Continuum 31 - Junho-Julho/2011

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MAQUETES DE CENOGRAFIAS ASSINADAS POR SERRONI

O CENÓGRAFO PRECISA SER UM ARTISTA MÚLTIPLO. APRENDI ISSO DESDE O COMEÇO COM O FLÁVIO IMPÉRIO. ELE FALAVA: ABRA FRENTES PRA OUTRAS COISAS PORQUE A CENOGRAFIA E O TEATRO NÃO VÃO POSSIBILITAR QUE VOCÊ VIVA DISSO.”

Trono de Sangue, de William Shakespeare (1992)

coisas variadas. Já fiz muitos shows, para a dupla Zezé di Camargo e Luciano, por exemplo, que foram legais porque havia verba e foram em casas de espetáculo grandes. Show é mais tranquilo, mais despojado, mais simples. Ao mesmo tempo, faço trabalhos alternativos de orçamento baixo. Não pode ter preconceito. Cenografia é cenografia em qualquer situação, num musical, num show, numa ópera.

Da mesma forma que Flávio Império lhe deu um conselho quando você estava começando, que conselho você daria a quem quer ser cenógrafo? O conselho que eu daria é ter muita paciência, muita força de vontade. Não é simples, não é fácil. É preciso trabalhar muito, estudar, ser curioso, ver o mundo com outros olhos. Saber ver, aprender as técnicas, estar atualizado com as novas proposições, ser humilde, estar disponível para trocar. Acho que quem for assistente de um cenógrafo, entrar num grupo, tiver perseverança acaba prosperando. O mercado é grande, há dificuldade de recurso, mas há muita produção. É muito diferente de quando eu comecei. Hoje o cenógrafo é mais solicitado, há eventos, festas, Carnaval, publicidade, shows, cinema, TV, exposições, vitrines, desfiles de moda. São vários canais, produtos... Eu indico sempre o teatro. Se a pessoa souber fazer cenografia de teatro, saberá fazer tudo nessa área. É preciso pesquisar, visitar museus, ver peças. Não basta só pesquisar no Google. Tem que ler livros. Só com o conhecimento adquirido por meio da internet não se avança. Flávio Império me inspirou muito, o [cenógrafo tcheco] Josef Svoboda também. Eu o conheci pessoalmente e ele me abriu a cabeça. As participações na Quadrienal de Praga também transformaram minha vida. A primeira vez, em 1987, me fez ter outra visão sobre o trabalho.

Zero 2, de Ignácio de Loyola Brandão (1992)

Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht (1994)

J. C. SERRONI EM SEGUNDOS José Carlos Serroni é arquiteto, cenógrafo e figurinista de teatro, televisão e espetáculos musicais. Formou-se pela FAU/USP em 1977. Colaborou por mais de dez anos no Centro de Pesquisa Teatral de Antunes Filho e, em 1998, criou em São Paulo o Espaço Cenográfico, escola livre de cenografia. Recebeu diversos prêmios em cenografia e figurinos no Brasil e no exterior.

Alta Sociedade, de Mauro Rasi (2001)

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J. C. Serroni é uma das personalidades que integram a Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro. Acesse o verbete do cenógrafo em: itaucultural.org.br (clique em Enciclopédias e Teatro).


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