Acontece - Março/2011

Page 1

contece A I n fo rmati vo d o Insti tuto Fe d e ra l d e Pern am buco

An o VII · Nº 42 · Março de 2 0 1 1

Conhecimento que não tem preço Curso promovido

pela Coordenação de

Desenvolvimento e Qualificação de Pessoal, da Diretoria de Gestão de Pessoas abre novos horizontes para servidores pouco familiarizados com o computador Embora o computador esteja cada vez mais presente na vida das pessoas e empresas, há quem pense que informática é “bicho de sete cabeças” e que com essas máquinas somente jovem consegue interagir. Na contra-mão desse pensamento, Brena Maroja, professora de informática do campus Recife, aceitou o desafio de ensinar noções básicas do universo informatizado para servidores do IFPE de diversas gerações, apresentando-os a um novo jeito de aprender e ver o mundo. O curso Informática Básica para Servidores movimentou o Laboratório de Informática Educativa e as mentes de seus participantes, durante quase três meses. O diferencial do curso é que a turma foi composta por pessoas com graus bem distintos de familiarização com a informática. Alguns tinham uma noção de como usar um computador, mas outros nunca tinham se imaginado frente a uma máquina na vida. Continua nas páginas 4 e 5 Acontece · Informativo do Instituto Federal de Pernambuco

Proeja

Urnas

Programa, aliado a muita força de vontade, leva alunas do campus Vitória a ingressar em curso Superior Página 3

Iniciaram os trabalhos para formação da comissão que conduzirá o processo eleitoral de escolha do novo reitor do IFPE e diretores-gerais de Barreiros, Pesqueira e Recife Página 6

Entrevista Nesta edição, o Acontece traz encarte especial com uma entrevista com o Reitor Sérgio Gaudêncio, que faz um balanço sobre os quase oito anos de sua gestão à frente do IFPE

Licenciaturas Novos cursos oferecidos pelo IFPE são oportunidade para quem quer ingressar na área de Ensino Página 8

1


DESTAQUE

Estudantes do IFPE representam Pernambuco e Brasil nos Estados Unidos Carol Falcão

Os 36 jovens embaixadores se reúnem em Washington DC. Entre eles, dois pernambucanos com algo em comum: o IFPE

2

No mês de janeiro, 36 adolescentes, representantes de todos os estados brasileiros tiveram uma experiência que mudou suas vidas. Eles passaram três semanas nos Estados Unidos, participando de visitas a escolas e universidades e trocando experiências com jovens voluntários americanos. A viagem fez parte do Programa Jovens Embaixadores, promovido pela Embaixada Americana no Brasil, com a intenção de promover o intercâmbio entre os países. Representando Pernambuco, dois jovens tiveram mais do que o estado de origem em comum: ambos eram estudantes do IFPE. Janailton da Silva, 16 anos, e Marina de Jesus, de 18, estudam nos campi Belo Jardim e Recife, respectivamente. Todos os jovens que foram escolhidos para participar do Programa desenvolvem trabalhos sociais voluntários nas comunidades em que moram. Janailton dava aulas de reforço em inglês para os colegas de Belo Jardim, além de desenvolver e implementar um projeto de leitura com crianças da sua cidade de origem, Sanharó. “Aprendi inglês sozinho, mas contei com um apoio muito grande dos professores do campus para desenvolver minhas ideias”, relembra. Concluinte, em 2010, do curso concomitante de

informática, Janailton hoje estuda Letras na Universidade Federal de Campina Grande. “Pretendo ser professor de Inglês e fortalecer meus vínculos com os Estados Unidos, para onde pretendo voltar para continuar meus estudos”, planeja. Marina também tem uma história de voluntariado. Há dois anos trabalha na ONG Amigos do Nordeste, que apoia populações do sertão pernambucano. Ela tentou ser uma Jovem Embaixadora em 2009, mas não conseguiu e estava pouco confiante em relação ao resultado da seleção 2010. “Não achava que tinha o perfil que eles procuravam”, diz. Quando a lista com os 36 nomes foi anunciada, a estudante do sétimo período do curso Integrado de Edificações soube que essa seria uma experiência única. “A principal lição que ficou do Programa foi o sentimento de que eu posso mudar a situação, eu posso desenvolver um trabalho que faça a diferença”, resume. Para concluir a experiência na terra de Tio Sam, os Jovens Embaixadores brasileiros tiveram um encontro com a Secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton. “O principal tema do discurso dela foi sobre a importância de reforçarmos as relações entre os países. Ela nos mostrou o quanto é importante mantermos os laços de cooperação”, disse Marina. Jovens com o mesmo perfil de Janailton e Marina também podem participar do Programa, que abre inscrições anualmente. Para mais informações sobre o Jovens Embaixadores, pré-requisitos e período de inscrição, basta acessar o site do Programa: www.jovensembaixadores.org. Ano VII · Nº 42 · Março de 2011


DESAFIO

Do campo à faculdade Estudantes do Curso Técnico em Agricultura Familiar, oferecido pelo PROEJA do campus Vitória, vencem o desafio do vestibular e ingressam no Ensino Superior

Hugo Peixoto Ana Cátia: “Não desista de seus ideais. É muito gratificante quando você consegue realizar aquilo que deseja”.

Moradoras da Zona Rural de Vitória de Santo Antão e de famílias de agricultores, Raquel Nascimento da Silva, 23 anos, e Ana Cátia Nunes Campos, 31, têm muito em comum. Elas estudaram juntas no Curso Técnico em Agricultura Familiar – a primeira turma do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA) do campus Vitória de Santo Antão – e, durante os dois anos e seis meses de duração do curso, precisaram de muito esforço para conciliar o trabalho no campo à nova rotina de estudos, com aulas noturnas e diárias. Tanta dedicação trouxe benefícios e mudanças na vida das duas, cujas histórias voltaram a ficar parecidas recentemente, quando receberam a notícia de que haviam sido aprovadas no vestibular. Raquel foi aprovada no curso de Ciências Biológicas do campus Vitória de Santo Antão da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e lembra bem de toda trajetória até a conquista da vaga. “Após concluir o curso do

PROEJA, em 2009, ajudava os meus pais e, quando tinha um tempo livre, estudava. Cheguei a fazer a inscrição no Enem e faltar, por se sentir insegura, mas no segundo semestre de 2010, participei de um curso preparatório e fui aprovada”, contou. Ela destacou a importância do curso técnico para sua formação: “Os conhecimentos que adquiri, levarei por toda vida. Às vezes achamos que as portas esta-

PROEJA após quatro anos longe dos estudos e, naquela época, já acreditava no sonho de ser enfermeira. Não desistiu e resolveu prestar vestibular. Resultado: foi aprovada em 17º lugar no curso de Enfermagem de uma faculdade particular de Vitória. “É muito gratificante quando você consegue realizar aquilo que você deseja. Fiquei surpresa quando um primo me ligou contando do resultado. Agora, serão mais cinco anos pela frente”, afirmou Ana, cuja família já se adapta ao seu retorno à vida estudantil. Para a diretora-geral do campus Vitória, Velda Martins, o ingresso de Raquel e Ana Cátia no Ensino Superior tem um significado especial. “A partir de sua formação, os alunos do PROEJA tornam-se multiplicadores, Ana Cátia pois aplicam o conhecimento adquirido no curso nas próprias rão fechadas para nós e, quando nos comunidades e passam a ser mais dizem que somos capazes e devemos autônomos. As aprovações das aluseguir em frente, as coisas ficam bem nas nos vestibulares são bons exemmelhores. Era isso que encontrávamos plos, pois mostram que o estudante no PROEJA”. não precisa deixar a agricultura ou Ana Cátia compartilha da mesma deixar de tirar seu sustento da terra opinião da ex-colega de classe. Casada, para fazer o que gosta e realizar seus mãe de duas filhas, ela ingressou no sonhos”, conclui.

Raquel: “O importante é tomar uma iniciativa. A resposta para todo o esforço virá no tempo certo”.

“Se tem um objetivo, não desista e lute por ele. Foi difícil, mas conseguimos.”

Acontece · Informativo do Instituto Federal de Pernambuco

3


C APACITAÇ ÃO

Inclusão e valorização de mãos dadas

Professora Brena (ao centro) e os participantes do curso de Informática: integração do grupo proporcionou maior aprendizado Patrícia Yara

Continuação da página 1 Nas aulas de Informática, os servidores não só aprenderam a navegar e utilizar a internet, como também tiveram noções sobre o sistema operacional Windows XP, diferenciaram hardwares de softwares, criaram documentos no word, planilhas em excel e apresentações em power point, mas, sobretudo, tiveram a chance de aprender a lidar com o computador e passaram a vislumbrar novos horizontes. “Já é a terceira vez que ministro aulas para servidores, mas nunca havia pego uma turma tão heterogênea. A paciência de todos e a união do grupo contribuiu bastante. Mesmo o pessoal que já tinha um conhecimento maior não discriminou os colegas que tinham mais dificuldade”, avalia Brena. O curso conseguiu formar 18 participantes. No início, a professora lembra que muitos queriam desistir,

4

se achando incaCurso: Informática para Servidores Responsável: Coordenação de Desenvolvimento e Qualificação de pazes de assimiPessoal da Diretoria de Gestão de Pessoas - CDQP/DGPE lar aquelas ferraTurma: Adauto Antônio V. da Silva, Adilson José Marinho da Costa, Amauri mentas, atalhos Martins Lemos Filho, Diceu Medeiros de Souza Júnior, Elielson Lopes e conceitos do Feitosa, Evanize de Oliveira M. Lins, Everaldo Antônio de Souza, Fábio Microsoft Office. Tavares de Oliveira, Francisco Carlos Albuquerque, Júlio de Lira Cavalcanti, “Consegui conMaria da Conceição S. Pereira, Maria Teresa C. Carvalho, Mário Gomes vencê-los de não Correia, Mário Carneiro da Costa, Patrícia Yara Silva Rocha, Rafaella C. da desistir e mostrei S. Albuquerque, Zeina Maria Teixeira da Silva Pontes e Zelma Cavalcanti que eram sim Cabral. capazes. Sorte Instrutores: Professora Brena Maroja. minha foi que Monitor: Rodrigo Garcia eles acreditaram Alunos colaboradores: Maria Gracilene Costa e Amaro Bezerra. em mim e nas minhas aulas”, relembra a instrutora. É o caso da auxiliar de Enfer- Mas depois com a força dos colegas magem, Conceição Pereira, 55 anos. de turma, de Brena e de minha filha Como o trabalho dela é de atendi- decidi continuar e aos pouquinhos mento no Ambulatório Médico do aprendi a manusear o computador campus Recife, não se familiarizava até o meu limite”, declara. O operador de máquina copiacom computadores e chegou a pensar em abandonar as aulas, pois encon- dora, Mário Carneiro, 60 anos, acretrou muita dificuldade. “Sempre dita que o aprendizado vai ajudar achei bonito a informática, mas acre- bastante na prática diária do setor ditava que aquilo não era pra mim. que trabalha. “Hoje, consigo acesAno VII · Nº 42 · Março de 2011


Acontece An o V I I · Nº 4 2 · M arço de 2 0 1 1

Encarte

Especial A poucos meses do fim de sua gestão, o reitor Sérgio Gaudêncio decidiu aceitar um entre os muitos convites e vai deixar o cargo a 70 dias do fim do seu mandato

Reitor avalia os quase oito anos de gestão Acontece · Informativo do Instituto Federal de Pernambuco · Encarte Especial

Em 2010, o IFPE ganhou três novos campi, que já estão funcionando. Como o senhor avalia a implantação dessas unidades? Gostaria de registrar e elogiar o extraordinário Plano de Expansão da Rede de Educação Profissional, Científica e Tecnológica idealizado e implementado no Governo do Presidente Lula, que, de fato, possibilitou a construção dos campi de Afogados da Ingazeira, Caruaru e Garanhuns para o Instituto Federal de Pernambuco e mais 356 campi para os 38 Institutos espalhados por todos estados do Brasil. Infelizmente, tivemos problemas com a construtora do nosso campus em Garanhuns que faliu quando estava na metade da obra, o que inviabilizou a sua inauguração. Mesmo assim, iniciamos as atividades acadêmicas naquele campus em instalações provisórias e, já para o início deste semestre, ocupamos um espaço bem adequado, no colégio XV de Novembro, que permitirá um ambiente mais favorável e con-


ENTREVISTA

fortável para os nossos estudantes e servidores. No contexto sócio-educacional, entendo que o funcionamento desses três campi, em cidades do interior do Estado, proporcionará um forte incremento no desenvolvimento de cada região. O Estado de Pernambuco vive, talvez, o momento mais especial da sua história, no que concerne ao crescimento industrial e, consequentemente, na geração de empregos e distribuição de renda. Quanto aos campi de Caruaru e Afogados, as obras ocorreram dentro do cronograma previsto e ambas já foram inauguradas pelo, então presidente, Lula. Foi um trabalho intenso para a construção e implantação desses campi, mas o resultado de todo o esforço empreendido foi rapidamente recompensado pelas oportunidades que criamos para centenas de cidadãos habitantes daquelas regiões. É importante registrar o apoio recebido, desde o início, das prefeituras dos três municípios para a consolidação desse sonho que, com certeza, é de todos os pernambucanos. A interiorização da educação profissional tem sido uma meta nos últimos anos. A criação de novos campi pelo interior do Estado irá continuar? O Ministério da Educação, desde agosto do ano passado, vem desenvolvendo a proposta da Fase III da Expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Essa proposta foi apresentada aos Reitores dos Institutos em outubro passado e propõe a criação de cerca de mais 600 campi no Brasil, com vistas a atingir as mil unidades. O Estado de Pernambuco deverá ser contemplado com 30 novas unidades, que teriam suas implantações sob a responsabilidade do nosso Instituto e do Instituto Federal do Sertão Pernambucano. Devemos recordar que uma das fortes propostas da, então candidata, Dilma era a implantação de um cam-

pus da Rede Federal em cada um dos municípios pólo ou com mais de 50 mil habitantes. O CONIF (Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica) manifestou abertamente ao Ministro da Educação o interesse em participar diretamente da construção dessa 3ª fase da expansão. É só esperar pra ver! A educação a distância também é encarada como um campus do Instituto e tem possibilitado acesso à educação profissional. O que foi feito nesta área e quais os desafios? Que cuidados são tomados para que o padrão de qualidade de ensino da Instituição seja mantido também na modalidade a distância? Considero a Diretoria de Educação a Distância como um campus virtual, dessa forma todos os estudantes dessa modalidade podem ter os mesmos benefícios que os alunos dos campi presenciais. O IFPE ingressou no programa Universidade Aberta do Brasil (UAB) lançado, através de edital, pelo Ministério da Educação. Naquela ocasião, apesar de algumas opiniões contrárias, insisti que deveríamos participar. Encaminhamos projeto com os

“O Estado de Pernambuco deverá ser contemplado com 30 novas unidades” cursos de Licenciatura em Matemática e Tecnologia em Gestão Ambiental. No início encontramos dificuldades, porém, com empenho e os esforços dispensados pela minha equipe, rapidamente, obtivemos excelentes resultados. Além de municípios no Estado de Pernambuco, também oferecemos cursos a distância em municípios de

outros Estados. Posteriormente passamos a oferecer cursos técnicos com o programa e-Tec Brasil, nos mesmos moldes que a UAB. Hoje o nosso campus virtual encontra-se com 1.700 alunos, sendo, portanto, o segundo maior campus do IFPE em número de alunos. Atua em 10 pólos (municípios) com cursos superiores e em 10 pólos com cursos técnicos. Recentemente destinamos vagas a servidores docentes e administrativos efetivos para atendimento exclusivo à educação a distância. Sempre acreditei que a educação a distância poderia levar a educação profissional superior com a mesma qualidade dos cursos presenciais. Devemos estar atentos com a qualidade dos cursos a distância da mesma forma que com os cursos presenciais. Acredito que, com a ampliação da banda larga estendendo a cobertura a todos os municípios do Estado, poderemos viabilizar aulas on-line sem perda de qualidade de transmissão garantindo, dessa forma, uma interação maior entre alunos e professores. E vamos atuar em outras frentes: a Proext trabalha na concepção de cursos de extensão a distância em parceria com a UnB. O IGC consagrou o Instituto entre os dez melhores centros universitários do país, ocupando a 9ª posição e o melhor do norte e do nordeste. Que fatores contribuíram para esse desempenho? O primeiro e mais importante fator é, sem dúvidas, a qualidade do nosso corpo docente. Esse fator nos diferencia de forma incontestável de outras instituições. O IGC (Índice Geral de Cursos) é um índice calculado pela média das avaliações do corpo docente, da infra-estrutura e do desempenho dos estudantes da instituição. Com muito orgulho e alegria recebemos a notícia de que fomos avaliados como a melhor instituição de ensino superior do Norte e Nordeste Ano VII · Nº 42 · Março de 2011


e a 9ª do país na categoria Centros Universitários e Institutos. O segundo fator é a qualidade dos nossos estudantes. Eles já passam por um difícil processo seletivo e aqui chegam focados na necessidade de uma formação que lhes proporcione um desempenho adequado ao que espera o mundo do trabalho. Nossos professores têm o que lhes oferecer e isso causa uma saudável simbiose entre a expectativa e o trabalho competente, fórmula inquestionável do sucesso. O terceiro fator deve-se ao aumento dos investimentos realizados em infraestrutura. Criar ambientes adequados, laboratórios atualizados e instalações confortáveis para o aluno e para o professor são elementos essenciais à boa prática do processo de ensino-aprendizagem.

Que balanço o senhor faz de sua gestão em 2010? Sem qualquer sombra de dúvidas, faço um balanço positivo. Apesar de ter sido um ano de fim de mandato de governo, onde as dificuldades normalmente se ampliam, posso considerar que obtivemos êxito. A inauguração dos campi de Afogados da Ingazeira e de Garanhuns constituíram-se num marco histórico do IFPE. Implantamos os cursos técnicos de Construção Naval e de Petroquímica no campus Ipojuca. Criamos os primeiros cursos superiores dos campi de Belo Jardim, Vitória de Santo Antão e Ipojuca, além de mais um no campus Pesqueira. Avançamos consideravelmente na padronização das políticas e normatizações para todos os 9 campi. Praticamente finalizamos o Projeto Político-Pedagógico Institucional com a participação de todos os segmentos e campi. Importante ressaltar que todas as políticas, sem exceção, são elaboradas através de fóruns de discussão com representantes da Reitoria e dos campi e referen-

dadas pelo Colégio de Dirigentes. Entendo que, dessa forma, podemos consolidar uma gestão participativa e democrática. Entretanto, infelizmente, pela primeira vez nos oito anos da nossa gestão, deixamos de executar o nosso orçamento na íntegra e tivemos que devolver, do nosso custeio, cerca de R$ 6 milhões de reais aos cofres públicos. Na reunião que, anualmente, faço para prestação de contas à comunidade (vídeo no nosso sítio), coloquei o problema para todos e pedi aos gestores que procurassem não misturar política com gestão. Afinal, nosso Instituto está acima de todos nós, de nossas vaidades e de nossos desejos pessoais. Mas, como disse, no balanço geral tivemos avanços significativos. Quero aproveitar para agradecer a minha equipe e aos servidores da Reitoria e dos campi. Sem ajuda deles não faríamos nada.

6 - O que levou o senhor a antecipar sua saída? Tenho inteira convicção de que, por 7 anos e 10 meses à frente da gestão, pude prestar a minha contribuição ao antigo CEFET e ao nosso atual Instituto. Em março de 2009, recebi um convite do Ministro da Educação para assumir a Reitoria do, então recém criado, Instituto Federal de Brasília. Mesmo com a gartantia de um mandato inicial de 5 anos, entendi que, faltando ainda um ano e meio para o encerramento da minha gestão, tinha um compromisso firmado com a comunidade que me

elegeu para a função. Portanto, recusei o convite e continuei no IFPE. Agora, são pouco mais de 70 dias para o encerramento do período como reitor, acredito que a missão foi cumprida. Fui convidado para assumir a Direção Regional do SENAI imediatamente. Solicitei, e fui atendido, um prazo de 45 dias (que se encerra em 31 de março) para concluir alguns projetos e realizar uma transição com zelo e responsabilidade. Tenho uma equipe totalmente preparada para conduzir a gestão nesses últimos dois meses. Essa nova função, esse novo desafio, permitirá, assim como no IFPE, dar continuidade ao projeto de qualificação e formação profissional de milhares de jovens pernambucanos ávidos por oportunidades no Mundo do Trabalho e a dar continuidade a sua formação cidadã. Acredito poder, também, contribuir com o SENAI para atendermos a


ENTREVISTA

essa imensa demanda por profissionais devidamente qualificados. 9 - O que sente neste momento em que deixa a Instituição? É bom deixar claro que não deixarei a Instituição. Continuarei vinculado ao IFPE, conforme reza o meu contrato de trabalho. Sou, com muita honra, professor e, modéstia à parte, acumulo elogios e reconhecimento dos meus ex-alunos. A “nossa” sala é a de aula! É preciso a compreensão de que na gestão, também, continuamos educadores com outra forma de contribuição. Apenas estarei, paralelamente, desempenhando, em outra Instituição, uma outra função. E ainda poderei fazer parte do Conselho Superior do IFPE. Deixarei a reitoria com o coração apertado. Aprendi muito durante esses 8 anos. Já sinto saudades do gratificante e honroso trabalho em prol da educação no Instituto, dos colegas servidores que comigo compartilharam os momentos de dificuldades e comemoraram os muitos momentos de vitórias e êxito. Mais uma vez, quero agradecer a confiança e o carinho de todos os que me creditaram essa missão e àqueles com quem tive a honra e a alegria de compartilhar os desafios da gestão. De coração, muito obrigado! 7- Como o senhor gostaria que sua gestão fosse lembrada? Pela seriedade e honestidade com as quais sempre procurei pautar as minhas ações. Posso não ter agradado a todos, mas, certamente, ninguém poderá questionar a minha dedicação ao trabalho e o meu empenho para fazer o melhor pelo antigo CEFET e, hoje, pelo nosso Instituto. Passamos por uma significativa transição de CEFET para Instituto. Tivemos que fazer essa transição, integrando quatro autarquias numa só,

sem tempo para planejar. Ainda está sendo um grande desafio a todos nós e muito ainda falta para consolidarmos essa nova instituição. Há 8 anos a nossa “casa” era alvo de matérias, na grande Imprensa, que apenas denegriam a nossa imagem. Hoje, o IFPE é uma referência no país. Basta ver os resultados alcançados nos exames nacionais de avaliação de desempenho institucional (ENEM e ENAD). Motivo de orgulho para todos nós que fazemos o IFPE. O Instituto possui um quadro de

oito anos da minha vida à missão que me foi conferida. Durante esse tempo, não pude acompanhar, como deveria, o crescimento dos meus filhos e a convivência com minha família. Sinto por isso. Contudo, posso dizer que valeu a pena! Obrigado a todos que me proporcionaram a maravilhosa oportunidade de ter contribuído para a realização de milhares de sonhos e para o desenvolvimento do nosso Estado e da nossa região por meio do que há de mais precioso no universo humano: a educação.

“Deixarei a reitoria com

6- Quais os desafios para o próximo reitor ou reitora da Instituição? O principal desafio para o próximo reitor ou reitora será o de consolidar o Instituto como, de fato, uma única instituição. Política única e procedimentos padronizados. Por força da Lei de criação dos Institutos Federais, reitores e diretores gerais de campi são eleitos pelos segmentos docente, discente e administrativo de cada comunidade. Portanto, o próximo reitor ou reitora deverá conduzir, com a necessária maturidade política, os rumos da instituição sem permitir que interesses e características pessoais possam se colocar acima do interesse público e comprometer o desenvolvimento das ações em prol da missão institucional. No contexto administrativo, o próximo reitor ou reitora deverá, como principal desafio, dar continuidade à ampliação da oferta de oportunidades e ao plano de expansão do IFPE, integrando o ensino, a pesquisa e a extensão para o melhor atendimento às demandas sócio-educacionais. A integração dos campi é essencial para a consolidação dessa proposta, respeitando-se, obviamente, as características de cada região.

o coração apertado. Aprendi muito durante esses oito anos. Já sinto saudades do gratificante e honroso trabalho em prol da educação.” servidores e docentes de altíssimo nível. Não há como ter sucesso na gestão sem servidores qualificados e dedicados. Quero aproveitar esse espaço para agradecer imensamente à comunidade que me escolheu, por duas ocasiões, para conduzir a instituição. Sempre procurei atender e respeitar esse compromisso. Sempre me senti devedor da confiança em mim depositada. Espero ter cumprido a minha honrosa missão. Agradeço também, de forma muito especial, a todos os que fizeram e aos que ainda fazem parte da minha equipe gestora. Àqueles que passaram mais rápido e àqueles que, desde 2003, me acompanham. Dediquei, quase que plenamente,

EXPEDIENTE Reitor: Sérgio Gaudêncio | Textos: Carol Falcão, Gil Accioly, Hugo Peixoto, Juliana Costa e Patrícia Yara | Revisão: Cláudia Sansil | Diagramação: Adriana Oliveira, Ivandro Galdino e Karoline Nóbrega | Jornalista Responsável: Patrícia Yara (DRT: 2807) | Reprodução: F&A Gráfica e Editora | Tiragem: 3.000 exemplares Ano VII · Nº 42 · Março de 2011


sar pendrives e outras mídias para executar as reproduções na gráfica. Quando você não sabe fica limitado, mas conhecendo o mundo da informática você aproveita mais”, ressalta. Entusiasmo - O brilho nos olhos de Júlio de Lira, 50 anos, um outro aluno do curso, revela muito mais que o entusiasmo com o aprendizado adquirido. Para ele, as aulas de informática também marcaram a sua reintegração ao mundo profissional. Ele, que era servidor da extinta Rede Ferroviária Federal (RFFSA), passou cerca de 16 anos afastado do mercado de trabalho depois que diversos órgãos públicos federais foram extintos pelo Governo Collor.

Através das aulas, servidores tiveram a chance de se atualizar e ampliar conhecimentos na

O reintegrado Júlio de Lira: melhora na comunicação e nas tarefas diárias do trabalho

Os anistiados, como são conhecidos, começaram a ser reintegrados ao serviço público federal através da lei 8.878/94 e somente o IFPE recebeu 19 destes servidores, entre eles, Adilson Marinho, Adauto Silva e Júlio de Lira, todos alunos do Curso Acontece · Informativo do Instituto Federal de Pernambuco

de Informática. “Participar do curso foi uma satisfação, além de abrir as portas para um novo mundo. Porque quanto mais a gente aprende, mais melhora o grau no trabalho e na comunicação”, destaca Júlio. Já Adauto, 58 anos, conta que, por

área de informática ficar fora tanto tempo do mercado de trabalho, desconhecia totalmente a informática. No entanto, com o curso aprendeu a fazer tarefas simples usando o computador. “Hoje sou eu quem faço as capas dos processos de compras do meu setor, tarefa executada antes somente por aluno colaborador, além de ter e-mail e acessar a internet. Agora posso dizer que me comunico com o mundo”, afirma. Para a instrutora Brena, as aulas trouxeram benefícios em todos os sentidos para todos, mas tiveram um valor bem mais especial para os reintegrados. “O curso conseguiu resgatar a auto-estima e a credibilidade profissional desses servidores que estavam afastados durante tanto tempo do serviço”.

5


ELEIÇÕES

Contagem regressiva para a primeira eleição de reitor Unidades do antigo Cefet e ex-Agrotécnicas se unem para eleger o reitor. Será a primeira eleição para o cargo, depois da criação do IFPE

Gil Aciolly

O IFPE se prepara para viver um momento histórico. Pela primeira vez, será eleito o reitor que comandará a instituição pelos próximos quatro anos. O processo de escolha do dirigente máximo do Instituto começa com uma outra eleição, que será realizada no dia seis de abril, para formar comissões nos campi localizados em Afogados de Ingazeira, Barreiros, Belo Jardim, Caruaru, Garanhuns, Ipojuca, Pesqueira, Recife e Vitória de Santo Antão. São essas comissões que conduzirão todo o processo eleitoral. Apenas o campus virtual de Educação a Distância não contará com uma comissão própria, mas seus alunos e servidores também poderão votar na

eleição para reitor. Já as comissões dos campi Barreiros, Pesqueira e Recife terão ainda a responsabilidade de conduzir o processo eleitoral de seus diretores-gerais. Cada comissão será composta por nove membros, sendo três representantes dos professores; três, dos administrativos e outros três do segmento estudantil. “Serão nove comissões setoriais, que atuarão de forma operacional. Cada uma delas elegerá um representante para formar uma comissão central, que elaborará as diretrizes de toda a condução do processo”, explica Daniel Assunção, responsável pela eleição das comissões eleitorais. Para se candidatar às comissões eleitorais, professores, administrativos e estudantes terão que preencher,

até o dia 11 de março, no campus ao qual fazem parte, uma ficha de inscrição – disponível no site do IFPE – e apresentá-la, juntamente com uma foto 3x4 e um documento original, que comprove a qualificação para o segmento pretendido. Estudantes com menos de 16 anos não poderão se candidatar. “É importante que a eleição tenha o envolvimento de toda a comunidade e que os eleitos pelos seus pares atuem de forma isonômica dentro do processo, sem qualquer envolvimento com os futuros candidatos e suas campanhas”, ressalta Daniel Assunção. Além dos nove membros de cada comissão, serão eleitos outros nove suplentes. Cada candidato também poderá inscrever um fiscal para atuar no dia da eleição.

Confira Atividade

Data

Hora e Local

Inscrição de Candidatos e Fiscais

Até o dia 11.03.2011

Das 9h às 11h; 14h às 16h e 18h às 20h, nos campi do IFPE

Homologação das Inscrições e Divulgação

14.03.2011

Campi e site

Recursos

15.03.2011

Protocolo dos campi e Site

Campanha Eleitoral

28.03.2011 a 04.04.2011

Campi do IFPE

Eleição da Comissão Eleitoral

06.04.2011

Das 9h às 20h, nos Campi do IFPE

Apuração dos votos

06/04/11

Após o encerramento da eleição, nos campi do IFPE

Totalização dos votos

07.04.2011

Sala dos Conselhos do IFPE

Divulgação dos Resultados

07.04.2011

Campi do IFPE e Site

Recursos

08.04.2011

Das 08h às 19h, no protocolo dos campi

Análise e julgamento dos recursos e

11.04.2011

Protocolo dos campi e Site

13.04.2011

Conselho Superior

divulgação do resultado final Homologação do resultado final

6

Ano VII · Nº 42 · Março de 2011


PROFISSÕES

O segredo do mais concorrido Mercado e pesquisa são parceiros no curso que registrou a maior concorrência do Instituto Carol Falcão

Raquel (de capacete branco) no trabalho de campo: experiência acadêmica é diferencial do curso

Dados do SiSu mostraram que Gestão Ambiental é o curso superior mais concorrido do IFPE. Foram 94 candidatos disputando uma das 80 vagas oferecidas anualmente pela Instituição. Tanta procura está no fato de as questões ambientais ocuparem cada vez mais espaço na agenda política e econômica da sociedade. Segundo o coordenador do curso, Robson Passos, as profissões ligadas a essa área estão em alta. Para ele, existem quatro eixos que fundamentam a atuação do curso: gerenciamento de resíduos sólidos, eficiência energética, educação ambiental e licenciamento ambiental. “Inclusive,

Acontece · Informativo do Instituto Federal de Pernambuco

estamos reformulando o curso para estar em sintonia com essas demandas”, completa. Quem conclui o curso de Gestão Ambiental está apto para atuar em empresas de vários portes, públicas ou privadas. Atualmente, vários egressos trabalham em empresas como Ibama, Instituto Chico Mendes ou CPRH. “Na iniciativa privada, as empresas que atuam em Suape são as que mais absorvem mão de obra”, explica. A gestora ambiental Raquel Sales é um exemplo disso. Concluinte do curso em 2010, ela já estava empregada antes mesmo de se formar. “Venho atuando no mercado e na pesquisa desde o segundo período”, diz. Trabalhos de campo ligados à edu-

cação ambiental, atendimento de procedimento de controle de atividades que causem impacto ambiental são um exemplo das atividades realizadas por Raquel. “O curso prepara o profissional para o mercado de trabalho, mas é preciso ter iniciativa e desenvolver ainda atividades acadêmicas”, ressalta. A carreira acadêmica também é uma opção para quem cursa Gestão Ambiental. Ainda de acordo com Robson, o curso agrega cerca de 60% das bolsas de iniciação científica do IFPE. “A tradição na pesquisa também é um diferencial. Temos professores com uma atividade intensa, que atrai cada vez mais estudantes”, explica o diretor de Educação a Distância, José Bento. O IFPE também oferece o curso na modalidade a distância, com 250 vagas anuais, em cinco pólos, distribuídos nos Estados de Pernambuco, Bahia e Alagoas. Presencial ou a distância, para ser bem sucedido no curso de Gestão Ambiental, é preciso estar antenado com as demandas das empresas e manter-se firme nas questões éticoambientais. “Acredito que um bom profissional não deve nunca perder de vista esse lado. É preciso abraçar a causa ambiental, sem deixar de lado a eficiência”, sentencia Raquel.

7


ENSINO

Com sua licença, as Instituto aumenta sua grade de cursos superiores com a oferta de licenciaturas em várias áreas Juliana Costa

O ano de 2011 começou com novidades no IFPE: os campi de Barreiros, Vitória e Ipojuca ofereceram vagas para o curso de licenciatura em Química, enquanto o campus Belo Jardim ofertou licenciatura em Práticas Interpretativas de Música Popular Brasileira, disponibilizando mais de 100 vagas para os interessados. De acordo com Emely Albuquerque de Souza, coordenadora de Projetos Pedagógicos e de Formação Continuada Docente na Pró-Reitoria de Ensino (PRODEN), a implantação de licenciaturas surge para atender expectativas do próprio Ministério da Educação (MEC) e do atual cenário do mercado de trabalho. “O MEC entende licenciaturas como cursos de excelência e ao ofertá-las também temos a oportunidade de formar profissionais com um novo perfil, que irão atender as necessidades do mercado”, argumenta. Emely também aponta para futuras implantações: “há a previsão de que, ainda no segundo semestre deste ano, licenciatura em Geografia seja ofertada no campus Recife”. Liliana Lira, coordenadora do curso de licenciatura em Química em Barreiros, comemora a oferta do novo curso e justifica: “Segundo dados do MEC, a disciplina de Química está entre as

licenciaturas com maior carência de professores. Esperamos que este seja o primeiro de muitos cursos que serão ainda implantados nessa casa de educação”, diz, empolgada. Primeira – É do campus Pesqueira o mérito de ser o pioneiro das licenciaturas do IFPE. Lá, a licenciatura em Matemática foi oferecida pela primeira vez no primeiro semestre de 2006. A primeira turma, composta por cerca de 28 pessoas, formou-se em fevereiro deste ano. “O curso é encarado como um grande sucesso por todos nós”, garante o professor Mário Monteiro, diretor de Ensino no campus Pesqueira.

Segundo ele, mesmo antes da formatura, a maioria dos estudantes já estava empregada. Mário cita o caso de quatro alunos do curso, aprovados em concurso para docentes do IFPE, como um exemplo prático que comprova a qualidade da licenciatura ofertada. “Em 2008, o curso teve a melhor colocação do Nordeste e obteve a segunda melhor nota individual de Pernambuco no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE). É esse tipo de coisa que nos faz ter boas expectativas, além de trabalharmos para que obtenhamos resultados ainda melhores”, argumenta Mário. Aprender a ensinar é um dos desafios de quem cursa uma licenciatura

EXPEDIENTE Reitor: Sérgio Gaudêncio | Textos: Carol Falcão, Gil Accioly, Hugo Peixoto, Juliana Costa e Patrícia Yara | Revisão: Cláudia Sansil | Diagramação: Adriana Oliveira, Ivandro Galdino e Karoline Nóbrega | Jornalista Responsável: Patrícia Yara (DRT: 2807) | Reprodução: F&A Gráfica e Editora | Tiragem: 3.000 exemplares

8

Ano VII · Nº 42 · Março de 2011


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.