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Um percurso no ensino secundário Testemunhos
Um capítulo se encerra. Outro se inicia. Aqueles clichés que ouvimos do tio que apenas vemos quando toda a família se reúne para celebrar uma ocasião especial. Mas a verdade é que, no fundo, ele tem razão. Não quer isso dizer que do último dia do secundário em diante o nosso âmago se transforme drasticamente. Contudo, é, inevitavelmente, um marco, o fim de uma era (na reduzida escala da nossa jovem idade) que vivemos durante 3 anos no secundário ou 12, se contarmos com todos os que respeitam à escolaridade obrigatória. É neste período da nossa vida que aprendemos lições que nos acompanharão nos passos seguin-
– textos e pretextos
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e a ter confiança, aprendemos a gerir expectativas, a falar diante de um auditório e a trabalhar em equipa, aprendemos o valor do esforço, da consistência, da dedicação. Aulas. Aprendizagens essenciais. Objetivos. Muito ganhamos para além de conhecimentos teóricos a que dedicamos tantas horas. É ao longo desta fase que criamos rotinas, estabelecemos prioridades, experienciamos, essencialmente, é neste momento que construímos a nossa base enquanto indivíduos. Convido-vos, assim, a tirar uns breves minutos do vosso dia para refletir na evolução que estes últimos 3 anos vos proporcionaram. Que lições pretendem guardar em mente para os próximos diário, há mais de 5 anos? Deixar pessoas, rotinas e até aquelas paredes brancas sem fim. Os corredores de vidro, as funcionárias, o porteiro sempre sorridente, caras que nunca vou esquecer, salas com defeitos e avarias, defeitos estes que se tornaram parte do meu dia a dia e que subitamente parecem já não ser defeitos. O que dizer do meu secundário? Levo na minha aqui, sei que nunca vou esquecer estes dias e as memórias que comigo ficam. Deixo a Aurélia fisicamente, mas sei que, como qualquer aluno do secundário, nunca me esquecerei da minha segunda casa.
Da esquerda para a direita: Liz Ferreira, 12.º H; Vera Carminé, 12.º E; Mariana Calado, 12.º H; Guilherme Carvalho, 12.º H.
Mariana Calado, 12.ºH
Depois de seis anos letivos na escola, o último está a chegar ao fim. Não sei se me sinto contente por terminar com sucesso um ciclo da minha vida ou se me deixo contagiar pela ânsia, ou talvez medo, de enfrentar um novo capítulo, o da faculdade. A verdade é que esta escola efetivamente nunca mais vai sair da minha vida. Com a memória dela, trago contentamentos, tristezas, amizades, amores, sapiência, companheiros, mas, essencialmente, gratidão. Depois destes anos todos, nunca pensei que este momento de partida me custasse tanto, mas a verdade é que neste momento, no meu quarto, a minha maior vontade é ficar, tanto com os amigos e colegas que fui conhecendo e criando afinidade longo dos anos, como com os professores que serviram como modelos e que certamente vão ficar comigo durante do resto da minha caminhada enquanto estudante e cidadão.
Para os que ficam só deixo uma palavra: aproveitem e, se possível, sejam felizes.
Guilherme Carvalho, 12.º H
Neste período de final de um ciclo que definiu grande parte da minha vida nestes últimos anos - o Ensino Secundário - e o aguardado ingresso na universidade, neste país em que vivo há mais de seis anos e em que passei considerável parte da adolescência, além da típica ansiedade préresultados, sinto que este é um grande momento de reflexão sobre tudo que experienciei nestes anos formativos. Sendo imigrante brasileira e tendo uma bagagem cultural diferente dos meus colegas, sinto que um dos aspetos que mais tenho em consideração na aprendizagem dos últimos anos, curiosamente, foi o contacto com toda uma outra realidade literária a que nunca teria tido acesso da mesma for ma e certamente não na mesma perspetiva. O gosto pela literatura portuguesa é algo que vou levar para o resto da minha vida.
Por outro lado, tive a oportunidade de aprender com professores espetaculares durante os três anos, que possivelmente nunca vão perceber a extensão do meu agradecimento por terem marcado, em geral, uma experiência positiva no meu percurso. Apesar da ansiedade e impaciência esperada em momentos decisivos como este, sinto que os anos de preparação me deixaram confiante para a jornada seguinte.
Liz
Ferreira, 12.º H


Ao lado - Trabalho realizados no âmbito da evocação do 1º centenário da pintora
Aurélia de Sousa - Projeto Cultural de Escola
Impossível
O que está para lá
Para lá da Terra?
Quando os meus olhos se fecham
E o meu mundo se encerra…
E quero tocar nas estrelas
E quero coisas impossíveis
E quero voar
E quero coisas incríveis…
Quero tudo
E parece que vai haver sempre tempo
Mas horas e horas
Voam como o vento…
O que está para lá ninguém sabe.
Mas e do que está aqui
Saberemos mesmo tudo?
Talvez não.
Talvez haja mais para além de um mero estudo.
Escura como o breu
Escura como o breu
Lá estou eu: Por trás de um sorriso Que se calhar era o teu…
Escura como o breu
Lá estou eu: Na sombra de alguém Que fiz de refém.
Mas, afinal, quem sou eu? Quem sou eu que tanto me escondo? Quem sou eu que tanto te procuro?
Sou a melancolia, Aquela que não te deixa fugir Aquela que não te deixa ir.
Maria do Carmo Silva, 8ºC