KAPE TAWÃ PUKENI HISTÓRIA DO JACARÉ
Para alcançar essa história do jacaré a gente vai começar do começo até o fim. De primeiro meu povo, de antigamente, do tempo do dilúvio, sempre vivia como pajé, como Ïka Nai Bai. Ïka Nai Bai era o pajé que não comia carne, falava com os bichos, com os animais, com almas, com tudo. Nesse tempo a gente chamava Ïka Nai Bai. Ïka Nai Bai era o chefe de todos, ele que cuidava da comunidade. Ele sempre enganava os bichos como veado, porquinho, anta. Ele enganava os bichos para o pessoal matar e comer. Aí a mulher dele mandou: – Olha, você é Ïka Nai Bai, eu tô com fome, para o jantar hoje eu quero que você vá caçar jabuti para eu jantar hoje. Para eu comer fígado ou jabota ovada. Ïka Nai Bai pegou o rapé dele, passou o rapé e entrou para dentro da floresta para caçar jabuti. E lá, quando foi olhando os balseiros (os galhos e árvores que ficam juntos no rio), viu no pé da terra uma jabota ovada comendo o jantar que já tinha feito. Ïka Nai Bai chegou e a jabota disse nervosa: pintura de Sebastião Mana, aldeia Boa Vista - Rio Jordão
– Olha, txai, você não vai me matar não. Senão o Inka vai caçar você. Ela ofereceu folha do tacacá para ele comer. Ele comeu. Ela disse: