemas. Visita também Queluz, a «Versailles portuguesa», as quintas de Sintra, os Jardins do Estoril. Aprecia de um modo particular a paisagem do estuário até Cascais, um pouco menos o casino que define como «presunçoso»

Outras paisagens lusas

Vai também à capital nortenha, que o satisfaz, mas ao mesmo tempo o inquieta e o relaxa. Compara os dois rios, o Douro e o Tejo, os dois estuários, mas se Lisboa faz pensar no mar, o Porto transporta-o «ao interior do território». Não descreve em pormenor a cidade invicta, mas fica admirado pelo «espetáculo inesquecível», pelo «pitoresco», pela sensação «densa e prazenteira». Por outras palavras, a cidade do Porto oferece


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História e memória um panorama pouco banal que deleita «completamente o olhar». Visita também Braga, muito castelhana, que podia ser o «berço de Portugal»; Coimbra, onde queria ter estado mais tempo, porque nesta cidade tudo concorre para a poesia; segue-se Alcobaça e a Batalha, «depois de ter visto a Batalha penso que a alma de cada viajante ficará órfã». Apesar deste concerto de elogios vale a pena mencionar que o Palácio Real de Mafra o enfada, tendo, no entanto, o enfado sido suplantado pelo do castelo da Pena («capricho de um monarca delirante»). Henri de Ziegler pouco diz da vida no campo além das descrições dos moinhos, das laranjeiras de Setúbal, das casas do norte cheias de fumo, do Minho, dos carros puxados pelos bois cujo barulho

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compara a «uma voz semi-harmoniosa, de uma penetrante melancolia».

Portugal e os portugueses

Portugal é um «país maravilhoso», limpo, com ordem. Em todo o território, há uma claridade brilhante. Uma parte considerável do seu esplendor é devido, escreve o autor, à flora variada e luxuriante. No parque de Monserrate, por exemplo, admira a vegetação quase tropical. Portanto, a expressão «Jardim da Europa» não é uma imagem turística «mas uma expressão justa e concisa de uma agradável realidade». Neste livro, fala também do caráter dos portugueses: fleumáLisboa: Vista sobre Alfama e o Tejo.

tico, um pouco secreto, amável, hospitaleiro, bem-educado, com sentido de humor. Tenta destruir o lugar-comum: «Les Portugais sont toujours gais» [«Os portugueses são sempre alegres»]. «Não confundamos melancolia e discrição, reserva e taciturnidaLisboa: Cais do de», avisa Ziegler. Riem-se menos, sorriem Sodré, mais, são pensativos mas não sombrios. pequenas Quanto à religiosidade, se o regime favoembarcações e receu o catolicismo, o autor encontrou marbarcos de cas de anticlericalismo (não há frades nas pescas. ruas, o uso das batinas é proibido). Além disso, raramente pôde verificar uma «devoção ardente» durante as cerimónias religiosas às quais assistiu. Acha também que as peregrinações, festas religiosas no campo, se tornaram quermesses populares.

E a II Grande Guerra?

Lisboa: Praça do Comércio e Tejo.

Poucas são as referências à guerra, o que parece lógico, visto que o seu objetivo era procurar a «poesia» em Portugal. No entanto, há algumas alusões às dificuldades decorrentes do conflito, como, por exemplo, para um suíço ir a Portugal; a falta de carvão, o papel de Lisboa no abastecimento da Suíça, os bombardeamentos, os refugiados cosmopolitas à espera de uma passagem para o Brasil ou os Estados Unidos.


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História e memória

Salazar

Henri de Ziegler alude pela primeira vez ao ditador quando escreve que na quietude «se reconhece a cara do homem a quem Portugal deve uma grande parte do seu desenvolvimento». Encontra Salazar na margem da Exposição suíça que se realiza no Instituto Superior Técnico. Fica cativado pelo antigo professor de Coimbra. No rosto de Salazar «a graça ilumina a força; a luz da razão torna-se lentamente pensativa». O ditador é um «homem consciente do que Porto: Douro, Ponte Maria Pia e Igreja das Carmelitas. recebeu, senhor de si mesmo, que permaneceu modesto». Além disso, ignora o Esta admiração hagiográfica pelo «racismo imbecil», detesta o «imperialisditador português não é um caso únimo insensato» e o culto da personalidaco na Europa e na Suíça da altura. Até de. Só quer servir Portugal. 1961, na imprensa internacional, são Ziegler tem uma breve conversa com o raras as críticas ao Estado Novo e ao Chefe do governo durante a qual falaram seu chefe e os periódicos helvéticos das relações entre os dois países e dos não constituem uma exceção. projetos de modernização da Universidade Neste livro a imagem de Portude Coimbra. O autor de Lusitanie enfatiza gal — que se distingue «da Europa, a disponibilidade, a simplicidade e a mocompletando-a» — é extremamente déstia do seu interlocutor. favorável e lisonjeira. As críticas são

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História e memória

Vindimas: Transporte das uvas pelos vindimadores.

poucas e quase sempre matizadas, como, por exemplo, quando afirma que gostaria de encontrar nas cidades lusas algo de ardente, de intenso, como em Siena.

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P.S. O autor fala duas vezes de Palmela: a primeira quando menciona os seus moinhos e a segunda no trecho seguinte: «Encontramo-nos aqui nos muros de Palmela, que protegem unicamente uma igreja e um castelo em ruínas, entre as ervas daninhas que crescem desordenadamente. Do topo da torre quadrada, no meio da inútil fortaleza, dominamos a crista das encostas e a procissão dos moinhos que, um atrás do outro, agitam os grandes braços como pessoas obcecadas que falam sozinhas. A pequena vila, decaída, está aos nossos pés, cheia da manhã Enxerto do livro Lusitanie, páginas 100 e 101 clara e do plácido tédio dominical, embalsamada no silêncio. Um leve fio de fumo abre em cada teto a sua transparente asa azul. Além, em todas as direções, adormece a planície quente, estende-se sob um céu almofadado de névoa loura e cor-de-rosa um rústico e pacífico Portugal. A hora seguinte transcorre sob o signo da modéstia e da simples felicidade. A água gorgoleja nas belas fontes, recolhida em ânforas de nobre perfil, como se se quisesse honrar melhor as ninfas que a fazem jorrar».


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Escritores portugueses

Sara Vitorino Fernandez CLEPUL Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias sarafernandez1976@hotmail.com

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ebastião da Gama nasceu em Azeitão a 10 de Abril de 1924. Licenciou-se em Filologia Românica, pela Universidade de Lisboa, em 1947, e exerceu como professor em Lisboa, em Setúbal e em Estremoz. O poeta estreou-se na vida literária com o volume de poemas Serra-Mãe, publicado em 1945. A recepção dos poemas foi muito positiva e serviu de inspiração a outros jovens poetas, que, na época, debatiam a funcionalidade da Poesia. Num panorama de confronto de ideias entre o Neo-Realismo, que defendia o compromisso social da Literatura, e o grupo da revista Presença, que acreditava na liberdade da criação literária, Sebastião da Gama afirma que «a arte é a vida, nos seus matizes múltiplos, posta em beleza, não a política, não a religião, não a moral postas em beleza» (cf. MOURÃO-FERREIRA, David, 1980, 20 Poetas Contemporâneos, p. 232). Foi imbuído neste espírito que Sebastião da Gama colaborou com uma das revistas literárias mais influentes do panorama cultural português do século XX – a Távola Redonda. A revista, fundada em 1950 por um grupo de jovens poetas, entre os quais António Manuel Couto Viana e David Mourão-Ferreira, exaltava o li-

Sebastião da Gama:

Vida e obra de um defensor da Arrábida rismo poético, o rigor técnico da escrita e a herança literária presente na poesia portuguesa desde a Idade Média. A poesia trovadoresca, a lírica de Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda ou Camões e os poetas românticos foram as principais referências nacionais dos fundadores e colaboradores da revista, não desprezando também a influência de autores estrangeiros como T. S. Eliot, Pablo Neruda e Rainer Maria Rilke. Apesar da sua curta vida, Sebastião da Gama deixou uma obra literária considerável. Em vida, além de textos de colaboração em revistas e alguns textos de intervenção social, publicou quatro volumes de poemas: Serra-Mãe (1945), Loas a Nossa Senhora da Arrábida (1946), Cabo da Boa Esperança (1947) e Campo Aberto (1951). A compilação, publicação e divulgação da obra

inédita e póstuma de Sebastião da Gama ficou muito a dever ao trabalho de David Mourão-Ferreira, ele próprio escritor, crítico literário, professor de Literatura Portuguesa e um dos fundadores da revista Távola Redonda. No ano seguinte à morte de Sebastião da Gama publica-se Pelo Sonho é que Vamos (1953), em 1958 publica-se Diário, mais tarde publicam-se Itinerário Paralelo (1967), O Segredo é Amar (1969) e Cartas I (1994). As temáticas da obra do poeta dividem-se entre a consciência da efemeridade da Vida e da gradual percepção da Morte, vista não como algo negativo ou destruidor, mas como um reforço de confiança e fé; e a exaltação da Natureza, em especial da paisagem natural da região onde nasceu a Arrábida. A comunhão com o elemento natural da Serra da Arrábida está bem


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Escritores portugueses representada no poema «Serra-Mãe», que dá título ao primeiro volume de poemas de Sebastião da Gama. Neste texto lírico o sujeito poético afirma o seu total amor pela paisagem da Arrábida e a sua união com a Serra: «Na noite calma, a poesia da Serra adormecida vem recolher-se em mim. E o combate magnífico da Cor, que eu vi de dia; e o casamento do cheiro a maresia com o perfume agreste do alecrim; e os gritos mudos das rochas sequiosas que o Sol castiga — passam a dar-se em mim.

ta, e denunciou o desbaste da Mata do Solitário, para que a madeira servisse de alimentação a um forno de cal. O apelo foi ouvido e a iniciativa teve uma resposta tão grande que levou à criação da Liga para a Protecção da Natureza, em 1948, e foi a primeira associação de índole ecológica no país e que hoje ainda denuncia atentados contra o ambiente, flora e fauna nacionais. A região de Palmela, com as suas riquezas históricas, naturais e humanas, foi objecto de louvor no texto em prosa A Região dos Três Castelos, datado de 1949:

E todo eu me alevanto e todo eu ardo. Chego a julgar a Arrábida por Mãe, quando não serei mais que seu bastardo.» «Serra-Mãe» in Serra-Mãe, Ática, 1991

A Serra apresenta-se também como um cenário de esperança e de tranquilidade, mesmo depois da morte: «O murmúrio é a alma de um Poeta que se finou e anda agora à procura, pela Serra, da verdade dos sonhos que na Terra nunca alcançou. E outros murmúrios de água escuto, mais além: os Poetas embalam sua Mãe, que um dia os embalou.» «Serra-Mãe» in Serra-Mãe, Ática, 1991

A defesa pública do património natural da Serra da Arrábida foi também uma das facetas de Sebastião da Gama. Em 1947, o poeta manifestou-se publicamente, através de uma car-

«E depois de um ameno passeio entre laranjais e de uma subidazinha que há-de ter cansado muito homem de armas de outrora, aparece, a fechar o triângulo, o Castelo de Palmela. Quem primeiro lhe mediu a força foi, em 1147, D. Afonso Henriques. ”Da construção primitiva”, escreve Pina de Morais, ”pouco resta: serão romanas as torres circulares, árabes as quadradas, do Mestre de Avis a Torre de Menagem, de D. Pedro II as fortificações mais modernas para uso do canhão.” Mas o que não terá mudado muito é a paisagem deslumbrante e sem fim, prémio valiosíssimo para quem não hesitou em subir à Torre de Menagem. E mais uma vez (a outra foi na Arrá-

A arte é a vida, nos seus matizes múltiplos, posta em beleza... (Sebastião da Gama)

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bida) se mostra à evidência que onde a paisagem portuguesa for pitoresca ou for grandiosa os primeiros turistas a chegar são os frades: aqui gozaram, de 1194 a 1218, o mesmo espectáculo que nós estamos gozando, os freires de Santiago, que em 1482, lançada a primeira pedra do seu templo, hoje em ruínas, tornaram à casa, como bons filhos, e nela se estabeleceram definitivamente. A vila fica em baixo, aninhada entre vinhas e confiante na protecção do seu castelo. Dos montes à volta chega-nos a música estranha dos moinhos − quem sabe, D. Quixote!, se não serão barbudas sentinelas que D. Afonso ali deixou de guarda ao castelo... Palmela é terra de bons frutos e bons vinhos. Baco não se importaria de vir connosco e muito menos se lhe segredássemos que a dois passos, deixadas para trás Quinta do Anjo e Cabanas, começa a região de Azeitão, onde o vinho, como diz o Povo que só diz verdades, não é vinho é vinhão. É em Azeitão a nascente, que dá de beber a todos os mercados do mundo, do excelente Moscatel de Setúbal. E como um bom vinho pede um bom petisco, inventou a gente da terra um queijo de ovelha divino e uns bolinhos de manteiga que obrigam o turista a parar, a provar, a gostar.» Sebastião da Gama morreu a 7 de Fevereiro de 1952, vítima de tuberculose renal, doença que lhe tinha sido diagnosticada na adolescência. Ficou a obra de um homem consciente da riqueza da sua região e de um poeta-chave para as gerações de escritores que se seguiram. Nota: Por vontade da autora, este texto mantém a ortografia anterior à do último Acordo Ortográfico.


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Terras helvérticas

Neuchâtel

Breve apresentação Em Neuchâtel há lugares que têm de ser visitados: o Castelo, a Colegial, a cidade velha, com as suas ruas pitorescas, e as margens do Lago. Em «Jeunes-Rives» há um grande relvado, dois campos de voleibol de praia e uma praia (com pequenas pedras) muito apreciada no verão. É o lugar ideal para fa-

mílias e grupos de amigos se divertirem e descontraírem. Com bom tempo é possível alugar bicicletas ou navegar no lago (tal como nos lagos de Bienne e de Morat). Outro passeio é no funicular até Chaumont e, nos dias luminosos, apreciar o panorama da vista sobre os três lagos e os Alpes. Para os dias de chuva ou no inverno há quatro museus: Centre Dürrenmatt

(www.cdn.ch); Musée de histoire naturelle (www.museum-neuchatel.ch); Musée d’art et d’histoire (www.mahn.ch); Musée d’ethnographie (www.men.ch). Há ainda o Castelo, que tem visitas guiadas e gratuitas todos os dias de abril a setembro. As especialidades culinárias são : saucisson neuchâtelois; chocolate (concretamente o Suchard); absinto (típico do Val-de-Travers); vinho; taillaule (pão açu-


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©M. Vincent Bourrut

©M. Villars

carado com uvas secas); bolo de manteiga; queijo; peixes do lago, etc. Para mais informações:www.ovpt.ch

Breve história da cidade No regime de Rodolphe III de Bourgogne (993 a 1032) é mencionada pela primeira vez a existência de um castelo na região. Neuchâtel aparece escrito pela

primeira vez sob a forma latina «novum castellum» (novo castelo), pelo que se admite que se refira a uma construção recente. As franquias dadas pelos Condes de Neuchâtel impulsionam a cidade, que na segunda metade do século XIII se estende na margem esquerda do Seyon. Um gigantesco incêndio destrói-a tendo poupado apenas treze casas (1450).

Com Guilherme Farel a Reforma Protestante triunfou em 1531. Uma violenta inundação do Seyon devasta o coração da cidade em 1579, arrastando as pontes e o Hôtel de Ville, construído no meio do rio. O condado passa a principado soberano no reinado de Orléans-Longueville (1648). Um novo incêndio devasta a rue du Château e a rue du Pommier (1714).


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Em 1815 Neuchâtel torna-se cantão suíço, permanecendo todavia como um principado sob a égide da casa de Hohenzollern. Este estatuto ambíguo é confirmado pelo Congresso de Viena. O Castelo Neuchâtel é ocupado pelas tropas revolucionárias dirigidas por Fritz Courvoisier e um governo provisório instala-se na noite de 1 de março de 1848, sob a presidência de Alexis-Marie Piaget. A República é proclamada, resistindo a uma tentativa de contrarrevolução. Neuchâtel é um dos quatro locais da Expo 2002. Aparece pela primeira vez na história como uma referência, celebra 1000 anos desde a primeira alusão escrita de um acordo realizado no ano 1011. Atualmente tem cerca de 33.000 habitantes e é a capital do Cantão do mesmo nome, onde vivem 13.500 portugueses que representam 30 % dos 43.800 estrangeiros, num total de 176.200 residentes. Foi em Neuchâtel que a seleção nacional ficou hospedada durante o Euro de 2004. Neste pequeno artigo apresentamos um passeio a pé pelo centro da cidade e algumas visitas de caráter cultural, além de propostas culinárias. Queremos agradecer ao Office du tourisme de Neuchâtel , nomeadamente à Senhora Marine Pellet, a preciosa colaboração.

©Atrium

©M. Guillame Perret

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Bem vindos Benvindo ao Jura e Três-Lagos, uma região que seduz pela diversidade das paisagens, natureza intacta e preservada e pela história e riqueza do património construído. Uma região de múltiplas facetas que revelará os seus tesouros aos visitantes curiosos.


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Tourisme Neuchâtelois (Ver as letras no mapa)

Hôtel des Postes | CH-2001 Neuchâtel T. +41 (0) 32 889 68 90 Fax. +41 (0) 32 889 62 96 www.neuchateltourisme.ch info@ne.ch Horário Segunda-sexta: 09:00-12:00 / 13:30-17:30 Sábado 09:00-12:00 (julho e agosto) Segunda-sexta: 09:00-18:30 Sábado 09:00-16:00 Domingo: 10:00-14:00 Comboio turístico Partida e chegada Place du Port 13:45, 14:45, 15:45, 16:45 Maio e junho - Domingo e feriados Julho e agosto - Todas as tardes Este símbolo-comboio assinala os

pontos de interesse ao longo do percurso do comboio turístico que circula de junho a setembro. Possibilidade de aluguer. Partida chegada: Praça do Porto. Visitas guiadas a pé na cidade velha Somente com marcação: T. +41 (0) 32 889 68 90 Duração: 2:00 Museus e outros locais: A) Muséum d’art et d’histoire com os seus famosos autómatos Jaquet-Droz Esplanade Léopold-Robert 1 T. 032 717 79 20 - www.mahn.ch B) Muséum d’éthnographie Rue Saint-Nicolas 4 T. 032 718 19 60 - www.men.ch

C) Muséum d’histoire naturelle Rue des Terreaux 14 T. 032 717 79 60 www.museum-neuchatel.ch D) Galerias da História Av. DuPeyrou 7 T. 032 717 79 20/25 www.mahn.ch/ghn E) Centre Dürrenmatt Rue Pertuis-du-Sault 74 T. 032 720 20 60 - www.cdn.ch F) Jardin botanique Rue Pertuis-du-Sault 58 T. 032 718 23 50, www.unine.ch/jardin I) Excursão de barco Cerca de 2 horas de visita. No Porto da cidade a sociedade «Navigation

Lacs de Neuchâtel & Morat SA» propõe-vos numerosas excursões nos lagos de Neuchâtel, de Morat e de Bienne, com escalas, nomeadamente, em Estavayer-le-Lac, Yverdon-les-Bains e na Ilha Saint-Pierre e de Morat. T. 032 729 96 00 www.navig.ch J) Funicular panorâmico La Coudre - Chaumont T. 032 720 06 00 www.tn-neuchatel.ch K) Laténium Parc d’archéologie Espace Paul Vouga 2068 Hauterive T. 032 889 69 10 www.latenium.ch

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8) Rue des Moulins: No número 21 encontra-se a Maison de Montmollin (estilo barroco). Au lado do restaurante (Brasserie Le Cardinal) há uma residência de estilo Luís XV. 9) Croix-du-Marché: Encontra-se no coração da cidade velha. Aqui havia antigamente o mercado de Neuchâtel. O restaurante Le Banneret tem uma bonita fachada de estilo renascentista. Fontaine du Banneret: A sua função primordial foi dar de beber às vacas e aos cavalos, sendo a mais antiga

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14) Château: Para se chegar ao cas- r ie r telo há dois itinerários: em 1276. Deve visitar-se o Claustro, restaurado no final do século XIX, e o Cenotáfio, obra de arte emblemática da Idade Média (1372), sepultura dos Condes de Neuchâtel, situada no coro da Igreja.

tel dos séculos XV e XVIII, bem como uma antiga célula de prisioneiro.

16) Tour des prisons: Foi construída em várias etapas. A base é provavelmente do século X. Antes de aceder à plataforma superior, onde se poderá desfrutar de uma vista esplêndida sobre a cidade, o lago e os Alpes, descobrirá sucessivamente miniaturas (maquettes) de Neuchâ-

18) Place Pury: Nesta praça encontra-se a estátua de David de Pury (1709-1786) − que viveu 50 anos em Lisboa e que fez fortuna, nomeadamente, graças aos diamantes do Brasil – tendo sido um benfeitor particularmente generoso para Neuchâtel.

17) Rue du Seyon: É uma das ruas mais comerciais de Neuchâtel por onde fluía o rio Seyon até meados do século XIX.

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13) Fontaine du Griffon: Para abastecer esta fonte a cidade solicitou e obteve em 1649 um excedente da água destinada ao Castelo. Foi terminada em 1664. Foi lá que, durante a visita de Charles-Paris Orléans la le vo E e do seu irmão, em 1668, durante os l’ e festejos populares, fizeram correr e d u vinho em vez de água na fonte.

a) Para os mais desportistas, subindo as escadas em frente da Fontaine du Griffon; b) Para os outros pela rue du Château continuando pela rue de la Collégiale. O castelo, cujas origens remontam ao século XII, é hoje a sede do governo do Cantão. Há visitas guiadas gratuitas de abril a setembro: De 3.ª a 6.ª: às 10, 11, 12, 14, 15 e 16 horas; de sábado a 2.ª e nos dias feriados: às 14, 15 e 16 horas.

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7) Fontaine de la Justice: Esta fonte, recentemente restaurada, foi esculpida entre 1545 e 1547. A bacia octogonal é sobreposta pela estátua da Justiça. Aos pés, quatro personagens simbolizam as diferentes formas do governo do século XVI: um Papa, um Magistrado, um Imperador e um grande Turco.

12) Rue du Pommier: Nesta rua pode admirar bonitas casas, todas adjacentes, reconstruídas no século XVIII, na sequência de um terrível incêndio (1714) que destruiu esta parte da cidade.

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6) Temple du Bas: A revogação do Édito de Nantes, em 1665, provocou uma forte afluência de refugiados protestantes, o que tornou necessária a construção de um novo templo (Temple-Neuf), mais tarde chamado Temple du Bas.

11) Place des Halles: No fim da Rue du Trésor depara-se-nos esta encantadora praça, antigo mercado coberto, ornamentada com bonitas fachadas do século XVIII. É aqui que se realiza o mercado três vezes por semana no verão e duas no inverno. A casa está hoje transformada num restaurante. Para subir em direção à colina do Castelo, que domina o coração da velha cidade, passa-se pelas seguintes ruas: Rue du Coq d’Inde, ruelle Bellevaux e Rue du Pommier.

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5) Hôtel-de-Ville: A Câmara foi construída entre 1784 e 1790. No rés do chão, aberto ao público, encontra-se uma miniatura (maquette) da cidade no século XVIII.

10) Passage des Corbets: Entre a Croix-du-Marché e a Maison des Halles não deixe de entrar na Passage des Corbets, muito estreita, es e admire a escada com uma vista a ud R ib monumental.

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4) Place de l’Hôtel communal: A Praça do Município é dotada de uma magnífica fonte. A grande bacia foi escavada numa só rocha.

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3) Hôtel du Peyrou: Construído entre 1765 e 1770 para Pierre-Alexandre DuPeyrou. Amigo de Rousseau, publicou, em 1788, após a morte deste, a primeira edição completa das suas obras.

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2) Hôtel des Postes: Inaugurado a 1 de abril de 1896, o edifício abrigava a União Postal Universal.

fonte fora do recinto primitivo da cidade.

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1) Port / débarcadère: Utilizado antigamente para a pesca e transporte, o porto tem hoje practicamente só vocação turística.

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19) Esplanade du Mont-Blanc: No sul da praça uma passagem subterrânea leva-nos até à esplanada, onde se poderá descobrir várias estátuas de artistas internacionais. 20) Quai Ostervald: Para se retornar ao ponto de partida contorna-se o lago pelo cais, que permitirá descobrir a fachada sul do Collège Latin (Estilo Império). Este acolhe, nomeadamente, a biblioteca da cidade, onde estão depositados os manuscritos de Jean-Jacques Rousseau


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Terras helvéticas

Restaurantes Neuchâtel La Désobéissance Rue des Fausses-Brayes 19 Tél. +41 (0)32 724 63 55 www.desobeissance.ch

Au Quai Débarcadère – Quai du Port 7 T. +41 (0)32 710 02 44 www.quaiduport.ch

Le Café de la Collégiale Rue de la Collégiale 10a Tél. +41 (0)32 721 23 51 www.cafedelacollegiale.ch

Hôtel-Restaurant Le Vaisseau Petit-Cortaillod-Plage 2016 Cortaillod T. +41 (0)32 843 44 77 www.hotel-le-vaisseau.ch

Le Bain des Dames Quai Louis-Perrier 1 Tél. +41 (0)32 721 26 55 www.bainsdesdames.ch

Le Buffet d’un Tram Av. François-Borel 3 2016 Cortaillod T. +41 (0)32 842 29 92 www.buffetduntram.ch

Brasserie le Jura Rue de la Treille 7 Tél. +41 (0)32 725 14 10 www.brasserielejura.ch

Le Poisson Epancheurs 1 2012 Auvernier Tél +41 (0)32 731 62 31 www.lepoisson-auvernier.ch

Le Cardinal Rue du Seyon 9 Tél. +41 (0)32 725 12 86 www.lecardinal-brasserie.ch La Gondola Rue de l’Ecluse 31 Tél. +41 (0)32 721 36 21 www.gondola.ch Thrace de Soie (Thai) Rue de l’Ecluse Tél. +41 (0)32 725 00 60 www.lethai.ch Restaurant des Halles / Au Premier / Black & White Rue du Trésor 4 Tel. +41 (0)32 724 31 41 www.maisondeshalles.ch La Taverne neuchâteloise Rue de l’Orangerie 5 Tél. +41 (0)32 725 27 01 www.lataverneuchateloise.ch Pinte de Pierre-à-Bot Rue Pierre-à-Bot 106 Tél. +41 (0)32 725 33 80 www.pintedepierreabot.ch/fr/

Hôtel DuPeyrou Avenue du Peyrou 1 Tél. +41 (0)32 725 11 83 www.dupeyrou.ch

Hôtel Beau-Rivage ***** Esplanade du Mont-Blanc 1 T. +41 (0)32 723 15 23 www.beau-rivage-hotel.ch

Le Bureau Rue de l’Orangerie 4 Tel. +41 (0)32 724 48 68 contact@resteaubureau.ch www.resteaubureau.ch

Hôtel Palafitte ***** Route des Gouttes-d’Or 2 T. +41 (0)32 723 02 02 www.palafitte.ch

Restaurant-Hôtel Alpes et Lac *** Pl. de la Gare 2 Tel. +41 (0)32 723 19 19 www.alpesetlac.ch Lake Side à l’Hôtel Beaulac **** Esplanade Léopold-Robert 2 Tel. +41 (0)32 723 11 64 www.beaulac.ch

Le Bambou Fbg du Lac 10 T. +41 (0)32 721 35 35 www.bambousushibar.ch Isaana (Thaï) Rue des Chavannes 25 T. +41 (0)32 710 19 19 Le Mö Rue Pierre-à-Mazel 53 T. +41 (0)32 724 61 33 www.le-mo.ch

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Junho

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Terras helvéticas

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Receitas Misturar o rum com as passas de uva Preparar as formas

assim como outras importantes

Taillaule neuchâteloise

A palavra taillaule vem do verbo tailler (fazer entalhes) na superfície deste bolo ligeiramente açucarado. Ingredientes: (para 2 taillaules de cerca de 1 kg usar 2 formas de 30 cm) 1 kg de farinha fina (farine fleur) 4 dl de leite morno 60 g de fermento 2 ovos 130 g de açúcar 150 g de manteiga cremosa 15 g de sal 2 g de raspa de casca de limão 200 g de passas de uvas 10 ml de rum 1 ovo batido para dourar a superfície Pré-preparação: Misturar o sal e a farinha Amolecer a manteiga

Filets de bondelle1 à la neuchâteloise: Tempo de preparação: 15 minutos

Onde posso encontrar a

Preparação: Diluir o fermento no leite Acrescentar o limão, os ovos e o açúcar Incorporar a farinha e o sal Amassar bem para obter uma massa lisa Incorporar a manteiga e continua a amassar, no mínimo, 10 minutos Acrescentar as passas de uva Cobrir a massa e deixá-la levedar entre 25 a 28ºC pelo menos 1h30 Dividir a massa em 2 partes iguais Dar-lhe a forma de baguette à massa e pô-la nas 2 formas Deixar levedar 30 min 25 a 28ºC Com uma tesoura fazer cortes oblíquos, à direita e à esquerda, espaçados de 2 cm Pincelar com o ovo batido Cozer entre 190 e 200ºC durante 30 a 40 min Ao tirar do forno pode pincelar-se com doce de alperce Eventualmente polvilhar com fio amêndoa torrada

Ingredientes: Para 5 pessoas: 800 g de filetes de corégone (peixe de lagos). 1 limão 10 g de manteiga 4 dl de rosé de Neuchâtel 2 gemas 1dl de nata fresca 2 colheres de sopa de cebolinho cortado

Soupe au vin blanc à la neuchâteloise

et ses flûtes au fromage et au cumin (Végétarien) Ingredientes (4 pessoas): Para as flûtes retorcidas: 100 g de farinha Um pouco de sal 60 g de manteiga em bocados 50 g de queijo Sbrinz ralado 70 g de requeijão à la crème 1 a 2 copos de água 1 gema de ovo 1 copo de cominhos Para a sopa: 3 dl de caldo de carne ou de legumes 3 dl de vinho branco 1 folha de louro 1 dente de alho 2 dl de nata para molhos a 50% Sal Pimenta Paprika 1 colheres de ervas aromáticas frescas (aneto ou salsa, por ex.) finamente picadas e a gosto.

Preparação: Flûtes: misturar a farinha com o sal, incorporar a manteiga e Sal Pimenta

Preparação: Tirar a pele dos filetes, passá-los por água, limpá-los, esfregá-los com meio limão por cada filete e temperá-los. Enrolar os filetes e pô-los com o vinho num prato barrado com

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mexer com a ponta dos dedos até se obter uma massa com grumos. Acrescentar o Sbrinz, o requeijão, a água, a gema do ovo e formar uma bola de massa. Envolver com uma película de filme e reservar 30 minutos no frigorífico. Estender a massa com 5 mm de espessura e cortar em palitos de 16 cm de comprimento e da largura de um dedo. Pincelar com a clara e salpicar com os cominhos. Virar uma ou duas vezes no sentido do comprimento e pôr numa placa revestida de papel vegetal. Cozer 15-20 minutos num forno pré-aquecido a 200ºC. Sopa: ferver o caldo e o vinho branco com a folha de louro e o cravo-de-cabecinha. Deixar repousar 20 minutos com a tampa. Retirar as especiarias da caçarola. Acrescentar com a nata e condimentar. Servir com as flutes.

manteiga. Cobrem-se com uma folha de papel vegetal também barrada com manteiga e vão ao forno durante 10 minutos. Retirar só os filetes para um prato. Deixar reduzir o fundo de cozedura de um terço, retirar do lume e acrescentar as gemas e

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a nata. Misturar bem e aquecer novamente sem deixar ferver. Acrescenta-se então o sumo de meio limão e o cebolinho picado. Se necessário temperar de sal e pôr sobre os filetes do peixe. (1) Nome dado ao corégone do lago de Neuchâtel.

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POSTAL DE LISBOA Joaquim Vieira Ensaista mailtovieira@gmail.com

Q

uem passeia hoje pela Baixa da capital portuguesa encontra agências imobiliárias anunciando em cartazes «Imóveis à venda» não só em português mas também em francês, inglês, castelhano e… chinês. Ao observador desprevenido pode parecer bizarro este exótico apelo comercial no idioma de Confúcio, mas a explicação é simples e tem o nome de visto gold (ou golden visa, que o inglês permanece a língua franca do cosmopolitismo). O visto dourado, uma autorização de residência no país carimbada no passaporte de um cidadão exterior à União Europeia, foi introduzido pelas autoridades portuguesas há pouco mais de um ano, e é concedido a todos os que investirem um mínimo de meio milhão de euros na economia nacional. Acontece que, dos cerca de 800 vistos gold concedidos por Portugal até hoje, quase 80 por cento foram para requerentes de nacionalidade

chinesa (seguindo-se, de muito longe, os russos com cerca de 3,5 por cento, os brasileiros com 2,7 por cento e os angolanos com 2 por cento). Os beneficiários investiram já perto de 500 milhões de euros em Portugal, não propriamente em atividades reprodutivas mas quase só na aquisição de vivendas ou apartamentos de luxo. As imobiliárias calculam que, este ano, venham a colocar no setor mais mil milhões de euros, verba oriunda sobretudo de contas chinesas. Não é pelos lindos olhos de Portugal que os novos ricos feitos pela globalização, desligados de um país de que a maioria nem sequer ouviu alguma vez falar, se interessam de súbito por este recanto ibérico. A vantagem é que um visto gold permite ao detentor a livre circulação pelos 26 países do Espaço Schengen, além de poder instalar a família no país e de, ao fim de cinco anos, beneficiar do estatuto de residente permanente e, com mais um ano, de lhe ser mesmo outorgada, a pedido, a nacionalidade portuguesa. Para tanto, basta ter permanecido em Portugal sete dias no primeiro ano e 15 nos dois seguintes. Em suma, trata-se de

uma entrada na «fortaleza Europa» pela porta do cavalo, não por laços de sangue ou de território, menos ainda por contribuição laboral, mas, tão só, por que se dispõe da verba para comprar essa entrada a peso de ouro. Sendo o mais recente, Portugal não foi o único membro de uma UE em crise, a carecer de dinheiro fresco, que adotou esta prática: a Espanha também fornece vistos gold pelo mesmo valor, enquanto Chipre os salda a 300 mil euros e a Grécia a 250 mil. Malta até tem para venda imediata a sua própria nacionalidade ou cidadania, e outros países estão a seguir a tendência, apesar de, em teoria, esta ser uma competência partilhada da União que Bruxelas devia monitorizar mas a que fecha os olhos. O que não deixa de ser um embaraço, como quando se descobriu, em março último, que um dos portadores chineses de visto gold português, suspeito de vários crimes de burla no seu país, foi detido em Portugal por solicitação da Interpol. Não chegarei a afirmar, como Balzac, que «atrás de toda a grande fortuna há um crime», mas até que ponto os vistos gold não permitirão o livre branqueamento de muitos ganhos milionários, demasiado fáceis, rápidos e suspeitos, que brotam como cogumelos em países de súbito mergulhados nas delícias de um capitalismo quase sem regulação?


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POSTAL DO PORTO CASA BRANCA DE GRAMIDO

Um testemunho da história de Portugal

U

m dos momentos mais interessantes do processo político português oitocentista foi a guerra civil denominada Patuleia, que se insere num tempo de grande agitação entre os diversos grupos liberais, sobretudo reagindo ao regime de repressão e violência liderado por Costa Cabral. Creio, no entanto, que este movimento se deve integrar, também, no tipo de agitações que se fizeram sentir em grande parte da Europa de então. O liberalismo que permitiu conquistas de enorme relevância manteve inaceitáveis descriminações, das quais o regime eleitoral censitário é exemplificativo. Os caminhos do progresso não podiam deter-se na construção da sociedade burguesa desejada e construída pelos grupos que lideraram a edificação de sistemas políticos que mantinham a segregação e limitavam a assunção da plena igualdade e cidadania. A repressão governamental enfrentou forte resistência sobretudo de estudantes da Universidade de Coimbra e de quadros políticos da oposição que se organizaram em juntas locais que não obedeciam ao poder central. Uma das mais importantes foi a Junta do Porto que, em 6 de outubro de 1846, conseguiu arrastar grande parte do

país para o confronto bélico com o poder instituído. A guerra civil arrastou-se por 8 longos meses e envolveu grande parte do território nacional. Os rebeldes obtiveram muitos êxitos e, inicialmente, quer a imprensa francesa quer a inglesa apoiaram a Junta do Porto. Os revoltosos tiveram mesmo alguns políticos ingleses entre os seus simpatizantes. Porém, a ação diplomática conduzida por várias figuras governamentais haveria de inverter os apoios internacionais à causa dos revoltosos. Costa Cabral, então embaixador em Madrid, atuou junto das potências da Quádrupla Aliança e D. Maria II diligenciou junto da Rainha Vitória. O relato das ocorrências foi sendo feito através de diversos suportes de divulgação entre os quais dois jornais clandestinos que tiveram ampla difusão, O Eco de Santarém e O Espectro. Este último, com ampla e misteriosa circulação no país, chegou mesmo a ser distribuído nos ministérios. Nos textos que foram publicados fica bem patente a animosidade para com a rainha e a sua atuação política. Após uma primeira tentativa de acordo visando acabar com a guerra civil, foi decidida, na reunião de 21 de maio de 1847 em Londres, a intervenção armada em Portugal liderada pelo coronel Wylde. A ingerência estrangeira desequilibrou as forças em confronto e ditou a derrota dos patuleias. O acordo final entre os beligerantes, Convenção de Gramido, que determina o fim da guerra civil da Patuleia, foi assinado na Casa Branca de Gramido. A escolha deste local esteve, certamente, ligada a pelo menos dois fato-

Foto: Joana Sousa

res que o tornavam elegível para a reunião final dos representantes das potências envolvidas no conflito: 1.º − O seu privilegiado posicionamento geográfico junto à margem do rio Douro. Gramido é um lugar da freguesia de Valbom, concelho de Gondomar, tangente ao Porto, de fácil acesso fluvial e terrestre. 2.º − Gramido era, também, uma boa e serena localização. Afastada do bulício da cidade era uma alternativa adequada pela sua simultânea proximidade com o núcleo dos confrontos bélicos, a cidade do Porto. Os acontecimentos ocorridos em 29 de junho de 1847 na Casa Branca marcaram na toponímia local. Calçada da Convenção de Gramido e Travessa da Convenção de Gramido são artérias atuais das imediações deste edifício na margem do rio. Durante anos a Casa Branca de Gramido esteve abandonada à deterioração profunda que ajudava ao esquecimento do seu papel histórico. Em1989 foi adquirida pela Câmara Municipal de Gondomar e classificada em 2002 como Imóvel de Interesse Público. A edilidade gondomarense procedeu à sua recuperação e atribuiu-lhe funções culturais. Gondomar ganhou um novo e belo espaço de ação cultural e proporcionou com esta dinamização a manutenção do testemunho vivo de um dos momentos históricos mais importantes do século XIX português.



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Portugueses de sucesso

José da Costa Rodrigues

É

josedacosta41@orange.fr

sempre difícil falar de nós próprios e dos nossos êxitos sem se cair na gabarolice. Ainda mais difícil é falar dos nossos reveses sem ressentimento. Vou tentar evitar ambos os escolhos. Nasci em 1941, na Maia, ilha de São Miguel, uma das ilhas adjacentes de Portugal Continental, hoje integrada na Região Autónoma dos Açores. A minha família tinha alguma instrução para aquela época – pai e mãe obtiveram a 4.ª classe. Lembre-se que, naqueles tempos, ir à escola era facultativo. Mesmo quando eu era criança só era obrigatório completar a 3.ª classe. Meu pai, embora nascido nos Estados Unidos era português, sacristão na igreja paroquial, interessava-se por literatura religiosa e lia música muito bem. Era também pescador para ajudar a sustentar a família. Minha mãe, nascida nos Açores, doméstica, era grande leitora de romances e entretinha-me falando-me das suas leituras. Após a 4.ª classe, decidi ir para o Seminário de Angra, na ilha Terceira, onde completei os cursos de Preparatórios, Filosofia e Teologia. O Seminário de Angra era, naquela altura, e segundo alguns, uma quase-universidade em muitos aspetos. Desde esses tempos de estudante a minha atração pela música nunca mais cessou. Formava pequenos grupos vocais que se exibiam nas sessões das academias e fui nomeado regente da Capela do Seminário. Terminado o curso de Teologia fui para Roma, onde frequentei o Instituto de Música Sacra durante quase dois anos. Aprofundei as disciplinas de solfejo, harmonia e contraponto, história da música, piano, canto, canto gregoriano e paleografia musical. Era um imenso prazer estar em contacto com os diferentes mestres e maestros que ali ensinavam. Concerto em Meyrin, 1997

O destino levou-me a deixar Roma para seguir para Paris, onde já tinha passado umas férias de verão. Inscrevi-me no Instituto de Musicologia, onde frequentei as aulas de um dos maiores musicólogos franceses, Jacques Chailley. A vida em Paris foi-me difícil, pois não tinha qualquer bolsa de estudos e tinha de pagar aluguer de quarto, alimentação, bem como todas as outras despesas da vida quotidiana. De tudo fiz, ou quase de tudo: lavar loiça, limpeza de escritórios, moço de recados, empacotador de livros para exportação, guarda de crianças, etc. Todos estes empregos me incitavam a estudar a fim de sair dessa situação precária. Como fazia parte de um coro de estudantes – La Faluche – o seu diretor, conhecendo a minha situação, conseguiu-me um lugar de professor de música numa escola secundária, a Ecole Massillon. Seguiu-se uma segunda escola, Sainte-Croix de Neuilly. Depois convidaram-me também para dirigir o coro de St. Jacques du HautPas, no V Arrondissement de Paris. Com este coro demos alguns concertos – peças da Renascença e conjunto de flautas de bisel. Quando o Estado Português reconheceu o diploma dos Seminários como equivalente ao antigo 7.º ano do liceu (hoje 11.º ano), não tive problemas em frequentar o novo curso de professorado de música na Universidade de Paris IV-Sorbonne. Entretanto conheci a minha futura esposa, uma suíça vinda do Canton de Thurgovie para Paris para se exercitar na língua francesa. Realizámos um casamento civil na belíssima sala da Mairie do VII Arrondissement de Paris e, depois, casamento religioso na Igreja Francesa de Zurique. Desta união tivemos dois filhos. Em 1978 a minha esposa quis regressar ao seu país. A separação


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Teachers Jazz Quartet.

dos meus amigos parisienses, da minha escola, do meu coro, foi uma nova prova, se bem que vir para Genebra não fosse totalmente um salto para terra desconhecida. Conhecia já alguns professores de música, aliás, alguns deles tinham sido meus colegas na Sorbonne. Foi relativamente fácil encontrar emprego no DIP (Département de l’Instruction Publique). Os meus diplomas eram reconhecidos. Em setembro de 1978 comecei a lecionar nos Collèges Rousseau e Sismondi e, um pouco mais tarde, ensinei história da música no Conservatoire Populaire de Musique. Quando o diretor do Collège Rousseau se dispôs a oferecer-me um lugar a tempo inteiro na sua instituição, não hesitei em concentrar-me num só lugar. Pouco a pouco, a ideia de formar um coro nesse colégio foi tomando corpo. O Collège Rousseau tinha tido outrora um coro famoso, mas tinha-se extinguido com a morte do seu fundador, Pierre Pernoud. A empresa começou com poucos alunos mas motivados, com quem apostei dar um concerto custasse o que custasse. Depois da quinzena de alunos iniciais, nos anos seguintes os efetivos passaram a 30, 60, 90 e mesmo a 120 alunos. O coro do colégio deu muitos concertos acompanhados por orquestras já formadas – Orchestres de la Madeleine, Orchestre de Chambre de Genève – mas também por orquestras cujos músicos eram contratados para o efeito. De memória, recordo do nosso reportório as Odes de Purcell; o Oratório de Handel, as missas de Haydn, de Mozart e de Schubert, bem como vários coros de óperas. No final do ano letivo - remise des maturités - exibíamos um reportório mais ligeiro constituído por extratos de comédias musicais, Gospels, Espirituais Negros, MisaCriolla, entre outros. Concerto com orquestra no Collège Rousseau, 2005

A nível federal, exerci durante muitos anos o múnus de tesoureiro da Société Suisse des Maîtres de Musique. Foi nessa função que organizei uma viagem de estudos a Portugal com professores suíços, em que visitámos muitas escolas de música e conservatórios de grande qualidade, de norte a sul do país. Também na minha escola assumi responsabilidades de caráter sindical. Fui eleito presidente da Association des Maîtres de Rousseau e representante desta associação a nível cantonal na Union du Corps Enseignant Secondaire Supérieur Genevois, mais comummente conhecida por l’Union. Aí, defendi o direito dos professores à greve, os direitos de alguns colegas em dificuldade com a administração escolar e todo o movimento de reivindicações da profissão no que respeita às categorias profissionais. Em 2006 aposentei-me e em 2007 obtive o Certificat avec mention de Chant-jazz, tendo como professora M.me Christine Schaller, do quadro da escola de jazz do Conservatoire Populaire de Musique. Em 2008, após uma formação pedagógica, comecei a dar aulas de francês, língua estrangeira, como voluntário na Université Ouvrière de Genève, onde me encontro presentemente. Também em 2008 fundei o Combo Teachers Jazz Quartets (TJQ), hoje Teachers Jazz Quintet, que de então para cá tem dado vários concertos. Nesse conjunto compete-me a parte do canto e tocar piano. Os outros instrumentos são dois saxofones, guitarra-baixo e bateria. Diz um provérbio árabe que uma vida com êxito consiste em três coisas: ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. No que respeita a esta última condição, registo que o meu trabalho de Maitrise na Sorbonne, intitulado Les répercussions humanistes sur le Plain-Chant, foi selecionado para ser publicado pelas edições A Coeur Joie, de Lyon, em 1976, depois de ter feito a sua defesa pública na qual obtive uma menção honrosa. Tendo começado a minha tese de doutoramento em musicologia com o Professor Jacques Chailley, vi-me constrangido a interrompê-la quando deixei Paris. A tese tem por título Le pentatonisme dans le chant grégorien e uma grande parte da pesquisa está mesmo terminada. É-me difícil, no entanto, entrever um final feliz para esse empreendimento, pois o Professor J. Chailley faleceu há vários anos. Aliás, completar essa tese seria apenas uma questão de prazer pessoal, já que do ponto de vista profissional ela não me traria nenhum benefício. Em música as obras inacabadas são inúmeras. As teses... também.


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Educação e ensino

COORDENAÇÃO DE ENSINO DE PORTUGUÊS NA SUÍÇA – 2013/14

Isabel Gregório Professora de Língua e Cultura Portuguesas isabelgregorio@gmail.com

Apresentação de Portugal em Porrentruy Realizou-se no dia 24 de março, na École des Métiers Techniques, em Porrentruy, uma apresentação com a duração de uma hora sobre Portugal. Abrangeu temáticas tão variadas como história, cultura, literatura, valores do povo português e locais de lazer e de interesse turístico de norte a sul do país, passando pelas regiões autónomas dos Açores e da Madeira. A apresentação foi realizada pela professora Isabel Gregório, contou com o apoio da Coordenação de Ensino de Português na Suíça e teve a presença de 25 alunos finalistas dos cursos profissionais de Tecnologias e de Relojoaria (entre os quais se encontrava uma aluna lusodescendente), assim como de alguns professores da escola. Com vista à realização de uma viagem de final de curso a Portugal, no dia 28 de abril, esta apresentação foi solicitada à Coordenação de Ensino por Marc Meier, professor de Cultura Geral da escola, com o propósito de consolidar e aumentar tanto o seu próprio conhecimento como o dos seus alunos acerca do nosso país. As razões pelas quais optaram por visitar Portugal prendem-se, segundo alguns alunos, com a curiosidade em visitar o país acerca do qual realizaram recentemente um trabalho de projeto; para outros as razões resultam do simples desejo de poderem regressar a um país que já tinham visitado anteriormente com a família e do qual tinham gostado; para uma percentagem mais pequena é apenas o desejo de ver o mar.

Lurdes Gonçalves Coordenadora de Ensino de Português epse@bluewin.ch

Especificidade do ensino de Português na Suíça O ensino atual exige cada vez mais que cada docente tenha a capacidade de ir ao encontro da especificidade de cada aluno. Na verdade, e como afirma Norman Whitney, «a diversidade é a norma, não a exceção». Nos cursos de Língua e Cultura Portuguesas esta diversidade assume características particulares, dado que a Língua Portuguesa poderá ter diferentes estatutos de acordo com a diversidade do contexto (língua materna, língua de herança, língua segunda ou língua estrangeira) e da heterogeneidade de perfis linguísticos e culturais dos alunos. Assim, é muito comum que cada grupo de alunos abranja níveis de competência linguística muito diversos, desde A1 a B1 ou de B1 a C1, por exemplo. Trabalhar nestas circunstâncias é o desafio quotidiano de todos os docentes de Ensino de Português no Estrangeiro. Se considerarmos o espaço da sala de aula como um palco, poderemos falar dos bastidores como todo o trabalho que cada docente produz para a preparação do que acontece em cada aula. Este trabalho de bastidores, ou seja, o trabalho de planificação pedagógica, exige que cada docente pense e programe as atividades de acordo com múltiplas formas de aceder ao conhecimento, de acordo com as diversas necessidades e capacidades dos alunos de cada grupo. Para tal, o professor terá de diagnosticar eficazmente o nível em que os alunos se

encontram para elevar ao máximo o nível de aprendizagem de cada um deles. Este é, sem dúvida, um trabalho que exige um conhecimento profissional específico e muito particular no contexto do EPE. O objetivo de cada docente é fazer que cada aluno, no final da aula, possa sair da sala sentindo que as suas capacidades foram desafiadas e que conseguiu ir um pouco mais longe na sua aprendizagem. Notas Informativas: − Realizou-se em Genebra (27 de março) e em Zurique (28 de março) a Jornada de Formação em «Gestão da Diversidade e Diferenciação na Sala de Aula», destinada aos docentes de EPE-Suíça. − As Olimpíadas da Língua Portuguesa decorreram em 26 de abril, integradas nas Comemorações do 40.º aniversário do 25 de Abril em Genebra. − Realiza-se em 17 de maio, na Embaixada de Portugal em Berna, a entrega dos prémios aos vencedores do concurso «Logótipo para a página web do Ensino de Português na Suíça», bem como a abertura oficial da referida página web (www.ensinoportugues.ch); Vencedores: 1.º prémio: Beatriz Pinto Guerreiro e Pedro Pinto Guerreiro 2.º prémio: Alexandre Miguel Teodoro Faneco 3.º prémio: Filipe Martins − Os resultados das provas de certificação, a realizar no dia 24 de maio, serão publicitados na página web da Coordenação de Ensino. − Quatro alunas dos Cursos de Língua e Cultura Portuguesas participam no Concurso Internacional de Leitura, promovido pelo Camões, I. P. La Chaux-de-Fonds, 1 de abril de 2014 Coordenação de Ensino de Português Weltpoststrasse 20, CH-3015 Berne Telef. 031 352 73 49 Fax 031 351 68 54 www.ensinoportugues.ch


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Educaçao e ensino

Cerimónia da entrega dos prémios

abordagem ao texto literário e ao texto não literário, com o objetivo de consolidar conhecimentos quanto à tipologia dos textos a construir e à motivação dos alunos para uma participação ativa, foram propostas atividades de escrita criativa à volta da temática origens, identidade, viver entre duas culturas. A data para a realização do encontro foi então agendada para 15 de fevereiro último, entre as nove e as dezasseis horas; os 51 concorrentes, num universo de 80, apresentaram-se nas instalações da biblioteca como fora programado e o dia foi dedicado à produção literária. As crianças e jovens deram asas à sua imaginação e exprimiram, em prosa ou em verso, as emoções que lhes iam na alma, exteriorizando o significado de viver e crescer entre duas culturas: «Eu nasci e vivo na Suíça. O meu coração bate em português», disse a Iris, 10 anos. Exprimiram quão importantes são para si as origens portuguesas: «A aterragem é sinónimo de que estou prestes a pisar o meu país de origem. Que saudades... o meu coração bate mais forte, como se a cantar o fado estivesse (...) Sabe tão bem pisar a calçada portuguesa e em cada virar de esquina ouvir o povo a falar a nossa língua de origem», disse a Erica, 13 anos. Falaram dos laços familiares: «Minha família querida, sei que estou longe de vós mas tenho-vos sempre no meu pensamento», disse a Daniela, 12 anos. Referiram as tradições, as cores, os cheiros: «Eu sou transmontano e alentejano, o que me impressiona em

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O bolo comemorativo do concurso literário

Trás-os-Montes são as tradições e as paisagens (...) o que me impressiona no Alentejo é a planície cheia de olivais, o monte do meu avô e as pessoas. O que eu gosto em Portugal é o cheiro do mar», disse o Daniel, 12 anos. Lembraram, em verso, os sabores de Portugal: «Chaves, és a terra mais linda do mundo / Em ti, penso em cada segundo. / Com o teu folar de carne tradicional, / tens a melhor cozinha de Portugal», escreveu o Leandro, 17 anos. Relataram as viagens: «Quando vou a Portugal não vou de férias como vou a outros sítios, não. Vou para casa!» disse a Cindy, 15 anos. Todas estas memórias afloraram num misto de saudade e de dupla referência identitária, motivadas pelo que os prende ao lugar onde vivem e o que os liga àquele de onde provêm «Não gosto só de Portugal / Também gosto muito da Suíça / sei que aqui posso crescer / estudar e desenvolver-me», compôs, em verso, a Mariana, 13 anos. A etapa seguinte foi a tarefa do Júri, constituído pela presidente da Biblioteca, Ana Maria Witzig, pelas docentes do curso de português, Sara Teixeira e Maria da Luz Silva, pelas convidadas, Manuela Miranda, educadora de infância e primeira professora de Língua Portuguesa de muitos dos participantes, e Catarina Silva, ex-aluna dos cursos de LCP em Frauenfeld. O júri reuniu-se na manhã do dia 1 de março para apreciar as produções e selecionar os premiados. A cerimónia de entrega dos prémios teve lugar na tarde do dia 8 de março e contou com a presença da Senho-

Entrega do prémio a um aluno

ra Coordenadora do Ensino Português na Suíça, Professora Doutora Lurdes Gonçalves. Num primeiro momento foi apresentado o vídeo mostrando os vários momentos do concurso literário e foi através dele que demos a conhecer os vencedores das quatro categorias: os 1.º, 2.º e 3.º prémios das categorias do 1.º, do 2.º e do 3.º ciclos, assim como da categoria do Ensino Secundário. Os prémios foram oferecidos pela Porto Editora, pela Livraria LusoLivro, de Zurique, e pela Bibliothek der Kulturen. Após a cerimónia houve lugar a um pequeno lanche organizado pelas docentes, que contou com a colaboração dos encarregados de educação, um momento de convívio salutar entre as famílias, os concorrentes premiados e os promotores. Acreditamos que este concurso ajudou a aprofundar o conhecimento que cada aluno tem de si, da sua história, da sua família e da sua terra natal. Numa análise preliminar dos textos produzidos, as representações dos alunos acerca das suas origens são a família, a aldeia, a região e os locais que visitam durante as suas curtas férias em Portugal, representações construídas pela vivência de momentos significativos nessas estadias em família e, naturalmente, pelos conhecimentos adquiridos ao longo dos anos de frequência do Curso de Língua e Cultura Portuguesas.


58 S.

Informações consulares

R.

CONSULADO-GERAL DE PORTUGAL EM GENEBRA

A presente informação tem como objetivo fazer uma lista das principais formalidades a cumprir na sequência do falecimento de um ente querido, de forma a facilitar a ação dos cidadãos cujo familiar falecido residia e trabalhava na área consular de Genebra - (Cantões de Genève, capital Genève; de Vaud, capital Lausanne e de Valais, capital Sion).

1.º − Reunir os documentos de registo civil, designadamente o relativo ao falecimento

Certidão do Assento de Óbito «Acte de décès» (*)

(*) Atenção: a simples «Communication de décès» não é suficiente. Se o óbito ocorrer em Portugal, para se evitar despesas com a tradução, e atendendo a que a Suíça pertence à lista de países aderentes à Convenção Internacional da Haia (Convenção n.º 16 da CIEC), é conveniente pedir-se uma certidão em modelo internacional multilingue, emitida segundo as regras daquela Convenção.

2.º − Obter o documento de Habilitação de Herdeiros («Certificat d´héritiers»), bem como os justificativos da sucessão legítima dos mesmos

FORMALIDADES APÓS O ÓBITO (Procedimentos jurídicos e administrativos na área consular de Genebra) (cantões de Genève, Valais e Vaud)

Atenção: a) Se este documento for obtido em Portugal, torna-se necessária a sua tradução para francês; b) Consoante a formalidade a tratar e as administrações/entidades/instituições suíças envolvidas, mesmo que o óbito tenha ocorrido noutro país, se porventura a residência oficial e o domicílio habitual do falecido eram no respetivo cantão, alguns deles (p. ex., o cantão de Vaud) só aceitam a habilitação de herdeiros − «Certificat d´héritiers» − também conhecido sob a designação de : «Acte de notoriété» ou «Attestation ou Certificat d’hérédité», emitidos pela autoridade competente suíça: Notário, em Genebra; «Juge de Paix» (Julgado de Paz), no cantão de Vaud e «Juge de Commune», no cantão do Valais.

3.º − Informar-se sobre a situação financeira do falecido (ativo e passivo*) (*) Atenção: É importante conhecer a situação financeira exata do falecido pois: • A herança pode ser aceite pura e simplesmente ou a benefício de inventário; ou • A herança pode ser repudiada se os herdeiros não pretendem assumir as despesas do/a falecido/a («de cujus»).

Convém pois contatar, por exemplo: Relativamente ao ativo:

• A(s) instituição(ões) bancária(s) e/ ou de crédito, bem como a/as

eventual/ais companhia(s) de seguro de vida:

a) Se for conhecido o nome do banco: Os interessados deverão dirigir-se diretamente ao banco em questão; ou b) Se não for conhecido o nome do banco: Os interessados deverão dirigir-se ao mediador bancário («Ombudsman»), cuja sede está em Zurique). • Sendo caso disso, a Conservatória Cantonal do Registo Predial.

Relativamente ao passivo:

• As câmaras cantonais de penhoras e falências («Offices des poursuites et des faillites»), a fim de verificar

se existe alguma ação de penhora por dívidas ou alguma ação de falência;

• As autoridades federais e cantonais dos impostos; • O Serviço das Prestações Complementares SPC (ex-OCPA) para se verificar se o «de cujus» recebeu ajudas financeiras do Serviço de Ajuda Social submetidas à condição de reembolso;


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Informações consulares

Eventuais mandatários do/a falecido/a (p. ex., advogado, contabilista, etc.)

4.º − Fazer a Declaração da Relação de Bens 5.º − Outros organismos/ entidades a avisar • A entidade patronal (eventualmente o/s sócio/s, se o «de cujus» exercia uma atividade independente sob o regime de sociedade); • As Caixas de Reforma («Caisse de compensation AVS» – regime geral de base estatal e «Caisse de pension LPP/2ème pilier» – regime complementar de previdência profissional); • O senhorio (agência imobiliária («régie») ou proprietário) do alojamento;

• As companhias de seguros; Outras entidades detentoras de contratos (Assinaturas de telefone, rádio, televisão, internet, jornais, transportes - passes, etc.); • Os bancos e serviços de contas e cheques-postais; • O Serviço de Automóveis (Direção de Viação); • O Departamento Cantonal da População (Serviços de Polícia de Estrangeiros). ••• Os elementos acima referidos não constituem, de forma alguma, uma lista exaustiva de tudo o que é necessário cumprir na sequência de um óbito. Os interessados deverão, pois, contactar os organismos/entidades mais adequados/as ao caso concreto para

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obterem também uma resposta mais precisa. Os inscritos no Consulado-Geral de Portugal em Genebra ou no Escritório consular de Sion (posto dependente de Genebra) poderão, mediante a simples indicação do seu número de inscrição consular, obter a Nota Informativa mais extensa, a qual contém outros elementos de informação como os nomes, endereços e demais contactos das entidades, as condições e prazos a respeitar, etc. CONSULADO-GERAL DE PORTUGAL EM GENEBRA Maio de 2014 Porfírio Pinheiro


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Especial Suíça

Que acontecerá depois do referendo na Suíça? Adelino Sá a_sa@gazetalusofona.ch

N

a Suíça bastam 100 mil assinaturas para se convocar um referendo. E neste sistema de democracia direta já foram tomadas iniciativas sobre diversos assuntos, já assistimos a referendos sobre o salário mínimo nacional, as contribuições para a AVS/AHV, se os negócios se devem manter fechados ao domingo, etc., etc. E até sobre alguns mais bizarros. Já houve 11 referendos a nível nacional. No referendo no passado dia 9 de fevereiro foram a votos três perguntas novas: sobre o financiamento da expansão da rede ferroviária; sobre o aborto (para se saber se deve ser o seguro de saúde a assumir as despesas ou a própria mulher); e, a mais mediática de todas, sobre o controlo da emigração (iniciativa popular «Contra a Imigração de Massas». Isto é, a introdução de um contingente para a entrada de novos estrangeiros. A iniciativa coube ao Partido do Povo Suíço (UDC − União Democrática do Centro ou SVP − Schweizerische Volkspartei) e do seu presidente, Toni Brunner, que, quer um, quer outro, nunca esconderam ser contra o elevado número de estrangeiros que vivem na Suíça. Acusam, injustamente, os estrangeiros de serem os causadores de muitos problemas sociais

que o país enfrenta. Foram os mesmos que, em 2010, propuseram um referendo para a expulsão de estrangeiros que tivessem cometido qualquer infração grave, e que, no ano anterior, fizeram o povo helvético manifestar-se contra a construção de minaretes (as torres das mesquitas islâmicas) na Suíça. Não se coíbem de manifestar desdém pela União Europeia e os seus argumentos têm convencido uma grande parte da população. O partido de Christoph Blocher está a ganhar cada vez mais força, tocando sempre em pontos sensíveis para os suíços: a criminalidade; o aumento do consumo das drogas; os dinheiros públicos; os apoios sociais; a taxa de desemprego e a lotação das cadeias (com um elevado número de estrangeiros). O «sim» da Suíça também foi uma afronta ao projeto europeu, que não está a viver os melhores dias, dado que a Europa se debate com problemas económico-financeiros, tem uma elevada taxa de desemprego e vários outros problemas sociais para resolver. Em referendo, como sempre acontece neste país para a tomada de grandes decisões, os suíços recusaram duas vezes a adesão à União Europeia. Mas em 2002 estabeleceram com a União uma série de compromissos para a livre circulação de pessoas, tendo como contrapartida o acesso ao mercado único. Foram sete os acordos assinados. Ou seja, a Suíça cedeu algumas contrapartidas para defender os seus interesses económicos, sendo muitos os que estão em jogo.

Este ataque aos estrangeiros de certeza que não teve em conta as receitas fiscais obtidas com os imigrantes, nem os elevados custos administrativos que lhes cobram por tudo e por nada, sejam de caráter social sejam nas infraestruturas, o que é sobejamente vantajoso para os cofres da confederação, cerca de 6,5 mil milhões de francos. A iniciativa contra a entrada de estrangeiros acabou por ser aprovada com o apoio de 50,3% dos eleitores suíços, apesar de a Confederação, se assim o entender, ter sempre a última palavra a dizer. Segundo o ministro dos negócios estrangeiros helvético, Burkhalter, «o acordo com a União Europeia sobre a livre circulação de pessoas pode estar em causa». Os suíços são por vezes um povo dúbio, apesar de serem tolerantes nunca perdem a oportunidade para conseguir o que vá ao encontro das suas pretensões. Antes do dia 9 de fevereiro assistiu-se a uma guerra de sondagens, em que o «não» parecia que iria prevalecer. Mas assim não aconteceu. A taxa de participação chegou aos 56,6% e o sim venceu com 50,3% dos votos. Os suíços votaram contra todas as iniciativas, quer dos outros partidos, quer dos sindicatos, e até do próprio governo. Que caminho irá tomar a Suíça em relação aos estrangeiros cuja presença neste país atingiu números nunca antes vistos? Eis três perguntas e três respostas.


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Especial Suíça

O que mudará para os cidadãos da UE após o 9 de fevereiro? − Do ponto de vista legal, e num primeiro momento, a situação permanece como dantes. O que quer dizer que, para os cidadãos da UE, a livre circulação plena e completa de pessoas permanece. Para a Bulgária e Roménia as cotas estão previstas até 2016. A base legal é o acordo sobre a livre circulação de pessoas.

Quem é titular de uma autorização L e perde o trabalho deve abandonar a Suíça? − Não. Os titulares de uma autorização L podem receber benefícios/prestações de desemprego desde que preencham as condições necessárias. Têm de ter estado segurados, no mínimo, há 12 meses na Suíça nos últimos 2 anos, ou terem estado segurados durante 12 meses na Suíça ou num Estado da UE / EFTA no mesmo período.

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E se for titular de uma autorização C? − A autorização C é ilimitada, não podendo, por isso, ser submetida a nenhuma restrição. Após uma estadia de 5 anos regular e ininterrupta na Suíça, ao trabalhador belga, alemão, dinamarquês, francês, liechtensteiniano, grego, italiano, holandês, austríaco, português, espanhol, finlandês, britânico, irlandês, islandês, luxemburguês, norueguês ou sueco é dada uma autorização de residência com base num acordo mútuo com o seu país de origem. Esta autorização é válida por tempo ilimitado, mas é dado um período de 5 anos de controlo. O acordo sobre a livre circulação de pessoas não se aplica à definição de permissões. Para outros países da UE não existe um acordo de reciprocidade, razão pela qual a licença é concedida, em princípio, após uma estadia de 10 anos. Adelino Sá Fonte: UNIA


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A ciência no dia-a-dia

29 de Fevereiro Conhece a razão por que este dia só existe de quatro em quatro anos?

Manuel Henrique Figueira manuelhenrique@netvisao.pt

S

abe qual é a razão por que o dia 29 de Fevereiro só existe nos anos bissextos? Naqueles em que há 366 dias em vez dos habituais 365? Isto é, de quatro em quatro anos, quando quem nasceu neste dia pode festejar o seu aniversário? Mas se nasceu num qualquer dia 29 de Fevereiro há-de reparar que as coisas não são assim tão simples. Afinal, há períodos em que só se pode festejar o aniversário de oito em oito anos. Os anos divisíveis por 100, apesar de

Primitivo calendário romano

serem também divisíveis por quatro, devendo, por isso, ser bissextos, costumam ser uma excepção à regra de haver mais um dia de quatro em quatro anos: foi o que aconteceu em 1900, que só teve 365 dias. Mas os leitores que fizeram anos no dia 29 de Fevereiro do ano 2000 devem estar admirados com esta minha afirmação, pois apagaram as velas do bolo de aniversário. Isto porque o ano 2000 foi uma excepção à excepção à regra. Como é divisível por 400 foi um ano bissexto, tal como foi o ano 1600 e tal como será o ano 2400. É legítimo e compreensível que cada um se interrogue qual a razão por que se criaram regras tão complicadas e se elas fazem mesmo falta. O calendário pelo qual nos regemos foi promulgado pelo Papa Gregório XIII, no ano 1582, e é hoje seguido em quase todos os países do mundo. É o resultado de um

longo processo de observação e estudo para se compreender primeiro os ciclos básicos dos astros e para se elaborar depois um calendário que tenha correspondência com as estações do ano. Inicialmente, para os homens do Neolítico, dependentes da agricultura e dos produtos que dela obtinham para a sua subsistência, a medida do tempo mais imediata, mais geral e a primeira a ser utilizada foi o ciclo do dia solar, base para o ciclo básico de qualquer calendário. Outro ciclo básico igualmente muito importante para as primeiras sociedades humanas foi o ciclo da Lua. Por fim, o terceiro ciclo básico que interfere nas nossas vidas é o ano solar, o ciclo que determina as estações do ano. Estes três ciclos não são múltiplos uns dos outros: um ciclo de fases da Lua não tem um número inteiro de


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A ciência no dia-a-dia dias; um ano não tem um número inteiro de ciclos da Lua; um ano solar não tem um número inteiro de dias. É por isso impossível haver um calendário que seja ao mesmo tempo simples e perfeito, sempre com o mesmo número de dias num mês, que tenha os meses alinhados com a Lua e que tenha sempre o mesmo número de dias num ano. Os calendários baseiam-se sempre num dos ciclos em desfavor dos outros. Quando os primeiros calendários foram elaborados basearam-se nos ciclos lunares, sendo cada mês iniciado por uma lua nova. Para as comunidades rurais que organizam as suas vidas pelos ciclos sazonais estes calendários não eram suficientemente satisfatórios. Por isso os calendários das grandes civilizações antigas se socorreram do ciclo das estações para complementar o ciclo da Lua. Contudo, como o ano não têm um número inteiro de meses lunares, as coisas complicaram-se. Nalguns calendários, como o judeu, o ano passou a ter um número de meses variável (12 ou 13), alterando-se o número de dias, que umas vezes era 353 e outras era 385 dias. O egípcios criaram um calendário solar no qual o ano tinha 365 dias e que tanto o começo como o fim nada tinham a ver com as fases da Lua. Como o ano deixava de fora seis horas, a longevidade da civilização egípcia

criou um problema: ao fim de algumas dezenas de anos: as cheias do Nilo ficavam desfasadas do calendário oficial. Passados 1460 anos o calendário dava uma volta completa. Os egípcios, através dos seus sábios astrónomos de Alexandria, resolveram o problema acrescentando um dia ao ano de quatro em quatro anos. É o nosso ano bissexto. Entretanto a civilização egípcia decaiu e os romanos ocuparam aquele espaço. Quando, nos anos da década de 40 a.C., o imperador Júlio César regressou das campanhas do Egipto, para além de se ter deixado impressionar pela beleza de Cleópatra (de quem teve um filho, o futuro Ptolomeu XV e último faraó do Egipto, de seu nome Cesarion ou Cesarião, isto é, pequeno César: 47 a.C.-30 a.C.), deixou-se também impressionar pelos conhecimentos dos sábios de Alexandria. Chamou então o astrónomo alexandrino Sosígenes para pôr em ordem o calendário romano, que naquele tempo era um caos. Foi então criado o calendário juliano, em honra a Júlio César, seu fundador, que refundou os meses do ano, estabeleceu o ano 45 a.C. como o primeiro do novo calendário e instituiu os anos de 365 dias com mais um dia de 4 em 4 anos. Esse dia extra era acrescentado no mês de Februarius, entre 23 e 24, passando a chamar-se bissextus dies ante calendas Martii (sexto dia

Meses do Calendário Juliano Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Nome Januarius Februarius Martius Aprilis Maius Junius Julius Sextilis September October November December

Características 29 dias, dedicado a Janus 28 ou 29 dias, dedicado a Februs 31 dias, dedicado a marte 30 dias, dedicado a Apolo 31 dias, dedicado a Júpiter 30 dias, dedicado a Juno 31 dias 30 dias 31 dias 30 dias 31 dias 30 dias

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duplo antes do primeiro dia de Março), originando que se passasse a chamar bissexto ao ano que tinha esse dia. Com a cristianização do Imperio Romano a Igreja Católica adoptou o calendário juliano, que se manteve como calendário oficial da Cristandade até ao final do século XVI. Sofreu apenas uma alteração significativa, por proposta do monge Dionísio, O Exíguo, passando a contar-se como ano número um a data que se supunha ser do nascimento de Cristo. O nosso rei D. João I, O de Boa Memória, adoptou este calendário em 1422. Mas nesta altura já era evidente que os 11 minutos de desfasamento entre o ano juliano e o ano solar, acumulados ao longo de séculos, somavam dez dias de atraso, o que desfasava o calendário das estações do ano, pelo que o equinócio da Primavera, fixado no dia 21 de Março, acontecia no dia 11 desse mês. Após várias tentativas o Papa Gregório XIII decidiu reformar o calendário juliano, aceitando uma proposta do astrónomo Aluise Lilio (1510-1576), que foi corroborada pelo cosmógrafo jesuíta Cristóvão Clavius (1537-1612), tendo-lhe sido suprimidos dez dias de maneira que houvesse correspondência entre o equinócio da Primavera e o dia 21 de Março. Este novo calendário adaptado, que se passou a chamar gregoriano, foi adoptado em 1582 por Portugal, Espanha, Itália, Polónia e, posteriormente, por todos os países ocidentais. Para que no futuro este desfasamento não se viesse a repetir, foram anulados alguns anos bissextos, isto é, todos os anos múltiplos de 100 com excepção dos divisíveis por quatrocentos, que constituem, como vimos anteriormente, uma excepção à excepção. Mesmo assim o nosso calendário ainda sofrerá um desfasamento contínuo, mas muito pequeno, pelo que só estará desfasado um dia em relação ao ano solar em 4909. Até lá, quem nasceu a 29 de Fevereiro poderá ir festejando os aniversários como foi sendo explicado, e nesse longínquo ano de 4909 logo se verá qual a solução que será encontrada para se acertar o calendário mais uma vez.



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Saúde e bem-estar primeira vez ajuda médica. Embora a causa não seja inteiramente conhecida, é possível que a doença de Parkinson esteja ligada a alguns fatores de risco: • Ao uso exagerado e contínuo de medicamentos: Um exemplo de substância que pode causar parkinsonismo é a cinarizina, usada frequentemente para aliviar as tonturas e melhorar a memória, a qual pode bloquear o recetor que permite a eficácia da dopamina. • A traumas cranianos repetidos: Os lutadores de boxe, por exemplo, podem desenvolver a doença devido aos embates que recebem constantemente na cabeça. Isso pode afetar o bom funcionamento cerebral. • A isquemia cerebral: Quando a artéria que leva o sangue à região do cérebro que é responsável pela produção de dopamina se entope as células param de funcionar. • A frequência de ambientes tóxicos:

A exposição a ambientes como os das indústrias de manganês (de produção de baterias, por exemplo), de derivados de petróleo e de inseticidas. No entanto. considera-se uma doença de origem idiopática, ou seja, sem causa específica de aparecimento, sendo por isso difícil fazer a sua profilaxia. Existem, porém, alguns estudos que indicam que o uso de antioxidantes, como, por exemplo, as vitaminas C e E, ajuda a prevenir a oxidação e a degeneração dos neurónios. Atualmente não há cura conhecida para a doença. As terapias existentes

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apenas combatem os sintomas e retardam a evolução do quadro clínico e são as seguintes: • Medicamentos: para suprimir parcialmente a perda do neurotransmissor dopamina. • Fisioterapia: conserva a atividade muscular e a flexibilidade das articulações. • Terapia ocupacional: facilita as atividades da vida diária, como agarrar objetos, andar e sentar-se. • Terapia da fala: ajuda a conservar uma fala compreensível e bem articulada. • Cirurgia: o tratamento cirúrgico produz resultados em cerca de 20% das pessoas que não apresentam melhorias com os medicamentos. A cirurgia mais moderna é a estimulação profunda do cérebro, por meio do implante de dois marcopassos. Os electrodos são implantados na região do tálamo e ajudam a melhorar os sintomas como os tremores e as dificuldades de locomoção.



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Crónica do Luvas Pretas

aposta em cheio. Das 4 conquistas possíveis o Benfica ganhou 3, falhando por pouco a Liga Europa, devido à arbitragem pouco isenta e às 6 baixas de peso – Sílvio, Fejsa e Sulejmani por lesão, Sálvio, Enzo Perez e Markovic por castigo. No entanto, foi campeão de Portugal, o principal galardão fu-

tebolístico de qualquer país, prova de regularidade competitiva ao longo de 9 meses, simbolo de um ano de trabalho persistente para alcançar tão cobiçado objetivo. A grande aposta foi, portanto, a da continuidade, do conhecimento dos técnicos acerca dos jogadores e do seu

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trabalho de quatro épocas. Correu-se, no entanto, o grande risco de se desmoronar a relação que tem de haver entre as hierarquias em qualquer empresa ou instituição. Apesar de a época ter começado mal para o Benfica, terá havido um grande trabalho na rectaguarda para que tudo começasse a ser ultrapassado, o que leva a crer que haja forçosamente quem esteja no anonimato e que terá sido muito importante para o resultado final. Deixo os parabéns a toda a família benfiquista, principalmente a todos os profissionais do clube e ao seu presidente que correu riscos extremos. Há algo que me parece ser o mais importante de tudo: os alicerces que foram criados para que o Benfica volte a ter a hegemonia que teve há alguns anos atrás. Parabéns, Benfica, e mais uma vez vem ao de cima o slogan tão real como verdadeiro: «De besta se passa a (quase) bestial».


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À descoberta do mundo

O MAIOR ESPECTÁCULO do

mundo

Gonçalo Cadilhe Jornalista de viagens gcadilhe@yahoo.com

H

oje há circo, descubro quando o autocarro entra na periferia de San Francisco Gotero, por sua vez, periferia de El Salvador; e

Uma pequena aldeia no «profundo» El Salvador acolhe o Royal Star e oferece-lhe a maior ovação do mundo. grito para o condutor a expressão habitual de quem chegou ao seu destino: − Aquí, no más! O condutor espanta-se. O gringo chegou ao seu destino? Um descampado num dos bairros mais pobres de um dos países mais pobres do mundo? Este gringo viaja leve e sem datas, qualquer descampado lhe serve de destino desde que aí esteja para acontecer «o maior espectáculo do mundo». Apresento-me às duas Teresas, mãe e filha, as donas do Royal Star: um português, jornalista de viagens, que gostaria de tirar algumas fotografias e escrever uma reportagem. Não põem nenhum problema e convidam-me a ficar os dias que eu quiser. Com

um sorriso triste apontam um par de roulottes velhas: − Mi casa es su casa. Não é apenas uma frase feita, o Royal Star é, de facto, a casa delas, e todos os membros da companhia são parentes directos: filhos da mãe e da filha e respectivos genros, noras, primos, sobrinhos. A vida começa cedo em El Salvador e a maternidade também. A Teresa, filha, tem a minha idade: eu ainda não sou pai, ela já é avó. Normal para ambas as situações: a minha, na Europa; a dela, na América Latina. Trabalham 20 pessoas no Royal Star. O apresentador vende também bilhetes antes do espectáculo e rebuçados pela plateia durante o intervalo. A trapezista é também bailarina e


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À descoberta do mundo

Palhaços e, no fundo, à direita, o elefante da companhia

femme fatale de um dos palhaços. Que também é o operador da roldana que eleva a trapezista e lançador de aros para a dançarina de hula-hop. Que, por sua vez, vende pipocas e nuvens de açúcar à entrada. Os tempos estão difíceis. Há muitas companhias com a dimensão do Royal Star a percorrer o país: na ASEC, a Associação de Empresas Circenses de El Salvador, estão registadas mais de 40. Cada uma tenta encontrar um território vazio mas a concorrência não dá descanso. Ainda por cima estamos na época das chuvas, seis meses em que, dia sim, dia sim, as nuvens se irão acumulando ao longo da manhã para romper em violentos aguaceiros ao fim da tarde, encerrando os públicos em casa. Hoje temos um dilúvio regional. «Não aparece ninguém», desabafa a Teresa, filha, amargurada. Esperamos aninhados na roulotte da Teresa, mãe. As paredes estão cobertas de fotografias de cantores sorridentes, paisagens suíças, santos católicos, flores de plástico. Um kitsch de uma tristeza impressionante. Na pequena têvê passa um filme mexicano a preto e branco; ou será que é a têvê que é a preto e branco? No filme passa uma das canções mais desconsoladas da minha vida. Penso que não há nada mais triste do que ver a chuva cair neste descampado através da porta desta roulotte. Na realidade, a roulotte é a própria razão de ser destes artistas: um sím-

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O palhaço e a «femme fatale»

bolo de movimento e espaços abertos. A Teresa, mãe, confirma: «Nunca poderia viver sempre no mesmo sítio». Já nasceu num circo. A mãe da Teresa, mãe, fugiu com um circo, uma das suas noras também: com este. «Todos os meus filhos e netos nasceram em localidades diferentes», acrescenta com orgulho. Depois reflecte: «Temos um cemitério para nós, mantido pela ASEC. Vimos à Terra em todo o lado, mas voltamos a ela num único sítio», conclui com um sorriso triste. A chuva abranda mas a pista está um lago. Trabalha-se na mesma. Desde que haja um espectador há espectáculo: «Por vezes as receitas ficam-se pelos 30 dólares*, outras vezes pelos

20. É pouco, uma refeição para toda a companhia custa pelo menos 40 dólares», explica a Teresa, mãe. «Uma vez fizemos o espectáculo por 12 dólares». A tenda tem capacidade para 800 espectadores mas nunca os alcançaram. «O máximo foi 200 lugares», recordam. Numa aldeia que nunca tinha visto um circo. «As crianças choravam de medo com os palhaços». O preço do bilhete para o Royal Star é um dólar. «Dessa vez vendemo-los a 50 cêntimos». A chuva parou, aparecem os espectadores. Compram pipocas, nuvens de açúcar, admiram o leão e o elefante do circo: duas caricaturas em cartão à entrada. Começa o maior espectáculo do mundo: uma mulher que faz espargata, outra que dança hula-hop sem deixar cair os aros, outra, ou é a mesma, que sobe suspensa num círculo até tocar a lua, homens com o nariz colorido e outros, ou são os mesmos, que imitam os trejeitos das mulheres. Os aplausos explodem no Royal Star: para o maior espectáculo do mundo nada menos do que o público mais entusiasta do mundo. Todos estão felizes, esta noite. Aliás, quase todos: um espectador esboça apenas um leve sorriso que esconde uma tristeza infinita enquanto vai tirando fotografias e tomando notas num bloco molhado de tanta chuva. *A moeda em El Salvador é o dólar americano. Preparando o palco do maior espectáculo do mundo


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Aníbal Maltez Consultor imobiliário e financeiro anibal.maltez@gmail.com

Sf e Sociedade e economia

Saudade, esperança e futuro

Caro leitor, Inicia-se, com estas letras, uma colaboração que muito me honra neste espaço da Lusitânia Contact dedicado a temas da sociedade e da economia. E como de um espaço de lusofonia se trata, falar-se-á então de Portugal nestas linhas. Falar-se-á em português, para portugueses, mas, acima de tudo, falar-se-á de Portugal para todos aqueles que, portugueses ou não, amam este país e, quem sabe, também para todos aqueles que o poderão vir a amar.

Se tivesse de escolher duas palavras para descrever o sentir português, escolheria, em primeiro lugar, a saudade. Saudade é uma palavra que é só nossa... apropriadamente nossa! Diz-se que a origem do termo decorre da tradição marítima portuguesa, definindo o estado de alma e a solidão dos portugueses partidos para terras estranhas, a melancolia e a mágoa pela ausência dos seus entes queridos e pela distância da sua terra amada, mas também o estado de alma dos que ficaram aguardando o retorno daqueles que partiram.

Mas se a génese da palavra saudade decorre dos Descobrimentos e da colonização do império, do Brasil a África, da Índia a Macau, a verdade é que a nossa tradição emigrante não se ficou por aqui e, do final do século XIX e primeira metade do século XX, especialmente para o Brasil (onde a maioria da população descende de portugueses) e outras regiões da América, e a partir de 1960 para a Europa Ocidental, assistimos a vagas de emigração significativas. Assim, chegamos hoje a números absolutamente extraordinários: a po-


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Sociedade e economia pulação portuguesa residente em Portugal ronda os 10 milhões; 5 milhões de portugueses são emigrantes, a maioria dos quais, cerca de 3 milhões, no continente americano e cerca de 1,5 milhões na Europa. Uma nota curiosa adicional: no Brasil apenas, 5 milhões de netos de emigrantes podem pedir nacionalidade portuguesa. Obviamente, Portugal é saudade... Mas Portugal é também esperança... e antes de mais, até da Saudade, Portugal é Esperança. Foi a Esperança que levou os nossos antepassados à descoberta do mundo! Poucos e pequeninos, aqui no cantinho mais ocidental da Europa, mas com um coração, uma alma e uma coragem do tamanho do mundo. Coração, alma e coragem do tamanho do mundo que descobrimos na esperança de um futuro melhor. Hoje, como antes, partimos à conquista do futuro e estamos em todo o mundo. Hoje, como antes, vivemos um período especialmente difícil. Muitos

partem, muitos ficam, mas todos juntos estamos a conseguir e conseguiremos ultrapassá-lo. Não deixa de ser curioso, mas a nossa própria História nos revela isso mesmo: a nossa maior dificuldade nunca foi e nunca será superar as adversidades que se nos deparam pela frente, por mais titânicas que possam parecer e sê-lo de facto! A nossa maior dificuldade, estranhamente, foi sempre lidar com a facilidade nos períodos de normalidade! Ao fim de 3 anos de especial dificuldade, o final de 2013 confirmou as primeiras boas notícias dos últimos anos. Portugal superou todas as expectativas e a economia portuguesa teve, dadas as circunstâncias, um desempenho notável. Na crise, as famílias portuguesas atingiram níveis de poupança extraordinários. Na crise, as empresas portuguesas tiveram um desempenho absolutamente fantástico, inovando, modernizando, lutando e exportando como nunca e conquistando novos mercados.

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Hoje respira-se outra confiança. Os investidores voltaram a procurar oportunidades de negócio, sabendo que este é o momento certo. As famílias e as empresas demonstram níveis de confiança na economia apenas equiparáveis aos níveis de há uma década. É certo que a tormenta não acabou. E se há coisa do passado recente que eu espero que perdure é a sua memória e a noção clara do quão perto estivemos do abismo, por responsabilidade própria, e também por não termos percebido os desafios decorrentes do novo contexto da globalização e do alargamento aos países de Leste do espaço da União Europeia a que pertencemos desde 1986, desafios que exigiam que os tivéssemos sabido antecipar e enfrentar. Que aprendamos de uma vez por todas com os nossos erros, que percebamos o mundo onde vivemos, e que, definitivamente, nos afirmemos no rumo do futuro. Eu acredito.


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Sociedade e economia

36 Dinheiro&direitos 121 janeiro/fevereiro 2014

rendas

Lei | Transmissão | Direitos

O fim das A lei do arrendamento limita, nos contratos antigos, a transmissão a descendentes e reduz a possibilidade de transmissão por morte, que passa a ocorrer só uma vez

V

iver com os pais numa habitação arrendada deixou de ser garantia de herdar um contrato de arrendamento para a vida. As alterações à lei do arrendamento urbano, publicadas em 2012, vieram trazer mudanças às regras da transmissão por morte. Dependendo de se tratar de um contrato antigo ou recente, com a nova redação da lei, ficam mais protegidas as uniões de facto e o regime de economia comum. Mas ficam desacauteladas situações em que, por exemplo, um filho tenha permanecido na residência para cuidar de um dos pais. Como o dia 28 de junho de 2006, que marca a entrada em vigor do Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU), funciona como momento de charneira, há que ter em atenção a data de assinatura do contrato. A passagem do Regime de Arrendamento Urbano (RAU), de 1990, para o NRAU, de 2006, começou a limitar as possibilidades de transmissão de arrendamento, mas as alterações à lei introduzidas em 2012 trouxeram novas restrições. Uma delas, passa pelo fim do direito de transmissão do contrato se, à data da morte do arrendatário, o titular desse direito tiver outra habitação, própria ou arrendada, no mesmo concelho ou, nos

quem “herda” o arrendamento? As regrAs de trAnsmissão mudAm consoAnte A dAtA do contrAto

1.º

Cônjuge com residência no imóvel

2.º

Pessoa em união de facto há mais de dois anos com residência no imóvel há mais de um ano

3.º

Ascendente em primeiro grau que vivesse com o arrendatário falecido há mais de um ano

Antes 2006 (28 de junho)


Junho

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Sociedade e economia

Dinheiro&direitos 121 janeiro/fevereiro 2014

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as rendas “herdadas” casos de Lisboa e do Porto, também nas áreas limítrofes. Mas há outras novas regras que mudam consoante seja titular de um contrato anterior a 28 de junho de 2006 ou posterior a esta data.

Contratos anteriores a 2006 A transmissão torna-se ainda mais restrita quando em causa estão os contratos anteriores a 2006, já que pode ser feita apenas uma vez. Uma diferença de monta face à versão anterior da lei, que previa que a transmissão pudesse ser feita duas a três vezes. A exceção é a transmissão por morte entre ascendentes. Neste caso, o contrato pode ser transmitido duas vezes: por exemplo, de filho para pai e deste para a mãe. Nestes contratos, o novo regime de transmissão traz uma maior proteção às pessoas que vivam em união de facto. Se, anteriormente, os filhos eram beneficiados em detrimento da pessoa que vivesse em união

de facto com o inquilino, atualmente, este é equiparado ao cônjuge, tendo prioridade sobre os descendentes do arrendatário falecido. Houve também uma redução no número de pessoas a quem pode ser transmitido o contrato. Atualmente não está prevista a transmissão a pessoas que vivessem em economia comum, nem aos afins em linha reta – por exemplo sogros e enteados. A transmissão fica também limitada aos filhos, deixando de fora os netos. Por último, os ascendentes ganham prioridade sobre os filhos.

a transmissão por morte é feita só uma vez e “herdar” a renda dos pais é mais difícil

4.º

Filho ou enteado > com menos de um ano de idade > menor de idade que vivesse com o inquilino há mais de um ano > menor de 26 anos e estudante

5.º

Filho ou enteado que convivesse com o arrendatário há mais de um ano e que seja portador de deficiência com grau de incapacidade superior a 60%

A nova redação da lei veio também limitar a duração dos contratos após a sua transmissão. Por exemplo, se o inquilino falecido vivesse com um ascendente com menos de 65 anos, este poderia continuar a habitar a casa por um máximo de mais dois anos. Também nas transmissões feitas a menores ou estudantes, o prazo do contrato transmitido termina dois anos após a data em que o menor cumpra 18 anos ou os estudantes atinjam os 26. Foi ainda alterada a transmissão para os ascendentes. Os contratos podem apenas ser passados ao pai ou à mãe. Na antiga versão da lei não havia esta especificação, designando-se apenas a transmissão para os ascendentes.

Contratos posteriores a 2006 Já nos contratos assinados depois de 28 de junho de 2006, as regras são outras. O contrato não caduca caso com o

1.º

Cônjuge com residência no imóvel

2.º

Depois 2006 (28 de junho)

Pessoa em união de facto há mais de um ano e com residência no imóvel há mais de um ano

3.º

Pessoa que vivesse em economia comum com o arrendatário há mais de um ano e com residência no imóvel há mais de um ano


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Sociedade e economia

38 Dinheiro&direitos 121 janeiro/fevereiro 2014

rendas

Lei | Transmissão | Direitos

Tem direiTo à Transmissão do conTraTo?

A solução para si atualização da renda Se está a considerar arrendar casa, teste primeiro as suas condições no nosso site.

ildA, 45 Anos

cAsAl de 52 e 50 Anos

José, 36 Anos

senhorio

Vive com os pais, contrato de 1982

Vive com o irmão, contrato de 1973

Vive com os pais, contrato de 2012

Contrato de 1960, inquilina vive com sobrinha e família desta

■■Neste caso, o arrendamento caduca por morte dos inquilinos. Sendo um contrato de arrendamento anterior a 2006, o mesmo só se transmitiria a um filho maior de idade caso este tivesse um grau de deficiência comprovado superior a 60 por cento.

■■Por morte do arrendatário, este casal não tem direito a “herdar” o arrendamento, uma vez que se trata de um contrato antigo. Se este tivesse sido assinado depois de junho de 2006, havendo mais de um ano de vida em economia comum, já haveria direito à transmissão.

■■O José só “herdará” o contrato se os pais falecerem depois de um ano de vida em comum com ele. Nos contratos posteriores a 2006, o contrato não caduca por morte do arrendatário quando lhe sobreviva alguém que com ele viva em economia comum há mais de um ano.

■■Enquanto a tia for viva, nada impede que com ela residam familiares. Contudo, por sua morte, o contrato de arrendamento caduca já que a sobrinha não está entre os possíveis sucessores no arrendamento.

Não

Não

depeNde

Não

inquilino vivessem: cônjuge com residência na habitação, pessoa em união de facto há mais de um ano e residência na casa há mais de um ano, pessoa que vivesse em economia comum há mais de um ano e no imóvel há mais de um ano. Se existirem várias pessoas com direito à transmissão – por exemplo, a viúva do inquilino e um parente afastado que ali vivesse em economia comum – a prioridade é dada ao cônjuge sobrevivo ou pessoa com quem o anterior inquilino vivesse em união de facto. Há uma maior proteção das uniões de facto, que ganham prioridade sobre os descendentes, sendo exigido apenas um ano de vida em comum. Para quem viva em economia comum, basta que seja ultrapassado um ano de coabitação para o contrato ser transmitido. Antes das alterações de 2012, este período era de dois anos.

Quando os filhos ficam de fora Nos contratos redigidos antes de junho de 2006, a revisão da lei protege os interesses dos senhorios. O legislador teve em conta

situações em que os descendentes permanecem em casa dos pais em circunstâncias socialmente difíceis de explicar, e impossibilitou-lhes a transmissão do contrato. Se quiserem permanecer na casa, terão de fazer novo contrato, com novos valores, evitando assim a eternização de contratos com rendas baixas. Mas a lei não faz qualquer diferença nos casos em que os filhos ficam em casa para tratar de um dos progenitores ou com outra justificação socialmente atendível. Em qualquer situação que não reúna as condições previstas na lei – deficiência com grau comprovado de incapacidade superior a 60%, menores de idade ou estudantes com idade inferior a 26 anos – o descendente terá de abandonar a habitação depois da morte do arrendatário. Esta é uma situação particularmente injusta uma vez que, para os contratos firmados depois de 28 de junho de 2006, a lei volta a permitir a transmissão a esses mesmos descendentes. Ao autorizar a transmissão do contrato – com o mesmo valor pago pelo arrendatário original – a uma pessoa que

www.deco.proteste.pt/casa

vivesse com o inquilino falecido em economia comum há mais de um ano, a lei permite imediatamente a “herança” da renda a qualquer descendente ou afim que viva na habitação e preencha estes requisitos. Nestes casos o contrato é transmitido e vigora, no máximo, por mais dois anos. A diferença entre os casos é feita não com base na composição do agregado familiar, mas com base na data de assinatura do contrato. ■

d&d aconselha

■■Se tem direito à transmissão de contrato de arrendamento, não se esqueça de o comunicar ao senhorio. A transmissão (ou a sua concentração no cônjuge sobrevivo), deve ser comunicada no prazo de três meses a contar do óbito do arrendatário, com cópia dos comprovativos (no caso do cônjuge, certidão de óbito e certidão de casamento ou, no caso de união de facto, certidão de óbito e, por exemplo, declaração fiscal conjunta). ■■Se não efetuar a comunicação ou a fizer fora do prazo legal, a transmissão do contrato não fica prejudicada, mas pode vir a ser considerado responsável pelo senhorio dos danos daí decorrentes. Se o senhorio tiver contactado uma agência imobiliária para conseguir um novo contrato e for obrigado a indemnizá-la, poderá ter de o reembolsar. ■■Envie a comunicação e respetivos documentos através de carta registada com aviso de receção e guarde uma cópia para si. DecoProtest


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Hoje falo eu

Saúde

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P.e Miguel Dalla Vecchia Missionário Scalabriniano miguel.dv@scalabrini.net Igreja de Sainte Clotilde

Um oásis na cidade de Calvino Estamos prestes a concluir mais um ano de atividades e de via comunitária, por isso é sempre bom poder analisar e rever o caminho percorrido para melhor recomeçar a seguir. O ano pastoral de 2013-14 foi muito rico e cheio de realizações. Como é do conhecimento de todos, a comunidade católica de língua portuguesa de Genebra é uma das maiores da Europa, com quase duas mil crianças e jovens inscritos na catequese; os inúmeros grupos existentes fazem da paróquia Sainte Clotilde um local de vida, de encontros e de realizações humanas e religiosas, um oásis na cidade de Calvino. Nunca é demais repetir que a comunidade católica de língua portuguesa de Genebra é um grande oásis nesta cidade, aonde se respira um ar protestante. A vida, a criatividade e a fé dos portugueses faz-se sentir em todos os seus aspetos: no social, político, económico e no religioso também. Um povo que, apesar do desenraizamento cultu-

ral do país de origem, se procura inserir na sociedade, evitando, assim, a formação de grupos paralelos ou guetos. Costumamos dizer que os dias, as semanas, os meses e os anos passam rapidamente, o que não acontecia no passado. A modernidade, a globalização e os novos meios de comunicação tornam a nossa vida um contínuo movimento, e isto dá-nos a impressão de que os dias correm velozmente. Por isso, neste final de ano e de atividades, ao entrarmos em férias, precisamos encontrar tempo para nós, para a nossa família e para os amigos, pois não somos máquinas, somos pessoas humanas que necessitam do trabalho, sim, mas também de repouso e de tempo para estarmos com aqueles que amamos. Faço votos que o tempo do verão e das férias seja para cada um de nós um outro oásis, de descanso, de encontro, de ir à fonte buscar água para a nossa sede, alimento para o nosso corpo e

para o nosso espírito, dar tempo para Deus, pois ele nunca entra em férias. Assim sendo, poderemos enfrentar a vida com maior serenidade e entusiasmo. Boas e merecidas férias a todos.

Horários da missão católica de língua portuguesa de Genebra ATENDIMENTO NA SECRETARIA: Terça a sexta: das 15h00 às 18h30 Sábados: das 9h00 às 11h30 MISSAS: Sábados, às 19h00 Domingos às 9h30, às 11h00 e às 18h00 Durante a semana: Terça a sexta às 19h00 (na capela) PS: Nos meses de julho e agosto, aos domingos, as missas são somente às 10h00 e às 18h00; aos sábados são às 19h00. Av. de Sainte Clotilde, 14 bis 1205 - GENÈVE Tel. 022 70 80 190


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Consultório jurídico

Sucessão por morte (lei reguladora) Em resposta a Ana Maria Rodrigues que nos enviou a seguinte questão: «Sendo portuguesa de nacionalidade e estando a residir fora de Portugal, qual é a lei que se aplica à herança? Se optar por deixar testamento terei de o fazer em Portugal ou pode ser feito no país onde resido?» De facto, é frequente alguma confusão sobre a lei aplicável à sucessão por morte, designadamente no que respeita à determinação dos herdeiros e da parte da herança que lhes cabe, bem como aos trâmites a observar nos casos em que foi lavrado testamento. A este propósito, o artigo 25.º do Código Civil português (Âmbito da lei pessoal),

da Subsecção I - Âmbito e determinação da lei pessoal, da Secção II - Normas de conflitos, determina que as sucessões por morte sejam reguladas pela «lei pessoal dos respectivos sujeitos». Por seu turno, o artigo 31.º - 1 do mesmo diploma estabelece que «A lei pessoal é a da nacionalidade do indivíduo». Quer isto dizer que, exceptuando as situações de pluralidade de nacionalidades (em que releva a lei do Estado em cujo território o plurinacional tenha a sua residência habitual ou, na falta desta, a lei do Estado com o qual mantenha uma «vinculação mais estreita», como dispõe o artigo 28.º da Lei Portuguesa da Nacionalidade), é sempre o Direito português

que rege a sucessão mortis causa (em razão da morte) de um cidadão português, mesmo que este resida fora de Portugal. Assim, serão as disposições do Código Civil Português, enquanto «lei pessoal» do/a falecido/a, que deverão ser tidas em conta na determinação dos herdeiros na quota-parte de cada um dos sucessíveis na herança, aplicando-se ainda à validade material e formal do testamento. Relativamente ao testamento, consistindo este um «acto unilateral e revogável pelo qual uma pessoa dispõe, para depois da morte, de todos os seus bens ou de parte deles» (definição do artigo 2179.º do Código Civil português), o mesmo pode ser feito por cidadão português

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Junho

2014

Consultório jurídico em país estrangeiro, sujeitando-se à lei do país em que o documento for outorgado, mas apenas quanto à sua forma. O artigo 2223.º do mesmo diploma diz precisamente que o testamento feito no estrangeiro é formalmente válido em Portugal se tiver sido observada «uma forma solene na sua feitura ou aprovação». No entanto, apesar de válido do ponto de vista formal (i.e., tendo sido observadas todas as formalidades para o acto – por ex., ter sido lavrado por notário na presença de testemunhas, etc.), as suas disposições serão consideradas materialmente inválidas se contrariarem a lei pessoal do «de cujus», que é a lei da nacionalidade deste. Sobre esta questão o Supremo Tribunal de Justiça de Portugal deixou claro, no Acórdão de 18 de Junho de 2013, que configura «fraude à lei» a situação em que uma cidadã portuguesa se deslocou ao Consulado do Brasil em Lisboa a fim de ser lavrado testamento segundo a lei brasileira, pretendendo por esta via ludibriar a lei portuguesa, uma vez que esta não lhe permitia testar metade da sua

herança à sua filha, como sucede no ordenamento jurídico brasileiro. Deixo-lhe um elucidativo excerto do referido Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, segundo o qual: «XI − Um cidadão português residente em Portugal que se desloque a um país estrangeiro, ou a um consulado de um país estrangeiro em Portugal, para aí lavrar testamento segundo a lei desse Estado (in casu, o direito material brasileiro), com essa atitude afronta directamente com a sua lei pessoal a portuguesa, que é a reguladora da sua sucessão por morte». «XII − Ao recorrer a essa via, a testadora conseguiria efectuar uma deixa testamentária correspondente a metade do seu património existente no Brasil a favor de uma das suas filhas, à luz do art.º n.º 1846 do CCB (Código Civil Brasileiro), ludibriando a sua lei pessoal − a portuguesa − em que a quota disponível é, neste caso, de um terço, uma vez que a legítima equivale a dois terços da herança, sendo essa a porção intangível de que o testador jamais pode dispor, por estar legalmente destinada aos seus herdeiros

HORÁRIO DE ATENDIMENTO: SEGUNDA A SEXTA: DAS 17:00H ÀS 20:00H SÁBADO: DAS 09:00H ÀS 17:00H DOMINGO: DAS 09:00H ÀS 12:00H

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legitimários, ex vi dos art.os 2159.º - n.º 2, e 2156.º ambos do Código Civil, que constituem normas imperativas». «XIII − A fraude, in casu, traduziu-se na circunstância de a falecida, conhecedora da lei aplicável à sua sucessão em Portugal, e do facto de a sua quota disponível, nessa eventualidade, ser inferior à que a lei brasileira lhe permitia dispor – por força da legítima prevista num e noutro ordenamento jurídico –, ter-se deslocado resolutamente ao Consulado-Geral da República Federativa do Brasil em Lisboa para aí, submetendo-se à lei brasileira, procurar eximir-se ao regime legal da sucessão legitimária mais rigoroso do Estado português». A Sociedade de Advogados Rocha Pires, Neves Fernandes & Associados disponibiliza-se para prestar esclarecimentos de natureza jurídica sobre qualquer matéria aos leitores da Lusitânia Contact. Para o efeito, as perguntas e dúvidas deverão ser encaminhadas através dos seguintes canais de comunicação: Tel.: +351 219 236 680 Tlm.: +351 932 020 210 E-mail: geral@rpnfa.com

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Associações portuguesas

Rancho Folclórico da Comunidade Católica de Língua Portuguesa de Genève

O

Rancho, fundado em fevereiro de 1972 pela senhora Virinha, tem como finalidade divulgar as músicas, danças, cantares e trajes dos nossos antepassados por volta dos finais do século XIX e princípios do século XX, de norte a sul do nosso Portugal, embora privilegie a região do Baixo Minho. É uma das secções da Comunidade Católica de Língua Portuguesa de Genève e o seu órgão diretivo é composto por sete elementos. O seu principal responsável é o senhor Horácio Farinha e atualmente é composto por 98 elementos, divididos pela tocata, pelo grupo adulto e pelo grupo infantil, sendo a sua maior par-

te jovens que frequentam as diversas atividades da Comunidade (catequese, tanto professores como alunos, dança moderna, escuteiros, etc.) Organiza no mês de fevereiro de cada ano um festival de folclore e ainda assume, de dois em dois anos, uma das mais antigas festas da comunidade portuguesa em toda a Suíça − o São Martinho −, no mês de novembro, com a sua típica castanha assada. Para além deste festival e desta festa da comunidade portuguesa, organizou e participou em vários festivais, quermesses e outros encontros portugueses e suíços, um pouco por todo o lado neste país e ainda no Luxemburgo, na Alemanha, na França e

algumas vezes também em Portugal. Das presenças nessas atuações guarda várias recordações, como sejam taças e troféus. É com imenso prazer que estamos e estaremos sempre disponíveis para levar a todos os locais onde sejamos solicitados as nossas músicas, danças e cantares, assim como a nossa alegria. Basta que solicitem a nossa participação. A força deste grupo vem-lhe das convicções de todos os seus membros, convencidos que estão da importância de transmitir aos nossos jovens o amor por Portugal e o respeito pelos seus antepassados, ensinando-lhe as tradições e valores pátrios num ambiente de respeito mútuo, alegria e amizade.


Junho

2014

Associaçþes portuguesas

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Curiosidades e passatempos

Truques & astúcias Isabel Gomes isabelgomes3.4@gmail.com

QUEDA DE CABELO: • Aqueça 8 colheres de sopa de azeite com 2 dentes de alhos laminados. Desligue o fogão antes de começar a ferver. Verta a mistura dentro de um frasco de vidro e feche com a tampa. Deixe repousar 24 horas. Aplique o azeite no couro cabeludo antes de ser lavado. Deixe atuar durante 2 horas. Lave o cabelo como habitualmente. Aplique uma vez por semana durante o tempo que achar necessário para resolver o problema.

CONTROLAR O APETITE: • Coloque 30 g de hibisco com 100 ml de água dentro de um copo alto de pirex e deixe repousar durante uma noite. No dia seguinte adicione 40 ml de azeite, tape o copo e leve a cozer em banho-maria durante 1 hora em lume brando. Não se esqueça de colocar uma base dentro do tacho para que o copo não fique em contacto com o fundo do mesmo. Depois de cozido, coe e guarde numa garrafa de vidro. Tome 1 colher de sobremesa meia-hora antes das refeições Agite sempre a garrafa antes de usar.

CONTROLAR A DIABETES: • Corte as extremidades de 2 quiabos e ponha-as dentro de um copo com água. Deixe repousar durante uma noite. De manhã retire os quiabos e beba a água.. FORMA RÁPIDA DE FAZER MASSA LÊVEDA: • Depois de misturar todos os ingredientes, ponha a massa numa taça que caiba no forno de micro-ondas, mas desligado. Ponha a taça com a massa dentro do mesmo, colocando também uma chávena ou uma caneca com água bem quente. Feche a porta do micro-ondas e aguarde entre 15 a 20 min. A sua massa estará lêveda. Muita atenção, não ligue o micro-ondas. AFUGENTAR LESMAS, CARACÓIS E OUTROS BICHINHOS DAS PLANTAS: • Esmague cascas de ovos e espalhe-as na terra à volta das plantas que quer proteger.

CALCANHARES GRETADOS: • Moa uma xícara de arroz até obter farinha. Junte 1 colher de sopa de mel, 1 colher de sopa de vinagre de maçã e 1 colher de sopa de azeite. Misture tudo muito bem até obter uma pasta. Mergulhe os pés em água morna durante 20 min, de seguida aplique a pasta e massaje os calcanhares com ela. Tire o excesso com uma toalha e deixe ficar o resto. Faça o tratamento de preferência uma vez por semana. LIMPAR AS JUNTAS DOS AZULEJOS OU DOS MOSAICOS •Misture num balde os seguintes ingredientes: 7 chávenas de água, meia chávena de bicarbonato de sódio, 1 terço da chávena de sumo de limão e, por fim, 1 quarto de chávena de vinagre. Aplique sobre as juntas e deixe atuar alguns minutos. Limpe com um pano.


Março

2014

Curiosidades e passatempos

HORÓSCOPO PREVISÃO TRIMESTRAL (Junho, Julho e Agosto)

Caranguejo

AMOR: Se a pessoa amada manifestar desconfiança procure não reagir demonstrando nervosismo. Mostre que não tem nada a esconder. TRABALHO: Chegou o momento de mudar. Junte todas as suas forças e ânimo e tome uma decisão. SAÚDE: Dê atenção à alimentação e cuide mais de si nos próximos tempos. Leão

Sérgio Tomásio sergio.voyante@gmail.com

Carneiro

Carneiro

AMOR: Encontrou a pessoa certa que compartilha consigo os mesmos interesses. Por isto atue com sensatez e evite precipitações. TRABALHO: Evite a obstinação e escute as ideias dos outros. Há mais maneiras de entender as coisas do que a de cada um. SAÚDE: Evite o isolamento e os maus pensamentos: saia com os amigos. Touro

AMOR: Veja sempre o lado positivo das coisas e dedique mais tempo à relação com a pessoa amada. TRABALHO: Valorize os colegas que são sinceros consigo e dê mais atenção aos fatos reais. SAÚDE: Dedique-se um pouco mais ao desporto, se não puder fazer outra coisa pelo menos caminhe. Gémeos

AMOR: O encontro com uma velha amizade far-lhe-á pensar na sua vida. Mas não deixe que essa amizade perturbe a caminhada que com esforço tem vindo a fazer. TRABALHO: Terá muitas surpresas mas nem todas serão positivas: esteja consciente disso pois irá necessitar de ganhar força e determinação para superar os obstáculos. SAÚDE: Para manter a boa forma procure descarregar as tensões acumuladas.

AMOR: Tente não se expor mesmo que tenham para consigo algum gesto mais generoso. Aproveite ao máximo a relação com a pessoa amada. TRABALHO: Perante a renitência em concordarem com o projeto que abraçou, demonstre aos demais que tem razão. Depressa as críticas se converterão em louvores. SAÚDE: Os problemas de circulação sanguínea poderão causar um pouco de fatiga. Exercite os movimentos, o fitness poderá ser uma boa solução. Virgem

AMOR: Descobrirá interesses que ocuparão muito do seu tempo. Dê mais atenção à pessoa amada e procure viver e alimentar esses momentos. TRABALHO: Inicialmente atuará impulsivamente perante uma situação que verá como uma ameaça, mas ao enfrentá-la tudo se resolverá. SAÚDE: Encontra-se em boa forma física, procure mantê-la. Balança

AMOR: Faz questão em ter razão sobre um problema antigo. Não persista, é melhor demonstrar que é superior a essas situações. TRABALHO: Para concluir um negócio empenhar-se-á muito e utilizará toda a sua dedicação. Colherá os frutos embora esgotando as energias. SAÚDE: São prováveis pequenos problemas devidos à alimentação pouco equilibrada. Tente fazer dieta. Escorpião

AMOR: A sua união está num bom momento, as melhorias

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dos últimos tempos tornar-se-ão cada vez mais sólidas. TRABALHO: Para conseguir a mudança que deseja terá de esperar um pouco mais de tempo. Mas é importante que comece desde já a consolidar o que conseguiu. SAÚDE: Terá de controlar a alimentação pois poderá correr o risco de dores abdominais. Sagitário

AMOR: As coisas correm bem com a pessoa amada, o que ajudará a compartilhar emoções, estados de ânimo e favorecerá o diálogo. TRABALHO: A oportunidade perdida devido aos seus receios levará a uma certa tristeza. Mantenha-se firme no caminho que traçou. SAÚDE: É bem possível que nos próximos tempos sofra de alergias. Capricórnio

AMOR: Não subestime a pessoa amada e não faça deduções apressadas. Dê-lhe mais atenção e compreensão. TRABALHO: É possível que lhe surja uma oportunidade para crescer profissionalmente. SAÚDE: Sentira um pequeno mal-estar causado apenas por uma baixa de tensão arterial. Aquário

AMOR: Tenderá a fechar-se em si não aceitando ninguém por perto. Mas a pessoa amada dar-lhe-á serenidade e afeto, o que mudará a sua atitude. TRABALHO: Receberá conselhos de colega experiente sobre como proceder no cumprimento de uma tarefa. Escute-os, pois poderá apreender muito com eles. SAÚDE: Poderá sentir dores cervicais, por isso não se exponha muito a mudanças de temperatura. Peixes

AMOR: Não siga o seu instinto, mantenha a calma e o entendimento com a pessoa amada. TRABALHO: Sentirá o peso das responsabilidades, o que causará cansaço. Peça um conselho. SAÚDE: Devera ter cuidado a não se exceder nos pecados de gula.


Março

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2014

Ensino Saúde

Anedotas

Curiosidades e passatempos

zinho, mas no fundo, no fundo, eu admiro a tua Investigações científicas determinação em demonstraram que não falares. — Olha Joãozinho, o humor e o riso são reza então vinte excelentes para a saúde. Pais-Nossos e Rir entre 10 e 20 minutos dez Avé-Marias por dia reforça o sistema e vai com Deus, imunitário e elimina meu filho. O Joãozinho sai do o stresse. Enviem as confessionário e vai vossas anedotas sentar-se no banco e vamos todos rir! da igreja, junto do seu amigo Manecas, No confessionário, chega o pe- que desliza para junto dele e quenito Joãozinho que confessa: lhe sussurra: − Então, conse— Senhor Padre, eu pequei. Fui guiste a lista? seduzido por uma mulher — Consegui. Já aqui temos o casada que se diz séria. nome das mulheres casa— És tu, Joãozinho? das que «facilitam»! — Sou sim, Sr. Padre, sou eu. • — E com quem estiveste tu? Diz o algarvio: — Sr. Padre, eu já confessei o — Ontem à noite fiz amor com meu pecado, ela que confesa minha mulher quatro vese o dela. zes seguidas. De manhã ela — Olha lá Joãozinho, mais cedo fez-me um delicioso crepe ou mais tarde eu acabo por e disse-me que me amava saber, acho melhor que me muito. digas tu agora! Diz o portuense: — Foi a Isabel da farmácia? — Só, eu ontem à noite fiz — Os meus lábios estão selaamor com a minha mulher dos, disse o Joãozinho! seis vezes. De manhã ela — Então foi a Maria do quiosfez-me uma deliciosa omeque? leta e disse que eu era o ho— Por mim, jamais o saberá! mem da vida dela. — Ah! Deixa lá ver, não terá Como o alentejano ficou calado, sido a Maria José, a florista? o algarvio perguntou: — Não direi nunca! — Então compadre, e tu? — Já sei, só poderá ter sido a Quantas vezes é que fizeste Manuela da tabacaria, não amor com a sua mulher onfoi? tem à noite? — Senhor Padre, não insista, — Uma, respondeu o alentenada mais lhe direi! jano. — Vamos lá acabar com isto, — Só uma? Exclamou o porJoãozinho! Foi a Catarina da tuense. E de manhã, o que é pastelaria, não foi? que ela te disse? — Senhor Padre, é escusado — Na pares, não pares, não insistir comigo. pares! O Padre rói as unhas desespe• rado e diz-lhe então: Três alentejanos estavam a jo— És um cabeça dura, João- gar às cartas até que um deles,

aborrecido por estarem sempre com mesmo jogo, disse: — Compadres, não acham que devíamos jogar a outra coisa? — A outra coisa? Mas a quê, compadre, perguntou outro deles. — Ora, eu sei lá, talvez a um jogo de que falam muito na televisão, o golfe. — Ao golfe, compadre? E como é que se joga isso? Perguntou de imediato o terceiro. — Ora compadre, é muito simples, só é preciso um pau, bolas e um buraco. Depois de algum silêncio, diz o segundo: — Ora está bem, compadres. Eu dou o pau. Responde o terceiro: — E eu dou as bolas Ao que o proponente ripostou de imediato: — Compadres, eu cá não jogo! • Uma viúva alentejana vivia num monte com o filho, adolescente, dedicando-se

Sudoku

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a cultivar as terras que o marido lhes deixara. Para isso contavam com a ajuda de um macho, para lavrar a terra e carregar as colheitas. Sem eletricidade, e confiante nos seus dotes, pois estava habituado a andar às escuras, o rapazito encarregava-se de ir tratar do macho ao estábulo sem levar a lanterna. Uma noite, grita para a mãe: — Mãe, traga lá a lanterna depressa. — Porquê, Zé, aconteceu alguma coisa? — É que o macho deu um coice, não sei se foi em mim se foi na parede.




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