Revista In Guardia.3ª edição

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Exegetica Expositio com Ian Farias. mo 23: Aquele que guia as ovelhas, que as faz repousar nas verdes pastagens, que as guarda de todos os perigos seja na mesa com os inimigos, seja ainda no trânsito pelo vale da sombra da morte e, enfim, vem a certeza de que quem possui o Senhor, possui a verdadeira felicidade.

de, e desta forma quebram os laços de relacionamento com o próximo e afastam-se dEle por descumprirem uma promessa. Avisa o Senhor que tirará, destes, o pastoreio e apascentará Ele mesmo o Seu rebanho: “Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas” (v. 11). Gostaria de debruçar-me por um momento sobre a figura do pastor. Esta figura está presente, segundo as Escrituras, desde o começo do mundo, quando Abel apresenta ao Senhor o fruto de seu trabalho: as ovelhas; Caim, por sua vez, apresenta os frutos da terra que cultivava (cf. Gn 4, 34). O Senhor olha com maior agrado para a oferta de Abel, o que acaba por gerar uma inveja em Caim, que mata o seu irmão. Essa história reflete uma atitude de hostilidade perpétua entre pastores e camponeses. “O cultivo da terra restringe o direito de livre pastagem de rebanhos, e o pastoreio danifica as terras e colheitas do campo. O camponês pensa que o pastor é um bandido faminto; o pastor pensa que o camponês é um cavador mesquinho” (McKenzie, Jhon L., Dicionário Bíblico. São Paulo: Ed. Paulinas, 1983, p. 697). Também o Senhor é caracterizado como o pastor por excelência, e de várias formas nos é apresentada seu modelo, por assim dizer, de pastoreio. A mais conhecida é a representação israelita, descrita na forma clássica do sal-

No Novo Testamento a figura do pastor reduz-se em relação ao Antigo, porém um dos textos que por nós é conhecido e tão caro é o do Evangelho de São João, capítulo 10. Jesus mesmo apresenta-se como o “Bom Pastor”, que vem indicar o caminho às ovelhas e alertar contra os falsos pastores. Alguns exegetas afirmam que essa passagem não teria sido dita pelo próprio Cristo, mas fora ali acrescentada pela comunidade joanina. É preciso que tenhamos em mente, porém, que ainda que essas palavras não tenham sido ditas pelo próprio Cristo, elas são também pertencentes da Revelação e não menos são Palavra de Deus.

pelo início do Ano Acadêmico, 4 de novembro de 2011). Aos meus irmãos seminaristas peço, com a santa humildade, que meditem na figura do Bom Pastor, capaz de doar-Se sem reservas por suas ovelhas. Devemos dar alegria a Cristo pelo serviço que prestaremos a Ele e a Igreja. Abandonemos a busca pelos prazeres e busquemos a verdadeira felicidade, que tem um nome: Cristo Jesus. Nosso protótipo é Ele, e um padre que nEle não fixa o Seu olhar, não conhece o verdadeiro sentido do sacerdócio. Qual seriam as atitudes do sacerdote, que deveriam condizer com a sua missão? A primeira leitura apresentar-nos-á: “Vou procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna quebrada, fortalecer a doente e vigiar a ovelha gorda e forte. Vou apascenta-la conforme o direito” (Ez 34, 16). Eis o modelo ideal! Cristo é por excelência este pastor. Duas coisas a indicar e que são essencialmente significativas para uma boa vida presbiteral: O zelo pastoral, firmado pelo cuidado com as ovelhas e a unidade com a Igreja, que poderíamos associar ao Direito.

Os pastores da hodierna sociedade, chamados por Cristo para apascentar o Seu rebanho, precisam configurar-se a Cristo, e tal qual ouvira os pastores da época de Ezequiel, precisam pastorear o povo de Deus, e não buscarem conforto e privilégio. Aliás, cabe aqui recordar a frase do Santo Padre Bento XVI: “Jamais devemos esquecer – como sacerdotes – que a única ascensão legítima em direção ao ministério pastoral não é aquela do sucesso, mas da Cruz” (Celebração das Vésperas com os estudantes da Universidade Pontifícias de Roma, Dezembro 2011 / In Guardia 71


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