Revista Jardim Zoológico | Junho 2012

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MAGAZINE SEMESTRAL Nº 15 · junho 2012

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para além do reptilário bem-vindos ao jardim zoológico! à volta do mundo


Kokaburra Ficha técnica › Coordenação Serviço de Marketing › Colaboradores Marta Lopes › Design Serviço de Marketing › Tiragem 3.500 exemplares Toda a edição foi feita ao abrigo do novo acordo ortográfico, com a exceção do Editorial.


{sumário} {5}

Editorial

Biodiversidade continua em perigo

{6} NASCIMENTOS Bem-vindos ao jardim zoológico {10} Curtas

Dia da nutrição em festa com a Sic K Parceiros para a vida Os Marretas Dias especiais ainda mais especiais CTT no Jardim Zoológico Banif batiza Rinoceronte-branco Bosque Encantado dá as boas-vindas à coruja Yeti Team building entre os animais Baía dos Golfinhos conta uma nova história

{15} Bastidores

Aprender a natureza Para além do Reptilário

{24} internacional

À volta do mundo


Leopardo-da-pĂŠrsia


Jardim Zoológico

EDITORIAL

{biodiversidade continua em perigo} A cada minuto chegam gritos de socorro de todos os cantos do mundo – é o próprio planeta a pedir ajuda. Se estivermos atentos, ouvimos estas súplicas de várias espécies em vias de extinção, que vêem os seus habitats destruídos e a biodiversidade em perigo. O tema é recorrente, mas não por acaso. Se lhe falamos continuamente de conservação das espécies é por uma razão simples: o problema existe! Felizmente, persiste também a luta pela preservação da biodiversidade, para a qual o Jardim Zoológico se orgulha de contribuir diariamente. É sobre isso que trata esta revista, começando pelos ansiados nascimentos. Desta vez, damos a conhecer crias de cinco espécies: o Macaco-aranha-da-colômbia, o Ádax, a Palanca-ruana, a Girafa-de-angola e o Hipopótamo-pigmeu. Cada um destes novos animais transporta consigo a esperança da renovação da espécie e uma luz para o futuro. Sabendo que o conhecimento é o primeiro passo para o progresso e a construção de um mundo sustentável, damos-lhe aqui também as novidades do Centro Pedagógico. Diferentes workshops são as novas propostas do Jardim Zoológico na área da formação. Fazemos também uma viagem ao enigmático e atraente mundo das aves e dos répteis. A curadora Telma Araújo guia-nos no quotidiano destes animais que, desde o pequeno Periquito-dourado até ao imponente Áligatoramericano, desde os elegantes flamingos até às misteriosas cobras, todos são tratados com atenção especial. Por isso mesmo, esta é uma curadoria que tem tido excelentes resultados ao nível da reprodução e é já uma referência internacional. Saiba aqui como se constroem essas vitórias. Com isto e muito mais, mostramos de novo como o Jardim Zoológico, como todos os zoos, têm um papel fundamental na preservação da biodiversidade, sendo um centro privilegiado do estudo das espécies, que é muitas vezes difícil de conseguir no habitat natural. Além disso, muitas espécies infelizmente já quase só existem sob protecção humana e é urgente continuar os planos de reprodução nos zoos que permitam um novo fôlego para essas espécies. O objectivo último é sempre devolvê-las ao habitat natural, para que voltem a crescer na natureza e, assim, permitirem que a Terra respire tranquilamente outra vez. Mais uma vez quero agradecer a todos aqueles que têm contribuído para que a missão do Jardim Zoológico seja cumprida: funcionários, visitantes, parceiros, voluntários e amigos. A todos um Muito Obrigado! Francisco Naharro Pires Presidente

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Jardim Zool贸gico

nascimentos


Jardim Zoológico

Nascimentos

bem-vindos ao jardim zoológico! Um nascimento é o acontecimento familiar mais feliz, e na família do Jardim Zoológico não é diferente! Principalmente porque cada cria significa mais um passo em frente na preservação das espécies. Este ano, o parque orgulha-se de ter já novas crias de cinco espécies. Hipopótamo-pigmeu A mais recente cria do Jardim Zoológico é Lana, uma fêmea de Hipopótamo-pigmeu. O JZ temse revelado favorável à reprodução desta espécie, já que é a segunda cria do casal reprodutor de Hipopótamos-pigmeus que se encontra no parque. A irmã de Lana foi transferida para o Faruk Yalcin Zoo, na Turquia, em 2011, e quem brilha agora em Lisboa é a mais nova. A cria será amamentada até aos oito meses e atingirá a maturidade sexual aos 4-5 anos de idade. De pele castanha, macia e sempre húmida, o Hipopótamo-pigmeu tem a mesma morfologia que um Hipopótamo-comum, mas, como o nome indica, com uma dimensão reduzida. A diferença, de facto, é abissal. Enquanto um Lana, a cria de Hipopótamo-pigmeu

Hipopótamo-comum pesa à volta de 3200 Kg, o peso médio de um Hipopótamo-pigmeu varia entre os 160 e os 270 Kg. Mas esta espécie não é só uma versão mais “elegante” do Hipopótamo. Há ainda mais algumas diferenças: as patas são mais compridas, têm os quatro dedos mais esguios e pequenas membranas interdigitais. O Hipopótamo-pigmeu habita no interior da floresta, mas refugia-se na água quando se sente ameaçado. É um animal solitário e mais ativo durante a noite. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, o Hipopótamo-pigmeu é uma espécie vulnerável, ameaçada principalmente pela destruição do habitat e pela caça ilegal.

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Jardim Zoológico

nascimentos

Macaco-aranha-da-colômbia Os nascimentos de 2012 foram inaugurados pela vinda ao mundo de uma cria fêmea de Macaco-aranha-da-colômbia. É o sexto elemento da família, filho de Celso (10 anos) e Zahara (13 anos). Estas crias são carregadas junto ao abdómen da mãe e, mais tarde, carregadas às costas. Atingem a sua maturidade sexual a partir dos 4 anos de idade. Qualquer cria de Macaco-aranha-da-colômbia é bem-vinda, já que esta é uma espécie que vive em grandes grupos. A sua dieta variada é composta essencialmente por frutos, sementes, nozes, flores e vários tipos de insetos. Esta espécie de primata tem uma agilidade incomparável, não só por ter braços e pernas longos, mas porque usa todos os seus membros para se deslocar, incluindo a sua cauda preênsil, que pode chegar a medir 90 centimetros e a pesar 8 kilos. A sua força é tal, que os saltos do Macaco-aranha-da-colômbia podem atingir os 9 metros! Infelizmente, segundo a União para a Conservação da Natureza, esta espécie está ameaçada, devido à caça e à destruição do habitat, localizado principalmente nas florestas húmidas desde o Sul do Panamá ao Sudoeste da Colômbia e ao Noroeste do Equador.

A nova cria de Macaco-aranha

Palanca-ruana Os dois primeiros meses do ano viram nascer ainda duas crias de mais uma espécie herbívora: um macho e uma fêmea de Palanca-ruana, nascidos a 8 de janeiro e 11 de fevereiro, respetivamente. Estes animais vivem em grupos de 5 a 15 indivíduos, liderados por um macho dominante, que expulsa todos os outros machos quando estes atingem os 2 anos de idade. Existe também uma fêmea dominante, que tem o importante dever de proteger a manada e conduzi-la na busca de alimento. Infelizmente, estes dois nascimentos têm uma enorme importância, já que a Palanca-ruana é, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, uma espécie em risco e dependente da conservação. O seu habitat natural tem sofrido uma grande destruição, devido à expansão da agricultura, à caça ilegal e também aos abates realizados pelo controle da mosca tsé-tsé.

Uma das crias de Palanca-ruana


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Nascimentos

Cria de Ádax

Ádax Em janeiro e fevereiro, as famílias de Ádax do Jardim Zoológico ganharam também dois novos elementos. Nascidos a 6 de janeiro e 9 de fevereiro, os machos são filhos de fêmeas nascidas também no JZ. Os Ádax são herbívoros com características curiosas. Além dos cornos finos, anelados e em espiral, têm uma pelagem mutante! No verão o seu pêlo é branco e, no inverno, acastanhado. Outra particularidade é o facto de, apesar de todos os grupos terem um macho dominante, são as fêmeas que têm o papel de defender a manada. Estes nascimentos têm uma grande relevância, porque a espécie já esteve extinta no seu habitat natural. No entanto, têm sido levados a cabo programas de reintrodução com muito sucesso. O Jardim Zoológico tem tido uma cooperação ativa nestes processos, tendo enviado um casal de Ádax para o Zoo de Hannover, que é o coordenador do programa de reintrodução. Atualmente, o Jardim Zoológico está envolvido também com um programa de reintrodução na Tunísia.

Girafa-de-angola No dia 14 de fevereiro festejou-se não só o Dia dos Namorados, mas outro acontecimento também com muita emoção. Nasceu Valentina, uma Girafa-de-angola fêmea, filha de Babá (de 9 anos), e de Barnabé (de 13 anos). A cria vive com os pais, os dois irmãos, Vasco e David, e a avó Java, mãe de Babá, que já tem 25 anos! A pequena Valentina será amamentada e defendida pela mãe até aos 8 meses e atingirá a maturidade sexual aos 4 anos. As girafas, os animais mais altos do mundo, são pacíficas e não territoriais, mas têm uma hierarquia bem marcada no interior dos grupos, que é mantida com comportamentos intimidatórios. Felizmente, a sua situação de conservação não é muito preocupante, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza. Encontram-se em zonas protegidas do continente africano e em diversos zoos, onde se reproduzem com frequência.

Valentina é o nome da cria de Girafa-de-angola.

Sempre muito admiradas, as crias são pequenas aos olhos dos visitantes, mas de enorme valor aos olhos da luta pela conservação.

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{10} CURTAS

Jardim Zoológico

{curtas... Dia da nutrição em festa com a Sic K Qualquer pretexto é bom quando se trata de aprender! Foi a pensar nisso que o Jardim Zoológico se associou à Sic K para celebrar o dia da nutrição, no passado dia 31 de março. Várias atividades e surpresas esperavam os visitantes, mas a mais entusiasmante foi a possibilidade de poder cozinhar para os animais. Para orientar os cozinhados, ninguém melhor que o Chef André, do programa “Chef André Ajuda-me!”, da Sic K. Durante o dia, o Chef André montou o seu posto de confeção junto às instalações dos lémures e chimpanzés. Ao seu lado esteve sempre o tratador responsável por

estas espécies. Os mais pequenos puderam ajudar o Chef a preparar algumas receitas especiais para os animais e ainda receberam dicas e informação sobre o trabalho de enriquecimento ambiental no qual o Jardim Zoológico tanto investe. Mas houve mais surpresas neste dia. Para antecipar a Páscoa, quem esteve no Jardim Zoológico no dia 31 de março, pôde participar na caça aos Ovos Kapa. Cem ovos foram espalhados pelo recinto para serem descobertos num divertido peddypaper por trilhos selvagens. Um dia delicioso e divertido, repleto de animação e aprendizagem.

Parceiros para a vida

É o caso da sapataria Zillian, com quem o JZ criou uma campanha especial para o Dia da Mãe. Quem comprasse um pack Mums&Kids dia 5 de maio na Zillian, recebia um bilhete para o Jardim Zoológico.

O Jardim Zoológico orgulha-se de ter ao seu lado parceiros sem os quais muitas das atividades que o parque oferece não seriam possíveis. Este ano, muitas marcas juntaram-se ao Jardim Zoológico para diversas ações. A Gorila só podia ter escolhido o Jardim Zoológico para divulgar a sua nova imagem, nova fórmula e novos sabores das pastilhas elásticas. Muita animação e distribuição de pastilhas, com a ajuda da mascote, garantiram um dia em cheio. A Salvat, que apadrinha a Coruja-das-neves, fez uma distribuição de livros do Clube Amigos Disney. A parceria com diversas marcas permite também ao Jardim Zoológico proporcionar promoções tentadoras.

Muitas foram as crianças que ajudaram o Chef André a preparar refeições para os nossos animais.

Passatempo “Os Marretas” Já com a Cityrama, o JZ foi mais longe e criou um bilhete conjunto. Assim, os passageiros dos autocarros Lisbon Sightseeing têm acesso ao Jardim Zoológico e aos percursos turísticos, a um preço mais vantajoso.

Em parceria com a Zon Audiovisuais, o Jardim Zoológico vai oferecer 10 dvd`s do filme “Os Marretas”. Para participar, apenas tem de escrever uma frase criativa com as palavras “Os Marretas” e “Jardim Zoológico” e enviar para o email promocao@zoo.pt. Participe!


Jardim Zoológico

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CURTAS

Max, a mascote da Olá.

Dias especiais ainda mais especiais Como acontece todos os anos, também este ano o Jardim Zoológico assinalou vários dias especiais com atividades temáticas. Diversões, jogos, prémios – nestes dias, visitar o JZ torna-se ainda mais apetecível. O Carnaval é um dia de animação por excelência e este ano não foi exceção. No dia 21 de fevereiro, quem veio ao Jardim Zoológico encontrou pinturas faciais, truques de magia e o habitual concurso de máscaras na Baía dos Golfinhos. Desta vez, os vencedores do concurso receberam prémios da TMN Kids e perfumes Tommy Hilfiger. As mascotes Max e Leena, da Olá, animaram o espetáculo dos golfinhos e o Max desafiou também os pequenos aventureiros a participarem num peddy paper, que ofereceu vários brindes. O Pico, mascote da Chocapic, marcou também presença na avenida principal do JZ, distribuindo brindes e cereais Chocapic GO pelos visitantes. O dia da Árvore, 24 de março, e o início da primavera foram também festejados de forma especial. Nesse dia, foi lançado o livro “Uma Velha Amiga”, de Susana Leal e Tatiana Coelho, na Estufa de Pedra. Através de uma história divertida, o livro é um conto que tem como objetivo incutir uma consciência ambiental

A Moranguinho animou a criançada.

não só nos mais novos, mas em todas as gerações. Na Baía dos Golfinhos, o contador de histórias leu o conto às crianças de uma forma criativa e original e o grupo de dança contemporânea Modernus interpretou o conto, numa surpresa coreográfica. No dia 8 de abril, o JZ fez questão de dar aos seus visitantes mais pequenos uma Páscoa inesquecível. À entrada, todos puderam pintar a cara e transformarem-se em autênticos coelhinhos da Páscoa. Depois, todos foram convidados a participar na tradicional caça aos ovos nos Jardins do Conde de Farrobo, que contou com o apoio da Lacasa. Foram premiados o coelhinho mais rápido, o coelhinho mais simpático e o coelhinho que conseguiu apanhar mais ovos. Sendo a conservação das espécies o objetivo máximo do Jardim Zoológico, não podia deixar de ser dado o devido valor às progenitoras! Por isso, o dia da Mãe não foi esquecido e, a 6 de maio, as crianças que quiseram passar o dia com as mães ao ar livre, tiveram a personagem Docinho de Morango à sua espera no parque. Além disso, os mais novos puderam também participar num workshop do Centro de Interpretação Ambiental, onde criaram molduras para oferecer às mães com uma fotografia especial.

A Chita é a afilhada dos CTT.

CTT no Jardim Zoológico No dia 28 de abril, os CTT convidaram um grupo de funcionários e respetivos filhos para uma manhã muito bem passada no Jardim Zoológico. O mote foi apresentar a Chita, recentemente apadrinhada pelos Correios, no âmbito do programa do Zoo de apadrinhamento de animais por empresas. O dia começou muito chuvoso, mas tal não impediu os convidados de se divertirem. Depois de dividido o grupo em equipas, os monitores do Zoo acompanharam os “exploradores” dos CTT num peddypaper muito animado, que incluiu uma visita guiada por todo o espaço e diferentes jogos de perguntas e respostas sobre o Jardim Zoológico e sobre os Correios. No final, os elementos da equipa vencedora receberam bilhetes para um programa Sábado Selvagem no Zoo. Para terminar a manhã em beleza, os visitantes foram convidados a assistir à Apresentação das Aves, que muito agradou a miúdos e graúdos.

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{12} CURTAS

Banif batiza Rinoceronte-branco O Banif – Banco Internacional do Funchal, promoveu, durante dois meses, o passatempo intitulado “Ganha com o Rinoceronte”. O desafio, lançado aos fãs da página de facebook do banco, consistiu na escolha de um nome original para batizar o Rinoceronte-branco pai, do Jardim Zoológico. No período em que o passatempo esteve em vigor, o Banif recebeu 564 participações, das quais foram selecionadas 50 para eleição do melhor nome. Posteriormente, o júri, composto por elementos do Banif e do Jardim Zoológico, decidiu por unanimidade, batizar o

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rinoceronte com o nome Globani. A palavra “Glo” significa “acreditar” em africânder. A junção dessa expressão com o nome Banif resultou em Globani, que acabou por ser a sugestão eleita pelo júri como a mais original e adequada. Recorde-se que o Banif patrocina a instalação dos rinocerontesbrancos. Consciente de que deve compatibilizar o desenvolvimento económico e financeiro com ações que permitam a salvaguarda dos recursos naturais do nosso planeta, o Banif reforça o seu compromisso com a preservação da biodiversidade, partilhando a sua “Força de Acreditar” com uma das espécies mais ameaçadas no mundo animal.

Yeti

Bosque Encantado dá as boas-vindas à coruja Yeti Quando tudo parece adormecido no bosque, uma corujinha do mato cruza os ares: é Yeti, a nova personagem do Bosque Encantado. Mas é preciso estar atento para notar a sua presença. Devido às características das suas penas, que eliminam as turbulências, os voos das corujas são silenciosos. A vocalização desta ave de rapina

noturna é também muito especial, já que cada espécie de coruja tem um piar próprio. Curiosamente, são animais muito úteis ao ser humano, pois a sua excelência na caça evita a sobre-população de ratos e ratazanas. Apesar disso, as corujas são ainda perseguidas em todo o mundo, por serem consideradas sinais de má sorte e mau agoiro. A apresentação do Bosque Encantado ganha, assim, mais uma razão para ser imperdível!

Globani foi o nome escolhido para o Rinoceronte-branco.


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CURTAS

Team building entre os animais O Jardim Zoológico oferece programas de team building destinados às empresas que desejem desenvolver competências de liderança nos seus quadros ou incentivar a comunicação de qualidade, a participação criativa e o desenvolvimento de estratégias de resolução de problemas dentro das equipas de trabalho. Os programas oferecem atividades variadas, como peddy papers, caçadas ao tesouro, gincanas, jogos de perguntas, role play e temas para brainstorming. Todas estas atividades tornam-se únicas quando feitas no ambiente tão especial do JZ, onde as empresas podem usufruir do auditório, do espaço ao ar livre e, claro, da bela coleção animal.

Baía dos Golfinhos conta uma nova história Um dos espaços mais queridos dos visitantes do Jardim Zoológico tem novidades. Desde fevereiro que a apresentação dos Leõesmarinhos no Delfinário conta uma nova história. Desta vez, o público é convidado a embarcar num cruzeiro à volta do mundo e a visitar vários portos marítimos, famosos pela sua riqueza única e variedade biológica. O “desembarque” em cada país é acompanhado por música característica e uma comissária de bordo, que chama a atenção não só para a fauna específica de cada porto mas, também, para as ameaças à vida selvagem do local. Em cada porto é dada especial atenção a uma espécie emblemática do local, que foi definida com o apoio do Centro Pedagógico do Jardim Zoológico.

Team building

As três apresentações diárias são sempre diferentes. Em comum têm o destino final: o porto de Setúbal. Aqui é dada a conhecer aos visitantes a enorme riqueza deste estuário e a importância da preservação das populações de mamíferos marítimos da zona. Os guiões são pensados de forma a transmitir informações importantes da forma mais eficaz possível: tornando a formação divertida. Os “truques” dos animais, que são de facto comportamentos naturais dessas espécies, prendem a atenção do público, que, sem se aperceber, acaba por sair do Delfinário sabendo muito mais do que quando entrou. A eficácia destas histórias está também relacionada com o perfil do público português, que recebe sempre com grande entusiasmo apresentações de animais. Tudo é pensado ao pormenor, para tornar a visita à Baía dos Golfinhos uma experiência inesquecível.

Aliar educação e diversão é o grande objetivo das histórias contadas na Baía dos Golfinhos.

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nascimentos


Jardim Zool贸gico

aprender a natureza

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{16} CURTAS

Jardim Zoológico

Participantes do workshop de Educação Ambiental , reutilizando materiais.

O trabalho do Centro Pedagógico é fundamental para o funcionamento do Jardim Zoológico.

workshops para todos os gostos A criação de workshops foi incentivada pelo facto de a Assembleia Geral das Nações Unidas ter proclamado, até 2020, a Década da Biodiversidade. O Centro Pedagógico oferece assim, workshops relacionados com esta temática, que incluem entrada no Jardim Zoológico, material de apoio e certificado de participação. Desperte o seu lado mais selvagem e escolha o que mais lhe interessa.

O Jardim Zoológico é uma verdadeira escola ao ar livre.

Informações › www.zoo.pt Inscrições › pedagogico@zoo.pt Preço › de €65 a €95 Preço especial para estudantes e desempregados.


Jardim Zoológico

BASTIDORES

workshop 2011-2020 biodiversidade – educar para conservar Este é um programa teóricoprático, pensado para estudantes e profissionais das áreas de Biologia, Educação Ambiental, entre outros. Oferece aos formandos a possibilidade de desenvolverem as suas competências, dotando-os de ferramentas para trabalharem na área da Educação Ambiental sob uma perspetiva orientada para a realização de jogos e atividades destinados posteriormente à abordagem deste tema, pelos formandos, em ações de Educação Ambiental. Datas › 26 a 28 de outubro.

workshop animadores de educação ambiental Neste workshop vamos definir Educação Ambiental e planificar atividades que promovam comportamentos cívicos que estão na base do conhecido lema “Agir Local, Pensar Global”. Oferece-se ainda aos formandos a possibilidade de integrarem a Equipa de Animação do Jardim Zoológico, dotando-os de ferramentas para trabalharem nas áreas de Animação Ambiental. Datas › 10 e 11 de novembro.

© Vera Nobre Guedes

workshop fieldsketching da vida selvagem – iniciação Através da prática do desenho, que é o fio condutor entre os olhos e o papel, aprende-se não só a desenhar, mas também a observar. Uma observação atenta proporcionará um bom esboço e, um bom esboço, um bom desenho final. Venha ter uma experiência de desenho de campo, através da técnica Fieldsketching, aproveitando a enorme variedade de vida selvagem que o JZ tem para oferecer. Datas › 30 de junho e 1 de julho.

workshop iniciação à fotografia da vida selvagem Fotografar animais selvagens nos seus habitats é, antes de mais nada, um exercício de paciência, mas é preciso ter conhecimentos de comportamento animal para que se possa ter mais oportunidades de fotografar. Neste workshop do Jardim Zoológico pode aprender todas as técnicas e truques para tirar fotografias fantásticas aos seus animais favoritos. O JZ é o cenário perfeito para os amantes da natureza que querem aprender a tirar o máximo partido da sua câmara fotográfica.

Datas › 8 e 9 de setembro. Formação ao ar livre

educar para conservar, na web Mantendo-se fiel ao seu lema “Educar para Conservar”, o Centro Pedagógico lançou um blogue, para assim chegar mais perto de todos. Pensado principalmente para a população estudante, o blogue, como todo o trabalho do Centro Pedagógico, procura acompanhar os currículos escolares e, assim, proporcionar conteúdos complementares para os mais novos. Com informação e interação, através de comentários e questionários, o blogue procura chamar a atenção para aspetos da atualidade relacionados com biodiversidade, por forma a estimular a curiosidade e o sentido crítico. Todas as sextas -feiras, o blogue é atualizado conforme algumas temáticas estabelecidas. www.zoo-centro-pedagogico. blogspot.pt

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{18} nascimentos Jardim Zoológico

Pitão-de-cheynei


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Nascimentos

para além do reptilário As Aves e os Répteis não têm a imponência de um Elefante ou o rugido de um Leão, mas são dos focos mais atraentes do Jardim Zoológico. Os animais mais vistosos e os mais temidos juntam-se na mesma curadoria, que tem dado contributos preciosos para a preservação das espécies. Tudo à custa de muito trabalho e de uma equipa exigente.

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{20} BASTIDORES

Jardim Zoológico

Captura de aves, para identificação e/ou mudança de instalação.

Confirmação da identificação de uma ave através da anilha.

S

ão 8 da manhã e o barulho junto às instalações das aves é ensurdecedor. Na instalação do Papagaio-do-mangue, os tratadores preparam-se para fazer a captura de um dos animais. A história é simples. Um dos Papagaios foi encontrado depenado e, como ali habitam duas fêmeas e um macho e é época de reprodução, suspeita-se que uma das fêmeas, devido à competição, tenha atacado outra. Os tratadores precisam de capturar o animal ferido, não só para o tratar mas, também, para confirmar que é uma fêmea e tomar as medidas necessárias para prevenir agressões futuras. Sentindo “intrusos” numa instalação, todas as aves ficam inquietas e respondem com vocalizações. O resultado? Uma melodia caótica e cheia de vida. À medida que nos afas-

tamos, o som vai-se desvanecendo e desaparece por completo na casa dos répteis. Dentro do reptilário, o silêncio impera. Os répteis são, por natureza, calmos, mantendo-se quietos dentro das suas instalações quentes. Aves e répteis: dois mundos diferentes, unidos na mesma curadoria no Jardim Zoológico. Telma Araújo, a sua curadora, conta que, num lado ou noutro, a manhã é sempre a altura mais agitada. Todos os dias bem cedo, é feita a alimentação, a limpeza das instalações e a mudança das águas. “No caso dos répteis”, conta Telma, “os tratadores acedem à maioria das instalações através do vidro por onde os visitantes vêem os animais, portanto tudo tem de estar finalizado até à hora de abertura do Reptilário. No caso das aves, o acesso às instalações pode ser feito com os visitantes a ver, por isso as tarefas prolongam-se até meio da manhã”. Muito cedo, o serviço de Nutrição prepara e distribui os alimentos, para que estejam disponíveis quando os tratadores chegarem. Nalguns dias, dependendo dos recursos humanos disponíveis, fazem-se algumas tarefas que não são necessárias diariamente: lavar lagos, limpar algumas instalações ou remodelar poleiros e substratos. Para Telma, o dia começa também bem antes de o Jardim


Jardim Zoológico

BASTIDORES

Dragão-de-komodo

Há muitos visitantes que, aconselhados por terapeutas, procuram o Reptilário precisamente para combater as suas fobias. Zoológico abrir. “Eu chego e normalmente passo logo pelos dois setores para ver se está tudo bem, se há alterações, se há coisas novas a fazer”, explica. O trabalho nunca pára. Ao final da manhã, os tratadores fazem serviços de limpeza maiores, como o lago dos flamingos. À tarde, é feita nova alimentação, desta vez com alimentos menos prioritários. A curadora explica: “de manhã, damos aqueles alimentos que eles devem comer obrigatoriamente: verduras e frutas; à tarde damos as guloseimas, alimentos que lhes fazem bem, mas que têm de ser medidos. É como a sobremesa, vem sempre depois dos pratos fundamentais.” Às 10 horas da manhã fica tudo a postos para receber os visitantes do Jardim Zoológico. Normalmente, a relação das pessoas com as aves é muito diferente da relação com os répteis. Telma Araújo esclarece: “As pessoas admiram as aves pela beleza e pelos comportamentos que conseguem ver – voar, escavar, exibir-se em paradas nupciais. As pessoas conseguem observar isso e, claro, torna-as mais fascinantes. Os répteis têm um comportamento mais calmo, mais lento, não é tão atrativo.” No entanto, os répteis são associados a um misticismo, a seres estranhos com poderes especiais. Esse lado misterioso pode causar grande curiosidade, mas também medo. Recear répteis é muito comum nos portugueses e a curadora compara o Reptilário a uma loja de centro comercial: “quem não quer estar lá dentro, fica à espera à porta”. Os tratadores muitas vezes reparam na hesitação dos visitantes e abordam-nos para os ajudar a ultrapassar o medo. Telma conta a história de uma senhora que queria visitar um familiar num país da América do Sul e adiava a viagem

há anos, com medo de se confrontar com os répteis da zona. “Eu referi-lhe que a parte inicial do Reptilário explicava a origem da vida e que ela podia ver outros animais, como os aligatores”, conta Telma. A senhora entrou no Reptilário, mas ao ver as primeiras cobras, desistiu e voltou para trás. Depois de uma volta pelo JZ a ver elefantes e girafas e ao perceber que os animais não sairiam das instalações, acabou por voltar e conseguir ver os répteis.

Animais perigosos? De facto, não há razões para ter medo. Os répteis, tal como todos os animais do Jardim Zoológico, vivem confortavelmente mas sem hipótese de chegar aos visitantes. No entanto, o caso muda de figura para os tratadores, que têm de entrar nas instalações, deixar comida, fazer limpezas e mesmo capturar animais para intervenções médicas ou outros procedimentos. A mordedura de uma cobra ou a bicada de uma arara podem causar ferimentos muito graves. “Os flamingos, as emas ou os grous, que são aves grandes, têm patas fortes. Por exemplo, uma patada de uma ema é muito perigosa”, afirma Telma. Também é trabalho da curadora conhecer bem cada espécie e saber que medidas são necessárias para minorar ou anular esses riscos. Telma explica que “tudo é calculado. Há procedimentos que nunca são feitos quando uma pessoa está sozinha. Dependendo da espécie, normalmente estão no mínimo duas pessoas”. No caso das cobras, por exemplo, há um procedimento ensaiado. Telma revela: “primeiro tem de se ver onde é que está a cobra na instalação. Depois existem uns ganchos que permitem que haja uma distância entre o animal e o tratador. Com

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{22} BASTIDORES

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Pesagem e alimentação das tartarugas-depescoço-comprido-de-roti no Reptilário.

esse gancho, é feita a neutralização do animal. O gancho prende a zona posterior à cabeça, permitindo que esta, sendo a parte que ataca, não se movimente. No caso de um crocodilo, é necessário o triplo dos meios humanos. Quando os capturamos, são necessárias sete ou oito pessoas.” No caso das aves, o perigo é grande também para os próprios animais. As aves têm o ritmo cardíaco muito acelerado, o que as leva a assustaremse e a ficarem stressadas muito facilmente. Sempre que é necessária uma intervenção, é preciso um cuidado extremo porque, só pelo stress, alguns animais podem atirar-se contra uma grade ou magoarem-se a eles mesmos. “Para as aves mais pequenas, quando as capturamos usamos redes. Há a possibilidade de uma ave partir uma asa e isso pode até ser letal”, explica a curadora. Por isso, é necessário que esteja tudo “coreografado” para que o tempo de intervenção numa instalação de aves seja o menor possível.

Ciência viva todos os dias Telma Araújo tem a seu cargo cerca de 60 espécies no Reptilário (que inclui não só répteis, mas também tarântulas, peixes e anfíbios) e cerca de 110 espécies de aves. Há pelo menos um animal de cada espécie, por isso contabilizam-se mais de 200 répteis e mais de 600 aves. Além disso, a curadora gere o trabalho de sete tratadores e comunica com outros técnicos do Jardim Zoológico: veterinários, pessoal da manutenção, gabinetes de comunicação e marketing. Apesar de ser responsável pelos tratadores, não é necessário um controlo constante, já que a equipa funciona na perfeição. “Os tratadores sabem quando é para lavar os lagos, como se põe a comida, até os enri-

quecimentos ambientais, que todos os dias são diferentes. Há uma tabela, é só ir lá ver, eles fazem isso de forma autónoma”, explica Telma. “O meu trabalho”, continua, “tem mais a ver com uma preparação técnica e científica, que tem de suportar o trabalho que eles fazem, para que tudo corra bem”. O Jardim Zoológico não é apenas um local onde se podem ver animais, mas também um local privilegiado para estudar as espécies. Assim, além do serviço prático, há um trabalho científico que é necessário fazer continuamente todos os dias. Para isso, são mantidos registos de tudo o que se passa. Telma Araújo afirma: “registamos tudo”. E “tudo” é, entre outras coisas, medidas, peso (quando é possível pesar), acasalamentos, agressões entre os animais. “Às vezes os tratadores já não se lembram e ninguém no hospital veterinário se lembra, mas quando vamos à ficha reparamos que aquele animal já há dois anos atrás tinha agredido um outro animal na instalação”. Para facilitar, é mantida uma ficha para cada animal. As formas de diferenciação dos animais dentro de cada espécie vão desde uma anilha, no caso das aves, até a um chip no caso dos répteis. Nas tartarugas, às vezes são colocadas pequenas manchas de cor para as distinguir. “Assim sabemos que aquela já pôs ovos ou que a outra já reproduziu este ano”, explica a curadora. “É preciso decidir se vamos voltar a reproduzir determinada espécie ou não. Há animais que isolamos na época de reprodução, porque já se reproduziram muito ou porque aquele animal no ano anterior teve uma reprodução complicada e ficou debilitado”.

Um passo em frente pela preservação Cada registo ou ação é essencial para cumprir o objetivo maior: contribuir para a preservação das espécies. “Desde que cá estou”, conta Telma, “conseguimos reproduzir animais que nunca tinham sido reproduzidos e, de cada vez que isso acontece, é uma vitória.” Foi o caso dos flamingos, dos calaus e do Hidrossauro -das-filipinas. A curadora realça que nada disto é uma questão de sorte. “Nos últimos anos temos tido continuamente bons resultados, o que mostra que já percebemos o que precisa-


Jardim Zoológico

BASTIDORES

mos de fazer”. Outro caso de grande sucesso foi o da Rã-tomate, uma espécie endémica de Madagáscar, muito específica. Para conseguir que reproduzissem, Telma Araújo e a sua equipa simularam uma época das chuvas, de forma a criar um ambiente mais parecido com o habitat natural, usando câmaras e água. “Elas começaram a cantar e a namorar”, conta a curadora, “todo o procedimento estava a correr bem, mas nós esperávamos que só fizessem uma postura no ano seguinte”. No entanto, as Rãs-tomate surpreenderam todos, pondo ovos logo da primeira vez. “Foi muito precipitado. Tivemos de reagir logo, mas depois correu bem. Tivemos centenas de girinos!” Mas o trabalho não parou por ali. Um pequeno grupo foi separado para fazer uma alimentação diferente, para se aprofundar o estudo sobre a reprodução de anfíbios em cativeiro, sobre a qual ainda se sabe pouco. “Foi muito bom a nível internacional para credibilizar o trabalho do Jardim Zoológico, porque não havia muita experiência na reprodução daquela espécie”, orgulha-se Telma. Este reconhecimento internacional é fundamental não só para a credibilidade do JZ, mas para a própria preservação das espécies. O contacto e partilha com outras instituições são constantes e são também função essencial de um curador. Recentemente, Telma Araújo esteve numa reunião na Alemanha, onde visitou alguns zoos e trocou informação e experiências. “Esta reunião foi particularmente interessante, porque foi muito internacional. Realizaram-se reuniões dos TAG, Taxonomic Advisory Groups, que são grupos de aconselhamento sobre animais da mesma família”. Além de curadores, estiveram presentes profissionais de organizações internacionais de renome no que toca à preservação das espécies. Esta troca de experiências, além de servir os próprios zoos, serve também as equipas que trabalham no habitat natural, onde é mais difícil estudar certas características das espécies. “As pessoas não têm ideia de que um zoo trabalha tanto para a conservação das espécies”, lamenta Telma. Além deste trabalho no estrangeiro, Telma tem, como outros curadores do JZ, um studbook, ou seja, é responsável por tudo o que esteja relacionado com uma determinada espécie, no

A 1ª cria de Calau-trombeteiro do Jardim Zoológico, nasceu em 2009.

caso, o Periquito-dourado, que está extremamente ameaçado na sua zona de distribuição no Brasil. “Isso implica que tudo o que tenha a ver com os animais desta espécie que existem em zoos dentro da EAZA [Associação Europeia de Zoos e Aquários] – quem deve reproduzir com quem, problemas com a espécie – tem de passar por mim”, explica a curadora. “O meu objetivo é fortalecer a população que existe fora do habitat natural”. A curadoria de aves e répteis do Jardim Zoológico vai assim muito além do Reptilário e das instalações das aves que podemos ver no parque. Cuidar dos animais dentro do JZ é essencial não só para que os visitantes os possam admirar nas melhores condições, mas também para contribuir para a preservação daquelas espécies e da biodiversidade. As vitórias sucessivas que o Jardim Zoológico tem conseguido no que toca à reprodução é resultado de profundo conhecimento científico e trabalho árduo dos técnicos. Telma conclui: “O sucesso não vem gratuitamente. Eu sou exigente no meu trabalho e acho que transmito isso para as equipas. Se vamos fazer, temos de fazer o melhor que pudermos. Vamos fazer o melhor para os nossos animais e tentar sempre dar um passo em frente”.

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{24} CURTAS

Jardim Zoológico

à volta 1 do mundo

Estas são algumas notícias da luta pela conservação das espécies, fora de portas.

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Três Tigres-brancos com nova casa

Foi no dia 16 de abril que os tratadores húngaros vieram a Lisboa para transportar os tigres para o seu novo lar. O principal motivo que levou a esta transferência tem a ver com a própria natureza da espécie: as duas crias macho não podem ficar no mesmo território que o pai, já que os grupos de tigres só admitem um macho dominante. Além disso, estas trocas de animais são necessárias para o sucesso dos programas de reprodução, daí ser também enviada uma fêmea. Os tigres, nascidos em setembro de 2010, vão ficar juntos até terem idade para se reproduzirem, o que equivale a 4-8 anos nos machos e 3-4 anos nas fêmeas. Depois


disso, irão para outros parques, para se reproduzirem. No caso do Tigre-branco, estes processos de reprodução são mesmo imprescindíveis, já que a espécie está extinta no seu estado selvagem. Uma das explicações para isto é o facto de a bela cor da sua pelagem não ser concordante com o seu método de caça – por emboscada, que assenta na camuflagem. Assim, os tigres tornam-se vulneráveis e a sua sobrevivência foi posta em causa. Atualmente, só existem sob cuidados humanos. Estes animais não são albinos. A sua pelagem clara resulta da expressão de genes recessivos, quando ambos os progenitores são portadores do gene responsável pela cor clara. Tal como todos os tigres, os maiores felídios do mundo, o Tigre-branco

Dizer adeus aos animais é difícil, mas faz parte da vida de um Zoo. Desta vez, o Jardim Zoológico viu partir três Tigresbrancos, dois machos e uma fêmea, que foram transferidos para o Sosto Zoo, na Hungria. é um animal solitário e territorial. Carnívoros, quando existiam em estado selvagem, caçavam essencialmente veados e porcos selvagens mas também outros mamíferos, aves, répteis e peixes. Hoje em dia, existindo apenas sob cuidados humanos, o Tigre-branco adotou comportamentos próprios da vida em cativeiro. Felizmente, os zoos de todo o mundo não desistem de preservar esta espécie, cuja beleza causa sempre admiração.

Desde 1 de abril deste ano, a Nutribén aliou-se ao projeto de conservação do Tigre-branco do Jardim Zoológico, patrocinando a sua instalação.

2.

Espécie redescoberta nas Filipinas

Foi redescoberto o rato Crateromys australis, espécie endémica da pequena ilha de Dinagat, nas Filipinas. Esta espécie em estado crítico de conservação, foi capturada apenas uma vez, há 37 anos. Chegou-se a pensar que estava extinto, mas este grande roedor surpreendeu tudo e todos em janeiro deste ano, quando foi observado e filmado por um casal de cientistas checos. Os ratos Crateromys australis, com um comprimento entre 30 a 70 centímetros, são os maiores Muridae (família de roedores) do mundo e só existem em algumas ilhas Filipinas. O animal que foi encontrado pertence à espécie menos conhecida

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© Jan Vermeer

© Paul Bernhardt

Os três tigres-brancos percorreram 3319 km numa viagem de 2 dias até à sua nova casa.

Jardim Zoológico

INTERNACIONAL


© Milada Reháková

© Milada Reháková

{26} CURTAS

Jardim Zoológico

A zoológa Milada Reháková passeava na floresta quando avistou um exemplar de Crateromys australis.

© Milada Reháková

Um espécimen de Crateromys australis, em desenho a lápis.

Václav Rehák acompanhou a sua mulher nesta expedição.

entre aquele grupo. Desde a captura de um espécimen em 1975, várias expedições científicas procuraram um outro exemplar desta rara espécie, mas sem sucesso. Tudo mudou no início deste ano. O programador Václav Rehák acompanhou a sua mulher, a zoóloga Milada Reháková, numa viagem à ilha Dinagat em busca de uns pequenos primatas chamados Tarsius. A surpresa foi grande quando Rehák, em passeio pela floresta, avistou um grande rato de pêlo cinzento acastanhado, com uma cauda peluda. A Dra. Milada Reháková percebeu que se tratava de um exemplar da rara espécie Crateromys australis e rapidamente informou a Fundação pela Conservação da Biodiversidade das Filipinas. Mais tarde, ambos voltaram a ver o animal e conseguiram filmá-lo pela primeira vez na história. A vida selvagem da ilha de Dinagat, que tem apenas 967 quilómetros quadrados, está perigosamente ameaçada devido ao minério de cromita e níquel e à indústria da madeira. A ilha é também o habitat de mais dois roedores que não se encontram em mais lado nenhum: o Podogymnura aureospinula e o Batomys russatus,

Reintrodução de Rã-ágil (Rana dalmatina) no habitat natural em Jersey.

ambos considerados em perigo de extinção. Consideradas um local de referência no que toca à biodiversidade, as Filipinas abrigam muitas espécies que estão na iminência de extinção. No entanto, existe apenas uma pequena área protegida em toda a ilha. Por isso, vários cientistas, incluindo o casal que redescobriu a espécie e especialistas da Fundação para a Conservação da Biodiversidade das Filipinas, preparam cuidadosamente novas estratégias para a conservação. “São necessárias atividades de conservação eficazes para assegurar a futura sobrevivência desta espécie agora redescoberta. A população local deve ter orgulho desta espécie que não se encontra em mais parte nenhuma do mundo e deve ser parte integrante desta conservação”, afirma a Dra. Milada Reháková.

3.

Anfíbios enfrentam grave crise

A EAZA (Associação Europeia de Zoos e Aquários) juntou forças com a Aliança pela Sobrevivência dos Anfíbios (Amphibian Survival Alliance – ASA) para chamar a atenção da União Europeia para a crise e propor


Jardim Zoológico

internacional

O fungo da Quitridiomicose em colónias de cativeiro

formas de a Europa intervir. Num encontro recente, especialistas em conservação avisaram que, das 6800 espécies de anfíbios, pelo menos um terço enfrenta a extinção se não se iniciar uma ação global e 900 precisam de apoio urgente da comunidade zoológica para evitar a extinção. A sobrevivência dos sapos está a enfrentar uma crise silenciosa devido ao devastador fungo da Quitridiomicose, às alterações climáticas e à perda do habitat. As políticas da União Europeia dirigidas ao financiamento de pesquisa e à proteção da biodiversidade serão um grande auxílio na redução da taxa de extinção. Para garantir a sobrevivência de muitos anfíbios, é urgente que a Comissão Europeia reconheça na sua futura legislação, o fungo da Quitridiomicose como uma espécie invasiva, e monitorize e pesquise o seu desenvolvimento de forma a entendê-la e controlála melhor. A Dra. Lesley Dickie, diretora executiva da EAZA, afirma: “Precisamos de fazer mais para proteger os sapos – mesmo que seja inteiramente por razões egoístas de auto-preservação. Os sapos existem na Terra há 360 milhões de anos e têm tido uma importante contribuição para o

equilíbrio do ecossistema. A sua extinção seria a maior perda de uma espécie desde os dinossauros. Os zoos estão já a pôr em prática programas de reprodução e, em colaboração com as universidades, a desenvolver linhas de orientação para zoos que querem iniciar a sua própria pesquisa, mas precisamos de um forte apoio político”. O Dr Jaime Garcia Moreno, Diretor Executivo da ASA, acrescenta: “Os anfíbios são sensíveis às alterações ambientais e portanto indicadores importantes da qualidade da água, por exemplo. São elementos-chave na cadeia alimentar e são uma forma fundamental do controlo de pragas. Os sapos são extremamente importantes no desenvolvimento de alguns tratamentos médicos – potenciais tratamentos para o cancro e a SIDA, analgésicos ou novos tipos de antibióticos.” Algumas medidas foram já discutidas no Parlamento Europeu para ajudar a preservar as espécies conservando os habitats de que elas necessitam. No entanto, os especialistas na conservação de anfíbios acreditam que a crise dos sapos é tão grave que são necessárias políticas urgentes para a sua conservação.

Dra Arlete Sogorb recebe os participantes dos workshops da Conferência da EAAM 2010, realizados no Jardim Zoológico.

4.

Veterinária do Zoo eleita presidente da EAAM O Jardim Zoológico deu mais um passo como peça fundamental na luta mundial pela preservação das espécies. A médica veterinária e diretora do Centro de Vida Marinha do Jardim Zoológico, Dra Arlete Sogorb, foi eleita presidente da Associação Europeia de Mamíferos Marinhos (EAAM – European Association for Aquatic Mammals). Entre 2012 e 2018, a veterinária do Jardim Zoológico estará à frente da EAAM, que reúne veterinários, biólogos, diretores de parques e delfinários, investigadores, treinadores e estudantes, todos especialistas em mamíferos aquáticos, em particular os mantidos em parques zoológicos. Fundada na Holanda em 1972, a EAAM tem procurado juntar profissionais do mundo dos mamíferos aquáticos, de forma a promover a troca de conhecimentos e, assim, fomentar o progresso científico. Através de estudo continuado, a associação estabelece a base teórica fundamental na manutenção de mamíferos aquáticos em ambiente zoológico e a aplicação desses princípios na gestão prática destas espécies.

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Sabias que sou capaz de usar folhas como se fossem chapéus de chuva?

No ATL de Verão do Jardim Zoológico, vais aprender, explorando! De 18 de junho a 7 de setembro, se tens entre 6 e 16 anos, torna-te num embaixador da natureza !

INSCRIÇÕES

T. 217 232 960 . F. 217 232 961 . E-mail: pedagogico@zoo.pt

O Jardim Zoológico é titular do nº 68/2011/DRLVT , emitido pelo IPJ, que o licencia para o exercício de atividade de organização de campos de férias, nos termos do decreto-lei nº 304-2003.

www.zoo.pt


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