BOLETIM 12

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BOLETIM INFORMATIVO SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ÉVORA Boletim N.º 12

3.º Quadrimestre de 2018

EM DESTAQUE ARCEBISPO DE ÉVORA D. FRANCISCO SENRA COELHO EM ENTREVISTA

“Sendo trigo do Minho, foi em Évora que me fiz pão do Alentejo” Mensagem do Provedor..........................Pág. 2 Notícias ............................................. Pág. 3, 11

Irmãos...................................................... Pág. 14

Destaque ..........................................Pág. 7 a 10

Respostas Sociais .................................. Pág. 15


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ÉVORA

Mensagem do Provedor “Ano novo, vida nova!” Provavelmente já muitos de nós disse, ainda que apenas para si mesmo, esta frase. No final do ano fazem-se balanços, encetam-se promessas ou vão-se repescar aquelas que de ano para ano têm transitado, algumas com pouco desenvolvimento. “Mas este ano é que é!” Assumimos o compromisso e seguimos em frente, fazendo das promessas realidades… muitas delas par lhadas com quem nos rodeia e nos é mais querido, aumentando também assim deste modo o seu significado! Em Paz… a Paz que é celebrada todos os anos logo no dia 1 de Janeiro, e que o Papa Francisco evidencia como grande desafio dos governantes, enquanto interventores no futuro de todos. Da leitura da mensagem do Papa não posso deixar de pensar que esta se dirige também a todos nós. Cada um deve assumir a responsabilidade de começar por gerir as suas vidas, dentro de uma casa que nos é comum a todos, o Planeta Terra, e em pequenas comunidades como é esta Santa Casa. “A paz esteja nesta casa!” (Lc 10, 5-6), colocando Jesus no centro do nosso ser, das nossas vidas. No trabalho diário da Misericórdia de Évora, todos temos que estar comprome dos com a melhoria da vida dos outros, a começar pelos que estão mais próximos e que nos desafiam também no nosso crescimento espiritual. Proponho que façamos uma reflexão de Ano Novo, procurando crescer na fé, seguindo aquelas que se constuem como o guia das Misericórdias, por nós conhecido, cuja leitura e prá ca devem ser adaptadas aos dias e modos em que vivemos, e que aqui deixo para que possamos conferir: Obras de misericórdia corporais:

Obras de misericórdia espirituais:

1) Dar de comer a quem tem fome 2) Dar de beber a quem tem sede 3) Ves r os nus 4) Dar pousada aos peregrinos 5) Visitar os enfermos 6) Visitar os presos 7) Enterrar os mortos

1) Dar bons conselhos 2) Ensinar os ignorantes 3) Corrigir os que erram 4) Consolar os tristes 5) Perdoar as injúrias 6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo 7) Rezar a Deus por vivos e defuntos.

Que todos tenhamos um Novo Ano cheio de Luz e Paz nos nossos corações! Francisco Lopes Figueira

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Concerto de Natal da Santa Casa da Misericórdia de Évora NOTÍCIAS

No dia 7 de dezembro, a Misericórdia de Évora acolheu na sua igreja os Irmãos e comunidade em geral para o habitual concerto de Natal. A inicia va já faz parte da programação cultural da cidade e a Igreja estava repleta de pessoas que ali acorreram para desfrutar de um momento único de cultura. A Orquestra de Câmara da Guarda Nacional Republicana (GNR), dirigida pelo Maestro Major João Afonso Cerqueira, foi recebida com muito entusiasmo. Pelos músicos da GNR foram magistralmente interpretadas obras de Mozart, Haydn, Massenet e Sibelius, que encantaram a comunidade presente e tornaram este concerto mais um evento memorável na história da Santa Casa da Misericórdia de Évora. Para a realização do concerto de Natal, a Santa Casa da Misericórdia de Évora contou com o patrocínio da Associação Mutualista Montepio, Delta Cafés e Fundação Casa de Bragança, entre outros apoios públicos e privados da região.

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Encerramento do Ciclo de Conferências NOTÍCIAS

“As Misericórdias – Assistência, Prá cas e Relações” foi o tema da Conferência que teve lugar na Universidade de Évora, Sala 124 do Colégio do Espírito Santo, no dia 22 de Novembro. A inicia va que encerrou o Ciclo de Conferências 2018 dedicado à História da Misericórdia, ao seu Património e ao seu papel de Acção Social ao longo dos séculos, contou com a par cipação de vários especialistas e académicos, nacionais e internacionais. Recorde-se que o Ciclo de Conferências 2018, promovido pela Misericórdia de Évora, teve início em Fevereiro de 2018, cons tuindo-se um espaço de reflexão e debate sobre o papel das Misericórdias em diversas geografias e, par cularmente, sobre a Misericórdia de Évora. O Ciclo contou com a par cipação de Irmãos e inves gadores de diversas áreas, entre outros par cipantes da comunidade local.

Misericórdia de Évora premiou excelência académica A Misericórdia de Évora entregou pela primeira vez o Prémio Excelência Académica na Área Social, integrando as comemorações do dia da Universidade de Évora, a 1 de Novembro. Sara Romeiro, Mestre em Gestão pela Universidade de Évora, recebeu do Provedor desta Santa Casa, o Prémio que reconhece desta forma a melhor inves gação na área social. Em cumprimento dos seus fins de promoção social, cultural e educa va esta Santa Casa premeia o mérito e a excelência dos estudantes universitários que revelem potencial académico em áreas fundamentais para a região.

“Gostamos de cuidar das pessoas” Serunion Restaurantes de Portugal S. A. Rua Professor Henrique de Barros, N.º 4 2685-338 Prior Velho Telf. 218 650 450 Email: portugal@serunion.elior.com 4


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Obras de conservação e restauro da Igreja NOTÍCIAS

Temos vindo a dar conta nestes bolens informa vos das obras de conservação e restauro da nave da Igreja da Misericórdia que se iniciaram em 2017, e que se encontram em fase de conclusão. Depois das coberturas e das fachadas, houve lugar para o restauro das telas, estabilização e restauro das talhas douradas e intervenção nos azulejos. Recordamos que o estudo das telas, levado a cabo pelo Laboratório Hércules da Universidade de Évora, revelou a existência de outras pinturas por baixo das atuais, facto muito usual à época. Entramos agora numa nova fase de requalificação nos espaços con guos à nave da Igreja. Com esta intervenção, apoiada pelo Fundo Rainha D. Leonor, a Misericórdia vai criar um Núcleo Exposi vo para a interpretação da história da igreja e desta Santa Casa, preservando, em simultâneo o património material e imaterial da Misericórdia.

Igreja da Misericórdia retoma a sua atividade A Santa Casa da Misericórdia aproveita este espaço de comunicação com os Irmãos e com a comunidade, para informar que a Igreja da Misericórdia voltou a abrir ao público e retomaram-se as Eucaristias aos sábados, às 17h. Informamos ainda que a Festa Solene de reabertura, presidida por D. Francisco Senra Coelho, Arcebispo de Évora, tem lugar dia 16 de Fevereiro, às 16h30.

Ensemble Vocal All’Ottava em concerto A Santa Casa da Misericórdia de Évora e a Escola de Artes da Universidade de Évora promoveram o Concerto do Ensemble Vocal All’O ava, que teve lugar na Igreja da Misericórdia de Évora, na noite de 22 de Dezembro. Esta foi a primeira de uma série de intervenções musicais neste espaço, em parceria com aquela Escola, e após a sua reabertura, depois de realizadas as principais obras de reabilitação e restauro na nave da Igreja.

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CLASE: Misericórdia de Évora voltou a ser eleita NOTÍCIAS

A Misericórdia de Évora voltou a ser eleita como representante das en dades sem fins lucra vos no Núcleo Execu vo do Conselho Local de Ação Social de Évora (CLASE). Recorde-se que o Núcleo Execu vo tem a missão de procurar garan r a execução das medidas necessárias para a implementação do modelo de intervenção da Rede Social, integrando a Administração Regional de Saúde, a Câmara Municipal de Évora, a Habévora, o Ins tuto de Emprego e Formação Profissional, o Ins tuto de Segurança Social e a Universidade de Évora, para além da Santa Casa da Misericórdia de Évora.

Programa Escolhas: Projeto MovimentArte concluído Em dezembro de 2018 foi concluído o Projeto MovimentArte, coordenado pelo Centro Humanitário de Évora da Cruz Vermelha Portuguesa e no qual a Santa Casa da Misericórdia de Évora assumiu o papel de en dade gestora, para além de ter proporcionado o desenvolvimento de a vidades intergeracionais, bem como o contacto dos jovens com algumas profissões. Esta inicia va integrada no Programa Escolhas, visou a promoção da igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social de crianças e jovens, provenientes de contextos sócio económicos vulneráveis. Recorde-se que o Programa Escolhas, coordenado pelo ACM—Alto Comissariado para as Migrações, aposta no envolvimento da sociedade civil e apoia projetos que se traduzam em ações diretas das en dades e organizações da sociedade civil junto das comunidades mais desfavorecidas.

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Entrevista a D. Francisco Senra Coelho, Arcebispo de Évora

DESTAQUE

“Foi a Arquidiocese de Évora que Deus me apontou, através da Sua Igreja. Eis-me aqui!...”

Santa Casa da Misericórdia de Évora (SCME): Ainda não passou um ano em que o Senhor Arcebispo regressou à terra onde estudou e desenvolveu um vasto trabalho como pároco, mas o que é que já nos pode falar no que concerne à sua aposta de proximidade com os fiéis num esforço de humanização da sociedade? Senhor Arcebispo, D. Francisco Senra Coelho (SA): Foi com surpresa que acolhi a proposta do Santo Padre, o Papa Francisco, através do Senhor Núncio Apostólico de Lisboa, para que aceitasse exercer o meu ministério episcopal na Arquidiocese de Évora. De facto, ao ter as minhas raízes familiares no Norte, Barcelos, e ao ter sido enviado como Bispo Auxiliar para a Arquidiocese de Braga, tudo me faria supor que seria pelo Norte que eu fazia falta, tanto mais que é uma região do País com várias Dioceses e que, provavelmente, um dia poderia ser ú l em alguma delas, por isso tentei fazer uma aprendizagem atenta às realidades eclesiais e socioculturais do Norte, que eu nha deixado há 34 anos, em 1980, quando vim para o Seminário Maior de Nossa Senhora da Purificação estudar Filosofia e Teologia no Ins tuto Superior de Teologia de Évora (ISTE). Os quatro anos que vivi no Minho, como Bispo Auxiliar, foram muito agradáveis e úteis. Por lá trabalhei com dedicação e ve uma bela “Escola Episcopal” com o Senhor Arcebispo Primaz de Braga, D. Jorge Or ga, e com os irmãos Bispos Auxiliares de Braga, primeiro D. António Moiteiro, por pouco tempo, e, depois, com D. Nuno Almeida. Foi ainda muito enriquecedor (…) “Foi com surpresa que acolhi a proposta conhecer, conviver e trabalhar com os Bispos das Províncias do Santo Padre, o Papa Francisco” (…) Eclesiás cas de Braga e da Galiza, Compostela. Com muito gosto, seria Bispo Auxiliar de Braga até aos 75 anos... Porém, foi a Arquidiocese de Évora que Deus me apontou, através da Sua Igreja. Eis-me aqui!... Nestes primeiros quatro meses reconheci a minha Igreja-Mãe, aquela que me formou desde os 18 anos, que confiou e inves u em mim. Sendo trigo do Minho, foi em Évora que me fiz pão do Alentejo. Foi com emoção que me encontrei com os meus irmãos Sacerdotes, membros do Presbitério em que me ordenei. Foi com muito respeito e noção de responsabilidade e reconhecimento dos meus limites que recebi o báculo pastoral das mãos experientes e sábias do Senhor Dom José Alves, nosso Arcebispo Emérito. Com apreço e admiração recebi os muitos abraços do Povo Santo de Deus, dos valentes e generosos leigos e leigas desta vasta Arquidiocese; os sorrisos amigos dos jovens, das crianças e adolescentes, de toda a nova geração de cristãos. Com muita amizade fui sendo acolhido pelos nossos Sacerdotes e pelos Consagrados e Consagradas, pelos nossos Diáconos e suas famílias, pelos nossos seminaristas, pelos Movimentos Eclesiais, pelas Associações de Fiéis, por todos, afinal. Sublinho também a simpa a e o acolhimento atento e disponível que tenho sen do em todos os sectores da sociedade, desde a Universidade, dos nossos Hospitais e diversos serviços de saúde, das Autarquias, dos diversos Serviços Públicos com quem a Arquidiocese se relaciona frequentemente: a Segurança Social, a Cultura e o Património, a Educação e as Escolas, a Saúde, a Coordenação Regional, os Tribunais, os Serviços de Finanças e as Forças Militares e de Segurança. Em todas estas en dades tenho encontrado um são espírito de cooperação ins tucional. Recordo que Évora é a Diocese Portuguesa mais extensa em território, estendendo as suas Paróquias pelos Distritos de Évora, Portalegre, Santarém e Setúbal.

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DESTAQUE

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Em todos tenho encontrado o melhor acolhimento e simpa a. Portanto, estes primeiros tempos têm sido de conhecimento, relacionamento e aprendizagem. Talvez pareça estranho o termo “aprendizagem”, mas é esta a realidade mais frequente com que me deparo. É muito diferente ser Pároco das Paróquias de Nossa Senhora de Fá ma, na então Freguesia do Bacelo, da Igrejinha de São Manços, ou ser Arcebispo de Évora. O mesmo se diga na diferença do exercício do Ministério Episcopal como Bispo Auxiliar ou Bispo Residencial... Aprendiz de cristão tenho sido sempre; aprendiz de Arcebispo de Évora comecei agora há cerca de quatro meses e con nuarei a sê-lo, porque sou cristão com os cristãos de Évora e sou Bispo para os cristãos de Évora, farei acontecer a evangelização com eles, de mãos dadas e em rede. Mais do que programar a vidades para eles, desejo programar em Presbitério e com eles fazer comunhão com todos. Este é o caminho da sinodalidade em toda a Igreja que insistentemente nos propõe o Papa Francisco.

SCME: O Ano Pastoral de 2018/2019 na Arquidiocese de Évora é subordinado ao tema “Discípulos Missionários”. Quem são estes discípulos, qual a sua missão e quais os seus principais desafios que se destacam para este ano? SA: “Discípulos Missionários” somos todos nós, os bap zados, que nos assumimos como membros da Igreja de Cristo. Num amplo desejo de acolhimento e integração ou compar lha unimos a nós, Pedras Vivas da Igreja, todas as pessoas de “Boa Vontade”, que se iden ficam com a missão humanizadora da Igreja e desejem dar as mãos e trabalhar em conjunto, com as pessoas e para as pessoas a quem levamos a beleza do Amor de Deus em gestos concretos de Fé, Esperança e Caridade, capazes de se traduzirem nas expressões como “Compaixão”, “Solidariedade” e “Humanização”. Os desafios são inumeráveis, porém atrevo-me a lançar três aspetos que na passagem do segundo para o terceiro milénio da Era Cristã, o Papa São João Paulo II nos deixou como herança e desafio: 1) a defesa inegociável da Vida Humana em todas as suas fases e nas suas diversas necessidades; 2) a valorização da Família, dom insubs tuível ao serviço total da Vida Humana; 3) a Solidariedade, pela qual o ser humano (…) “nós, Igreja, temos a missão de mostrar a todos, tem o primado absoluto face ao poder do capital e das o Amor de Deus por cada pessoa.” finanças e para quem a economia deve estar ao serviço. Como cristãos, acreditamos que Deus é Amor e que ama cada ser humano, tal qual é, e que nós, Igreja, temos a missão de mostrar a todos, o Amor de Deus por cada pessoa. A “gramá ca” e o “dicionário” desta missão cruza-se e concre za-se, muitas vezes, no grande desafio que passa pela humanização da sociedade, afinal pelo sen do do serviço e do voluntariado com competência e qualidade. SCME: A Igreja tem-se vindo a abrir à u lização das tecnologias nas suas a vidades e celebrações. Em que medida é que a Igreja consegue, deste modo, chegar a cada vez mais pessoas? SA: Ao longo da sua história, a Igreja soube encontrar-se com as diversas culturas e povos a quem transmi u a beleza do Evangelho e do humanismo cristão. Recordo a cultura Greco-Romana; o diálogo com os chamados povos Bárbaros, como Godos, Normandos, Eslavos; o encontro com os povos do novo Mundo, a par r das “descobertas”; o encontro com o Humanismo Renascen sta e com o Iluminismo; a relação com a Revolução Industrial e com o Cien smo Tecnológico; em cada geração, a Igreja tem sabido dialogar com as novas realidades que se lhe apresentam. Com maior ou menor facilidade, a osmose Fé-Cultura tem acontecido. A prova disto são os dois mil anos de história e a universalidade e globalização da Igreja. Estou convencido que mais uma vez o Cris anismo e a Igreja Católica vão saber abraçar a “cultura do digital” em que vivemos. Sabemos que na Evangelização há sempre a necessidade dos meios para se chegar junto dos interlocutores.

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DESTAQUE

No passado, foram as vias romanas, os oceanos e a ampla largueza dos céus, hoje são as amplas e quase ilimitadas possibilidades digitais. É obrigatório que a Igreja navegue nestes novos oceanos! Devo, porém, referir, que a dinâmica do Evangelho exige sempre o encontro pessoal, pois o testemunho de vida é indispensável para se acolher a Boa Nova do Reino de Deus. O ambiente próprio para a transmissão do Evangelho é a amizade que gera confiança e in midade. É no ambiente de coerência e transparência que se transmite por “contágio” e “osmose” o Deus da Fé Cristã. Por isso, é indispensável o encontro pessoal. A Evangelização, defini vamente, não pode ser exclusiva relação “à distância”. É próprio do Cris anismo a experiência comunitária, por isso, usaremos todos os meios digitais ao dispor, porém nunca podemos prescindir do encontro pessoal, porque a Fé é um “Encontro” com Cristo, muitas vezes através dos irmãos como aconteceu com Paulo de Tarso, Agos nho de Hipona, Inácio de Loyola, Teresa de Calcutá, etc.. Não basta informar-nos intelectualmente, é necessário formar-nos Cristãmente.

SCME: O que importa à Igreja promover para o encontro das pessoas neste “tempo líquido, descartável”, que nos tem tornado, por vezes, tão distantes uns dos outros e das causas que a todos poderiam e/ou deveriam unir? SA: A sua pergunta é muito per nente, pois um dos maiores desafios que se coloca à Igreja é o seu diálogo com uma geração marcada por um forte alheamento pelas grandes perguntas na busca do próprio sen do úl mo da vida. O consumismo e o mito do gozo do prazer máximo, e imediato, empobrecem a “(…) um dos maiores desafios que se coloca à Igreja é reflexão de todos nós, vi mizando, sobretudo o seu diálogo com uma geração marcada por um forte as novas gerações. Sem generalizar, constataalheamento pelas grandes perguntas na busca do -se porém, um empobrecimento na reflexão fipróprio sen do úl mo da vida.” losófica, antropológica e na busca da verdade, caindo-se num rela vismo absoluto, gerador de uma mediocridade banal e fú l, lamentável porque empobrecedora da própria compreensão do humanismo e da É ca, expressas na frequente manipulação e coisificação da pessoa humana. Também o ipsismo em que muitos vivem, ao reduzir o seu mundo à comunicação consigo mesmos, quase sempre no circuito fechado dos novos meios que a informá ca digitalizada nos proporciona. A relação e o diálogo desapareceram de muitas vidas e, por consequência, de muitas Famílias. Como estabelecer contactos e fazer com que estas pessoas se abram aos outros e aceitem a possibilidade e hipótese de outras propostas de vida? Como transmi r os valores e critérios do Evangelho às novas gerações? Como quebrar a tudes “blindadas” e “vidradas” à possibilidade de diálogo? Como romper com circuitos fechados de narcisismo, auto-suficiência e egocentrismo? O Papa “Mais do que denunciar erros, formular e anunciar Francisco tem assumido, na sua vida, o valor do testedoutrina, importa viver o Evangelho no concreto munho, através das páginas do Evangelho traduzidas nos exemplos de vida. Parece-me que a linguagem da vida.” dos sinais será a gramá ca para esta geração a que todos pertencemos. Mais do que denunciar erros, formular e anunciar doutrina, importa viver o Evangelho no concreto da vida; assumir com compromisso e radicalidade o Amor de Deus pela Humanidade, revelado no Evangelho. Os jovens, ao prepararem o úl mo Sínodo, pediram à Igreja três a tudes: Família, ou seja, verdadeiro acolhimento de cada um como é e pensa; Transparência e Coerência na vida. Talvez passe por estas a tudes, a credibilidade da convocatória da Igreja, para fazermos todos juntos um Mundo melhor no qual os valores, humanos e ecológicos propostos pela Carta Encíclica “Laudato Si’” estejam presentes na vivência de uma ecologia integral.

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DESTAQUE

SCME: A Arquidiocese de Évora, enquanto tutela das Misericórdias, como é que vê o futuro destas Ins tuições em termos da promoção dos direitos humanos, no rejeitar de injus ças, na transmissão da Fé aos jovens, bem como no contributo para os obje vos do desenvolvimento sustentável? SA: Só tem futuro o que tem iden dade e a iden dade também se forja na história. As Santas Casas da Misericórdia têm longa história e forte iden dade. Importa permanecer fiel ao seu carisma fundacional e atualizá-lo sempre na fidelidade, ou seja com inovação e empreendedorismo, mas sempre na fidelidade às Obras de Misericórdia Corporais e Espirituais traduzidas no nosso tempo nos conceitos de Solidariedade e de Humanização, sabendo que a Espiritualidade é parte integrante do Ser Humano. Sem se tornarem empresas lucra vas, as Santas Casas têm que cuidar da sua sustentabilidade, que penso vai passar cada vez mais pela qualidade dos serviços prestados e pela humanização das suas valências. As Santas Casas têm que ser peritas em humanidade, têm que ser marcadas pelos afetos, de modo a que ninguém nos seus serviços se sinta só no meio de muita gente. Sem dúvida que esta é a qualidade que marca a diferença Cristã das suas diversas respostas sociais. As Santas Casas têm que ir mais além da qualidade técnica e profissional, devem cul var a excelência da humanização; não “Acredito que as Santas Casas em Portugal têm uma papodemos estacionar no assistencialismo, temos lavra sustentável a dizer na linguagem da Solidariedade que percorrer os caminhos da promoção humana. do futuro que aí vem.” Sem subs tuirmos a Família, temos que construir sempre com a Família, completando-a naquilo que ela não consegue, não pode ou não sabe, sendo sempre família com a família. Acredito que as Santas Casas em Portugal têm uma palavra sustentável a dizer na linguagem da Solidariedade do futuro que aí vem.

SCME: Neste início de ano novo, que mensagem gostaria de deixar aos Irmãos da Misericórdia que nos leem, bem como a toda a comunidade? SA: Apoiemos a nossa Santa Casa da Misericórdia de Évora e todas as Santas Casas. Nós somos a sua força. Que os Irmãos se interessem pelas suas causas, a vidades e projetos. Que as assembleias gerais sejam ocasião de par cipação através de debates vivos e constru vos, expressão do empenho de todos num tempo de ní do inverno da humanização e crescente mentalidade “Gostaria de convocar todos os Irmãos para a missão da de descarte, u lização e manipulação das pessoas Solidariedade, ou seja, que cada Irmão ou Irmã assuma a favor de interesses pessoais ou de grupos. Importa com isso apoiar estes sinais de humanização as questões da Jus ça e dos Direitos Humanos como que são as nossas “Santas Casas”. Gostaria de consuas causas pessoais, nestes 70 anos da Declaração dos vocar todos os Irmãos para a missão da SolidarieDireitos Fundamentais da Pessoa Humana.” dade, ou seja, que cada Irmão ou Irmã assuma as questões da Jus ça e dos Direitos Humanos como suas causas pessoais, nestes 70 anos da Declaração dos Direitos Fundamentais da Pessoa Humana. Que a nossa cidadania seja empenhada para que o primado do materialismo não vença defini vamente, pois gera um ambiente que mata, como nos lembra o Papa Francisco. Procuremos pôr a Pessoa Humana no centro, pois somos discípulos de um Deus que se fez Homem e que pelo Ser Humano deu a vida, uno-me a todos, sobretudo aos sós, aos doentes, às pessoas que experimentam limites e carências, na esperança que não estejam sós. O Amor não morreu, mas está vivo em muitas expressões solidárias, por isso há esperança. Vamos fazer da mensagem de Cristo o compromisso quo diano para minorar os sofrimentos de muitos que se sentem sós. Que no ano de 2019 se cumpra a beleza humanizante do Evangelho. Bom Ano de 2019 para todos!

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Misericórdia de Évora celebrou a quadra festiva do Natal

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NOTÍCIAS

A Santa Casa da Misericórdia de Évora realizou no dia 19 de Dezembro a sua Festa de Natal, contando com a presença do Senhor Arcebispo de Évora, D. Francisco José Senra Coelho, que presidiu à Eucaris a na Capela do Recolhimento Ramalho Barahona. Neste dia fes vo, ainda antes do almoço convívio, no qual es veram presentes utentes, mesários e trabalhadores, houve lugar para a bênção das novas viaturas que estão ao serviço desta Santa Casa. A Tuna da Universidade Sénior de Évora promoveu a animação musical, interpretando músicas próprias desta época fes va que envolveram e encheram de alegria todos os presentes. Ainda durante a tarde deste dia, o Arcebispo de Évora, acompanhado pelo Provedor, deslocou-se ao Hospital da Misericórdia, para visitar os doentes, a quem deixou uma mensagem de esperança e amizade.

Rossio da Estação, 11 | 7940-196 CUBA Telefone: 284 414 139 Fax: 284 414 167 Email: alquimed@sapo.pt 11


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NOTÍCIAS

Trabalhadores reunidos em jantar de Natal Os trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Évora reuniram-se no dia 14 de Dezembro para um jantar de Natal, marcado por muito boa disposição. Este salutar momento de convívio, onde não faltou música e dança, contou também com as famílias dos colaboradores e os membros da mesa administra va.

A Festa de Natal da Creche Rainha D. Leonor A creche Rainha D. Leonor, propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Évora, celebrou o Natal com uma festa que culminou com a habitual entrega de presentes às crianças. Na inicia va es veram presentes os educadores, pais, membros da mesa administra va, entre outros familiares das crianças que par ciparam num lanche, preparado a preceito e alusivo à quadra que se vive.

Lanche de Natal no Lar Nossa Senhora da Visitação No Lar Nossa Senhora da Visitação realizou-se o habitual lanche de Natal, com um animado convívio. O Provedor desta Santa Casa e alguns elementos da mesa administra va es veram presentes, deixando palavras de conforto a quem ali vive. Não faltou a entrega de prendas pelo Senhor Provedor e a música do grupo “K’Abana da Visitação”, que integra os utentes deste estabelecimento residencial.

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Presépio em tamanho real na Igreja da Misericórdia NOTÍCIAS

Para melhor viver a quadra natalícia, e acrescentando desta forma mais um mo vo de visita àquele espaço, a Santa Casa da Misericórdia de Évora instalou na entrada da sua Igreja, um Presépio cons tuído por onze figuras, em tamanho real, convidando os seus Irmãos e comunidade em geral a visitar a Igreja. O Presépio cons tuiu mais um mo vo de visita àquele espaço de enorme beleza patrimonial, que diariamente recebe inúmeros turistas.

Cabazes de Natal entregues a famílias carenciadas Natal é tempo de par lha! A Misericórdia de Évora distribuiu cabazes de Natal junto das famílias mais necessitadas do concelho, que ao longo do ano acompanha com regularidade. A criação destes cabazes contou, também, com a par cipação generosa de muitos Irmãos que quiseram proporcionar a estas famílias um Natal mais tranquilo.

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Um simples par de meias! IRMÃOS

Numa noite de Natal já bastante tarde, ao sair da Missa do Galo, cruzei-me com uma pessoa, um sem-abrigo sentado sozinho ao canto da Igreja. A primeira coisa que me ocorreu foi que ele iria passar o Natal sozinho e não nha ninguém que lhe desse alguma demonstração de carinho. Fui ao meu carro buscar uma camisola bem quente, ofereci-a e sentei-me a conversar. Agradeceu imenso, tanto a camisola como a minha companhia. Para minha surpresa, comentou que o que mais precisava era, de um simples par de meias. A grande revelação do Natal é a inauguração de um es lo de compreensão da vida que passa pela aprendizagem da arte de fazer a PAZ. No Irmão da Montanha aqueles que fazem a PAZ já não são meros negociadores, nem diplomatas de consenso, nem apenas conciliadores. Para Jesus os Pacíficos serão chamados filhos de Deus e serão conhecidos como Jesus: “Alguém que passou fazendo o bem”, isto é que pela força do seu testemunho e pela simplicidade dos seus gestos criava espaços e os que contactaram com Ele se sen am em PAZ. Esta é a missão do Cristão. Criar a PAZ, é certo que não significa apenas anular conflitos, mas sim viver o mandamento do AMOR, de forma a fazer do nosso dia-a-dia e daqueles que mais precisam, o lugar onde se descobre o rosto de um Deus que é, acima de tudo, AMOR e PAZ. Acredito que o Natal é como temos de agir durante todo o ano e a missão de passar este verdadeiro espírito natalício para as gerações futuras para, assim, aos poucos contribuir para um mundo melhor, mais perto dos exemplos do nosso Aniversariante: Jesus! Para todos desejo Um Ano de 2019 cheio de PAZ e AMOR. Maria Teresa Teigão (Vogal da Mesa Administra va)

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Na Misericórdia de Évora trabalha-se a psicomotricidade ao nível da gerontomotricidade, uma área do conhecimento preocupada em garan r a saúde sica, emocional e cogni va das pessoas idosas, e assim promover a sua qualidade de vida e autonomia nas a vidades básicas da vida diária. As aulas de motricidade por nós dinamizadas têm o intuito de aumentar/manter a ap dão sica geral e trabalhar as diferentes capacidades psicomotoras dos par cipantes. Surgiram por proposta de uma colega estagiária de enfermagem, de forma a ir ao encontro do obje vo da sua dissertação sobre o tema do envelhecimento a vo. Pelas suas caracterís cas, decidiu-se integrar nestas aulas o zumba adaptado à terceira idade. Esta é uma forma de fazer exercício u lizando a dança, a música, para trabalhar a ap dão sica geral dos idosos através do prazer do movimento, através da junção de todos estes parâmetros.

RESPOSTAS SOCIAIS

Zumba integra aulas de motricidade dos séniores

As aulas iniciam-se com um breve aquecimento dos vários segmentos corporais, dirigido pela psicomotricista. Seguem-se 30 minutos de zumba com o professor André Silva. Esta a vidade tem sido um sucesso, a que os idosos com muita facilidade têm aderido. Os bene cios são visíveis tanto ao nível motor, cogni vo e emocional naqueles que, diariamente, nela par cipam. Marisa Monteiro (Psicomotricista)

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SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ÉVORA

A importância da leitura em Creche Todos sabemos que as crianças aprendem desde os primeiros momentos de vida. Também sabemos que educar crianças tão pequenas não é apenas alimentar, dar os cuidados necessários e carinho. É também preciso, tão importante como o referido, es mular todos os seus sen dos e o seu intelecto. Escutar histórias é o início de grandes descobertas para crianças desta faixa etária, por isso é fundamental a prá ca de hábitos de leitura. Ao contar-se ou ler-se uma história estamos a despertar a imaginação da criança, a es mular a sua curiosidade e a direcioná-la para um caminho de compreensão do mundo. É importante que estas crianças possam desde muito cedo ouvir histórias ou folhear livros, visto que é através da leitura que a criança vai interiorizando elementos culturais. O contacto com livros possibilita, ainda, a inserção da criança no mundo das letras. A leitura permite, também, a criação de laços afe vos entre leitor e ouvinte e, quando esta é realizada pelos pais, fortalece ainda mais o vínculo familiar. Como nos dizem alguns autores, até ao segundo ano de vida, as palavras estão mais ligadas ao sen mento e à emoção, do que propriamente ao seu significado. As crianças gostam do som e do ritmo das palavras, tanto que começam a tentar imitá-las. Sendo assim, o som das palavras é muito importante, visto que é falando e ouvindo em situações prazerosas que a criança nutre o gosto pela linguagem, que lhe servirá de base para experiências futuras de escuta e leitura de outras histórias. As palavras, as can gas e as histórias ajudam as crianças a iden ficar, expressar e perceber significados referentes à língua. É no falar e ouvir com prazer que a criança ganha gosto pela linguagem que incitará o desejo por ouvir, ver e ler livros. Deste modo, nós, pais e educadores, somos elementos indispensáveis no processo de aquisição da linguagem. Para iniciar este processo de desenvolvimento da linguagem e gosto pelos livros é necessário que as crianças tenham ao seu alcance bons livros, com ilustrações em que possam iden ficar diversas figuras, objetos conhecidos, mesmo sem saberem ainda o seu nome. A criança quererá observar essas figuras que lhes são tão familiares e que “falam” do seu mundo, iniciando, assim, o seu gosto pelos livros. Para terminar, relembro que ler para crianças ainda tão pequeninas cons tui o primeiro e importante passo para formamos uma sociedade de leitores. Maria Inês Penteado (Educadora de Infância)

Ficha Técnica Propriedade: Santa Casa da Misericórdia de Évora Contribuinte: 500 745 846 Rua Mendo Estevens, 6 7000-865 ÉVORA

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Telefone: 266 748 830 Fax: 266 747 509 Email: geral@scmevora.pt URL: www.scmevora.pt www.facebook.com/scmevora

Director: Francisco Lopes Figueira (Provedor) Redação: Mesa Administrativa, Conselho de Ética e Colaboradores Paginação: Ana Talhinhas Periodicidade: Quadrimestral

Tiragem: 500 exemplares Impressão: Gráfica Eborense Depósito Legal: 392222/15 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA


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