Hell Divine Nº18 - Março 2014

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E ditorial

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EQUIPE

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ENTREVISTas

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melhores do ano

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Nota do Editor Chefe.

Indice

Conheça quem faz a Hell Divine.

Dark Tranquillity, Suprema, Zombie Cookbook, Fanttasma, Omfalos, Forka, Imperious Malevolence, Grog e Statik Matik

Os melhores lançamentos de 2013 eleitos pela revista.

RESENHAS

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covering sickness

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divine deathmatch

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LIVE SHIT

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Diversas avaliações da revista pra você acompanhar.

Entrevista com Gustavo Sazes, um monstro das artes.

Veja a análise da revista sobre os útimos laçamentos para PC, PS3 e XBOX360.

Resenhas dos últimos shows no Brasil.

UPCOMING STORM

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Conheça as bandas que estão surgindo.

MOMENTO WTF

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Bizarrices do mundo do rock.

E quipe

Sabe aquela música ridícula do Falamansa, “Ha Ha Ha, mas eu to rindo à toa”? Pois é, assim que me sinto nesse momento. Uma ótima fase em que a Hell Divine vive, comemorando três anos de muito trabalho, mas de grandes recompensas! Como a gente ralou nessas quase vinte edições! Muita dor de cabeça, decepções, comemorações e principalmente muitos amigos feitos nessa jornada! Tem gente que ainda acha que vivemos da revista, que ganhamos dinheiro com esse trabalho... Nenhum de nós ganha absolutamente nada com a HD. Fazemos tudo por amor, por dedicação a algo que acreditamos, por poder nos sentir parte integrante desse monstro descontrolado que é o Heavy Metal brasileiro. Não sei dizer se somos relevantes ou se faremos falta quando resolvermos encerrar as atividades um dia, mas hoje posso dizer que estamos extremamente felizes de onde chegamos! Não preparamos nada de especial para essa edição, metemos ficha e continuamos a entregar o que fazemos de melhor! De diferente temos a lista dos melhores do ano da nossa equipe (um “pouco” atrasada, mas tá valendo!) e algumas mudanças no time, em breve conhecerão os novos colaboradores! Já bolamos alguns planos estratégicos para mudanças no nosso conteúdo, bem como a impressão de uma edição especial! Pra quem nos acompanha, provavelmente teremos o terceiro encontro anual da Hell Divine em SP no mês de maio, portanto fiquem de olho na nossa fan page para mais detalhes. Para aqueles que sempre reclamam (sem razão) de que não damos atenção para o Metal Nacional, essa edição está recheada! O ano mal começou e os grandes lançamentos já estão pipocando! Pelo visto será mais um ano fantástico para o Metal mundial! Vou finalizar agradecendo a cada um de vocês, que nos dão uma força enorme para continuar, seja direta ou indiretamente! Bota lenha, pois o fogo do submundo continuará queimando! GO TO HELL!!

Editorial

Editor Chefe: Pedro Humangous Redatores: Augusto Hunter e Yuri Azaghal Designer: Ricardo Thomaz Publicidade: Maicon Leite Revisão: Fernanda Cunha Web Designer: William Vilela Colaboradores: Christiano K.O.D.A, Marcos Garcia, Júnior Frascá, Vitor Franceschini e João Messias Jr. Envio de Material: Rua Alecrim, Lote 4, Ap. 1301 Ed. Mirante das Águas - Águas Claras Brasília/DF CEP: 71.909-360 Colaboraram nessa edição: Luiz Ribeiro, Marcelo Beckenkamp e Raphael Arízio.

Por Pedro Humangous.

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e ntrevista a d a c i f i t r o f construcao

, uma das o, o Dark Tranquillity ad ss pa o an no os ad eira complet mês de janeiro para no il as Br ao Com 20 anos de carr io ve , al te-papo, o Melodic Death Met ”. Nesse pequeno ba ct ru precursoras do estil st on “C o ad as ul tit vo álbum in acontecimentos dess ns gu al e br so divulgar seu mais no a nt co ulo. rrista da banda nos passagem em São Pa a nd Niklas Sundin, guita gu se a su ra pa pectativas duas décadas e as ex

Po r Lu iz Ri be ir o

HELL DIVINE: Em 2013, vocês completaram vinte anos de carreira desde o lançamento do “Skydancer” e, em minha opinião, o último lançamento da banda “Construct” é um grande resumo do que a banda já fez nessas duas décadas. Você concorda com isso? NIKLAS SUNDIN: De certa forma, acho que concordo. “Construct” tem 4

elementos da maioria das fases da nossa carreira, além de também incluir algumas coisas novas e experimentações. Nós nunca nos propusemos a fazer um álbum como se fosse um tributo a nossa carreira ou qualquer coisa do tipo, mas muitas outras pessoas estão com a mesma opinião que a sua, então deve haver algum motivo para isso.


HELL DIVINE: Desde 2004, vocês vêm dando bastante ênfase para o lançamento de alguns EP’s em que muitos classificam como caça-níqueis. Eu já vejo de forma diferente, como um agrado aos fãs. Qual sua opinião sobre esse assunto? A gravadora influencia nesse processo? NIKLAS SUNDIN: Hmm... É geralmente uma questão de termos sempre muitas musicas prontas quando entramos no estúdio para gravar um álbum. Por várias razões, é muito difícil colocar mais do que 11 ou 12 músicas em um disco. Assim, lançar um EP sempre é uma boa forma de fazer algumas dessas músicas não perderem seu valor. Além disso, estamos obrigados a fornecer faixas bônus para algumas áreas do mundo. Em outras palavras, é uma combinação da banda querendo gravar todas as músicas em que trabalhamos para fazer e da indústria da música, gravadora, também querendo lucrar.

HELL DIVINE: A partir do álbum “Projector” a banda incorporou ao seu som o teclado e a cada álbum ele fica mais evidente. A introdução desse elemento vem de uma evolução natural da banda ou apenas para seguir uma tendência do Death Metal Melódico do seu país? NIKLAS SUNDIN: Foi uma evolução natural. No álbum “Projector” sentíamos que precisávamos fazer algo diferente. Ele foi o primeiro disco desse estilo com a mescla dos vocais limpos e, a partir daí, um monte de outras bandas acabaram, de certo modo, utilizando dessa mesma característica. Depois da gravação de “Projector” decidimos incluir um tecladista no line-up a fim de obter uma maior versatilidade, mas sem mudar nossa característica.

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HELL DIVINE: Já “Fiction” é o álbum de maior sucesso da banda, qual o tamanho da importância dele para a banda? NIKLAS SUNDIN: Eu não tenho certeza se “Fiction” é o mais bem sucedido álbum, para ser honesto. Na banda, por exemplo, cada um tem o seu favorito e, em termos de vendas, não há realmente nenhuma grande diferença entre os nossos dez álbuns. Nós nos encontramos com uma grande quantidade de fãs que têm, por exemplo, “The Gallery” como o seu álbum favorito e outros que preferem o álbum mais recente. Eu acho que “Fiction” foi, com certeza, o álbum que realmente nos levou a fazer um monte de turnês, por isso, temos que respeitá-lo. HELL DIVINE: O tracklist do DVD “Live Damage” é maravilhoso e a gravação também de muita qualidade, mas vocês sentiram falta de uma maior interação do publico, ainda mais sendo para fazer parte de um registro na carreira da banda? NIKLAS SUNDIN: Bem, esse DVD não é honestamente muito bom. Foi uma experiência interessante, e é bom de uma forma que nós estávamos tão cedo com a liberação de um DVD ao vivo, mas por muitas razões “Live Damage” não é muito interessante. A produção e o som é boa, e eu também concordo que o setlist é grande, mas o show não foi divulgado corretamente e foi gravado em um país onde nunca havíamos tocado antes. A razão para lançar este DVD era simplesmente que a empresa de produção devia dinheiro a nossa gravadora, e eles ofereceram para gravar um DVD de graça sem custo algum. HELL DIVINE: Em alguns meses, vocês estarão em turnê nos EUA ao lado do Revocation, certo? Antigamente, as bandas europeias diziam ser muito difícil entrar no mercado americano. Como você vê isso hoje em dia? NIKLAS SUNDIN: Acho que os EUA sempre é um pouco complicado para bandas europeias. Alem disso, leva muito tempo 6

e dinheiro para conseguir autorizações e vistos de trabalho. Então, para uma banda nova – não só europeia, mas de qualquer outro continente é bem complicado tocar por lá. Mas hoje, para nós, já é bem mais tranquilo. HELL DIVINE: Uma das musicas que eu (e muitos dos brasileiros) mais gostam é “Hedon”. Por que há alguns anos essa musica está fora do setlist da banda? NIKLAS SUNDIN: É sempre difícil escolher os setlists. Como já mencionado, nós não somos uma banda que tem um “hit” ou dez músicas que todo mundo gosta. Nossa música é bastante diversificada. “Hedon” foi uma música comum em nossas turnês e festivais por alguns anos, por isso preferimos deixá-la de lado por algum tempo para que as pessoas sentissem falta, pois não queríamos que os fãs ficassem cansados de ouvir um determinado som. A mesma coisa acontece agora com “Focus Shift”. Eu acho que “Hedon” será incluído em algum momento no futuro. HELL DIVINE: Falando em Brasil, quais lembranças vocês tem do primeiro show por aqui? NIKLAS SUNDIN: Nós só temos boas lembranças. Apesar de ter feito várias turnês na América Latina/ Sul, desde 1999, por alguma razão levou muito tempo para tocar no Brasil. Mas na nossa primeira passagem vi o quanto o publico é apaixonado e devotado pela banda que gostam, por isso foi certamente uma grande experiência. E espero que nessa segunda passagem essa experiência só melhore. HELL DIVINE: Muito obrigado pela entrevista, deixe uma mensagem para seus fãs brasileiros. NIKLAS SUNDIN: Muito obrigado pela oportunidade de falar um pouco mais sobre a banda e sobre nosso novo álbum. Continuem apoiando o METAL!



e ntrevista

vem, etal SupreMa M g ro P e d a st ço A banda pauli do todo o espa in u g se n o c , o al. com o temp enário nacion c o d o tr n e d o prometid isco de seu novo d to n e m a ç n la Jen Com o nes”, Douglas e c S c ti a m u a nte da intitulado “Tr rsar com a ge ve n o c io ve ) alho em (guitarrista belíssimo trab o re b so E IN HELL DIV anha um (música que g ” e g a R d n A “Fury hecimento o disco, recon d ê rn tu a ), os e clip o pessoal, vam m o c o lh a b a e todo o tr ma conversa. sacar essa óti

H u n te r Po r A u g u s to

a v o n s i a ma a s s e m o pr 8


HELL DIVINE: Douglas, é muito bom voltar a falar contigo depois de um tempo, já que nos esbarramos e conversamos bastante no show do Evergrey aqui no Rio de Janeiro, em 2011. Vocês tiveram a oportunidade de excursionar com essa incrível banda, o que você pode nos contar de legal daqueles shows? Douglas Jen: Muito bom revê-lo para este batepapo! Realmente, os shows com o Evergrey, em 2011, foram incríveis! Tocamos em Curitiba e Rio de Janeiro e foi nossa primeira vez nessas duas capitais. Tudo foi muito corrido naquele final de semana, pois, à época, nosso baterista que gravou o “Traumatic Scenes”, Helmut Quacken, não pôde viajar com a banda e, na ocasião, na bateria contei com meu amigo Bruno Valverde, que hoje em dia está tocando com o Kiko Loureiro Trio. Tudo foi muito corrido, pois o CD não tinha sido lançado oficialmente, mas já estávamos tocando algumas músicas novas da banda e tivemos que passar um tempão ensaiando com o Bruno para estas “gigs”. Mas a experiência foi incrível, já havíamos tocado em outros shows internacionais como o Primal Fear em São Caetano do Sul (SP) e Blaze Bayley em Maceió (AL), estávamos tranquilos e trocar experiências com uma banda assim deste porte sempre é legal. Ficamos no mesmo hotel mas nossos horários eram bem diferentes, lembro de ter falado rapidamente com o batera no elevador quando ele me chamou para tomar café em Curitiba, porém eu estava atrasado para o sound check. Falei com o baixista Niemman, pois temos amigos em comum. No passado, já tocamos em épocas diferentes com o vocalista Germán Pascual (Narnia, Divinefire, Minds Eye) e ele foi super gente fina! O Tom, apesar de seus dois metros de altura, também é um cara divertido e fizemos algumas piadas e brincamos com a galera de imprensa lá em Curitiba. Galera da banda é bem tranquila e profissional e, ao final, acabamos compartilhando parte do backline. No mesmo dia do show do RJ, iria acontecer o show da extinta banda Symphonia no mesmo dia, e este acabou sendo cancelado. Convidamos, então, o pessoal da banda para comparecer no show e como eles estavam na cidade eles foram assistir. Ter seu show assistido por Timo Tolkki e Jari Kainulainen foi algo bem especial também. HELL DIVINE: Daquele ano para cá, muitas coisas vieram acontecendo para o SupreMa, faça uma análise de tudo que você poderia nos dizer de interessante. Douglas Jen: Desde 2011, muita água rolou,

realmente. Na verdade, temos um planejamento, desde 2008, e o estamos colocando em prática passo a passo, sem pressa e fazendo uma coisa por vez da forma correta. Em 2011, fizemos somente estes shows com o Evergrey e, no final do ano, lançamos o videoclipe da “Nightmare” que chegou a ficar por semanas na MTV, BRZ e passou em outras emissoras como NGT, PlayTV e NET. É um videoclipe bem especial pois levou o SupreMa a lugares onde não havíamos chegado. Começando 2012, fizemos nossa quinta turnê pelo Nordeste brasileiro, tocamos em grandes festivais como o Palco do Rock e saímos de SP viajando 8.000 Km de van levando todo equipamento, equipe técnica e cenário da banda. Foi uma experiência fantástica para testar o que daria certo ou não na turnê oficial do “Traumatic Scenes”. Em 2013, enfim, lançamos oficialmente o “Traumatic Scenes”, assinamos com uma gravadora americana e uma europeia e o CD foi lançado na Europa, EUA, Japão e Brasil. Em maio, fizemos o show de lançamento no Via Marquês em SP ao lado do Shadowside e, a partir dali, fizemos uma mini turnê conjunta por algumas cidades como Limeira, Manaus e Jundiaí. Posso dizer que 2013 foi o ano mais movimentado para o SupreMa, pois recebemos resenhas ótimas do disco pelo mundo e ter grandes sites e jornalistas falando bem do seu trabalho é o melhor reconhecimento que poderíamos ter. Agora, entrando em 2014, lançaremos o videoclipe da “Fury and Rage” e já estamos preparando a turnê nacional do disco. Temos muitas capitais interessadas e estamos ajustando os últimos detalhes para colocar na estrada a mesma estrutura do show de lançamento em SP. HELL DIVINE: O novo disco “Traumatic Scenes” tem sido recebido com ótimos comentários e notas tanto no Brasil como mundo afora e isso, com certeza, é um motivo de felicidade para todos na banda e com essa divulgação. Como o SupreMa vem reagindo? Douglas Jen: O mais legal disso tudo é que a crítica está percebendo sutilezas do trabalho. O álbum é conceitual, tem como pano de fundo o filme “O Invisível” e as letras falam sobre vários temas do filme. Isso tudo é ligado a cada trilha do CD, com a capa, com cada clipe, com o cenário da banda, com o relógio que gira em sentido anti-horário no palco e tantos detalhes que os fãs que forem aos shows e ficarem atentos perceberão como fomos preocupados com cada parte da produção. A maioria dos jornalistas percebeu esta interação e foi sensível ao escrever sobre o disco. O interessante é que cada

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um cita uma música diferente como preferida e isso nos mostra como o álbum é equilibrado, queríamos fazer dez sons que o público curtisse do começo ao final do álbum. As unanimidades, com certeza, são “Fury and Rage” e “Nightmare”. Tivemos alguns comentários bem interessantes exaltando pontos fortes que não havíamos percebido em nós mesmos, e muitos destes comentários deverão entrar em pauta na hora de compor o novo disco. HELL DIVINE: Ainda sobre o disco novo, quais são os planos futuros do SupreMa, além do clipe, em divulgar ainda mais o trabalho feito em “Traumatic Scenes”? Douglas Jen: Por causa das ótimas resenhas na Europa, criou-se uma expectativa gigante de fãs e imprensa por uma passagem da banda pelo velho continente. Nós ficamos muito honrados pelo desejo dos fãs e toda galera que acredita na banda, e isso, com certeza, será um de nossos planos, porém não vamos fazer uma turnê de qualquer jeito. Vemos muitas bandas saindo do país e fazendo turnês “obscuras”, tocando em casas e bares com pouca estrutura, e muitas vezes nem vemos fotos destas turnês. Não queremos ir para a Europa só para falar que temos uma turnê fora do país, queremos fazê-la da maneira certa, de preferência tocando com outra banda em casas maiores, levar nosso cenário, nossa estrutura toda, fazer o que fazemos no Brasil. Então um dos nosso planos mais fortes é a tão esperada turnê internacional, mas ainda iremos planejar muito bem e levar a qualidade que o fã do SupreMa merece. Não há uma data exata, mas há um planejamento real. Este ano a banda completa dez anos também, então devemos ter algo especial para os fãs, ainda estamos pensando e como comemorar com todos este marco na carreira da banda. HELL DIVINE: Vamos falar sobre o clipe de “Fury And Rage”. Como vocês conseguiram entrar em contato com a Nevasca Filmes e como foi trabalhar em cima de um roteiro adequado para passar no clipe a ideia da música de vocês? Dougla Jen: O videoclipe da “Fury and Rage” vem sendo trabalhado, desde de março de 2013, quando tivemos as primeiras reuniões com a Nevasca Filmes. Soubemos do trabalho deles por indicações de que eles faziam um belo trabalho cinematográfico e queríamos isso no clipe do SupreMa. Desde as primeiras reuniões, apresentei a letra e a minha ideia de roteiro, depois de algumas reuniões já tínhamos tudo em mente, eles são

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caras extremamente profissionais e me mandaram roteiro pronto, lista de objetos de cena, figurino a ser utilizado, tipo de locação para cada cena, tipo de enquadramento, etc. Para nós foi uma experiência gigantesca pois caras deste nível que já trabalharam em produções mainstream como Naldo Benny, João Neto e Frederico, Rick Bonadio, Micael Borges, Manu Gavassi, The Vampire Diaries (RTA Global) e também já trabalharam na produção do programa Pânico na TV (RedeTV e Band) poderia dar uma bagagem artística e cinematográfica que queríamos. HELL DIVINE: Ficamos sabendo que a gravação do clipe usou um material profissional, como gruas, lentes especiais e câmeras, coisa de cinema mesmo, como foi viver essa experiência, sabendo que isso é fruto do trabalho de vocês? Douglas Jen: Eu já tinha uma certa experiência com TV, fiz alguns trabalhos com a Rede Globo e pude aprender um pouco sobre a parte de filmagem de novelas, iluminação, câmera, etc. Mas eles vieram com todo aparato tecnológico e fizeram um videoclipe se tornar um curta metragem praticamente. Uma lente que é utilizada por produções de Hollywood, grua, enfim, tudo o que podia ser usado de material de ponta foi utilizado e vermos o resultado deste trabalho, para ser sincero, emociona. Quando você cria uma música não sabe o que pode acontecer e qual o seu real potencial, e depois que você desenvolve o tema, faz um belo trabalho como este, parece que ela cria alma, é algo surreal. Eles entenderam a pegada da música, a letra e o que queríamos passar com tudo isso. Nossa expectativa é de ser a melhor produção que o SupreMa já fez em toda carreira. HELL DIVINE: Douglas, me diz como foi o processo de escolha da locação da gravação desse incrível clipe e por que Paranapiacaba foi a cidade selecionada como a locação ideal para as gravações. Douglas Jen: O clipe foi gravado basicamente em três partes e gravamos em duas cidades. O mastershot da banda gravamos em Joanópolis interior de SP. É uma cidade muito linda, paisagens maravilhosas e encontramos um lugar perfeito e sombrio para filmar as partes da banda. Levamos toda produção, maquiadora, luzes, figurinos e ficamos numa chácara nos concentrando para esta etapa do clipe. O mastershot da banda ficou muito insano, expressão da galera é de real fúria! As cenas com atriz foram feitas em Paranapiacaba em SP que fica na Serra do Mar e é um distrito de Santo André.


É uma cidade mística, abandonada e tem paisagens incríveis. Foi colonizada por ingleses e portugueses e todo circuito do café passava por lá pelos trens da linha Jundiaí-Santos. O contraste de uma vila abandonada com a Serra do Mar era o cenário perfeito que queríamos para o clipe, pois na história “Serena” é uma garota simples, mora numa casa simples em um bairro, e lá foi a locação perfeita! A terceira parte do clipe foram as cenas noturnas quando “Serena” já está possuída, e ficamos na vila abandonada filmando até 3h da manhã sem luz alguma, só o frio, os grilos, e barulhos bem esquisitos dos trilhos do trem e ferro que rangiam. Ficamos realmente submersos em um clima assustador e isso contribuiu bastante para a interpretação da Mayra Moura. Levamos duas luzes de LED com bateria para filmar a noite e poder nos enfiar no meio dos becos sem precisar de iluminação de poste, ou que precisasse ser ligada em tomada, e no meio das gravações uma das baterias se acabou, ficamos num clima bem sombrio e com um única luz para as cenas e para nós próprios podermos nos guiar. Sem brincadeira, o clima carregado de uma cidade fantasma tomou a todos na gravação, foi insano!

também seja um espelho do que é o SupreMa hoje, não fugimos de nossos medos ou desafios, temos que sempre encará-los! HELL DIVINE: Douglas, muito obrigado pelo tempo que você disponibilizou para esse bate papo, valeu mesmo meu velho e espero rever vocês em breve. Até mais. Deixe aqui um recado pros leitores da HELL DIVINE. Douglas Jen: Eu que agradeço a oportunidade de poder falar tão detalhadamente do nosso clipe, é o nosso grande passo da carreira, uma baita de uma produção e cheia de detalhes. Espero que vocês e todos nossos fãs curtam muito este trabalho. Em breve o SupreMa volta à estrada para continuar a turnê do CD “Traumatic Scenes”, levando toda estrutura que utilizamos nos grandes shows de SP, Limeira, Manaus e Maceió ano passado. Fiquem antenados no site da banda e no Facebook. Abraço a todos! www.suprema-online.com www.facebook.com/supremabr

HELL DIVINE: No clipe, “Serena” luta contra algo que em certo momento, toma conta dela e ela começa a lutar para colocar um ponto final nessa luta entre egos, ou mesmo o “bem e o mal”. Essa mensagem, ela tem um direcionamento certo ou vocês estão trabalhando para deixar uma “lição” para uma geração? Douglas Jen: O roteiro do filme é algo totalmente surreal. Em “Nightmare” tivemos um roteiro onde a personagem ficava presa dentro de um pesadelo e sendo atormentada o tempo todo. Em “Fury and Rage” a “Serena” é uma garota comum de uma cidade pequena e começa a se sentir perseguida por algo, ela fica ofegante e foge desesperada para sua casa, seu abrigo. Ao entrar na sua casa, ela sai em um mundo paralelo e surreal, ela se assusta mais ainda e lá dentro ela fica possuída por algo. “Serena” fica então atormentada e possuída, e sofre com isso, as vezes retoma a consciência e logo volta a ficar atormentada. Ela não sabe mais o que fazer e de repente ela percebe que aquilo vai acabar com a vida dela e então ela tem que tomar a drástica decisão. Fugir como ela estava fazendo no início da história não vai adiantar nada e as coisas poderiam piorar, então ela pega uma pedra e ... só quem assistir ao clipe vai saber! A grande lição é que fugir de seus medos, com certeza, é a pior decisão, o jeito é sempre encarar, seja qual for o problema. Talvez isso

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e ntrevista que ter que tivemos s do já , s a it fe ense e serem mbis catarin r estripado is difíceis d u a z m s o s r ta ta is is v v e acaba e entre das entr echos, já qu s sentidos), já que pode ngth “Outside sta foi uma tr e e , p a te n s e o tr m a u Definitiv ótimo full-le ão, facas e o fa perigosa (em todos o o iç e n u ” ff m ti , s S Death e d fl es com seu gle “Scarre é uma tare em mãos ri iõ in re s g p b le e m o w e d s o ta , k ” o is h kbo momento da dam conqu n m EP “Cinetras a o b o o Zombie Coo o m jo e o o d tr b x n o e a n iro de proveit Tendo o Metal rnê, em jane s filmes B. A e devorado. e quinteto de zumbis d tu o a lh u e s v e m d e r is b ess a zum o Maste postos. the Grave”, s referentes pening act d mantendo as armas a a o r m e s te ra m e a p o Metal focad ela está se preparando m papo com eles, mas ue bater u banda, em q ista), fomos v e tr n e r c o s G a r c ia a a d M a c r o o p P (é 4 201

HELL DIVINE: Primeiro de tudo, agradecemos pela entrevista! Que tal nos contar um pouco da história da banda? Como foi que surgiram, e como chegaram ao nome Zombie Cookbook? E a temática sobre zumbis, como ela surgiu? Para muita gente, falar em zumbis lembra o Zombie Walk de todo ano, mas me parece que a influência de vocês nesse aspecto está mais ligada a filmes antigos, um pouco de estórias em quadrinhos como as de “Tales from the Crypt” e alguma coisa de John Carpenter, certo? Dr. Stinky: Obrigado pelo espaço e pelo convite feito pela HD através de você Marcão! Bom, a 12

banda teve início, como muitos já sabem, alguns anos atrás, mais precisamente em 2010, quando fomos assassinados e graças a uns góticos de araque e de um ritual de ressuscitação voltamos à vida (ou ao post-mortem – como preferirem) fazendo muito barulho! O nome da banda veio de um livro chamado Cannibal Cookbook de autoria de Nico Claux (um conhecido canibal francês). Este era para ser o nome da banda e aí conversamos e decidimos trocar para Zombie Cookbook até pelo fato da ressureição, da nossa fome de carne e barulho! As nossas influências vêm de todo o terror, sejam quadrinhos, filmes, desenhos, etc... Gostamos de basicamente tudo


s o v i v s o t r mo ligado a isso... Carpenter, Romero, Fulci, Argento, Rob Zombie, e por aí vai! HELL DIVINE: Bem, vocês são de Joinville/SC, uma cidade que nós, de fora do estado, pouco conhecemos em termos de Metal, então, como é a cena daí e a recepção do público local ao som de vocês? E não é preciso comentar o número de pessoas devoradas nos shows (risos)! Horace Bones: Joinville já teve muitos shows na época do Garagem e várias bandas já passaram por aqui. Bandas do Japão, EUA, Holanda, Rep Tcheca, Alemanha, Bélgica, França e de todos os cantos do Brasil, podia dizer que a cena em Joinville era mais forte, agora temos novamente que conquistar espaço, cavar lugares para tocar, mas isso está acontecendo novamente e o Zombie Cookbook também está fazendo parte dessa nova retomada. O lado bom que o público está com fome de shows e quando aparecem agitam muito, realmente aproveitam a noite, mas

nós nos comportamos não devorando ninguém não queremos acabar com a plateia de metal! Dr. Stinky: Vale citar também que Joinville conta com grandes bandas como o Flesh Grinder que é o maior nome do Splatter no Brasil, além do Symmetrya que está para lançar seu segundo álbum agora, e bandas novas têm saído, como o Red Sunlight, Self Carnage, Absynthetic, entre outras. HELL DIVINE: Antes de lançarem “Outside the Grave”, vocês tiveram um EP lançado em vinil, “Cinetrash”. Por que um disco em vinil, em plena época da música digital, ou seja, do compartilhamento por Internet e dos CDs? Tá, já sabemos que vocês são fãs de coisas mortas (risos), mas isso não criaria uma “barreira”, já que são poucos os fãs que possuem uma vitrola nos dias de hoje? Horace Bones: Passamos um bom tempo embaixo de sete palmos assim pode se dizer, tanto que o CD é uma novidade e muito caro para 13


a gente, quando a Fudgeworthy quis lançar o “Cinetrash” em 7’’ EP pareceu uma coisa normal para nós... Mas com isso vimos que o vinil tem muitos apreciadores, teve bastante procura, sempre quando a gente recebe algumas cópias todas acabam rapidamente. O 7’’ EP mesmo voltou com muita força ao Brasil, muitas bandas fortes estão disponibilizando suas demos em 7’’ EP ou fazendo gravações inéditas e estamos gostando muito disso, tanto que não vamos parar no “Cinetrash”! HELL DIVINE: Em 2012, vocês soltaram “Scarred Stiff”, um websingle, agora usando o formato digital. Podemos assumir que ele já visava divulgar mais o trabalho de vocês? E como foi a recepção do público, o número de downloads? Por falar nisso, a capa ficou muito boa, apesar de causar ânsia de vômito nos mais desavisados (risos). Horace Bones: A gente não conhecia esse “poder” da Internet, o que me lembro dela era o barulho do modem. O som dos mortos acabou se adaptando a esse novo mundo e agora estamos na Internet também e, claro, que está ajudando muito na infecção de novos “zumbangers”. A arte ficou novamente por conta do Putrid que já tinha feito um trabalho devastador com o “Cinetrash”. Dr. Stinky: A recepção foi muito boa, tanto que demos uma divulgada legal antes de chegar o “Outside”. O número de downloads não sabemos dizer (nem sabia que dava para contar isso! Risos). Um fato muito curioso é que muitas pessoas pedem este material em meio físico e aí enviamos para eles. Eles fazem questão de que seja enviado por nós e não feito o download e gravado o CD em casa, achamos isso muito legal da parte deles! HELL DIVINE: Agora, chegamos ao famigerado e já notório “Outside the Grave”, seu primeiro álbum. A primeira coisa que salta aos olhos (ei, isso é só uma expressão! Sentadinhos aí e sem grandes ideias, senão eu meto chumbo em vocês!) é justamente a arte, muito bem feito, em um trabalho esmerado de Charles da Silva. Narrem um pouco do que quiseram da estória, e como foi trabalhar com Charles. Aliás, espero que ele ainda esteja vivo depois de trabalhar com vocês (risos). Dr. Stinky: Basicamente, que os quadrinhos do CD eram para ser o nosso release oficial, mas não conseguimos viabilizar e então soltamos a história. Aí com o CD tivemos tempo de trabalhar nisso, o Charles captou tudo exatamente como queríamos e aí foi só trabalhar em cima. Trabalhar com ele foi muito tranquilo, tanto é que temos dois lançamentos agendados para este ano, e ele está fazendo as capas. 14

HELL DIVINE: Bem, a gravação foi feita nos estúdios Vortex Audio, com a produção, mixagem e masterização de Felipe Lisciel e vocês (espero que o Felipe esteja intacto, risos). Como foi trabalhar com ele? E podemos dizer que o trabalho tem um ponto muito positivo, porque a sonoridade do disco é muito boa, sabendo ter aquele peso e sujeira necessários, mas sendo um pouco mais limpa, uma coisa um pouco não usual no meio em que vocês estão... Horace Bones: Estávamos descontrolados com o apetite por carne humana crescendo cada dia mais e tivemos que nos distrair com outras coisas, então começamos a nos interessar por áudio e conhecemos o Lisciel, que estava procurando bandas para mixar. Mandamos duas músicas para ele e assim começou a parceria. Ele mixou e masterizou o “Cinetrash” e resolvemos trabalhar com ele no “Outside the Grave”. Dessa vez, ele acompanhou tudo, veio para cá gravar e ficamos tão entretidos nesse processo que acabamos nem provando o sabor mineiro!! HELL DIVINE: Ainda falando de “Outside the Grave”, como foi que desenterraram (sem trocadilhos!!!) “Boneyard” do Impetigo e “Feast of the Undead”, do Blood Freak? Como surgiu a ideia de fazerem versões dela? Só falta me dizerem que ficaram entre uma e outra e resolveram gravar as duas (risos)! Horace Bones: A “Feast of Undead” a gente começou a tocar nos primeiros ensaios, a gente gostava mais pelos lances de vocal para a gente poder experimentar também e, na verdade, era para ser apenas ela no “Outside the Grave”, mas gravamos a “Boneyard” para um tributo, que pelo visto nunca saiu. Como ela estava parada, resolvemos colocar no CD também. HELL DIVINE: Quando foram gravar o disco, acredito que estivessem com as músicas prontas, certo? Mas se houve alguma que ficou de fora, como foi o processo de seleção das músicas que entraram em “Outside the Grave”? Horace Bones: Tudo aconteceu muito rápido, viramos corpos em putrefação que tocam Death Metal e logo já tínhamos que lançar um CD, foi correria, tínhamos a data do estúdio e músicas de menos. Teve umas duas músicas que foram feitas na semana da gravação. Então, não tivemos que escolher as músicas que iriam para o CD, mas quais mais iam entrar! Mas deu tudo certo, regravamos três músicas do “Cinetrash” e tudo fechou bem.


HELL DIVINE: Como em toda banda (vivos ou mortos), sempre há troca de formação e, em 2013, o baixista Hellsoldier saiu da banda (ou se decompôs de vez) e, atualmente, Ed The Dead está com vocês. Como chegaram até ele? Já o conheciam de alguma outra banda (ou cemitério, risos)? E como tem sido esta luta agora tendo ele na banda? E Guinea Pig? Ele realmente deixou o grupo? Desse jeito, haja cemitério e cadáveres! (risos) Dr. Stinky: É, cara... duas perdas significativas, até porque os dois ajudaram a compor, principalmente o Guinea Pig que, na finaleira, antes de partir, deixou algumas músicas prontas que estarão nos nossos próximos lançamentos. O Ed veio através da mesma bruxa que costurou os braços do Guinea Pig quando ele os perdeu a algum tempo atrás. Ela virou quase um cafetão da banda (risos)! HELL DIVINE: Voltando a falar de “Outside the Grave”, ele saiu ainda em 2012, teve uma boa receptividade por parte da crítica. E os fãs, como receberam o CD? A demanda foi boa? Dr. Stinky: Olha... foi muito, mas muito melhor do que esperávamos. Sério mesmo, sabe aquela coisa que você termina, entrega e vira as costas sem esperar nada e no fim ela te surpreende? Foi mais ou menos isso. Até hoje vendemos muito bem o CD (temos algumas últimas cópias a venda e outras que vamos segurar para a posteridade). Mas, basicamente, passamos dos 700 CDs entre vendas/trocas/doações. O encarte coloridão, grande, com os quadrinhos chama muito a atenção além do preço ser baixo (10 pilinhas). HELL DIVINE: Em termos de shows, como a banda tem ido? E por falar nisso, vocês abriram para o Master em Curitiba, uma lenda do Death Metal mundial, sendo que Paul Speckmann é um dos pais da criança (já falei para não terem ideias! Olha o tiro de sal-gema na cabeça!). Como foi estar com ele, e como foi a recepção da galera ao som de vocês? Dr. Stinky: Foi muito legal! Eu já tinha “trocado uma ideia” com ele em um show que fizeram em Jaraguá do Sul um tempo atrás, montei a barraquinha com as coisas do ZCB do lado da barraquinha do Master. Ele é um cara bem empenhado com o Master, é a vida dele. Desta vez, só trocamos uma ideia rápida e fomos nos aquecer para o show. Os shows da banda estão meio parados, agora tivemos as trocas de integrantes, temos muitos compromissos para este ano, então queremos ficar mais relaxados para compor, gravar, etc.

HELL DIVINE: Já faz dois anos desde o lançamento de “Outside the Grave”, então imaginamos que já estão preparando algo novo para 2014, estou certo? Quais os planos em termos de lançamentos? Horace Bones: Enquanto a putrefação ou um tiro na cabeça não nos detiver, estaremos espalhando nossa infecção pela humanidade. Temos um Split 7’’ EP com o Offal para sair esse ano, outro 7’’ EP Split com o Rancid Flesh para esse ano também, temos outro Split engatilhado com uma banda americana mais para frente. E todo nosso tormento está se canalizando em forma de músicas para um novo full, mas não temos uma data concreta de quando possa sair. Esperamos que em breve. HELL DIVINE: O vídeo de “Harvest of the Damn” ficou ótimo, com aquelas montagens de velhos filmes se alternado com cenas de vocês ao vivo (ou ao morto), mais cenas vindas de quadrinhos muito boas. Como surgiu a ideia de fazer o vídeo desta forma, e como foi fazer todo este trabalho? Horace Bones: Também gostamos muito, foi muito criativo. O mérito é todo da Metal Media, a ideia e a elaboração ficou tudo a cargo deles. Só demos o OK! E eles surpreenderam a gente! HELL DIVINE: Bem, agradecemos demais pela entrevista, e deixem agora sua mensagem aos seus fãs, seguidores e zumbis. E tratem de chegar para trás, senão vou encher vocês de tiros! Horace Bones: A gente que agradece a oportunidade de mostrar que não somos apenas carne podre ambulante, mas que a desgraça verdadeira está em nossa música! E a melhor forma de agradecer é que vamos deixar sua carne em paz e você pode deixar sua arma descansando na caixa! E quando não existir mais lugar no Inferno os mortos vão andar pela Terra. Dr. Stinky:AAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRRRRGH HHHHHHHHHHHHHHH


e ntrevista s i a c i s u m s a sem amarr Com certeza, a galera que está acompanhando sempre o underground nacional já ouviu falar nesse nome e fica a meu cargo fazer essa incrível entrevista. Fanttasma é a banda que deu uma bela remexida no cenário nacional de música pesada, em 2013, sendo eleito por muitos canais de divulgação e por mim mesmo como a Revelação Nacional do ano passado. Vamos conversar com eles e saber como eles receberam isso tudo e conhecer um pouco mais do que existe por trás desse Fanttasma. Por Augusto Hunter 16


HELL DIVINE: Vamos começar com uma dúvida bem pessoal – apesar de não ligar muito para rótulos e afins – isso é um pouco “necessário” para a banda se projetar no mercado, mesmo sendo ele o mercado underground, então, como você(s) rotulariam o Fanttasma? Rafael Augusto Lopes: Sinceramente, não sabemos. Eu diria Metal... (risos). Muita gente nos classificou como Doom Metal, gosto muito do gênero, mas não foi completamente intencional, devo estar ouvindo bastantes sons lentos. HELL DIVINE: “Another Sleepless Nigh”t tem algum tipo de mensagem subliminar por trás das músicas ou cada faixa tem um sentimento diferente? RAL: Cada música trata de assuntos diferentes, mas, em geral, enxergamos as coisas de forma negativa, a decadência humana não pode ser ignorada. HELL DIVINE: Uma curiosidade minha é: como vocês conseguiram chegar nessa sonoridade tão única para banda e quem você(s) diriam ser a principal, ou principais influências para a banda? RAL: Tudo que você ouve te influencia na hora de compor, eu ouço muita coisa dentro do Blues, Rock ‘n Roll e da música Extrema em geral. A ideia é não ter amarras, musicalmente falando. HELL DIVINE: Quando vocês pretendem levar o Fanttasma aos palcos? RAL: Não sabemos ainda, no momento, o Fanttasma é um projeto, mas há sim a possibilidade de rolarem shows no futuro. Eu, claro, desejo que isso aconteça. HELL DIVINE: Uma coisa muito interessante foi o uso de instrumentos de sopro em algumas músicas do disco, de quem surgiu a ideia dessa inclusão e como foi o processo de gravação? RAL: Sempre gostei da sonoridade do sax, gosto muito de coisas como “Bohren und der Club of Gore” e dark jazz, em geral. No Metal, o sax já foi usado, Carpathian Forest, por exemplo, assim como Thin Lizzy! É um instrumento muito expressivo. HELL DIVINE: Quem teve a ideia da capa, que eu achei incrivelmente linda? RAL: Dei algumas referências para o Carlos Cananéa, ele ficou livre pra criar e fez um trabalho muito foda. É um artista incrível! Tem feito todas as artes do Imminent Attack e cada vez mais nos surpreende.

HELL DIVINE: Uma das músicas que eu mais curto ouvir de todo o disco é “Life Is War”, que conta com a participação da Fernanda Lira (Nervosa) nos vocais. Como vocês conseguiram chegar até ela e a principal ideia do Blues, a voz linda que a Fernanda gravou em contraste direto com o peso natural da banda. RAL: Eu já conhecia a Fernanda fazia um tempo, desde a época do Torture Squad. Já tinha ouvido o vocal agressivo dela mas não sabia das influências dela de blues, quando eu comecei a procurar uma vocalista para “Life is War”,o Rafael Galbes, baterista, me indicou ela, pois já a tinha ouvido cantar e sabia que era extremamente capaz. Fiquei muito feliz com o resultado. Acabamos de liberar uma música que será lançada em breve em tributo ao “Zumbis do Espaço” que conta, mais uma vez, com a participação da Fernanda e novamente a voz dela ficou incrível no nosso som. Para ouvir, é só procurar no nosso Bandcamp ou Facebook. HELL DIVINE: Como foi a recepção de vocês a tantos elogios e indicações de terem sido o destaque de 2013 e até mesmo Revelação no país? RAL: Ficamos surpresos e felizes, claro. Ter o trabalho reconhecido é bom, mas o que sempre nos impulsionou é a arte, me satisfaz apenas compor, gravar e tocar ao vivo quando surgir a oportunidade certa. HELL DIVINE: Vocês já estão pensando no próximo trabalho de vocês, já tem alguma ideia de como vai vir o próximo trabalho do Fanttasma? RAL: Tenho bastante material, aos poucos ele vai tomando forma e se transformando num álbum. Eu, sinceramente, ainda não sei qual vai ser a impressão das pessoas, para mim, soa diferente do “Another SLeepless Night”, mas, de certa forma, similar. HELL DIVINE: Pessoal, muito obrigado pelo tempo com a gente e espero vê-los em palco em breve. Manda aquele alô para o pessoal que lê a Hell Divine. Até mais. RAL: Muito obrigado, Augusto e equipe da Hell Divine, pelo apoio, não só a nós mas ao Metal nacional como um todo, principalmente o underground que é tratado como deve! Espero vê-los num show nosso! Muito obrigado!

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e ntrevista

O novo álbum da Omfalos, “Cotton Candy Rendezvous”, caiu nas graças da mídia especializada e aparece em diversas listas de melhores de 2013. Não é para menos, já que a mistura de Black Metal com diversos outros estilos do disco resultou em algo estupendo. E sobre o novo trabalho, a dupla Thornianak e Misanthrope conversou com a Hell Divine, falando de sua concepção, inspirações para letras e influências, que vão desde bandas extremas a... Guilherme Arantes! Sim, eles contam com um repertório bem abrangente. Além de tudo, revelam que em 2014, a banda fará uma pausa. Bom, melhor não perder mais tempo e ler tudinho aí embaixo. Por Christiano K.O.D.A

HELL DIVINE: Como vocês comparam a evolução entre “Idiots Savants” (2011) e “Cotton Candy Rendezvous” (2013)? Qual a diferença de sentimentos entre os dois álbuns? Thornianak: De uma maneira geral, podemos dizer que o “Cotton Candy...” começa onde “Idiots...” parou. Ele tinha uma aura depressiva, mas embebida no aspecto mais brutal de nossas influências, e o “Cotton Candy...” é predominantemente um disco mais triste. “Idiots...” terminava com uma música bem melancólica e com alguns vocais limpos, e resolvemos desenvolver o álbum seguinte a partir dessa diretriz. Apesar de um pouco mais variado e melódico, “Cotton...” é a progressão lógica do “Idiots...”. HELL DIVINE: E como foi a concepção do novo disco? Thornianak: Nós estávamos bastante entusiasmados para dar prosseguimento ao nosso fluxo de ideias o quanto antes. No dia em que terminamos de gravar a última música de “Idiots Savants”, nós já começamos a compor a primeira faixa do disco seguinte. Então não tivemos um espaço temporal entre o processo de composição dos dois discos.

e d a d i r a l o p i b Cantando a 18


HELL DIVINE: “Cotton Candy Rendezvous” inicia com a bela “Unlike Father, Unlike Son”, bastante arrastada e densa, mas depois passa para a violenta e tipicamente Black Metal “Shattered Perspectives”. Como é pensada a ordem das músicas no disco? Misanthrope: Depois que todos os instrumentais estavam gravados, nós pensamos em diversas combinações de ordem, de maneira que o álbum soasse fluído, como se ele contasse uma história com começo, meio e fim. E isso me ajuda a direcionar os humores das letras, que normalmente são a última etapa deste processo de composição. HELL DIVINE: Já “What Would I Say If I Had Another Day” mostra um contraste incrível entre suavidade e brutalidade. Mesmo sendo uma pergunta clichê, vale muito a pena saber de vocês: como é o processo de composição? Thornianak: O processo foi exatamente o mesmo do “Idiots Savants”, em que eu compunha uma música durante a semana e às sextas-feiras levava para a casa do Z. Misanthrope para darmos forma a esse som, e já gravávamos alguma coisa. Geralmente, não pensamos e nem planejamos como as músicas devem soar. Apenas vamos lá e tocamos, e o que acontece são esses acidentes de percurso que acabam virando músicas. HELL DIVINE: Uma pergunta abrangente, sob o ponto de vista de um admirador da banda: há algum fato curioso por traz da gravação de “Cotton Candy Rendezvous”, ou tudo correu como planejado? Misanthrope: Nós tivemos diversos problemas na gravação desse álbum, tudo demorou mais tempo do que o esperado. Por si, o disco é

muito complexo estruturalmente. São muitas camadas de instrumentos, vocais e muitos detalhes que nos tomaram muito tempo para tomar forma. Deu muito mais trabalho do que esperávamos. Para variar, eu tive algumas crises e isso atrapalhou bastante o processo. Tive bastante dificuldade para fazer os encaixes vocais de forma adequada e para desempenhar uma performance que deixasse nós dois satisfeitos. Foi uma pressão enorme, pensamos em desistir de tudo várias vezes, mas felizmente conseguimos concluir tudo de uma maneira satisfatória. Foi uma gravação muito cansativa e nos drenou completamente. Certamente, não repetiremos esse grau de complexidade no nosso próximo trabalho. HELL DIVINE: Quando sairão as cem cópias numeradas em CD do novo material? Misanthrope: A Equivokke Records acabou tendo alguns contratempos para o lançamento físico do álbum e isso atrapalhou um pouco o nosso processo de logística. Mas acredito que deve sair ainda neste primeiro semestre de 2014, com uma apresentação visual bem caprichada e alguns sons de bônus. HELL DIVINE: Embora o carro-chefe pareça ser (ou parecia?) o Black Metal, a Omfalos caminha por outros estilos, como Doom Metal e outras subdivisões. Conseguiria definir o tipo de música que vocês fazem? Thornianak: Acho que nunca pensamos na música que fazemos enquadrada dentro de um estilo. A gente sempre curtiu diversos estilos de música e sempre foi natural para a gente misturar os elementos de coisas que gostamos. Ao contrário do que pensam, a gente não faz nada para ser assim tão inovador, não queremos reinventar a roda. Acho que só damos uma arrumação diferente a coisas que sempre existiram por aí e as pessoas parece que esqueceram. HELL DIVINE: Aliás, poderia citar as influências da Omfalos, mas mencionando bandas que não necessariamente fazem música extrema? Thornianak: A maioria de nossas influências vem de bandas fora do metal extremo. Coisas como Einstürzende Neubauten, Nick Cave And The Bad Seeds, Faith No More, Killing Joke, Alien Sex Fiend, Alice In Chains, Tears For Fears, U2, Nine Inch Nails… e até coisas inusitadas como Gang 90. Guilherme Arantes e Alceu Valença acabam por nos influenciar de um jeito ou de outro.

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HELL DIVINE: Outro diferencial da banda são as artes gráficas atípicas em seus registros. Poderia falar sobre os desafios de sair do comum? Misanthrope: A gente sempre tenta fazer com que as artes representem a visão que temos sobre nossa música. Por sermos uma banda que não se adequa, necessariamente, dentro da maioria dos clichês, a gente busca um aspecto visual que reflita esse nosso aspecto um pouco menos conformista. Para a gente, fazer as coisas assim não é exatamente desafiador, pois tudo emana de forma muito natural para nós. Muitas bandas se autointitulam experimentais e, no final, fazem mais do mesmo. Acho atitudes assim um pouco pretensiosas, pois não há nada de experimental em fazer músicas longas alternando peso e suavidade. Talvez, em 1993, isso fosse novidade, mas hoje é lugar comum. HELL DIVINE: Com isso, vocês acham que os fãs de música extrema em geral entendem a proposta do grupo? Thornianak: Há um aspecto meio contraditório quanto a isso de sair do comum. Para a gente, é um assunto delicado, pois tudo o que fazemos não nos soa assim tão diferente. Como dito antes, tudo que existe na música do Omfalos já existia antes de alguma maneira em nossos referenciais. O que fazemos é meramente organizar toda essa bagunça que já existia antes, de uma forma que soe coerente para nós. Alguns fãs de metal extremo entendem a proposta sem problemas, assim como muitos que sequer são envolvidos com rock ou metal em geral. Entretanto, existem algumas pessoas que acreditam que o metal deva ser algo mais estanque e seguir uma forma mais tradicional, o que não é problema algum. Há sempre espaço para todo mundo. HELL DIVINE: Desespero, depressão e solidão são as principais temáticas da Omfalos. Vocês se sentem dessa maneira, ou são apenas temas fictícios? Misanthrope: Definitivamente, nós sentimos tudo isso. Todas as letras são extremamente pessoais para mim e relatam acontecimentos da minha vida. Como já foi dito, à época do “Idiots Savants”, nós dois sofremos de Transtorno Bipolar do comportamento e isso é algo extremamente presente em nossas vidas, e até acaba por nos definir como pessoas. Nós temos problemas como todo mundo, mas, às vezes, eles são amplificados e distorcidos por essa nossa condição. De certo modo, nossa música reflete bem nossa vida como bipolares: cheia de altos e baixos. 20

HELL DIVINE: Para Misanthrope: numa troca de e-mails nossa, você escreveu que a Omfalos “vai entrar de férias este ano”. Por que essa decisão? Misanthrope: Este ano, o Miasthenia completa vinte anos e, além de um show comemorativo especial, está para sair um novo álbum, chamado “Legados do Inframundo”. Como o Miasthenia é uma banda muito mais ativa ao vivo do que o Omfalos e acabamos por compartilhar os mesmos integrantes, optamos por dar um descanso à banda para repensar alguns processo de criação e dar um respiro para que o Miasthenia possa cumprir seus compromissos sem maiores percalços. HELL DIVINE: Após esse período de pausa, já sabe dizer os próximos planos da banda? Thornianak: Já começamos a planejar e direcionar o que queremos para o novo álbum. Acho que com o “Cotton Candy...” nós exploramos bastante esse lado mais melódico e progressivo do Omfalos, e achamos que devemos fazer um álbum que, de certa maneira, antagonize com todo esse cuidado e esmero que tivemos com as músicas que o compõem. O próximo álbum vai ser bem mais simples e direto. HELL DIVINE: Agradeço a entrevista. Hora de deixar um último recado, por favor. Misanthrope: Nós é que agradecemos o apoio de todos e, como sempre, nos sentimos bastante lisonjeados e gratos por toda a atenção que temos recebido ao longo dos anos. Quem quiser ouvir nossos álbuns, é só dar uma passada no nosso Bandcamp, que eles estão disponíveis gratuitamente, em arquivos de alta qualidade sonora.



e ntrevista

A K R O F

Vivendo seu melhor momento na carreira, os caras do Forka têm muito o que comemorar. Com doze anos de estrada e conhecidos por suas apresentações bombásticas, Ronaldo S. Coelho (voz), Samuel Dias (guitarra), Alan Moura (guitarra), Ricardo Dickoff (baixo) e Caio Imperato comemoram a excelente repercussão do álbum “Black Ocean”, que apresenta uma sonoridade mais brutal e direta. E esse momento foi coroado com sua primeira turnê na Europa. Nessa exclusiva para a HELL DIVINE, o guitarrista conta como foi o giro pelo Velho Mundo, a repercussão do mais recente trabalho e, claro, as histórias que só acontecem em turnê.

Por João Messias Jr.

o t l a o t n o p No

HELL DIVINE: “Black Ocean” pode ser considerado um divisor de águas na carreira da banda, pois mesmo mantendo a sonoridade característica do quinteto, apresenta uma linha mais brutal e direta, fazendo deste o melhor trabalho do grupo até agora. Passado um ano do seu lançamento, o que estão achando da repercussão e dos reviews? Samuel Dias: O “Black Ocean” foi o sucessor do nosso segundo álbum, “Enough” (2010) e este foi bastante comentado também. Creio que grande parte da repercussão do “Black Ocean” se deve ao “Enough”, uma expectativa grande em relação ao seu disco sucessor como algo do tipo: “Como será o próximo disco?!” E, com toda certeza, tivemos um ótimo resultado com o “Black Ocean”.

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HELL DIVINE: Falando nas resenhas, houve alguma que realmente chamou a atenção em especial de forma positiva ou negativamente? Samuel: Eu nunca li nenhuma resenha negativa, mas com certeza não teria problema nenhum se isto acontecesse. O cara põe o CD, escuta as músicas e aquilo, de alguma forma, ele vai absorver a nossa mensagem da maneira que ele escutou e entendeu. Talvez uma ótima aceitação ou um simples “legal”. Enfim, nem todos curtem o nosso estilo de música. Não podemos ser unanimidade, até porque isto seria muito chato (risos). Mas na média até agora todas as resenha foram positivas sobre o “Black Ocean”. HELL DIVINE: Voltando a falar nas músicas, as que chamam a atenção de imediato são a faixa-título, “Nation of Ashes” e “Empire Surrender”, que já fazem parte do repertório de shows. Podemos dizer que essas músicas representam o que é o Forka hoje? Samuel: Acredito que sim! Elas foram feitas com o mesmo feeling que fizemos todas as músicas do Forka. A diferença que há canções nossas que funcionam muito bem ao vivo, o público pede e tem aquelas que foram feitas só para se escutar no CD. Aliás, a “Nation Of Ashes” é a trilha sonora do nosso novo vídeo feito somente com imagens da nossa turnê pela Europa, que está bem bacana!

da carreira

HELL DIVINE: Todo esse trabalho premiou a banda com a primeira turnê na Europa, realizada no fim de 2013. Como pintou essa oportunidade, visto que senão todos, a maioria possui outras atividades, como foi organizar o tempo para que tudo rolasse? Samuel: Sobre a turnê, o Xandão, ex-batera do Andralls e manager da agencia On Fire nos fez um convite, conversamos uns quatro meses antes e decidimos fazer a turnê. Foi algo muito rápido, tivemos que correr com os contra tempos, vários detalhes e entre outras coisas. Faltavam dois dias para viagem e ainda estávamos acertando os últimos assuntos (risos). Mas aconteceu!

HELL DIVINE: Dentre essas apresentações, uma que merece destaque é o Seita Fest, organizado pela banda Seita, que possui integrantes brasileiros em sua formação. Como foi esse show? Samuel: Sim, tocamos no Seita Fest em Amsterdam e foi incrível! São dois brasileiros e dois uruguaios na banda, todos muito gente fina! Foram várias bandas, o Forka foi a penúltima banda e o Seita se encarregou de fechar o festival. Inclusive, houve participações de ambas as partes durante as apresentações. O Michel do Seita dividiu os vocais com o Ronaldo em cover que fizemos do Sepultura, Slave New World e também toquei guitarra em uma das música com os caras, “Know Your Enemies”... Uma noite histórica, sem palavras! HELL DIVINE: Há alguma outra apresentação que desejam comentar? Samuel: Foram vários momentos legais, alguns estranhos e outros hilários (risos). Um deles foi logo quando desembarcamos, fomos reconhecidos no aeroporto de Berlim por um brasileiro que estava indo pra China, conhecia e curtia a banda há muito tempo. Momentos engraçados quando caímos para o lado do leste europeu, onde o inglês não era algo muito comum e as nossas conversas geralmente, digamos que eram no estilo “Sometimes hard” (risos). Enfim, toda hora tínhamos um situação diferente diante da gente e conseguimos lidar da melhor maneira possível. 23


HELL DIVINE: Essa eu costumo perguntar para todas as bandas que vão para fazer shows fora do país, pois muitos pensam que ir tocar no exterior, se depararão com uma estrutura de bandas como Metallica e Iron Maiden quando essas vêm para o Brasil. Como era o primeiro giro da banda pelo Velho Mundo, o que vocês encontraram por lá nesse aspecto? Samuel: Primeiramente, eu acredito em caráter de se conhecer, acho que toda banda nacional deveria fazer um giro pelo Velho Mundo. Lá existe um circuito, existe estrutura, música pesada é algo normal independente do estilo como se fosse um gênero musical a mais e só. Isto ajuda muito a entender muitas criticas do que se chamam de “Cena” aqui no Brasil. Restando duas alternativas: a banda continua ou acaba! Aceita o que vivemos aqui e muda para lá. O que encontramos foi um circuito que funciona. Tocamos em pub’s, squats, clubes entre outros espaços. Foi a nossa primeira turnê pela Europa, tiramos aprendizado de tudo; de situações negativas e positivas a favor de um aprendizado maior para o Forka. HELL DIVINE: Nesses 30 dias que a banda ficou em turnê, como foi a convivência na estrada? Sabemos que não é fácil ficar longe da família e entes queridos. O que fizeram para deixar o ambiente mais positivo, mesmo quando surgiram os contratempos? Samuel: Digamos que não é fácil. Envolve muita coisa e isso pode ser bom ou ruim. Durante a turnê, buscamos sempre ter um clima tranquilo para não atrapalhar o foco principal que era de mostrar o trabalho da banda. Mas enfim, quando se tem cerveja, creio que não há contratempos (risos)! HELL DIVINE: Houve alguma história engraçada com a banda ou algum dos membros nesse giro? Samuel: Várias! Um momento hilário: tocamos numa cidade da República Tcheca, chamada Ostrava. E a banda de abertura era apenas dois membros, guitarra e batera. Mais nada. Eles escutaram o nosso CD, curtiram o vocal do Ronaldo e chamaram ele do nada para simplesmente berrar em um dos instrumentais deles. O “Ronas” pegou o microfone e começou berrar igual um louco no meio daquele Grindcore/Crust dos caras. De vez em quando, soltava algumas frases no meio do som, como: “I DONT SPEAK CZECH LINGUAGE” “VAMO BEBE, VAMO CHAPA” Enfim, rimos muito da situação! HELL DIVINE: Para encerrar, a banda possui planos de lançar um novo disco ou mesmo um novo single nesse ano? Samuel: Vamos dar continuidade à divulgação do “Black Ocean”, seja em shows, entrevistas, mídia especializada e etc. Já estamos escrevendo algumas músicas. Temos outros projetos para 2014 e pretendemos colocar em pratica nas próximas semanas. HELL DIVINE: Obrigado pela entrevista. Deixem uma mensagem aos leitores da HELL DIVINE. Samuel: Obrigado pelo espaço e aos seus leitores que acompanham o trabalho das bandas e o que acontece na cena da música pesada nacional através da Hell Divine. Obrigado, rock and roll e saúde para todos em 2014! www.facebook.com/ForkaOfficial/info

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e ntrevista

Muitas vezes é necessário recomeçar para fazer algo grandioso. Essa frase combina com o que ocorreu com os paranaenses da Imperious Malevolence. Após as saídas do guitarrista Mano e do baixista/vocalista RafaHell, coube ao baterista Antônio Death reformular o time. Colocando na trupe o guitarrista Daniel Damnented e o baixista/vocalista Alex WA, arregaçaram as mangas e lançaram “Doomwitness”, que seguramente figura como um dos melhores discos lançados pelo trio. Como novidade, o álbum apresenta climas caóticos graças ao uso dos teclados, além de mais brutalidade. Nessa entrevista para a HELL DIVINE, a banda nos conta da reformulação do grupo, os shows de divulgação do trabalho, em que foram banda de abertura do Nile e muito mais. Confiram! Por João Messias Jr. HELL DIVINE: A banda passou por alguns momentos ruins em relação a sua formação. Primeiro com a saída do guitarrista Mano e do baixista/vocalista RafaHell, dessa forma, restando apenas o baterista Antônio Death. Como foi ter de recomeçar o legado da Imperious Malevolence e partir na busca de novos membros? Antônio Death: Na verdade, dei continuidade a mesma desgraceira, mas com integrantes novos e de longa data na cena metal curitibana: Daniel Danmented (Subversive, Infernal, Axecuter) e Alex WA (Lachrimatory e Deformed Slut). Eles são músicos de alto calibre que fizeram as adaptações acontecerem facilmente, já que conheciam bem o som e entenderam a forma do Imperious Malevolence mostrar sua brutalidade clássica. HELL DIVINE: Essa nova formação, que conta com o baixista/ vocalista Alex WA e o guitarrista Damnented lançou, em 2013, o álbum “Doomwitness”, que apresenta um som ainda mais forte e obscuro. Podemos dizer que a entrada dos novos integrantes que a música de vocês atingiu essa sonoridade? Alex: A formação do Imperious Malevolence já está completa, desde junho de 2012, com vários shows realizados e com novas composições prontas, mostrando um saldo positivo de lá para cá. A sonoridade da nova formação pode ser conferida no resultado final que conseguimos com o novo trabalho, o álbum “Doomwitness”, 4° álbum de estúdio. HELL DIVINE: Um dos cartões de visita desse novo disco é o vídeo que fizeram para a faixa-título. Como foi a preparação do clipe e como estão os acessos? Alex: A preparação do clipe “Doomwitness” foi realmente rápida, gravamos em um curto período e o processo gravação-edição e finalização do clipe durou em torno de um ou dois meses. Foi, de fato, algo que nos ajudou muito com a divulgação do novo trabalho, pois através do clipe conseguimos apresentar uma prévia do que seria o novo trabalho de mesmo nome “Doomwitness”, para quem já conhecia a banda, e também para quem acabou conhecendo recentemente. E claro, alavancou ainda mais o nome do Imperious Malevolence, já que este foi o primeiro videoclipe oficial da banda, e nos rendeu boa aprovação e repercussão na maioria dos que acessaram o clipe. HELL DIVINE: Não que a banda não tenha feito isso antes, mas uma coisa que gostei muito foram os climas de teclados, que deixaram a música de vocês ainda mais mórbida, como podemos ouvir em canções como em “Priests of Pestilence”. Como surgiu a ideia de usar o instrumento em algumas músicas? Alex: Essa ideia surgiu do Antonio e de mim mesmo, que levei algumas ideias prontas de casa para o estúdio e resolvemos utilizar em algumas músicas, incrementando com alguns efeitos sonoros que, por fim, resultaram em um excelente complemento para o novo trabalho. A temática do álbum como um todo ajudou nisso e acreditamos que foi um detalhe que destacou ainda mais ás músicas que já estavam muito boas sem os teclados. No

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Cada mais t e demo


consenso do grupo, o teclado e outros efeitos foram bem aceitos, não queríamos nada exagerado, e o resultado nesse ponto foi satisfatório para todos nós. HELL DIVINE: A capa também reflete esse clima. Feita por Anderson L.A. (Natureza Morta) transmite o ouvinte para a “vibe” do disco. Como foi o processo de concepção da arte? Alex: O Anderson já trabalhou com o Imperious Malevolence nos outros álbuns e isso facilitou no contato, e também em transmitir aquilo que queríamos. Ele conseguiu sacar a ideia toda nos encontros e nas conversas que tivemos, ouvindo as músicas e lendo as letras do álbum quando ainda finalizávamos os últimos detalhes dele. O trabalho gráfico ficou de muito bom gosto e melhor do que esperávamos. HELL DIVINE: “Doomwitness” foi lançado pela gravadora Rock Brigade e conta com a distribuição da Voice Music. O que os motivou na escolha desses novos parceiros e o que estão achando do resultado? Danmented: O objetivo é ampliar a distribuição e o acesso ao CD, nós consideramos essas parcerias essenciais. Fizemos contato com vários selos daqui e de fora do país, e essa foi a melhor proposta que recebemos. HELL DIVINE: E os shows de promoção já começaram, inclusive, com apresentações ao lado do Nile em São Paulo e Curitiba. Como foram esses shows e como foi a relação de palco com a atração principal? Alex: Na verdade, estamos promovendo este novo álbum, desde agosto de 2013, quando lançamos o CD “Doomwitness” no 13°River Rock Festival ao lado de grandes nomes do metal nacional como: Sepultura, Claustrofobia, Nervochaos, Khrophus, entre outros. Sem dúvida, os shows ao lado do Nile em Curitiba e em São Paulo foram excelentes. As duas apresentações foram de alto nível profissional e qualidade sonora surpreendente para nós, algo que, às vezes, fica a desejar por se tratar da “banda de abertura”. Esses shows também nos ajudaram a promover e divulgar ainda mais esse álbum que foi um grande trabalho registrado pelo Imperious Malevolence em 2013.

a vez tétrico oníaco

HELL DIVINE: A banda já fez diversas apresentações no exterior. Há planos imediatos para uma visita ao velho mundo para promoverem o novo disco? Alex: Em 2014, estaremos martelando na mesma ideia que é buscar novos lugares para nos apresentar, divulgar o novo álbum “Doomwitness” além, também, de mostrar novas composições. No momento, estamos em busca disso e, quem sabe, muito em breve havendo uma oportunidade, estaremos embarcando para mais uma nova empreitada levando o nome do metal nacional extremo para fora do país, mais uma vez. HELL DIVINE: Para encerrar, lembro que no começo dos anos 2000, lançaram o DVD “Kill Fuck Destroy” pela Works. Visto que não era algo comum grupos de Death Metal, como pintou a oportunidade de lançarem um material em vídeo? Pensam em lançar um novo DVD? Antonio Death: DVDs com gravação ao vivo são um entusiasmo e uma preocupação ao mesmo tempo, já que a equalização de shows ao vivo é difícil e, nesse caso, como não tivemos acesso à mixagem o resultado sonoro deixou a desejar. Apesar disto, foi uma oportunidade que a própria Works nos ofereceu e financiou, nos deram algumas cópias o que valeu para ficar registrado para sempre naquela época da banda. HELL DIVINE: Obrigado pela entrevista. Deixem uma mensagem aos leitores da HELL DIVINE! Antonio Death: O CD “Doomwitness” está disponível por R$ 25,00 (com correio incluso) para todo o território nacional. Stay In Malevolence! Alex: Grato pelo espaço, gostaríamos de convidar a todos para que acessem nossos canais: www.soundcloud.com/imperiousmalevolence www.facebook.com/imperiousmalevolence www.youtube.com/imperiousmalevolence

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terror de portugal

e ntrevista

Portugal é um caldeirão de bandas extremas que sabem – e muito – fazer barulho de qualidade. Certamente, uma das melhores representantes do underground lusitano é a Grog, que massacra ouvidos com seu Death/Grind extremamente brutal e criativo. Formada por Alexandre Ribeiro (baixo), Rolando Barros (bacteria), Ivo Martins (guitarra) e Pedro Pedra (vocal), o grupo lançou, há dois anos, o espetacular “Scooping the Cranial Insides”, que teve um relançamento em vinil, em 2012, e continua repercutindo mundo afora. O cantor concedeu uma entrevista à Hell Divine revelando histórias curiosas sobre o disco e falando um pouco da carreira da banda, com mais de duas décadas de estrada. Prepare-se para adentrar no mundo divertidamente doentio de... Grog! Por Christiano K.O.D.A 28

HELL DIVINE: Já faz dois anos desde o lançamento de “Scooping the Cranial Insides”. De lá para cá, como tem sido a trajetória de vocês? E o retorno do público e da crítica? PEDRO PEDRA: Desde que o “Scooping the Cranial Insides” foi editado, fizemos uma promoção exaustiva do material, com muitas atuações ao vivo, em Portugal e na Europa. Nessa última, tocamos na Espanha, França, Holanda, República Checa, Holanda e Inglaterra. Entretanto, porque o CD foi muito bem recebido, houve a oportunidade de fazer a edição em vinil, já em 2012, por meio do trabalho conjunto das gravadoras Murder Records (a responsável pela edição digital) e Wings


of Death, ambas da Holanda. Por isso, feitas as contas, passamos o último ano e meio a levar esse lançamento um pouco para todo o lado e o mais incrível é que ainda hoje ele continua a chegar a novos ouvintes. A reação do público tem sido excelente até o momento, e o balanço é manifestamente positivo. Em relação à imprensa, também assumimos esse resultado, porém, como é normal, ao longo do percurso de um disco, no meio promocional, também tivemos opiniões negativas e menos elogiosas. Ainda assim, o resultado final continua a ser muito favorável! HELL DIVINE: Por que decidiram gravar a música indígena “Toia Mai (Haka Powhiri)”, que abre o disco? Como surgiu essa oportunidade? PEDRO PEDRA: A “Toia Mai (Haka Powhiri)” foi uma ideia que o Ivo, nosso guitarrista, nos apresentou durante a fase de preparação das gravações do álbum, porque ele é um curioso e grande aficionado por outras culturas (creio que todos somos). Nesse âmbito, ele frequentou um workshop sobre costumes Maori e nele aprendeu esta Haka. É claro que ficou fascinado com o poder da sua entoação e por isso sugeriu-nos começarmos o álbum com esse cântico. Por razões óbvias, ninguém se opôs, a ideia era magnífica e totalmente inovadora para uma banda do nosso gênero. Por outro lado, também iria contribuir para uma abertura do disco potentíssima e original. Chegado a esse ponto, apenas pedimos autorização ao curador do workshop, que é descendente direto do povo Maori, para procedermos na sua gravação e o resultado final é o que tu conheces. Foi uma experiência tremenda porque foi preciso, principalmente a nível vocal, colocar toda a nossa energia fora do nosso corpo. No fim, todos nós nos sentimos muito honrados por termos tido a oportunidade de representar esse fabuloso povo pelo qual temos muito respeito e admiração. A título de curiosidade, essa Haka é utilizada pelo povo para receber os forasteiros à cultura e suas tradições. Foi-nos dito que se eles vissem nela um sinal de agressividade, então o povo partiria para o confronto, caso contrário, eram amistosamente acolhidos pela tribo. A nossa intenção, ao utilizá-la, foi essa mesma, encenar um ritual de acolhimento para depois partir para o massacre sonoro! HELL DIVINE: Qual foi a ideia por trás da faixa “escondida” “Eskeletos de Kona”? PEDRO PEDRA: A ideia foi introduzir uma música que não tivesse nada a ver com nada do que estava no álbum. Por quê? Porque nós temos essa mania de fazer sempre tudo ao contrário, não nos basta fazer uma coisa muito séria, como é o alinhamento do “Scooping”. Tínhamos que introduzir um pouco mais do nosso nonsense para descontrair o ouvinte depois da sua viagem triturante pelo álbum. Por isso, decidimos fazer a música numa toada mais Punk/Metal/Rock à lá Motorhead e fazer uma letra que até hoje ninguém sabe bem do que fala. Essa música tem a particularidade de ter sido escrita e cantada por todos os elementos da banda, cada um cantou a quadra que escreveu, sendo que a última foi escrita pelo Andrémon, que infelizmente não a pode cantar. Posteriormente foi vocalizada pelo Mosgo, ex-vocalista dos grandes Simbiose! HELL DIVINE: As minhas favoritas são “Sphincterizered (Materialized in Shit)” e “Anal Core”. Poderia falar um pouco sobre essas músicas? PEDRO PEDRA: Claro que sim. Ora, a “Sphincterizered (Materialized in Shit)” aborda a história de um indivíduo reconhecido pela sua reputação em libertar ar intestinal de forma lasciva, fazendo-o, ainda por cima, por 29


puro gozo, porém um dia a combustão intestinal estava especialmente letal e ao longo do caminho de casa ele sentiu que não podia soltar gás algum. O pouco que tentou teve como consequência a morte instantânea de algumas aves urbanas, então decidiu exalar-se apenas quando chegasse ao lar. Infelizmente, essa decisão não lhe foi favorável porque a pressão abdominal acumulada era tanta que mal ele se sentou no sanitário, explodiu, materializando-se em merda! Por sua vez, a “Anal Core” descreve, numa primeira fase, a visão fantasiosa masculina sobre uma personagem divina do mundo feminino mundano. Com hábitos profundos pelo sexo anal, ambos os personagens envolvem-se, numa segunda fase, em práticas da natureza anteriormente descrita até chegarem a um clímax conjunto. O elemento Gore/Série B entra nessa letra pelo fato de a ejaculação do parceiro libertar espermatozóides mutantes, os quais devoram e corroem o interior da sua parceira, levando à literal consumação de todo o seu corpo. Musicalmente, esses temas foram compostos em momentos diferentes do processo criativo do álbum, aliás, a “Anal Core” foi a segunda música a ser criada pelo Ivo, que é o responsável pela maior parte dos temas do “Scooping”. É um tema bruto e direto, quase sem pausas para respirar e que cresceu muito com a participação da Sofia Silva no meio da música, conferindo-lhe um lado irreverente e arrojado. A “Sphincterized”, igualmente escrita pelo Ivo, é uma música escrita meses antes de entrarmos em estúdio. Apesar de igualmente esmagadora, tem uma mistura de arranjos muito técnicos e outros tradicionais que a tornam ainda mais intensa, com groove insano e irresistível ao headbanging! HELL DIVINE: De maneira geral, as letras de “Scooping the Cranial Insides” são repulsivas, mas divertidíssimas. A inspiração vem mais de filmes Gore, da literatura, ou de algum outro meio? PEDRO PEDRA: O imaginário temático do Grog sempre procurou refletir o lado sombrio do ser humano nomeadamente ao nível das suas emoções inconscientes, impulsos e instintos mais primários. Adicionando a tudo isso, sempre usamos o humor negro e o nonsense para fazer passar a mensagem de forma mais acessível e leve. Não é fácil desconstruir a mente de um serial killer ou de um sadomasoquista, por exemplo, mas para revelar o seu conteúdo é preciso algum estômago e capacidade de rir de nós próprios, porque nós fazemos parte da espécie humana e, acima de tudo, também estamos expostos e vulneráveis a que esses comportamentos nos aconteçam. Esse divertimento que encontras nas nossas letras resulta da utilização da ficção para 30

descrever o dia-a-dia, embora haja momentos em que até esse é totalmente deturpado em prol do objetivo que pretendemos. É importante fazermos essa viagem interior ao nosso quarto escuro pessoal para podermos transformar o nosso lodo em algo mais construtivo e criativo, de outra forma, ninguém vai querer ler uma letra que fale de ossos, tripas e fluídos orgânicos. No início, é claro que os livros, filmes de terror, Internet e exposições de arte constituíram a principal fonte de inspiração, mas ao longo tempo tem se tornado um caso de estudo e reflexão pessoal, de modo que atualmente o que é escrito vem mais diretamente de fonte interior que exterior. HELL DIVINE: Duas músicas – “Barbie Doll Fuck Em All” e “Decrepit Pussies Cabaret” – saíram somente no LP. Haverá chances de escutarmos essas composições em algum futuro lançamento da Grog no formato de CD? PEDRO PEDRA: De momento, não há planos para que isso aconteça, até porque, a meu ver, não faz sentido utilizarmos temas que já foram lançados. Essas músicas foram aquelas que sobraram da sessão de gravação e do alinhamento planejado para a edição digital, mas quando houve a oportunidade de fazermos também o lançamento do “Scooping” em analógico, todos concordamos em incluí-las, uma vez que o número de cópias acessíveis ao público iria ser mais reduzida e, como tal, seria uma mais valia a todos aqueles que o quisessem adquirir. HELL DIVINE: A mistura de Grindcore e Death Metal da banda é incrível, uma das mais bem feitas que já escutei. Segundo a biografia de vocês, a Grog começou mais como Grind e depois ficou mais técnica e ganhou influências do Death. Como se deu esse processo? Houve algum integrante que foi mais “culpado” por isso (risos)? PEDRO PEDRA: É verdade, em 1991, nós começamos a tocar Grindcore puro na onda de Napalm Death, Agathocles, Impetigo, Filthy Christians etc, e lançamos o primeiro ensaio nessa pegada, porém, à medida que fomos evoluindo musicalmente, também fomos incorporando outros elementos musicais ao nosso estilo. Naquela altura, estávamos no auge do Death Metal de Tampa e da Suécia/ Finlândia. Cada lançamento feito vindo dessas áreas era bombástico, sendo que hoje esses mesmos lançamentos são considerados pérolas essenciais e clássicos dentro do gênero. Também a técnica musical demonstrada era cada vez mais exigente e cativante aos nossos ouvidos. No fim, todos esses fatores contribuíram para que fôssemos influenciados por essa nova tendência e, com o tempo, fomos crescendo na estruturação musical. Perguntas se, no meio disto, há culpados? Claro que há, somos todos nós, porque assim o quisemos, mas particularmente


existem dois grupos de responsáveis: por um lado, os guitarristas, que sempre contribuíram com as suas boas músicas e, por outro, o restante banda, que sempre gostou do que estava sendo apresentado por eles, ou seja, no final, somos todos cúmplices nesse processo (risos)! HELL DIVINE: Falando em integrante, o baterista Rolando Barros é extremamente criativo, veloz e brutal com seu kit. Ele nunca se cansa (risos)? PEDRO PEDRA: O Rolando é um caso à parte, ele é um animal com vários problemas, inclusive já tentamos ir com ele ao veterinário, mas sem sucesso, acho que até ficou pior (risos)! Tudo isso é para dizer que não, ele não se cansa mesmo, mas tem mais defeitos, sabe? É uma pessoa e músico excelente, muito competente e profissional, com uma vontade de aprender e ultrapassar os seus próprios limites em todas as situações, sempre disposto a inventar algo de novo, sempre puxando para a frente. Basicamente, ele é muito chato e já não há paciência para aturá-lo (risos). Mas o pior é que ele não está sozinho nessa descrição: todos somos assim e por norma falamos por telepatia para não haver conflitos graves no seio da banda. Também já tentamos comunicar com a ajuda de profissional de linguagem gestual, mas ele desistiu assim que o Rolando começou a tocar uma música (risos). HELL DIVINE: Como já dito, “Scooping the Cranial Insides” é de 2011. Já estão compondo novo disco? O que pode adiantar a respeito? PEDRO PEDRA: Estamos escrevendo temas novos e a intenção é gravar para o próximo ano. O novo álbum já tem nome e temas definidos. Por agora, é tudo o que posso adiantar. HELL DIVINE: Mais de vinte anos de banda. Como vocês analisam todos esses anos de trajetória? Quais os maiores desafios enfrentados para manter a Grog firme e forte? PEDRO PEDRA: Estar a arrastar uma banda durante mais de vinte anos para estar em sofrimento constante, só se tocássemos Depressive Doom Black Metal. Como não é o caso, o resultado só pode ser positivo. Entre o que fizemos e o que não fizemos, o mais importante é termos a consciência de que aproveitamos todas as oportunidades criadas e presenteadas. Creio que o mote para estarmos vivos é a vontade para vermos as nossas ideias traduzidas em música, por isso, enquanto houver ideias, haverá músicas. Os desafios têm sido tantos ao longo desse tempo todo, por exemplo, até termos encontrado uma

formação estável, foi um caminho árduo. Revelo que a atual formação já toca junta há mais dez anos. Encontrar o local de ensaio permanente também não foi fácil (agora ensaiamos no mesmo local também há mais de dez anos), por exemplo. Nos dias de hoje, o maior desafio é ter tempo disponível para estarmos juntos. Sempre vamos conseguindo, mas todos crescemos e agora já não somos mais os adolescentes que éramos no passado. HELL DIVINE: Particularmente, a cena underground portuguesa me surpreendeu bastante pelas inúmeras bandas extremas de qualidade. Esse tipo de música é respeitado aí? Tem seu valor reconhecido? Há muitos lugares onde podem divulgar esse tipo de brutalidade? PEDRO PEDRA: O estilo de música em si levanta sempre segundas interpretações resultantes dos preconceitos sociais que sempre existiram e que sempre irão existir, todavia, temos uma cena pequena, mas que respira saúde por todos os seus poros. Hoje em dia, já é mais fácil às bandas portuguesas fazerem-se ouvir por todo o mundo. Também é frequente ver bandas portuguesas em festivais de música extrema mundialmente reconhecidos e aparecer em publicações online e em revistas. Apenas falta, em minha opinião, as editoras internacionais apostarem mais nessas bandas e em todas aquelas que têm qualidade e, acredite, realmente são muitas! Há festivais regulares com um histórico consolidado e com muita tradição em Portugal. Para além desses eventos, também temos salas dispersas pelo país que acolhem com alguma regularidade concertos de bandas de Metal. HELL DIVINE: Agradeço muito a entrevista! Fique à vontade para os últimos vômitos. PEDRO PEDRA: Muito obrigado a todos os leitores pelo tempo que gastaram lendo essas respostas, a ti, Chris, por teres tido a coragem de nos entrevistar, e espero que um dia possamos ir tocar ao Brasil. Seria, com toda a certeza, uma oportunidade e uma experiência brutal. Caso queiram nos contatar, podem usar a nossa página do Facebook/grogpt. Lá, poderão acompanhar as nossas novidades. Grind Up! Booking / Press & Band Contact: grogpt@gmail.com http://grogpt.bandcamp.com http://www.facebook.com/grogpt http://www.myspace.com/grogpt http://www.reverbnation.com/grogpt


e ntrevista

Enquanto “Stoned On Musik” (2010) apresentou o Statik Majik ao mundo do Stoner Metal, o segundo álbum da banda “Wrath Of Mind”, lançado no final do ano passado, consolidou o trio carioca como um dos maiores representantes do estilo no Brasil. Conversamos com o baterista Luis Carlos e o baixista e vocalista Thiago Velásquez que nos falaram tudo sobre o novo trabalho, além da troca de guitarrista e turnê que fizeram pela Europa, dentre outros assuntos. Por Vitor Franceschini HELL DIVINE: “Stoned On Musik” (2010) obteve ótima repercussão. No processo de composição e gravação de “Wrath Of Mind” vocês se sentiram pressionados? Luis Carlos: Não, até porque não tínhamos nenhuma gravadora fazendo esse tipo de pressão, e quando Thiago (Velásquez, baixo e voz) e eu começamos a “desenhar” o que seria o “Wrath of Mind”, já tínhamos noção de como queríamos que o álbum soasse. Thiago Velásquez- Em hipótese alguma, eu diria até que o álbum acabou fluindo de forma natural no quesito composição, dentro do que tínhamos em mente o que viria a ser o “Wrath of Mind”. À medida que pensávamos nas músicas, tudo se encaixava como uma verdadeira luva. HELL DIVINE: Aliás, qual o principal diferencial do novo trabalho em relação ao début? Luis Carlos: Um disco com refrãos mais fortes e a produção de Renato Tribuzy. Thiago Velásquez – Eu diria que, talvez, a principal diferença seja um trabalho mais homogêneo, com mais técnica, pegada, feeling e composições mais bem elaboradas que o primeiro.

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HELL DIVINE: “Wrath Of Mind” mostra a banda mais dinâmica e com mais pegada. Além disso, as novas composições mostram certa evolução de vocês como músicos, além de serem mais variadas. Vocês concordam com estes aspectos? Luis Carlos: Concordo até certo ponto, até porque para este disco tivemos mais tempo para trabalhar na produção e ter o Renato (Tribuzy) na produção foi essencial, ter um produtor cobrando e dando toques foi primordial, coisa que não tivemos no primeiro trabalho. Mas como evolução enquanto músico, pelo menos da minha parte, acho que compus e toquei aquilo que a música deste disco exigiu, de uma forma diferente do primeiro disco. Thiago Velásquez: Faço das palavras de Luis Carlos as minhas e acredito, também, que a nossa maior convivência e tempo tocando juntos colaborou

Mentes


bastante para o desenvolvimento do disco. Todos, de certa forma, evoluímos musicalmente nesses anos do primeiro disco para o segundo e isso colaborou bastante para o resultado final no momento de compor. Luis Carlos: É um processo natural ter que evoluir não só como músico, mas também como profissional. Do contrário, você ficará ultrapassado. Hoje não basta ser um bom músico, é necessário também que você seja um bom profissional e isso remete ao investimento pessoal, ao investimento em seu trabalho na banda, etc. HELL DIVINE: Os arranjos do novo disco também estão bem encaixados e mostra ser um dos pontos fortes. Thiago Velásquez: Acredito que conseguimos nesse disco mesclar um pouco de tudo o que gostamos em se tratando de influências musicais e compor a “nossa cara”, “o som da Statik Majik”.

s a s o i r fu

HELL DIVINE: Thiago Velásquez está cantando como nunca no novo trabalho. Aliás, vocês concordam que o timbre de Thiago é um dos principais diferenciais do Statik Majik? Thiago Velásquez: Essa pergunta fica a cargo dos meus companheiros (risos). Mas quero agradecer pelo feedback positivo que tenho recebido no novo trabalho em relação aos meus vocais. Luis Carlos: Então, eu respondo para você (risos). Eu concordo, assim como digo que o Thiago é a “voz definitiva da banda”. HELL DIVINE: Um fator que também chamou atenção foi que o som da banda, principalmente das guitarras, está menos sujo. Isso foi proposital ou fluiu naturalmente? Luis Carlos: Fluiu naturalmente, queríamos que a gravação deste trabalho tivesse um som “mais limpo” que o primeiro disco, mas aviso que não nos vendemos hein!? (risos) Conseguimos concretizar aquilo que desejamos para o álbum e para um terceiro disco a abordagem será diferente. HELL DIVINE: Thiago D´Lopes gravou o novo álbum e deixou a banda, sendo substituído por Leonardo Cintra. O que aconteceu para haver essa troca e como está sendo o trabalho de Leonardo? Luis Carlos: O Leonardo, além de um excelente guitarrista, é um profissional extremamente dedicado e investe muito do seu tempo na banda e nos passa a segurança que precisávamos enquanto integrante, entende? Essa é a diferença. Fizemos shows com Leo e parecia que o cara estava comigo desde o começo da banda, até perguntei ao Thiago (Velásquez): “Cara, por que você não trouxe esse cara para a banda antes?” HELL DIVINE: “Wrath Of Mind” foi produzido por Renato Tribuzy. Por que optaram por mudar de produtor? E como foi o trabalho com Tribuzy? Thiago Velásquez: Primeiramente, devo confessar que sou fã demais do trabalho 33


desse cara desde moleque (risos). Justamente por ser fã de Tribuzy comecei a fazer aulas com Ivan Guilhon (Tribuzy) e, por volta de 2006, tive meu primeiro contato com Renato, nos tornamos amigos e anos depois começamos a trabalhar juntos em outros projetos. Quando começamos a gravar o “Wrath of Mind” surgiu a ideia de fazer a produção das guitarras com ele e o resultado foi sensacional, então fechamos de fazer o disco todo com ele. Particularmente, acho o Renato um cara genial no quesito “ideias e composição”, ele acrescentou muito à Statik Majik em geral e fora que ele é um cara super gente fina e brincalhão. Logo, as longas horas de estúdio se tornaram as melhores possíveis. HELL DIVINE: Como tem sido a repercussão do novo álbum? O trabalho chegou a ser lançado no exterior? De quais países vocês têm obtido mais respostas em relação ao trabalho geral da banda? Luis Carlos: A repercussão tem sido ótima, mas é neste ano que esse feedback vai surgir, porque ano passado estivemos mais no trabalho de divulgação em turnês. Então, creio que agora é que teremos a resposta do nosso trabalho enquanto “crítica e público”. Os países que nos receberam da melhor forma foram o Equador e a Espanha e, sobre lançamento no exterior, estamos trabalhando nisso. HELL DIVINE: Falando em exterior, no ano passado vocês estiveram na Europa. Como foi a turnê por lá? Como o público europeu recebeu a música do Statik Majik? Luis Carlos: Foi uma boa experiência e pretendemos retornar, em 2015. O público nos recebeu muito bem, até mesmo naqueles em que tinham alguns punks (risos). Passamos por alguns países importantes dentro do cenário Metal e ali vimos outra realidade. Passamos por palcos pequenos e grandes, com grandes públicos e outros nem tanto, porém, com ótima estrutura, equipamentos excelentes, etc. HELL DIVINE: Antes mesmo de lançar o segundo álbum, a banda soltou mais um videoclipe para a faixa “Drowning In Despair”. Por que esta faixa foi a escolhida

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e como foi produzir o vídeo? O fato de ser o segundo clipe facilitou na hora da produção? Thiago Velásquez: Já vínhamos com a ideia de lançar um single juntamente com um clipe para começarmos a divulgar como uma prévia do material que estava por vir. “Drowning in Despair”, sem sombra de dúvidas, foi uma grande escolha para se fazer um clipe. Escrevi sua letra totalmente baseada na escola literária do Romantismo, mais especificamente em sua segunda geração, que aborda o pessimismo, o amor descontrolado e o sofrimento. Quando fomos pensar em como seria o clipe, descobrimos que Luis Carlos e eu tínhamos a mesma visão sobre ele, e que ambos gostávamos da mesma escola literária, então tudo fluiu da forma mais natural possível. Luis Carlos: A produção foi feita pela Plano Conjunto que fez nosso primeiro clipe, e foi um trabalho bem bacana, que contou com a colaboração de amigos e fãs. Esse clipe foi mais trabalhado que o primeiro, pois contou com o envolvimento de mais pessoas na produção e manter um ambiente onde tem a Statik não é uma coisa simples, é anárquico (risos). Aproveito para avisar que em breve estaremos lançando outros clipes. HELL DIVINE: Aliás, a banda aposta neste formato e investe bastante em divulgar os trabalhos nas redes sociais. Luis Carlos: Somos uma banda independente, ainda que tenhamos assessoria e gravadora, mas não dá para dormir no ponto, temos que trabalhar, e muito! Hoje em dia é difícil, mas é possível fazer a diferença, mas não basta divulgar bastante e virar “banda on line”, porque o trabalho mesmo está na estrada. HELL DIVINE: Além de divulgar “Wrath Of Mind”, quais os planos para 2014? Luis Carlos: Estamos com Leonardo Cintra na guitarra e muito felizes com a chegada dele. Vamos gravar novos clipes, temos mais turnês pela frente e aviso que já estamos em fase inicial de futuras composições, então, vamos que vamos porque 2014 está aí e temos muito trabalho pela frente.


melhores do ano

O ano de 2013 foi surpreendente para o heavy metal! Diversos lançamentos incríveis assolaram os continentes desse mundo metálico. Tentamos acompanhar ao máximo tudo que era lançado, e então desenvolvemos uma lista do que mais agradou ao longo desse ano. Estamos “um pouco” atrasados, mas, antes tarde do que nunca, certo? Veja o que a nossa equipe selecionou:

r e t n u h o t s u g au

Christiano KODA

TOP 10 CDs: Ghost – Infestissuman Lacerated And Carbonized – The Core Of Disruption Carcass – Surgical Steel Blackfield – IV Woslom – Evolustruction Fanttasma – Another Sleeples Night Hell – Curse And Chapter Hibria – Silent Revenge Rotting Christ – Kata Ton Daimona EauTou DarkTower – … Of Chaos And Ascension DVD: Unearthly – Baptizing The East In Blood Melhor capa: Altar Of Plagues – Teethed Glory & Injury Revelação: Arandu Arakuaa Banda que quer ver em 2014: HYPOCRISY Banda que promete para 2014: SupreMa

TOP 10 CDs: FACADA – Nadir LACERATED AND CARBONIZED – The Core Of Disruption DEEDS OF FLESH – Portals to Canaan SIEGE OF HATE – Animalism SUFFOCATION – Pinnacle of Bedlam TRITURADOR – Gore to the Grind (2007-2012) ANTIVOID – Senseless SKINLEPSY – Condemning The Empty Souls CORRÉRA – Human Chaos ROTTEN CADAVERIC EXECRATION – Blossoming in Piss (EP) DVD: Unearthly – Baptizing The East In Blood Melhor capa: SIEGE OF HATE – Animalism Revelação: ANTIVOID Banda que quer ver em 2014: TERRORIZER Banda que promete para 2014: GUTTED SOULS

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r J s a i s s Me o Joa

a c s a r f r o i n u j

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TOP 10 CDs: DUSTY OLD FINGERS – The Man Who Died Everyday AVEC TRISTESSE – Use & Control GOATLOVE – The Goats Are Not What They Seem VOLBEAT – Outlaw Gentleman And Shady Ladies VANDROYA – One WOSLOM – Evolustruction HELLISH WAR – Keep it Hellish LORDI – To Be or Not To Beast AYIN – Ordo Ab Chao PANZER – Honor DVD: NERVOCHAOS – 17 Years of Chaos Melhor capa: MURDER RAPE – For Evil I Spill My Blood Revelação: ARTHANUS Banda que quer ver em 2014: ERIC MARTIN (Vocalista do Mr. Big) Banda que promete para 2014: NECROMESIS

TOP 10 CDs: WOSLOM – Evolustruction ASG – Blood Driver HIBRIA – Silent Revenge HATRIOT – Heroes of Origins JAMES LABRIE – Impermanent Resonance ANNIHILATOR – Feast SCORPION CHILD – Scorpion Child CHURCH OF MISERY – Thy Kingdom Scum AUDREY HORNE – Youngblood TOMBSTONE HIGHWAY – Ruralizer DVD: TESTAMENT – Dark Roots of Thrash Melhor capa: RED FANG – Whales and Leeches (Versão Deluxe Edition 3D) Revelação: MONSTER TRUCK Banda que quer ver em 2014: SPIRITUAL BEGGARS Banda que promete para 2014: IMBYRA


a ci r a g s o c r ma

i n i h c s ce n a r Vitor F

TOP 10 CDs: ORPHANED LAND – All is One DARKTOWER – … Of Chaos and Ascension LACERATED AND CARBONIZED – The Core Of Disruption ROTTING CHRIST – Kata Ton Daimona Eaytoy PANZER – Honor GENOCÍDIO – In Love With Hatred DYNAHEAD – Chordata I HIBRIA – Silent Revenge CARCASS – Surgical Steel DARK AVENGER – Tales of Avalon: The Lament DVD: ICED EARTH – Live in Ancient Kourion Melhor capa: DYNAHEAD – Chordata I Revelação: Fanttasma Banda que quer ver em 2014: OPETH Banda que promete para 2014: ARANDU ARAKUAA

TOP 10 CDs: Carcass – Surgical Steel Lacerated And Carbonized - The Core Of Disruption Desdominus – Devastating Millenary Lies Fanttasma – Another Sleeples Night TomCat – Bits N’ Pieces Hibria – Silent Revenge Dark Tranquillity – Construct Helllight – No God Above, No Devil Below In The Burial – Born of Suffering Corporate Death – Angels & Worms DVD: Nervochaos – “17 Years Of Chaos” Melhor capa: Carcass – Surgical Steel Revelação: ANTIVOID Banda que quer ver em 2014: AC/DC Banda que promete para 2014: Electric Age

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s u o g n a m u h o pedr

yuri azaghal

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TOP 10 CDs: AYIN – Ordo Ab Chao OMFALOS – Cotton Candy Rendezvous BORN OF OSIRIS – Tomorrow We Die Alive WOSLOM – Evolustruction THE BLACK DAHLIA MURDER - Everblack FORCEPS – Humanicide AGONA – Homo Grotescus LACERATED AND CARBONIZED – The Core Of Disruption NEAERA – Ours Is The Storm THE OCEAN – Pelagial DVD: KREATOR – Dying Alive Melhor capa: SKELETONWITCH – Serpents Unleashed Revelação: LITVINTROLL Banda que quer ver em 2014: OPETH Banda que promete para 2014: IMBYRA

TOP 10 CDs: The Nightstalker – Against the anesthetist Deathpass – Proliferating the Curse Impetus Malignum – Storms of Fire Odium – The Monolith of Hate The Misanthropic Apathy – Escort by Nights Naught – Night Eternal Unlight Dawn – Mayhem Terror Deadlife – Värdelös Fear of Eternity – The Evocation of the Unseen Devilgroth – Monument DVD: Adventum Diaboli – Satan Possessed the Studio Melhor capa: SIEGE OF HATE – Animalism Revelação: The Nightstalker Banda que quer ver em 2014: Qualquer uma que seja boa. Banda que promete para 2014: Seth


resenhas

Alba Savage “Alba Savage” Independente

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Por João Messias Jr. A região Nordeste, conhecida principalmente pelas bandas de Death e Thrash Metal agora pode ser referência em um novo nicho: o Classic Rock, graças ao Alba Savage. Conhecidos por terem feito parte de grupos clássicos como Medicine Death e Dissidium, Willard Scorpion (baixo, violão e voz), Wilhelm Hansen (guitarra, teclado e backing vocals), Diego Nóbrega (guitarra e backing vocals) e Junior Punk (bateria) concentraram forças em fazer um som diferente, com inspiração no Rock anos 60, 70 e pop dos 80, que, embora não apresente nada de novo, é empolgante e extremamente bem feito, ao começar da bela capa. O trabalho tem início com “Shine On”, que é um rockão com pegada bluesy que da até para imaginar a galera cantarolando seu refrão nos pubs. A inspiração no Heavy Rock aparece em “Spellbound”, que deve ser matadora ao vivo, principalmente no trabalho de guitarras. “The Fire Still Burns” é aquela baladona que lembra um pouco o Pink Floyd (felizmente só um pouco), com vocais mais chorosos e um bem bolado solo de sax, feito por Stephan Thomas. Infelizmente, a Hard “Strangers in the Night” significa que o trabalho está chegando ao fim. Dona de uma energia gostosa e para cima, assim como a já citada “Spellbound”, possui como ponto alto as guitarras e os vocais sussurrados. Aliás, quem conhecia Willard pelos urros e berros, vai se surpreender com essa variedade, que lembra um pouco os grupos pop dos anos 80, o que é sensacional, dando um chute no saco dos ditos radicais. Vejo que gravadoras como a Nuclear Blast tem investido pesado em grupos do estilo e aí me pergunto: custa os caras checarem a cena nacional para sacarem que temos bandas tão boas ou melhores que as que eles lançam?

COLDBLOOD “CHRONOLOGY OF SATANIC EVENTS” Distro Rock Records

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Por Yuri Azaghal Levou um bom tempo até que o Coldblood lançasse um fulllength desde “Under The Blade I Die”, mas, certamente, a espera valeu a pena. Desde a arte de capa até cada instrumento presente, Coldblood continua sendo uma banda que mostra em cada nota executada que é uma banda que faz o que acredita, faz o que gosta e faz muito bem. Não vi motivo para dissertar de forma negativa sobre esse álbum em nenhum aspecto. A brutalidade sincera, feita com fervor, não cessa em momento algum. Toda a produção no geral, o instrumental, os vocais e as letras estão simplesmente ótimas. Os riffs estão sensacionais, rápidos e ríspidos, sendo dosados de forma correta para que, independente do foco, não percam o peso, tampouco a agressividade. Não é um álbum excessivamente longo, mas também não é curto, o que particularmente encaro como um bom sinal (lembre-se que na vida a resposta para tudo é o equilíbrio, o meio termo), não desagradando assim o pessoal que não tem paciência para ouvir álbuns/faixas muito longas, podendo resolver o outro lado da moeda no “repeat”. Não é preciso dizer que aprovei o álbum e o recomendo fortemente. Parabéns ao Markus por ser um sujeito humilde e incrivelmente gente fina, e também parabéns a ele e ao resto da banda pelo excelente trabalho no Coldblood que só cresce cada vez mais. 39


Conquistadores “A Beira da Loucura” Eternal Hatred Records

5

Por Augusto Hunter A banda paulistana de Metal Tradicional Conquistadores apresenta o seu début ao país com letras clássicas e até mesmo clichês, entoando em nossa língua a luta pelo Metal e afins. A sonoridade, completamente voltada para a década de 80, prova como ainda é forte o movimento retrô em nosso país, que eu vejo como algo bom, por manter viva a chama inicial de tudo – uma boa lembrança, mas tem suas falhas e perigos, mas isso não é algo que caiba aqui. Como a proposta da banda é soar antiga, a gravação deles é algo sensacional, pois é bem no nível de qualidade daquele tempo e muito bem feita, com todos os instrumentos bem calibrados e entendíveis, apesar de em momentos ter a impressão de não conseguir ouvir os vocais de Alan Bianco, que faz um belo serviço, mas essa proposta de ser um “Guerreiro do Metal” não faz muito a minha praia. Digo isso em músicas com essa pegada, o disco não me soou muito bom, mas tenho certeza que, para aqueles que curtem o velho estilo de se fazer som pesado, o Conquistadores é exatamente o que vocês devem procurar.

Crushing Axes “Evoking The Power Of Chaos” Independente

8

Por Vitor Franceschini O Crushinx Axes, para quem não conhece, é uma one-manband capitaneada por Alexandre Rodrigues que, desde 2008, vem lançando ao menos um álbum por ano. Se engana quem associa o termo one-man-band sempre ao Black Metal, já que no Crushing Axes, o multi-instrumentista se envereda pelos caminhos do Death Metal. Na maioria de seus trabalhos, o músico sempre aliou a sonoridade extrema ao experimentalismo, fazendo um som de difícil digestão, mas com qualidade. Este “Evoking The Power of Chaos” mostra que o cara se cansou um pouco do lado experimental/épico e decidiu partir para algo mais direto e agressivo. A coisa aqui flui Death Metal mesmo, desde os riffs poderosos (aliás, Alexandre é um ótimo guitarrista), passando pela rapidez das composições. Ainda há as quebradas repentinas, mas nada que parta para o lado cheio de arranjos ou viajantes de outrora – pelo contrário, mesmo nas passagens mais cadenciadas, o peso ainda impera. Não posso deixar de mencionar os bons solos, mais um fator que comprova a qualidade das guitarras no disco. Os vocais de Alexandre, que sempre chamaram atenção, continuam urrados e caíram como uma luva nesta proposta mais brutal. As letras também estão mais diretas e agressivas, mesmo mantendo o lado histórico. Mesmo assim, com essa mudança para o lado mais extremo, o mais importante foi mantido na sonoridade do Crushing Axes, isto é, a característica de sua música continua intacta. Sem dúvidas, o trabalho mais brutal e obscuro até então.

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Disgrace and Terror “The Final Sentence” Distro Rock Records

8.5

Por Christiano K.O.D.A. Se no trabalho anterior, “Terror Nuclear/Shadows of Violence European Tour – Especial Edition” (que conta com o primeiro full, “Shadows of Violence”), esses paraenses já estavam dando o que falar, com o novo rojão, a coisa foi elevada a um novo patamar. O Thrash/Death primoroso continua primoroso (!), porém, com mais agressividade, peso e técnica. Sim, chega a impressionar como as composições são bem acabadas, com arranjos incríveis e uma agressividade latente. Além das oito faixas de estúdio – a última delas interpretada pelo vocalista Tono (Rato Raro) –, há três bônus ao vivo (com outra formação), com qualidade de gravação acima da média. E, claro, mataram a pau em sua fúria e bom gosto. E não me lembro de ter visto o tema “circo” numa letra de banda do estilo. Assim, “The Gran Circus in Flames” é uma boa surpresa ao narrar uma apresentação que termina de forma trágica após um terrível incêndio. Apesar do final previsível, a proposta foi original. Mas para deixar claro, em termos instrumentais, todas as músicas são excepcionais e ricas, o que não deixa espaço para mencionar um ou outro destaque. E a produção caprichada também trouxe mais credibilidade e grandiosidade para o álbum. Enfim, músicos extremamente afiados e inspirados registraram um excelente petardo no nosso underground. E aí, quando finalmente daremos valor maior a essa banda? Merecem, e muito, o reconhecimento há tempos!

DIVINE PAIN “Immortality” Eternal Hatred Records

6.5

Por Marcelo Beckenkamp O que vem a ser o Death Metal nos dias de hoje? Com certeza, algo que vem a ser inovado de forma constante e gradativa pelos mais exímios artistas do gênero. É o caso do Divine Pain, que conseguiu lançar um material de extremo bom gosto em suas composições. Pontos fortes – “Immortality” alcançou um sucesso a nível mundial, muito provavelmente pelos elementos atuais que dão gosto de ouvir, com riffs melódicos em alguns trechos, apesar de serem poucos utilizados. Além disso, o efeito sombrio em sua sonoridade “assombra”, de forma positiva, aos ouvidos até mesmo dos mais críticos da música. Pontos negativos – O que a banda pecou, nesse critério, é não preocupar-se com as variações entre uma música e outra. Para aqueles que não são adeptos ao estilo musical, ao ouvir faixa por faixa, a impressão casada é de ser a continuidade da mesma canção, sem variações, com a utilização das mesmas “batidas pesadas” do metal extremo, de forma ininterrupta. Além disso, há também o vocal, com berros, sem uma compreensão clara do que é passado nas letras compostas.

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Dysnomia “Chaos Descends” Independente

8

Por Raphael Arizio “Chaos Descends” é o primeiro EP da banda Dysnomia. De cara, a banda já se destaca pela ótima capa e pela gravação bem apurada com direito a masterização no renomado estúdio MR. SOM. O EP apresenta três faixas do mais puro Death Metal com ótimas influências de Thrash. Fica difícil destacar alguma música devido à alta qualidade do trabalho, mas a segunda faixa “In Revolt” se destaca um pouco mais das outras com grandes variações de tempos e riffs matadores de Julio Cambi e João Jorge. Destaque, também, para a bateria de Érik Robert que impressiona, pois é precisa e bastante trabalhada e com dois bumbos matadores. O baixista Denilson Sarvo também não fica atrás com um trampo de baixo muito bom, com muito peso e variedade para o som da banda. Ao vivo, deve ser algo realmente empolgante e bastante agressivo. Essa banda necessita urgentemente ter um álbum inteiro lançado.

Eridanus “Helltherapy” Independente

8

Por Pedro Humangous Como é bom ver o Melodic/Power Metal voltando a dar bons frutos e, melhor ainda, em nossas terras! O Eridanus vem do Rio Grande do Sul e nos brinda com esse excelente disco chamado “Helltherapy”, contendo nove potentes e variadas músicas, bebendo da fonte dos monstros do estilo como Gamma Ray, Helloween e até mesmo dos brasileiros do Hibria, Hangar e Almah. A banda é formada por Thiago Lauer (vocais), Roger Feilstrecker (guitarra), Deivid Moraes (guitarra), Andi Castro (baixo) e Rafael Reis (bateria), todos muito competentes em seus instrumentos, abusando de bom gosto e técnica apurada. Destaque para as vozes de Thiago, potentes e melódicas na medida certa, sem se perder em exageros comuns de quem canta nesse tipo de banda. Já falei diversas vezes isso, inclusive, já gerou discussão por parte dos mais fanáticos, mas o Melodic e Power Metal (e suas derivações) perderam muita força na década passada, com bandas clássicas lançando discos fracos e bandas novas sem a menor inspiração, trazendo mais do mesmo. O que temos visto de uns anos para cá é o retorno do estilo com bandas novas, conseguindo mostrar atitude e autenticidade, voltando a atrair a atenção do público para o estilo novamente. E o Eridanus se encaixa perfeitamente nessa nova realidade, um grupo que é fortemente influenciado pelos clássicos, mas impõe sua identidade própria e cria músicas superinteressantes, que voltam a empolgar. Senti falta um pouco de mais vozes dobradas, coros no refrão e coisas do tipo, além de uns solos mais “violentos”, aqueles de tirar o fôlego, mas, no geral, “Helltherapy” agrada bastante. O grupo está na trilha certa e tem tudo para despontar no cenário nacional e mundial, um belo trabalho de estreia!

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Eternyx “Unknown Way” Independente

8

Por Vitor Franceschini Surpreendente o trabalho deste quinteto carioca formado por Aline Vandrack (vocal), Vinícius Detoni (guitarra), Luana Braga (baixo), Leo Birigui (bateria) e Júlio César (teclados). Afinal, há alguns anos não ouvia algo que me remetesse ao Gothic Metal de nomes como Within Temptation e After Forever. Digo isso, porque as bandas do estilo tinham “meio” que abandonado o lado extremo e partido para um lado mais pop da coisa, explorando apenas o lado mais clean. O Eternyx investe em todo aparato que revolucionou o Metal na primeira metade dos anos 2000, ou seja, há muitos arranjos orquestrados, guitarras na linha tradicional do metal e duetos de vocais guturais/rasgados com vocal feminino lírico. Aliás, Aline não canta tão lírico assim e deixa sua voz soar de uma forma um tanto quanto natural. Apesar da influência Doom Metal em algumas passagens, as músicas não são arrastadas e nem possuem um clima sombrio. O negócio aqui está mais para o lado clássico e erudito, com excelentes arranjos, incluindo aí bons corais. A melodia nos solos de guitarra é outro fator que ganha ponto, pois estão muito bem encaixados. Destaque para “Walking to Death”, a belíssima “Face My Fears”, a intensa faixa título e “Everybody Wants to Go Back Home” que fecha o disco memoravelmente. Antes que eu me esqueça, o download gratuito do disco ainda está disponível no site da banda (http://www.eternyx.net/).

Evil Rock “Western Dawn Rider” Independente

9

Por Pedro Humangous Fábio Cota, mais conhecido como Marreco (responsável pelo Marreco’s Fest e guitarrista da banda Totem), é um ser incansável. Além dos milhares de projetos em que ele se envolve, resolveu criar sua própria Metal Ópera, misturando de tudo um pouco: Rock, Death, Thrash, e Heavy Metal no geral. “Western Dawn Rider” tratase de uma jornada musical com uma história interessante, que se passa na capital brasileira. É uma graphic novel, uma história em quadrinhos musicada, onde cada capítulo narra seus fatos bizarros e envolventes que ocorrem com seus personagens principais, aqui representados por Pablo Lionco (que interpreta Czeslaw Denko), Rafael Cury (fazendo o personagem principal, Ian Fraiser), Hoanna Aragão (Theodora De Lis) e a participação mais do que especial de Steve Grimmett (interpretando Alfred Gough). As guitarras e o baixo foram gravados pelo próprio Marreco, com auxílio de Fabrício Cinelli na bateria. As músicas estão muito bem amarradas e a alternância dos estilos entre as faixas deixa a audição bem interessante, surpreendendo o ouvinte do início ao fim. A escolha dos vocalistas merece aplausos, pois a atuação de cada um individualmente é de cair o queixo e, juntos, são destruidores! O gutural do Pablo é assustador, o vocal limpo do Rafael é maravilhoso e a voz doce e sensual da Hoanna funciona como a cereja do bolo. A participação de Steve Grimmett faz com que “A Sign To Speak” seja uma das melhores do disco, ao lado de “Uncouth Summit”. Para quem adquire esse CD, por um preço camarada, ainda leva junto uma HQ ilustrando toda a trama, desenhada por

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grandes artistas brasileiros como Luiz Kiss (Torino), Maurício Júnior (Mortaes), Diego Moscardini (Coral de Espíritos), o tatuador Gustavo Vodu, Thiago Palma (Etno) e Marceleza. O próprio Fábio Marreco foi autor da capa e de uma das ilustrações. O álbum vem embalado em um belo digipack, conta com onze incríveis e muito bem desenvolvidas músicas e uma gravação de primeira. Um trabalho ousado, desafiador e muito bem sucedido. Parabéns Marreco e a todos os envolvidos nesse projeto, uma verdadeira obra de arte!

Genocídio “In Love With Hatred” Urubuz Records

8.5

Por Junior Frascá Uma verdadeira lenda do underground metálico nacional, o Genocídio é uma das bandas mais importantes da cena Death/ Doom pátria. Com uma trajetória batalhadora e uma discografia irretocável, o quarteto mais uma vez dá mostras de todo seu talento neste seu sétimo disco de estúdio que, sem dúvida, representa o auge criativo da banda. Com uma produção excelente (graças ao trabalho do produtor Marco Nunes), “In Love With Hatred” mostra uma banda inspirada e repleta de boas ideias, que culminaram em 11 faixas excelentes (até por isso não há como indicar destaques), repletas de peso, agressividade e transbordando paixão pelo estilo. Seja nos momentos mais épicos e melancólicos, com prevalência do Doom Metal (e nas quais o vocalista Murillo Leite mostra toda sua versatilidade), ou nos mais agressivos e diretos, calcados no Death Metal Tradicional, os caras dão show, cativando o ouvinte com muita facilidade. Ah, vale ainda destacar as participações especiais de Manu Joker (do Uganga) em “I Deny”, Vitor Rodrigues (do Voodoopriest) em “Unseen Death”, e da Sphaera Rock Orchestra em “Birth of Chaos” e “White Room Red”. Trata-se, pois, de um álbum que tem tudo para alavancar ainda mais a carreira dessa excelente banda, e que nos leva a crer novamente que, se vivêssemos em um mundo justo e ideal, o Genocídio seria um gigante do metal mundial, pois competência os caras têm de sobra. Imperdível!

Gstruds “Only Tia Gertrudes is Real”

Gallery Productions/Esporro Sonoro Distro/Prods/MVC Prod/ Distro/Metal IslandTenebrarum Zine Prod

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Por Christiano K.O.D.A. Cara... simplesmente um dos melhores discos de Thrash Metal oitentista lançados em 2013! Fazia um tempo que eu não topava com algo tão empolgante no estilo! Portanto, é aquela coisa maravilhosa: rifferama interminável e criativa, músicas

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velozes, peso, bons arranjos e um vocal que vai até para um lado mais Death. Pois o resultado ficou ótimo e caiu como uma luva para a sonoridade da Gstruds. Luiz berra muito! Outra constatação interessante: a banda ousa e faz letras em português, um desafio que nem sempre fica bom quando se trata de uma sonoridade como a do grupo. Só que aqui, novamente, os caras se deram bem. E o humor doentio do cearenses também marca presença em “Only Tia Gertrudes is Real”. Aliás, o título do álbum já entrega logo de cara, não? Mas para não passar em branco, alguns títulos hilários de músicas: “Puta Purulenta” (a melhor, espetacular!), “Maldição do Ovo” e “Ataque das Borboletas Canibais” são alguns exemplos do que se passa na mente desses insanos. Mais um destaque aqui: o trabalho do baixista Carlos é fora do normal e pode ser conferido, por exemplo, na mencionada “Puta Purulenta” (reforço: tem tudo para virar um hino do Thrash nacional). E até nos momentos mais cadenciados, os integrantes, bem acima da média, sabem compor algo bem feito e sem deixar de ser violento. É o caso de “Satã Obreiro da Universal”. Ah, sim, e a Gstruds já conta com mais de duas décadas de história, o que me faz questionar como somente agora é que eles têm dado mais o ar da graça no nosso underground. Enfim, produção nota 10, arte gráfica muito bem feita e qualidade em todo o canto. Impressionante e imprescindível para a coleção!

Hammercult “Steelcrusher” SPV/Sonic Attack

10

Por Marcos “Big Daddy” Garcia PARA TUDO! Pai Marcão mais uma vez garimpou uma joia rara! Israel anda revelando ótimos nomes em termos de Metal nos últimos anos, já que nomes como Switchblade, Betzefer, e agora chegou a vez do insano quinteto Hammercult dar as caras e deixar os ouvidos menos acostumados com dores e sinal de ocupado, bem como pescoços cheios de dores, já que “Steelcrusher” é algo de absurdamente pesado e agressivo. O Thrash que eles executam é de uma brutalidade, de uma rispidez extrema, mas sem deixar de ter boas melodias, especialmente nos solos. Yakir Shochat tem pulmões de ferro e vocais agudos de aço (lembram um pouco Mikka do Impaled Nazarene), Guy Ben David e Arie Aranovich formam uma dupla de guitarras bem afiada nas bases e solos, e Elad Manor (baixo) e Maayan Henik (bateria) formam uma base bem entrosada e pesada. E o fruto disso são pescoços doídos, pois é impossível não bater cabeça como um louco com faixas como a veloz e brutal “Steelcrusher”, a ótima “Metal Rules Tonight”, “We Are the People” (com um jeitão Motorhead de ser, sendo que Andreas Kisser faz um solo nela), ou “In the Name of the Fallen’ (ótimos vocais e excelentes melodias). Ótimo CD, e quem gosta de vinil ainda ganha um bônus: uma versão da banda para a clássica “Ace of Spades”, do Motorhead. E lá vamos nós gastar grana com importados... mp3 é coisa de frutinha.

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Hazy Hamlet “Full Throttle” Arthorium Records

8.5

Por Pedro Humangous Lançado no final do ano passado, “Full Throttle” é o segundo álbum dessa banda paranaense chamada Hazy Hamlet. O Metal Tradicional invade nossos ouvidos logo nos primeiros acordes, lembrando os bons momentos da NWOBHM, fazendo fãs de Accept, Iron Maiden e Judas Priest erguerem seus punhos alto no ar novamente! Os vocais de Arthur Migotto (que também foi responsável pela mixagem e masterização) lembram bastante o estilo de cantar de Chris Boltendahl do Grave Digger. Os riffs de guitarra de Julio Bertin seguem a linha da escola alemã, com fortes influências da donzela de ferro. O baixo de Fabio Nakahara ficou bem interessante na mix, sendo possível ouvi-lo com bastante clareza, dando personalidade às músicas. As linhas de bateria de Cadu Madera também não ficam para trás, abusando de viradas e ataques constante aos pratos. A arte da capa é bem oldschool, um belíssimo desenho aparentemente feito à mão, deixando o disco ainda mais atraente. Minhas favoritas nesse trabalho são “Full Throttle”, “Symphony Of Steel” e “Thorium” (no melhor estilo Manowar). O Hazy Hamlet representa muito bem o Metal feito no Brasil e mostra o que temos de melhor para o mundo. A mescla entre o Tradicional e o Power ficou perfeita, trazendo a sonoridade dos anos oitenta com a cara de bandas novas e atuais, bem bacana! É o tipo de álbum que vale a pena ouvir repetidas vezes e tê-lo em sua coleção!

Headhunter D.C “Brazilian Deathkult Live Violence” Eternal Hatred Records

8

Por Raphael Arizio Mais um lançamento da lenda do metal da morte Headhunter D.C. Na verdade, se trata do lançamento em CD de uma k7 ao vivo lançado, em 2002, pelo selo francês Eternal Fire. O disco foi lançado pela gravadora Eternal Hatred Records, que remasterizou todo o conteudo e deu uma boa melhora em relação ao k7. Por ser tratar de um show de 1995, não se pode esperar por uma produção de primeira linha, mas mesmo isso não tira o brilho de uma apresentação maravilhosa que consta de clássicos de seus dois primeiros discos “Born...suffer...die” e “Punishiment at Dawn” lançados, em 1991 e 1993, respectivamente. O disco se inicia com a extrema “Forgotten Existence”, faixa de abertura de seu segundo disco “Punishiment at Dawn”. Em seguida, com outra de seu segundo disco, “Intense Infanticide”, música que alterna passagens mais cadenciadas e extremas com solos e riffs absurdos de destruidores muito bem executados pela dupla Paulo Lisboa e Simom Matos. Segue-se com a primeira música executada do seu primeiro trabalho chamada “Decomposed”. Música bem rápida e extrema com um trabalho de batera muito bem executado por André Moyses. Destaque, também, para as linhas vocais de Sérgio Baloff com vocais guturais e rasgados muito bem feitos. O show continua com o clássico “Death Vomit” que contém riffs maravilhosos e rápidos e com uma veia de Grindcore bem grande, assim como a música seguinte “Disunited”. “Searching For Darkness” continua a destruição sonora dos baianos com ótimas linhas de baixo de Alberto Alpire. “Bloodbath” apresenta boa variação e com uma excelente linha de batera e riffs brutais e bem executados – uma música que deveria estar sempre 46


no repertório da banda. “Terrible Illusion” começa com um discurso de Ségio mostrando união com as bandas que tocariam no evento após o Hedhunter, Scrupulos e Mordeth. “Winds of Death” é uma curta, porém certeira música com toques de Grindcore. Nesse show, ainda há um cover maravilhoso para o megaclássico do Venom Buried Alive seguido de um solo do ótimo baterista André Moyses. A faixa seguinte, “Deadly Sins of the Soul” apresenta uma grande mistura de Doom Metal com o habitual Death Metal certeiro da banda. Termina-se a apresentação com o clássico “I Am Crazy”, outra faixa memorável dessa lenda do metal da morte. Trata-se de um grande disco ao vivo e altamente indicado para os fãs do grupo.

King Fear “Frostbite” Shinigami Records

7

Por Pedro Humangous Serei honesto e vou confessar: nunca tinha ouvido falar do King Fear. O estilo que praticam, o Black Metal, também não é um dos meus favoritos. O logotipo e a arte da capa, porém, me agradaram bastante logo de cara. Coloquei então o disco para rodar e fui pesquisar mais sobre a banda na Internet. Descobri, enquanto ouvia os primeiros segundos de música, que se tratava do primeiro trabalho desse grupo alemão liderado pelo ex-vocalista do Dark Funeral, Nachtgarm. “Frostbite” conta com oito faixas, além de cinco bônus, trazendo um Black Metal mais cadenciado, com fortes tendências ao Death Metal, além de uma pitada de Black’N’Roll. Essa vertente me agrada muito mais do que a tradicional, que insiste na rispidez e na velocidade desenfreada. Aqui, a gravação deixou tudo mais seco, com foco nas guitarras pesadíssimas e em composições mais lentas e melodiosas. A frieza do Black Metal está representada pelos vocais doentios, pelos riffs característicos e pela geleira contida nas letras e no encarte. O álbum flui muito bem, sem soar cansativo, fugindo da mesmice. Apesar de não apresentar nada de inovador, ganharam pontos extras pelas composições fortes e pela cadência matadora, criando um clima melancólico, sombrio e obscuro. Destaque para “Conquering The Useless”, “Frostbite” e “Empires Aloft”. Apesar de não ser muito minha praia, é inegável a qualidade desse trabalho e fica aqui minha recomendação para quem curte o estilo!

Lethal Fear “Y2Black?” MS Metal records

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Por Augusto Hunter Oriundos de Amaro, interior de São Paulo, o Lethal Fear lança o belo “Y2Black” mantendo a sua proposta inicial, Metal Tradicional bem tocado e com variações de andamento interessantes. A gravação do disco é incrível, bem limpa e de fácil entendimento de qualquer ouvinte e as composições são todas de muito bom gosto. Solos bem

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feitos em todas as partes e o vocal são um belo ponto da banda, pois com toda a sua força e agudos e o disco não fica chato de se ouvir. Destaco do disco a incrível “Blade Of The Immortal” e a música que fecha o disco, “Blood Red Skies”, essa sendo um Hard N´Heavy classudo e de muita força. Boa banda, tenho certeza que mais coisa boa virá dela.

Lucid Dreams “Lucid Dreams” Independente

8.5

Por Vitor Franceschini Há tempos a Noruega não é mais o país somente do Black Metal. Afinal, ótimas bandas de diversos subgêneros do metal surgiram por lá nos últimos anos. Representando a turma do Heavy Metal temos o Lucid Dreams, que está na ativa desde 2007 e possui músicos experientes em seu line-up, como o baterista Kjell Rune Hagen (ex-Trail Of Tears e Tristania) e o vocalista Freddy Vain (Trendkiller). Mas, voltemos à sonoridade da banda, que é focada em primeira instância no Metal Tradicional. Porém, a banda não se restringe apenas à matéria-prima. Seu som flerta constantemente com o Hard Rock e possui pitadas de Prog Metal, o que deixa o trabalho muito mais interessante. A primeira faixa após a intro, “Cassies Escape” nos faz ir diretamente a nomes como Running Wild e Gamma Ray (principalmente pelo timbre de Freddy nesta canção especificamente), mas já em “For Your Love”, notamos uma aura oitentista e até AOR. Aliás, os arranjos de teclados são um diferencial da música da banda. Na medida certa, as harmonias combinam perfeitamente com a sonoridade e estão muito bem encaixadas. Indo a um exemplo que flerta com o progressivo, podemos citar a bela e intricada “Stormy”, que possui riffs memoráveis. Sendo mais claro, a banda caminha por essas trilhas durante o álbum todo, mostrando músicas ao mesmo tempo distintas em gêneros, mas com características próprias e personalidade. Não posso deixar de mencionar a ótima técnica vocal de Freddy que varia muito bem em seu timbre e não exagera em momento algum. A produção geral do disco é uma obra-prima à parte. Enquanto a produção sonora ficou por conta do próprio guitarrista Rune Gutuen, a masterização e mixagem foram feitas por Tommy Hansen (Pretty Maids, Victory, Helloween). A bolachinha ainda vem numa bela digipack. Bela estreia!

M-19 “Mission: Destroy” Independente

8

Por Junior Frascá Após 11 anos de silêncio, os gaúchos do M-19 retornam com mais um verdadeiro petardo do mais puro e brutal Thrash Metal “Mission: Destroy”, o primeiro disco completo de sua carreira. E, embora mantenha algumas influências do Thrash “oitentista” (em especial da escola alemã, de bandas como Kreator e Destruction), 48


os caras conseguiram criar uma sonoridade bem moderna e atual, mas sem deixar de lado o peso e a brutalidade, que exalaram em cada uma das 11 ótimas faixas do disco. Os destaques ficam para os excelentes riffs de guitarra, com timbres secos e agressivos, e para as ótimas linhas vocais de Will F., com uma fúria descomunal que cativa o ouvinte logo de cara. Dentre os destaques, cito as pedradas “I Kill For God”, “Southern Brave” (a melhor do disco, cheia de variações, e que mostra toda a técnica dos caras), e “Cult of Suffering” (cheia de groove), que mostram todo o poder de fogo do quarteto. Sem dúvida um retorno que merece ser conferido por todos os apreciadores do Thrash Metal de qualidade, e que tem tudo para colocar a banda em lugar de destaque no cenário nacional.

Macchina “Macchina” Independente

8.5

Por João Messias Jr. Peso, energia e espontaneidade! Essas são as principais características do Stoner Metal e esses ingredientes são encontrados no som da Macchina. Com três anos de estrada, Anderson Matielo (guitarra e voz), Felipe Microfone (baixo) e Gabriel Barbosa (bateria) nos brindam com um som pesado e denso, que fará a alegria de fãs de grupos como Black Sabbath e Corrosion of Conformity, além de algo mais atual de grupos como Audioslave e Rage Against the Machine. Neste seu primeiro registro, um EP de sete faixas que leva o nome do grupo, a base é o peso dos instrumentos bem timbrados, cujas faixas que chamam a atenção são as “grooveadas” “Starting Over”, “Don’t Get Stopped” e a faixa que dá nome ao grupo. Essa última começa com riffs beirando o Thrash, depois ganha grooves bem sacados e termina de forma “sabbathica”. Outro som de destaque é “Alive”, que é o primeiro vídeo do grupo, funde o som do Black Sabbath com o noise do “Rage Against the Machine”, mas o trabalho não se restringe nestas canções, ele merece ser ouvido de ponta a ponta e diversas vezes. No meio de tanta gente “progressivamelódica-satanista”, é um nome que merece mais atenção.

Mosh Pit Justice “Mosh Pit Justice” EBM Records / CM Distro

8

Por Augusto Hunter O som dos búlgaros do Mosh Pit é sensacional, boa música flui em suas nove faixas do disco “Justice”, que pode ser considerado uma ode ao clássico estilo que nasceu nos Estados Unidos. Oriundos de Burgas, na Bulgária, a banda executa um som de veras empolgante, com músicas extremamente cativantes e bem compostas, mas não tendo apresentado nada da nova escola do Thrash Metal, o que pode deixar a audição um pouco cansativa praqueles que não sejam reais fãs do estilo. 49


Acho que, para exemplificar bem o que é o disco, a alma do Sanctuary, combinada com o estilo do Exumer de se fazer Thrash Metal está aí, ou seja, vale muito a pena escutar o trabalho deles, dando certo destaque ao vocalista, que teve a noção incrível de fazer as nuances e camadas vocais muito sóbrias e “gostosas” de ouvir.

MURDER RAPE “For Evil I Spill My Blood” Evil Horde Records

8.5

Por Yuri Azaghal Julgando o livro (álbum) pela capa – embora jamais se deva fazer isso – podemos chegar à conclusão de que, desta vez, se trata de uma prática válida. A capa bela e bem trabalhada faz jus a uma sonoridade bem produzida e bastante agressiva, com um instrumental excelente em todas as nove faixas que compõem “For Evil I Spill My Blood”. Outro aspecto que devo destacar aqui são as letras que estão muito bem escritas e poéticas, apesar de alguns acharem que certas estrofes soam clichês demais. Esse é um daqueles álbuns que merecem ser ouvidos com total atenção. Claro, eu sei que se trata de um álbum agressivo (dãã!) e que você, provavelmente, vai querer ouvi-lo pulando feito um doente pela sala, mas se puder quebrar a agressividade, por assim dizer, prestando a atenção nas letras de forma mais reflexiva, conseguirá absorver a atmosfera, captar as mensagens, conseguindo assim um aproveitamento total do trabalho. Digo isso, porque tem o pessoal que entra no “transe”, vai batendo cabeça e se desliga. Apenas percebe que tem uma distorção e blast beats rolando, e não prestam atenção no que está sendo dito – ou não entendem. Esse é o tipo de banger tapado que usa a filosofia “só o som importa”. Lembrem-se: música é arte. Arte é se expressar, passar uma mensagem. Dedique um tempo a entender o que impulsiona as criações dos álbuns. Pense como o compositor pensaria, e você entenderá o que eu quero dizer.

Perc3ption “Reason and Faith” MS Metal Records

9.5

Por Marcelo Beckenkamp Ao analisarmos o contexto geral do cenário metal brasileiro, qual a conclusão a que chegamos? Não é de hoje que podemos perceber uma grande mudança nesse meio, afinal, há muito tempo deixamos de depender tão somente de Angra e Sepultura onde, em um período recente da história, eram as únicas bandas nacionais que despertavam o real interesse do público em questão. Atualmente, o nível dos músicos “Made In Brazil” está altíssimo e não deve nada aos estrangeiros. Exemplo disso é o grupo Perc3ption que lançou, pouco tempo atrás, o début album “Reason and Faith”, gravado no Norcal Studios, em São Paulo, cujo produtor foi o consagrado Edu Falaschi (ex-Angra e atual Almah), cuja apresentação é desnecessária. 50


Pontos positivos – Bom, vamos lá: “Reason and Faith” é um disco que, apesar de conter faixas bem longas, está longe de ser enjoativo aos nossos ouvidos. Podemos passear tranquilamente por cada canção e notar a peculiaridade que há nelas. Os acordes, melodias, além do peso fantástico e na medida certa, são elementos que, somados, conseguem transformar o CD em um ótimo produto aos fãs. Pontos negativos – Sem demagogia, antes de ouvir o material, eu esperava algo “mais do mesmo” e encontrar bastante deslize, mas, felizmente me enganei! O único item que não poderia passar batido é ao fato que, quase no disco todo, há gritos excessivos por parte do vocalista, o que torna, em alguns momentos, um pouco cansativo e poderia ser reduzido. Por outro lado, isso não tira, de forma alguma, o mérito do brilhante trabalho que o grupo realizou ao lado de Edu Falaschi.

Riistetyt “Korppien Paraati” Terrötten Records

8

Por Christiano K.O.D.A. Imagine quanto uma banda surgida em 1981 tem de experiência para mostrar. Ainda mais sendo um dos ícones do Hardcore/Punk vindo da Finlândia. Pois os A Riistetyt está de volta com mais um petardo do estilo, e sai de perto, porque as onze faixas, cantadas em sua língua pátria, são só agressividade em estado bruto. Velocidade, peso e um vocal forte, gritado do fundo da alma e extremamente revoltado marcam “Korppien Paraati”. E como manda o estilo, músicas curtas e diretas, bem na fuça, todas violentas, mas com uma em especial deu até medo: “Sotakoira Zapata” é demolidora, mesmo com uma caída um pouco mais trabalhada lá perto de seu final. Mas calma, que ela volta aniquilando! E a última tem um intrigante título em português: “Garganta do Diabo”. É uma ótima instrumental, com uma mensagem triste no encarte (em tradução livre): “... não precisamos mais de palavras, quando os corvos sumiram e a escuridão engoliu a mãe terra...”. Falando em encarte, uma reclamação: o conteúdo textual está muito escuro, dificultando o acompanhamento das músicas. Aliás, por sua vez, as letras são apresentadas em finlandês, com tradução em inglês ao lado. Enfim, a Riistetyt está aí para incomodar, certo? Conseguiu. Já a qualidade da gravação é só elogios, muito boa, suja e potente. Transmite todo o clima caótico do álbum. Um grande registro desses pioneiros, que nos faz constatar: o tempo passa, mas a fúria permanece e é muito bem convertida na forma de boa música.

Scream of Death “Madness of Mankind” Xaninho Discos Falidos / Cino Production Underground Brasil Distro

7

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Por Junior Frascá Banda de Castanhal/PA, o Scream Of Death foi formado, em 2008, e após algumas mudanças de formação, finalmente chega a seu début. Com um Tharsh Metal agressivo, brutal e cru, a banda tem 51


tudo para agradar aos fãs do lado mais extremo do estilo, inclusive por flertar em vários momentos com o Death Metal mais tradicional. Embora com uma capa horrível, e uma produção que não é das melhores, o disco mostra uma banda muito competente e de muito talento, com muita garra e transbordando paixão pelo estilo. Há ainda que se destacar a participação dos vocalistas Fernando Lima (Drowned) em “Massacre” e Cléber Orsioli (Andralls) em “Mindtrip”, duas das melhores faixas do álbum. Sem dúvida, uma estreia de respeito, e que mostra que o Scream Of Death tem potencial, e com uma produção melhor e um pouco mais de experiência, tem tudo para conquistar um lugar dentre as grandes do Thrash no Brasil.

Slasher “Katharsis” Independente

9

Por Pedro Humangous É muito legal poder acompanhar de perto a evolução na carreira de uma banda. Tive o prazer de ter contato com o som do Slasher logo que lançaram o EP “Broken Faith”, em 2008. À época, já havia gostado bastante do trabalho, apostando minhas fichas sabendo que chegariam longe. Em 2011, lançaram o excelente “Pray For The Dead”, atingindo um patamar ainda mais alto, figurando entre as melhores bandas nacionais. E a máquina não parou de funcionar, evoluindo e crescendo ainda mais, aprimorando seu Thrash Metal moderno, culminando em “Katharsis”, seu mais recente disco de inéditas. Passei dias ouvindo esse álbum e o que podemos sentir com esse lançamento é uma banda mais madura, mais coesa e certa de onde querem chegar com suas composições. Está tudo muito bem amarrado, um instrumental agressivo e melódico, guitarras encorpadas, baixo e bateria com um som absurdo e um vocal nervoso! Falando em vocal, esse disco marca a estreia do novo membro do grupo, Skeeter, que veio para substituir Daniel Macedo. As novas cordas vocais do Slasher foram muito bem recebidas e deixaram a banda ainda melhor! A qualidade de produção e gravação está impecável, graças ao excelente trabalho de Tue Madson, que já trabalhou com bandas como Behemoth, Vader, Kataklysm, entre outros. A arte da capa é um capitulo à parte, desenvolvida pelo experiente Stan W. Decker, sendo uma das mais belas que já vi. O disco inteiro está animal, mas preciso destacar as faixas “Overcome” (que ganhou um videoclipe), “Jamais Me Entregar” (cantada em português) e “All Covered In Blood”, com uma roupagem totalmente diferente, mais cadenciada e atmosférica! O Slasher domina a arte de surpreender a cada lançamento. Minha total admiração e respeito pelo som que fazem. Um verdadeiro trator desgovernado, com apenas um objetivo: destruir seu cérebro!

Sound’n’Rage “Deal With Your Hate” Independente

10

Por João Messias Jr. Se fosse há algumas décadas, jamais estaria ouvindo a esse CD, graças ao bendito e contaminante radicalismo. Mas, depois de curado, acabamos por descobrir que existem apenas dois tipos de música: a boa e a ruim. E a música do Sound’n’Rage está há anos 52


luz de ser algo descartável. Formado por Fabricio Moraes (guitarra), Nathália Reinehr (bateria), Zane Galvão (baixo) e a belíssima Jessica Ehlke (voz), o quarteto funde, com maestria, o Heavy Rock com o Hard dos anos 70, numa mistura viciante, graças aos detalhes que explico linhas abaixo. Para fazer essa miscelânea, o guitarrista tem de ser um monstro em seu instrumento. E Fabricio tem a destreza de poucos. Com a experiência de ter figurado em nomes como Crossbones, Harllequim, Abhorrence e Mortaes, o músico transborda riffs limpos e pesados que dão às músicas aquele brilho que elas precisam, como na abertura de Sound’n’Rage e em Lost War, tudo acompanhado de uma cozinha que não tem medo de usar o peso, além de agregar aquela pegada orgânica. Agora deve estar perguntando da atuação da vocalista, certo? Pois é, numa banda que todo mundo atua com afinco, Jéssica mostra uma atuação perfeita, seja na balada “Rise Again”, no Heavy Rock de “Seeker of Darkness” e na acústica “While the Sun Awake”, que possui arranjos próximos ao flamenco, mostrando versatilidade e cantando todas as variações de forma uniforme. Mas a música que merece todos os destaques é “I Can’t Take no More”. Com inspiração setentista e um início que lembra “Mama Said” (Lenny Kravitz), essa é aquela canção que te ganha, graças às linhas cativantes de voz, grooves de baixo, bateria intensa e um solo sensacional, dá até para imaginar um vídeo com a banda cantando/tocando e uma legião de pessoas acompanhando e bradando seus versos. Além das músicas, a capa e o trabalho feito por Jobert Mello e a produção equilibrada de Ricardo Ponte dão o suporte necessário para que o disco seja um todo, não um emaranhado de canções. Sei que estamos apenas no início de 2014, mas parece que o posto de melhor disco do ano já tem dono.

Suicidal Angels “Divide and Conquer” Noise Art Records

10

Marcos “Big Daddy” Garcia Após “Bloodbath” ter sido um disco meio fraquinho, eis que os gregos do Suicidal Angels resolveram arregaçar as mangas, e com a entrada de Chris (guitarras) e Angel (baixo), mais a presença dos veteranos Nick (vocais, guitarras) e Orpheas (bateria), soltaram esta paulada chamada “Divide and Conquer”. E se preparem que o disco é bruto, pois as mãos de Fredrik Nordström deram uma encorpada no som deles, modernizando a sonoridade da banda, mas sem deixar de ter aquele som característico, aquele Thrashão pesado à lá anos 80. O que já era bom ficou ainda melhor e mais pesado, como atestam faixas como a maravilhosa “Marching Over Blood”, a insana “Divide and Conquer”, a empolgante “Terror is My Scream” (Angel e Orpheas estão se entendo muito bem, tornando os andamentos mais pesados e técnicos), e as cadenciadas “Seed of Evil” (Nick e Chris arrasam nesta música) e “In the Grave” (que guitarras!). E a cereja do bolo é a arrasa quarteirões “White Wizard”, com quase nove minutos de duração, cheia de variações e ótimos momentos. Óbvio que veremos surgir “mimimis” aqui e ali de algumas cabeças fechadas. Mas fiquem tranqüilos: é o mesmo Suicidal Angels de sempre, só que muito melhor. Parabéns à banda, e esperamos que lancem uma versão brazuca, se bem que o Pai Marcão aqui pega nem que seja o importado.

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SUPREMA “Traumatic Scenes” Independente

9

Por Augusto Hunter Desde 2011, fico esperando para ouvir um trabalho novo do SupreMa, bela banda de Prog Metal, com pitadas do clássico Melodic Metal também em várias passagens. “Traumatic Scenes” não deixa a desejar! Essa incrível banda continua no caminho certo, músicas cativantes e um trabalho de gravação incrível. Douglas Jen (guitarra) está cada vez mais dominando o seu instrumento e o vocalista Pedro Nascimento também não deixa a peteca cair com o seu vocal poderoso. O disco tem músicas incríveis, mas a música “Fury And Rage”, que foi escolhida para virar o clipe da banda é um ponto alto, assim como a que segue em sua ordem, “Visions From The Other Side”. Bem, seria impossível destacar mais coisas, pois iria destacar o álbum inteiro, que é incrível. Dica de audição certa, pois a banda é muito boa e merece todo o sucesso que estão fazendo.

Tailgunners “The Gloomy Night” Independente

8.5

Por Pedro Humangous Mas que ótima surpresa esse Tailgunners! Já tinha ouvido falar deles antes, mas confesso que ainda não havia parado para ouvir seu som. E agora fico pensando: quanto tempo eu vacilei e perdi em não ter dado a devida atenção? O erro está sendo reparado com a atenta audição de seu mais recente trabalho, o “The Gloomy Night”. A temática do álbum é completamente sangrenta, toda voltada para os vampiros! Logo na primeira e ótima faixa, “Gloomy Night”, fica impossível não pensar em Iron Maiden, os vocais de Daniel Rock lembram muito os do Bruce Dickinson. O baixo estalado e bastante evidente também ajuda nessa percepção, isso sem falar nas guitarras gêmeas. Os caras não perdem tempo e já emendam com a incrível “The Vampire Is Me” com um refrão viciante e uma levada mid tempo de arrancar o pescoço! O disco está muito bem trabalhado, desde a produção (feita pelo guitarrista Raphael Gazal), a qualidade de gravação, a técnica dos músicos, culminando com esse vocalista insano! Um Heavy Metal Tradicional muito bem executado, com ótimas e empolgantes composições, agrada do início ao fim. Achei que a arte da capa, apesar de bonita, poderia ter sido um pouco mais trabalhada e interessante. Destaques também para “My Reign” (faixa bem interessante, com várias mudanças de tempo, além do vocal puxado para o Tobias Sammet, do Avantasia e Edguy) e “Vlad Tepes: The Impaler” (uma música épica com seus mais de dez minutos fechando o disco de forma brilhante). Se ainda não conhece o Tailgunner, não perca mais tempo e ouça essa obra-prima do metal nacional! Eu garanto, é surpreendente!

54


THE NIGHTSTALKER “Against the anesthetist” Wolfshade records

10

Por Yuri Azaghal Cativação... Esse é o segredo de fazer uma música assim. É tornar a melancolia uma paz reconfortante, e é isso que The Nightstalker faz. “Against the anesthetist” combina características que simplesmente adoro e acho indispensáveis em músicas deste gênero: melodias que são, ao mesmo tempo, mórbidas, profundas e refinadas, demonstrando um autêntico feeling na hora de compor. Não é apenas na produção e na composição das músicas que se nota total devoção à arte, mas também na capa, em todo o encarte. Esse é o tipo de devoção e paixão que todo artista deveria ter em seu trabalho. Esse álbum é um daqueles trabalhos que te “fisgam”, provocando uma espécie de transe ou torpor. As músicas são reflexivas, realmente fluem em sua alma. Até quem não é fã desse tipo de gênero deve admitir que o instrumental é simplesmente belo. A atmosfera é magnífica, e o efeito de órgão encaixou-se perfeitamente em todo o arranjo, contribuindo para o ar soturno, presente desde a primeira até a última faixa. Um dos maiores destaques do álbum são suas letras. Elas não são apenas bem escritas, elas fizeram com que eu me identificasse com cada palavra. Sinto-me na obrigação de dar os parabéns a Steve Fabry por ter me dado o prazer de resenhar seu novo trabalho, que assim como no Sercati, não deixou nada a desejar. Novamente, muito obrigado pela oportunidade e continue assim sempre.

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covering sickness

Gustavo Sazes talvez seja o artista brasileiro mais renomado dentro do Metal mundial. O artista carioca produziu trabalhos para nomes como Morbid Angel, Arch Enemy, Firewind, Gus G., Old Man´s Child, Nightrage, Sirenia, Kamelot, Manowar, dentre centenas de outros nomes da música pesada e deixou, literalmente, sua marca no cenário. No final do ano passado, o artista teve, finalmente, seus trabalhos expostos publicamente, só que em Portugal, país que reside atualmente.

gustavo

sazes HELL DIVINE: A maioria dos fãs de Metal conhece o seu trabalho, afinal, você é o artista brasileiro mais renomado no meio das artes gráficas em trabalhos de bandas do mundo inteiro. Mas falemos da sua primeira exposição pública “Do Caos à Progressão/A arte de Gustavo Sazes”, realizada na cidade de Porto, em Portugal, em dezembro de 2013. Como surgiu essa oportunidade e qual foi a ideia inicial da exposição? Gustavo Sazes: Ainda morando no Brasil, sempre tive essa vontade de fazer uma exposição com alguns trabalhos, porém nunca tive tempo para sequer pensar nisso, arranjar o local, produzir os quadros, enfim, gerenciar toda essa produção. Depois de um ano já morando em Portugal, apareceu essa oportunidade de expor no Hard Club, o que fazia todo sentido, por ser um espaço cultural voltado para música e artes, em geral. O conceito foi bem simples, minha primeira expo deveria ser uma retrospectiva dos meus trabalhos, não todos, pois isso seria inviável, então limitei minhas escolhas aos que fiz a partir de 2009 (talvez tenha usado um ou dois de 2008). Também tive o prazer de expor algumas capas inéditas de álbuns que ainda nem foram lançados como Mysteriis, One Arm Away, Meridian Dawn, Camodi, Daniel Pique, etc. O mais importante não foi mostrar quantidade, mas pluralidade. Tentei selecionar uma capa de cada canto do planeta nos mais variados estilos, dentro e fora do metal.


HELL DIVINE: A exposição contou com 100 artes divididas diariamente em 20. Você já produziu mais de duas mil artes tanto para bandas, editoras, revistas, etc. Como foi o processo de escolha dessas artes? Deve ter sido bem complicado. Sazes: O processo de seleção foi bem intenso e consumiu alguns meses de 2013. Primeiro, fiz uma lista das escolhas mais óbvias e depois fui adicionando outras opções que eu gostava pessoalmente, sempre levando em consideração aquela perspectiva da pluralidade que citei anteriormente. O próximo passo foi procurar essas artes nos meus back ups e adaptar os tamanhos, montar os quadros, elaborar os templates. Em alguns momentos, procurando por um eu achava outro e mudava minha lista inicial, foi muito complicado mesmo. Outra questão importante foi estabelecer uma unidade entre as artes em cada quadro, então tive uma preocupação extra em combinar cores, elementos, etc. Além disso tudo, eu ainda tinha capas sendo terminadas e que adoraria expo. Algumas consegui, outras ficaram para outra oportunidade. Agora estamos falando apenas de parte do trabalho, criação e seleção de material, nem vou comentar toda a logística de fazer as impressões na Itália, montar os quadros em Portugal, fazer a divulgação, convites, etc. HELL DIVINE: Você passou a vender seus cartazes? Antes não comercializava isso? Sazes: Sim, isso foi uma ideia paralela à expo. São edições extremamente limitadas, assinadas e numeradas, impressas na Itália com uma qualidade fora do comum. Quem quiser saber mais é só mandar um email para gustavosazes@gmail. com ou acessar meu Facebook no link www.facebook.com/ gustavosazes. HELL DIVINE: O que mais marcou na exposição? O fato de você morar em Portugal fez com que seus trabalhos fossem expostos lá primeiramente? Sazes: Foi uma escolha acertada. As coisas aqui têm um ritmo diferente e funcionam de forma mais ordenada e isso influenciou muito no resultado da expo. No Brasil, seria bem mais complicado fazer algo nessa proporção mesmo em São Paulo ou Rio de Janeiro. HELL DIVINE: De alguma maneira a exposição de Portugal te influenciou ou influenciará em futuros trabalhos? Sazes: A expo foi uma celebração aos meus anos dedicados à criação, mas foi algo bem isolado, e serviu muito bem ao seu propósito. Talvez eu a leve para outras cidades, outros países aqui na Europa, mas isso tem que ser bem planejado. Por hora, preciso focar em outros projetos, na minha formação e estudar mais.


HELL DIVINE: Há alguma possibilidade de trazer a exposição para o Brasil? Aliás, já houve algum contato para realizar algo do tipo por aqui? Sazes: Acho muito difícil isso acontecer nos próximos anos. HELL DIVINE: Saindo um pouco da exposição e falando da sua carreira em geral, você já criou artes para nomes gigantes do Metal como Morbid Angel e Arch Enemy. Como foi e, quando surgiu a oportunidade de trabalhar para esses nomes, como você se sentiu? Sazes: Tudo é resultado direto de muitos anos de trabalho e dedicação. Trabalhar com grandes nomes é um prazer, muitos se tornaram amigos e parceiros, me sinto abençoado por isso. Muitas vezes, penso naquele menino que escutava aqueles discos sem sequer imaginar que um dia estaria fazendo a capa ou a camisa da mesma banda. Essa sensação não tem preço mesmo. HELL DIVINE: Como falamos, são milhares de trabalhos, inclusive para inúmeras bandas nacionais. Há alguma diferença em se trabalhar com banda nacional e internacional? Sazes: Não muito, no geral, são apenas países diferentes. HELL DIVINE: Aliás, sei que você é um grande fã de Metal, teve até banda. Portanto, provavelmente você deve ter preferência por algum subgênero em especial. Quais seriam? Sazes: Eu escuto de tudo um pouco, por mais que isso pareça clichê. Na minha coleção vais


escutar desde Alcest, Fear Factory, Europe, In Flames e The Kovenant até Dimmu Borgir, Unheilig, Mr.Big, Satyricon, Katatonia, Cynic, Sigur Rós ou Anathema. HELL DIVINE: Não vamos ficar em cima do muro! Duvido que goste do som de todos os trabalhos que contam com sua arte (risos). Você se sente mais confortável ao produzir algo que você se identifique mais com o som, ou isso não faz diferença? Sazes: Não influencia muito. Gostar da banda é um bônus. HELL DIVINE: Você criou a capa de “Illud Divinum Insanus”, do Morbid Angel. Isto é, o disco mais contestado da banda e que mostra uma mudança drástica no estilo dela. Até que ponto isso pode influenciar no seu trabalho e como você se sente tendo criado a arte do álbum mais fraco da banda, segundo os próprios fãs (e até ex-fãs depois dele, por que não?)? Sazes: Eu não sou pago para avaliar os discos, mas para fazer a melhor arte possível. Se um disco é bom ou ruim não cabe a mim determinar. HELL DIVINE: Não especificamente pelas artes em si, mas quais os trabalhos que você mais gostou de ter feito, até por ser fã da banda? Sazes: Muitos disco me trazem lembranças ímpares, alguns são especiais para mim por vários motivos, sendo fã ou não. Vou listar alguns que me vêm agora na memória: Morbid Angel “Illud Divinum Insanus”, Arch Enemy “Black Earth Remastered And Expanded”, Firewind “Few Against Many”, James LaBrie “Impermanent Resonance”, Seita “Asymmetric Warfare”, God Forbid “Equilibrium”, Peristaltic Movement “Anomalies Museum”, Dr. Sin “Original Sin”, Amaranthe “The Nexus”, Kiara Rocks “Daqui por Diante”, Daniel Piquê “Old boy”, Within Y “Silence Conquers” entre tantos outros. http://www.abstrata.net http://www.facebook.com/gustavosazes http://www.instagram.com/gustavosazes Por Vitor Franceschini.


divine deathmatch

Castle Of Illusion Featuring Mickey Mouse Plataforma: PS3 / XBOX360 Estúdio: Sega / Disney Studios Gênero: Fantasy / Adventure

A magia da Disney voltou com tudo para os consoles no último ano com o anúncio e lançamento da remasterização do clássico Castle Of Illusion, jogo do clássico período do Mega Drive que, com seus revolucionários 16 bits, fez a alegria de muita criança – digo isso, pois eu fui uma dessas crianças felizes. Mas chega de história e vamos falar desse jogo, que tem como estrela o ratinho mais famoso do mundo Mickey Mouse que, para salvar Minnie das mãos de uma bruxa feia e má, encara um castelo cheio de surpresas e inimigos. Jogabilidade simples e fases muito bonitas, remasterizarem esse jogo foi uma super sacada para levantar de novo o nome da Sega e trazer para a atualidade a diversão de pessoas que jogaram isso naquele tempo e tinham saudades dessa simplicidade.

Gráficos: 9.0 Enredo: 8.0 Jogabilidade: 8.0 Som:

7.0

Por Augusto Hunter

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The Cat Lady Plataforma: PC Estúdio: Havesters Games Gênero: Terror/Suspense

Seguindo a linha do veterano dos jogos de terror pointto-click, Clock Tower, The Cat Lady é um game indie de terror e suspense que aborda temas pesados como o suicídio e possui uma atmosfera sensacional do começo ao fim. O jogador deve prosseguir como em Clock Tower, recolhendo itens, destrancando portas e desvendando segredos, além de, claro, descobrir o motivo das bizarrices que o cercam, para compreender o destino da personagem. O enredo é simplesmente sensacional, te prendendo do começo ao fim. Por ser um jogo indie, obviamente o gráfico não é nada de espetacular, mas creio que você não vai ser estúpido de perder um ótimo game só por causa de gráfico, certo?

Gráficos: 6.0 Enredo: 10 Jogabilidade: 8.0 Som: 8.0 Diversão: 10 Por Yuri Azaghal

61


Dragon Ball Z - Battle of Z Plataforma: PS3 / XBOX360 Estúdio: Namco Bandai Gênero: Luta/Aventura

Baseado no último filme da saga Dragon Ball (para aproveitar a febre que ressuscitou), a Nanco lançou o jogo Dragon Ball Z, Battle of Z. O jogo segue um padrão de fases em vez da luta tradicional, similar à saga Budokai Tenkaichi da época do Playstation 2. Os gráficos são incríveis e o jogo muito bem desenvolvido, mas como podem adivinhar, ele passa a ficar repetitivo demais depois de algum tempo (claro, afinal sabemos tudo o que vai acontecer já que assistimos a esse anime desde que tínhamos oito ou nove anos de idade). Ainda assim, não deixa de ser um jogo indispensável para os fãs da série (apesar de o novo filme ter sido um fiasco).

Gráficos: 10 Enredo: 10 Jogabilidade: 8.0 Som:

9.0

Diversão: 8.0 PorYuri Azaghal

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Shadow Warrior Plataforma: PC Estúdio: Flying Dogs Gênero: Ação/Aventura/Terror

Reboot de um dos jogos de tiro em primeira pessoa mais infames e polêmicos dos anos noventa. Os gráficos e enredo tiveram uma melhora muito grande, mas ainda assim não é nada assombroso ou digno de prêmio. Esse reboot foi criado para um público específico, antigo e nostálgico que jogou a primeira versão do game, e pode não agradar tanto aos novos jogadores por ser considerado ultrapassado em muitos aspectos. Mas se você for da velha guarda, com certeza, vai querer jogar e matar as saudades, se divertindo bastante com o humor negro e violência excessiva que não mudaram em nada desde o primeiro jogo.

Gráficos: 8.0 Enredo: 8.0 Jogabilidade: 9.0 Som: 9.0 Diversão: 10 Por Yuri Azaghal

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live shit

Show: Blaze Bayley Local: Teatro Odisséia – Lapa / RJ Horário: 20h Dia: 16/01/2014 Fotos: Daniel Croce

Por Augusto Hunter Quinta feira que prometia fazer uma noite extremamente quente na cidade do Rio de Janeiro, coisa que foi alterada a sermos pegos por uma tremenda chuva. Mas isso não parou esse que vos escreve e me encaminhei ao Teatro Odisseia para conferir a passagem da “Soundtracks Of My Life Tour” de Blaze Bayley pela cidade. Infelizmente, por conta da pesadíssima chuva, o evento teve de ser atrasado em torno de meia hora, pois por conta do trânsito ruim e do caos que sempre se instaura em tempos adversos, muitos dos fãs não estavam conseguindo chegar ao local do show e, infelizmente, muitos não conseguiram, uma grande maioria até mesmo com ingresso já garantido. O evento começou por volta de 20h30 com o som do DJ Fildd estourando na pista, ele preparou um incrível set de clássicos para a noite que se seguiria. Depois de, mais ou menos, uma hora de música, subiu ao palco o guitarrista da

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banda de Blaze Bayley, o simpático e talentoso Thomas Zwijsen, portando somente um violão, para fazer um set acústico para o pessoal, tocando grandes clássicos da Donzela de Ferro em uma versão acústica. Posso falar que foi mega interessante ter visto essa versão “Um Barzinho, Um Violão” que foi proposto, ele não cantou uma música, deixando para o empolgado e massivo público presente o papel de vocalista, bem interessante. Depois de uma hora de acústico, ele se levantou, pegou a guitarra e entrou em palco Blaze Bayley, despejando simpatia e carisma ao público. O show inteiro foi composto pelos clássicos que o vocalista gravou em sua estadia no Iron Maiden, ou seja, músicas como “Futureal”, “Sign Of The Cross”, “The Clasman” entre outras e músicas de sua carreira solo, “King Of Metal”, “Soundtrack Of My Life”, entre outras, também levaram o pessoal ao delírio no evento. Chegando ao final do show, mais um exemplo de simplicidade de Blaze, já que ele anunciou que finalizando o show ele não iria ao camarim ou coisa do tipo, iria para o bar, autografar os discos, conversar e bater fotos com o pessoal presente. Ao fechar o show com “Man On The Edge”, ele assim o fez e cumprimentou, conversou e tira foto com praticamente todos aqueles que se aglomeraram perto do bar para o cumprimento do Sr. Blaze Bayley. Uma coisa que eu gostaria de deixar aqui claro é o ato em que o Blaze Bayley fez, mostrando uma humildade ímpar e um respeito único ao fã, pois mesmo com a bela carreira que possui e seu passado, ele se mostrou paciente e hospitaleiro em receber fã por fã. Infelizmente, hoje em dia, muitas bandas estão cobrando para o fã ter acesso a ele, quando, na verdade, a banda deveria se disponibilizar em atender aqueles que mantêm a sua carreira firme e forte, pois são os fãs que compram os discos e lotam as casas de show para assistir aos ídolos e não o contrário. Vamos nos ligar nisso, pessoal.

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upcoming storm

NiharP – A New Beginning Por Augusto Hunter O pessoal do Niharp, banda originária de Campinas faz uma música cheia de qualidade e técnica, mas sem perder o clássico feeling, ponto que faz da música deles ser especial. A banda formada por Douglas Royas(vocal), Koragem e Murilo Mazza(guitars), João Oliveira(bass) e Karioca(drums) tem tudo aquilo que uma banda precisa ter para crescer em seu propósito e espero ansiosamente pelo disco completo deles. Para quem quiser ouvir, a banda disponibilizou o disco para download. Entre em contato com eles, façam o download e divirtam-se com toda a qualidade desse pessoal. Contato: https://www.facebook.com/GoNiharp DAM – Tales Of The Mad King Por Augusto Hunter O DAM, projeto de Guilherme de Alvarenga e Edu Megale apresenta nesse disco um Death Metal Melódico forte e muito bem feito. Em sua audição, percebe-se uma grande influência de Dark Tranquility entre outras clássicas bandas do cenário. Gravação impecável, a banda mineira, oriunda de Ouro Preto é muito profissional e, com o lançamento desse disco, vem se mostrando uma grande promessa. Contato: https://www.facebook.com/dametalband Infestatio Por Augusto Huter E de Jundiaí vem essa máquina de fazer Thrash Metal, o Infestatio. Depois da mudança e de assumir tal nome para a banda, o Infestatio vem agradando cada vez mais e isso fica provado em seu EP, de facílima audição e uma bela gravação – a banda mostra um trabalho coeso e muito bem feito. Com certeza, uma promessa para o Thrash Metal nacional. Espero ansiosamente o lançamento de seu disco completo. Contato: https://www.facebook.com/Infestatio Funesto Por Yuri Azaghal Os músicos de metal, no geral, estão cada vez mais tocando o “f*d*-s*” e fazendo tudo por conta própria, mostrando que não é necessário equipamentos de alta qualidade, fortunas gastas com horas em estúdios super sofisticados e nem mesmo mais de uma pessoa para traduzir suas mensagens e sentimentos em um arranjo – na verdade, isso já é evidente faz alguns bons anos, mas tem gente que ainda não se importa com tais detalhes. Funesto é mais um projeto solo de Black Metal depressivo a cargo de Infernal (Sergio França), que lançou, no ano passado, a demo “Meu Último Dia”. Sem dúvida, vale a pena conferir. Contato: https://www.facebook. com/funestoblackmetal Eater of Souls Por Yuri Azaghal Para quem está carente de algo atmosférico – e não se importa de ouvir uma faixa com quase vinte minutos – Eater of Souls, projeto solo de Yuri Theuns é uma boa pedida. Trata-se de um projeto recentemente formado na Holanda, cujo esforço definitivamente vale a pena ser recompensado de alguma forma – mas, claro, isso só quem mexe com música vai compreender com plenitude. É por isso que cavo esse poço sem fim do underground de modo a dar algum destaque para essas bandas obscuras. Espero estar fazendo um bom trabalho tentando resgatar algumas da total ofuscação do mundo fonográfico. Contato: http://eaterofsouls.bandcamp.com/

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momento wtf

Motivo de orgulho para alguns, idiotice infantil para outros. A chamada “cena” pode ser considerada um escarro similar ao comunismo dentro da música. Ou seja, é algo que, na teoria, tudo é uma beleza e na prática já é outra coisa. Isso acontece porque aqueles que seguem a tal cena não possuem – e nem querem possuir – disciplina para seguir algo que dizem acreditar, se limitando a bater cabeça como imbecis para qualquer sequência de powerchords igualmente imbecil com uma distorção. A verdade é uma só: se existiu, de fato, uma cena, ela não é nada do que é mostrado hoje. Ela pode ter existido, mas já faz muito tempo que ela está morta e enterrada, e seus princípios esquecidos e deturpados.

Fazendo “Ceninha” dentro da “Cena” – Uma avalanche de vergonha. Por Yuri Azaghal

Tem gente que fala muito da tal cena, e por culpa dessa cena acaba fazendo cena de palhaço. Houve, no passado, propósitos genuinamente nobres para criar essa tal cena, mas nenhum deles é praticado hoje em dia – todo mundo que sabe o que significa underground e metal extremo sabe que propósitos são esses, então não me peça para escrever a mesma coisa aqui pela milionésima vez. Hoje em dia, todo mundo se acha muito tr00, fodão e acha que apoia a “cena” só porque vai a shows. Não adianta ir a shows e carregar no HD vinte gigabytes de mp3. Esse negócio de apoiar a cena, hoje em dia, é muito superficial, e esse pouco superficial ainda é feito com outro motivo. O motivo é a competição. Quantas vezes já vi gente se gabando de ter ido a tal show ou ficar descrevendo as toneladas de CDs físicos que comprou para os “amiguinhos”? Quantas vezes já vi moleque mongol fazendo competição de “agudinho” e comparando o tamanho do cabelo com outro? Ter material físico é importante, sim, mas vocês fazem isso não porque apoiam algo, mas porque precisam desesperadamente inflar esses egos podres. A “cena” morreu porque ela foi tomada pela infantilidade e a imbecilidade de muitos. Ela perdeu os propósitos porque competição virou prioridade, e com isso não pode haver nenhum tipo de união. Já é triste ver moleque fazendo isso, mas pior ainda é ver marmanjão com mais de trinta anos nas costas que não conseguiu crescer, e ainda vive em um sonho, uma suposta irmandade das trevas satânica que tombará o falso deus e dominará o mundo – quando, na verdade, estão apenas indo a shows, ouvindo e fazendo música e realmente acham que estão dando o máximo que se pode dar. Sempre ouvirei o que gosto e acreditarei no que acredito. É bom ter um estilo musical que transmita o que você acredita e pensa. E mesmo que eu esteja dentro de uma “cena”, a melhor coisa que fiz foi, ao mesmo tempo, ficar fora dela. Vocês querem acreditar em algo? Ótimo, mas ao menos virem homens (e mulheres) antes, e deixem a criança que vocês foram um dia no passado, até porque nenhum de vocês tem mais doze anos. Parem com ostentação, teatralismo e de se meterem na vida dos outros. Sejam o que quiserem ser, mas sejam para vocês e não julguem ninguém.

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