InterioriZarco

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InterioriZarco

O Estabelecimento Prisional Santa Cruz do Bispo feminino recebeu as primeiras reclusas no dia 3 de janeiro de 2005. Desde esse dia, a Santa Casa da Misericórdia do Porto tem estado presente na gestão do Estabelecimento, competindo-lhe a responsabilidade da saúde, trabalho, creche, manutenção preventiva e o Ensino nas suas diversas valências. A introdução do Ensino, através do Ministério da Educação, cujo protocolo remonta aos fins dos anos 70 do século passado, foi das coisas boas que os serviços prisionais proporcionaram à população reclusa.

É na cadeia que muitas reclusas aprendem as primeiras letras. É na cadeia que muitas reclusas conseguem obter um curso de formação profissional que as habilita a melhor organizarem a vida, um dia em liberdade. A escola é uma lufada de ar fresco que diariamente entra nas cadeias. A escola constitui um espaço de liberdade dentro dos muros. Os professores, por não pertencerem ao sistema, são vistos como os portadores de boas novas, com quem as reclusas, muitas das vezes, desabafam as suas angústias, partilham as suas ideias, sem terem receio que isso as possa prejudicar.

Num mundo cada vez mais competitivo, sem conhecimento, a possibilidade de progredir é menor. É através da escola que isso se obtém. É através da escola que se combatem as assimetrias sociais. É através da escola, resumindo, que se formam os homens e as mulheres do futuro. O professor, cuja missão é transmitir conhecimento, é muitas vezes o farol inspirador dos seus educandos. Por sua vez, os professores não deixam de ficar mais enriquecidos por contactarem com uma realidade que é única e por sentirem que podem contribuir para que o futuro destas mulheres possa ser diferente.

Enquanto Coordenador da SCMP, não posso deixar passar a oportunidade para louvar e enaltecer o papel da Escola ao longo destes anos, de dar os parabéns a todos os que por aqui passaram, pelo exemplo, dedicação e carinho com que têm tratado as suas alunas e a forma elegante e sábia como se relacionam com a Instituição.

A todos, os meus parabéns e muito obrigado à Escola Secundária João Gonçalves Zarco.

Manuel Belchior, Coordenador da SCMP

Sumário

5 Notícias do interior

26 Pela sua saúde

Palavras soltas

À conversa com...

Sete Maravilhas de Matosinhos

Na cozinha com Pedro Pacheco

Quebra-cabeças

InterioriZarco

Redação

Isabel Ramos

Edição

Isabel Ramos

Paulo Silva

Colaboração

Alunas das turmas: B3 1A, B3 2A, NS 1A e NS 2A.

Agradecimentos

Escola Secundária João Gonçalves Zarco, Santa Casa da Misericórdia do Porto, EP Santa Cruz do Bispo Feminino.

3ª Edição Matosinhos, junho 2024

Fotografia de Armando Bento
Ficha técnica

by

NOTÍCIAS DO

INTERIOR

Photo
urban poetry

Encerramento do Ano Letivo 2022/23

O encerramento do Ano Letivo 22/23, no ESPCB feminino, teve lugar no dia 19 de julho e contou com a presença de todas as alunas e professores da Escola Secundária João Gonçalves Zarco, bem como com a presença do senhor coordenador da Santa Casa da Misericórdia do Porto, Dr. Belchior.

Durante esta manhã, foram entregues às alunas que concluíram o seu percurso escolar o respetivo certificado de formação. Seguidamente, foi apresentado o trabalho realizado pelas formandas do Ensino Secundário, no âmbito da disciplina de inglês.

Ainda nesse dia, teve lugar o lançamento da 2ª edição da revista InterioriZarco, tendo sido oferecido um exemplar a cada formanda.

Continuando em modo de celebração, a coordenadora pedagógica Isabel Ramos apresentou a todos os presentes o certificado de participação na 9ª edição do projeto Apps for Good, onde as formandas tiveram um excelente desempenho.

Para terminar em beleza o ano letivo, a escola ofereceu às suas alunas um delicioso lanche que se traduziu num verdadeiro momento de salutar convívio, onde não faltaram algumas lágrimas de despedida.

A coordenadora, Isabel Ramos

Pelo São Martinho, assa as castanhas e prova o teu vinho!

E foi quase isso que as alunas fizeram para celebrar o dia de São Martinho...

Comeram castanhas assadas, mas não provaram o vinho! No entanto, tiveram o prazer de provar os deliciosos bolos de castanha confecionados pelo professor Pedro Pacheco, com a colaboração dos alunos do Curso Profissional de Cozinha. Os cartuchos onde foram servidas as castanhas foram feitos pelas alunas das turmas B3 e estavam ilustrados com provérbios alusivos à época.

A lenda de São Martinho

Corria o ano de 337, no século IV, e um outono duro e frio assolava a Europa. Reza a lenda que um cavaleiro gaulês, chamado Martinho, tentava regressar a casa quando encontrou a meio do caminho, durante uma tempestade, um mendigo que lhe pediu uma esmola

O cavaleiro, que não tinha mais nada consigo, retirou das costas o manto que o aquecia, cortou-o ao meio com a espada e deu-o ao mendigo. Nesse momento, a tempestade desapareceu e um sol radioso começou a brilhar.

O milagre ficou conhecido como «o verão de São Martinho». Desde então, por altura de novembro, o ríspido tempo de outono vai embora e o sol ilumina-se no céu, como aconteceu quando o cavaleiro ofereceu o manto ao mendigo.

Para além dos nossos muros

De coração cheio!

O projeto desenvolvido pela Associação de Estudantes da faculdade de Direito da UP “Para além dos nossos muros” é já um caso de sucesso entre as alunas da ES João Gonçalves Zarco. Ao longo do presente ano letivo, as alunas tiveram a oportunidade de participar duas vezes nesta atividade desportiva.

O primeiro encontro teve lugar no dia 18 de outubro de 2023, pelas 11 horas, no ginásio do estabelecimento prisional e consistiu num torneio de voleibol.

O segundo encontro desenvolveu-se no dia 2 de maio, no mesmo local, e traduziu-se num torneio de badminton.

Estas atividades, orientadas pela professora Mariana Nascimento, proporcionaram aos estudantes de Direito e Criminologia o contacto com uma realidade paralela à deles e com a qual irão interagir ao longo da sua carreira profissional.

Para as alunas da Gonçalves Zarco, tratou-se de excelentes momentos de saudável competição, partilha e diversão.

A áɾvoɾe do Advento

Cada dia uma leitura... Foi assim que as alunas se prepararam para o nascimento de Jesus. Durante os dias do advento, foram lidos às turmas poemas alusivos a esta época mágica. No fim de cada leitura, que tantas vezes culminou num momento de emoção, as alunas colocavam no pinheiro de Natal o postal com o texto lido.

Celebração natalícia

No dia 20 de dezembro de 2023, pelas 10h30h, realizou-se um convívio de Natal, entre as alunas da Escola Secundária João Gonçalves Zarco e os seus professores. Neste encontro, as alunas contaram com a presença do Diretor da escola, Dr. José Ramos, da Dra. Carlota, do diretor do Centro Qualifica, engenheiro José Marques, e da senhora guarda do setor escolar, menina Carla Paulino que endereçaram a todos os presentes os votos de boas festas e uma importante mensagem de esperança. Seguidamente, celebramos o Natal da família Zarco com um delicioso lanche oferecido carinhosamente pelos professores. Este momento de convívio foi animado por um apontamento musical protagonizado pela professora Fernanda Pinto e pelas alunas. Antes de se despedirem, as alunas receberam o postal concebido no âmbito da atividade “Correio dos afetos”, bem como uma pequena lembrança oferecida pela escola.

Correio dos afetos

Envolvidas pelo espírito natalício, as alunas das turmas da Escola Secundária João Gonçalves Zarco elaboraram postais de Natal que foram oferecidos, com muito amor, aos utentes do Lar Zulmira Pereira Simões.

Os idosos, por sua vez, também fizeram lindíssimos postais para oferecer às alunas, contribuindo assim para um Natal de Luz, de Esperança e de Renovação para todos os envolvidos no “Correio dos Afetos”.

Meu doce São Valentim

O amor foi de precária

No dia 19 de fevereiro, realizou-se um convívio de comemoração do dia de São Valentim que contou com a colaboração das alunas do curso de Cozinha e do formador Pedro Pacheco. Também estiveram presentes a professora Isabel Ramos, a professora Sandra Rodrigues e o professor Paulo Silva.

Ainda que já tivessem passado cinco dias do Dia dos Namorados, as alunas não poderiam deixar de celebrar o amor e a amizade e fizeram-no com muita emoção e alegria.

Durante a tarde, foi ainda revelada a carta vencedora do concurso “Cartas de amor quem as não tem?”.

Sob a orientação do professor Pedro Pacheco, as formandas do curso de Cozinha fizeram uns deliciosos cupcakes e quindins de coco.

Cartas vencedoras do concurso literário “Cartas de amor... quem as não tem?!”

Matosinhos, 14 de fevereiro de 2024

Querida mãe, hoje entendo tão bem o teu sofrimento, a atenção e dedicação que sempre tiveste por mim, esse teu amor sem limite. Apesar de eu, toda a minha vida, não ter sido a filha que desejaste e ter errado dia após dia, a tua mão sempre esteve lá, segurando a minha.

Mãe, mesmo quando eu achei que estava sozinha, nos caminhos mais cruéis, difíceis, inseguros e foragidos, tu, mãe, estavas comigo. Percorri um longo caminho de trambolhões e erros, até ao mais pequeno erro insignificante, mas tu sempre me apoiaste e me levantaste. Sorrias para mim, embora as tuas forças também fossem poucas.

Sei que darias a tua vida para salvar a minha, porque só um amor igual ao de uma mãe é capaz de tal dedicação. Pode haver mil amores no mundo, mas nenhum é maior que o teu, mãe. Contigo consigo alcançar as estrelas, porque me sinto segura no teu colo. A minha alma é um ser completo porque tu existes e, dia após dia, vivo a lutar pelo nosso cordão de amor, porque só tu, minha querida e linda mãe, me fazes reviver todos os segundos da minha vida. Com todo o amor do mundo, a tua única filha que te ama hoje, ontem e amanhã.

Sandra

Entre os dias 9 e 26 de abril, a ES João Gonçalves Zarco no EPSCB celebrou o 50.º aniversário da Revolução dos Cravos, sob o mote Celebrar Abril. As Conquistas de Abril foram lembradas através de diversas atividades que contaram com a colaboração das nossas alunas e de entidades convidadas.

50 anos do 25 de abril e da democracia

Sessões dinamizadas, no dia 09 de abril, pela Drª Isabel Maria Rodrigues Tavares e pela Drª Maria Adriana Almeida Marques, membros do Serviço Educativo do Museu dos Transportes e Comunicações.

Oficina D: Democracia ≠ Ditadura - Exploração e interpretação de imagens do 25 de abril a partir de cartoons, caricaturas, postais e cartazes da época e atuais.

Quizz: Não Podias! - Quizz sobre o que era e não era permitido antes do 25 de abril de 1974.

URAP

No dia 23 de abril, Maria Conceição Morais Mendes e Francisco Eduardo da Silva Madureira, membros da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), estiveram à conversa com as formandas dos cursos EFA, a propósito da luta antifascista durante a ditadura do Estado Novo. A URAP foi fundada a 30 de abril de 1976, reunindo nas suas fileiras um largo núcleo de antifascistas com intervenção destacada durante a ditadura fascista. Mas a sua luta antifascista vem de mais longe. A URAP foi criada pelos antifascistas que durante a ditadura criaram a Comissão de Socorro aos Presos Políticos - organização que, com grande coragem, afrontava o regime no coração da sua política repressiva. Prestava apoio material e jurídico aos presos políticos e às suas famílias, divulgava no país e no estrangeiro notícias sobre a situação dos presos, batia-se com riscos da própria liberdade dos seus membros contra a política repressiva do regime.

A sétima arte pela Liberdade

Visionamento do filme Capitães de abril

Exposição FLASHES DE ABRIL 50 ANOS

O cravo origami

Química, Filosofia e a Vida

“Somos pessoas amadas e amáveis só por sermos” (João Paiva)

No dia 14 de Maio, pelas 10h, as alunas da Zarco receberam a visita do Dr. João Paiva que apresentou uma brilhante palestra subordinada ao tema “Química, FilosofiaeaVida”.

Durante este encontro, as alunas tiveram oportunidade de enriquecer o seu conhecimento acerca da importânciadaquímicanavidadetodooserhumano. Mais que uma palestra, tratou-se de uma agradável e enriquecedora conversa, durante a qual as alunas tiveramoportunidadedeesclarecerassuasdúvidas.

As revoluções que tinham que ser

No dia 16 de maio, tivemos a honra de receber o ilustre professor doutor Vítor Rui Gomes Teixeira quepartilhouconnoscoconhecimentos

interessantíssimos acerca de revoluções que fizeram história. Esta magnífica sessão terminou com a entrega de uma singela lembrança ao senhor professor pela sua amabilidade e disponibilidade para se dirigir ao nossoEP.

Para mim, a liberdade é...

Para mim, a liberdade é estar na praia a ouvir as ondas do mar e sentir a brisa a refrescar o meu ser, enquanto o abraço da minha mãe aquece o meu coração. (Patrícia)

Para mim, a liberdade é estarmos à vontade, sem ninguém se meter na nossa vida, e poder sair da cadeia, estar com a minha família e construir tudo de novo. (Sara Cristiana)

Para mim, a liberdade é não estarmos acorrentados a pensamentos retrógrados, ser livre é quebrar as correntes do passado, não ter medo do futuro, pois a leitura do horizonte é infinita. (Alda)

Para mim, a liberdade é estar na rua e sentir-me livre, estar junto da minha família e por ela ser mimada e protegida, sentir o vento a bater na rua e passear com a minha irmã. (Isa)

Para mim, a liberdade é um bem essencial. (Elisabete Andrade)

Para mim, a liberdade é o sonho de um mundo sem guerra, um mundo sem fome e sem doenças, onde cada criança é livre de injustiças. A liberdade… ela é pura quando és tu próprio, quando não te calas. É tudo isto e muito mais. (Isolina)

Para mim, a liberdade é a melhor coisa do mundo. Sem ela, nunca seríamos completamente felizes. Viva a liberdade! (Lídia Carvalho)

Para mim, a liberdade é poder dizer o que penso sem medo de retaliações e poder fazer o que realmente gosto. Liberdade é respeitar as regras morais e humanas, é ter o direito de votar. (Sara Gomes)

Para mim, a liberdade é sentir-me livre de fazer tudo o que desejo e vestir o que gosto. Para mim, a liberdade é ser livre de ser eu própria, sem julgamentos nem limitações, mas sempre com respeito pelo ser humano. (Carina Real)

Para mim, a liberdade é voar como os passarinhos, sentir o ar puro, voar sem parar, na rua, nas montanhas, nos campos e cheirar os frutos e as árvores. (Marília)

Caminhos

Antes, numa falsa realidade, Vivia uma história, que até eu acreditava ser verdade; Vinda de uma família onde nunca nada faltou,

Só a dor de esconder o sofrimento e nada poder contar falhou.

Aprendi a sofrer sozinha, vi a minha mãe sofrer em segredo

Defendê-la do meu pai e aos outros mostrar que estava bem

Parecia que nem eu tinha medo.

Mas enquanto a alma gritava, a boca calava

E, tal como cada uma de vós, eu continuava.

Não sei em que momento me perdi, Mas enquanto entrava noutro caminho eu me traí.

Sem perceber, quase de forma sublime, traí os meus valores,

Queria dar o melhor, fazê-los sorrir e perdi os meus amores.

Eu queria parar, sair daquele mundo que não era o meu,

Mas quanto mais tentava, mais percebia que também já não era eu.

Devia ter pedido ajuda, fui fraca, não soube dizer não,

Achei que sozinha podia resolver e gerei um furacão.

Tentei depois dar nomes, arranjar desculpas para o meu erro,

Mas hoje, aqui, aprendi que fui a única culpada do meu desaterro.

Não adianta florear, desculpabilizar, minimizar ou justificar,

Com depressões, traumas ou compulsões,

Foi o caminho que eu escolhi entrar.

Havia tantos outros para escolher,

Tantos que não me trariam nada a perder,

Tantos que não fariam ninguém sofrer.

Caminhos que não provocariam danos,

Caminhos que podiam ter mudado todos os meus planos.

Caminhos que não fariam vítimas, as quais magoei e tive de reparar,

Caminhos que não fariam nunca a minha família chorar.

Foram os meus erros que me trouxeram para este lugar,

Não foi fácil encarar, não foi fácil adaptar.

Quando contei à família tudo o que fiz errado, Entrei aqui, queria fazer o certo mas dava sempre o passo trocado.

Aí entra a equipa, em cada um vejo uma lição,

Cada um de vocês, mudou a minha visão.

Hoje sinto-me diferente, a culpa vai morar sempre em mim,

Mas serei maior que o meu erro, reparar não será o fim!

Quero levar comigo o que aprendi com cada um de vocês,

Mudar a Ana, voltar a olhar o mundo como se fosse a primeira vez.

Cada lágrima que aqui caíu será uma marca no coração,

Não quero voltar a errar e digo-o com toda a emoção.

Cada sorriso vosso é para mim esperança,

E que nada os apague, pois eles dão-me confiança!

O meu obrigada a todos por me guiarem no caminho

Irei certamente ser melhor, e aqui fica o meu carinho!

Ana Isabel Programa “Educar para reparar”

Carnaval História e tradições

Carnaval ou Entrudo são os três dias de festas que precedem a quarta-feira de cinzas. Carnaval é uma palavra que tem origem no latim "carna vale" e que significa dizer "adeus à carne". De referir, ainda, que o Carnaval é celebrado 40 dias antes da Páscoa, desde o século XI.

Nas suas origens, o Carnaval está relacionado com determinados rituais de fecundidade da terra, que eram organizados na passagem de ano e no início da primavera.

Os bailes de máscaras foram criados na França, por volta do século XVII, mas rapidamente ficaram populares noutros países europeus.

Durante o Renascimento, as festas carnavalescas atingiram uma grande popularidade, principalmente na Itália, em Roma e Veneza, onde continua a acontecer um dos mais importantes carnavais do mundo.

Carnaval em Roma por volta de 1650, por Johannes Lingelbach.
A Luta entre o Carnaval e a Quaresma (1559) — Pieter Bruegel (1564-1638) — Kunsthistorisches Museum, Viena

A terça feira de carnaval é chamada popularmente de “Terça feira gorda” ou "Mardi Gras", como dizem os franceses.

A quarta feira de cinzas é o primeiro dia da Quaresma, no calendário católico, e as cinzas que se recebem neste dia são um símbolo para a reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a transitória e frágil vida humana.

A quarta feira de cinzas ocorre quarenta dias antes da Páscoa, sem contar os domingos, ou quarenta e seis dias, contando os domingos. O seu lugar no calendário varia, de ano para ano, dependendo da data da Páscoa. A data pode variar do começo de fevereiro até à segunda semana de março.

O Carnaval tem a sua origem na Antiguidade com festas aos deuses onde se permitia uma alteração na ordem social. Desta maneira, os escravos e servos assumiam os lugares dos senhores e a população aproveitava para se divertir.

Embora seja conhecido como o país do Carnaval, o Brasil não é o único a comemorá-lo de forma intensa. Cidades como Veneza (Itália), Nice (França), Nova Orleans (EUA), Ilhas Canárias (Espanha), Oruro (Bolívia) e Barranquilla (Colômbia) também celebram a festa de forma bem animada.

Máscaras de Carnaval eram usadas para esconder a identidade

Em Veneza, os nobres usavam máscaras para poder desfrutar da festa junto do povo e manter sua identidade oculta. Esta é a origem do uso da máscara, que é uma característica marcante desta celebração.

A cidade de Gabrovo é considerada a capital búlgara da diversão. Cada ano, um festival de sátira e humor é realizado na cidade. O evento atrai fãs de risos e piadas alegres de todos os cantos da Terra. O carnaval é a culminação deste evento, reunindo milhares de palhaços da Bulgária e de muitos outros países.

Carnaval do Humor de Gabrovo
O símbolo do carnaval é o gato preto Gabrovo, cuja imagem gigantesca é carregada pelos participantes da procissão.

Os costumes e tradições únicos da Bulgária transformam Surva num evento cultural significativo

Todos os anos, grupos de mascarados de todo o mundo vão a Pernik para contribuir e testemunhar a magia do Festival Internacional Búlgaro de Jogos de Mascaradas.

Durante o festival, pode-se ver muitas procissões mascaradas, feiras e performances. Durante dois dias, cerca de 5.000 a 6.000 pessoas, que representam cerca de 90 grupos de mascarados de diferentes regiões etnográficas da Bulgária, e convidados de outros países participam no festival. No final da Surva, o júri do concurso determina a melhor máscara de carnaval e a melhor fantasia, enquanto o público seleciona o seu vencedor.

Carnaval em Colónia – Alemanha

As comemorações que deram origem ao Carnaval na Europa remontam à época dos gregos e romanos, que festejavam em honra a Dionísio e Saturno. As festas eram regadas com muito vinho e cantorias.

Mais tarde, os alemães instauraram as suas próprias tradições, com festivais realizados durante o solstício de inverno. A ideia era expulsar possíveis demónios que pudessem trazer as pragas comuns dessa época do ano.

O Carnaval em Colónia tem dia e hora fixas para começar todos os anos: às 11:11 horas do dia 11/11. As explicações do porquê dessa escolha tão específica são desconhecidas, ainda assim, a tradição é respeitada com todo o rigor alemão.

Os dias loucos do carnaval de 2020, por exemplo, foram de 20 a 28 de fevereiro. Essa é a época mais divertida para estar na cidade, pois é quando acontecem os desfiles de rua com blocos, carros alegóricos e marchinhas.

Embora possam ser encontradas festividades espalhadas por toda a cidade, a folia maior concentra-se na Newmarkt, praça central, onde também fica a Catedral de Colónia.

Embora se pareça, em muitos aspetos, com a festa realizada no Brasil, o carnaval de Colónia tem algumas curiosidades.

Por ser tão importante na cidade, a festa também é conhecida como “quinta estação do ano”.

Tradicionalmente, os desfiles têm a presença de três personagens principais: o Príncipe, a Virgem e o Fazendeiro. Cada um desses personagens serve como um símbolo direto dos valores do povo de Colónia.

O Príncipe é a figura mais importante e reflete aspetos como a nobreza e a honra. A Virgem simboliza a mãe de Colónia, no alto da sua coragem e força. Já o Fazendeiro é o símbolo da lealdade, remetendo-se à época da Colónia Imperial.

No dia 25 de fevereiro, ocorre a queima do “Nübbel”

Este é um boneco feito de palha, que simboliza os pecados e excessos cometidos durante o carnaval. Quando queimado, os pecados desfazem-se juntamente com o boneco, libertando os carnavalescos de todos os erros cometidos durante a festa.

Doce típico desta época do ano: o Mutzenmandeln

Origem do Carnaval no Brasil

No Brasil, o Carnaval surgiu com o entrudo trazido pelos colonizadores portugueses. Este consistia numa brincadeira quando as pessoas atiravam água, farinha, ovos e tinta umas às outras. Por sua parte, os africanos escravizados divertiam-se nestes dias ao som de batuques e ritmos trazidos de África e que se misturariam com os géneros musicais portugueses. Esta mistura seria a origem da marchinha de carnaval e do samba, entre muitos outros ritmos musicais.

O Carnaval de rua era animado pelas marchinhas, um género musical parecido com as marchas militares, porém mais rápidas e com letras de duplo sentido. Desta maneira, criticam a sociedade, a classe política e a situação do país, na generalidade.

Considera-se que a primeira marchinha de Carnaval seja ”Oh Abre Alas", escrita em 1899 pela compositora carioca Chiquinha Gonzaga.

Surgem os "ranchos", as "sociedades carnavalescas" e os "cordões", grupos de foliões que saíam pelas ruas da cidade, tocando as marchinhas e fazendo todos dançar.

Com a popularização do rádio, as marchinhas caíram no gosto popular. Vários cantores registaram estas composições, mas importa destacar os nomes de Carmen Miranda e Francisco Alves como os maiores intérpretes do género. Na década de 60, a marchinha deu lugar ao samba-enredo das escolas de samba.

Os desfiles de samba das escolas de samba, no Rio de Janeiro, acontecem na marquês de Sapucaí e terminam na Praça da Apoteose O Carnaval de rua sobrevivia nos subúrbios com grupos como o "Cacique de Ramos", no centro da cidade, através de blocos como o "Cordão do Bola Preta" e os "Carmelitas". Na Zona Sul carioca, havia a "Banda de Ipanema" e mesmo o "Imprensa que eu Gamo", formado por profissionais da comunicação.

Parecia que a festa carioca mais popular estaria destinada aos turistas, mas um grupo de teatro amador, o Boitatá, ressurgiu com o costume de arrastar os foliões pela rua. Atualmente, quase 500 blocos desfilam pelas ruas cariocas.

A primeira agremiação que surgiu no Rio de Janeiro chamava-se "Deixa Falar", hoje "Estácio de Sá", em 1928. A origem do nome "escola" deve-se ao facto de os fundadores da "Deixa Falar" estarem num bar em frente a uma escola. Hoje em dia, elas recebem o nome oficial de "Grêmio Recreativo Escola de Samba", pois têm o compromisso de difundir a cultura na comunidade onde estão inseridas.

O Carnaval de rua no Rio de Janeiro sofreu um golpe com a construção do "Sambódromo", que confinava os desfiles a este espaço. A festa passou a ser transmitida pela TV e os bilhetes ficaram cada vez mais caros.

Carmen Miranda (1909-1955), cantora, dançarina e atriz luso-brasileira, conhecida como a Pequena Notável
Escolas de Samba

A fɑlɑɾ bem é que ɑ gente se entende!

18 eɾɾos de poɾtuguês fɾequentes e que mɑnchɑm ɑ suɑ imɑgem (continuação)

A especiɑlistɑ em Linguísticɑ Sɑndɾɑ Duɑɾte Tɑvɑɾes explicɑ quɑis sɑo, nɑ suɑ óticɑ, os 18 eɾɾos linguísticos que podem mɑɾcɑɾ de foɾmɑ negɑtivɑ ɑ imɑgem pessoɑl e pɾofissionɑl de umɑ pessoɑ. A competênciɑ linguísticɑ, ɑssociɑdɑ ɑo domínio dɑ comunicɑçɑo oɾɑl e escɾitɑ, ɑssume, inequivocɑmente, um vɑloɾ sociocultuɾɑl ɾelevɑnte, pɾomovendo cɑdɑ vez mɑis ɑceitɑçɑo, cɾedibilidɑde e pɾestígio sociɑl.

ERRO 11: Orgão

Forma correta: órgão - Esta palavra leva acento agudo sobre a vogal «o». As palavras graves terminadas em «ão», como sótão, órfão, bênção, são sempre escritas com acento gráfico, porque o seu acento tónico recai na penúltima sílaba.

ERRO 12: Rúbrica

Forma correta: Rubrica - A palavra rubrica tem o seu acento tónico na penúltima sílaba (bri) e escreve-se sem qualquer acento gráfico, seja qual for o seu significado: “assunto, apontamento, matéria”, “programa radiofónico ou televisivo” ou “assinatura abreviada”.

ERRO 13: Saiem

Forma correta: Saem - A forma verbal saem corresponde à 3.ª pessoa do plural do presente do indicativo do verbo sair e grafa-se sem qualquer «i» entre a vogal «a» e a vogal «e».

ERR0 14: Mau-estar

Forma correta: Mal-estar - A palavra composta mal-estar é formada pelo advérbio mal e pelo nome estar. O seu antónimo é bem-estar.

ERRO 15: Previlégio

Forma correta: Privilégio - A palavra privilégio escreve-se com «i» na primeira sílaba, pois provém do latim privilegiu.

ERRO 16: Alcoolémia

Forma correta: Alcoolemia - A palavra alcoolemia pronuncia-se com «e» fechado e escreve-se sem qualquer acento gráfico. Na sua formação entra o elemento -emia, que é um radical de origem grega que exprime a ideia de sangue. Este elemento entra na composição de várias palavras, como anemia, leucemia, glicemia, toxicemia. Trata-se de palavras graves, cuja sílaba tónica é a penúltima (mi), pelo que não devem ser escritas com qualquer acento gráfico.

ERRO 17: Ciclo vicioso

Forma correta: Círculo vicioso - O adjetivo vicioso está relacionado com o nome vício e entra na combinatória «círculo vicioso». Esta expressão designa uma sequência de acontecimentos ou situações que se repetem sucessivamente e se reiniciam, havendo um impasse na sua resolução.

ERRO 18: Despoletar

Forma correta: Espoletar / Desencadear - O verbo despoletar é derivado por prefixação a partir do verbo espoletar. Provêm ambos da terminologia militar e passaram a fazer parte da linguagem corrente. O verbo espoletar, que significa originalmente “pôr a espoleta em, fazer deflagrar a granada”, passou a significar também “desencadear uma ação”. O verbo despoletar, por sua vez, tem o significado de ação contrária de espoletar (“tirar a espoleta a, travando ou impedindo o disparo de”) e passou, por força do uso linguístico, a substituir o verbo espoletar, veiculando o significado desse verbo: “deflagrar, desencadear uma ação, fazer surgir repentinamente”, com base no valor de reforço do prefixo des- (presente em palavras como desinquieto, destrocar, desandar).

Ainda que tenha assumido esse significado, desaconselha-se o seu uso como sinónimo de desencadear em registo formal.

O que podemos fazer para eliminar de vez estes e outros erros que mancham a nossa imagem? Devemos ler muito (e bem!) para que sejamos expostos à palavra bem escrita. Tal como a leitura, a consulta de dicionários é também uma prática que deve ser regular no nosso dia a dia, sempre que tivermos alguma dúvida na grafia e significado de uma palavra.

Assim, se pretendemos projetar uma imagem pessoal e profissional credível, a nossa comunicação deve ser clara, relevante e, sobretudo, deve ter um elevado padrão de excelência linguística.

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Maravilhas de Matosinhos”

Mɑtosinhos possui um vɑsto pɑtɾimónio históɾico e cultuɾɑl. Em 2008, ɾeɑlizou-se, viɑ inteɾnet, ɑ eleiçɑo dos sete monumentos mɑis emblemɑticos do concelho - ɑs Sete Mɑɾɑvilhɑs de Mɑtosinhos. Nestɑ ediçɑo, ficamos a conhecer melhor a Fonte das Sete Bicas

Fonte das Sete Bicas

Este é o ícone principal da paróquia e da freguesia da Senhora da Hora. O número sete, símbolo da plenitude, aponta para os sete sacramentos, para os sete dons do Espírito Santo, para as sete virtudes, para os sete dias da semana... A água é, antes de tudo o mais, o símbolo natural da vida, da fecundidade, da purificação, de regeneração. Na Bíblia, a água torna-se verdadeiro “sacramento”, sinal sagrado da presença criadora e salvadora de Deus e é o elemento natural básico do sacramento primeiro da vida cristã: o Batismo. Obviamente que o número sete das “bicas” pretende dar significação religiosa a um culto pagão da fecundidade, associado à abundância da água neste local.

A origem desta fonte deve-se exatamente à existência de sete nascentes na Alameda das Sete Bicas, de água milagrosa para os mais antigos, de primeira qualidade nos finais do século XIX e inícios do século XX, até serem construídas as fábricas fronteiriças, dos Carrinhos a Norte e Oeste, a do Ribera a Este, que a poluíram, sendo que, no presente, é água imprópria para consumo humano, de acordo com análises que lhe têm sido feitas pelas entidades competentes.

Segundo a tradição, o sítio exato onde a Virgem Nossa Senhora da Hora apareceu foi no lugar Mãe d’água, cujo caudal tinha, na origem, várias nascentes, daí o topónimo de Sete Bicas. Trata-se certamente da tentativa de cristianização de um local pagão.

Conforme consta nas Memórias Paroquiais de S. Salvador de Bouças de 1758, a Alameda da Fonte das Sete Bicas era o antigo local sagrado da Senhora da Hora, por ali ter aparecido Nossa Senhora da Hora, ali se concentrarem três capelas do povo, designadamente a de S. Bartolomeu, mais antiga, com dependências e terreno anexo, cuja construção remonta possivelmente aos primórdios da nacionalidade ou até antes, a de Nossa Senhora da Hora, erguida em 1514 e a de Nossa Senhora da Penha de França, que não se sabe ao certo a data de construção da original.

A primitiva Fonte das Sete Bicas, anterior à capela de Nossa Senhora da Hora, encontrava-se ao centro do adro, em frente à referida capela. Em 7 de agosto de 1892, em Assembleia Geral [da Irmandade de Nossa Senhora da Hora e São Bartolomeu], estudou-se a forma de se efetuarem futuras obras. (…) Era imperiosa a mudança da Fonte das Sete Bicas, situadas no centro do adro, encostadas à parede que separava o adro do terreno da Irmandade de Nossa Senhora da Hora, para outro local, na direção EsteOeste (…)

Embora o orçamento para a obra não tivesse sido aprovado superiormente, procedeu-se à sua arrematação e caso não fosse aprovada ficaria sem efeito. Foi pouco tempo depois arrematada pelo único empreiteiro que apresentou proposta, Manuel Francisco Gomes que se comprometia a construir a obra, conforme a planta, em condições, pela quantia de 83$000 réis, ao mesmo tempo que apresentou 10$00 de depósito, como garantia, que só receberia dois meses depois da obra concluída. A sua arquitetura é simples, de linhas direitas, construída em granito. A sobrepor-se às Sete bicas, existe um nicho, que teve outrora uma imagem tosca da Nossa Senhora da Hora, com o Menino Jesus ao colo, esculpida da mesma pedra.

paroquiasenhoradahora.pt

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Pela sua saúde

Sexualidade e anticoncecionais Vamos falar?

A sexualidade é uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade; que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados; ela influencia pensamentos, sentimentos, ações e interações e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental (OMS)

Métodos Contracetivos

Naturais Calendário; Coito interrompido; Muco cervical; Temperatura Basal

Barreira

Hormonais

Não Hormonais

Preservativo Masculino Preservativo Feminino

Pílula

Anel Vaginal Selos Transdérmicos

Implante Sistema Intra-Uterino (SIU)

Dispositivo Intra-Uterino (DIU)

De Emergência Hormonal Não Hormonal (DIU)

Cirúrgicos

Laqueação Tubar Vasectomia

Pílula Contracetiva

Vantagens

Desvantagens

Fácil utilização Exige toma diária

Fácil aquisição

Eficaz na prevenção da Gravidez

Benefícios não contracetivos:

- Controlo do ciclo

- Diminui dores menstruais

- Diminui volume de perdas menstruais

- Melhoria do acne

Eficácia depende do seu uso correto

Eficácia afetada por fármacos, vómitos e diarreia

Aumenta o risco de doenças cardiovasculares

Engorda

Palestra dinamizada pela Dra. Maria José Costa com a colaboração das alunas do Curso profissional de Saúde da ESJGZ.

O que são?

Doenças contagiosas (vírus, bactérias, parasitas, fungos) cuja forma de transmissão mais frequente é a relação sexual (vaginal, oral ou anal).

USE SEMPRE PROTEÇÃO

✔ Limite o nº de parceiros sexuais!

✔ Vá regularmente ao médico!

Quais são?

✔ Vírus da Imunodeficiência Humana - HIV

✔ Vírus do Papiloma Humano - HPV

✔ Hepatite B

✔ Herpes Genital

✔ Gonorreia

✔ Clamídia

✔ Sífilis

✔ Micoses

✔ Piolhos Genitais

✔ Infeções por Tricomonas

• Vírus do Papiloma Humano – do qual existem inúmeros subtipos (serotipos)

• Infeta células da pele e mucosas (mãos, pés, pénis, vulva, ânus…)

• Responsável pela formação de lesões chamadas papilomas

• Detetado em praticamente todos os casos de cancro do colo do útero (90%).

• Também pode estar associado a outros casos de cancro como o da vulva, pénis, ânus… HPV - O que é? Como se transmite?

• Os vírus que infetam a área anogenital podem ser transmitidos durante o sexo vaginal, oral ou anal, ou durante o contacto íntimo de pele com pele entre pessoas em que pelo menos uma esteja infetada.

Sintomas?

• Muitos dos infetados não têm sintomas.

• Por vezes as verrugas estão presentes mas não visíveis por se encontrarem numa parte interna do corpo.

• As verrugas anogenitais (condilomas), podem aparecer na vulva, colo do útero, coxas, ânus, reto ou uretra.

Prevenção?

• Vacina – 10-13 anos (0 e 6 meses) »» Previne a infeção por alguns serotipos (6, 11,16 e 18) mais associados a cancro colo do útero

• Uso de preservativo

• Redução do número de parceiros sexuais

• Exame Ginecológico de rotina – citologia após início de vida sexual ativa

Susana Dias Ramos

Susana Dias Ramos é licenciada em psicologia com especialização em hipnose clínica pelo London College of Clinical Hypnosis, pós-graduada em neuropsicologia clínica, em saúde sexual e reprodutiva e, ainda, especializada em sexualidade clínica e terapia de casal.

Susana possui um canal de Youtube com o nome “100 tabus” onde aborda, sem rodeios, questões ligadas à sexualidade e a relações. Criado em 2019 o canal conta já com mais de 5 mil subscritores, com uma média de 7 mil visualizações por vídeo.

Pergunta - Tenho um filho bebé a viver comigo neste estabelecimento prisional. Eu sei que ele pode continuar comigo até aos 3 anos, mas questiono-me se não será melhor para o menino deixá-lo ir para casa mais cedo e não guardar memórias deste sítio.

Susana - Sou sempre a favor de que as memórias da mãe são as memórias mais importantes que uma criança pode ter, seja aqui ou em casa. Uma criança vai ser amada pela pessoa com quem está, independentemente do sítio onde está. Vocês podem ensinar ou dar informação de que aqui não é o sítio onde ele vai poder ficar, não é o sítio onde ele vai poder crescer, mas é o sítio onde está a pessoa que mais o ama neste mundo inteiro. Ninguém vai amar como uma mãe e esta pergunta é a prova deste amor. Se nós somos capazes de largar e entregar a pessoa que nós mais amamos para ir embora de perto de nós para que ela seja feliz, essa é a vossa maior prova de amor. Eu sou sempre a favor do amor acima de tudo. Quanto mais vocês puderem fazer esta vinculação, melhor.

P - Quando o meu filho crescer, ele só tem 3 anos, o que lhe devo contar sobre a minha prisão? Devo contar toda a verdade ou devo esconder este período da minha vida?

S - Esconder nunca. Toda a verdade é uma incógnita, depende do tamanho de “toda a verdade” e depende se vocês acharem que contar toda a verdade traz algum benefício. Contar a verdade para ele aprender, para ele entender, para vocês poderem justificar o que aconteceu faz sentido. Há outras verdades que não fazem sentido contar. Mentir não. Eles vão crescer e vão saber o que aconteceu. Se vocês puderem explicar as coisas de forma a não se humilharem, a não se rebaixarem e assumirem a vossa responsabilidade, melhor.

P - A professora da minha neta de 9 anos disse, perante os alunos da turma, que o pai da menina estava preso por vender droga. A minha neta começou a chorar, ficou com vergonha e muito triste. O que podemos fazer em casa para minimizar este sofrimento?

S - Com que direito é que uma professora faz isto? Eu não entendo. Numa fase inicial, eu achava importante alguém ter uma conversa tranquila com a professora e perguntar-lhe com que direito fez este comentário, a que propósito partilhou a intimidade de uma criança. Ninguém tem o direito de falar da vida dos outros sem o seu conhecimento. À menina, pode-se dizer “olha, o papá, de alguma forma, foi institucionalizado porque vendeu coisas que não devia, e não teve noção de que era errado o que estava a fazer”. Ou seja, vocês tentam proteger a cabeça da menina de modo a que ela consiga defender-se dos colegas. Não consigo mesmo entender porquê e para quê que alguém faz uma coisa destas.

P - Estive presa e saí em liberdade condicional. Entretanto, o Ministério Público recorreu e eu tive que regressar. O meu filho, com 13 anos, está extremamente revoltado e considera tudo isto uma injustiça. O que lhe posso dizer para o acalmar?

S - Aos 13 anos, é muito complicado entender uma situação destas e a revolta é normal. Se nós conseguirmos direcionar essa revolta para que possa vir visitar a mãe e a mãe dizer-lhe “eu vou ficar do teu lado, nós vamos ultrapassar isto juntos” e não impulsionar essa revolta, melhor.

P - O meu filho tem 10 anos e fica muito perturbado quando acaba a precária e tenho que regressar. Se não vier comigo até à porta do EP e não me vir entrar, fica ansioso, chora muito e está sempre a perguntar onde está a mãe. Esta reação é normal?

S - É normal. E a mãe dá-lhe muitos beijos, muitos beijos, diz que o ama e até à próxima. “A mãe está aqui, não vai a lado nenhum, vou ficar aqui à espera até tu me vires buscar outra vez”. E ele vai perceber que não pode estar perto, mas sabe que ela o ama, sabe que ela existe e sabe onde ela está e sabe que um dia ela vai sair de vez, para nunca mais voltar.

P - Ao fim de dois anos e seis meses, sinto-me esgotada de cá estar. Só quero estar perto das minhas filhas e, durante as visitas, não sei como dividir o meu tempo entre elas e o meu companheiro.

S - O companheiro é o adulto, portanto ele que espere. Compreendo o ‘ciumito’, mas na realidade é só o companheiro. Os filhos não têm entendimento para gerenciar tempo e os filhos veem e querem tudo. O companheiro é que tem que ter ordem na cabeça para pensar e organizar-se. Vocês podem fazer coisas a quatro em que ele está presente, não há nada que vocês possam fazer que não possa ser feito na presença uns dos outros. Aqui, as crianças são primordiais. O companheiro também tem o seu lugar, é verdade, mas ele também tem possibilidade de vos contactar de outra forma, portanto, primeiro as crianças, depois o homem.

P – O que posso fazer para manter a chama acesa entre mim e o meu marido que está lá fora em liberdade?

S - O amor à distância…! Escrevam uma carta bem ‘ordinarona’ - “Zé António, isto é para leres às nove da noite...´´ - que é para os dois estarem em sintonia. Isto é uma relação à distância e vocês podem escrever cartas e telefonar -´´imagina que eu te estou a dizer coisas quentes, a tocar e imagina que eu te estou a beijar´´. Mas há pessoas que não gostam.

P - Porquê que não consigo ter prazer durante as visitas íntimas com o meu companheiro, aqui, no E.P.?

S - É preciso entender se a outra pessoa está recetiva. Porque de hora marcada e fechada parece uma responsabilidade termos que fazer amor naquela hora. Tem gente a vigiar, toda a envolvência não é romântica. Não é propriamente um motel todo sensual cheio de corações. Vocês sabem o que vai acontecer e todas as pessoas que estão lá fora também. As visitas íntimas começaram a acontecer para que os reclusos andassem mais calmos. Começou-se a descobrir que se as esposas fossem lá e fizessem um amorzinho, eles não andavam engalhados uns com os outros. Os homens têm uma capacidade maior de se desligarem da envolvência, são facilmente excitáveis, não têm vergonha, como nós.

As mulheres têm o mesmo direito que os homens a ter este envolvimento, mas não se previu o romance que é preciso para a mulher se envolver.

P - É normal uma mulher deixar de sentir prazer nas relações sexuais, depois de ter feito a laqueação?

S - À partida não, porque as hormonas mantêmse ativas. O que acontece na laqueação é que as trompas são viradas ao contrário e o óvulo não chega ao útero. Não é suposto deixar de sentir vontade. Nós, às vezes, sentimos que perdemos vontade com uma pílula nova, com o facto de parar de tomar a pílula, com alguma medicação, como é o caso de alguns antidepressivos. Há medicação que tira mesmo a vontade, o desejo e o prazer. Não é a laqueação que tira a vontade e o prazer.

P - Desde que estou presa, as minhas crises de ansiedade aumentaram. O que posso fazer para ultrapassar estes momentos de sofrimento?

S - A ansiedade manifesta-se na presença de locais que nos provocam ansiedade e quem é que gosta de estar presa? Ninguém. A essência mais importante do ser humano é a liberdade. Isto é o suprassumo do castigo que nós provocamos aos humanos, enclausurá-los dentro de um sítio e obrigá-los a ficar confinados a pensar nas asneiras que fizeram para que nunca mais se repitam Quando estamos na presença de desconforto, não há como o nosso corpo estar em conforto e, então, temos que encontrar coisas que nos façam sentir bem, como, por exemplo, a letra de uma música. Nós, se falarmos por cima dos nossos pensamentos, conseguimos controlar as coisas que acontecem. Vocês têm que identificar qual é o primeiro ponto onde começa a crise de ansiedade, ou seja, quando a crise vem, qual é a primeira coisa que acontece?

É uma náusea, uma tontura, um enjoo, a mão suada e a respiração acelerada, é o vómito, é o quê?

Por exemplo, podem escolher uma música de que gostam e cantar em voz alta e o vosso pensamento, obrigatoriamente, tem que ficar na letra. Podemos nos focar numa música, numa dança, numa poesia, num pensamento bom e devemos verbalizá-lo, nem que seja baixinho. Ou seja, devemos pensar numa coisa que nos tira o pensamento do que está a acontecer e nos distrai para outro assunto. Se vocês falarem, falarem, falarem, a cabeça não tem raciocínio para continuar a estar ansiosa. Não podemos nos entregar ao que está acontecer, se não ficamos cada vez piores.

P - Li, em tempos, que para se engravidar tem de haver compatibilidade entre os grupos sanguíneos do pai e da mãe. Mito ou verdade?

S - Mito. Pode acontecer entre grupos sanguíneos completamente incompatíveis. Aquilo que acontece é o que o bebé vem com um grupo sanguíneo estranho – como aconteceu com o meu filho. O meu sangue é completamente incompatível com o do meu filho e Isso é que é perigoso.

P - Quando eu sair em liberdade, o mundo lá fora estará muito diferente daquele que eu conheci. Será que vou conseguir adaptar-me? Sinto medo...

S - O mundo não está assim tão diferente. Não é só o mundo que está diferente, nós também estamos diferentes. Isto é como se fosse um intervalo na vossa vida. Vocês podem acompanhar nas aulas, nas notícias tudo o que se passa lá fora. A adaptação ao mundo lá fora requer um certo cuidado e trabalho. Não façam a adaptação sozinhas. Vocês não são supermulheres. Quando chegar a hora de sair, peçam ajuda a alguém.

P- Depois de um passado de decadência, humilhação, abandono, dependências, será possível recomeçar a viver e ser feliz?

S - É indiferente de onde a gente vem. Não há nada que tenha mais valor do que a gente. O que realmente importa é o agora, o que vai construir para o futuro. O que aconteceu lá atrás é indiferente.

Se vocês conseguem ter noção da humilhação, da decadência, do abandono, é a melhor aprendizagem do que vocês fizeram.

O que nós passámos e o que está para trás não tem validade nenhuma. Há duas coisas que não servem para nada … o passado e o futuro. O que vocês fazem aqui e agora, neste preciso momento, numa construção de qualquer coisa que vocês querem, isso sim, é válido. Precisam de ajuda para resolver alguma coisa que ficou lá atrás? Resolve-se agora. Precisam de um impulso para a vossa vida no futuro? Resolve-se agora. “Ah! Já não vou a tempo.” O tempo é aquilo que vocês decidirem fazer dele. Nós precisamos de reunir à nossa volta uma rede de apoio para nos reestruturarmos. O importante é sabermos onde estamos e construir um caminho a partir de agora. Um caminho que me faça bem, que me faça feliz.

Alunas – Muito obrigada, Susana, pela disponibilidade, pelos esclarecimentos e por todo o carinho que nos transmitiu. A Susana deu-nos a oportunidade de tirar aquelas dúvidas que não tínhamos o à vontade de esclarecer com mais ninguém.

Preparação:

Na cozinha com Pedro Pacheco

Entrada

Bola de carne

Ingredientes:

400 gramas de farinha

50 gramas de levedura

1 colher sopa de açúcar

1 ovo +1 gema

2 dl de leite

1 colher sopa banha

3 colheres sopa de azeite

Sal

Recheio:

400 gramas fiambre

1 chouriça colorau fatiada

200 gramas bacon fatiado (opção - 10 gramas queijo)

Num recipiente, levar o leite, a banha, e a levedura a aquecer até derreter a banha, sensivelmente 1minuto (microondas). Depois juntar os outros ingredientes da massa, mexer tudo muito bem, e deixar a levedar durante cerca de uma hora.

Estender a massa numa bancada polvilhada com farinha, até formar um quadrado; colocar as carnes por cima desta e enrolar; de seguida, colocar este rolo num tabuleiro polvilhado com farinha e deixar a levedar por mais 15 minutos. Passado este tempo, pincelar o rolo antes de colocar no forno com uma gema batida diluída num pouco de leite. Levar ao forno cerca de 30 minutos a 170º graus.

Prato de peixe

Soufflé de Pescada

Ingredientes (para 3 pessoas)

3 postas de pescada

1 cebola média

azeite q.b.

500 ml de leite

3 colheres de sopa de farinha

1 colher de café de manteiga

3 ovos

pimenta, sal, meio limão, ervas aromáticas q.b.

Preparação: Em primeiro lugar, dar uma fervura ao peixe; colocar na água o meio limão, sal e ervas para dar algum gosto ao peixe; à parte, fazer um refogado com manteiga num sauté (frigideira); quando a cebola estiver transparente, junta-se o peixe desfeito em lascas e deixa-se refogar um bocadinho. Num tacho, juntar o leite com a farinha, a manteiga e as gemas, misturar muito bem. Levar ao lume, mexendo sempre com uma vara de arames, até formar um creme bem espesso. Depois de terminado, retirar do lume, continuar a mexer até ficar bem liso. Ao preparado, junta-se o peixe e as claras batidas em castelo (aos poucos, com cuidado para não talhar).

Verter numa forma de soufflé untada com manteiga e levar ao forno a 200º graus, durante cerca de 35 minutos (ou até estar firme ao toque, dourado).

Sobremesa

Quindim

Ingredientes:

Preparação:

12 gemas sem pele (passar coador)

500g de açúcar

2 colheres de sopa de manteiga

200ml de leite de coco

200g de coco ralado

açúcar (para polvilhar nas forminhas)

margarina (para untar as forminhas)

Numa taça, colocar o açúcar e a manteiga; misturar muito bem e, em seguida, adicionar as gemas passadas por coador; continuar a bater com a ajuda de uma vara de arames (fouet).

Acrescentar o leite de coco e o coco ralado, misturar tudo muito bem até que fique bem homogéneo.

Despejar este preparado em forminhas untadas com margarina e polvilhadas com açúcar. Levar ao forno a 150º graus, em forno pré aquecido (as formas devem estar em banho-maria, com a água até quase ao rebordo). Deixar no forno durante cerca de 30 minutos, até começarem a ficar douradas.

DICA: untar bem para que os quindins fiquem com mais brilho.

Quebra - cabeças

PALAVRAS CRUZADAS

SOPA DE LETRAS

Países do Mundo

SUDOKU

JOKES :-D

Daniel: Great news! The teacher said we would have an exam today, come rain or shine.

Mary: What’s so great about that?

Daniel: It’s snowing!

Teacher: John, why are you doing your math multiplication on the floor?

John: You told me to do it without using tables.

Patient: Doctor, will I be able to play the piano after the operation?

Doctor: Yes, of course.

Patient: Great! I never could befor!

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