Revista Essência - Edição 121 - Hospital Santa Catarina Blumenau

Ano 22 Edição 121 ABR•MAI•JUN 2017

AUTISMO: UM UNIVERSO PARTICULAR Entenda como funciona o diagnóstico desse distúrbio que afeta uma em cada 100 crianças

Os impactos do uso de smartphones e tablets na infância PÁG. 06

Hospital inaugura o novo Centro de Oncologia PÁG. 08

Síndrome do viajante PÁG. 20

AMBIENTE HUMANIZADO, ESTRUTURA INTEGRADA E UMA EQUIPE ESPECIALIZADA EM DEIXAR ALGO BEM CLARO: HÁ MUITA VIDA PELA FRENTE.

Com 12 salas de atendimento individualizado. Sala de emergência e sala pediátrica. Equipe médica e estrutura integradas ao HSC Blumenau.

HOSPITAL SANTA CATARINA BLUMENAU

CERTIFICADO nº 0632/001/068 VALIDADE: 09/01/2020

O HSC Blumenau lança seu novo Centro de Oncologia em um espaço totalmente integrado à sua estrutura. Esse novo complexo garante mais conforto, privacidade e toda a segurança que só o apoio de um hospital pode oferecer.

Diretor Técnico: Mário Celso Schmitt - CRMSC:1538 - RQE:1221.

Novo ONCO HSC. Sua vida merece o melhor tratamento.

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EXPEDIENTE

Foto: Luan de Souza

EDITORIAL

HÁ MUITA VIDA PELA FRENTE por Maciel Costa Diretor-Superintendente

O QUE É IMPORTANTE PARA VOCÊ? Qual de todas as suas conquistas é a que merece mais destaque? Para o Hospital, que completa 97 anos de história em junho, todas as suas conquistas são importantes, pois são resultado da dedicação de milhares de colaboradores que passaram pela Instituição desde 1920 e

São esses esforços, essas histórias de superação que nos permitem olhar para trás e dizer: valeu a pena.

ajudaram a construir tudo o que somos hoje.

São esses esforços, essas histórias de superação que nos permitem olhar para trás e dizer: valeu a pena. Valeu a pena todo o investimento nas pessoas, em infraestrutura, em qualidade, em tecnologia. Valeram a pena todas as vezes que recebemos um sorriso ou comentário de agradecimento de pacientes e familiares.

O ONCO HSC é mais um dos exemplos do quanto tem valido a pena.

O Serviço de Oncologia teve início há 20 anos e era apenas uma sala de atendimento. Hoje, com mais de 800m², o Centro de Oncologia conta

A Revista Essência é uma publicação do Hospital Santa Catarina de Blumenau. DiretorSuperintendente: Maciel Costa. Diretor Técnico: Mário Celso Schmitt - CRMSC:1538 - RQE:1221.

Projeto Gráfico: Seven Comunicação Total.

Jornalista Responsável: Fabiane Moraes SC 4152.

Foto de Capa: Banco de Imagem. Redação: Rua Amazonas, 301, Bairro Garcia, Blumenau – SC, CEP 89020-900, tel.: (47) 3036-6034, e-mail: fabiane.moraes@hsc.com.br. Conselho Editorial: Maciel Costa, Ernandi D. S. Palmeira, Maurício de Andrade, Mário Celso Schmitt, Genemir Raduenz, Sirlete Aparecida Leite Krug, Eduarda Prawucki.

Anúncios: Fabiane Moraes, tel.: (47) 3036-6034, e-mail: fabiane.moraes@hsc.com.br. Impressão: Tipotil Gráfica e Editora Ltda. Tiragem: 3 mil exemplares. A Redação não se responsabiliza pelos conceitos emitidos em artigos assinados.

REVISTA ESSÊNCIA E VOCÊ Indique uma pauta ou solicite gratuitamente a revista pelo e-mail: fabiane.moraes@hsc.com.br.

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NESTA EDIÇÃO 05 • COM LEVEZA Chocolate é mesmo tudo igual?

06 • EM QUESTÃO Os impactos do uso de smartphones e tablets na infância

08 • EM QUESTÃO

Hospital inaugura o novo Centro de Oncologia

10 • EM QUESTÃO

Seja o herói da história: mantenha as mãos limpas e livre-se dos vilões

12 • CAPA

Autismo: um universo particular

16 • DIÁLOGO ABERTO Com Dr. Otmar Steiner

com 12 salas de atendimento individual, 4 consultórios, 1 sala de emergência, 1 Centro de Infusões, a infraestrutura integrada ao Hospital Santa Catarina de Blumenau e algo essencial: uma equipe preparada para mostrar que há muita vida pela frente.

Afinal, sua vida merece o melhor tratamento.

18 • INTERNAS 20 • ARTIGO Síndrome do viajante

22 • CRÔNICA Balão Mágico

05 COM LEVEZA

CHOCOLATE É MESMO TUDO IGUAL? por Eduarda Prawucki

75% dos brasileiros - Esse é o percentual de pessoas que consomem chocolate no Brasil, segundo pesquisa realizada pelo IBOPE. Se você é daqueles que não foge dessa estatística, o que você leva em consideração na hora de escolher o chocolate? Gosto, calorias, embalagem - você realmente conhece os tipos de chocolate? Entenda um pouco mais sobre cada tipo de chocolate e saiba como escolher a melhor opção.

Chocolate diet: é indicado para os diabéticos, pois não possui sacarose, que é o açúcar de fato. Mas, atenção: para igualar seu sabor ao do chocolate tradicional, os fabricantes adicionam mais gordura, por isso ele pode ser mais calórico.

Chocolate amargo: a concentração de cacau é alta – geralmente acima de 50% - feito basicamente de manteiga de cacau, massa de cacau e açúcar. Esse tipo é considerado o mais puro de todos, pois quanto maior a porcentagem de cacau, menos manteiga de cacau e menos açúcar. Por isso ele é mais amargo.

Chocolate ao leite: basicamente seus ingredientes são os mesmos do amargo, porém o teor de cacau é mais baixo, dando espaço ao leite condensado e, às vezes, ao leite em pó.

Chocolate branco: sua composição leva somente a gordura do cacau - a chamada manteiga de cacau, além de mais açúcar e gordura que os demais. Isso faz dele a opção menos nutritiva.

Alfarroba: uma opção para as pessoas que gostam de chocolate, mas que não querem abrir mãos de hábitos saudáveis. Utilizada para substituir o cacau, tem praticamente o mesmo sabor que o chocolate tradicional e é naturalmente doce. É uma ótima opção para satisfazer a vontade de comer chocolate, ingerindo mais nutrientes.

06 EM QUESTÃO

OS IMPACTOS DO USO DE SMARTPHONES E TABLETS NA INFÂNCIA por Fabiane Moraes

07 EM QUESTÃO

O uso diário de smartphones e tablets pode prejudicar o sono de bebês e crianças, revela estudo publicado no periódico Scientific Reports. Segundo os pesquisadores, crianças que passam horas brincando com os dispositivos dormem menos do que as crianças que não interagem com a tecnologia.

O estudo indica que cada hora que as crianças entre seis meses e três anos passam usando aparelhos eletrônicos de toque está relacionada com 15 minutos a menos de sono.

Segundo o pediatra do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Dr. Marcelo Andre Klitzke, como o sono é um fator importante para o desenvolvimento cognitivo, o estudo aponta para um hábito preocupante e muito comum nos dias de hoje. “Esses resultados indicam que a popularidade e a acessibilidade dos dispositivos com tecnologia touchscreen (aparelhos controlados pelo toque) elevaram o número de crianças e pais que fazem ou permitem o uso dessas ferramentas e isso, consequentemente, começou interferir no dia a dia das crianças”, destaca.

Os dados apontaram que as crianças que passavam mais tempo utilizando os aparelhos dormiam menos à noite e tinham um total de horas de sono menor do que a média, mesmo dormindo mais durante o dia. Outro ponto importante destacado durante a pesquisa é que as crianças que faziam uso dos dispositivos com mais frequência demoravam mais para pegar no sono.

Mas, calma, não há motivo para pânico. Segundo o pediatra, essa mesma pesquisa revelou que brincar com esse tipo de tecnologia ajuda a desenvolver habilidades motoras mais rapidamente. “Por isso, antes de restringir totalmente o uso de aparelhos touchscreen, precisamos compreender melhor como usar essa tecnologia a nosso favor, maximizando os benefícios e minimizando qualquer consequência negativa para as crianças”, aponta o pediatra.

Para Dr. Marcelo, enquanto as pesquisas sobre o assunto não avançam, o segredo é o bom senso.

“No momento, o melhor é impor limites para o uso das tecnologias, assegurar que o conteúdo seja adequado para a idade e evitar a utilização nas horas antes de dormir”, aconselha.

PESQUISA: O estudo foi conduzido pela Birkbeck, que faz parte da Universidade de Londres, com 715 pais de crianças entre seis meses e três anos de idade. O questionamento que norteou a pesquisa foi a frequência com a qual os bebês brincavam com smartphones e tablets e também detalhes do padrão de sono das crianças. Concluiu-se que 75% das crianças usavam os aparelhos diariamente; essa porcentagem era de 51% entre crianças de seis e 11 meses, e de 97% entre crianças de 25 e 36 meses de idade.

08

Foto: Casa4Centos

EM QUESTÃO

HOSPITAL INAUGURA O NOVO CENTRO DE ONCOLOGIA por Fabiane Moraes

O Hospital Santa Catarina de Blumenau inaugurou, no dia 18 de abril, o novo Centro de Oncologia − o ONCO HSC. Com mais de 800m², o serviço conta com 12 salas de atendimento individual, 4 consultórios integrados para atendimento, 1 sala de emergência e toda a infraestrutura integrada do Hospital Santa Catarina de Blumenau.

O ONCO HSC é o único Centro de Oncologia do estado que possui uma sala de emergência equipada com desfibrilação, foco cirúrgico móvel e monitor cardíaco, além de uma sala para atendimento pediátrico e uma estrutura especializada para terapia assistida (Centro de Infusões).

A nova estrutura totalizou um investimento de mais de R$ 5 milhões e tem capacidade para atender 500 pacientes por mês – o dobro da atual capacidade.

A equipe do novo ONCO HSC é composta por médicos oncologistas clínicos, hematologistas, reumatologistas, hemato-oncologistas pediátricos, psicólogo, farmacêutico, nutricionista, enfermeiro, assistente espiritual e suporte administrativo, o que permite maior segurança no atendimento aos pacientes, reforçando a missão do HSC Blumenau que é: “Cuidar da saúde com excelência e de forma integrada, contribuindo com a melhora da qualidade de vida.”.

A obra faz parte do Plano Diretor do Hospital e reúne todas as tendências de humanização e determinações da Vigilância Sanitária, oferecendo mais privacidade e bem-estar aos pacientes.

Foto: Casa4Centos

09 EM QUESTÃO

Cuidar da saúde com excelência e de forma integrada, contribuindo com a melhora da qualidade de vida.

10 EM QUESTÃO

SEJA O HERÓI DA HISTÓRIA: MANTENHA AS MÃOS LIMPAS E LIVRE-SE DOS VILÕES por Fabiane Moraes

Príncipes, princesas, vilões e heróis, a infância está repleta desses personagens e da magia que os cercam. A vida real, embora não seja tão emocionante quanto nos contos de fada, também está cheia de heróis – e você pode e deve ser um deles.

Na sua casa, na rua, no cinema ou nos supermercados, os vírus, fungos e bactérias estão por toda parte. Todos os lugares que frequentamos estão cheios desses indesejáveis microrganismos. A começar pelas nossas mãos, que são responsáveis pela transmissão de mais de 80% das doenças infecciosas – principalmente aquelas viroses que surgem de repente – e é aí que entra você, caro leitor, o herói da história.

Higienizar as mãos, algo aparentemente básico, é, na verdade, um ato capaz de prevenir inúmeras doenças e salvar milhares de vidas. “O álcool em gel ou a boa e velha dupla: água e sabão são muito eficazes quando o assunto é livrar-se dos microrganismos”, destaca a coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde do Hospital Santa Catarina de Blumenau, a enfermeira Caroline Lazzarini.

11 EM QUESTÃO

Há 26 anos a Bucco Assessoria e CUIDADO REDOBRADO Nos Hospitais, esse cuidado deve ser redobrado. E é isso que faz com que esse assunto seja pauta frequente aqui no Hospital. “A higiene das mãos é considerada um dos atos mais importantes para diminuir os índices de infecção hospitalar”, adverte.

Lazzarini estima que, no mundo inteiro, a higienização das mãos ocorra em apenas 40% das oportunidades, segundo estudos registrados. “Esses dados demonstram que a adesão à higienização correta das mãos ainda é um desafio no controle de infecção, é por isso que investimos tanto em ações de conscientização”, avalia.

Para incentivar e melhorar cada vez mais a prática à adesão, o Hospital promove diversas ações reforçando para suas equipes a importância do assunto. “Além do Desafio Global de Higienização das Mãos, que faz parte do calendário anual do Hospital, mensalmente são mensurados indicadores relacionados à adesão à higienização das mãos, conforme Protocolo Integrante do Programa Nacional de Segurança do Paciente.

Esses indicadores são discutidos e analisados continuamente e, sempre que necessário, são elaborados planos de ações que contemplem a melhoria do processo e a segurança do paciente”, destaca Lazzarini.

Engenharia tem como propósito, desempenhar o seu trabalho através da Engenharia e da Arquitetura, buscando encantar nosso cliente.

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CONFIRA OS CINCO MOMENTOS PARA HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS NAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE: 1.

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Antes do contato com o paciente; Antes da realização de procedimento asséptico; Após risco de exposição aos fluidos corporais; Após contato com o paciente; Após contato com as áreas próximas ao paciente.

bucco.com.br Fonte: Organização Mundial de Saúde

/buccoengenharia

Av. Martin Luther, 111 – Sala 305 Centro – Blumenau/ SC FONE: (47) 3340-4995

12 CAPA

AUTISMO: UM UNIVERSO PARTICULAR Entenda como funciona o diagnóstico desse distúrbio que afeta uma em cada 100 crianças. por Fabiane Moraes

13 CAPA

Autismo: você já ouviu falar? Um transtorno de desenvolvimento que prejudica a capacidade de se comunicar e interagir. Com causas ainda desconhecidas, o Transtorno do Espectro Autista (TEA), popularmente chamado de Autismo, desafia a ciência e é cada vez mais comum entre as crianças. Especialistas calculam que o distúrbio afeta cerca de 1% das crianças – 1 a cada 100.

De acordo com a neuropediatra do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Dra. Lúcia Ribeiro Machado Haertel, o autismo é um transtorno de neurodesenvolvimento que, geralmente, aparece nos dois primeiros anos de vida e compromete as habilidades de comunicação e interação social. “Crianças com o transtorno podem já demonstrar sinais no primeiro ano de vida: elas não mantêm contato visual efetivo, não olham quando você chama e, a partir dos 12 meses, por exemplo, também não apontam com o dedinho para os objetos”, explica.

Segundo a médica, o diagnóstico é clínico, baseado na observação direta do comportamento da criança e de uma entrevista com os pais ou responsáveis. “Os sinais costumam estar presentes antes dos 2 anos de idade, sendo possível diagnosticá-los por volta dos 18 meses ou mais tardiamente nos casos mais leves”, destaca.

14 CAPA

COMO E QUANDO O AUTISMO SE MANIFESTA? O autismo se instala nos dois primeiros anos de vida, quando o cérebro está passando por mudanças significativas em sua organização sináptica e acaba seguindo um padrão atípico de desenvolvimento. Embora o transtorno não tenha cura, quando demora para ser reconhecido, esses neurônios não são estimulados na hora certa, e a criança tem sua capacidade de desenvolvimento reduzida. “A demora em identificar o transtorno dificulta o tratamento, agrava os sintomas e traz mais sofrimento para as famílias”, aponta a neuropediatra.

Algumas características podem ajudar a identificar o problema. “Não sorrir em resposta a interação, não ter interesse por outras crianças, não responder com estímulos quando é chamada pelo nome são apenas alguns dos sintomas”, enfatiza Dra. Lúcia.

As crianças com autismo tendem a se isolar.

Elas não participam de brincadeiras coletivas, evitam o contato físico, sentem-se desconfortáveis com o carinho e não conseguem brincar de esconder o rosto, de faz de conta ou de imitar adultos.

A relação com os objetos - brinquedos – também é bem diferente do esperado. A criança que sofre com o transtorno utiliza os objetos de uma forma muito particular.

Ela pode passar horas brincando de girar as rodinhas do carrinho, por exemplo.

“Conduzir os pais e/ou responsáveis até o objeto de desejo ao invés de apontar o dedo é outra característica marcante”, completa Dra. Lúcia.

OS BENEFÍCIOS DO DIAGNÓSTICO PRECOCE O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento do transtorno. Habitualmente, esse diagnóstico não é fechado antes dos 3 anos de idade, o que dificulta que os terapeutas consigam reduzir os prejuízos para os pacientes. Segundo a neurologista, essa investigação é complexa e envolve uma série de etapas: observação

A demora em identificar o transtorno dificulta o tratamento, agrava os sintomas e traz mais sofrimento

para as famílias.

de sinais comuns do transtorno; exames neurológicos e cognitivos; avaliações de fala e audição; testes genéticos. “O questionário M-CHAT é uma das ferramentas que ajudam os pediatras a identificar sinais do espectro autista entre crianças de 18 a 24 meses de vida e encaminhá-las precocemente ao especialista”, ressalta.

Compreender o autismo pode ajudar os professores e os pais e responsáveis a trabalharem as áreas de desafio. De acordo com a Dra. Lúcia, a intervenção e o tratamento precoce podem melhorar o desenvolvimento de uma criança, independentemente do nível de

15 CAPA

gravidade do autismo. “As características essenciais do transtorno do espectro autista são prejuízo persistente na comunicação social recíproca e na interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Esses sintomas estão presentes desde o início da infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário”, cita.

Para a neuropediatra, o estágio em que o prejuízo funcional fica evidente varia de acordo com as características do paciente e do ambiente. “Manifestações do transtorno também variam muito, dependendo da gravidade da condição autista, do nível de desenvolvimento e da idade cronológica”, acrescenta.

Hoje, o termo “transtorno do espectro autista” engloba transtornos antes chamados de autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de Asperger.

FATORES DE RISCO: QUAIS SÃO ELES? Atualmente o autismo é considerado predominantemente genético com herança poligênica, ou seja, quando vários pares de genes interagem para determinar uma característica, cada um com efeito aditivo sobre o outro.

Conforme a neuropediatra, além da genética, alguns fatores ambientais também podem estar associados, como a prematuridade e o baixo peso ao nascer.

O PODER DO TRATAMENTO DIRECIONADO Como vimos até aqui, ainda não existe cura para autismo, porém um programa de tratamento precoce, intensivo e apropriado melhora muito a perspectiva das crianças com o transtorno.

Para a neuropediatra, o principal objetivo do tratamento é trabalhar as habilidades sociais e comunicativas da criança por meio de uma programação estruturada de atividades construtivas. “O tratamento que tem mais êxito é o que é direcionado às necessidades específicas da criança. Um especialista ou uma equipe experiente deve desenvolver o programa para cada criança”, aponta.

Há várias terapias disponíveis para tratar problemas sociais, de comunicação e de comportamento que estejam relacionados ao autismo. Alguns focam na redução de problemas comportamentais e na aprendizagem de novas habilidades. Outros procuram ensinar às crianças como agir em determinadas situações sociais e como se comunicar. “Os medicamentos utilizados durante o tratamento não têm como objetivo tratar o transtorno, mas sim os problemas associados a ele, como agressividade, ansiedade, problemas de atenção, compulsões extremas, hiperatividade, impulsividade, irritabilidade, alterações de humor, surtos, dificuldade para dormir”, assegura.

O caminho para o tratamento mais assertivo é a persistência e a união de esforços em prol do desenvolvimento da criança.

16 DIÁLOGO ABERTO

com

DR. OTMAR STEINER Diretor-clínico do HSC Blumenau

QUEM É DR. OTMAR STEINER? FALE-NOS UM POUCO SOBRE A SUA TRAJETÓRIA. Nasci em Forquilhinha, no sul do Estado. Vim para Blumenau aos 16 anos, interno no Colégio Santo Antônio, hoje Bom Jesus, onde meu irmão, Frei Wilson, era diretor. Terminado o 2º Grau, cursei Medicina na Universidade Federal de Santa Catarina. No 6º ano, acabei fazendo o internato no Hospital Santa Catarina de Blumenau. Conheci o Serviço de Psiquiatria do nosso Hospital, e o seu titular e grande amigo, Dr. Hercílio, foi quem me incentivou a fazer Psiquiatria. Já vinha de estágios em Psiquiatria em Florianópolis, tomando gosto pela especialidade. A residência aconteceu no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Retornei a Blumenau e, desde 1978, faço parte do Corpo Clínico deste Hospital e parte da equipe do Serviço de Psiquiatria, junto com Dr. Hercílio, Dra. Vera e uma equipe toda com a qual temos muito orgulho de trabalhar. No Rio, conheci Helena com quem estou casado e tenho 3 fi lhos, sendo a fi lha mais velha também psiquiatra (psicogeriatra). Sou professor de Psiquiatria no curso de Medicina desde 1995. Cursei mestrado em Saúde Coletiva pela FURB, em 2015.

AO LONGO DOS ANOS, QUAIS OS SEUS MAIORES DESAFIOS? O maior desafio, penso que seja o desafio de todos os médicos que prezam sua profissão: manter-se atento à qualidade do serviço oferecido aos pacientes. “Virar” professor também foi desafiador. A primeira gestão como diretor-clínico aconteceu num momento complexo da relação entre o Corpo Clínico e a Administração e exigiu muito esforço e habilidade. Criar um serviço de Residência em Psiquiatria foi outro grande desafio e, graças à contribuição de todas as pessoas envolvidas, está indo muito bem e tem sido reconhecido pela qualidade.

Voltar à direção do Corpo Clínico, respaldado por uma votação significativa, deu-se pela vontade de me integrar mais com os colegas e contribuir para reunir o Corpo Clínico em torno de um projeto maior: o crescimento quantitativo do Hospital com grande preocupação na qualidade dos serviços oferecidos à população e a promoção de um contexto de trabalho de harmonia, em que cada profissional possa sentir-se bem nas atividades que vai desenvolver.

Foto: Luan de Souza

QUAL O MOTIVO DE TER ACEITADO MAIS ESSE DESAFIO EM SUA VIDA?

17 DIÁLOGO ABERTO

PARA O SENHOR, QUAL A COMPETÊNCIA MAIS IMPORTANTE QUE UM DIRETOR-CLÍNICO PRECISA TER E POR QUÊ?

Acho que a minha especialidade exige do profissional capacidade de escuta atenta, habilidade para compreender e, posteriormente, ajudar a pessoa a compreender o que acontece com ela. Administrar confl itos vai muito além da argumentação sobre os aspectos objetivos. Os sentimentos e as emoções podem facilitar como também podem comprometer os desfechos no trato com os confl itos. Ajudar a transformar as diferenças que se opõem em novas oportunidades de soluções é uma das competências mais importantes de um diretor-clínico.

LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO ESSE MOMENTO DE GRANDES INVESTIMENTOS QUE O HOSPITAL ESTÁ VIVENDO, QUAIS SÃO OS SEUS PLANOS COMO DIRETOR-CLÍNICO? O Hospital tem sido muito corajoso no investimento da expansão de sua área física, de setores de internação como a C3, do Serviço de Oncologia e de investimentos na qualidade dos serviços oferecidos. Penso que podemos e devemos avançar cada vez mais em melhorias de nossos serviços, seja por inovação tecnológica, conhecimento científico atualizado e sempre com qualidade na relação médico-paciente. Devemos incrementar ações que visem aumentar a produção científica. Os serviços de residência, em conjunto com os profissionais habilitados em pesquisa, podem mudar o conceito do Hospital Santa Catarina de Blumenau também como um centro de pesquisa.

18 INTERNAS

CERIMÔNIA OFICIALIZA HSC BLUMENAU COMO NOVO MEMBRO ASSOCIADO TITULAR ANAHP

Foto: Arquivo Anahp

por Fabiane Moraes

No dia 30 de março, o HSC Blumenau recebeu a placa de Membro Associado Titular da ANAHP, durante a cerimônia de entrega de placas realizada em Foz do Iguaçu (PR), no 15º Encontro de Líderes.

A placa foi entregue ao diretor-superintendente, Maciel Costa, que juntamente com o diretor de Operações, Genemir Raduenz, representou o Hospital em mais essa conquista.

A categoria de Membro Associado Titular da ANAHP é concedida somente aos Hospitais que possuem acreditação de excelência - ONA Nível III ou outras acreditações internacionais. Aos hospitais que ainda não possuem a acreditação ONA Nível III é reservada a categoria de Hospital Associado, titulação que o HSC Blumenau mantinha até o ano passado.

Além do Hospital Santa Catarina de Blumenau, outros 61 hospitais levam o título de Membro Associado Titular da ANAHP, entre eles, os hospitais: Israelita

Albert Einstein, Alemão Oswaldo Cruz, Samaritano e Sírio-Libanês.

A ANAHP A ANAHP - Associação Nacional dos Hospitais Privados foi criada em maio de 2011 para defender os interesses e as necessidades do setor, visando expandir as melhorias alcançadas pelas instituições privadas para além de fronteiras da Saúde Suplementar, favorecendo a todos os brasileiros.

15° ENCONTRO DE LÍDERES O momento econômico do Brasil, a ética e o planejamento estratégico da ANAHP foram alguns dos assuntos discutidos durante o evento que reuniu representantes de diversos hospitais do país.

19 INTERNAS

Fotos: Luan de Souza

HSC BLUMENAU INVESTE NA REVITALIZAÇÃO DA UTI GERAL

Tecnologia de ponta, colaboradores capacitados e uma Unidade de Terapia Intensiva revitalizada. É isso que os pacientes e familiares que precisarem dos serviços do Hospital Santa Catarina de Blumenau vão encontrar.

De acordo com a supervisora do CTI Adulto, Soraya Bachmann Sousa, o objetivo da reforma é oferecer aos pacientes e familiares um ambiente mais humanizado. “Foram menos de 30 dias para entregar aos pacientes um ambiente novinho em folha.

A nova UTI foi entregue no final do mês de março”, destacou.

Além da pintura das paredes e do piso (uma manta), que deixou o ambiente muito mais acolhedor, o Hospital investiu em um Posto de Enfermagem, um aparelho de reabilitação, móveis e leitos novos.

“O projeto ainda contempla um vestiário masculino e a reforma do vestiário feminino”, destaca a supervisora.

20 ARTIGO

SÍNDROME DO VIAJANTE Por Dr. Amaury Mielle – médico infectologista

O mundo vem se tornando cada vez menor. A globalização permite que o deslocamento das pessoas ocorra de modo muito mais rápido e facilitado. Na Europa, por exemplo, estima-se que, em 2030, cerca de 1.8 bilhão de turistas deve desembarcar por ano, oriundos dos mais diversos países. Em 2013, chegaram aos países europeus cerca de 563 milhões de pessoas. Outros continentes também tiveram aumento no número de viajantes: Ásia (+14%), Américas (+6%) e África (+3%).

21 ARTIGO

Os viajantes podem estar expostos a uma ampla diversidade de agentes infecciosos, especialmente quando viajam para países tropicais. Infecções adquiridas durante as viagens desempenham um papel fundamental na globalização das infecções (exemplo recente foi visto com a gripe H1N1 e mais atualmente com o vírus Ebola).

O viajante pode introduzir um novo patógeno em uma nova área geográfica ou nicho ecológico - como a transmissão do vírus Chikungunya na Europa e no Brasil.

A medicina do viajante hoje se ocupa com a prevenção, aconselhamento e tratamento das doenças relacionadas à exposição do paciente. É uma especialidade em crescimento e envolve abordagem epidemiológica, avaliação pré-viagem, imunizações, quimioprofilaxia e tratamento.

Um trabalho recentemente publicado mostra o perfil dessa especialidade. Esse estudo foi realizado com 32.136 pacientes avaliados na EuroTravNet Clinics, durante 5 anos (2008–2012), em que 10.109 viajantes (todos europeus) adquiriam infecções provenientes da África sub-Sahara, 4.577 do sudeste da Ásia, 4.027 da Ásia Central e 2.540 da América do Sul. A maioria viajou a turismo (51%) ou para visitar parentes (14%).

As doenças com maior predominância foram: malária, diarreia aguda, síndrome viral sem exantema, diarreia crônica, diarreia bacteriana aguda, dengue e giardíase. A diarreia do viajante tem extrema frequência e importância. A primeira descrição da síndrome data de mais de 50 anos. A relação com um dos principais agentes etiológicos, no entanto, a E.coli enterotoxigênica, foi descrita cerca de 10 anos depois. A incidência em viagens com duração média de duas semanas permanece entre 10% a 40%, dependendo do destino e das características clínicas do viajante.

Estima-se que ocorra, no mínimo, um episódio de diarreia em 40% a 50% dos viajantes durante a sua permanência no país de destino por influência de diversos fatores. O local de destino tem uma im-

portância fundamental no risco de adquirir a doença, e três áreas geográficas com riscos diferentes são descritas.

Regiões de baixo risco (incidência de menos de 8%) para uma estadia média de duas semanas incluem a região central e norte da Europa, Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália. Regiões com risco intermediário (entre 8% e 20%) englobam as regiões sudeste e oeste da Europa, Rússia, China, Israel, Caribe e África do Sul. As áreas com maior risco (20% a 90% ) são Ásia, América Central e do Sul e África.

A duração de permanência também é importante como fator de risco. A possibilidade de contrair a diarreia é maior na primeira semana e declina a partir daí. Algumas características do estilo da viagem também são relevantes. Pessoas que viajam como mochileiros ou com menor poder aquisitivo têm maior risco. Esses fatores podem ser explicados pelo consumo de alimentos adquiridos em vendedores de rua, tipo de acomodação, entre outros.

O quadro clínico é extremamente variável indo de episódios diarreicos com fezes líquidas de pouca frequência até a disenteria grave. Quando ocorre invasão do patógeno na mucosa intestinal, geralmente existem manifestações sistêmicas com febre, queda do estado geral e fezes sanguinolentas.

Episódios de fezes diarreicas com frequência de 10 x ou mais em 24 horas são relatados.

Orientações para prevenção

Aconselhamento sobre o consumo de alimentação e bebidas potencialmente de risco devem ser discutidos previamente. Porém nem sempre são suficientes para a prevenção, pois condições locais sanitárias podem interferir na contaminação dos alimentos. De um modo em geral, as enterobactérias são destruídas em cozimentos a 100°C, e a maioria das comidas servidas a 60°C são seguras. Alimentos crus e água não fervida (cuidado especial com cubos de gelo) ainda constituem importante fonte de contaminação. Torne sua viagem mais segura. Avalie com um profissional os riscos relacionados ao destino e como preveni-los.

22 CRÔNICA

Foto: Marion Rupp

BALÃO MÁGICO por Dr. Cezar Zillig Médico Neurocirurgião

Em 1993, visitando um grande amigo e colega que tenho na Alemanha, passamos alguns dias na casa de campo da sua família situada às margens da re-

mesma hora, decidi entrar na brincadeira e preparar-lhes uma surpresa. Remeti o dito cujo aqui de Blumenau.

Algum tempo depois, toca o tele-

mos uma carta da Sra. Anette Bunte, mãe das crianças, descrevendo sua simpática família e contando que a firma Kraft & Kahlhöfer resolveu salomonica-

presa Edersee no estado de Hesse, aproximadamente no centro do país.

A casa tem vista para o lago da represa e, ao longe, o castelo Waldeck domina a região. Na década de setenta, havíamos passado alguns dias ali. Nas duas ocasiões, eu era acometido pela estranha sensação de estar sendo vigiado, ou protegido, pelos olhos do senhor feudal encastelado lá em cima. Provavelmente essa era a sensação que, por mais de mil anos, gerações e gerações de súditos sentiram.

Saímos para um passeio pelo Parque Nacional Kellerwald-Edersee, situado nas proximidades. Mesmo entretido em boa conversa, durante a caminhada, notei um objeto amarelo no meio da mata.

Mata que lá é mais aberta e rala do que o denso sub-bosque a que estamos habituados por aqui. Curioso, fui conferir. Era um desses balões de festinha de criança.

Havia um cartãozinho preso nele com o nome de Alexander e Carolin. Pedia-se a gentileza de se enviar o dito cartão informando onde fora encontrado. Na

fone, e minha mulher atende. Na outra ponta da linha, falavam alemão e se surpreenderam ao se verem entendidos.

Eram funcionários da firma Kraft & Kahlhöfer, fabricantes dos tais balões. Necessitavam saber - com certeza - como o balãozinho tinha ido parar no Brasil, pois eles haviam promovido uma competição entre as crianças. O balão que percorresse a maior distância ganharia como premio um livro. Era bem pouco provável que o balãozinho do Alexander e Carolin tivesse chegado ao Vale do Itajaí por seus próprios meios, obra de alguma desconhecida corrente estratosférica soprando diretamente da Alemanha para a colônia do Dr. Blumenau.

A animada conversa foi em meio a risos e gargalhadas de lado a lado. Na Alemanha, a ligação estava no viva-voz para que todos conhecessem o fim do intrigante mistério. Riam a valer, principalmente ao saberem que o balãozinho tinha sido achado perto do Edersee, um dos balões com o pior desempenho.

Não muito tempo depois, recebe-

mente premiar todas as crianças com um livro.

Com um pouco mais de sorte, o singelo balãozinho do Alexander e da Carolin poderá patrocinar ainda mais emoções e novas alegrias. Faremos um novo experimento para ver se o balãozinho, capaz de ir tão longe no espaço conectando pessoas em diferentes continentes, tem a virtude de se deslocar no tempo e empolgar novamente as mesmas pessoas, agora em outro século.

Assim que esta crônica estiver publicada na Essência, três exemplares da revista serão enviados para o antigo endereço em Korbach-Rhena. Um para o Alexander, hoje com 28 anos, e outro para a Carolin, certamente uma bela jovem de 26 anos.

O terceiro se destinará a firma Kraft & Kahlhöfer por ter criado este balão mágico capaz de percorrer enormes distâncias tanto no espaço quanto no tempo.