Boletim Consciencia Negra

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Dia Nacional da ConsciĂŞncia Negra 20 de novembro


Dia da Consciência Negra, Valeu Zumbi

N

o próximo dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, é comemorado o Dia Nacional da Consciência Negra, criado primeiro por lei como data do calendário escolar, em 2003. Foi oficialmente instituído como data nacional com a lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. No Rio de Janeiro, Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Roraima é feriado estadual, assim como em centenas de outras cidades que somam mais de 1.400 em todo o país. A data é simbólica na luta de afrodescendentes contra o racismo e desigualdades sociais e valoriza a parcela de 54% da população que se autodeclaram negros ou pardos para o IBGE. O Dia da Consciência Negra foi idealizado pelo poeta, professor e pesquisador gaúcho Oliveira Silveira, um dos fundadores do Grupo Palmares, que reunia militantes e pesquisadores da cultura negra brasileira, em Porto Alegre (RS). Em 1971 ele propôs uma data que comemorasse a tomada de consciência da comunidade negra sobre seu valor e sua contribuição ao país. Escolheu o dia que marca a morte de Zumbi em 1695. Outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial aderiram à ideia encampada pelo e Movimento Negro Unificado ainda nos anos 70 e que foi ganhando adesões. O Rio de Janeiro foi o primeiro município a instituir o feriado, em 1995. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), os negros são os mais atingidos pela desigualdade no país; 2

têm mais dificuldades na evolução de suas carreiras, recebem menores salários e sofrem mais com o assédio moral, de acordo com o Ministério Público do Trabalho. O Atlas da Violência 2017, mostra que a população negra também está mais suscetível a sofrer homicídios. De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. De acordo com o Atlas, os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras etnias. As mulheres negras também sofrem mais com o feminicídio. Entre 2003 e 2013, o número das assassinadas cresceu 54%. Entre as brancas caiu 10% no mesmo período. As negras também são maiores vítimas da violência doméstica: 58,68%, de acordo com informações do Ligue 180 - Central de Atendimento à Mulher, de 2015. Entre os presos, 61,6% são pretos e pardos, segundo o Levantamento Nacional de Informação Penitenciá-

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(Infopen). alcançaremos uma equiparação rial entre negros e brancos em 9, 200 anos depois da abolição escravidão no Brasil. Isso se a gualdade continuar diminuindo no ritmo que está", alerta Kátia Maia, diretora executiva da Oxfam, em entrevista à revista CartaCapital. A crise atingiu com mais intensamente a população negra, que é 63,7% dos desocupados, o que corresponde a 8,3 milhões de pessoas. A taxa de desocupação de pretos e pardos ficou em 14,6% entre os brancos, o índice é 9,9%.

Zumbi dos Palmares –liderança O Quilombo dos Palmares, localizado na região da Serra da Barriga, atual União dos Palmares, em Alagoas, chegou a reunir mais de 30 mil habitantes em onze aglomerados a partir de 1580 aproximadamente. Foi um refúgio de negros escravizados que conseguiam escapar, principalmente, das fazendas de cana de açúcar. Com uma área aproximadamente do tamanho de Portugal, mantinha uma atividade econômica intensa com produção artesanal (cestas, tecidos, cerâmica, metalurgia), caça, pesca, coleta de frutas (manga, jaca, abacate e outras) e com a agricultura (feijão, milho, mandioca, banana, laranja e cana-de-açúcar). Os excedentes eram comercializados com as populações vizinhas. Ganga Zumba foi o primeiro líder do quilombo e permitiu a organização da resistência aos ataques realizados pela coroa portuguesa. Palmares só foi vencido na 18ª expedição militar que enfrentou, esta sob comando do bandeirante Domingos Jorge Velho, contratado pela coroa devido à sua experiencia no extermínio dos indígenas. Contudo, mesmo depois da morte de Zumbi, em suas tropas tiveram grandes dificuldades em vencer as táticas de guerrilha dos quilombolas. O quilombo só teria seu fim logo após a morte de seu líder mais conhecido, Zumbi em 1695 o quilombo ainda sobreviveu até 1710. Zumbi teve sua cabeça cortada e transportada para Recife, onde foi exibida em praça pública.

Dandara

– Era mulher de Zumbi e também lutou com armas em defesa de Palmares. Pouco se sabe de sua história, mas historiadores destacam que ela participava da linha de frente dos combates. Nos últimos anos sua imagem tem sido recuperada como símbolo da permanente presença da mulher negra nos movimentos de libertação no Brasil. Boletim Qualidade de Vida Atitude— número 7—novembro de 2018

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Dicas e orientações Projeto Instagram Um projeto especial do Instagram para o mês da Consciência Negra reuniu em parceria a cantora Ludmilla, a Mc Soffia, Candy Mel (da Banda Uó) e Rafael Mike (do Dream Team do Passinho). O grupo gravou um clipe com a inédita: “Se Gosta, Se Mostra”. A letra de Umberto Tavares fala sobre o empoderamento de negros: “tanta gente lutou para questionar quem falou o que a gente pode ou não pode”, “se vier com ofensa, prazer, somos a resistência”, “já gritamos, será que você ouviu?”. No refrão, Ludmilla canta “vai pro mundo mostrar seu valor, porque a hora é agora, se gosta, se mostra, se sente, se mostra”. https://www.instagram.com/tv/Bp5w32Kg2yx/? utm_source=ig_web_options_share_sheet

Programação—Dia 20—terça-feira Excursão ao Quilombo São José da Serra, festa durante todo o dia. O quilombo fica em Santa Isabel, próximo ao distrito de Conservatória. Para informações e inscrições (R$100,00): (21) 96723-6451 – Clarissa Mello “Terreirão – Consciência e Resistência” - no Terreirão do Samba (Rua Benedito Hipólito, 66 – Centro) - A proposta é celebrar conquistas e fortalecer ações voltadas ao afro empreendedorismo de moda, artesanato, música, literatura, culinária e arte. Samba de raiz, muito funk da antiga, oficina literária, baile charme, desfile de moda afro com as marca. Gratuito; classificação livre. Das 13horas à meia noite. '5 x Favela Agora por Nós Mesmos' - Na RioFilme, a partir das 18h30min. Terceira edição do projeto Cinema nas Casas (Rua das Laranjeiras, 307). Exibição do filme '5 x Favela - Agora por Nós Mesmos'. Lançado em 2010, o filme mostra o cotidiano dos moradores de comunidades cariocas sob o ponto de vista deles próprios. É de graça! Classificação indicativa: 14 anos.

Injúria racial Segundo o Código Penal Brasileiro, ofender a honra de qualquer pessoa com a utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem pode resultar em ação penal por injúria racial. Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado. A denúncia pode ser feita por e-mail (ouvidoria@seppir.gov.br), por telefone (0xx61 2025-7001/ 7002/ 7003 / 7004 / 7005). No Rio funciona o Disque Preconceito: (21) 2334-9550.

Fontes: Geledés, Revista Exame, Revista Carta Capital, Fundação Palmares, Seppir, Instagram, Facebook, http://www.ipea.gov.br/ portal/images/170602_atlas_da_violencia_2017.pdf

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