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COMO SE, EM UM universo paralelo, Belchior tivesse escrito a canção de 1976 que dá o título (com a licença poética) a esta matéria, com o improvável auxílio de Stan Lee. Grande aposta do gênero de super-heróis, O Legado de Júpiter é uma ambiciosa série que adapta a elogiada criação de Mark Millar, um dos quadrinistas que mais tiveram trabalhos transportados para produções de cinema e de TV. Nos oito episódios estrelados por um elenco instigante e heterogêneo, com nomes como Josh Duhamel, Leslie Bibb, Ben Sampson e George Hutchence, é mostrada a saga de um grupo de humanos que ganha superpoderes ao longo de 90 anos, desde quando eram meros “mortais” até o futuro, momento em que já “pacificaram” o mundo e passaram a viver dilemas familiares e existenciais que vão de encontro ao surgimento de novas ameaças que colocam as vidas de muitos em risco, inclusive as deles.

O Legado de Júpiter é o pontapé inicial entre as adaptações das obras do Millarworld, selo autoral que reúne obras do autor e foi adquirido

pela Netflix em 2017 (veja quadro na página ao lado). Grandiosa, pode muito bem ser comparada – em termos de qualidade de produção e de efeitos especiais – aos títulos da Marvel e da DC. Mas o esforço de traçar paralelos pode parar por aí. De acordo com o próprio Millar, a série será “parte 2001 [Uma Odisseia no Espaço], parte Vingadores, parte O Poderoso Chefão II”. Não é difícil de enxergar uma Ilha da Caveira no lugar onde o grupo de protagonistas encontra seus superpoderes; a diferença é que, em vez do King Kong, eles próprios serão as criaturas a serem admiradas e temidas no retorno à civilização.

“É uma saga em todos os sentidos da palavra. Existem duas histórias em jogo. Na década 1930, Sheldon

Sampson passou por uma espécie de espiral psicológica maluca depois de testemunhar a morte de seu pai, tendo visões que os direcionaram a essas coordenadas, que os levaram para o oceano, no meio do nada, onde eles foram capazes de superar certas coisas e a receberem esses poderes”, explica Josh Duhamel em entrevista exclusiva à MONET. É claro que o “superar certas coisas” citado pelo ator, que vive Sheldon e seu alter ego Utópico, é um véu para esconder os spoilers que envolvem o preço alto que o grupo pagou para adquirir condições que beiram o divino. Mas como (quase) se diz no popular: eles viraram heróis, mas não viraram santos.

A “outra parte” da trama traz os heróis envelhecidos – o tempo passa

de maneira diferente para eles, menos implacável – alguns com famílias formadas e, outros, com elas destruídas. Mas a verdade é que, nesses tempos modernos, o “dilema do Tio Ben” enfrentado por Peter Parker/ Homem-Aranha tem suas definições atualizadas. Enquanto Utópico e o restante do grupo original viveram parte de suas vidas em tempos de crise sem habilidades sobre-humanas, seus filhos já nasceram superpoderosos e em um mundo – teoricamente –pacificado. Se “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”, nascer e crescer em um lugar perfeito, com famílias e amigos perfeitos, pode distorcer a realidade para os jovens. A não ser que a modernidade encontre suas próprias crises e os heróis não

tenham mais a admiração de toda a sociedade.

“É incrível acompanhar 90 anos e ver os heróis tendo o peso do mundo e de suas responsabilidades nas costas, como isso afetou a eles e à sua família, e reparar de que forma o público os percebem. Tudo o que eles fizeram foi adorado. E agora eles estão sendo questionados. E este código pelo qual os personagens viveram por tanto tempo agora está sob escrutínio. E eu acho que isso é realmente difícil para o Utópico aceitar”, explica Duhamel. O que O Legado de Júpiter difere de Vingadores e Liga da Justiça é o fato de mostrar o que acontece entre uma missão e outra de um supergrupo, seja prender um supervilão, seja salvar o universo. Com o que os heróis precisam lidar

PAI DE TODOS

Se algum dia tivéssemos um incêndio, eu salvaria a capa de Christopher Reeve e o pôster autografado de Superman: O Filme Uma vez que eu soubesse que eles estivessem seguros, voltaria correndo e ajudaria minha esposa e filhos.” A frase do artista escocês de 51 anos mostra que, para ele, os quadrinhos são mais que um ofício: são uma paixão. E mais que escrever histórias, Millar faz um exercício de metalinguagem com as obras que fizeram não só ele como também gerações de fãs ao redor do mundo se apaixonarem pelas aventuras dos super-heróis, e ainda as leva além, contextualizando com temáticas modernas e o colocando em outras funções, não apenas salvando os fracos e os oprimidos. Desde 2015, o quadrinista se associou ao produtor

Lorenzo di Bonaventura, famoso pela franquia bilionária Transformers, para fazer de O Legado de Júpiter uma franquia de longas-metragens, mas o projeto acabou ganhando novo formato quando o Millarworld, selo autoral do artista, foi adquirido pela Netflix em 2017, tornando-se uma divisão da gigante do streaming.

Superclã – Na página ao lado, a família Sampson, vivida por Leslie Bibb, Josh Duhamel e Ben Daniels (foto maior) e por Andrew Horton e Elena Kampouris (abaixo); logo acima, trecho clássico da HQ original; e, na sequência mais abaixo, o sexteto prestes a encontrar a fonte de seus superpoderes

Mark Millar trasncende a rivalidade Marvel x DC e tem materiais destas e de outras editoras adaptados em filmes e séries que você talvez nem saiba que tenham nascido como HQs

"

enquanto a capa está na lavanderia? Salvar o mundo é um bom argumento para colocar em pauta quando seu superfilho revela que sofreu com sua ausência?

E aí é como se Shakespeare fosse picado por uma aranha geneticamente modificada: os jovens herdeiros passam a ver a sucessão como uma realidade e a fazer questionamentos sobre como e se devem assumir os “supernegócios” da família. O fardo de seguir o legado dos pais e ao mesmo tempo sair da sombra que pairou por tanto tempo sobre eles ganha contornos inusitados como o do fato deles viverem como celebridades, salvando o mundo, badalando e até cometendo excessos; como se fossem Kardashians com visão de calor e supervelocidade. “O interessante é que os superpoderes [de Utópico] não mostram necessariamente como lidar

IRMÃOS DE TELA

com sua filha de 20 anos que não quer nada com ele. Não importa o quão superforte você seja, se você pode voar ou atirar laser com os olhos, isso não ajuda você a se comunicar com sua filha ou seu filho, a menos que você desenvolva habilidades sociais, sem superpoderes”, revela Duhamel. Se o bardo inglês de Hamlet um dia escreveu: “sábio é o pai que conhece o seu próprio filho”, Utópico está longe de ser perfeito.

Por mais fantástica que seja, a série é capaz de abrir espaço para

Eras heroicas – A série acompanha 90 anos da existência dos personagens, de sua juventude à velhice, quando se deparam com o momento em que passarão as responsabilidades para a nova geração, que vai se encontrar com vilões e dúvidas maiores que as que eles enfrentaram

> A graphic novel mais vendida da história acabou sendo adaptada na terceira aventura do Primeiro Vingador nos cinemas. Curiosamente,

A obra de Mark Millar é vasta e não só ganhou versões em filmes como também serviu de conceito para a criação de

CAPITÃO AMÉRICA: GUERRA CIVIL

Millar não gostou do filme, pois sentiu falta do humor presente nos quadrinhos.

KICKASS – QUEBRANDO TUDO disponível na NETFLIX

> Um dos maiores entraves para a adaptação ser aceita por um estúdio foi o fato de Hit-Girl, personagem interpretada por Chloë Grace Moretz, ser uma garota pré-adolescente.

KINGSMAN: SERVIÇO SECRETO disponível no NOW

> Diretor e produtor de várias adaptações de quadrinhos, Matthew Vaughn não só adaptou Kick-Ass, sua primeira parceria com Millar, como também é o responsável por toda a trilogia Kingsman.

discussões do mundo real. O próprio protagonista revelou ter sido tocado pela temática da trama e a transportou para o convívio com Axl Jack, fruto do relacionamento com a cantora Fergie. “A série pode, de várias maneiras, ser uma advertência para o relacionamento com meu filho e como o vejo crescer. Não quero colocar muita pressão sobre ele ou que ele sinta que precise fazer o que eu fiz ou ser quem eu sou. Eu tive muitos holofotes sobre mim ao longo dos anos e isso pode ser um grande peso para uma criança; ele não pediu por isso. Cabe a mim fazê-lo se sentir seguro e dar a ele o tipo de liberdade suficiente para ter a oportunidade de ser apenas uma criança, crescer o mais normalmente possível e não sentir a pressão dos holofotes”, define Josh, que, sem superpoderes, tem muito a ensinar ao herói que interpreta.

> A saga distópica de um Wolverine envelhecido ganhou um personagem ainda mais humanizado, mas sem abrir mão, em momento algum, da violência das HQs.

O

verdadeiros universos como, por exemplo, o das aventuras dos Vingadores da Marvel, que tem como referência uma das obras do autor, Os Supremos

LOGAN disponível no NOW

PROCURADO disponível no NOW

> A HQ da Top Cow Productions virou live-action com o diretor cazaque Timur Bekmambetov, que se animou para filmar uma continuação, mas Millar se negou a escrever um roteiro.

SUPERMAN: ENTRE A FOICE E O MARTELO > O herói que defende os fracos, oprimidos e o estilo de vida americano tem seu visual – e origem – revisitados nesta animação inspirada na graphic novel estrelada pelo Superman que o transporta de Smallville para a União Soviética.

“NÃO IMPORTA O QUÃO SUPERFORTE VOCÊ SEJA, SE VOCÊ PODE VOAR OU ATIRAR LASER COM OS OLHOS, ISSO NÃO AJUDA VOCÊ A SE COMUNICAR COM SUA FILHA OU SEU FILHO, A MENOS QUE VOCÊ DESENVOLVA HABILIDADES SOCIAIS”

– Josh Duhamel

PACIFICADOR

>> Com segunda temporada confirmada, a produção acompanha o mercenário Christopher Smith, que quer garantir a paz à base de tiro, porrada e bomba. John Cena, que interpretou um personagem semelhante em sua carreira como wrestler, apontou em entrevistas que o diretor e roteirista James Gunn “mudou a trajetória” de sua vida com a escalação em O Esquadrão Suicida (2021), e nem imaginava que ainda estrelaria uma série; Gunn escreveu os episódios por puro tédio (e inspiração) na pandemia. “Sou grato por James ter ganhado um tempo sozinho com seus pensamentos”, brincou Cena à Esquire Middle East > disponível na HBO MAX

FILMES E SÉRIES DE 18 HERÓIS COM PEGADA ADULTA

Como diria o lema de um certo personagem adolescente, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. As histórias em quadrinhos de super-heróis viraram a maior fonte de matéria-prima para produções de Hollywood. Com isso, tornaram-se também objeto de crítica por infantilizar as audiências por roteiros simplistas tratando da carcomida luta do bem contra o mal. Scorsese, Coppola e outros diretores consagrados passaram a discutir a validade cultural dessas adaptações. Pois bem, a resposta está vindo forte, com tramas cada vez mais complexas, soturnas, irônicas, adultas e irremediavelmente humanas. Separamos algumas delas para você entender que o tal “filme (ou série) de boneco” não precisa mais ser brincadeira de criança

por Gabriel Tieppo, Luís Alberto Nogueira e Nathalie Provoste

SUPER

>> Para os fãs de The Office, é impossível assistir à comédia de James Gunn e não se lembrar do personagem Dwight, de Rainn Wilson, que também é um protagonista sem noção nesse filme sobre super-herói. Tem mais: foi Jenna Fischer, que trabalhou com Wilson na série entre 2005 e 2013, que indicou o astro para o papel no longa de Gunn, seu ex-marido. Apesar das conexões com tanta gente boa e um elenco que conta, ainda, com Elliot Page, Liv Tyler e Kevin Bacon, Super arrecadou só 422 mil dólares em bilheteria depois de contar com um orçamento de 2,5 milhões.

> disponível no PRIME VIDEO

THE TICK

O ESQUADRÃO SUICIDA

>> Muita gente estranhou quando a DC deu sinal verde para um reboot da sua trupe de vilões (ou anti-heróis) pouquíssimo tempo após o frustrante – mas até lucrativo –Esquadrão Suicida (sem o “O”), de 2016. Até porque foi buscar na Marvel James Gunn, que tinha provado ser o mestre da combinação ação e humor debochado (embalada por trilha sonora vintage) com Guardiões da Galáxia. Mas não poderia ser uma decisão mais acertada. O diretor aproveitou muito pouco do primeiro filme – essencialmente Margot Robbie – e mandou ver numa leitura mais fiel aos quadrinhos. “Quis ficar com a visão original de personagens de segunda categoria. Há um elemento trágico inato nos supervilões: eles não são bons em serem maus.” > disponível na HBO MAX

BLADE: O CAÇADOR DE VAMPIROS

>> Com Wesley Snipes como o dhampir (hibrído de vampiro com humano) que enfrenta vampiros, o longa chegou aos cinemas americanos com classificação para maiores de 17 anos e ajudou a Marvel Entertainment a sair da falência nos anos 1990. Mahershala Ali já está pronto para encarnar a nova versão do personagem nas telonas, inclusive.

> disponível no HBO MAX

>> O cartunista Ben Edlund quis fazer uma paródia dos super-heróis clássicos dos quadrinhos com Tick, que tem superforça, é quase “invulnerável” – não pode sofrer ferimentos, mas pode sentir dor – e ainda vê seus poderes aumentarem de forma proporcional ao nível de “drama” ao seu redor. A adaptação das HQs traz Peter Serafinowicz como o personagem, que recruta o contador Arthur Everest (Griffin Newman) para ajudá-lo a combater os esquemas do supervilão Terror (Jackie Earle Haley, o Rorschach do filme de Watchmen). > disponível no PRIME VIDEO

O JUSTICEIRO

>> Após o vigilante da Marvel ser encarnado por Dolph Lundgren num filme de 1989, foi a vez de Thomas Jane (foto) assumir o papel nas telonas, lutando contra um chefão do crime vivido por John Travolta. Até tentaram trazer o anti-herói de novo numa série de 2017 com Jon Bernthal como o protagonista – mas o projeto foi uma das vítimas do rompimento da Netflix com a Marvel, que levou junto todo o universo mantido sob a parceria. “Nessa indústria, você tem que ser grato pelo que você teve”, lamentou Bernthal. > disponível na NETFLIX

ONE PUNCH MAN

>> Quem disse que herói não sofre? Saitama tem um poder e tanto – pode derrotar os vilões com apenas um soco –, mas isso não é o suficiente para aplacar o vazio existencial e até sinais claros de depressão que sente. Para piorar, ele ainda perde cabelo como efeito colateral dos seus intensos treinamentos. Genial anime com 25 episódios que trazem diversas “piadas internas” sobre produções clássicas do gênero e referências da cultura pop nipônicas. O protagonista, por exemplo, é completamente viciado em mangás. > disponível na NETFLIX

DEFENDOR

>> Qualquer Zé-Ninguém pode ser herói. Essa é a moral da história desse simpático (e obscuro) filme estrelado por Woody Harrelson. Ele é o sujeito oprimido pelos perrengues do dia a dia que decide se tornar vigilante – mesmo sem contar com nenhum superpoder. Bom, até aí, o Batman também não tem. Atenção para uma homenagem aos quadrinhos do Homem-Aranha, quando o principal jornal da cidade resolve fazer campanha contra Defendor: “Herói ou ameaça”, pergunta, em letras garrafais, na primeira página. > disponível na HBO MAX

DEMOLIDOR

>> O Homem sem Medo talvez seja o super-herói da Marvel com o melhor repertório para adaptações adultas para as telas. De saída, a história do advogado cego que perdeu o pai boxeador que se recusou a beijar a lona para atender os desígnios de mafiosos tem inspiração em filmes noir. Mesmo que o herói tenha os seus outros sentidos aguçados após um acidente radioativo, como um bom e velho gibi infanto-juvenil, há sagas exalando as sarjetas de Hell’s Kitchen, em Nova York, pela pena do quadrinista Frank Miller. A série estrelada por Charlie Cox – que nunca tinha ouvido falar no Demolidor antes de fazer o teste para o papel – só precisou recorrer a esses elementos em três temporadas de sucesso. > disponível na NETFLIX

EXTRAÑO UM NO NINHO

Carisma, competência e versatilidade: Antonio Banderas sempre foi muito mais do que um rostinho bonito nos cinemas. Além de encantar nas tabelinhas com o compatriota Pedro Almodóvar, o galã soube fincar a bandeira espanhola em Hollywood com seus trabalhos impecáveis, mas sem nunca esquecer de onde veio por Gabriel Tieppo

ROTAS DO

OURO

Com as histórias de dedicação, talento e superação de finalistas de 2022 nas principais categorias, apontamos os padrões da Academia na hora de indicar e premiar os melhores do ano no Oscar

por Henrique Januário e Luís Alberto Nogueira

MELHOR

FILME

DUNA

A adaptação de US$ 165 milhões do clássico da ficção científica já é um triunfo. Sempre foi considerado um projeto amaldiçoado – a versão mal acabada de David Lynch nos anos 1980 e as sucessivas tentativas frustradas de filmar o complexo best seller intergaláctico de Frank Herbert só ampliaram essa percepção. Porém, o diretor canadense Denis Villeneuve, em plena pandemia, dificultando desde as filmagens até o lançamento nos cinemas, conseguiu colocar o seu sonho de pé e agora desfruta de 10 indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme. No entanto, o retrospecto das superproduções de ficção ou fantasia indica que suas chances maiores residem exclusivamente nos prêmios técnicos, como Melhor Fotografia ou Efeitos Visuais – a exceção à regra foi com O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, na edição de 2004, que passou o rodo e ganhou nas 11 categorias pelas quais concorria. Mas vai que o raio cai duas vezes no mesmo lugar.

+ FINALISTAS DE FANTASIA E FICÇÃO CIENTÍFICA

Avatar

> O colosso de James Cameron não venceu Melhor Filme e Direção, numa das maiores zebras da história do Oscar. Nem o subtexto ecológico amoleceu o coração da Academia

Star Wars – Episódio IV – Uma Nova Esperança

> O primeiro filme da saga de George Lucas chegou à briga de Melhor Filme em uma época em que existia preconceito nítido contra o gênero.

Mad Max: Estrada da Fúria (2015) disponível na HBO MAX > O revival da distopia apocalíptica quebrou diversas regras do Oscar ao ser indicado. Fazia parte de uma franquia, espumava violência e mesclava ação e sci-fi.

MELHOR DIREÇÃO

JANE CAMPION > Ataque dos Cães

disponível na NETFLIX

+ Indicados

Em uma indústria que anda a passos curtos em direção à equidade de gêneros, Jane Campion mostra que a Academia continua fazendo a correção de curso para prestigiar as cineastas em atividade. Primeira mulher indicada duas vezes ao prêmio de Melhor Direção, a neozelandesa concorreu pela primeira vez em 1994 por O Piano, longa pelo qual saiu premiada com a estatueta de Melhor Roteiro Original. Nesta edição, sai em vantagem por ter dirigido Ataque dos Cães, um dos longas mais festejados da temporada e com o reforço, mesmo que espiritual, da vitória da chinesa Chloé Zhao na última edição do prêmio. Este ano, Jane larga como favorita, mas enfrentará novamente o diretor que acabou levando o Oscar em 1994: um tal de Steven Spielberg, que a “derrotou” com A Lista de Schindler. Mas os tempos são outros, não é mesmo?

+ DIRETORAS PIONEIRAS

disponível no GLOBOPLAY > Até então com três filmes na carreira, a chinesa foi a primeira diretora em 11 anos a ganhar uma estatueta, sendo também a primeira asiática a vencer o prêmio.

Kenneth Branagh (Belfast)

Ryûsuke Hamaguchi (Drive My Car)

Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)

Steven Spielberg (Amor, Sublime Amor)

Chloé Zhao (Nomadland)

Sofia Coppola (Encontros e Desencontros)

disponível no PARAMOUNT+ > A filha de Francis Ford Coppola enfrentou páreo duro: Peter Jackson, com a última parte de O Senhor dos Anéis

Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror)

disponível no CLAROVIDEO >O primeiro Oscar de Melhor Direção a uma mulher foi emblemático para Kathryn Bigelow até por ter vencido James Cameron (Avatar), o seu ex-marido.

PARA CIMA

Nossa realidade é terreno fértil para inspirar tramas das mais surreais: conflitos, pandemias, negacionismo, corrupção e toda a sorte de falha humana elevada à décima potência com o auxílio de fake news e hate nas redes sociais. Pois Adam McKay usou sua experiência em comédia para fazer uma tragédia contemporânea (bem-humorada, diga-se) envolvendo o fim do mundo – ao menos como o conhecemos. Sai o vírus, entra um asteroide, mas está tudo lá, para a plateia de esquerda, de direita e quem mais quiser ver.

ADAPTADO

Os scripts inspirados em materiais já publicados anteriormente são a bola de segurança de Hollywood. De biografias a HQs, os executivos pagam fortunas pelos seus direitos autorais para transformar tudo em imagens em movimento. Mas No Ritmo do Coração quebra um paradigma, principalmente na Academia. O seu roteiro, indicado ao Oscar da categoria, é adaptado de outro filme, o franco-belga A Família Bélier, de 2014. No entanto, o enredo que acompanha a menina Ruby, única capaz de ouvir em uma família de pessoas com deficiência auditiva, tem cor de Oscar em cada cena mostrando a língua de sinais.

+ HISTÓRIAS DISRUPTIVAS

Bela Vingança, disponível no NOW

Emerald Fennell usa de toda acidez para atacar – junto com sua protagonista – mazelas infelizmente atualíssimas: o machismo e a cultura do estupro.

Quero ser John Malkovich, disponível no NOW > A consciência tem seus limites constantemente testados por Charlie Kaufman, que desta vez adentra a exótica psique do famoso ator.

Bastardos Inglórios, disponível no PRIME VIDEO > “Queimar os nazistas” nunca será uma mera expressão na mente de Tarantino, que leva o revide contra Hitler às últimas consequências.

+ CONTOS EDIFICANTES

Lion: Uma Jornada para Casa disponível na HBO MAX > A história real do menino indiano que se perde, é adotado e busca sua origem 25 anos depois parece ter sido feita sob encomenda para o Oscar.

As Aventuras de Pi > Tem vezes que o desafio de transformar texto em filme é maior que a vida. A alegoria do jovem com um tigre vagando no mar impressionou os eleitores da Academia.

Jojo Rabbit > Taika Waititi subverteu o livro original do menino que inventa até conversas com Hitler para escapar do horror nazista. E o cineasta, descendente de judeus, encarou o papel do genocida.

MELHOR ATOR

WILL SMITH > King Richard: Criando Campeãs

+ Indicados

Eles podem dissimular em entrevistas, mas todo campeão de bilheteria tem um objetivo: eles guardam um lugar muito especial numa prateleira da sala para um Oscar. Mas a verdade é que são poucos os que chegam lá. A estatueta dourada, através da história, se tornou uma espécie de divisor de águas da indústria cinematográfica para determinar atores de “verdade” e astros de Hollywood. Will Smith está próximo de quebrar essa parede ao estrelar a controversa biografia do pai das tenistas Venus e Serena Williams.Isso depois de morrer na praia outras duas vezes – com Ali e À Procura da Felicidade. Se ele ganhar, pode esperar uma chuva de memes nas redes sociais, como aconteceu com o parceiro DiCaprio, em 2016. Se perder, também.

MELHOR ATOR COADJUVANTE

J.K. SIMMONS > Apresentando os Ricardos

+ SUPER ASTROS VITORIOSOS

Anthony Hopkins (Meu Pai) disponível no NOW > O full circle moment. Era ator renomado, virou astro com o Oscar por O Silêncio dos Inocentes, fez filmes ruins e voltou a ser reconhecido em 2021.

Leonardo DiCaprio (O Regresso) disponível no GLOBOPLAY > Leo ganhou na quinta indicação – isso sem contar do polêmico esquecimento da Academia em Titanic

Daniel Day Lewis (Lincoln)

> A antítese de Pitt, Clooney e outros. O inglês fez nome com seus prêmios. Como Abraham Lincoln, chegou ao recorde de quatro troféus de Melhor Ator.

+ Indicados

Ser o suporte para o protagonista está longe de ser uma tarefa inglória, principalmente para astros que sabem compartilhar o brilho de sua qualidade com seus companheiros e companheiras de cena, quando todo mundo sai ganhando. Com Simmons, não foi diferente: ele conseguiu repetir o impacto de sua dramatização em Whiplash: Em Busca da Perfeição, mas de uma forma completamente diferente e igualmente intensa ao viver o adorado – mas não necessariamente adorável – ator William Frawley.

+ ESPECIALISTAS EM DAR SUPORTE

Mark Rylance (Ponte dos Espiões) > Verdadeiro operário da atuação, ele se molda à vontade do diretor e se transmuta à perfeição, seja como espião russo ou uma paródia de Elon Musk.

Mark Ruffalo (Spotlight: Segredos Revelados) > Mais que o Hulk, Ruffalo dá aquela força, erguendo o sarrafo de qualquer produção. Prova disso são suas três indicações na categoria.

Christoph Waltz (Django Livre)

> Seja como oficial nazista, seja como um caçador de recompensas nos EUA, Waltz é daqueles artistas que tornam tênue a linha entre protagonistas e coadjuvantes.

disponível na HBO MAX disponível no PRIME VIDEO

Javier Bardem (Apresentando os Ricardos)

Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães)

Andrew Garfield (Tick, Tick… Boom!)

Denzel Washington (A Tragédia de Macbeth)

Ciarán Hinds (Belfast)

Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)

Jesse Plemons (Ataque dos Cães)

Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães)

MELHOR ATRIZ

PENÉLOPE CRUZ > Mães Paralelas

+ Indicados

Não dá para negar que a diversidade enriquece a cultura, e o cinema – ingrediente desse grande caldeirão – não é diferente. Artistas de diversas origens trazem bagagens, referências e estilos diferentes, se destacando e fazendo verdadeiras provocações, no bom sentido, aos companheiros de ofício com trabalhos feitos dentro e fora de Hollywood. Penélope Cruz é uma dessas estrelas que trafegam entre o cinema americano e espanhol como se não houvesse fronteiras, e brilha mais uma vez em uma parceria com Pedro Almodóvar que pode lhe render o segundo Oscar em suas quatro indicações – o primeiro na categoria principal.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

JESSIE BUCKLEY > A Filha Perdida

+ ESTRANGEIRAS NA FESTA

Fernanda Montenegro (Central do Brasil)> Todos nós sabemos (Gwyneth Paltrow também) que a brasileira deveria levar o Oscar de 1999 no filme de Walter Salles.

Sophia Loren (Duas Mulheres)

> A italiana brilhou na cerimônia de 1962, sendo a primeira atriz de um filme não falado em língua inglesa a levar o prêmio de Melhor Atriz.

Marion Cotillard (Piaf – Um Hino Ao Amor) > A francesa conseguiu captar a intensidade de sua famosa conterrânea e recriar, com a ajuda da maquiagem, a breve vida da cantora icônica.

+ Indicados

Certamente a contratação da cantora e atriz irlandesa Jessie Buckley não foi a maior dor de cabeça para os produtores do drama em dois tempos A Filha Perdida. Não tinha a lista de exigências e o cachê de Dakota Johnson ou o tratamento VIP que requer uma vencedora do Oscar, Emmy e Globo de Ouro como Olivia Colman. Mas ela roubou a cena ao encarnar a personagem de Colman quando jovem, cumprindo a tradição da categoria de Melhor Atriz Coadjuvante de afirmação de jovens talentos.

+ QUASE PROTAGONISTAS

Laura Dern (História de um Casamento), disponível na NETFLIX > É o pulso para a melancólica relação e separação de Scarlett Johasson e Adam Driver. O Oscar foi uma barbada.

Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa), disponível na NETFLIX > A sueca, até então desconhecida, eclipsou Redmayne. A Academia a premiou, mas quem ganhou foi a gente.

Octavia Spencer (Histórias Cruzadas) > É a melhor no controverso filme sobre patroas brancas e domésticas negras nos anos 1960. Justo reconhecimento após duas décadas em papéis menores.

disponível na NETFLIX disponível na NETFLIX

Jessica Chastain (Os Olhos de Tammy Faye)

Olivia Colman (A Filha Perdida)

Kristen Stewart (Spencer)

Nicole Kidman (Apresentando os Ricardos)

Ariana Debose (Amor, Sublime Amor)

Judi Dench (Belfast)

Kirsten Dunst (Ataque dos Cães)

Aunjanue Ellis (King Richard: Criando Campeãs)

INDICADOS EM OUTRAS CATEGORIAS

MELHOR FOTOGRAFIA

Greig Fraser (Duna)

Dan Lautsen (O Beco do Pesadelo) > Bradley Cooper, que considerou se aposentar durante a pandemia, se esmerou especialmente para a conclusão deste longa, perdendo 15 quilos para dar mais jovialidade a seu personagem e encarando seis horas de estúdio para filmar uma cena de nu frontal.

Ari Wegner (Ataque dos Cães)

Bruno Delbonnel (A Tragédia de Macbeth)

Janusz Kaminski (Amor, Sublime Amor)

MELHOR EDIÇÃO/MONTAGEM

Não Olhe para Cima Duna

King Richard: Criando Campeãs

Ataque dos Cães Tick, Tick… Boom!

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL

Não Olhe para Cima Duna

Encanto

Madres Paralelas

Ataque dos Cães

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

“Be Alive” (King Richard: Criando Campeãs)

“Down To Joy” (Belfast)

“No Time To Die” (007 – Sem Tempo para Morrer)

“Somehow You Do” (Four Good Days)

“Dos Oruguitas” (Encanto) > Caso saia vencedor, Lin-Manuel Miranda entrará para o seleto grupo dos EGOT - vencedores do Emmy, Grammy, Oscar e Tony – e para o exclusivíssimo PEGOT, que são os que conquistaram também um Pulitzer.

MELHOR FILME INTERNACIONAL

Drive My Car (Japão) > Primeiro longa japonês a ganhar o prêmio de melhor roteiro em Cannes, Drive My Car é baseado em um curta-metragem de mesmo nome lançado em 2014, que por sua vez é a adaptação de um conto do livro Homens Sem Mulheres, de Haruki Murakami.

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO

Duna Ataque dos Cães

O Beco do Pesadelo Amor, Sublime Amor A Tragédia de Macbeth

MELHOR FIGURINO

Amor, Sublime Amor > O figurinista Paul Tazewell tentou expressar por meio das roupas usadas no filme não só as tonalidades dos tecidos que diferenciavam as gangues rivais dos Jets e dos Sharks, mas também para expressar a condição social díspar dos jovens americanos e dos imigrantes latinos retratados no musical que é um remake do supercampeão do Oscar de 1962.

Flee (Dinamarca) A Mão de Deus (Itália) Lunana (Butão) A Pior Pessoa do Mundo (Noruega)

Cruella

Cyrano

Duna O Beco do Pesadelo

MELHOR CABELO E MAQUIAGEM

Um Príncipe em Nova York 2 > Coube a Michael Marino encarar a difícil tarefa de atualizar as próteses criadas por Rick Baker indicadas ao Oscar de 1989. O esforço que levou cerca de três meses valeu a pena e a sequência foi indicada novamente na categoria disputada pelo filme original.

MELHOR ANIMAÇÃO EM CURTA METRAGEM

Affairs of the Art

Bestia

Robin Robin Boxballet

The Windshield Wiper

MELHOR CURTA METRAGEM EM LIVE-ACTION

Ala Kachuu – Take and Run

The Dress

On My Mind

Please Hold

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM LONGA-METRAGEM

Ascension Summer of Soul

Attica Writing with Fire

Flee

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA METRAGEM

Audible

The Queen of Basketball

Lead Me Home

When We Were Bullies

Three Songs for Ben Azir

MELHOR ANIMAÇÃO EM LONGA METRAGEM

Encanto Raya e o Último Dragão

Luca A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas

The Long Goodbye > Indicado ao prêmio de Melhor Ator ano passado, Riz Ahmed agora é protagonista e fonte de inspiração para este curta; já a trama estrelada por ele é baseada em seu disco de rap que tem como tema a ascensão da extrema-direita e de xenófobos na Inglaterra.

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Flee > O longa-metragem do diretor e roteirista Jonas Poher Rasmussen conseguiu o feito mais inusitado do Oscar de 2022. Tornou-se o primeiro filme a receber indicações nas categorias de Melhor Animação, Melhor Documentário e Melhor Filme Internacional. Com a história sensível sobre um refugiado afegão.

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa > O longa estrelado por Tom Holland não conseguiu apenas o feito de reunir três gerações de Homens-Aranha, mas também de emplacar a sexta maior bilheteria mundial da história em meio à pandemia. No entanto, esta foi a única categoria em que o blockbuster foi indicado, apesar da campanha massiva feita pelo estúdio e pelos fãs.

Duna Free Guy

007 – Sem Tempo para Morrer Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

MELHOR SOM

Belfast

Duna

007 – Sem Tempo para Morrer Ataque dos Cães Amor, Sublime Amor

Cruella Casa Gucci

Duna Os Olhos de Tammy Faye

À PROVA DE CANCELAMENTOS

Astro de alguns dos maiores sucessos do cinema nas últimas décadas, Tom Hanks mantém sua reputação de celebridade mais gente boa de Hollywood – mesmo numa época que, ao menor desvio de conduta, celebridades são rechaçadas em massa nas redes sociais

por Nathalie Provoste

ESPECIAL TOM HANKS

FOTOS:GETTY IMAGES, REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO

SE VOCÊ ABRIR O PERFIL

de Tom Hanks no Instagram, verá a seguinte descrição: “Sou aquele ator de alguns filmes de que você gostou e de outros que você não gostou. Às vezes estou em boa forma. Ei, você tem que viver, sabe?”. Claro que o artista de 64 anos não é tão singelo quanto essas linhas –mas é justamente isso que demonstra a grandeza dele.

Sim, Hanks acumulou muitos sucessos de bilheteria em seus mais de 40 anos de carreira: ele é o astro de Forrest Gump: O Contador de Histórias e Apollo 13, que fazem parte do especial de filmes dedicado ao ator no Star Life neste mês, e é vencedor de dois Oscars. Mas o motivo da aclamação em torno do californiano tem muito mais a ver com carisma do que com talento. É sua personalidade charmosa, que lhe rendeu os apelidos de “o cara legal” e “o pai da América” – e, até mesmo, o título de “a pessoa em que mais se confia nos Estados Unidos” numa enquete de 2013 –, o que faz dele um caso raro em Hollywood, mina de escândalos dos tabloides e zona de vigilância da cultura do cancelamento.

“Tom Hanks é tão legal quanto você pensa que ele é e exatamente o que você espera que ele seja, o que é ótimo; a menos que você seja alguém tentando contar uma boa história sobre ele, com elementos como um arco e uma tensão de narrativa”, declarou Taffy Brodesser-Akner, do The New York Times, em um artigo no qual ela confessa que chorou na frente do ator quando ele refletiu sobre a paternidade no meio da entrevista. A Universidade Estadual da Pensilvânia também comprovou outro efeito poderoso do carisma de Hanks em março de 2020, quando o artista e sua esposa, a atriz Rita Wilson, testaram positivo para a Covid-19. Pesquisadores entrevistaram 692 pessoas no dia seguinte ao anúncio

do casal famoso, e descobriram que quase 90% delas já haviam ficado sabendo da notícia; e, deste grupo, cerca de 50% haviam decidido mudar seus hábitos em relação à pandemia desde então.

O fascínio de Hanks o tornou um personagem tão icônico quanto seu Forrest Gump, a ponto da diretora Marielle Heller não ter outra opção senão escalá-lo para encarnar o Mr. Rogers, apresentador cuja amabilidade é lendária, na sua cinebiografia de 2019, Um Lindo Dia na Vizinhança. A presença do ator num elenco é promessa de um enredo com otimismo e generosidade. Mas, por outro lado, essa fama também pode ser limitadora: é difícil ver Hanks no papel de vilão

ou criminoso. “É porque eu nunca os entendo; porque os caras maus, em geral, exigem um grau de malevolência que eu não acho que posso fingir”, ele justificou ao The New York Times.

> O TERMINAL , DIA 7, segunda, 22h30

> APOLLO 13, DIA 8, terça, 22h30

> FORREST GUMP – O CONTADOR DE HISTÓRIAS, DIA 10, quinta, 22h30

> PRENDA-ME SE FOR CAPAZ, DIA 11, sexta, 22h30

E por acaso alguém é tão bonzinho assim? “Não vamos chamar isso de lado sombrio, mas percebi, e usei muitas vezes, a capacidade de seduzir uma sala, seduzir um grupo de pessoas”, o astro também observou ao jornal americano. Segundo ele, é um “mecanismo de defesa” que virou “um tipo de manipulação”. “Não havia percebido como era habilidoso. Parte disso é que não sou malévolo. Não sou misterioso. Você não vai extrair uma grande quantidade de raiva de mim”, apontou. Mas, no ano passado, quando o The Guardian o pressionou sobre a verdade por trás de sua imagem praticamente santificada, Hanks admitiu um lado sombrio: “Sou capaz de usar uma linguagem agressiva”. E se deu mais uma descrição: “Em vez de apenas ser legal, acho que sou gentil. Podemos dizer isso?”

Gente fina – 1 e 2. Tom Hanks posa com fãs; 3. Numa publicação brincalhona para as redes sociais, diz que comprou “um carro usado”; 4. O ator com Rita Wilson, sua esposa desde 1988 –os artistas doaram plasma para pesquisas científicas sobre a Covid-19 após contraírem a doença

O MENU DE FILMES Alguns dos maiores sucessos que Tom Hanks estrelou no cinema serão transmitidos no STAR LIFE, 144 e 644 (HD)

HOMEM. MITO. OMEME.

Membro de um dos clãs mais talentosos de Hollywood. Vencedor do Oscar. Galã. Piada. Nicolas Cage, que ganha um especial com alguns de seus filmes este mês, tem uma das trajetórias pessoais e profissionais mais pitorescas já vistas; sua história é tão incomum e bizarra que vai inspirar um filme em que o ator viverá ele mesmo. Duvida? Tire a prova nas páginas a seguir

por Henrique Januário

ESPECIAL: SAINT NICOLAS

DIA 19, sábado, vários horários, AMC, 145 e 645 (HD)

30 GRANDES FILMES PROTAGONIZADOS POR MULHERES

CIENTISTAS, REVOLUCIONÁRIAS, VINGADORAS, heroínas, artistas, monarcas, amigas, irmãs, mães e filhas.

O cinema como espelho da vida mostra os papéis centrais ocupados por todas elas e a luta pelo reconhecimento em um mundo que ainda lhes nega o devido valor. Para celebrar o Dia Internacional da Mulher – 8 de março –, fizemos uma valiosa compilação de filmes que estão disponíveis na TV por assinatura (line-up ou on-demand) neste mês. São produções completamente focadas em protagonistas femininas e que atingiram o sucesso, seja de crítica, seja de público, ou ambos. Nas páginas a seguir, você vai conhecer histórias de bastidores, declarações das artistas, o que move cada um dos títulos e as repercussões que geraram – além de, claro, muitos prêmios.

por Henrique Januário, Luís Alberto Nogueira, Nathalie Provoste e Raquel Temistocles

Drama, romance, ficção científica, terror, filme de ação e até de esportes. Nossa seleção mostra que o poder feminino no cinema se manifesta de todas as formas imaginadas pela Sétima Arte. Sem limites de tema nem preconceitos

A

A CHEGADA

Em um dia qualquer, os aliens vem à Terra e, é claro, deixam a humanidade apavorada. Até aqui, o filme de Denis Villeneuve, que é baseado em um conto de Ted Chiang, poderia ser mais uma ficção científica à moda de Independence Day Porém, desta vez, não é um militar ou um astrofísico que vão salvar o dia, mas sim uma linguista e seu poder de comunicação incomparável. Amy Adams foi indicada a um BAFTA e a um Globo de Ouro de Melhor Atriz por sua performance no longa. Não levou os prêmios, mas A Chegada se tornou um dos seus trabalhos favoritos (e mais elogiados). “[O roteiro] não só me atingiu em um lugar que falava com minha alma, mas que também falava ao meu intelecto. Amei como havia uma personagem – feminina ou masculina – que foi escrita de forma a ter uma inteligência emocional e também um intelecto altamente afinado”, disse ao site The Playlist

A COR PÚRPURA

FORMA DA ÁGUA

As melhores histórias do cinema fantástico são as que usam o sobrenatural como mera alegoria para dramas bem humanos. A personagem de Sally Hawkins vive aprisionada em silêncio, muda desde a tenra idade, perfil ideal para trabalhar como faxineira em um laboratório secreto do governo norte-americano em plena Guerra Fria. Ao se deparar com uma criatura anfíbia amazônica guardada a sete chaves em um tanque, encontra a empatia, o amor e o desejo. Os dois enxergam um no outro seu espelho e, lá no fundo, a perspectiva da verdadeira liberdade. De acordo com o diretor Guillermo Del Toro, o sucesso da produção – combinando uma bilheteria de US$ 195 milhões a quatro Oscars, incluindo de Melhor Filme – deve-se principalmente à atriz. “Ela não era a primeira escolha. Ela era a única escolha.”

Quando os relacionamentos humanos são discutidos e palavras como abusivo, misógino e tóxico são alguns dos termos mais repetidos, significa que algo está muito errado. Mas se hoje é possível detectar e, ao menos, iniciar uma tentativa de combater esses terríveis vícios culturais e sociais, o mesmo não acontecia no início do século 20 com a personagem Celie, protagonista do romance de Alice Walker e de sua adaptação cinematográfica, considerado o primeiro filme “sério” de Steven Spielberg. A história da adolescente entregue pelo próprio pai – que abusava dela – para ser babá, amante e saco de pancadas de um homem mais velho não só é um marco da literatura como também do cinema. A tomada de consciência da personagem vivida por Whoopi Goldberg e seu empoderamento com a ajuda da amante de seu marido é uma história atemporal, apaixonante e inspiradora. A produção recebeu indicações em onze categorias do Oscar, entre elas as de atuação para Whoopi Goldberg, Margaret Avery e Oprah Winfrey, as três estrelas negras que marcaram época com o longa.

Vencedora do Oscar por 12 Anos de Escravidão, Lupita Nyong’o revelou que o longa a fez se sentir representada e a ajudou a entender e a aceitar sua negritude

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A HORA MAIS ESCURA

Após quebrar o tabu como a primeira (e até agora a única) mulher a ganhar o Oscar de Melhor Direção por Guerra ao Terror, Kathryn Bigelow resolveu retratar o outro lado da moeda no front dos EUA pós-11 de Setembro. Usa uma reportagem para remontar a caçada da CIA por Osama Bin Laden, com foco na obcecada agente interpretada por Jessica Chastain, responsável por montar um intrincado quebra-cabeça. A atriz chegou a recusar o papel, mas Bigelow a fez voltar atrás após uma conversa franca por telefone.

A VOZ SUPREMA DO BLUES

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A VIDA INVISÍVEL

Eurídice Gusmão tem duas faces: a jovem Carol Duarte e a eterna Fernanda Montenegro. São cartas, hoje tão obsoletas, que fazem a ponte entre o passado e o presente e entre a personagem e a sua irmã, Guida (Julia Stockler), de quem foi separada pelo pai. Com tempos, sonhos e densidades, constrói-se um poema visual de rara e triste beleza, no qual a denúncia sobre o machismo da sociedade dos anos 1950 e de hoje nunca se perde. “O resultado é um filme essencial à mulher”, definiu a própria Fernanda Montenegro.

Uma das primeiras cantoras de blues afro-americanas a gravar um disco e a viver profissionalmente da música, Ma Rainey não foi só pioneira em cima dos palcos, para onde levou sua potente voz misturada a uma performance teatral, ela também quebrou paradigmas e expressou em suas composições a vida das negras americanas de uma maneira até então inédita, inserindo em suas letras temáticas como a emancipação feminina e a liberdade sexual. Isso influenciou obras feministas décadas depois, como, por exemplo, A Cor Púrpura. Coincidentemente, Whoopi Goldberg, que interpretou a adaptação do livro, viveu Ma no musical que deu origem a este filme protagonizado por Viola Davis.

Esta é a segunda adaptação de uma peça de August Wilson estrelada por Viola Davis. A primeira aconteceu em Um Limite Entre Nós

ALIENS: O RESGATE

No primeiro longa-metragem, O Oitavo Passageiro, a postura de Ripley (Sigourney Weaver) é reativa. Ela faz de tudo para sobreviver ao invasor extraterrestre que vitima os demais tripulantes da sua nave. Consegue, meio que no susto. Mas, nesta continuação, um dos poucos casos em que o número 2 tem até mais fãs dos que o 1, a personagem ataca. Vai para cima do ninho dos aliens em um planeta distante, bate de frente com a empresa inescrupulosa que colocou famílias de colonos espaciais em deliberado risco e vira leoa para defender a única menina encontrada como sobrevivente. Trata-se da assinatura do diretor James Cameron, notório por colocar mulheres no comando da ação, literalmente com metralhadora na mão, vide também Sarah Connor em O Exterminador do Futuro 2

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DIA 9, terça, 4h, CANAL BRASIL, 150 e 650 (HD)

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QUE HISTÓRIA

É ESSA?

Em novo live-action, o diretor italiano Matteo Garrone honra a história original de Pinóquio, que foi escrita no século 19 –e nos lembra que, ao contrário dos enredos doces que conhecemos pelas animações da Disney, os contos de fadas traziam passagens bem sombrias e violentas por Nathalie Provoste

EM 1941, QUANDO A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL ENVOLVIA TUDO EM sombra, a Disney levava um Oscar de Melhor Canção Original com “When You Wish Upon a Star”. O tema de esperança se encaixava bem em Pinóquio, a animação sobre o boneco de madeira que ganha vida e parte em várias aventuras depois que uma fada decide realizar o desejo do entalhador Geppetto. O longa-metragem, porém, não é o retrato mais fiel do personagem italiano, que foi criado pelo escritor Carlo Collodi em 1883. “Foi um filme lindo, mas traiu a história original de muitas formas”, considerou Matteo Garrone em entrevista ao The Telegraph. Em 2019, o cineasta romano se arriscou a fazer uma obra cinematográfica mais condizente com o texto do autor do século 19. “Pinóquio é um conto de fadas sombrio, cheio de vilões”, apontou.

Osgrandesdestaquesdomês

Cinefilia

1

Um filtrodasproduções cinematográficasque estreiam todos os meses naTVporassinatura. Podeprepararapipoca

Confira os trailersdosfilmes nanossa versãodigital

OAbut re

DIA9, SÁBADO, 22H, HBO, 171E 67 1(HD) EMABRILNO NOW

DIA 27, QUARTA, 22H, TELECINEPREMIUM, 161E661(HD)

(o novatoDavid RobertMitchell foiatéindicadoaMelhorDiretorno Independent Spirit Awards) Oenredo exacerbaametáfora clássicadofilmede terror–de repressãoà sexualidade feminina–para mostrarque estamosemoutros tempos.

JakeGyllenhaalestábrilhantecomoum páriaquerastejapelanoiteeencontra notrabalhodecinegrafistafreelancerde acidentesecrimesummododesubsistência. Maisdoquelançarluzsobreosexcluídos, othrillerpretendediscutiroslimiteséticos dojornalismoedaexposiçãodaspessoasem tragédias,personalizadonafiguradachefe semlimitesvividaporReneRusso.

MARATONA HITCHCOCK: O MESTRE

DO SUSPENSE – O festival com setelongasmetragensdodiretorbritânico foca nasua fase demaior sucesso, comoumdosgrandesautores deHollywood.Eissomesmo quandoHitch teve de efrentar executivose estúdio para viabilizaruma produçãopraticamente sozinho– Psicose (foto), que se tornouum grandesucesso Ouaindaao construirumclássicopraticamente ignoradopelopúblico–etambémpela Academia: Um Corpoque Cai

DIA 29, SEXTA,A PARTIR DAS11H20, TELECINE CULT, 166 E666(HD)

por LuísAlberto Nogueira

A ESPIÃ QUE SABIADEMENOS – Paródiade

fórmulassãomeio caminho para osucesso, aindamais usando os ingredientes certos Oclássicofilmedeagente secreto é viradodeponta-cabeçae se torna paródiapelasmãosdomesmo timede MissãoMadrinhade Casamento Alémdaprincipal expoenteda comédianorte-americana,MelissaMcCarthy(foto), comoaanalista queentraem campo, háodiretor Paul Feigea colega Rose Byrne

CONFIRMAÇÃO

–

Telefilme estreladopor Kerry Washington(DjangoLivre) sobreumdosepisódiosmais traumáticos dahistória recentedos EstadosUnidos:adenúnciade assédio sexualdeumamulher contra ojuizClarenceThomas,indicado para a SupremaCorteporGeorge Bush em1991.Odebate sobremachismo, racismoeojogo políticoque circundaaCasaBranca se alternam aodramapessoaleàspressões enfrentadaspelaprotagonista.

SEMANAPESADELO

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Afigura tenebrosade

Freddy Krueger, assassinodecriançasque, depoisdemorto, ainda continuaamatarinvadindoomundodos sonhos,é um verdadeiroíconedocinemadosanos1980 Odiretor especialista WesCraven soube comoninguém capturaro espírito do tempo para construirumanarrativa completamente calcadano sobrenatural, tendo comopontode partidauma “lendaurbana”. O festivaltrazcincofilmesdafranquiaeacuriosidadeficapor conta dapresençadeumentãodesconhecidoJohnnyDepp comoisca de Freddynoprimeiro longa-metragem.

SR. SHERLOCKH OLME S – Um papelaalturado gigantesco talentodeIanMcKellen,umdosmaiores atores dasua geração, conhecidodograndepúblico peloGandalf, de OSenhordosAnéis Elematerializauma hipotéticaetraumática terceiraidadedeumdaqueles personagens tãomarcantes quenão parecem existirapenasna ficção–odetetiveSherlockHolmes,de Conan Doyle.

7

LONGEDESTE INSENSATO

MUNDO – Romancede épocaquetraza excelenteatriz Carey Mulligan comoamulherque despertaaatençãoea cortedetrês homensde temperamentos e origens completamentediferentes –omelhor partido representadopelo rico fazendeirointerpretadopor MichaelSheen,um soldadoatraente e cabeça-quente(Tom Sturridge) e umhumildehomemdo campo (MatthiasSchoenaerts)

TOMORROWLAND: UM LUGARONDE NADAÉIMPOSSÍVEL

Adolescentesaiembuscado caminhoquealevaráauma espéciedeOz.Encontraajuda nopersonagemdeGeorge Clooney:elejáesteveláehoje levaumavidaamargurada. Parceriainteligenteentre oanimadorBradBird(Os Incríveis)eoroteiristaDamon Lindelof(Lost).

11CRIMESOCULTOS – Tom Hardy estrela esse thriller que se passanaUnião Soviéticaduranteo regimede Stálin.Ele investigaumasériedeassassinatos de criançase tem comoobstáculo a burocraciado Partidodurante a investigação Seusuperior é interpretadoporGaryOldman (foto) e

GOLPE DUPLO –O

superastroWill Smith fazo vigaristade coração partido que voltaa se encontrar coma ex (a bela Margot Robbie, de O Lobode Wall Street) trêsanosdepoisde partirem cadaum para um lado Estámontadoo cenário para armaçõesperigosastantona esfera policialquantonosassuntos do coração NossohomememHollywood, Rodrigo Santoro, também tem papeldedestaque

14SAMBA –Charlotte

Gainsbourg(Anticristo)eOmar Sy(Intocáveis)mostramqueo trabalhopode ser amisériadeunsea salvaçãodeoutros:enquantoelaoperano limitedesua rotina workaholic, ele–um imigrante senegalês–precisa constantementedeuma atividade para justificarsuapresençaem solofrancês.

10ESPECIAL IRMÃOSCOEN – Sãocincotítulos fundamentaisdafilmografia de Joele Ethan Coen,que realizam roteiro, direçãoeproduçãoemdupla. Destaque para Fargo– Uma ComédiadeErros (foto), o primeirofilmedelesachegar no mainstream,o consagrado Onde os Fracos Não Têm Vez eocult OGrande Lebowski

EXTERMINADOR DO FUTURO:

IS – O retornodafranquia sermaisousada–por rebootqueutilizaas tempo comoelementoda OciborguedeArnold enegger voltaanosamais e filmesanteriores agorapertencem ssadoquenão existe mais.

–Alienígenas interceptamtransmissões oriundasdaTerraeinterpretamjoguinhos defliperamacomoameaça.Emandam reproduçõestamanhofamíliapara fazeroserviço.Aindabemquetemoso comedianteAdamSandlereseusamigos paranosajudar.Asacadaestáobviamente nasreferênciasretrô.

PIXELS

Animação

Supernoobs

A PARTIRDODIA4,SEGUNDA ASEXTA, 16H50, CARTOON, 104E604(HD)

Minions

DIA30, SÁBADO, 22H, TELECINEPREMIUM,161E661 (HD) EMABRILNO NOW

>> Ascriaturinhas amarelas roubarama cenanosdois sucessos dafranquia MeuMalvado Favorito (QuemeraGru mesmo?). Eraumaquestãode tempo para teremumfilme solo Vamosvêlosemacontecimentos-chave dahistóriaatéencontrarem umachefe –Scarlet Overkill, nooriginaldubladopela estrela SandraBullock.

AsMeninas Superpoderosas

>> Nessanova animação, quatro amigos têmumamissão bastante desafiadora: impedirqueum vírus se espalhepela galáxia. Para piorar, quando os humanossãoinfectados, viram ferasperigosas.Masnão pense quea turminha teráalgumalíviona escola Precisarãoequilibraramissão espacial com os estudos.

Alvine os Esquilos: Na Estrada

EMABRILNO NOW

>> Os irmãos Alvin,Theodore e Simonsaempelos EstadosUnidos levandoofilhoadolescenteda namoradado seu“pai”a tiracolo, com umaagendaem comum–impedir o eventualpedidode casamentoque uniria as famílias.Lá vem confusão

AGigantesca Aventurade

Quem diriaquea caçada entre gato e rato mais famosados desenhos animados chegaria à fábula de Joãoe o Pé de Feijão Tom e Jerrysãoassistentes dodonodeum parque dediversõesemdificuldades. E feijões mágicos mudam tudo

E outras atrações da televisão que vão fazer aalegria das crianças este mês