acabou chorare CERTIDÃO DE NASCIMENTO |
TININDO e TRINCANDO O disco Acabou Chorare, dos Novos Baianos, completa quatro décadas e continua a ostentar o título de um dos maiores álbuns brasileiros de todos os tempos
TEXTO gustavo angimahtz
Copos de diversas cores e tamanhos, bule, panela, talheres jogados a esmo em uma superfície suja. Assim os músicos dos Novos Baianos apresentaram, há quarenta anos, a capa do álbum que viria a ser sua obra-prima: Acabou Chorare, produzido por João de Araújo e Eustáquio Sena e gravado pela Som Livre. O LP de 1972 recebeu da revista Rolling Stone, em 2007, o título de Maior Álbum da Música Brasileira de Todos os Tempos. É uma ode à alegria, percebida antes mesmo de escutar seu conteúdo, na leitura das palavras do título. Entre as curiosidades e histórias que o cercam
ILUSTRAÇÃO indio san
está o fato de que seus músicos viviam em uma comunidade alternativa. À época do lançamento, dois anos após o do primeiro álbum (Ferro na Boneca), os baianos arretados – Baby Consuelo (voz), Moraes Moreira (letras e violão), Pepeu Gomes (craviola, guitarra e voz), Luiz Galvão (letras) e Paulinho Boca de Cantor (voz) – coabitavam parte do tempo um sítio em Jacarepaguá (batizado de Recanto do Vovô) e outra parte um apartamento em Botafogo, ambos no Rio de Janeiro. Eram vistos pela sociedade como hippies estranhões. Pediam esmola nas ruas para pagar as
contas e, quando o valor arrecadado ultrapassava o que precisavam, doavam a qualquer cego ou bêbado que passasse por eles. O restante da banda, que também vivia no sítio, era formado pelo baixista Didi, pelo baterista e cavaquinista Jorginho Gomes e pelos percussionistas Baixinho e Bolacha. Quando lançou o segundo álbum, o grupo já contava com a presença de nomes como Tom Zé, que ensinou Moraes Moreira a tocar violão e o apresentou a Galvão; o pai da bossa nova João Gilberto, que os guiou na confecção da obra; e Caetano Veloso, que os recomendou à Som Livre. Posteriormente, os Novos Baianos