Espaços do coletivo: a economia solidária enquanto fomento ao senso comunitário.

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Espaços do coletivo: a economia

solidária enquanto fomento ao senso comunitário

Jeanne Alves Vilela Trabalho de Graduação Integrado II Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos Universidade de São Paulo São Carlos-SP Agosto.2020



Espaços do coletivo: a

economia solidária enquanto fomento ao senso comunitário

Jeanne Alves Vilela Trabalho de Graduação Integrado II Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos Universidade de São Paulo Comissão de Acompanhamento Permanente (CAP): Prof.ª Dr.ª Aline Coelho Sanches Coordenador do Grupo Temático: Prof. Dr. Paulo César Castral Bolsistas do Programa de Aperfeiçoamento de Ensino (PAE): Camilo Kolomi Veiga D’Angelis Luiza Paes de Barros Camara de Lucia Beltramini São Carlos-SP Agosto.2020



JEANNE ALVES VILELA

ESPAÇOS DO COLETIVO: A ECONOMIA SOLIDÁRIA ENQUANTO FOMENTO AO SENSO COMUNITÁRIO

Trabalho de Graduação Integrado apresentado ao Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP – Campus de São Carlos.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________ Prof.ª Dr.ª Aline Coelho Sanches Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos Universidade de São Paulo

__________________________________________ Prof. Dr. Paulo César Castral Instituto de Arquitetura e Urbanismo de São Carlos Universidade de São Paulo

___________________________________________ Prof. Convidado Rafael Goffinet de Almeida Centro Universitário Moura Lacerda



DEDICATÓRIA Peço desculpas pela longa dedicatória, mas quem me conhece sabe que sou prolixa e não gostaria de cometer aqui a injustiça da ingratidão. Sei que não poderia nomear todas as pessoas que foram fundamentais para a conclusão desse trabalho (e da graduação, finalmente!), tampouco as pessoas que fizeram contribuições expressivas na minha vida, mas vou tentar dedicando esse trabalho à alguns grupos. Primeiramente, à minha família, que de maneira meio torta sempre me apoiou e esteve presente. Principalmente à minha mãe, que tirou de si própria para que eu pudesse chegar onde cheguei. Aos amigos de longa data, que comemoraram comigo desde a aprovação no vestibular (né?! Thamiris Costa de Lima e Nilton Sales Sávio); e aqueles que a universidade me trouxe, a 014 foi um presente na minha construção pessoal enquanto ser humano, ser político e acadêmico. Aos amigos, Bibiana Barreto e Guilherme Dias, por defenderem, grandiosa e voluntariamente, meu direito de estar na universidade e meu direito de lutar por um mundo mais justo. E aos amigos, Caio Cesar Nascimento Moreira, Camille Amantea Stella, Luccas Nepomuceno do Nascimento, Mateus Felipe Fumes e Wesley Wolak, por empreenderem essa luta de braços dados comigo. Aos amigos de fofocas, viagens e rolês, que na maioria das vezes não aconteceram a não ser na nomenclatura dos grupos de whatsapp, mas estavam sempre a postos para me consolar, dar uma mãozinha no trabalho ou dar uma opinião sobre todas as dúvidas, acadêmicas e pessoais, que tive (e eu tenho muitas!). À Autogestão do Alojamento USP São Carlos, o querido Aloja, que foi meu lar e minha família, vou levar pra sempre dentro de mim o espírito de união e luta que aprendi com cada um de vocês. À todos os funcionários do IAU, impecáveis na execução de suas funções. Aqui personalizados pelo Valmir Bispo dos Santos, meu mais alegre e conversador amigo, compartilhou até meu perrengues pessoais; Andreia Carla Campana Salla, pelos abraços apertados e por sempre fazer mais que sua obrigação só para tornar minha jornada mais tranquila; José Renato Dibo, pela sua santa paciência em me ensinar e me auxiliar com os projetos e os modelos; Valeria Ferreira Camargo Neves, Felipe Ortega Romano e Marcelo Bertini Brocco por sempre me socorrerem e quebrarem galhos no meio das burocracias da USP (desculpa se não podia falar isso); e Lessandro Gimenez de Carvalho, que foi a primeira pessoa com quem falei no IAU e que sempre arranjava uns bicos nas feiras para ajudar com a minha permanência estudantil. Aos professores da Universidade de São Paulo e da Universidade de Sevilha que me ensinaram ou me orientaram na busca pelo conhecimento. Destaco aqui o professor Paulo César Castral, que, além de proporcionar um ambiente leve e sempre cheio de risadas, foi peça fundamental para que meu mundo das idéias alcançasse o papel; a professora Aline Coelho Sanches, que foi humana e participativa, auxiliando com boas referências e palavras de compreensão em momentos difíceis; e a professora Nelma Regina Segnini Bossolan, que nesse último ano me ensinou muito sobre didática, divulgação científica e humanização do ensino. Ao Victor Uriel Dutra Teixeira, só por você ser você. A única pessoa capaz de me aturar diariamente ao longo desses anos todos com doçura e companheirismo. Meu irmão mais amado e querido. Aqueles que não foram nomeados aqui, mas de alguma maneira sentem que me auxiliaram, rogo perdão pela minha indelicadeza em não mencionálos e digo, sem sombra de dúvidas, que sem a sua participação eu não teria alcançado esse resultado. Por tudo isso, minha sincera gratidão.



RESUMO

O tema desse trabalho de graduação refere-se à proposição de um equipamento público em bairro recém construído na região periférica da cidade de Ribeirão Preto. O projeto reflete sobre o direito à cidade em contraponto aos processos de segregação socioespacial na promoção de habitação de interesse social, promovendo o diálogo com o usuário através da busca de alternativas de fomento ao senso comunitário da população local. A intervenção incorpora a cidade no estudo da arquitetura ao propor um equipamento público integrado ao contexto urbano local que viabiliza, através da economia solidária, novos caminhos para a formação profissional, geração de trabalho e renda.

PALAVRAS- CHAVE: direito à cidade. economia solidária. equipamento público. participação do usuário.


“Saber que tipo de cidade queremos é uma questão que não pode ser dissociada de saber que tipo de vínculos sociais, relacionamentos com a natureza, estilos de vida, tecnologias e valores estéticos nós desejamos. O direito à cidade é muito mais que a liberdade individual de ter acesso aos recursos urbanos: é um direito de mudar a nós mesmos, mudando a cidade. Além disso, é um direito coletivo e não individual, já que essa transformação depende do exercício de um poder coletivo para remodelar os processos de urbanização.” (HARVEY, 2013)




SUMÁRIO 01. 02. 03. 04. 05. 06.

PROBLEMATIZAÇÃO: cidade construída e uma possível alternativa ..................................... 14 LEITURA URBANA ................................................................................................................................... 22 RECONHECIMENTO: ler, ouvir, filtrar e propor .............................................................................. 30 PROCESSO DE PROJETO ....................................................................................................................... 44 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................... 102 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................... 116


Fig. 01.01: Paisagem urbana Jd. Cristo Redentor, RibeirĂŁo Preto-SP


01.

PROBLEMATIZAÇÃO:

cidade construída e uma possível alternativa


Partindo da prerrogativa de que todo discurso oculta inúmeras camadas de conhecimento pessoais e particulares a cada ser, adquiridas nas mais diversas vivências sociais, políticas e culturais; é importante destacar que este Trabalho de Graduação Integrado (TGI) desenvolve-se embasado em uma perspectiva feminista e classista, fundamentada na vivência particular da autora enquanto mulher proveniente de classe social baixa. Dito isso, faz-se necessário à exposição de algumas inquietações da discente ao longo de sua trajetória acadêmica. No que concerne ao alcance da produção acadêmica, desde os primeiros anos da graduação, existia um incômodo crescente, indagações que visavam não só a compreensão de seu lugar de fala [1], mas também uma busca de meios através dos quais poderia retornar à sociedade, em forma de conhecimento científico, os recursos aplicados na sua formação. Desta forma, a discente sempre buscou a compreensão da periferia através da história do urbanismo e produção arquitetônica específica destas zonas periféricas, que, como define Mautner (2004, p.254), são fruto da apropriação desigual do espaço urbano, construído de maneira orgânica e impulsionado pelo descaso da administração pública quanto a questão habitacional. A realização de duas Iniciações Científicas voltadas para a compreensão e análise da periferia foram fundamentais na construção de um posicionamento crítico que, primeiramente, esclareceu que a mutação imagética da periferia é construída em concordância à imagem das estruturas governamentais em vigor e consolidada pela mídia; e, posteriormente, evidenciou que a falta de espaço para a participação popular na elaboração da arquitetura e ocultamento do operário na produção da mesma culminam em um afastamento do usuário com o resultado final do edifício/cidade construídos, distanciando a obra da identidade do utente. Casas con espacios mínimos; juntas y frente a otras, formando un paisaje visualmente confortante pero angustiante. Despersonalización de la vivienda y estandarización de necesidades, extinción de la individualidad. Jorge Taboada [2]

A seriação e repetição de casas nos conjuntos residenciais, com ênfase naqueles produzidos em regiões periféricas e com caráter de interesse social, sempre configurou um incômodo ao longo do percurso acadêmico aqui abordado. A fragmentação da malha urbana, interposta por extensos 16


vazios indefinidos, configura espacialidades transitórias que, apesar de figurar como destinação para diversas dinâmicas de uso (residencial, industrial, mista) ou mesmo abandono, por vezes mantém uma memória do que seria a configuração natural daquele ambiente. Caracterizando uma divisão espacial que segrega parte da população da vida urbana, essas zonas estabelecem fronteiras não apenas espaciais e econômicas, mas contrastantes entre o estar, o transpor, o observar e o habitar. É possível considerar que, em sua quase totalidade, a produção atual de habitação de interesse social no Brasil carece muito de valor arquitetônico. Via de regra, “a obra dos arquitetos exprime ideologicamente o pensamento da classe dominante - a burguesia.” (ARTIGAS [3] apud AMARAL, 1984, p.293) e quando alcança a classe operária atende à lógica do mercado financeiro, distorcendo a busca moderna pelo mínimo necessário para existência e gerando uma série de edifícios que oferecem o mínimo em dimensões, qualidade material e espacial. Desde os tempos da política habitacional do Banco Nacional da Habitação (BNH) é de praxe a construção de conjuntos habitacionais populares de baixa qualidade em áreas periféricas. Apesar de potencializar a produção de casas (produzindo em apenas cinco anos 40% do que o BNH produziu em vinte e dois anos de existência), o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) não diferiu muito do BNH no que diz respeito à prática construtiva. Mais que um programa com a finalidade de suprir o déficit habitacional e atender ao interesse social, o PMCMV é um programa econômico que foi concebido em 2009 como uma resposta à chamada crise dos subprimes de 2007/2008. Inicialmente, o Ministério das Cidades possuía um plano para promover a produção de habitações de interesse social porém O contexto da crise econômica, junto com o enfraquecimento do Ministério das Cidades no seu papel de formulador e condutor da política urbana, levou o governo acolher a proposta do setor da construção civil, apostando no potencial econômico da produção de habitação em massa. (AMORE, 2015, p.16)

Por isso, de maneira geral, foi implementado com uma lógica produtiva que visava o lucro, fazendo uso de matéria prima e técnicas construtivas baratas e sendo implantado em terrenos de baixo custo afastados da infraestrutura urbana (RUFINO, 2015, p.64-70). 17


[...] a produção do Programa passa a ter papel relevante na emergência de novas fronteiras periféricas, espécies de “frentes pioneiras” constituídas a partir da implantação de novos conjuntos em franjas periurbanas descontínuas, muitas vezes fora do perímetro urbano preexistente. [...] também passam a ter papel de expansão das periferias em territórios muitas vezes marcados por fragilidades ambientais e próximo a setores com maior vulnerabilidade social, com as clássicas operações de produção de vazios de valorização imobiliária. Muitos desses empreendimentos são acessados por via (ou rodovia) única. (RUFINO, 2015, p.67)

Dessa maneira, o PMCMV mostrou-se incapaz de suprir o déficit habitacional, pois a produção de casas populares subsidiada pelo Estado, em geral afastada dos centros urbanos, não atinge a população economicamente menos favorecida e se soma à outras soluções ainda mais ineficientes, embasadas na irregularidade fundiária e na autoconstrução. Elegemos como temática central de trabalho a relação entre a arquitetura e o usuário como ferramenta fundamental na construção de espaços do coletivo convidativos, acreditando que as instâncias subjetivas do ser (como os sentimentos e sensações) devem ser consideradas na criação de espaços mais interessantes e que incitem o usuário a apropriar-se deles, conforme definição de Gehl (2013, p.115) “‘Convite’ é a palavra-chave e qualidade urbana na pequena escala - ao nível dos olhos - é crucial.”. No vídeo Arquitetura e o ballet da rua [4] há uma sequência de imagens e reflexões que gostaríamos de destacar, pois versam sobre como a morfologia arquitetônica produzida com base nos interesses do mercado imobiliário impacta socialmente nas pessoas e na prática dos espaços públicos: A arquitetura é ação. O edifício não é só o espaço onde as coisas acontecem. O espaço não pode ser separado das coisas que fazemos no espaço. O edifício é parte das ações. (...) Quando a gente não pensa no uso social da rua e dos espaços públicos a gente desperdiça a riqueza daquelas trocas que só acontecem nesses lugares e que fazem as cidades serem tão únicas e diferentes entre si. A gente precisa reconquistar a cidade.

Sobre a relação entre edificação construída e usuário, entendemos que a correlação do ser com o ambiente arquitetônico - na sua apropriação e adaptação - é o que vai determinar a qualidade do espaço construído. No que concerne à Arquitetura, a questão se esclarece quando entendemos uma mudança de abordagem feita pelos arquitetos contemporâneos, que deslocam a arquitetura do âmbito dos objetos para o âmbito das relações, ou seja, deixam de ver a arquitetura como a edificação pura e simples (o objeto em sua materialidade) e passam

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a abordá-la como o conjunto de interações que acontece entre os habitantes, mediados pela edificação. (CABRAL FILHO, 2007)

Trazendo o conceito de lugar de Reis-Alves (2006), que a partir de sua apreciação sobre o trabalho de NorbergSchulz, diz que mais do que sua localização geográfica, o lugar é a manifestação tectônica daqueles que nele habitam. A produção habitacional é a produção do espaço da vida das pessoas e deve, por obrigatoriedade, refletir as dinâmicas de uso e necessidades da população que nela abriga. A frase que abre este TGI, e que repetimos a seguir, traz justamente a ideia de que a representatividade na produção arquitetônica pode incrementar positivamente a experiência urbana para o usuário e se vincula à ideia de direito à cidade conforme explica Harvey (2013): Saber que tipo de cidade queremos é uma questão que não pode ser dissociada de saber que tipo de vínculos sociais, relacionamentos com a natureza, estilos de vida, tecnologias e valores estéticos nós desejamos. O direito à cidade é muito mais que a liberdade individual de ter acesso aos recursos urbanos: é um direito de mudar a nós mesmos, mudando a cidade. Além disso, é um direito coletivo e não individual, já que essa transformação depende do exercício de um poder coletivo para remodelar os processos de urbanização.

Ao longo da produção deste trabalho, questionamos se seria viável uma arquitetura popular, capaz de influenciar na mudança da realidade da produção da casa operária e de sua relação com o usuário e encontramos eco de nossas inquietações no pensamento de Artigas: Esperar por uma nova sociedade e continuar fazendo o que fazemos, ou abandonar os misteres de arquiteto, já que eles se orientam numa direção hostil ao povo e lançar-nos na luta revolucionária completamente? (...) enquanto a ligação entre os arquitetos e as massas populares não se estabelecer, não se organizar, enquanto a obra dos arquitetos não tiver sua glória de ser discutida nas fábricas e nas fazendas, não haverá ARQUITETURA POPULAR. (ARTIGAS [3] apud AMARAL, 1984, p.295).

Essa mudança a qual alude Artigas, se não vier através da revolução proletária, deve vir da maneira com a qual produzimos a arquitetura e a distribuição. Dito isso, salientamos a importância da postura do arquiteto não como detentor soberano da ciência e da técnica, mas como detentor de um tipo de conhecimento que configura uma das variáveis na construção de uma alternativa de cidade que seja mais justa, igualitária, humana e que cumpra com os direitos universais do homem (declarados pela Organização das Nações Unidas) e pelo direito à moradia (garantido pela constituição). 19


(...) a urbanização era essencial para a sobrevivência do capitalismo e, portanto, estava destinada a tornar-se um foco crucial da luta política e de classes (...) Um passo para a unificação dessas lutas é adotar o direito à cidade, como slogan e como ideal político, precisamente porque ele levanta a questão de quem comanda a relação entre a urbanização e a produção do lucro. A democratização desse direito, e a construção de um amplo movimento social para fazer valer a sua vontade são imperativas para que os despossuídos possam retomar o controle que por tanto tempo lhes foi negado e instituir novas formas de urbanização. Lefèbvre estava certo ao insistir em que a revolução tem de ser urbana, no sentido mais amplo do termo; do contrário, não será nada. (HARVEY, 2013).

NOTAS [1] “O conceito [lugar de fala] representa a busca pelo fim da mediação: a pessoa que sofre preconceito fala por si, como protagonista da própria luta e movimento. É um mecanismo que surgiu como contraponto ao silenciamento da voz de minorias sociais por grupos privilegiados em espaços de debate público.” DIAS, Tatiana; MOREIRA, MAtheus. O que é ‘lugar de fala’ e como ele é aplicado no debate público. Online. Nexo Jornal Ltda, 15 jan. 2017. Disponível em: <https://www.nexojornal. com.br/expresso/2017/ 01/ 15/ O-que-%C3%A9-%E2%80%98lugarde-fala%E2%80%99-e-como-ele-%C3%A9-aplicado-no-debatep%C3%BAblico>. Acesso em 27 de Novembro de 2018. [2] TABOADA, Jorge. Alta Densidad. Texto descritivo para exposição de trabalhos fotográficos. Disponível em: <http://jorgetaboada.wixsite.com/ jorgetaboada/alta-densidad>. Acesso em 20 de Setembro de 2018. [3] ARTIGAS, J. B. Vilanova. Le Corbusier e o imperialismo. São Paulo: Fundamentos, maio de 1951. [4] Arquitetura e o ballet da rua. Idealização e Concepção: Vinicius M. Netto. Roteiro: Bruno Passari. Direção: Nina Tedesco. Online. 16’’18’. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9HRxbbuxVvk>. Acesso em 16 de Agosto de 2018.

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Fig. 02.01: Vista aĂŠrea do centro da cidade de RibeirĂŁo Preto-SP


02.

LEITURA URBANA


Buscando uma localidade onde a inserção dos conjuntos habitacionais de interesse social reproduzissem a lógica serial expressa nas problematizações iniciais e a partir da vivência particular da autora, foi escolhido como objeto de estudo a cidade de Ribeirão Preto, localizada no noroeste paulista, distando cerca de 315km da capital do Estado. Segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui população estimada de quase 700 mil habitantes distribuídos em uma área de 650 mil Km². Ribeirão Preto é sede da Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP), reunindo 25 municípios, e um importante polo econômico. Possui maior destaque nas áreas do agronegócio, serviços e educação; apresentando um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 0,800, quase tão alto quanto o do município de São Paulo que é de 0,805, e percentual de 49% da população com escolaridade acima de Ensino Médio completo. Apesar de seu status de cidade desenvolvida, a cidade apresenta um processo de expansão urbana explicitamente segregacionista, como podemos apreender da análise das Figuras 02.03 e 02.04. POZZO (2015, p.105-118) descreve de maneira detalhada esse processo de expansão, que não cabe ser reproduzido aqui, mas apontamos os principais momentos para compreensão da morfologia urbana atual da cidade. Ribeirão Preto apresentou gradual aumento populacional desde o estabelecimento dos primeiros pequenos agricultores (1811), em decorrência à crise da mineração e, posteriormente, à marcha do café, até a formação de seu núcleo urbano original (1845) e fundação oficial (1856), ganhando a alcunha de ‘Capital Mundial do Café’. Seu posicionamento estratégico configurava caminho obrigatório do escoamento da produção agrícola entre as principais cidades de Minas Gerais, a capital paulista e o porto de Santos, sendo sua localização fator fundamental para a implantação da ferrovia em 1884. A presença da ferrovia e o contexto de guerra intensificaram os processos imigratórios, sobretudo de italianos. Entre o final do século XIX e a primeira década do século XX, o estabelecimento de uma estação ferroviária no núcleo urbano original, bem como a implantação do Mercado Municipal e da Companhia Cervejaria Paulista na região, ocasionaram um crescimento urbano setorizado e sanitarista com intensa diferenciação socioespacial, onde a população de menor poder aquisitivo iniciou a ocupação da porção norte, próxima ao Córrego Ribeirão (bairro da República) e a população de maior poder aquisitivo

Fig. 02.02: Mapa do Município de Ribeirão Preto contendo Carta Ambiental e Macrozoneamento Urbanístico

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deslocou-se para a porção sul (bairro Jardim Higienópolis). Com a crise de 1929 e novo contexto de guerra, as décadas de 1930 e 1940 são marcadas pela substituição do cultivo do café pelo cultivo de cana-de-açúcar e por uma nova onda migratória. Grandes indústrias (metalúrgicas e cerâmica) instalam-se na cidade e, em decorrência disto, ocorreu o alargamento dos bairros populares, que se caracterizavam por ser o local onde a população mais vulnerável trabalhava e morava. Esse período também é marcado pela chegada de grandes equipamentos culturais à cidade, como o Teatro Pedro II. Em 1960, a partir de uma parceria com o Departamento de Estradas e Rodagens do Estado de São Paulo, é aprovado um Plano de Vias que orienta a implantação dos Anéis Viários Contorno Sul e Norte e sua ligação com o Centro, caracterizando também uma maior articulação viária em níveis regional e estadual. A partir da década de 1970, uma série de financiamentos subsidiados pelo Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool) [5] voltados para a consolidação da indústria sucroalcooleira no Brasil beneficia a mercantilização da agricultura canavieira e gera uma onda migratória no sentido campocidade, gerando o crescimento urbano e proporcionando à cidade um novo apelido em decorrência do aumento do setor terciário e da oferta de empregos: ‘Califórnia Brasileira’. A produção habitacional de moradias para a população de classe baixa deste período é demarcada pela ação da Companhia Regional de Ribeirão Preto (COHAB-RP) [6], a partir de financiamentos do BNH, com produção de conjuntos descontínuos no território urbano e em regiões carentes de infraestrutura básica e equipamentos, incrementando o nível de segregação socioespacial do eixo norte-sul (POZZO, 2015, p.128 e SHIMBO, 2014). A partir da segunda metade da década de 1990, tendo em vista a crise do BNH e dos programas habitacionais, a COHABRP amplia suas parcerias e continua com a produção de habitações sociais de mesmo caráter, porém em menor escala, limitando-se à produção de conjuntos voltados à reurbanização e erradicação de favelas. Com a implantação do Ribeirão Shopping em 1991 no extremo Sul da cidade, ocorre um aumento na discrepância da ocupação da zona urbana; enquanto a zona norte caracteriza-se pela presença de conjuntos habitacionais de pequeno porte e favelas, a zona sul caracteriza-se pela presença de condomínios (espaços autossegregados) e verticalização.

Fig. 02.03: Mapa do Município de Ribeirão Preto contendo Evolução da Área Urbana Ocupada

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A segregação socioespacial e a lógica de valorização imobiliária se expressão claramente, como podemos observar na Figura 02.04. Apesar da distribuição uniforme das Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) no perímetro urbano, ocupando parcelas homogêneas tanto da Zona de Urbanização Preferencial (ZUP) quanto da Zona de Urbanização Controlada (ZUC); a produção de habitação social segue a mesma lógica dos primórdios da ocupação da cidade, deixando a região Sul para habitações de alto padrão e valorização imobiliária.

Fig. 02.04: Mapa do Município de Ribeirão Preto contendo Diferenciação e Segregação Socioespacial

NOTAS [5] “O Programa Nacional do Álcool (Decreto no. 76.593, de 14 de novembro de 1975) compareceu como uma política pública que se voltou para o estabelecimento de uma alternativa energética frente às crises de petróleo da década de 1970. A alternativa que se viabilizou foi a produção de álcool combustível, a partir da fermentação da cana-de-açúcar, ao mesmo tempo em que foram feitas as readequações para a produção de novos automóveis voltados ao consumo desse novo produto.” (THOMAZ Jr, 2002 apud POZZO, 2015, p.90) [6] “Empresa de capital misto implantada em 1969, na qual, a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto é a acionista majoritária. Além de investidores privados, outras Prefeituras Municipais da Região Administrativa de Ribeirão Preto, também compõem o quadro de acionistas. Com financiamentos obtidos, principalmente, a partir de Programas Habitacionais do Governo Federal, tem atuação regional no processo de implantação de conjuntos habitacionais e da comercialização de suas unidades junto aos segmentos de baixo poder aquisitivo.” (POZZO, 2015, p.128)

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Fig. 03.01: Paisagem urbana Jd. Cristo Redentor, RibeirĂŁo Preto-SP


03.

RECONHECIMENTO: ler, ouvir, filtrar e propor


A partir da leitura urbana da cidade de Ribeirão Preto, escolhemos como objeto de estudo o bairro conformado pelo conjunto habitacional denominado Jardim Cristo Redentor, localizado na região Noroeste da Zona de Expansão Urbana, distando cerca de 8km do quadrilátero central. Empreendimento da Construtora Pacaembu em parceria com a COHAB-RP, esse conjunto teve financiamento da Caixa Econômica Federal, contemplando a Faixa 2 [7] do PMCMV, e teve sua construção iniciada no ano de 2017 e sua ocupação, a partir de dezembro de 2018. A região onde se encontra o Jd. Cristo Redentor está ligado à antiga destilaria Galo Bravo e à família Balbo, cuja história de construção de seu patrimônio está associada de maneira direta à história da imigração italiana na região. Segundo as diretrizes do Plano Diretor de Ribeirão Preto (Lei Complementar 2866/2018), nossa área de estudo se encontra em uma Zona de Urbanização Controlada (ZUC), que é uma região da cidade que deve atender aos parâmetros de baixa densidade de urbanização e infraestrutura reduzida a fim de minorar os impactos na Zona de Urbanização Preferencial. Também caracterizada por ser uma Zona de Uso Disciplinado 2 (ZUD2), que deve obedecer estratégias para reduzir o impacto das enchentes urbanas. Além disso, é uma ZEIS1, cuja ocupação é destinada construção de moradias voltadas à população de baixa renda, conforme definição estabelecida na Lei de Habitação de interesse Social (LHIS). Dentro dessa classificação, deve atender à um Coeficiente de Aproveitamento (CA) entre 0,8 e 5,0 e densidade habitacional máxima de 2.000 hab./ ha; enquanto as edificações devem possuir lote mínimo de 250m², 10 metros de frente linear e 10% de área permeável.

Fig. 03.02 (ao lado): Infográfico cronológico do empreendimento Vida Nova Ribeirão Fig. 03.03 (próxima página): Plano de Usos do Jd. Cristo Redentor

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Este bairro foi elegido como objeto de estudo pois vem ao encontro do modelo de produção em série de habitação social, localizado às margens do território urbano e carente de qualificação arquitetônica, praticados largamente pelos programas governamentais de promoção de habitação social desde meados do século passado, como expresso nas problematizações iniciais deste trabalho. São 6.991 unidades com cerca de 30.000 moradores. Apesar de contemplar as diretivas do Plano Diretor quanto ao CA, densidade habitacional e área permeável, os lotes possuem somente 8 metros de frente linear e 160m². Vimos acompanhando sua ocupação desde a entrega das chaves aos compradores (entre Dezembro de 2018 e Julho de 2019) e seguimos em contato com a comunidade até o início do isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 em Março de 2020. A hipótese inicial de trabalho consistia na produção de uma Avaliação Pós Ocupação (APO) para identificação das demandas dos moradores quanto à adaptação das plantas das unidades habitacionais para a especificidade de cada família. Embasados no trabalho de FRANÇA; ONO; et al. (2018), propusemos a realização de três técnicas para compor a APO pretendida, sendo elas 1. Levantamento de Dados, 2. Walkthrough e 3. Questionário com os moradores. Em Dezembro/2018 foi realizada a Etapa 1, com coleta de dados frios sobre o empreendimento através de consulta ao material publicitário da construtora, notícias e Manual do Morador fornecido pela mesma, além de registros fotográficos. Nesta etapa, foi elaborado um Plano de Usos (Figura 03.03) da gleba através de observação direta, pois mesmo após inúmeros contatos da discente com a construtora esse material não foi disponibilizado.

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A Etapa 2 aconteceu em Abril/2019, onde foram realizadas observações in loco do processo de ocupação do conjunto além de novos registros fotográficos. Constatou-se que grande parte das casas já haviam iniciado a construção de muros, impermeabilização do terreno e pequenas alterações nas plantas. Também observou-se que diversos estabelecimentos de serviços de construção civil, elétrica, mecânica, serviços em estética e em alimentação já floresciam informalmente nos quintais das residências em todo o bairro. Nas imagens ao lado (Fig. 03.04), fizemos um comparativo do bairro antes de sua ocupação (Dez/2018) e após as reformas iniciais (Abr/2019), evidenciando a grande velocidade com a qual as alterações observadas foram realizadas. Também registramos os equipamentos já construídos, sendo eles o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e a Unidade Básica de Saúde (UBS), além de parte das unidades que ainda estavam em construção. A Etapa 3 da APO realizou-se em Maio/2019, onde elaboramos um pequeno questionário e aplicamos em uma amostragem de 21 moradores, abordados em praça pública durante um final de semana. Este questionário compunha-se de 7 questões: 1. Gênero 2. Idade 3.

Você gosta da casa?

4.

Você mudaria/já mudou algo na casa?

5.

Você gosta do bairro?

6.

Você mudaria/já mudou algo no bairro?

7.

Como você lida com a distância?

Esperávamos encontrar nas respostas à essas perguntas demandas dos usuários a respeito de modificações nas residências e no contexto urbano do bairro, entretanto as respostas obtidas apontavam um grau de satisfação com a casa e ao bairro muito elevado (ver Tabela 03.01). Sobre as unidades habitacionais somente a construção do muro pareceu questão de relevância para os moradores, enquanto o tamanho da cozinha apareceu em algumas falas. Sobre o bairro, as únicas queixas existentes versavam sobre a falta de escolas - sendo que já existia um Centro de Educação Infantil (CEMEI) em construção e o projeto de uma Escola de Ensino Infantil (EMEI) - e comércios. Já sobre a distância, apesar das queixas com o transporte público lotado, visto que somente uma linha atende ao bairro, as respostas foram

Fig. 03.04: Fotomontagem do Jd. Cristo Redentor

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abril.2019

dezembro.2018

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Tabela 03.01 – Síntese das Entrevistas com Moradores


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quase unânimes em dizer que lidavam de maneira tranquila com a distância por possuir veículo próprio e pelo bairro estar localizado junto ao Anel Viário Norte, otimizando o transporte para quase todos os pontos da cidade. Encarando a dissonância entre as respostas esperadas e o resultado obtido na APO, nos questionamos qual caminho projetual seguir. Nos parecia incongruente seguir com as propostas de flexibilização de planta, visto que as ampliações sugeridas pela construtora no Manual do Proprietário (Fig. 03.05) pareciam atender às demandas dos usuários. Além disso, nos parecia inconsistente propor a construção de equipamentos públicos já previstos pela construtora. Sendo assim, retornamos às nossas leituras a fim de filtrar uma solução adequada ao impasse no qual chegamos. O desafio: encontrar um equipamento público que sintetizasse todos os anseios da autora nas questões de promoção da participação social, consolidação do espaço urbano, integração das atividades comerciais e serviços já presentes no bairro - mesmo após somente 7 meses de ocupação – e fomento de um senso comunitário. A resposta: projetar um Centro Público de Economia Solidária (CPES). A economia solidária tem sido uma resposta importante de trabalhadores e trabalhadoras às transformações no mundo do trabalho. Trata-se de uma alternativa de geração de trabalho e renda pela via do trabalho que combina os princípios de autogestão, cooperação e solidariedade na realização de atividades de produção de bens e de serviços, distribuição, consumo e finanças. (1º Plano Nacional de Economia)

O conceito de Economia Solidária segundo Paul Israel Singer [8] (2015), nasce em meados do século XIX, na Inglaterra, a partir da promoção dos princípios do cooperativismo. No Brasil, as cooperativas afloram a partir da iniciativa da Cáritas Brasileira [9], como resposta à austeridade do governo militar na década de 1980, que provocou cortes e redução de gastos após a crise do petróleo, quebra de diversas empresas e, consequentemente, altas taxas de desemprego. Durante os governos presidenciais do Partido dos Trabalhadores (PT), foram promovidos diversas Conferências Nacionais de Economia Solidária, culminando na produção de um instrumento de política pública chamado de 1º Plano Nacional de Economia (2015- 2019), contendo estratégias de ações de incentivo, programas e projetos estratégicos e um modelo de gestão para o fortalecimento da economia solidária no país. Aguarda a apreciação do Senado Federal o Projeto de Lei 1.685/2012 que dispõe sobre a Política Nacional de Economia

Fig. 03.05: Montagem contedo Planta esc. 1:100, detalhe de Sistema Construtivo em Alvenaria Estrutural e Ampliações Sugeridas

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Solidária e os empreendimentos econômicos solidários, cria o Sistema Nacional de Economia Solidária e dá outras providências. Em Ribeirão Preto, foi aprovado em Março de 2017 a Lei Municipal 13.959/2017, que institui a política municipal de fomento à economia solidária, cria o Programa Municipal de Economia Solidária e dá outras providências.

Fig. 03.06 (ao lado): Distância Diametral dos Principais Comércios e Serviços

Assim sendo, embasados nas leituras urbanas, APO, vivência particular, observação direta dos serviços/comércios emergentes (Fig. 03.06) e apoiados nas legislações existentes, elaboramos um programa de atividades para o CPES, conforme Tabela 03.02, que pudesse fortificar as atividades de comércio e serviço constatadas como existentes, além de estimular a emergência de novas atividades colaborativas. O lote escolhido para a implantação do CPES, localiza-se na região central do bairro Jd. Cristo Redentor, facilitando o acesso à toda a comunidade. Conta com uma área de aproximadamente 30.000m², onde também se encontra um grande reservatório de água e uma cabine de apoio e manutenção do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (DAERP).

Tabela 03.02: Programa para CPES

NOTAS [7] A Faixa 2 do PMCMV contempla famílias com renda bruta de até R$ 4.000,00 e pode conceder até R$ 29.000,00 em subsídios. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br/voce/habitacao/minha-casa-minha-vida/ urbana/Paginas/default.aspx>. Acesso em 02 de Maio de 2019. [8] Paul Israel Singer (1932-2018) foi um economista e professor brasileiro. Foi docente na Universidade de São Paulo e teve seus direitos políticos cassados pelo AI-5 durante a ditadura. Auxiliou na fundação do PT, atuando como Secretário Municipal de Planejamento de São Paulo na gestão de Luiza Erundina e como titular da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), que implementou, a partir de junho de 2003, no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: <https://teoriaedebate.org.br/2005/04/10/paul-singer/>. Acesso em: 18 de Junho de 2019. [9] A Cáritas Brasileira é é um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e consiste em uma entidade de promoção e atuação social que trabalha na defesa dos direitos humanos, da segurança alimentar e do desenvolvimento sustentável solidário. Disponível em: < http://caritas.org.br/>. Acesso em: 18 de Junho de 2019.

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Fig. 04.01: Vista aĂŠrea do bairro Jardim Cristo Redentor.


04.

PROCESSO DE PROJETO


Após o processo de leitura da cidade e de reconhecimento do bairro objeto de estudo do presente trabalho, tendo a definição do programa de atividades, seleção de um lote localizado centralmente e as referências anteriormente explicadas, iniciamos o processo projetual. Os primeiros traços não exprimiam o mesmo cuidado em relação ao contexto do sítio escolhido, como visto na fundamentação teórica construída e, por esse motivo, voltamos o desenvolvimento da intervenção à uma análise formal cuidadosa do contexto urbano. Incorporando a cidade no estudo da arquitetura, consideramos a configuração urbana existente no desenvolvimento de estratégias para a definição da implantação base. Buscamos eixos de referências junto ao entorno imediato, extrapolando linhas e conformando planos no território escolhido (Fig.05.02). Também trazemos como referência a conformação do tecido rural no entorno expandido do bairro, analisando imagens via satélite e chegando à uma solução de mimesis do parcelamento do solo rural através da divisão de um mesmo plano em planos mais afunilados, representado por linhas de diversas espessuras à vista superior (Fig.05.03). Definidos estes dois parâmetros, partimos para uma extensa experimentação plástica, que culminou na realização de mais de 40 proposições, das quais destacamos 3 (conforme Fig.05.04, na próxima página). Ao nos permitirmos experimentações sem explícita base arquitetônica, foi possível explorar diversos caminhos que passaram desde o uso de linhas paralelas, linhas cruzadas e planos.

Fig. 04.02: Croqui evidenciando deslocamento dos eixos formados pelo contexto urbano

Ao chegar em uma configuração plástica expressiva e agradável, iniciamos uma experimentação volumétrica, através da movimentação dos planos criados. Nessa etapa, foi necessário abandonar a experimentação puramente estética e pensar em paralelo com a arquitetura, para que ambientação dos volumes criados fosse funcional e adequada à execução do programa. Para isso, utilizamos como critério a altura dos edifícios adjacentes ao lote escolhido, respeitando alterações topográficas que não ultrapassassem um pavimento térreo. Com o propósito de acolher, além do programa base, as mais diversas opções de recreação e encontro que se poderia desejar para um espaço público, as experimentações de volumetria admitiram grandes movimentações de terra e a exploração daquilo que viria a conformar diversas depressões e promontórios ao longo da praça que recebe o Centro Popular de Economia Solidária (CPES).

Fig. 04.03 (ao lado): Foto aérea mostrando padrões de parcelamento linear do solo rural do entorno expandido do Jd. Cristo Redentor. Fig. 04.04 (próxima página): Montagem com as experimentações plásticas para o partido da implantação.

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A proposta projetual se desenvolve em três blocos programáticos dispostos ao redor de um grande pátio central. Os principais acessos aos edifícios e à praça estão localizados de maneira a valorizar as entradas através da continuidade da vias do entorno e formando um eixo com os equipamentos já existentes (Rua Zilda Faria). O Edifício 1, localizado próximo ao reservatório de água do DAERP, abriga uma oficina mecânica, uma marcenaria, um laboratório/ateliê de reciclagem e um espaço maker. Está configurado em forma de cata-vento; subdividido em estoque, área de descanso/escritório, banheiro e galpão para desenvolvimento da linha de produção. Possui acessos para as Ruas Zilda Faria e Antônio Cese, facilitando a entrada de automóveis e cargas. Já no Edifício 2, estão localizadas duas salas de aula (separadas por divisórias retráteis), duas salas de informática, duas salas administrativas e para reuniões, um ateliê de costura, um ateliê de artesanato e dois espaços para aulas de estética/beleza (também separados por divisórias retráteis). Esse edifício se desenvolve em dois níveis com acesso ao nível da Rua 70 e acesso através de uma grande rampa na Rua Zilda Faria. O acesso ao nível da rua abre-se para o pátio interno da praça e o grande espaço coberto no nível do pátio conforma um espaço de estar sombreado. A cozinha experimental e o infantário/brinquedoteca se desenvolvem em dois andares distintos do Edifício 3, localizado ao sul da praça. O acesso principal está localizado na Rua Milton Marcondes Teixeira, que tem seus lotes reservados para áreas comerciais; mas também pode ser acessado através de uma passarela conectada em nível à Rua Antônio Cese, culminando numa grande varanda que abre a vista do edifício para o pátio interno da praça. O infantário e brinquedoteca está localizado em nível com o pátio interno, conformando um ambiente de acesso um pouco mais restrito, possui espaço para atividades lúdicas e educativas, além de possuir uma mais área externa anexa, com uma caixa de areia. A praça que recebe os três edifícios da proposta se subdivide de maneira a permitir que os mais diversos usos ocorram concomitantemente. Possui seis espaços destinados aos gramados, que se configuram ora como espaço de observação, ora como espaço de estar, atividades lúdicas e de lazer ou encontro. Ao nível da rua, possui espaços sombreados por árvores destinados ao descanso, equipados com bancos, lixeiras 50


e bicicletários. A área arborizada próxima ao Edifício 1 foi reservada às espécies frutíferas, conformando um espaço central e acolhedor, que recepciona o usuário através da principal via de acesso ao lote (Rua Zilda Faria). A região central da praça foi rebaixada em relação ao nível da rua, permitindo tanto o ganho de um pavimento para o desenvolvimento do programa como configurando um espaço mais reservado em relação ao bairro, que pode abrigar grandes aglomerações para manifestações cívicas e culturais. Esse grande pátio interno está dividido em duas áreas por uma vala rasa por onde se dá o escoamento de água, a primeira é uma área seca próxima à arquibancada; e a outra uma área sarapintada de canteiros, com finalidade de escoamento, acompanhados por bancos para descanso, além de um espaço de descanso composto por um pergolado/ redário e um gramado inclinado faz a conexão do pátio com o nível da Rua Milton Marcondes Teixeira. Com o intuito de converter os edifícios do CPES em um ambiente fortemente acolhedor, a materialidade utilizada foram estruturas modulares de Madeira Laminada Colada (MLC), fechamento em tijolo de barro maciço e cobertura com telhas termoacústicas. As aberturas de ventilação das salas de aula, treinamento e trabalho são conformadas pela movimentação da fachada intercalando o posicionamento dos tijolos e vazios. As áreas impermeáveis da praça são pavimentadas com piso cimentício em duas cores (cinza e vermelho), permitindo uma dinâmica na sua implantação.

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Fig. 04.05: Implantação/Vista de cobertura - Escala 1:1000.



Fig. 04.06: Implantação/Vista rés do chão - Escala 1:1000.



Fig. 04.07: Corte AA - Sem escala.

Fig. 04.08: Corte BB - Sem escala.



Fig. 04.09: Planta EdifĂ­cio 01 - Escala 1:250.



Fig. 04.10: Planta EdifĂ­cio 02 (Pavimento 01) - Escala 1:250.



Fig. 04.11: Planta Edifício 02 (Pavimento Térreo) - Escala 1:250.



Fig. 04.12: Planta EdifĂ­cio 03 (Pavimento 01) - Escala 1:250.



Fig. 04.13: Planta Edifício 03 (Pavimento Térreo) - Escala 1:250.




Fig. 04.14: Corte CC - Sem escala.



Fig. 04.15: Ampliação do Corte CC com detalhes construtivos.


Fig. 04.16: Imagem renderizada do projeto - Destaque para a vista da antiga Destilaria Galo Bravo ao fundo.



Em 1977, foi inaugurada na maior região produtora de cana do mundo, a Destilaria Galo Bravo, fundada pela família Balbo. A unidade não era de grande porte, mas se destacava pela perfeição de seu parque industrial e adoção de tecnologias de ponta. Mas a grande proximidade com a zona urbana, a pouca área de canavial - que gerou competição por matéria-prima com várias usinas da região - e a desregulamentação do setor ocorrida na década de 1990, mataram aos poucos a Galo Bravo. Em 2004, passou praticamente para mãos de produtores de cana, credores da empresa e mudou de nome para Central Energética Ribeirão Preto (CERP). A Galo Bravo encerrou as atividades em 2011, e até hoje suas ruínas estão envolvidas em uma briga judicial, entre credores, proprietários e sem terras que exigem a desapropriação da área.


Fig. 04.17: Imagem renderizada do projeto - Destaque para a vista da antiga Destilaria Galo Bravo ao fundo.



Fig. 04.18: Imagem renderizada do projeto - Destaque para o acesso principal do edifício 01, que abriga a oficina Mecânica, Marcenaria, Fablab/Maker e Reciclagem.



Fig. 04.19: Imagem renderizada do projeto - Destaque para o acesso lateral do edifício 01, que abriga a oficina Mecânica, Marcenaria, Fablab/Maker e Reciclagem.



Fig. 04.20: Imagem renderizada do projeto - Destaque para o acesso principal do edifício 02, que abriga as Salas de Aula, Salas de Informática, Salas de Cosmética, Sala de Costura, Sala de Artesanato e Área Administrativa/Reuniões.



Fig. 04.21: Imagem renderizada do projeto - Destaque para o acesso lateral do edifício 02, que abriga as Salas de Aula, Salas de Informática, Salas de Cosmética, Sala de Costura, Sala de Artesanato e Área Administrativa/Reuniões.



Fig. 04.22: Imagem renderizada do projeto - Destaque para o acesso principal do edifĂ­cio 03, que abriga a Cozinha Experimental e a Brinquedoteca/InfantĂĄrio.



Fig. 04.23: Imagem renderizada do projeto - Destaque para o acesso lateral do edifício 03 e relação da abertura da Cozinha Experimental para a varanda.



Fig. 04.24: Imagem renderizada do projeto - Destaque para a relação da abertura da Cozinha Experimental para a varanda através de portas retráteis.



Fig. 04.25: Imagem renderizada do projeto - Destaque para a chegada à praça através da rua Zilda Faria, eixo de equipamentos públicos do bairro.


Fig. 04.26: Imagem renderizada do projeto - Destaque para o pórtico construído na rua 70, esquina com a rua Edna Moreira Barillari e sua relação de pé direito com o entorno.




Fig. 04.27: Imagem renderizada do projeto - Destaque para a vista a partir do promontĂłrio da Rua AntĂ´nio Cese.



Fig. 04.28: Imagem renderizada do projeto - Destaque para a vista do pรกtio interno da praรงa a partir da rua 70.



Fig. 04.29: Imagem renderizada do projeto - Vista da rua 70 a partir do pรกtio interno da praรงa, com destaque para pergolado/redรกrio.



Fig. 04.30: Imagem renderizada do projeto - Destaque para o pátio interno, espaço para manifestações culturais e cívicas.



05.

REFERÊNCIAS


ASSEMBLÉIA NACIONAL/PARLAMENTO E PARQUE MEMORIAL

Kéré Architecture Ouagadougou, Burkina Faso 2016 Conceitos: Espaços de encontro; Relação com o entorno; Apropriação. A construção de um ‘espaço para ver’, criando patamares onde a população pode olhar a cidade de cima é uma característica marcante desse projeto. A forma como ele se insere no sítio, através da continuidade das passagens existentes e a criação de um espaço do encontro na parte central também são estratégias de referência para o presente trabalho. Também ressaltamos os espaços onde as técnicas de agricultura tradicional podem ser utilizadas como elemento educacional; a transparência do edifício que convida as pessoas a se apropriarem dele; e as estratégias de ventilação e iluminação natural interessantes para amenizar o clima do país. Somente a materialidade não parece condizer com a realidade local, pois propõe uma estrutura metálica em contraponto aos edifícios tradicionais da cidade que parecem advir de técnicas mais manuais de construção. Link do Projeto: https://bit.ly/3h5Kwa1

Fig. 05.01: Imagem renderizada da arquibancada/cobertura.

Fig. 05.02: Planta geral do conjunto com croqui da autora evidenciando a conexão com passagens existentes e espacos de encontro.

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Fig 05.03: Imagem renderizada do conjunto no contexto urbano.

Fig 05.04: Foto do entorno mostrando contexto urbano da cidade de Ouagadougou.

Fig. 05.05: Imagem renderizada da AssemblĂŠia, valorizando o local de encontro sob a ĂĄrvore, como ĂŠ tradicional das tribos locais.

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MORADIAS INFANTIS DA FAZENDA CANUANÃ - FUNDAÇÃO BRADESCO

Aleph Zero e Rosenbaum Formoso do Araguaia, TO - Brasil 2017 Conceitos-chave: Pertencimento; Participação do usuário no processo de projeto; Materialidade aconchegante. A valorização dos saberes populares e o resgate cultural de uma região marcada pelo trabalho manual da lavoura e pela natureza indígena são os pontos de partida deste edifício. Além disso, a concepção desse projeto trabalha intensamente com a noção de pertencimento, sendo desenvolvido através de pesquisa, imersão e colaboração de todos os agentes envolvidos no uso e manutenção dessas moradias. A materialidade do projeto também foi referência fundamental para o desenvolvimento do programa proposto pelo presente TGI, pois a madeira e os tijolos de barro remetem às técnicas construtivas das populações originárias da região. Link do Projeto: https://bit.ly/2CwHKeT

Fig. 05.06: Detalhamento técnico da estrutura de Madeira Laminada Colada, escoamento e cobertura.

Fig. 05.07: Fotografia interna dos patamares e passarelas do pavimento superior e brises.

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Fig. 05.08: Foto do conjunto, ressaltando as aberturas feitas através do posicionamento da alvenaria de tijolos maciços.

Fig. 05.09: Foto do pátio interno do conjunto. Nesta foto destacase as áreas livres/paisagismo e acirculação do térreo.

Fig. 05.10: Foto do pátio interno do conjunto. Nesta foto destaca-se a estrutura e área de escoamento de águas pluviais.

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ESCOLA PRIMÁRIA COMUNITÁRIA PARA MENINAS

Orkidstudio Kenema, Serra Leoa 2016

Conceitos-chave: Espaço de encontro; Materialidade aconchegante. Este projeto nos inspira através de sua materialidade e abertura. As estratégias de ventilação proporcionam melhor desempenho térmico e sanitário, favorecendo sua manutenção e baixo custo. Os espaços de assembléia e reunião criados pela configuração do posicionamento dos blocos de salas de aula e de serviços valorizam o encontro e a apropriação do espaço. Link do Projeto: https://bit.ly/3axgYQf

Fig. 05.11: Foto do escola mostrando o pátio e sua apropriação por parte das estudantes.

Fig. 05.12: Planta da escola, mostrando configurações em blocos e pátios.

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Fig. 05.13: Foto mostrando pátio da assembléia e permeabilidade da escola.

Fig. 05.14: Foto mostrando pátio da assembléia e sua ocupação pelas alunas.

Fig. 05.15: Foto externa da escola, evidenciando sua estrutura e materialidade.

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CENTRO DA AMIZADE

Kashef Mahboob Chowdhury/Urbana Gaibandha, Bangladesh 2008-2011 Conceitos-chave: Espaço de encontro; Materialidade aconchegante; Movimentação topográfica. Este complexo abriga um Centro de Treinamento Rural, cuja distribuição do programa de salas de treinamento/aula, escritórios, biblioteca, bloco residencial e salas de oração é composto por uma sequência de diversos pavilhões interligados através de pátios e corredores sombreados. A materialidade de tijolos, madeira e pedra foi inspirada em antigos templos locais, compondo um espaço que remete à cultura local e é altamente acolhedor. Um fato que nos inspirou muito foi a alta movimentação de terra que permite que o Centro se desenvolva alheio ao entorno, mas ao mesmo tempo, preserva uma ligação com os arredores rurais através de seus telhados verdes. Link do Projeto: https://bit.ly/2CyFAvj

Fig. 05.16: Foto externa do Centro evidenciandop a relação de altura com o entorno.

Fig. 05.17: Foto interna de espaço de descanso e encontro.

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Fig. 05.18: Foto mostrando a relação dos pátios e pavilhões do Centro.

Fig. 05.19: Foto externa mostrando uma das entradas para o Centro através de uma escadaria e a vista de seus telhados verdes.

Fig. 05.20: Foto interna mostrando uma das entradas para o Centro através de uma escadaria e a relação dos espaços de passagem com os espaços de encontro.

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PAISAGISMO DA VILA VERTICAL ‘MAGIC BREEZE’

Penda Hyderabad, Índia 2016

Conceitos-chave: Jardim em patamares; Diversas maneiras de apropriação do espaço. O projeto paisagístico do empreendimento residencial Villa Magic Breeze possui uma implantação com característica labiríntica que permite diversas experiências de uso e passagem. A materialidade desse enorme jardim é composta por bambus, jardins de flores e bancos integrados, permitindo que os usuários sejam acolhidos no ambiente. A repetição de padrões e os patamares verdes nos inspiraram na elaboração de movimentos de terra no presente TGI. Link do Projeto: https://bit.ly/3h4m0pU

Fig. 05.21: Foto mostrando a relação entre o paisagismo e o edifício do ‘Magic Breeze’.

Fig. 05.22: Imagem renderizada mostrando patamares e diferentes materialidades e espécies do jardim.

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Fig. 05.23: Imagem renderizada de vista superior mostrando diferentes caminhos com apropriações diversas (passagem, contemplação e estar).

Fig. 05.24: Imagem renderizada mostrando relação do paisagismo com a entrada do empreendimento.

Fig. 05.25: Imagem renderizada mostrando diferentes caminhos com apropriações diversas (passagem, contemplação e estar).

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PRAÇA LEVINSON - PARQUE DAS MISSÕES

Mikyoung Kim Design Boston, Estados Unidos da América 2008

Conceitos-chave: ritmada.

Espaços de encontro; Apropriação; Pavimentação

Concebido como um bosque urbano dentro de um empreendimento residencial que contempla diversas faixas de renda, a Praça Levinson é o lugar da comunidade, proporcionando espaços de encontro, reunião e recreação das mais variadas, acolhendo eventos culturais e cívicos. O padrão de implantação da praça em formato de espinha de peixe, costura as áreas de reunião e passagem ao mesmo tempo em que traz uma escala humana para este grande espaço da praça. As áreas pavimentadas dentro do jardim são escavadas no bosque para permitir o acesso direto aos principais pontos de entrada e transporte público. Link do Projeto: https://bit.ly/2EdZpbC

Fig. 05.26: Foto mostrando a relação entre as passagens e áreas permeáveis da praça.

Fig. 05.27: Foto mostrando a permeabilidade visual mesmo com a variedade arbórea.

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Fig. 05.28: Planta da praça evidenciando o ritmo da paginação do piso e relação área permeável/ área impermeabilizada.

Fig. 05.29: Foto aérea mostrando diferentes espaços de estar e relação da praça com edifício do entorno.

Fig. 05.30: Foto com detalhe da materialidade e paginação do piso em espinha de peixe.

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06.

BIBLIOGRAFIA


ÍNDICE DE IMAGENS CAPA FIGURA 00.01 – Imagem renderizada da proposta de projeto Fonte: Elaborado e produzido pela autora. CAPÍTULO 1. FIGURA 01.01 – Paisagem urbana Jd. Cristo Redentor, Ribeirão Preto-SP Fonte: Foto da autora. CAPÍTULO 2. FIGURA 02.01 – Vista aérea do centro da cidade de Ribeirão Preto-SP Disponível em: <https://guiacidades.files.wordpress.com/2009/12/ catedral-vista-aerea.jpg?w=640>. Acessado em: 18 de Junho de 2019. FIGURA 02.02 – Carta Ambiental e Macrozoneamento Urbanístico Fonte: Produzido pela autora com base no Plano Diretor da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto (Lei Complementar 2.505/2012 e Lei Complementar 2.688/2018). FIGURA 02.03 – Área Urbana Ocupada Fonte: Produzido pela autora com base em (POZZO, 2015, p.116) FIGURA 02.04 – Diferenciação e Segregação Socioespacial Fonte: Produzido pela autora com base em (POZZO, 2015, p.131), (ABREU, 2014, p.49) e Plano Diretor da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto (Lei Complementar 2.505/2012 e Lei Complementar 2.688/2018). CAPÍTULO 3. FIGURA 03.01 – Paisagem urbana Jd. Cristo Redentor, Ribeirão Preto-SP Fonte: Foto da autora. FIGURA 03.02 – Infográfico cronológico do empreendimento Vida Nova Ribeirão / Jd. Cristo Redentor Fonte: Revista Pacaembu Construtora ed.19, ano 7, p.4-5 FIGURA 03.03 – Plano de Usos do Jd. Cristo Redentor Fonte: Elaborado e produzido pela autora. FIGURA 03.04 – Fotomontagem do Jd. Cristo Redentor Fonte: Fotos da autora. FIGURA 03.05 – Planta esc. 1:100, detalhe de Sistema Construtivo em Alvenaria Estrutural e Ampliações Sugeridas Fonte: Produzido pela autora com base no Manual do Proprietário distribuído pela Pacaembu Construtora. FIGURA 03.06 – Distância diametral dos principais comércios e serviços Fonte: Elaborado e produzido pela autora. TABELA 03.01 – Síntese das Entrevistas com Moradores Fonte: Elaborado e produzido pela autora. TABELA 03.02 – Programa para CPES Fonte: Elaborado e produzido pela autora.

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CAPÍTULO 4. FIGURA 04.01 – Vista aérea do bairro Jardim Cristo Redentor Fonte: Revista Pacaembu Construtora ed.19, ano 7, p.1. Fig. 04.02: Croqui sobre eixos formados pelo contexto urbano. Fonte: Elaborado e produzido pela autora. Fig. 04.03: Foto aérea mostrando padrões de parcelamento linear do solo rural do entorno expandido do Jd. Cristo Redentor. Fonte: Elaborado pela autora sobre imagem aérea do Google Maps. Fig. 04.04: Montagem com experimentações plásticas. Fonte: Elaborado e produzido pela autora. Fig. 04.05 e 04.06: Implantação - Escala 1:1000. Fonte: Elaborado e produzido pela autora. Fig. 04.07 e 04.08: Cortes - Sem escala. Fonte: Elaborado e produzido pela autora. Fig. 04.09 à 04.13: Planta dos Edifícios - Escala 1:250. Fonte: Elaborado e produzido pela autora. Fig. 04.14: Corte CC - Sem escala. Fonte: Elaborado e produzido pela autora. Fig. 04.15: Ampliação do Corte CC com detalhes construtivos. Fonte Fonte: Elaborado e produzido pela autora com base na informação dos fornecedores de matéria-prima. Disponível em: < https://rewood.com.br/wp-content/uploads/2020/04/Caderno-deDetalhes-Construtivos-R07-2020.pdf>, <http://www.rtcdecor.com.br/ produtos/cobertura-em-telha-termoacustica-sanduiche/#tab-id-4> e <https://www.leroymerlin.com.br/canal-de-drenagem-com-grelha11,8x9,5x100cm-aco_89556705>. Fig. 04.16: Imagem renderizada do projeto. Fonte: Elaborado e produzido pela autora sobre imagem da Destilaria Galo Bravo disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/ mercado/2017/02/1860395-usina-que-foi-controlada-por-dono-domappin-tem-falencia-decretada-em-sp.shtml>. Fig. 04.17 à 04.30: Imagem renderizada do projeto. Fonte: Elaborado e produzido pela autora. CAPÍTULO 5. FIGURA 05.01 à 05.05 – Assembléia Nacional/Parlamento e Pq. Memorial Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/801517/no-despertarda-revolucao-francis-kere-projeta-um-edificio-transparente-para-oparlamento-de-burkina-faso?ad_source=search&ad_medium=search_ result_all>. Acessado em: 16/08/2020. FIGURA 05.06 à 05.10 – Moradias Infantis da Fazenda Canuanã Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/879961/moradiasinfantis-rosenbaum-r-plus-aleph-zero>. Acessado em: 16/08/2020.

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FIGURA 05.11 à 05.15 – Escola Primária Comunitária para Meninas Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/800020/escolaprimaria-comunitaria-para-meninas-orkidstudio>. Acessado em: 16/08/2020. FIGURA 05.16 à 05.20 – Centro da Amizade Disponível em: <https://www.akdn.org/architecture/project/friendshipcentre>. Acessado em: 16/08/2020. FIGURA 05.21 à 05.25 – Paisagismo da Vila Vertical ‘Magic Breeze’ Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/788935/a-newlandscape-by-penda-is-inspired-by-indian-stepwells-and-watermazes>. Acessado em: 16/08/2020. FIGURA 05.26 à 05.30 – Praça Levinson - Parque das Missões Disponível em: <https://www.archdaily.com/174300/levinson-plazamission-park-mikyoung-kim-design>. Acessado em: 16/08/2020. BIBLIOGRAFIA ABREU, Marlon Altavini de. Diferenciando o espaço e produzindo cidades: lógicas e agentes da produção do espaço urbano em Ribeirão Preto/ SP e Londrina/PR. Orientador: Everaldo Santos Melazzo. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Presidente Prudente: Setembro, 2014. 172p. AMARAL, Aracy. A polêmica sobre a função social da arquitetura. In: AMARAL, Aracy. Realismo versus Arte para quê? A preocupação social na arte brasileira 1930-1970. São Paulo, Nobel, 1984. p. 275-303. AMORE, Caio Santo. “Minha Casa Minha Vida” para iniciantes. In: AMORE, Caio Santo (Org.); SHIMBO, Lúcia Zanin (Org.); RUFINO, Maria Beatriz Cruz (Org.). Minha casa... e a cidade? Avaliação do Programa MCMV em seis Estados brasileiros. p. 51-70. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2015. CABRAL FILHO, José dos Santos. Arquitetura irreversível: o corpo, o espaço, a flecha do tempo. Online. Vitruvius: out. 2007. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.089/202>. Acessado em 18 de Novembro de 2018. FRANÇA, Ana Judite Galbiatti Limongi; ONO, Rosaria; ORNSTEIN, Sheila Walbe; VILLA, Simone Barbosa (Orgs.). Avaliação pós-ocupação: na arquitetura, no urbanismo e no design – da teoria à prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2018. 302p. GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo, Perspectiva, 2013. 244 p. HARVEY, David. O direito à cidade: A qualidade da vida urbana virou uma mercadoria. Há uma aura de liberdade de escolha de serviços, lazer e cultura – desde que se tenha dinheiro para pagar. Folha de São Paulo, ed.82, jul. 2013. Online. Disponível em: <https://piaui.folha.uol.com.br/ materia/o-direito-a-cidade/>. Acessado em 27 de Novembro de 2018. LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. Trad. Rubens Eduardo Frias. 5ed. São Paulo: Centauro, 2001. 143 p. MARICATO, Ermínia Terezinha Menon (Org.). A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil industrial. 2ed. São Paulo: Editora AlfaOmega, 1982. 166 p.

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MAUTNER, Yvonne. A periferia como fronteira de expansão do capital. In: DEÁK, Csaba; SCHIFFLER, Sueli Terezinha Ramos (Orgs.). O Processo de urbanização no Brasil. 1.ed. São Paulo: EDUSP, 2004. cap. 7 POZZO, Clayton Ferreira Dal. Fragmentação socioespacial em cidades médias paulistas: Os territórios do consumo segmentado de Ribeirão Preto e Presidente Prudente. Orientadora: Maria Encarnação Beltrão Sposito. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Presidente Prudente: 2015. 400p. REIS-ALVES, Luiz Augusto dos. O conceito de lugar. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2004. il., 10 p. In:: REIS-ALVES, Luiz Augusto dos. O pátio interno escolar como lugar simbólico. Um estudo sobre a interrelação de variáveis subjetivas e objetivas do conforto ambiental. Tese de doutorado. Rio de Janeiro, FAU-UFRJ, 2006. Disponível em: <http://www. vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.087/225>. Acessado em: 25 nov 2018. RUFINO, Maria Beatriz Cruz. Um olhar sobre a produção do PMCMV a partir de eixos analíticos. In: AMORE, Caio Santo (Org.); SHIMBO, Lúcia Zanin (Org.); RUFINO, Maria Beatriz Cruz (Org.). Minha casa... e a cidade? Avaliação do Programa Minha Casa Minha Vida em seis Estados brasileiros. p. 51-70. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2015. SHIMBO, Lucia Z. (Org.). Produção do Programa MCMV na região central do estado de São Paulo: inserção urbana e avaliação arquitetônica, construtiva e tecnológica – Chamada MCTI/CNPq/MCIDADES no.11/2012. São Carlos, 2014. Arquitetura e o ballet da rua. Idealização e Concepção: Vinicius M. Netto. Roteiro: Bruno Passari. Direção: Nina Tedesco. Online. 16’’18’. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9HRxbbuxVvk>. Acessado em 16 de Agosto de 2018.Vídeo do Singer, 2015 Economia Solidária é alternativa para geração de emprego e renda. NBR ENTREVISTA. TV BrasilGov. Online. 14’’18’. Disponível em: <https://www. youtube.com/watch?v=ulzZP_4EQRk>. Acessado em 18 de Junho de 2019.

1º Plano Nacional de Economia (2015- 2019). Disponível em: <http://www. unisolbrasil.org.br/2015/wp-content/uploads/2015/06/plano_nacional_ de_ecosol_12062015_com_capa.pdf>. Acessado em: 20 de Junho de 2019. Política Nacional de Economia Solidária e criação do Sistema Nacional de Economia Solidária (Projeto de Lei 1.685/2012). Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Plano Diretor do Município de Ribeirão Preto (Lei Complementar 2866/2018). Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Política Municipal de Fomento à Economia Solidária e o Programa Municipal de Economia Solidária (Lei Municipal 13.959/2017).

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