Una Shubu Hiwea - Livro Escola Viva do Povo Huni Kuin do rio Jordão

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Yusha Kuru ficou com medo e disse: – Olha, Huã Karu Yuxibu, Inka está querendo te matar, não vai pra longe não, senta aqui perto de mim, fica aqui perto de mim que eu vou te sovinar. Aí ele achava graça e dizia: – Tudo bom, tia, ele não vai me matar não. Ele vai morrer primeiro que eu. No dia que estava chegando o mutirão de Inka, Huã Karu Yuxibu levantou, bateu com a borduna assim na traseira da casa e os Inka caíram todos esbagaçado na testa. Huã Karu pensou: – Eu já matei Inka, agora simbora, vamos encontrar com a comunidade. Eles saíram, assim que entraram debaixo da floresta, ele explicou a medicina para tia: – Olha, tia, essa medicina serve pra isso, cura, pra curar tantas doenças. Yusha Kuru era cabeça boa e já vinha logo pegando tudo. Era igualmente assim a um gravador, pegava tudo, aprendia bastante, durante dias, bastante medicinas do Huã Karu Yuxibu, Yusha Kuru conheceu e aprendeu também. Ela chegou na aldeia e nunca disse pra ninguém. Ela teve uma filha com o marido. A filha cresceu e arranjou um marido. O genro dela estava morando junto da Yusha Kuru. Mais adiante outra turma combinou para virar medicina, era só Yusha Kuru que estava ouvindo e vendo também. Ninguém não estava nem ligando porque eles não sabiam. Yusha Kuru que estava percebendo que eles estavam combinando para virar medicina como: Dua Bake, Inu Bake, Inani Bake e Banu Bake. Bom, viraram medicina. Yusha Kuru ensinou para seu neto Ika Shane

Teashkã. Ika Shane aprendeu bastante com Yusha Kuru. Um pouco a mais ela ensinou os venenos. Os parentes que viraram espécies venenosas. Ela dizia: – Você escolhe gente mais gordo, mais alto, que eu vou envenenar para você e para nós comermos. É bom, carne é bom. Yusha Kuru matava as pessoas pra comer. Ika Shane Teashkã não falava para ninguém dessa medicina, desse veneno. Outro dia, a filha pintou com jenipapo nas costas o genro da Yusha Kuru. Yusha Kuru não mostrava para ninguém onde pegava o barro para fazer cerâmica. Era só ela, ela fugia sozinha para pegar barro para a cerâmica. Chegava e fazia panela de barro, prato de barro, tudo, pote de barro. Ela saiu na frente, o genro dela saiu atrás para ir caçar, pegou flecha e disse: – Olha, mulher, eu vou matar qualquer bicho para nós comermos. Saiu, atravessou o igarapé e lá veio o tucano, pousou assim no galho de pau. Pegou flecha, flechou, mas não acertou, errou. Jogou a flecha perto de onde Yusha Kuru estava tirando barro. Ela estava lá na grotazinha tirando barro, Yusha Kuru. Ela sempre tirava bastante. Onde tirava o barro era oco, ela tinha que entrar o corpo dela até pegar o barro. Aí esse homem, genro dela, foi lá e encontrou a flecha perto da sogra dele. Quando ele olhou, a sogra estava ali tirando barro, bem pertinho. A velha estava nua tirando barro assim, com a cabeça pra baixo, e ele pensa assim: “Eu vou namorar essa velha”. Deixou a flecha, foi devagar e segurou com força. Yusha Kuru perguntava: – Quem é você? Me deixa ver a tua cara. Quem é você mesmo? Você tem que me avisar para fazer assim, do jeito que você está fazendo você está me judiando. Ele foi com mais força para cabeça dela ficar no barro e terminou de namorar. Pegou a flecha e saiu para Yusha Kuru não saber que era ele, mas ela viu a pintura nas costas dele e reconheceu o genro.


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