Hell Divine Nº 04 - Julho/2011

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rante a estadia em Gotemburgo, acabei fazendo amizade com Anders Jivarp, baterista do Dark Tranquillity, que foi até o estúdio no dia de gravar a voz do Speed para ver como o material estava ficando e ele levou Mikael junto com ele. Ele estava ouvindo a gravação, conversando em sueco com Fredrik e, de repente, para minha surpresa, ele se levanta e vai gravar! Quando ele terminou, eles perguntaram se estava tudo bem, se gostei e eu falei “pode gravar mais, se quiser!” (risos). Achei maravilhoso... Temos um “dream team” de vocalistas e tenho o prazer de estar ao lado deles. O resultado ficou extremamente interessante, pois todas as vozes são bem distintas. HELL DIVINE: A música “Gag Order” do novo álbum já foi executada na turnê que vocês fizeram com o W.A.S.P. pela Europa. Como foi a recepção dos fãs? Dani Nolden: Foi excelente! Essa música nos deu a certeza de que estávamos no caminho certo! Decidimos tocá-la como uma espécie de teste, nada melhor que você perguntar ao público se a direção do disco está correta ou se precisávamos repensar a coisa toda. Brinquei com os fãs durante a turnê, dizendo que eles deveriam gritar apenas se gostassem da música e ficar quietos se a achassem uma porcaria. Felizmente, todos gritaram em todos os shows (risos). Muitas pessoas tentavam acompanhar e cantar junto, mesmo sendo uma música bem pesada. Nós gostamos do contraste das melodias bonitas e marcantes com as guitarras bem graves, agressivas. Parece que nosso gosto também agradou aos fãs. HELL DIVINE: Falando em W.A.S.P., como foi para vocês essa turnê com uma lenda do Hard Rock mundial? Dani Nolden: Foi maravilhosa! Divertida do começo ao fim. Nada se compara, para mim, à experiência de uma turnê longa com shows diários; não há tempo para outra coisa além dos shows, já que a maioria das viagens é longa. Você dorme depois de um show e já acorda na cidade seguinte, praticamente no horário de passar o som, então é como se você vivesse para isso. Nada nos incomodava, nada atrapalhava a festa, mesmo quando ficávamos presos na neve (risos). Todos no W.A.S.P. nos deram todas as condições possíveis para fazermos nossa parte, estávamos preocupados no começo, achando que seria uma convivência difícil por causa da reputação do Blackie, mas o

que encontramos lá foi exatamente o contrário. Músicos e equipe tranquilos, fáceis de lidar, super atenciosos e, no final da turnê, percebíamos que éramos um time. Tenho um profundo respeito por eles, afinal, eles têm mais tempo de carreira que eu tenho de idade! Mesmo assim eles nos abriram uma porta importantíssima no mercado europeu. HELL DIVINE: Qual o motivo para o Shadowside incluir a música “Inútil” do Ultraje A Rigor, com a participação do Roger, vocalista da banda, no novo álbum? Dani Nolden A letra de “Inútil” é muito atual, apesar de ter sido escrita nos anos 80. Nada mudou no Brasil. Sempre quis fazer uma música em português ou fazer uma versão de uma das nossas faixas já existentes em português, mas então pensamos “por que não um cover de alguma banda nacional?” Por que não Ultraje a Rigor, que tem um espírito que combina tão bem conosco? Eles não se levam a sério e “Inútil”, apesar de ser divertida, é um retrato do nosso país. Pedimos autorização ao Roger para regravar a música e quando ele nos deu o “sim”, pensamos que seria legal se ele participasse. Ele aceitou também e quando terminamos a gravação na Suécia, ele fez a parte dele em São Paulo. Não consigo explicar como achei incrível uma lenda como o Roger cantando no CD da minha banda (risos). HELL DIVINE: Os álbuns “Theatre Of Shadows” e “Dare To Dream” obtiveram uma grande aceitação, principalmente no mercado americano, onde foram produzidos, fazendo com que a banda tocasse em vários locais do mundo e fosse headliner em alguns festivais. Você acha que esse é o caminho para as bandas nacionais fazerem sucesso? Dani Nolden: Acredito que o caminho do sucesso é fazer tudo bem feito e não se esquecer do público, seja aqui no Brasil ou lá fora. Não adianta tocar no exterior, lançar discos por lá, se você não cuidar da base de fãs aqui no país. Ninguém nos Estados Unidos vai levar a sério uma banda brasileira que não tem certo sucesso dentro de casa. Nosso primeiro show no exterior aconteceu, em 2007, e nós esperamos bastante antes de fazer isso acontecer, porque queríamos fazer direito. Já tínhamos convite tanto da Europa quanto da América do Norte, desde 2002, mas não sentíamos que era a hora certa. A banda era nova demais, estávamos

dando os primeiros passos e foi bom esperarmos, fortalecer nossa estrutura e construir algo legal aqui antes de nos arriscarmos lá fora. Claro que, depois que tocamos no exterior, nosso público aqui aumentou também, mas isso só aconteceu porque nós nunca desvalorizamos nossos fãs daqui. HELL DIVINE: Vocês já pensam em gravar um DVD ao vivo? Dani Nolden: Sim, agora com o lançamento do “Inner Monster Out”, essa começa a ser uma ideia interessante. Temos bastante material para fazer um show longo. Não sei se vamos lançar um DVD completo em breve, mas é bem possível que façamos alguma gravação mais cuidadosa para incluir em algum material futuro, seja algo gratuito para a internet ou algum lançamento especial. HELL DIVINE: Vocês já fizeram a abertura de grandes bandas em SP como Nightwish e Primal Fear. Recentemente, vocês fizeram a abertura do show do Iron Maiden no RJ. Conte-nos um pouco dessa experiência e como foi a reação do público. Dani Nolden: Abrir um show é sempre uma situação complicada, porque você está “competindo” diretamente com uma banda que, para muitos dos presentes, é a favorita. É mais complicado agradar assim, porque você está sendo comparado ao artista que todos ali pagaram e estão ansiosos para ver. Portanto, a reação boa significa muito e sempre foram maravilhosos conosco. Sempre encontramos um público receptivo, animado, interagindo com a banda. Provavelmente é porque nos divertimos tanto em cima do palco que acabamos contagiando a todos. HELL DIVINE: Para terminar, gostaria de agradecer a você, Dani, pela entrevista e dizer que estamos muito ansiosos para ouvir “Inner Monster Out”. Deixe sua mensagem aos fãs da banda. Dani Nolden: Espero que curtam o “Inner Monster Out”, ele é pesado, nervoso, porém muito musical. Confiram o novo vídeo de “Angel with Horns”, em breve no Youtube. Espero encontrar todo mundo na estrada... Continuem gritando, porque Heavy Metal em volume baixo é muito chato... Entrevista por Luiz Ribeiro

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