Revista Jardim Zoológico | Julho 2019

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Conservar, educar e investigar

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JULHO 2019

PEGADAS Hospital veterinário, uma pegada pelo futuro das espécies

José Avillez conta-nos como é fã do Jardim Zoológico EM DESTAQUE António Luís Polícia, os jardins são a sua praia

Elefante

Um animal de peso em todos os aspetos


sumário 5. breves

Pequenas notícias sobre o reino animal.

10. pegadas

Conheça o Hospital Veterinário do Jardim Zoológico, com um papel central na conservação das espécies de todo o mundo.

14. visita guiada

Fomos conhecer de perto o dia a dia dos Elefantes-africanos e de quem cuida deles no Jardim Zoológico.

18. entrevista

José Avillez fala-nos do seu mais recente projeto e de como é fã do Jardim Zoológico.

22. palavra de bicho

A secção dos mais pequenos conta tudo sobre o Elefante-africano e ainda reserva algumas surpresas.

24. desafio do padrinho Jaba Recordati, o patrocinador que encheu de cor o Parque Arco-íris do Jardim Zoológico.

26. em destaque

António Polícia cuida dos jardins há mais de 29 anos. Descubra tudo sobre este seu amor.

28. o pinião de mestre

Conheça melhor Ana Rangel, a produtora do musical infantil "ZOO".

29. ideias com natureza

A secção criada para que não perca nada, com dicas e sugestões para ficar a par das novidades.


Há muitos anos a preparar um mundo melhor Francisco Naharro Pires Presidente

“Cooperamos e coordenamos alguns dos projectos mais relevantes em prol da preservação das espécies”

Em 2019 celebramos 135 anos de vida e é com muita satisfação que temos vindo a assistir a grandes mudanças. Talvez o mais evidente para quem nos visita sejam as instalações, todas remodeladas, com espaços que procuram reproduzir os habitats dos animais e um paisagismo feito à medida de cada espécie. O intuito é promover o seu bem-estar e permitir que mantenham os seus comportamentos naturais . Mas as mudanças são mais do que locais. Com o evoluir da nossa experiência tornámo-nos num dos jardins zoológicos mais valorizados internacionalmente. Hoje, em conjunto com outras entidades nacionais e internacionais, como a WWF, IUCN, EAZA e WAZA, cooperamos e coordenamos — tanto a nível científico como financeiro — alguns dos projectos mais relevantes em prol da preservação das espécies. São estas entidades que orientam a acção dos aquários e parques zoológicos e coordenam os programas de conservação mundiais. É o caso do Rinoceronte-negro, espécie criticamente ameaçada de extinção e cuja reintrodução no habitat natural está prevista ainda para este ano. Também no passado, o Jardim Zoológico participou na reintrodução de uma fêmea desta espécie, na África do Sul. Com o nascimento de 5 crias em estado selvagem, foi dado mais um passo neste projecto de conservação. Hoje, olhando para a nossa história, vemos que nestes 135 anos ensinámos, sensibilizámos, e fizemos tomar consciência das problemáticas que nos rodeiam. Nesta revista poderá conhecer melhor alguns aspectos do nosso trabalho e dos profissionais com que contamos diariamente, assim como alguns dos nossos parceiros, sem os quais não conseguiríamos realizar a nossa Missão. A todos — funcionários, visitantes, voluntários, parceiros e amigos — um Muito obrigado! Bem hajam!

FICHA TÉCNICA

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JU LHO 2019

Jardim Zoológico coordenação Ser viço de Marketing do J a r d i m Z o o l ó g i c o g e s tão d e p r oj e to S e r v i ço d e M a r ke t i n g d o J a r d i m Zoológico design Ser viço de Marketing do Jardim Zoológico redação e edição de textos Rita Sousa Rêgo tiragem 11 500 exemplares propriedade

t o d a a e d i ç ã o f o i f e i ta a o a b r i g o d o n o vo a co r d o o r t o g r á f i co , co m a e xc e ç ã o d o e d i t o r i a l .



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A N I V ER SÁ R IO

JARDIM ZOOLÓGICO FAZ 135 ANOS Se quem viu o Jardim Zoológico há 135 anos pudesse visitá-lo agora, dificilmente reconheceria o lugar. Ao longo dos anos, a fidelidade à missão de conservar, educar e investigar superou todas as dificuldades e fez do Jardim Zoológico um dos melhores da Europa.

Foi o primeiro parque com fauna e flora da Península Ibérica e celebra este ano o seu 135º aniversário. Abriu em 1884 no Parque de São Sebastião da Pedreira, onde se encontra atualmente a Gulbenkian, cerca de 11 anos depois mudou para a Palhavã e, finalmente, no dia 28 de maio de 1905, abriu as portas nas atuais instalações na Quinta da Laranjeiras. UM TRABALHO RECONHECIDO Em 1913, o Jardim Zoológico foi declarado Instituição de Utilidade Pública pela Câmara Municipal de Lisboa que, em 1952, lhe atribuiu a Medalha de Ouro da Cidade. A partir de 1974, o Estado deixou de apoiar o Jardim Zoológico e, com a perda das colónias em África, a diversificação de animais sofreu uma grande quebra, bem como a afluência de visitantes. Foi preciso desenvolver uma nova estratégia de gestão que se mos-

trou muito eficaz e, a partir de 1990, teve início a modernização das instalações e dos serviços existentes. MAIS DO QUE MOSTRAR ANIMAIS Hoje temos um Zoo totalmente diferente. Deixou de ser uma montra de animais para assumir um papel relevante na proteção e conservação da Natureza. O seu hospital veterinário foi considerado o melhor da Europa pela Associação Europeia de Zoos e Aquários e a melhoria das instalações permitiram o aumento da natalidade. Hoje, com cerca de 2000 animais de 300 espécies diferentes, participa em inúmeros projetos de conservação das espécies e dos seus habitats. Sempre que o visitar vai estar a contribuir para um parque zoológico e botânico que atua como um centro de conservação e reprodução.

MEDICINA VETERINÁRIA DE EXCELÊNCIA O Jardim Zoológico conta com 4 médicos veterinários em permanência, 365 dias por ano. Os animais usufruem de toda a tecnologia de diagnóstico, sempre que necessário. Para cumprir critérios de excelência na medicina veteriná-

ria, o Jardim Zoológico conta com a colaboração de importantes parceiros. A Natiris S.A, empresa representante da A.Vogel em Portugal, gentilmente oferece o tratamento de dois golfinhos com Echinaforce® Forte, cujo prin-

cípio ativo, Echinacea, fortalece o sistema imunitário. Tem-se verificado ser um tratamento eficaz e de extraordinária qualidade. Saiba mais sobre a medicina veterinária do Zoo nas páginas 10, 11 e 12 desta revista.

Sabia que... A LGUM AS CU R IOSIDA DES SOBR E O JA R DIM ZOOLÓGICO

Zoo Europeu a ter koalas ao seu cuidado.

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Programas de conservação europeus e internacionais que coordenamos

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Campanhas de conservação em que participámos.

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Projetos de conservação na natureza, suportados pelo Fundo de Conservação do Zoo

+60

Espécies incluídas no EEP

(Programa Europeu de Reprodução de Espécies Ameaçadas)


O M U N D O E M O C I O N A N T E D A N AT U R E Z A

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| breves |

NASCIM ENTO

1, 2, 3 … PINGUINS NASCERAM NO JARDIM ZOOLÓGICO Em outubro de 2018 e janeiro e fevereiro de 2019 nasceram no Jardim Zoológico três novas crias de Pinguim-do-cabo (Spheniscus demersus). Este é um animal muito divertido, com o seu andar desajeitado: os casais mantêm-se juntos por mais de uma década e regressam à mesma colónia de nidificação todos os anos.

sabia que

Uma das boas razões para nos alegrarmos com estes nascimentos é que o Pinguim-do-cabo está classificado como “Em perigo” de extinção. Para contrariar esta tendência, o Jardim Zoológico colabora no Programa Europeu de Reprodução de Espécies Ameaçadas (EEP) desta espécie e colabora financeiramente com a Fundação para a Conservação das Aves Costeiras da África do Sul (SANCCOB). Saiba mais em www.zoo.pt

NA NATUREZA manter-se seguro de predadores pode ser bastante desafiante? E que, por esse motivo, muitas espécies desenvolveram diversas adaptações especiais, como se de máscaras se tratasse?

FOR M AÇÃO

Workshops no Jardim ALERTA — CLIMA NOS EXTREMOS As alterações climáticas têm efeitos graves em todo o Planeta mas nem tudo o que se diz é verdadeiro. Neste workshop — a ter lugar dia 28 de setembro – estudantes, profissionais de Biologia e Educação Ambiental e todos os que querem saber como podemos inverter o rumo destas alterações, vão ter resposta a uma das questões mais preocupantes da atualidade. Para mais informações contacte pedagogico@zoo.pt.


LÁ FOR A

V IDA NO JA R DIM

Parque Arco-Íris está pronto a visitar É no Parque Arco-Íris do Jardim Zoológico que vivem três espécies de Lórios, papagaios pequenos e muito coloridos, naturais das ilhas do sudeste e de parte da Austrália. Criado em 2001, o Parque foi agora renovado e concebido a pensar no bem-estar dos animais; e o visitante, pode explorar o ambiente

da instalação, alimentá-los, sentir o seu esvoaçar e escutar as suas vocalizações. O Parque Arco-Íris é patrocinado pela Jaba Recordati (veja a página 24 desta revista). Vale a pena conhecer de perto o incrível mundo destas aves.

já viu o novo site do jardim zoológico? O mundo digital não para e o Jardim Zoológico renovou o seu site, que já está online em www.zoo.pt. Apresenta agora novas funções que tornam mais simples a navegação, um design responsivo que permite aceder facilmente a todas as funcionalidades e uma tecnologia que o torna adaptável a todos os dispositivos. Não deixe de o visitar.

ZOO DÁ NOVO LAR AOS FLAMINGOS E PELICANOS No Jardim Zoológico o trabalho de renovação das instalações é permanente. Além dos lórios, os flamingos e os pelicanos também já moram numa nova “casa”, cheia de conforto. Estas novas instalações são adequadas às necessidades destas duas espécies de aves, permitindo-lhes que mantenham os seus comportamentos naturais. Assim, ao visitá-los, todos poderão observá-los tal como são. A renovação da instalação dos pelicanos foi possível graças ao apoio da Associação Mutualista Montepio.

tubarão mais rápido do mundo ameaçado em portugal Existe em Portugal, consegue nadar a 70 km/h e está ameaçado. Falamos do Tubarão-anequim (Isurus oxyrinchus), que é pescado tanto pela carne como pela barbatana e até na pesca desportiva. Portugal e Espanha são os países que mais capturam estes tubarões e a Associação Portuguesa para o Estudo e Conservação de Elasmobrânquios (APECE) e várias organizações internacionais têm desenvolvido esforços no sentido de limitar a pesca desta espécie. Segundo os especialistas, a população de Anequins do Atlântico Norte teria cerca de 50% de hipóteses de apresentar sinais de recuperação em 2040, caso as capturas fossem reduzidas para zero a partir de agora.

rinoceronte-negro encontra local seguro Criticamente ameaçado, o Rinoceronte-negro está incluído num projeto de reintrodução que tem a conclusão de uma das suas fases mais importantes, prevista para este ano, com a reintrodução no habitat de cinco animais desta espécie. Fruto do esforço do Safari Park Dvur Králové, na República Checa, e de Verônica Varekova, uma ávida defensora da conservação da vida selvagem, três fêmeas e dois machos geneticamente saudáveis vão viver no Parque Nacional Akagera, no Ruanda, considerado um dos locais mais seguros para a vida selvagem. Segundo Mark Pilgrim, CEO do Chester Zoo no Reino Unido, e coordenador do programa ex situ da EAZA, “a cooperação em grande escala entre os zoos desta espécie, resultou numa população sustentável de Rinoceronte-negro, o que nos permite dar este importante passo.”

O M U N D O E M O C I O N A N T E D A N AT U R E Z A

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Conservar 1. Manter em bom estado. 2. Manter no estado atual. 3. Guardar. 4. Preservar. 5. Continuar a ter. 6. Reter (na memĂłria). 7. NĂŁo perder. 8. NĂŁo desistir. Palavras relacionadas: reter, manter, permanecer, mantimento, memorizar, reservar, vivificar.

entre patas e barbatanas

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... a respeitar a natureza Na sua missão de proteger as espécies e sensibilizar o público para a importância da sua conservação, o Jardim Zoológico associa-se a vários projetos em todo o mundo. H O S P I TA L V E T E R I N Á R I O

Uma pegada pelo futuro das espécies Dificilmente se poderia imaginar que o hospital veterinário do Jardim Zoológico tivesse um papel tão central na conservação das espécies de todo o mundo. Mas aqui não só se previnem e tratam os problemas de saúde dos animais, como se participa em programas internacionais que asseguram a sua saúde genética e das futuras gerações.

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om u ma equ ipa composta por 4 veterinários — Narciso Lapão, o diretor clínico, Rui Bernardino e Teresa Fernandes, equipa clínica, Arlete Sogorb, diretora do Centro de Vida Marinha e 3 auxiliares (Otília Santos, Paula Trovão e Cláudia Portugal), o Hospital Veterinário do Jardim Zoológico conta com todo o equipamento necessário para zelar pela saúde de animais tão pequenos como uma rã e tão grandes como um elefante. Na atividade desta equipa, a criatividade, a par com o conhecimento e a experiência, é uma das facetas mais importantes.

São cerca de 300 espécies e quase 2000 animais. “Como temos g r upos mu ito pequenos, as respostas são sempre individuais”, explica Rui Bernardino. Teresa Fernandes concorda e reforça quando afirma não reconhecer rotina no trabalho desenvolvido. “Acho que a rotina, aqui, é não haver rotina. Tanto podemos estar a observar um antílope que não se aproximou dos alimentos como, logo a seguir, estamos a tratar um macaco que se feriu numa disputa. É sempre diferente”.


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A LIGAÇÃO COM OS TRATADORES Num universo com tantos indivíduos para cuidar, os tratadores são fundamentais para o trabalho dos veterinários. “Seria uma vida muito interessante, mas é-nos impossível fazer rondas diárias em todas as instalações”, conta Rui Bernardino. Os tratadores, por conhecerem bem os grupos que têm sob a sua responsabilidade, conhecem também cada comportamento, e quando notam alguma alteração, a primeira medida é avisar os veterinários. Este é o passo mais comum na maioria dos casos. A partir daí, o procedimento depende da espécie, do lugar que este animal assume no grupo em termos hierárquicos, e da própria doença, se existir. “Podemos ir ver o animal com ou sem o tratador, se acharmos que o animal vai mudar o seu comportamento na presença do mesmo, podemos entrar na instalação, pode ser preciso anestesiar o animal, dar-lhe a medicação na comida, isolá-lo na enfermaria ou na própria instalação. Há muitas variáveis”, especifica Teresa.

Anestesia de Urso- pardo para resolução cirúrgica de uma laceração no dorso

TRATAR SEM ALTERAR HIERARQUIAS É sempre desejável não retirar um animal do grupo, pois a sua ausência pode fazer com que toda a hierarquia se transforme e, quando este volta, já não encontra o seu lugar. Embora esta reorganização não aconteça de um dia para o outro, os veterinários só optam por transferir um animal para a enfermaria quando há risco de contágio, o que é raro, ou quando os cuidados têm de ser mais continuados. E mesmo assim, é quase sempre possível isolar um animal mantendo-o à vista dos outros. “No estado selvagem, quando um animal desaparece, já não volta. Significa que morreu, ou chegou a uma idade do desenvolvimento em que tem de procurar outro grupo. E o grupo reorganiza-se porque está em causa a sobrevivência. Este mecanismo dificulta-nos a tarefa da reintrodução do animal nalguns grupos após a recuperação em isolamento, o que dificulta a tarefa da reintrodução do animal após isolamento”, esclarece Rui.

Dr. Narciso Lapão, diretor clínico, a efetuar tratamento de ferida a um Rinoceronte-branco anestesiado


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TRATAMENTOS E INTERCÂMBIOS Sendo uma das medidas primárias de conservação das espécies, e para garantir a variabilidade genética, é comum que sejam feitas trocas de animais entre zoos ao abrigo do Programa Europeu de Reprodução de Espécies Ameaçadas (EEP). Aqui o papel dos veterinários assume grande importância, sendo mesmo uma parte marcante do seu trabalho. Como explica Teresa Fernandes, “todos os animais que entram ou saem do Zoo têm de ser testados e, muitas vezes, passar por um período de quarentena. É assim que impedimos a entrada ou saída de agentes patogénicos que podem ser fatais. Esta é uma das partes mais importantes do nosso trabalho e varia conforme os animais. Nalguns casos, a avaliação é mais invasiva, com recurso a raio-x ou análises de sangue, outras vezes é mais simples, Rx ao membro posterior de um primata

por exemplo apenas recolhendo fezes. Há muitas especificidades e cada zoo pode pedir análises para além do que está regulamentado pela legislação europeia ou pela de cada país. A PENSAR NA REINTRODUÇÃO Em todo o trabalho desenvolvido nos principais parques e jardins zoológicos pelo mundo, a possibilidade de reintroduzir os animais na Natureza está sempre no horizonte, sobretudo para as espécies mais ameaçadas. Mais uma vez, o papel dos veterinários é central. “Isto tem muito a ver com o tipo de medicina que fazemos e que é diferente da que se faz com os animais domésticos”, diz Teresa. Trata-se essencialmente de um trabalho no qual as decisões têm de levar em conta se o que está a ser feito para um determinado indivíduo também beneficia a respetiva população. Para que nasçam crias saudáveis é preciso evitar a consanguinidade e este é um dos principais critérios que determina as trocas entre zoos. O zelo que os veterinários devem ter, nestes casos, é o de manter a diversidade genética. Todos os animais

Cria de Macaco-do-japão a receber oxigénio

são identificados de forma a saber-se de quem descendem, e assim evitar a reprodução entre animais que possam ter antepassados comuns. Tudo é controlado a nível regional, sobretudo entre zoos europeus, embora haja também programas de reprodução de espécies ameaçadas na América e Ásia. CUIDADOS E EQUIPAMENTO DE TOPO Além de uma equipa de profissionais experientes, dedicados e qualificados, o Hospital Veterinário do Jardim Zoológico também prima pela qualidade das suas instalações. No exterior existe uma superfície desinfetante que elimina o máximo de agentes patogénicos dos veículos que transportam os animais antes da sua entrada. No interior encontra-se a sala de tratamento, onde se

realizam os procedimentos mais simples, a sala de imagiologia, cujas paredes são cobertas de chumbo sobretudo por causa dos raios-x, uma farmácia, um laboratório e, ainda, um bloco operatório. Existe ainda uma enfermaria com salas diferentes para primatas, aves, répteis ou carnívoros, e instalações com troncos de contenção e de recobro. Rui Bernardino destaca a qualidade das instalações e também dos equipamentos. “É quase obrigatório ter o máximo de qualidade quando trabalhamos com animais com um valor incalculável em termos de conservação. Graças a uma ligação sólida com diferentes marcas, podemos dispor de equipamento de topo nas diferentes áreas.” É caso para dizer que nada falta para tratar da saúde dos animais do Jardim Zoológico.

Trabalhar com sensibilidade O enfermeiro Nuno Gaspar, que trabalhou no hospital do Jardim Zoológico durante 29 anos, decidiu recentemente, abraçar um novo desafio que o levou a mudar-se para o Alentejo. Nuno encara esta mudança com muita convicção e reconhece que sair do Jardim Zoológico ao fim de tanto tempo, também mexe com as suas emoções. “Cheguei aqui com 30 anos, depois de concluir o curso de Enfermagem Veterinária , o primeiro que houve em Portugal”, conta-nos. Mas embora o diploma fosse recente, Nuno trazia muita experiência de trabalho com animais. Durante muitos anos acompanhou o pai, veterinário de campo. E sentiu a responsabilidade de cuidar de seres “que não falam, não nos dizem o que têm”. A paixão pela natureza é uma das suas

características, visíveis ao primeiro contacto. E foi com todo o carinho e atenção que durante quase 30 anos se dedicou aos animais do Jardim Zoológico. “Se eu pudesse ficava cá a dormir; largá-los doentes era um suplício para mim”, lembra o enfermeiro que acarinhou, cuidou, deu injeções, criou formas de colher sangue e fazer tratamentos com um mínimo de perturbação para os animais e ainda deu várias sessões de formação. Agora, de partida para o campo, revela que, quem vai passar a ocupar os seus afetos são as plantas. “Apaixonei-me por esses seres, que são ainda mais pacíficos que os animais. Tenho a impressão que agora também precisam de mim”, esclarece. Das muitas histórias que viveu aqui, não quer referir nenhuma. “Foram muitas e não dou mais valor

a nenhuma em especial, porque todos os dias surgiam novas” diz Nuno Gaspar que deixa e leva saudades mas diz, com um sorriso, que o Alentejo não é assim tão longe e promete visitar o Zoo sempre que possível.



ELEFA N T E S

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Elefantes

Uma atração enorme Os elefantes do Jardim Zoológico, todos africanos, recebem os cuidados de quatro tratadores que conhecem bem as suas preferências e necessidades. Prestes a receberem novas instalações, são uma das grandes atrações do Zoo e encantam todos os visitantes com o seu tamanho excecional e a pacatez característica.

J

á foi o tempo em que o elefante do Jardim Zoológico tocava o sino a cada moeda que lhe davam, desde que não fosse preta. Manuel da Conceição, o tratador principal da equipa de quatro profissionais que lhes dedicam os dias e as atenções, lembra-se muito bem: “Era eu que lhe dava o sinal, bastava um olhar e ele já sabia que não era para tocar o sino. Deitava a moeda para o chão e nada de tocar o sino.” Está desvendada a razão de um comportamento que, por não ser em nada semelhante ao que um elefante vive na Natureza, foi abandonado há muitos anos. Hoje, os elefantes do Jardim Zoológico vivem de uma forma natural: com espaço para circularem, zonas de sombra e lama. “Gostam muito de lama”, diz o tratador. “Refrescam-se com ela, deitam-na na própria barriga e às vezes também me

deitam a mim para chamar a atenção, quando querem alguma coisa”, sorri Manuel. De um dos lados da instalação estão cinco fêmeas: Jani, Nina, Primavera, Assunção e Luna. O macho, Jassa, vive num espaço contíguo e junta-se apenas quando uma fêmea entra em cio. SEGURANÇA TOTAL O elefante é um animal pacato, basta que não o perturbem e lhe assegurem as necessidades. E é isso que o Jardim Zoológico faz, assegura-se de que têm tudo o que precisam. A começar pela segurança das instalações. Tudo é controlado por câmaras e por um sistema elétrico que abre e fecha as várias portas de ferro maciço que protegem os animais: algumas entre o interior e o

exterior da instalação e outras entre cada “casa”. Animais e tratadores nunca estão no mesmo espaço e todos os procedimentos são registados. A qualquer momento pode ser consultada a informação sobre o dia a dia de cada animal. Existe também um quadro onde os tratadores assinalam datas como nascimentos, chegadas e partidas. Manuel da Conceição recorda com saudade: “Está ali a nota, por exemplo, de quando o Zé Maria foi daqui para outro Zoo”. O macho Zé Maria nasceu e viveu no Jardim Zoológico até ser altura de ir para outro país. Existe, internacio-

nalmente, um curador para cada espécie sob cuidados humanos e é com a sua ajuda que se decide quando se devem fazer trocas de animais, seja porque existe sobrepopulação, seja pela necessidade de acasalamento noutro Zoo. O objetivo é sempre o bem-estar de cada animal e a conservação da espécie. O VALOR DA OBSERVAÇÃO O cuidado dos animais não se resume à alimentação e limpeza. A observação pelos tratadores é de uma importância fundamental. “Chegamos aqui de manhã e olhamos bem para eles. Se está tudo bem, prosseguimos com as tarefas


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M A C A C O - D E - N A R I Z- B R A N C O

16 | s e c ç ã o |

Macho e Fêmeas As cinco fêmeas no Jardim Zoológico formam um grupo matriarcal, tal como na Natureza. A Primavera e a Assunção nasceram aqui. A Luna, a Jani e a Nina vieram de outros zoos.

Uma vez por semana os elefantes recebem cuidados nas patas: um dos tratadores distrai-os com alimento e outro observa, escova, limpa e, se necessário, trata unhas, calos ou pequenos ferimentos

de rotina. Se há sinais de algum problema, avisamos logo os veterinários para virem vê-los”, conta Manuel. Os sinais de alerta, normalmente, estão relacionados com o apetite: não terem comido o feno que é deixado para a noite, não se dirigirem para a porta das instalações à espera da primeira refeição, uma diarreia ou, em casos mais extremos, nem sequer virem ter com o tratador quando o vêem chegar. “Eles conhecem-nos principalmente pelo cheiro. Tratamos também dos Rinocerontes-brancos e dos hipopótamos e basta virmos dessas instalações que eles estranham logo”, revela o tratador. “Mas quando nos aproximamos percebem logo que somos nós e ficam tranquilos”. A ROTINA DIÁRIA Durante a noite, todas as portas ficam abertas. Mantém-se apenas a separação entre as fêmeas e o macho. “Quando chegamos, depois de olharmos bem para eles, fechamos as portas para o exterior. Eles ficam lá fora e nós limpamos o espaço interior. Depois colocamos a ração e abrimos as portas para eles virem comer”, conta Manuel. Cada elefante sabe onde é a sua “casa”, onde encontra comida e água

sempre fresca. Os tanques estão equipados com uma bomba que ativa a entrada de água quando os níveis estão abaixo do ideal. Portas fechadas, os tratadores fazem a limpeza exterior. Os dejetos são retirados, o chão é varrido, a lama é revolvida e a queda de água, se necessário, é interrompida para se retirarem objetos do lago como folhas, paus etc. A higiene é sempre assegurada. Em seguida, as portas são abertas e, durante todo o dia, os animais movimentam-se como quiserem. Por volta das três da tarde toda esta operação de limpeza é repetida e é-lhes dada nova refeição, constituída sobretudo por feno. Manuel da Conceição conta que “eles andam aqui bem, não têm frio e gostam do calor. Só se perturbam quando sentem uma trovoada a aproximar-se. Mas basta pô-los cá dentro e fechar as portas que se sentem logo protegidos e acalmam.” Nada que um pouco de feno ou uma peça de fruta não resolva quando há um tratador atento. E assim os elefantes do Jardim Zoológico vivem felizes sem saberem que em breve estarão em novas instalações, com mais espaço, mais enriquecimento ambiental e novos vizinhos.

| a saber |

Africano ou Asiático, quais as diferenças? É maior, mais corpulento e tem presas visíveis O dorso convexo em vez de côncavo como no Elefante-africano As orelhas são maiores e arredondadas, podem medir até 1,5m A tromba é mais enrugada, e a extremidade está dividida em dois.

Africano

Asiático


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entre rugidos e piares

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Educar verbo transitivo 1. Dar educação a.2. Criar e adestrar (animais). 3. Cultivar (plantas). verbo pronominal 4. Adquirir os dotes físicos, morais e intelectuais que dá a educação. Palavras relacionadas: educando, educado, educativo, deseducar, educação, bem-educado, desemburrar.


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...José Avillez ... conversas com amigos do Jardim Zoológico

“ Gosto de trazer os meus filhos ao Zoo” Chef cozinheiro de renome, José Avillez assume a gestão de 18 restaurantes em Portugal e de uma equipa com mais de 500 pessoas. Este ano, lança-se além-fronteiras com a abertura de um restaurante no Dubai. Nos seus (poucos) tempos livres, prefere estar com a família e o Jardim Zoológico é uma paragem entusiasmante para ele e para os filhos. fotogr afia www.joseavillezonline.pt

V

iaja muito, cria muito, trabalha muito. Dizem que é imparável. José Avillez é um dos nomes mais fortes da cozinha em Portugal, mas o mundo também já o percebeu. Depois de abrir um restaurante no Dubai, não há fronteiras para a sua criatividade. Aberto a todas as novidades, persegue a qualidade em tudo o que faz, e procura a harmonia nos sabores e nas experiências gastronómicas que proporciona aos seus clientes e entre os membros da sua vasta equipa. Entre as memórias de infância, o Jardim Zoológico é uma das que vai transmitindo aos filhos.

Que memórias guarda da sua infância? Nasci em outubro de 1979, em Cascais, onde cresci com grande liberdade para explorar e criar, rodeado de um grande pinhal e muito perto do mar. Ainda hoje, tenho uma relação muito forte com o mar que é uma grande influência na minha cozinha.

À medida que fui crescendo, fui ganhando gosto pela cozinha, mas quando entrei para a faculdade estava longe de imaginar que iria ser cozinheiro. No último ano, fiz o primeiro estágio na cozinha da Fortaleza do Guincho. Quando entrei na cozinha, senti uma emoção enorme, absolutamente indescritível. Percebi logo que tinha encontrado o meu caminho.

Qual é a sua primeira lembrança relacionada com o caminho profissional que seguiu? Quando tinha dez anos montei o meu primeiro negócio com a minha irmã: vendíamos tortas aos vizinhos e à família. Mais tarde, na minha patrulha dos escuteiros, sempre que era preciso, era com gosto, o cozinheiro de serviço.

Considera que tem contribuído para a missão de tornar Portugal num destino gastronómico de excelência? Tanto eu como a minha equipa temos trabalhado muito e a alta velocidade. O que nos move é uma grande paixão pela cozinha e por receber bem. Temos trabalhado no sentido de elevar a oferta gastronómica de Lisboa e do Porto e divulgar a


Perfil Naturalidade: Cascais Ano de Nascimento: 1979 Estado Civil: Casado, tem dois filhos, José Francisco e Martinho, com oito e nove anos, respetivamente. Hobbies: Não lhe sobra muito tempo livre fora daquele que dedica à empresa e aos vários restaurantes, mas procura aprender sempre que possível e estar todo o tempo que pode com a família, pilar fundamental na sua vida. Curiosidades: O seu animal favorito no Zoo é o gorila.


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“Conheço alguns Zoos pelo mundo e acho que o de Lisboa é um exemplo“

cozinha portuguesa e o nosso país. Neste momento, estamos a abrir o primeiro projeto internacional, no Dubai. Com esta abertura, esperamos contribuir também para a divulgação da nossa cozinha e de Portugal enquanto destino turístico. Acredito que temos uma das melhores cozinhas do mundo e que o nosso país, apesar de não ser grande, é muito bonito e muito interessante pela sua variedade geográfica, história e tradições. Onde e em quem se inspira para a confeção dos seus pratos? A grande fonte de inspiração é a cozinha portuguesa, mas o processo criativo é complexo e difícil de explicar. Sou uma espécie de esponja, de radar. Tenho uma enorme curiosidade, estou atento a tudo, gosto de viajar, de experimentar tudo, de aprender sempre mais… Mas também tenho um lado introspetivo e reflexivo. Conjugo o meu mundo interior e o mundo exterior.

Que memórias tem do Jardim Zoológico? De vir aqui pequeno, com a minha irmã. Adorávamos! O que é que o leva a visitar o Zoo? Pelo que sei, é um compromisso do Jardim Zoológico contribuir para a conservação das espécies e isso é muito bom. Gosto de trazer os meus filhos, é sempre um dia bem passado. Gosto de assistir ao entusiasmo com que exploram o espaço e o encantamento com os animais. O facto de ter estudado Comunicação Empresarial dá-lhe um sentido crítico na forma como gere os diferentes restaurantes? É importante estudar. Gostei muito do curso de Comunicação Empresarial porque, na altura, era um curso inovador. Começávamos a estagiar em empresas desde o segundo ano, quase todos os professores tinham uma forte ligação ao mundo empresarial e uma grande experiência prática.

Gosto muito de ser cozinheiro, mas também gosto muito de ser gestor. Ser cozinheiro é um gosto e uma missão — a de querer oferecer as melhores experiências gastronómicas, independentemente do estilo de cozinha. O lado empreendedor foi-se desenvolvendo desde muito cedo. Hoje, tenho assumidamente um papel de gestor e gosto de estar envolvido em tudo. Mas para isso, é essencial uma boa gestão da agenda, bem como o apoio de uma excelente equipa. Os projetos que temos desenvolvido são muito diferentes, mas trabalhamos para que haja sempre um elemento comum: a qualidade. Como é que se coordena uma equipa tão grande e tantos espaços diferentes? Se por um lado gosto de estar a par e de saber tudo, por outro confio imenso nas pessoas que trabalham diretamente comigo. Gerir uma equipa tão grande não é fácil, mas acho que não há segredos. Procuramos encontrar as pessoas certas para cada lugar, em termos de competências, perfil e atitude, conhecer bem os talentos de cada um, estimular o espírito e o trabalho em equipa e reconhecer a dedicação.

A cozinha de O Bairro do Avillez

Tasca, no Dubai, o seu primeiro restaurante internacional



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TEMA DO ARTIGO

...Elefante-africano

pes

Um animal de

Sabias que...

A pele dos elefantes é espessa mas muito sensível. Eles sentem picadas de insetos e o sol pode incomodá-los.

em todos os aspetos

Basta olhar para um elefante para acreditar que é o maior mamífero terrestre no Planeta. Mas além do seu tamanho, há várias características destes animais que nos impressionam e conquistam. Já conheces todas? Neste artigo podes saber ainda mais! Ninguém fica indiferente perante um animal como o elefante. O seu tamanho, fisionomia e aspeto pacífico dão vontade de olhar para ele demoradamente, reparar em cada pormenor e tentar perceber tudo sobre este mamífero que chega a pesar 7.500 pacotes de 1 kg de arroz. Isto para dar apenas um exemplo que nos ajuda a perceber o que significa ter um peso de 7,5 toneladas na idade adulta. Podemos, assim, compreender facilmente por que o elefante é um dos poucos mamíferos incapazes de saltar. Por outro lado, percorre muitos quilómetros todos os dias em busca dos cerca de 130 litros de água e dos 150 a 300 kg de alimento de que precisa para viver.

Achas muito? Então precisas de saber também que, apesar de passarem aproximadamente 16 horas por dia a alimentarem-se, os elefantes digerem apenas 40% daquilo que comem. Achas pouco? É que todos estes alimentos são vegetais — folhas, erva, frutos, arbustos e flores — e a maioria tem uma grande quantidade de fibras insolúveis na sua constituição, ou seja, fibras que entram e saem do organismo sem fornecerem nutrientes.

vida. Raramente têm mais de uma cria de cada vez, e cada uma nasce com cerca de 120 kg e praticamente cega. Até aos dois anos, bebe o leite da mãe. O nascimento é, muitas vezes, “assistido” por outra fêmea do grupo. A organização de um grupo de elefantes visa proteger todos os seus membros, mas principalmente os mais novos.

Que cria tão grande As fêmeas têm gravidezes (gestações) de 22 meses, ou seja, quase dois anos e estão preparadas para se reproduzirem dos 8 aos 50 anos de

NO M A PA

onde vivem os elefantes O próprio nome de cada espécie de elefante indica onde vive, aqui não há segredos. O Elefante-africano (Loxodonta africana) é natural das savanas e florestas abertas africanas. Já o Elefante-asiático (Elephas maximus) tem a sua “casa” no sudeste asiático da Índia, na Indonésia e Sri Lanka.


23 SOPA DE LETR AS

Que memória é esta?

DESCOBRE AS 8 PALAVRAS E MOSTRA O QUE APRENDESTE SOBRE ELEFANTES

Terá sido o instinto de sobrevivência que os levou a desenvolver esta capacidade. De qualquer maneira, há sempre mais para aprender sobre estes extraordinários animais.

rior, e tem múltiplas funções: serve para respirar, beber, levar alimentos à boca, apanhar e mover objetos, deitar água, terra e lama sobre o corpo para se refrescarem e protegerem do sol, areia e insetos. Curiosamente, a tromba do elefante também tem uma função social importante: é usada para reconhecer e interagir com os outros membros do grupo.

Uma tromba muito útil Ao longo da vida a sua visão vai melhorando, mas nunca é ótima. Em compensação, o seu olfato e tato são excelentes. A tromba, com mais de 40 000 músculos, é formada pelo nariz e pelo lábio supe-

Que tristeza de ameaças O elefante é uma espécie classificada como Vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), e a sua sobrevivência é ameaçada sobretudo pelos caçadores que pretendem vender a preços muito altos as suas presas, o marfim, que são apenas os dentes incisivos do elefante. Cada presa/dente pode pesar 10 kg, pelo que um animal pode morrer pela venda de 20 kg de marfim! Apesar de já se terem tomado medidas para os proteger, a sua capacidade de reprodução (de 4 em 4 anos e com gestações de 22 meses) é lenta

ESPÉCIE

quando os dentes caem Os dentes molares dos elefantes pesam à volta de 2 kg e têm o tamanho aproximado de um tijolo.

Caem com a idade, o que dificulta a sua sobrevivência, pois deixam de conseguir mastigar bem os alimentos.

para a ação dos caçadores ilegais e do tráfico internacional de marfim. No entanto, os próprios elefantes parecem estar a desenvolver mecanismos de proteção: hoje em dia, é mais comum que façam as suas grandes deslocações, altura em que estão mais vulneráveis à caça, durante a noite, quando são menos visíveis. Todos podemos proteger o elefante Falar nas ameaças que os elefantes enfrentam e ajudar as organizações que os protegem é sempre uma boa atitude e podes fazê-lo em casa, na escola e em todos os teus grupos de amigos. Mas a maior proteção que lhes podemos dar é recusarmos todo e qualquer objeto feito de marfim que nos possam querer vender. Para teres informação fidedigna sobre a situação atual dos elefantes, podes visitar sites como o do Jardim Zoológico — www.zoo.pt — e também de organizações internacionais como a Elephants Without Borders — w w w.elephantswithout borders.org — são boas fontes para fazeres trabalhos ou simplesmente saberes mais, através de textos e vídeos sempre muito interessantes e com carácter científico.

R V H P S A S I A H P O S

O E V I X V S M A R I C C

F G H T D O L F A T O V A

R M I N V E T A I S K I L M M R O M B A M Z R V R V K I P F L 9 C K I R M X D M P R E S A P I C V K R E L H A H K X L M V A N A A

ALGUMAS

K L A L P F V K R P R I K V C R Q A P E W K X F S U B E W J S R U K E W Z F C

SOLUÇÕES

De facto, os cientistas admitem que, ao percorrerem grandes distâncias, os elefantes lembram-se de onde há água e comida num determinado percurso.

ÁFRICA ÁSIA MARFIM OLFATO ORELHAS PRESAS TROMBA VEGETAIS

Quando alguém mostra que se lembra de muitas coisas, dizemos que tem «memória de elefante». Mas de onde vem esta ideia?

CURIOSIDADES

O cérebro dos elefantes é 3-4 vezes maior do que o dos humanos. É mesmo o maior entre todos os animais terrestres. Em África, os elefantes que vivem nas florestas são mais pequenos do que os que vivem na savana. É um representante de peso da vida selvagem africana, sem predadores para além do Homem. No entanto, ironicamente, é uma espécie ameaçada.


O M U N D O E M O C I O N A N T E D A N AT U R E Z A

24 | d e s a f i o d o p a d r i n h o |

DESA FIO DE PA DR I N HO

J A B A R A C O R D AT I

Pela qualidade

de vida de todos

A Jaba Recordati patrocina o Parque Arco-Íris, onde vivem os Lórios do Jardim Zoológico. É um local cheio de vida e cor, onde os visitantes do Zoo podem interagir com as aves onde reina a alegria. É a tradução perfeita de uma parceria entre entidades que trabalham para melhorar a vida de pessoas e animais. e n t r e v i s ta a

s a n d r a s i lva , pro d u c t m a n ag e r

O que destaca na história e missão da Jaba Recordati? A Jaba Recordati é uma empresa subsidiária da Recordati Internacional. Comercializa no mercado Português produtos farmacêuticos de elevado valor acrescentado que melhoram a qualidade de vida e ajudam as pessoas a dela tirarem melhor proveito, de forma mais longa, saudável e produtiva. O nosso sucesso enquanto empresa farmacêutica beneficiará não só os doentes cujas necessidades desejamos satisfazer, mas também a todos aqueles para quem trabalhamos: os nossos clientes, os nossos acionistas, os nossos parceiros científicos e comerciais e todos os nossos colaboradores e suas famílias.

Quando as boas intenções se juntam à determinação, coisas fantásticas acontecem.

Como é que a empresa procura relacionar-se com o grande público? Queremos contribuir de forma significativa para um melhor estado de saúde das populações que servimos. Assim, procuramos estar presentes nas iniciativas que nos permitem, dentro da legislação e códigos ético-deontológicos em vigor e transmitir a nossa missão e os nossos valores a todos aqueles que utilizam os nossos produtos. Qual a importância de apoiar o Jardim Zoológico? O Jardim Zoológico é uma instituição centenária, que trabalha para a conservação das espécies e da biodiversidade, assim como a Jaba Recordati trabalha para melhorar a saúde dos Portugueses. Esta parceria reflete a forma como ambas as instituições estão na sociedade. Quando as boas intenções se juntam à determinação, coisas fantásticas acontecem. E foi precisamente isso que aconteceu quando as marcas Aloclair®, AloBaby®

e Biogaia®, da farmacêutica Jaba Recordati, decidiram contribuir para a reabilitação e apadrinhamento do Parque Arco-Íris. Porque a Jaba Recordati escolheu apoiar os Lórios e o Parque Arco-Íris? Através das suas marcas Aloclair® Alobaby® e Biogaia® ligadas ao universo infantil e ao segmento criança, a Jaba Recordati viu neste apoio o desafio perfeito para contribuir para a conservação das espécies e dos seus habitats. Através da reabilitação e apadrinhamento deste espaço, que se pretende que volte a ser um local cheio de vida e cor, onde os visitantes do Zoo são convidados a interagir com as aves, sendo permitido alimentá-las, tocar-lhes e brincar com as mesmas, a Jaba Recordati desperta as gerações mais novas para a questão da sustentabilidade e da biodiversidade do planeta.

De que forma a empresa envolveu os seus colaboradores nesta iniciativa? O Parque Arco-Íris era uma zona do jardim que se encontrava a necessitar de uma rápida intervenção, tendo sido lançado o desafio para a sua recuperação, o qual a Jaba Recordati demonstrou total disponibilidade em apoiar. No âmbito da parceria, foi lançado o desafio às equipas comerciais das três marcas, para contribuírem e ajudarem em conjunto, a reconstruir o parque. Durante uma manhã, todos ajudaram a limpar o terreno e a fazer trabalhos exteriores de recuperação, colocando vários materiais gráficos que serviram de decoração ao parque e contribuíram para que o espaço Arco-Íris ficasse mais bonito e atrativo. Porque uma imagem vale mais do que mil palavras, deixamos uma imagem do dia fantástico passado no Zoo.


entre pintas e riscas

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Investigar (latim investigo, -are) verbo transitivo Proceder à investigação de... Palavras relacionadas: investigação, investigativo, reinvestigar, megainvestigação, meteoronomia, exactificar


ANTÓNIO LUÍS POLÍCIA CRUZ E OS JARDINS DO JARDIM

| em destaque |

“ Os jardins são a minha praia” Chamam-lhe Polícia, mas na verdade é jardineiro. Entrou no Jardim Zoológico há 29 anos e continua com a certeza que é esta a profissão da sua vida. Trata de cada planta com o mesmo amor, e explica: “O que eu quero é que cada sementinha se desenvolva e tenha uma vida bonita.”

A

ntónio Polícia trabalhava como administrativo numa empresa quando um amigo o convidou para um emprego num hotel. Despediu-se quando as instalações do seu novo trabalho ainda estavam em obras, mas o tempo ia passando e António Polícia não ficou parado. “Tinha resolvido procurar outro emprego e vi o anúncio do Jardim Zoológico, que procurava um jardineiro. Pensei: Isto é para mim!”.

NÃO QUER OUTRA COISA Polícia foi entrevistado numa sexta-feira e contratado para entrar ao serviço na segunda-feira seguinte. “Fui criado no campo, vim fazer a tropa para Lisboa e nunca mais voltei, mas as plantas são a minha praia. É o que eu gosto, é com elas que me sinto bem”, explica o jardineiro.


27

DO SOLAR AO ROSEIRAL E MUITO MAIS Quando chegou ao Jardim Zoológico, Polícia ficou a trabalhar nos espaços à volta da instalação dos Leões. Também fazia os arranjos dentro das mesmas, criava zonas de sombras e um ambiente mais agradável para os animais. O seu espírito de iniciativa foi notado pois, quando o chefe ia de férias ou era preciso substituir algum colega, punha mãos à obra sem precisar de instruções. Sete anos depois, passou para o roseiral. Queria apenas as ferramentas e os materiais. “Eu tinha aquilo sempre numa maravilha, mal uma erva aparecia eu arrancava-a. Não se pode deixar desenvolver as ervas daninhas senão elas invadem tudo”, explica o jardineiro que, depressa viu a sua responsabilidade alargar-se a outras áreas do Jardim. TRABALHAR EM EQUIPA Ainda que tenha optado por trabalhar sozinho no roseiral, ao longo dos seus 29 anos de Zoo, António Polícia teve muitas equipas a seu cargo. “Nunca gostei de me intitular chefe. Sempre gostei de planear o trabalho com os meus colegas e ouvi-los, embora a última palavra tivesse de ser minha pois eu era o responsável”, explica Polícia, que também participa em programas especiais e nos Cam-

pos de Férias do Zoo. Dá verdadeiras aulas dinâmicas às crianças do ATL. “Falo com eles, levo-os a dar uma volta pelos jardins, mostro-lhes as plantas, os frutos, os viveiros. Eles ficam felicíssimos e encantados com este mundo”, diz, contente por partilhar o seu saber e a sua paixão com os mais novos. E também se lembra, com orgulho, dos muitos jardins que construiu desde o início. “Pegar num terreno que é mato, arrancar tudo e fazer dali um belo jardim, é o que eu mais gosto de fazer”, diz o profissional, que participou na renovação de muitas das instalações dos animais e também da Quintinha, cujas alterações foram, em grande parte, ditadas por ele. AS PLANTAS AGRADECEM António acredita que as plantas sentem os cuidados que recebem e é por isso que, para ser jardineiro, é preciso ter amor. “Muitos pensam que basta pôr as plantas na terra

e deixá-las crescer, mas não é bem assim e, para fazer este trabalho, é preciso gostar. Também é preciso saber o que cada planta precisa, umas mais sol, outras mais água, mas quando lhes damos cuidados, parece que elas agradecem”. Polícia mostra alguma admiração quando conta que “por vezes vamos amolecer a terra em volta delas, regamos, tiramos as ervas e um ou dois dias depois olhamos e parece que a planta nos está a querer mostrar a sua beleza”. Em casa, Polícia tem um jardim bem grande do qual se encarrega nas horas de folga. “Nunca estou muito tempo sentado no sofá. Há sempre alguma erva para arrancar, alguma haste para cortar...”, conta-nos. Os dois filhos também gostam, mas têm os seus trabalhos. A esposa deixa o jardim por conta dele, “sobra sempre para mim”, diz a sorrir. “Mas isto é mesmo o que eu gosto, por isso está tudo bem”, conclui.

CURIOSIDADES

Regamos, tiramos as ervas e um ou dois dias depois parece que a planta nos está a querer mostrar a sua beleza. António acredita que as plantas sentem os cuidados que recebem.

“Para fazer este trabalho, é preciso gostar e saber o que cada planta precisa“


28 | o p i n i ã o d e m e s t r e |

idade

47 anos

profissão

nome Ana Rangel Directora de produção / autora

curiosidade

Alma de gata

"Um a um, podemos sim fazer a diferença. E devemos!" O TEATRO É A SUA PAIXÃO. PRODUTORA DE ESPETÁCULOS E AUTORA DE VÁRIAS PEÇAS INFANTIS, ANA RANGEL VIBRA COM AS EMOÇÕES DO PÚBLICO E COM O ENTUSIASMO DAS CRIANÇAS QUANDO AS CORTINAS SE ABREM. ERGUEU A PRODUTORA PLANO6 COM CAPACIDADE DE "LEVAR À CENA", SEJA ELA EM TELEVISÃO OU EM TEATRO, O QUE AS PESSOAS QUEREM VER. É UMA APAIXONADA PELO QUE FAZ E UMA DEFENSORA DOS ANIMAIS E DA NATUREZA.

Sou uma amante da natureza. Uma apaixonada pelos animais. Ambos inspiram a minha vida e a minha forma de estar. À metódica função de produtora somo a criativa e multifacetada opção de escrever. De criar histórias e de com elas tentar chegar aos corações de quem as ouve. Foi assim que nasceu “Zoo, Musical Infantil”. De uma assentada tinha a oportunidade de criar uma história, de falar de animais, e de me dirigir a um público atento e perspicaz, ávido de informação, fosse na forma que fosse. Dia após dia, a história começava a ganhar forma. As personagens começavam a nascer. Sentia-me bem por poder dar vida a Leopardos-da-pérsia. A Orangotangos-de-sumatra. E sobretudo por poder mostrar aos mais pequenos os

problemas reais destas espécies. E não subestimem os mais novos — não tenham dúvidas que até os mais pequenos saíam daquelas salas de teatro um bocadinho mais conscientes sobre o que se passa no nosso planeta. De ano para ano assistimos ao desaparecimento de espécies na natureza. À destruição de inúmeros habitats. Numa al-

“ Quando salvamos espécies, quando cuidamos dos nossos habitats, estamos na realidade a salvar-nos a nós próprios.“

tura em que alguns chefes políticos, de países com dimensões continentais, desvalorizam e menosprezam estas questões, o meu pequeno contributo ganhava ainda mais importância. Foi desta forma que também eu fiquei mais conhecedora do trabalho que se desenvolve no Jardim Zoológico. Muitas espécies já teriam desaparecido não fosse a dedicação e o esforço de tantos profissionais para a sua reprodução em zoológicos e aquários. Estas instituições têm hoje a séria função, e missão, de difundir uma (urgente) mensagem de conservação ambiental. A reintrodução dos Leopardos-da-pérsia na zona do Cáucaso, operação dirigida pelos profissionais do Jardim Zoológico, foi uma fonte de inspiração para o nosso musical. O profissionalismo, a paixão, a dedicação que transparecia nos profis-

sionais com que falei, nas mais diversas áreas, deram origem a histórias de cumplicidade e de amor, numa peça que foi depois aplaudida por mais de 63.000 pessoas. Uma só pessoa não pode mudar o mundo. Mas pode com certeza dar o seu contributo e juntar-se a mais uma. E a outra. E outra. E um a um, podemos sim fazer a diferença. E devemos. “A diversidade da vida na Terra não é apenas maravilhosa. É essencial à nossa sobrevivência”, alerta Joel Sartore, fotógrafo da National Geographic, para os mais distraídos. Quando salvamos espécies, quando cuidamos dos nossos habitats, estamos na realidade a salvar-nos a nós próprios. Dependemos da natureza e temos de ter consciência disso. Nem que seja por este pensamento egocêntrico e egoísta é importante que se faça alguma coisa. Já!


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Ideias com Natureza

AQU I PELO ZOO

Um ano em cheio

ESTE VERÃO, DEIXE OS SEUS FILHOS NO JARDIM ZOOLÓGICO

Nesta secção fique a par de todas as novidades e dos programas mais interessantes para fazer em Lisboa.

As férias no Jardim Zoológico continuam a ser uma das melhores opções para ocupar as crianças enquanto os pais estão a trabalhar. Em períodos semanais de quatro ou cinco dias, a partir de 24 de junho e até 9 de setembro, os programas são interativos, de descoberta, investigação e aprendizagem e estão pensados para crianças dos 3 aos 16 anos. SAIBA MAIS EM: WWW.ZOO.PT TEL: 217 232 960 · E-MAIL: PEDAGOGICO@ZOO.PT

CU LTU R A PA R A TODAS AS IDA DES

Génio ou Vândalo? Cordoaria Nacional, Avenida da Índia, Lisboa

Lisboa recebe a primeira grande exposição de Banksy em Portugal. Desde 14 de junho até 27 de outubro, a Cordoaria Nacional é a casa da exposição “Banksy: Genius or Vandal”, a primeira grande mostra em Portugal sobre o iconoclasta britânico que revolucionou a arte contemporânea e cuja identidade permanece uma incógnita. De segunda a sexta-feira e domingo das 10h00 às 19h00 e sábado das 10h00 às 20h00. SAIBA MAIS EM: WWW.BANKSYEXHIBITION.PT

OS A NI M A I S D O ZO O PA R TILH A M IDEI A S

| ideias com natureza |


OS A NI M A I S D O ZO O PA R TILH A M IDEI A S

30 | i d e i a s c o m n a t u r e z a | V I V ER A CIDA DE

CLUBE DA NATUREZA Um clube cheio de atividades para fazer em família! O Jardim Zoológico, em parceria com a Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica (JFSDB), faz florescer um novo projeto enquadrado na Educação para a Conservação — o Clube da Natureza — dirigido à comunidade que teve início no dia 19 de maio, para comemoração do Dia Internacional da Família. No âmbito deste projeto, cada família terá direito a um passaporte, onde regista o trajeto da sua viagem pelos espaços verdes a percorrer. Desafiamos as famílias a participar no Clube da Natureza e a desfrutar de momentos memoráveis em família, com a certeza de que em cada atividade estará a contribuir para a conservação da Natureza .

MAIS INFOS EM: WWW.ZOO.PT E EM WWW.JF-SDOMINGOSBENFICA.PT


O Jardim Zoológico agradece a todas as empresas que o apoiam. Fornecedores Oficiais

Patrocinadores Oficiais

Padrinhos & Parceiros

ANOS



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