Arq. popular como alternativa à um modelo de cidade: conhecimento técnico, usuário e participação

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Arquitetura popular como alternativa à um modelo de cidade: conhecimento técnico, usuário e participação


“Saber que tipo de cidade queremos é uma questão que não pode ser dissociada de saber que tipo de vínculos sociais, relacionamentos com a natureza, estilos de vida, tecnologias e valores estéticos nós desejamos. O direito à cidade é muito mais que a liberdade individual de ter acesso aos recursos urbanos: é um direito de mudar a nós mesmos, mudando a cidade. Além disso, é um direito coletivo e não individual, já que essa transformação depende do exercício de um poder coletivo para remodelar os processos de urbanização.” (HARVEY, 2013)




Arquitetura popular como alternativa à um modelo de cidade: conhecimento técnico, usuário e participação

Jeanne Alves Vilela Trabalho de Graduação Integrado I Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos Universidade de São Paulo Coordenado do Grupo de Trabalho: Prof. Dr. João Marcos de Almeida Lopes Comissão de Acompanhamento Permanente (CAP): Prof.ª Dr.ª Aline Coelho Sanches Corato São Carlos-SP Junho/2019



ÍNDICE: 01. 02. 03. 04. 05. 06.

PROBLEMATIZAÇÃO:cidadeconstruídaeumapossívelalternativa.........................................................08 LEITURAURBANA........................................................................................................................................................16 PROCESSO:ler,ouvir,filtrarepropor...................................................................................................................24 REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................................44 DESDOBRAMENTOS...................................................................................................................................................56 BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................................60


Fig. 01.01: Paisagem urbana Jd. Cristo Redentor, RibeirĂŁo Preto-SP


01.

PROBLEMATIZAÇÃO:

cidade construída e uma possível alternativa


Partindo da prerrogativa de que todo discurso oculta inúmeras camadas de conhecimento pessoais e particulares a cada ser, adquiridas nas mais diversas vivências sociais, políticas e culturais; é importante destacar que este Trabalho de Graduação Integrado (TGI) desenvolve-se embasado em uma perspectiva feminista e classista, fundamentada na vivência particular da autora enquanto mulher proveniente de classe social baixa. Dito isso, faz-se necessário à exposição de algumas inquietações da discente ao longo de sua trajetória acadêmica. No que concerne ao alcance da produção acadêmica, desde os primeiros anos da graduação da autora existiu um incômodo crescente, indagações que visavam não só a compreensão de seu lugar de fala [1], mas também uma busca de meios através dos quais poderia retornar à sociedade em forma de conhecimento científico, os recursos aplicados na sua formação. Desta forma, a discente sempre buscou a compreensão da periferia através da história do urbanismo e produção arquitetônica específica destas zonas periféricas, que, como define Mautner (2004, p.254), são fruto da apropriação desigual do espaço urbano, construído de maneira orgânica e impulsionado pelo descaso da administração pública quanto a questão habitacional. A realização de duas Iniciações Científicas voltadas para a compreensão e análise da periferia foram fundamentais na construção de um posicionamento crítico que, primeiramente, esclareceu que a mutação imagética da periferia é construída em concordância à imagem das estruturas governamentais em vigor e consolidada pela mídia; e, posteriormente, evidenciou que a falta de espaço para a participação popular na elaboração da arquitetura e ocultamento do operário na produção da mesma culminam em um afastamento do usuário com o resultado final do edifício/cidade construídos, distanciando a obra da identidade do utente.

Casas con espacios mínimos; juntas y frente a otras, formando un paisaje visualmente confortante pero angustiante. Despersonalización de la vivienda y estandarización de necesidades, extinción de la individualidad. Jorge Taboada [2] A seriação e repetição de casas nos conjuntos residenciais, com ênfase naqueles produzidos em regiões periféricas e com caráter de interesse social, sempre configurou um incômodo ao longo do percurso acadêmico aqui abordado. A fragmentação da malha urbana, interposta por extensos vazios indefinidos, configura espacialidades transitórias que, apesar de figurar como destinação para diversas dinâmicas de uso (residencial, industrial, mista) ou mesmo abandono, por vezes mantém uma memória do que seria a configuração natural daquele ambiente. Caracterizando uma divisão espacial que segrega parte da população da vida urbana, essas zonas estabelecem fronteiras não apenas espaciais e 10


econômicas, mas contrastantes entre o estar, o transpor, o observar e o habitar. É possível considerar que, em sua quase totalidade, a produção atual de habitacional de interesse social no Brasil carece muito de valor arquitetônico. Via de regra, “a obra dos arquitetos exprime ideologicamente o pensamento da classe dominante - a burguesia.” (ARTIGAS [3] apud AMARAL, 1984, p.293) e quando alcança a classe operária atende à lógica do mercado financeiro, distorcendo a busca moderna pelo mínimo necessário para existência e gerando uma série de edifícios que oferecem o mínimo em dimensões, qualidade material e espacial. Desde os tempos da política habitacional do Banco Nacional da Habitação (BNH) é de praxe a construção de conjuntos habitacionais populares de baixa qualidade em áreas periféricas. Apesar de potencializar a produção de casas (produzindo em apenas cinco anos 40% do que o BNH produziu em vinte e dois anos de existência), o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) não diferiu muito do BNH no que diz respeito à prática construtiva. Mais que um programa com a finalidade de suprir o déficit habitacional e atender ao interesse social, o PMCMV é um programa econômico que foi concebido em 2009 como uma resposta à chamada crise dos subprimes de 2007/2008. Inicialmente, o Ministério das Cidades possuía um plano para promover a produção de habitações de interesse social porém O contexto da crise econômica, junto com o enfraquecimento do Ministério das Cidades no seu papel de formulador e condutor da política urbana, levou o governo acolher a proposta do setor da construção civil, apostando no potencial econômico da produção de habitação em massa. (AMORE, 2015, p.16) Por isso, de maneira geral, foi implementado com uma lógica produtiva que visava o lucro, fazendo uso de matéria prima e técnicas construtivas baratas e sendo implantado em terrenos de baixo custo afastados da infraestrutura urbana (RUFINO, 2015, p.64-70). [...] a produção do Programa passa a ter papel relevante na emergência de novas fronteiras periféricas, espécies de “frentes pioneiras” constituídas a partir da implantação de novos conjuntos em franjas periurbanas descontínuas, muitas vezes fora do perímetro urbano preexistente. [...] também passam a ter papel de expansão das periferias em territórios muitas vezes marcados por fragilidades ambientais e próximo a setores com maior vulnerabilidade social, com as clássicas operações de produção de vazios de valorização imobiliária. Muitos desses empreendimentos são acessados por via (ou rodovia) única. (RUFINO, 2015, p.67) 11


Dessa maneira, o PMCMV mostrou-se incapaz de suprir o déficit habitacional, pois a produção de casas populares subsidiada pelo Estado, em geral afastada dos centros urbanos, não atinge a população economicamente menos favorecida e se soma à outras soluções ainda mais ineficientes, embasadas na irregularidade fundiária e na autoconstrução. Elegemos como temática central de trabalho a relação entre a arquitetura e o usuário como ferramenta fundamental na construção de espaços convidativos, acreditando que as instâncias subjetivas do ser (como os sentimentos e sensações) devem ser consideradas na criação de espaços mais interessantes e que incitem o usuário a apropriar-se deles, conforme definição de Gehl (2013, p.115) ““Convite” é a palavra-chave e qualidade urbana na pequena escala - ao nível dos olhos - é crucial.”. No vídeo Arquitetura e o ballet da rua [4] há uma sequência de imagens e reflexões que versam sobre como a morfologia arquitetônica produzida com base nos interesses do mercado imobiliário impacta socialmente nas pessoas e na prática dos espaços públicos: A arquitetura é ação. O edifício não é só o espaço onde as coisas acontecem. O espaço não pode ser separado das coisas que fazemos no espaço. O edifício é parte das ações. (...) Quando a gente não pensa no uso social da rua e dos espaços públicos a gente desperdiça a riqueza daquelas trocas que só acontecem nesses lugares e que fazem as cidades serem tão únicas e diferentes entre si. A gente precisa reconquistar a cidade. Sobre a relação entre edificação construída e usuário, entendemos que a correlação do ser com o ambiente arquitetônico - na sua apropriação e adaptação - é o que vai determinar a qualidade do espaço construído. No que concerne à Arquitetura, a questão se esclarece quando entendemos uma mudança de abordagem feita pelos arquitetos contemporâneos, que deslocam a arquitetura do âmbito dos objetos para o âmbito das relações, ou seja, deixam de ver a arquitetura como a edificação pura e simples (o objeto em sua materialidade) e passam a abordá-la como o conjunto de interações que acontece entre os habitantes, mediados pela edificação. (CABRAL FILHO, 2007) Trazendo o conceito de lugar de Reis-Alves (2006), que a partir de sua apreciação sobre o trabalho de NorbergSchulz, diz que mais do que sua localização geográfica, o lugar é a manifestação tectônica daqueles que nele habitam. A produção habitacional é a produção do espaço da vida das pessoas e deve, por obrigatoriedade, refletir as dinâmicas de uso e necessidades da população que nela abriga. A frase que abre este TGI, e que repetimos a seguir, traz 12


justamente a ideia de que a representatividade na produção arquitetônica pode incrementar positivamente a experiência urbana para o usuário e se vincula à ideia de direito à cidade conforme explica Harvey (2013): Saber que tipo de cidade queremos é uma questão que não pode ser dissociada de saber que tipo de vínculos sociais, relacionamentos com a natureza, estilos de vida, tecnologias e valores estéticos nós desejamos. O direito à cidade é muito mais que a liberdade individual de ter acesso aos recursos urbanos: é um direito de mudar a nós mesmos, mudando a cidade. Além disso, é um direito coletivo e não individual, já que essa transformação depende do exercício de um poder coletivo para remodelar os processos de urbanização. Ao longo da produção deste trabalho, questionamos se seria viável uma arquitetura popular, capaz de influenciar na mudança da realidade da produção da casa operária e de sua relação com o usuário e encontramos eco de nossas inquietações no pensamento de Artigas: Esperar por uma nova sociedade e continuar fazendo o que fazemos, ou abandonar os misteres de arquiteto, já que eles se orientam numa direção hostil ao povo e lançar-nos na luta revolucionária completamente? (...) enquanto a ligação entre os arquitetos e as massas populares não se estabelecer, não se organizar, enquanto a obra dos arquitetos não tiver sua glória de ser discutida nas fábricas e nas fazendas, não haverá ARQUITETURA POPULAR. (ARTIGAS [3] apud AMARAL, 1984, p.295). Essa mudança a qual alude Artigas, se não vier através da revolução proletária, deve vir da maneira com a qual produzimos a arquitetura e a distribuição. Dito isso, salientamos a importância da postura do arquiteto não como detentor soberano da ciência e da técnica, mas como detentor de um tipo de conhecimento que configura uma das variáveis na construção de uma alternativa de cidade que seja mais justa, igualitária, humana e que cumpra com os direitos universais do homem (declarados pela Organização das Nações Unidas) e pelo direito à moradia (garantido pela constituição). (...) a urbanização era essencial para a sobrevivência do capitalismo e, portanto, estava destinada a tornar-se um foco crucial da luta política e de classes (...) Um passo para a unificação dessas lutas é adotar o direito à cidade, como slogan e como ideal político, precisamente porque ele levanta a questão de quem comanda a relação entre a urbanização e a produção do lucro. A democratização desse direito, e a construção de um amplo movimento social para fazer valer a sua vontade são imperativas para que os despossuídos possam retomar o controle que por tanto tempo lhes foi negado e instituir novas formas de urbanização. Lefèbvre estava certo ao insistir em que a revolução tem de ser urbana, no sentido mais amplo do termo; do contrário, não será nada. (HARVEY, 2013). 13


NOTAS [1] “O conceito [lugar de fala] representa a busca pelo fim da mediação: a pessoa que sofre preconceito fala por si, como protagonista da própria luta e movimento. É um mecanismo que surgiu como contraponto ao silenciamento da voz de minorias sociais por grupos privilegiados em espaços de debate público.” DIAS, Tatiana; MOREIRA, MAtheus. O que é ‘lugar de fala’ e como ele é aplicado no debate público. Online. Nexo Jornal Ltda, 15 jan. 2017. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/01/15/O-que-%C3%A9-%E2%80%98lugar-de-fala%E2%80%99-ecomo-ele-%C3%A9-aplicado-no-debate-p%C3%BAblico>. Acesso em 27 de Novembro de 2018. [2] TABOADA, Jorge. Alta Densidad. Texto descritivo para exposição de trabalhos fotográficos. Disponível em: <http://jorgetaboada.wixsite.com/jorgetaboada/alta-densidad>. Acesso em 20 de Setembro de 2018. [3] ARTIGAS, J. B. Vilanova. Le Corbusier e o imperialismo. São Paulo: Fundamentos, maio de 1951. [4] Arquitetura e o ballet da rua. Idealização e Concepção: Vinicius M. Netto. Roteiro: Bruno Passari. Direção: Nina Tedesco. Online. 16’’18’. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9HRxbbuxVvk>. Acesso em 16 de Agosto de 2018.

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Fig. 02.01: Vista aĂŠrea do centro da cidade de RibeirĂŁo Preto-SP


02.

LEITURA URBANA


Buscando uma localidade onde a inserção dos conjuntos habitacionais de interesse social reproduzissem a lógica serial expressa nas problematizações iniciais e a partir da vivência particular da autora, escolhemos como objeto de estudo a cidade de Ribeirão Preto, localizada no noroeste paulista, distando cerca de 315km da capital do estado. Segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui população estimada para 2018 de quase 700 mil habitantes distribuídos em uma área de 650 mil Km². Ribeirão Preto é sede da Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP), reunindo 25 municípios, e um importante polo econômico. Possui maior destaque nas áreas do agronegócio, serviços e educação; apresentando um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 0,800, quase tão alto quanto o do município de São Paulo que é de 0,805, e percentual de 49% da população com escolaridade acima de Ensino Médio completo. Apesar de seu status de cidade desenvolvida, a cidade apresenta um processo de expansão urbana explicitamente segregacionista, como podemos apreender da análise das Figuras 02.03 e 02.04. POZZO (2015, p.105-118) descreve de maneira detalhada esse processo de expansão, que não cabe ser reproduzido aqui, mas apontamos os principais momentos para compreensão da morfologia urbana atual da cidade. Ribeirão Preto apresentou gradual aumento populacional desde o estabelecimento dos primeiros pequenos agricultores (1811), em decorrência à crise da mineração e, posteriormente, à marcha do café, até a formação de seu núcleo urbano original (1845) e fundação oficial (1856), ganhando a alcunha de “A Capital Mundial do Café”. Seu posicionamento estratégico configurava caminho obrigatório do escoamento da produção agrícola entre as principais cidades de Minas Gerais, a capital paulista e o porto de Santos, sendo sua localização fator fundamental para a implantação da ferrovia em 1884. A presença da ferrovia e o contexto de guerra intensificaram os processos imigratórios, sobretudo de italianos. Entre o final do século XIX e a primeira década do século XX, o estabelecimento de uma estação ferroviária no núcleo urbano original, bem como a implantação do Mercado Municipal e da Companhia Cervejaria Paulista na região, ocasionaram um crescimento urbano setorizado e sanitarista com intensa diferenciação socioespacial, onde a população de menor poder aquisitivo iniciou a ocupação da porção norte, próxima ao Córrego Ribeirão (bairro da República) e a população de maior poder aquisitivo deslocou-se para a porção sul (bairro Jardim Higienópolis). Com a crise de 1929 e novo contexto de guerra, as décadas de 1930 e 1940 são marcadas pela substituição do cultivo do café pelo cultivo de cana-de-açúcar e por uma nova onda migratória. Grandes indústrias (metalúrgicas e cerâmica) instalam-se na cidade e, em decorrência disto, ocorreu o

Fig. 02.02: Mapa do Município de Ribeirão Preto contendo Carta Ambiental e Macrozoneamento Urbanístico

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alargamento dos bairros populares, que se caracterizavam por ser o local onde a população mais vulnerável trabalhava e morava. Esse período também é marcado pela chegada de grandes equipamentos culturais à cidade, como o Teatro Pedro II. Em 1960, a partir de uma parceria com o Departamento de Estradas e Rodagens do Estado de São Paulo, é aprovado um Plano de Vias que orienta a implantação dos Anéis Viários Contorno Sul e Norte e sua ligação com o Centro, caracterizando também uma maior articulação viária em níveis regional e estadual. A partir da década de 1970, uma série de financiamentos subsidiados pelo Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool) [5] voltados para a consolidação da indústria sucroalcooleira no Brasil beneficia a mercantilização da agricultura canavieira e gera uma onda migratória no sentido campo-cidade, gerando o crescimento urbano e proporcionando à cidade um novo apelido em decorrência do aumento do setor terciário e da oferta de empregos: “A Califórnia Brasileira”. A produção habitacional de moradias para a população de classe baixa deste período é demarcada pela ação da Companhia Regional de Ribeirão Preto (COHAB-RP) [6], a partir de financiamentos do BNH, com produção de conjuntos descontínuos no território urbano e em regiões carentes de infraestrutura básica e equipamentos, incrementando o nível de segregação socioespacial do eixo norte-sul (POZZO, 2015, p.128 e SHIMBO, 2014). A partir da segunda metade da década de 1990, tendo em vista a crise do BNH e dos programas habitacionais, a COHABRP amplia suas parcerias e continua com a produção de habitações sociais de mesmo caráter, porém em menor escala, limitando-se à produção de conjuntos voltados à reurbanização e erradicação de favelas. Com a implantação do Ribeirão Shopping em 1991 no extremo Sul da cidade, ocorre um aumento na discrepância da ocupação da zona urbana; enquanto a zona norte caracteriza-se pela presença de conjuntos habitacionais de pequeno porte e favelas, a zona sul caracteriza-se pela presença de condomínios (espaços autossegregados) e verticalização. A segregação socioespacial e a lógica de valorização imobiliária se expressão claramente, como podemos observar na Figura 02.04. Apesar da distribuição uniforme das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) no perímetro urbano, ocupando parcelas homogêneas tanto da Zona de Urbanização Preferencial (ZUP) quanto da Zona de Urbanização Controlada (ZUC); a produção de habitação social segue a mesma lógica dos primórdios da ocupação da cidade, deixando a região Sul para habitações de alto padrão e valorização imobiliária. Fig. 02.03: Mapa do Município de Ribeirão Preto contendo Evolução da Área Urbana Ocupada

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NOTAS [5] “O Programa Nacional do Álcool (Decreto no. 76.593, de 14 de novembro de 1975) compareceu como uma política pública que se voltou para o estabe-lecimento de uma alternativa energética frente às crises de petróleo da dé-cada de 1970. A alternativa que se viabilizou foi a produção de álcool com-bustível, a partir da fermentação da cana-de-açúcar, ao mesmo tempo em que foram feitas as readequações para a produção de novos automóveis voltados ao consumo desse novo produto.” (THOMAZ Jr, 2002 apud POZZO, 2015, p.90) [6] “Empresa de capital misto implantada em 1969, na qual, a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto é a acionista majoritária. Além de investidores pri-vados, outras Prefeituras Municipais da Região Administrativa de Ribeirão Pre-to, também compõem o quadro de acionistas. Com financiamentos obtidos, principalmente, a partir de Programas Habitacionais do Governo Federal, tem atuação regional no processo de implantação de conjuntos habitacionais e da comercialização de suas unidades junto aos segmentos de baixo poder aquisi-tivo.” (POZZO, 2015, p.128)

Fig. 02.04: Mapa do Município de Ribeirão Preto contendo Diferenciação e Segregação Socioespacial

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Fig. 03.01: Paisagem urbana Jd. Cristo Redentor, RibeirĂŁo Preto-SP


03.

PROCESSO:

ler, ouvir, filtrar e propor


A partir da leitura urbana da cidade de Ribeirão Preto, escolhemos como objeto de estudo o bairro conformado pelo conjunto habitacional denominado Jardim Cristo Redentor, localizado na região Noroeste da Zona de Expansão Urbana, distando cerca de 8km do quadrilátero central. Empreendimento da Construtora Pacaembu em parceria com a COHAB-RP, esse conjunto teve financiamento da Caixa Econômica Federal, contemplando a Faixa 2 [7] do PMCMV, e teve sua construção iniciada no ano de 2017 e sua ocupação, a partir de dezembro de 2018. A região onde se encontra o Jd. Cristo Redentor está ligado à antiga destilaria Galo Bravo e à família Balbo, cuja história de construção de seu patrimônio está associada de maneira direta à história da imigração italiana na região. Segundo as diretrizes do Plano Diretor de Ribeirão Preto (Lei Complementar 2866/2018), nossa área de estudo se encontra em uma Zona de Urbanização Controlada (ZUC), que é uma região da cidade que deve atender aos parâmetros de baixa densidade de urbanização e infraestrutura reduzida a fim de minorar os impactos na Zona de Urbanização Preferencial. Também caracterizada por ser uma Zona de Uso Disciplinado 2 (ZUD2), que deve obedecer estratégias para reduzir o impacto das enchentes urbanas. Além disso, é uma ZEIS1, cuja ocupação é destinada construção de moradias voltadas à população de baixa renda, conforme definição estabelecida na Lei de Habitação de interesse Social (LHIS). Dentro dessa classificação, deve atender à um Coeficiente de Aproveitamento (CA) entre 0,8 e 5,0 e densidade habitacional máxima de 2.000 hab./há; enquanto as edificações devem possuir lote mínimo de 250 m², 10 metros de frente linear e 10% de área permeável.

Fig. 03.02 (abaixo): Infográfico cronológico do empreendimento Vida Nova Ribeirão Fig. 03.03 (p.28-29): Plano de Usos do Jd. Cristo Redentor

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Este bairro foi elegido como objeto de estudo pois vem ao encontro do modelo de produção em série de habitação social, localizado às margens do território urbano e carente de qualificação arquitetônica, praticados largamente pelos programas governamentais de promoção de habitação social desde meados do século passado, como expresso nas problematizações iniciais deste trabalho. São previstas 6.991 unidades e cerca de 30.000 moradores. Apesar de contemplar as diretivas do Plano Diretor quanto ao CA, densidade habitacional e área permeável, os lotes possuem somente 8 metros de frente linear e 160m². Viemos acompanhando sua ocupação desde a entrega das chaves aos compradores em Dezembro de 2018 até o início de Junho de 2019. A hipótese inicial de trabalho consistia na produção de uma Avaliação Pós Ocupação (APO) para identificação das demandas dos moradores quanto à adaptação das plantas das unidades habitacionais para a especificidade de cada família. Cientes da limitação de tempo, por tratar-se de uma disciplina semestral que tem por objetivo final a elaboração de um projeto arquitetônico, e embasados no trabalho de FRANÇA; ONO; et al. (2018), propusemos a realização de três técnicas para compor a APO pretendida, sendo elas 1. Levantamento de Dados, 2. Walkthrough e 3. Questionário com os moradores. Em Dezembro/2018 foi realizada a Etapa 1, com coleta de dados frios sobre o empreendimento através de consulta ao material publicitário da construtora, notícias e Manual do Morador fornecido pela mesma, além de registros fotográficos. Nesta etapa, foi elaborado um Plano de Usos (IMAGEM 00) da gleba através de observação direta, pois mesmo após inúmeros contatos da discente com a construtora esse material não foi disponibilizado.

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Fig. 03.04 (acima à esquerda): Mapa de Cheios e Vazios da Região Noroeste da Cidade de Ribeirão Preto-SP Fig. 03.05 (ao lado): Mapa de Gabarito das Edificações da Região Noroeste da Cidade de Ribeirão Preto-SP Fig. 03.06 (acima): Mapa de Curvas de nível e Corte Esquemático do bairro Jd. Cristo Redentor


Fig. 03.07: Distância Diametral dos Principais Comércios e Serviços



Seguindo o cronograma da disciplina, a Etapa 2 aconteceu em Abril/2019, onde foram realizadas observações in loco do processo de ocupação do conjunto além de novos registros fotográficos. Constatou-se que grande parte das casas já haviam iniciado a construção de muros, impermeabilização do terreno e pequenas alterações nas plantas. Também observou-se que diversos estabelecimentos de serviços de construção civil, elétrica, mecânica, serviços em estética e em alimentação já floresciam informalmente nos quintais das residências em todo o bairro. Nas imagens ao lado (Fig. 03.08), fazemos um comparativo do bairro antes de sua ocupação (Dez.2018) e após as reformas iniciais (Abr.2019), evidenciando a grande velocidade com a qual as alterações observadas foram realizadas. Também registramos os equipamentos já construídos, sendo eles o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e a Unidade Básica de Saúde (UBS), embora esta última ainda esteja inoperante; além de parte das unidades que ainda estão em construção. A Etapa 3 da APO realizou-se em Maio/2019, onde elaboramos um pequeno questionário e aplicamos em uma amostragem de 21 moradores, abordados em praça pública durante um final de semana. Este questionário compunha-se de 7 questões: 1. Gênero 2. Idade 3. Você gosta da casa? 4. Você mudaria/já mudou algo na casa? 5. Você gosta do bairro? 6. Você mudaria/já mudou algo no bairro? 7. Como você lida com a distância? Esperávamos encontrar nas respostas à essas perguntas demandas dos usuários a respeito de modificação das residências e do contexto urbano do bairro, entretanto as respostas obtidas apontavam um grau de satisfação com a casa e ao bairro muito elevado (ver Tabela 03.01 na p.36). Sobre as unidades habitacionais somente a construção do muro pareceu questão de relevância para os moradores, enquanto o tamanho da cozinha apareceu em algumas falas. Sobre o bairro, as únicas queixas existentes versavam sobre a falta de escolas - sendo que existe um Centro de Educação Infantil (CEMEI) em construção e o projeto de uma Escola de Ensino Infantil (EMEI) - e comércios. Já sobre a distância, apesar das queixas com o transporte público lotado, visto que somente uma linha atende ao bairro, as respostas foram quase unânimes em dizer que lidavam de maneira tranquila com a distância por possuir veículo próprio e pelo bairro estar localizado junto ao Anel Viário Norte, otimizando o transporte para quase todos os pontos da cidade.

Fig. 03.08: Fotomontagem do Jd. Cristo Redentor

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abril.2019

dezembro.2018

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Tabela 03.01 – Síntese das Entrevistas com Moradores


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Encarando a dissonância entre as respostas esperadas e o resultado obtido na APO, nos questionamos qual caminho projetual seguir. Nos parecia incongruente seguir com as propostas de flexibilização de planta, visto que as ampliações sugeridas pela construtora no Manual do Proprietário (Fig. 03.09) pareciam atender às demandas dos usuários. Além disso, nos parecia inconsistente propor a construção de equipamentos públicos já previstos pela construtora. Tendo em mente uma frase atribuída à Lenin que diz que ás vezes é preciso “dar um passo atrás para dar dois à frente”, retornamos às nossas leituras a fim de filtrar uma solução adequada ao impasse no qual chegamos. O desafio: encontrar um equipamento público que sintetizasse todos os anseios da autora nas questões de promoção da participação social, consolidação do espaço urbano, integração das atividades comerciais e serviços já presentes no bairro - mesmo após somente 7 meses de ocupação – e fomento de um senso comunitário. A resposta: projetar um Centro Público de Economia Solidária (CPES). A economia solidária tem sido uma resposta importante de trabalhadores e trabalhadoras às transformações no mundo do trabalho. Trata-se de uma alternativa de geração de trabalho e renda pela via do trabalho que combina os princípios de autogestão, cooperação e solidariedade na realização de atividades de produção de bens e de serviços, distribuição, consumo e finanças. (1º Plano Nacional de Economia) O conceito de Economia Solidária segundo Paul Israel Singer [8] (2015), nasce em meados do século XIX, na Inglaterra, a partir da promoção dos princípios do cooperativismo. No Brasil, as cooperativas afloram a partir da iniciativa da Cáritas Brasileira [9], como resposta à austeridade do governo militar na década de 1980, que provocou cortes e redução de gastos após a crise do petróleo, quebra de diversas empresas e, consequentemente, altas taxas de desemprego. Durante os governos presidenciais do Partido dos Trabalhadores (PT), foram promovidos diversas Conferências Nacionais de Economia Solidária, culminando na produção de um instrumento de política pública chamado de 1º Plano Nacional de Economia (2015- 2019), contendo estratégias de ações de incentivo, programas e projetos estratégicos e um modelo de gestão para o fortalecimento da economia solidária no país. Aguarda a apreciação do Senado Federal o Projeto de Lei 1.685/2012 que dispõe sobre a Política Nacional de Economia Solidária e os empreendimentos econômicos solidários, cria o Sistema Nacional de Economia Solidária e dá outras providências. Em Ribeirão Preto, foi aprovado em Março de 2017 a Lei Municipal 13.959/2017, que institui a política municipal de fomento à economia solidária, cria o Programa Municipal de Economia Solidária e dá outras providências. Assim sendo, embasados nas leituras urbanas, APO, vivência particular e observação direta e apoiados nas legislações 38


existentes, elaboramos um programa de atividades para o CPES, conforme Tabela 03.02, que pudesse fortificar as atividades de comércio e serviço constatadas como existentes, além de estimular a emergência de novas atividades colaborativas. O lote escolhido para a implantação do CPES, localiza-se na região central do bairro Jd. Cristo Redentor, facilitando o acesso à toda a comunidade. Conta com uma área de aproximadamente 30.000m², onde também se encontra um grande reservatório de água e uma cabine de apoio e manutenção do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (DAERP). Materializamos o programa proposto em um esboço inicial, expresso na Fig. 03.09 (p.41). Grupo

Ruidosos (oficinas e ateliês)

Silenciosos (salas administrativas, salas de aula, de reunião e de orientação jurídica) Áreas de Apoio

Programa

Quantidade

Metragem

Metragem Total

(m²)

(m²)

Restaurante Escola

1

900,00

900,00

FabLab

1

37,50

37,50

Oficina Mecânica

1

100,00

100,00

Ateliê de Construção Civil

1

100,00

100,00

Ateliê de Reciclagem

1

100,00

100,00

Marcenaria

1

100,00

100,00

Ateliê de Artesanato

1

100,00

100,00

Oficina de Cosmética/Beleza

2

25,00

50,00

Área Administrativa

4

14,06

56,25

10

31,25

312,50

Auditório

1

150,00

150,00

Vestiários

4

25,00

100,00

Banheiro

8

18,75

150,00

Área Total

1356,25

Salas de Aula

Tabela 03.02: Programa para CPES

NOTAS [7] A Faixa 2 do PMCMV contempla famílias com renda bruta de até R$ 4.000,00 e pode conceder até R$ 29.000,00 em subsídios. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br/voce/habitacao/minha-casa-minha-vida/ urbana/Paginas/default.aspx>. Acesso em 02 de Maio de 2019. [8] Paul Israel Singer (1932-2018) foi um economista e professor brasileiro. Foi docente na Universidade de São Paulo e teve seus direitos políticos cassados pelo AI-5 durante a ditadura. Auxiliou na fundação do PT, atuando como Secretário Municipal de Planejamento de São Paulo na gestão de Luiza Erundina e como titular da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), que implementou, a partir de junho de 2003, no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: <https:// teoriaedebate.org.br/2005/04/10/paul-singer/>. Acesso em: 18 de Junho de 2019. [9] A Cáritas Brasileira é é um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e consiste em uma entidade de promoção e atuação social que trabalha na defesa dos direitos humanos, da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário. Disponível em: < http://caritas.org.br/>. Acesso em: 18 de Junho de 2019.

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Fig. 03.09: Monatgem contedo Planta esc. 1:100, detalhe de Sistema Construtivo em Alvenaria Estrutural e Ampliaçþes Sugeridas



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Fig. 03.10: Implantação Esquemática de CPES




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REFERÊNCIAS


MUTIRÃO DA JUTA NOVA ESPERANÇA Usina CTAH Bairro de São Mateus - São Paulo, São Paulo 1993 - 1194 Palavras-chave: Participação popular. Uso de materiais de fácil manejo (estruturas de metal pré-fabricadas e tijolo).

Este projeto serve como referência na produção de habitação social popular através de mutirões. Dentre os materiais utilizados, destacamos a alvenaria em cerâmica que é reconhecida pela popula-ção como material de manejo fácil na construção civil e o uso perspicaz da escada em metal como nível e como andaime para a construção dos edifícios. Link do Projeto: http://www.usina-ctah.org.br/jutanovaesperanca.html

Fig. 04.01: Foto do conjunto ainda em fase de construção.

Fig. 04.02: Planta geral do conjunto mostrando a articulação entre os três tipos de plantas, em destaque, desenvolvidos no projeto.

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Fig 04.03: Foto do conjunto ainda em construção. Nesta foto é possível ver as escadas em estrutura metálica, um dos primeiros elementos do projeto a ser construído.

Fig 04.04: Foto da população local trabalhando na construção da fundação do conjunto.

Fig. 04.05: Foto do conjunto ainda em construção.

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CONJUNTO HABITACIONAL DO JARDIM EDITE MMBB Arquitetos e H+F Arquitetos Itaim Bibi - São Paulo, São Paulo 2010 Palavras-chave: Programa habitacional aliado a equipametos. Deste projeto, destacamos a articulação entre a promoção de habitação social verticalizada a um embasa-mento constituído por três equipamentos públicos – Restaurante Escola, Unidade Básica de Saúde e Cre-che – orientados tanto para a comunidade moradora como para o público das grandes empresas próximas, inserindo o conjunto na economia e no cotidiano da região. O projeto possui uma área total construída de 25.500 m², com 252 Unidades Habitacionais de 50 m². O Restaurante Escola tem 850 m², a Unidade Básica de Saúde, 1300 m², e a Creche, 1400 m². Link do Projeto: https://bit.ly/2Kvaz9V

Fig. 04.06: Foto do conjunto a partir da Av. Engenheiro Luís Carlos Berrini.

Fig. 04.07: Perspectiva e esquema indicando a distribuição do programa.

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Fig. 04.08: Foto aérea do conjunto. Nesta foto é possível ver a articulação entre os diferentes edifícios que compõem o projeto.

Fig. 04.09: Foto do pátio interno do conjunto. Nesta fot destaca-se as áreas livres e os corredores de circulação do térreo.

FIig. 04.10: Foto da cozinha, em primeiro plano, e da sala de estar, em segunddo plano, de um dos apartamentos do conjunto.

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ESCOLAS RURAIS TRANSITÓRIAS João Figueiredo Lima - Lelé Abadiânia, Goiás 1982-1984 Palavras-chave: Argamassa armada e modulação.

Deste projeto destacamos as técnicas construtivas (uso de argamassa armada, e módulos construtivos a fim de otimizar o canteiro de obras e promover um projeto econômico. Além da valorização da iluminação e ventilação naturais, carasterísticas à todas as obras de Lelé. Link do Projeto: https://bit.ly/2Ktgoca

Fig. 04.11: Foto do escola mostrando o seu estado nos dias atuais e sua apropriação por parte dos estudantes.

Fig. 04.12: Esquema ilustrativo do sistema de montagem da escola.

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Fig. 04.13: Foto mostrando a escola na época de sua inauguração.

Fig. 04.14: Foto do conteiro de obras da escola. Nesta foto é possível ver o Lelé trabalhando na construção da fundação da escola.

Fig. 04.15: Perspectiva ilustrando a proposta de sala de aula polivalente com divisória móvel com quadro de giz.

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ESCOLA ESTADUAL PARQUE SÃO BENTO BVY Arquitetos Parque São Bento - Campinas, São Paulo 2008 Palavras-chave: Pré-fabricados e facilifade de montagem. Este projeto integra o programa de construções escolares em estrutura de pré-moldado de concreto da FDE – Fundação para o Desenvolvimento da Educação, do Governo do Estado de São Paulo. A estrutura pré-fabricada garante a qualidade e a durabilidade da obra, com execução em prazos menores que outros sistemas convencionais. A construção do edifício parte de uma lógica rígida, determinada pela modulação da estrutura pré-fabricada e pela economia de materiais. O projeto tira proveito da lógica estrutural, utilizando as vigas de concreto como elementos de sombreamento das salas de aula e de identidade visual da escola. Link do Projeto: https://bit.ly/2ITLlD0

Fig. 04.16: Foto de um dos pátios da escola sendo usado pelos estudantes.

Fig. 05.17: Planta de situação mostrando a implantação do edíficio em relação ao conjunto habitacional Parque São Bento.

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Fig. 04.18: Foto mostrando a relação do edifício com as habitações do conjuto no qual está inserida.

Fig. 04.19: Foto mostrando a relação do edíficio com o relevo do seu entorno. Um dos acessoa à escola se dá por meio de uma passarela.

Fig. 04.20: Foto interna da quadra de esportes. Nesta foto é possível observar como o tipo e a posição do fechamento escolhido, os cobogós, contribuem para a iluminação e a ventilção natural deste espaço.

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FÁBRICA DE BALSAS DE BAMBU WUYISHAN TAO - Trace Architecture Office Xingcun Town, Wuyishan Mountain, Fujian, China 2013 Palavras-chave: Estrutura e Programa de porte industrial. Deste projeto destacamos sua estrutura e simplicidade. Levando em conta o princípio de localização e economia, utilizou-se concreto in situ para a estrutura, blocos ocos de concreto para o sistema de muros exteriores, telhas de cimento para o material das coberturas, bambu e madeira para portas, janelas e corrimãos. Sem muitos acabamentos superficiais, todos os materiais apresentam suas próprias características. O caráter industrial do projeto desencoraja o desenho supérfluo; utilizando os elementos mais básicos para sua construção, a arquitetura revela naturalmente sua lógica estrutural e material. O projeto concilia a simplicidade estética com uma economia de meios, através da qual a arquitetura pode demostrar sua resolução em forma e função. Link do Projeto: https://bit.ly/2XsC9Pf

Fig. 04.21: Foto mostrando a articulação entre os diferentes edifícios que compõem a fábrica. e o pátio interno configurado por eles.

Fig. 04.22: Planta geral mostrando a articulação entre os diferentes edifícios que compõem a fábrica.

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Fig. 04.22: Foto interna do Ateliê de Fabricação. Nesta foto é possível observar com o interior é iluminado naturalmente pelos sheds e pelos fechamentos laterias em vidro.

Fig. 04.23: Foto interna do Edifício de Escritório e Domitórios. Nesta foto é possível observar os diferentes materiais utilizados no projeto, se destacando os caules de bambu dispostos ao longo da galeria de modo a formar persianas que proporcionam sombras e ventilação.

Fig. 04.24: Foto do processo de construção da fábrica.

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05.

DESDOBRAMENTOS



Para o próximo semestre planejamos a revisão bibliográfica sobre a temática da Economia Solidária para melhor fundamentar o programa de atividades do CPES proposto. Em consequência desse aprofundamento na temática, procederemos com a revisão dos esboços iniciais para melhor adequação do programa ao sítio escolhido. Como a questão da participação do usuário é de profundo interesse da autora, a proposta de construção do CPES se daria em conjunto com a comunidade local, em um sistema de mutirão e, para tanto, faz-se necessária a fundamentação teórica da discente nesse sentido. Para atender essa demanda, é necessário que o processo construtivo seja repensado. Nesse sentido, a materialidade proposta para o projeto atende ao desejo de facilitar o canteiro de obras, tornando-o acessível a uma população que não necessariamente está familiarizada com a construção civil e promovendo um espaço convidativo, inspirados nas iniciativas da USINA-CTAH e na argamassa armada de Lelé. Por último, informamos que a pretensão da discente de que a realização de um curso durante o período de férias letivas (Jul.2019) sobre a temática do Empreendedorismo vá fundamentar melhor as proposições programáticas deste trabalho, visto a aquisição de um conhecimento específico no que diz respeitos às iniciativas de outras dinâmicas laborais colaborativas que não a lógica trabalhista capitalista.

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06.

BIBLIOGRAFIA


ÍNDICE DE IMAGENS CAPA FIGURA 00.01 – Vista aérea do empreendimento Vida Nova Ribeirão Fonte: Revista Pacaembu Construtora ed.19, ano 7, p.1 CAPÍTULO 1. FIGURA 01.01 – Paisagem urbana Jd. Cristo Redentor, Ribeirão Preto-SP Fonte: Foto da autora. CAPÍTULO 2. FIGURA 02.01 – Vista aérea do centro da cidade de Ribeirão Preto-SP Disponível em: <https://guiacidades.files.wordpress.com/2009/12/catedral-vista-aerea.jpg?w=640>. Acessado em: 18 de Junho de 2019. FIGURA 02.02 – Carta Ambiental e Macrozoneamento Urbanístico Fonte: Produzido pela autora com base no Plano Diretor da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto (Lei Complementar 2.505/2012 e Lei Complementar 2.688/2018). FIGURA 02.03 – Área Urbana Ocupada Fonte: Produzido pela autora com base em (POZZO, 2015, p.116) FIGURA 02.04 – Diferenciação e Segregação Socioespacial Fonte: Produzido pela autora com base em (POZZO, 2015, p.131), (ABREU, 2014, p.49) e Plano Diretor da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto (Lei Complementar 2.505/2012 e Lei Complementar 2.688/2018). CAPÍTULO 3. FIGURA 03.01 – Paisagem urbana Jd. Cristo Redentor, Ribeirão Preto-SP Fonte: Foto da autora. FIGURA 03.02 – Infográfico cronológico do empreendimento Vida Nova Ribeirão Fonte: Revista Pacaembu Construtora ed.19, ano 7, p.4-5 FIGURA 03.03 – Plano de Usos do Jd. Cristo Redentor Fonte: Elaborado e produzido pela autora. FIGURA 03.04 – Cheios e Vazios Fonte: Produzido pela autora com base em imagens do Google Street View (2017). FIGURA 03.05 – Gabarito das Edificações Fonte: Produzido pela autora com base em imagens do Google Street View (2017). FIGURA 03.06 – Curvas de nível e corte esquemático Fonte: Elaborado e produzido pela autora. FIGURA 03.07 – Distância diametral dos principais comércios e serviços Fonte: Elaborado e produzido pela autora. FIGURA 03.08 – Fotomontagem do Jd. Cristo Redentor Fonte: Fotos da autora. TABELA 03.01 – Síntese das Entrevistas com Moradores Fonte: Elaborado e produzido pela autora. TABELA 03.02 – Programa para CPES Fonte: Elaborado e produzido pela autora. FIGURA 03.09 – Planta esc. 1:100, detalhe de Sistema Construtivo em Alve-

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naria Estrutural e Ampliações Sugeridas Fonte: Produzido pela autora com base no Manual do Proprietário distribuído pela Pacaembu Construtora. FIGURA 03.10 – Implantação Esquemática de CPES Fonte: Elaborado e produzido pela autora. CAPÍTULO 4. FIGURA 04.01 à 04.05 – Mutirão da Juta Nova Esperança Disponível em: <http://www.usina-ctah.org.br/jutanovaesperanca.html>. Acessado em: 20 de Junho de 2019. FIGURA 04.06 à 04.10 – Conjunto Habitacional do Jd. Edite Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-134091/conjunto-habitacional-do-jardim-edite-slash-mmbb-arquitetos-plus-h-plus-f-arquitetos>. Acessado em: 20 de Junho de 2019. FIGURA 04.11 – Escolas Rurais Transitórias de Abadiânia Disponível em: <https://veja.abril.com.br/blog/cidades-sem-fronteiras/ morto-ontem-lele-inventou-maneiras-de-construir-em-locais-pobres-e-ermos-em-sua-ultima-entrevista-criticou-o-programa-minha-casa-minha-vida/>. Acessado em: 20 de Junho de 2019. FIGURA 04.12 – Escolas Rurais Transitórias de Abadiânia Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/19.073/6891?page=3>. Acessado em: 20 de Junho de 2019. FIGURA 04.13 – Escolas Rurais Transitórias de Abadiânia Disponível em: <http://www.fau.usp.br/arquivos/disciplinas/au/ aup0448/2015/Escola_transitoria_rural.pdf>. Acessado em: 20 de Junho de 2019. FIGURA 04.14 – Escolas Rurais Transitórias de Abadiânia Disponível em: <http://tede.mackenzie.br/jspui/bitstream/tede/309/1/ Andre%20Felipe%20Rocha%20Marques.pdf>. Acessado em: 20 de Junho de 2019. FIGURA 04.15 – Escolas Rurais Transitórias de Abadiânia Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/19.073/6891?page=3>. Acessado em: 20 de Junho de 2019. FIGURA 04.16 à 04.20 – Escola Estadual Parque São Bento Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-9727/fde-campinas-escola-estadual-parque-sao-bento-bvy-arquitetos>. Acessado em: 20 de Junho de 2019. FIGURA 04.21 à 04.24 – Fábrica de Balsas de Bambu Wuyishan Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/880751/fabrica-de-balsas-de-bambu-wuyishan-tao-trace-architecture-office>. Acessado em: 20 de Junho de 2019.

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BIBLIOGRAFIA ABREU, Marlon Altavini de. Diferenciando o espaço e produzindo cidades: lógicas e agentes da produção do espaço urbano em Ribeirão Preto/ SP e Londrina/PR. Orientador: Everaldo Santos Melazzo. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Presidente Prudente: Setembro, 2014. 172p. AMARAL, Aracy. A polêmica sobre a função social da arquitetura. In: AMARAL, Aracy. Realismo versus Arte para quê? A preocupação social na arte brasileira 1930-1970. São Paulo, Nobel, 1984. p. 275-303. AMORE, Caio Santo. “Minha Casa Minha Vida” para iniciantes. In: AMORE, Caio Santo (Org.); SHIMBO, Lúcia Zanin (Org.); RUFINO, Maria Beatriz Cruz (Org.). Minha casa... e a cidade? Avaliação do Programa MCMV em seis Estados brasileiros. p. 51-70. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2015. CABRAL FILHO, José dos Santos. Arquitetura irreversível: o corpo, o espaço, a flecha do tempo. Online. Vitruvius: out. 2007. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.089/202>. Acessado em 18 de Novembro de 2018. FRANÇA, Ana Judite Galbiatti Limongi; ONO, Rosaria; ORNSTEIN, Sheila Walbe; VILLA, Simone Barbosa (Orgs.). Avaliação pós-ocupação: na arquitetura, no urbanismo e no design – da teoria à prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2018. 302p. GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo, Perspectiva, 2013. 244 p. HARVEY, David. O direito à cidade: A qualidade da vida urbana virou uma mercadoria. Há uma aura de liberdade de escolha de serviços, lazer e cultura – desde que se tenha dinheiro para pagar. Folha de São Paulo, ed.82, jul. 2013. Online. Disponível em: <https://piaui.folha.uol.com.br/ materia/o-direito-a-cidade/>. Acessado em 27 de Novembro de 2018. LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. Trad. Rubens Eduardo Frias. 5ed. São Paulo: Centauro, 2001. 143 p. MARICATO, Ermínia Terezinha Menon (Org.). A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil industrial. 2ed. São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1982. 166 p. MAUTNER, Yvonne. A periferia como fronteira de expansão do capital. In: DEÁK, Csaba; SCHIFFLER, Sueli Terezinha Ramos (Orgs.). O Processo de urbanização no Brasil. 1.ed. São Paulo: EDUSP, 2004. cap. 7 POZZO, Clayton Ferreira Dal. Fragmentação socioespacial em cidades médias paulistas: Os territórios do consumo segmentado de Ribeirão Preto e Presidente Prudente. Orientadora: Maria Encarnação Beltrão Sposito. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Presidente Prudente: 2015. 400p. REIS-ALVES, Luiz Augusto dos. O conceito de lugar. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2004. il., 10 p. In:: REIS-ALVES, Luiz Augusto dos. O pátio interno escolar como lugar simbólico. Um estudo sobre a interrelação de variáveis subjetivas e objetivas do conforto ambiental. Tese de doutorado. Rio de Janeiro, FAU-UFRJ, 2006. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/ revistas/read/arquitextos/08.087/225>. Acessado em: 25 nov 2018. RUFINO, Maria Beatriz Cruz. Um olhar sobre a produção do PMCMV a partir de eixos analíticos. In: AMORE, Caio Santo (Org.); SHIMBO, Lúcia Zanin (Org.); RUFINO, Maria Beatriz Cruz (Org.). Minha casa... e a cidade? Avaliação do Programa Minha Casa Minha Vida em seis Estados brasileiros. p. 51-70. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2015. SHIMBO, Lucia Z. (Org.). Produção do Programa MCMV na região central do estado de São Paulo: inserção urbana e avaliação arquitetônica, construtiva e tecnológica – Chamada MCTI/CNPq/MCIDADES no.11/2012. São Carlos, 2014.

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Arquitetura e o ballet da rua. Idealização e Concepção: Vinicius M. Netto. Roteiro: Bruno Passari. Direção: Nina Tedesco. Online. 16’’18’. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9HRxbbuxVvk>. Acessado em 16 de Agosto de 2018.Vídeo do Singer, 2015 Economia Solidária é alternativa para geração de emprego e renda. NBR ENTREVISTA. TV BrasilGov. Online. 14’’18’. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=ulzZP_4EQRk>. Acessado em 18 de Junho de 2019. 1º Plano Nacional de Economia (2015- 2019). Disponível em: <http://www. unisolbrasil.org.br/2015/wp-content/uploads/2015/06/plano_nacional_ de_ecosol_12062015_com_capa.pdf>. Acessado em: 20 de Junho de 2019. Política Nacional de Economia Solidária e criação do Sistema Nacional de Economia Solidária (Projeto de Lei 1.685/2012) Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Plano Diretor do Município de Ribeirão Preto (Lei Complementar 2866/2018) Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Política Municipal de Fomento à Economia Solidária e o Programa Municipal de Economia Solidária (Lei Municipal 13.959/2017)

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“Eu quero exterminar deus Matar, destruir, arregaçar, pisar Eu quero humilhar deus Debochar, diminuir, arrebentar, mutilar porque é ele que diz pro pobre ser pobre é ele que diz pro rico ser rico pro sim ser sim pro não ser não Eu quero estripar deus comer ao lado do seu corpo sujo e rir com a boca cheia de tripas das histórias de carochinha Eu quero que deus me peça piedade E eu direi que não pois foi deus que inventou a piedade que parte e permite que mata, deixa passar fome Eu quero que me ameacem colocar no caps porque só assim estarei fazendo minha parte Odiado, reprimido, excluído, mal amado Se estou bonito é porque eu não atrapalho” (MARTINS, Eduardo Cherobin. 2019)



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