cio de Almeida Prado, Joel Pontes e João Roberto de Faria também o fizeram. Em minha tese de doutorado, um capítulo, focado em torno do ano de 1863, já tinha este título: “Machado de Assis homem de teatro”. Gostaria de inventariar uma série de fatos, demonstrar uma intenção, uma ambição. Mas antes uma palavra sobre a política. Influenciado pelos franceses, diretamente por Charles Ribeyrolles, falecido em 1860, e, indiretamente, por Camille Pelletan, Machado de Assis opta pela ideologia de esquerda, como diríamos hoje, aquela dos liberais que, com o marquês de Olinda, assumirão a direção dos negócios no Brasil em 20 de maio de 1862, substituindo Luís Alves de Lima, o futuro duque de Caxias. Em 1864, às vésperas das eleições legislativas (2º Distrito de Minas Gerais), ele retira sua candidatura. Antes disso, sua pena de poeta combate a Inglaterra durante a questão Christie, e pela liberdade na Itália, no México, na Polônia contra o imperialismo russo, sem contar todas as suas intervenções, por meio de crônicas, na vida política brasileira. Magalhães Jr., em seu volume Machado de Assis desconhecido (1955), estuda e enumera essas ações ou os comentários sobre elas. Machado de Assis nunca foi omisso, nem absenteísta, nem indiferente à sorte dos escravos. Em suas crônicas dos anos 1859-1869, aparece uma dezena de vezes os termos “escravo” e “negro”, quando alguns o criticam por nunca haver escrito esses termos ou evocado esses problemas. *** Mas estamos nos afastando de nosso propósito. Retornemos ao teatro, também mal avaliado por parte da crítica. Antes de justificar meu propósito, anuncio desde já a conclusão. Em razão da importância do teatro, de seu impacto social – e tendo como pano de fundo a França e o tropismo que ela engendra –, Machado de Assis, cheio de vitalidade, homme de 20 ans, como ele mesmo se apelida em francês na poesia ao filho de Frond, goza de excelente saúde. Vários de seus amigos faleciam de tuberculose com essa idade – Francisco Gonçalves Braga, Casimiro de Abreu, Macedo (Macedinho) e dezenas de outros. Joaquim Maria (chamemo-lo por seu nome), sedutor, ao menos pela sua verve, aposta no teatro para alcançar a glória. Ele é ambicioso, freqüenta as atrizes, vai a todas as premières de teatro, escreve em diversas revistas ou jornais re-
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