Revista Heavyrama #1

Page 1


Editorial Editora-chefe Bia Cardin Editora-Assistente Neli Sousa Editor de resenhas Hugo O. Colaboradores nesta edição Carlos Júnior, Hugo O., Paulo Henrique Faria, Artur Dias,Calebe Alves Revisão Bia Cardin, Neli Sousa Design e Webdesign Neli Sousa Fotográfas Ellen L., Neli Sousa, Bia Cardin Edição de Fotos Pan Yamaguti, Bia Cardin, Neli sousa Contatos: heavyrama@gmail.com heavyrama@hotmail.com

Demorou,mas chegou! E a HEAVYRAMA foi lançada! Uma ideia que começou somente por amor à cena,expandiu os seus parâmetros ao longo deste trabalho realizado por poucas pessoas. Poucas? A cada dia recebemos o apoio das bandas goianienses que certamente nos ajudaram a prosseguir com a HEAVYRAMA,mesmo com as inúmeras limitações que encontramos ao longo dessa jornada,mas que certamente serão superadas nas edições posteriores. Em momentos como este vemos que a nossa cena tem força e iniciativa de união. Nesta edição procuramos traçar as origens dos integrantes das bandas citadas e divulgar o seu trabalho.Nossa revista abre espaço para todas as bandas que sejam voltadas ao nosso nobre Metal e àqueles que ajudam a promover essa galera que se esforça para ter seu trabalho reconhecido. Encerrando,apenas queremos agradecer a todos! Com o apoio de vocês nossa tendência será apenas melhorar. HEAVYRAMA, orgulhosamente de Goiânia!


Ă?ndice Alltorment Klasiv Vex Symphony

5

12

14

Viscerastika 16 Selvageria 18 Resenha: Esgaroth Resenha: Klasiv

20

21

I Enconto das Artes Negras

22

Entrevista: Matheus Medeiros

28

Entrevista: Marlon Baco

31

Humor - Hevista Reavyrama

35

OpiniĂŁo - Era uma vez ...

36

Making Off 38




Alltorment

A

banda Alltorment, surgiu em 2008 fundada por Ernando Rodrigues (guitarra/vocal) e Weyner Henrique (baterista) que tocaram juntos em outros projetos como a banda Half-tone, fazendo covers de Trivium e Arch Enemy. Depois de um tempo eles abandonaram o projeto para montar uma banda que se dedicasse a fazer um som autoral inspirados em bandas com a pegada thrash metal oitentista como Metallica e Slayer. No começo do novo projeto, David Henrique foi convidado para ser o baterista após Weyner vê-lo tocando. Com o Power-trio formado, eles iniciaram os ensaios tocando alguns covers. Quando começaram a in-vestir nas músicas próprias, a banda sentiu falta de mais uma guitarra para alcançar a sonoridade que cobiçavam, o escolhido 6 - Heavyrama

para completar a banda foi Allison Paulineli após fazer um teste como guitarra solo. A banda prosseguiu com as composições, nesta etapa as primeiras músicas foram : Justice Without Tears, Bring me Peace e This Crime Doesn’t Need a Name. Então, a banda começou a construir a sua identidade, agora só faltava um nome que pudesse definir a proposta do quarteto, foi então que Weyner propôs o nome Alltorment, inspirado em uma imagem de sofrimento que viu na internet e a identificou com as letras compostas pela banda que espelhavam o caos, a injustiça social e os conflitos internos que atormentam os seres humanos. Caracterizados com a proposta de formular um som pesado que estivesse à altura das letras agres-


sivas, a banda acrescentou novas influências na sonoridade Children of Bodom , Lamb of God e Bloodbath. Entretanto, neste período a Alltorment sofreu alterações na sua formação, devido a divergências musicais David Henrique deixaria o grupo para seguir a sua carreira de vocalista, este foi o momento crucial para a formação definitiva do Alltorment. Weyner que até então só havia tocado baixo nas bandas anteriores, decide arriscar na bateria, que se tornou o seu posto fixo. Com o cargo de baixista vago, eles precisavam encontrar alguém que estivesse no nível do resto dos integrantes, então Leonan Costa que na época tinha um projeto country em que era vocalista e tocava violão, foi chamado

pelo amigo Ernando para um teste no Alltorment, ele se destacou e foi ativado no posto de baixista, além de assumir os backing vocals. Ao estabelecer a formação a banda pôde focar nos trabalhos posteriores, o primeiro resultado foi a música Vengeance . Desta maneira, finalmente começaram a realizar uma sequência de shows em eventos no Capim Pub, Remanescentes, DCE da PUC e em Anápolis. No momento, eles estão gravando seu primeiro EP intitulado “The End of Peace Season” que será lançado no segundo semestre deste ano e contará com as músicas da antiga e da nova formação, são elas: redruM, Covered Eyes ,Vengeance e Bring me Peace , que condensam todo o ódio, dor e desprezo do metal impactante desta banda goianiense . Heavyrama - 7


Alltorment

Ernando Rodrigues

Allison Paulineli

Alltorment é uma das bandas da nova geração do metal goianiense e vem surpreendendo com o som inspirado no thrash metal misturado com a peculiaridade de cada influência dos integrantes.Diante a vivência no mundo musical,os integrantes Ernando Rodrigues, Weyner Henrique e Allison Paulineli comentam sobre o cena do Heavy Metal em Goiânia e os futuros planos da banda.

bom show. O resultado foi muito bom, tivemos uma ótima receptividade. Ernando - Realmente foi uma ótima recepção da galera, víamos muitas pessoas naquele dia que não estavam botando muita fé na banda e que depois do show vieram nos cumprimentar dizendo que tinha sido um bom show, foi ótimo ver que depois de tanto tempo ensaiando e compondo tivemos um show de estreia que compensou o esforço.

A

HEAVYRAMA - A Alltorment está no cenário underground desde 2008. Como foi a experiência do primeiro show em Goiânia? Allisson - Confesso que foi melhor que o esperado. Foi um show no Remanescentes Underground, e muita gente não tinha ouvido falar de nós. Apesar do nervosismo, acho que fizemos um 8 - Heavyrama

Heavyrama - Como está sendo a relação de vocês com o público? Vocês têm recebido um retorno positivo? Allisson - Está sendo ótima a relação. A cada show vemos pessoas novas, que interagem como


Alltorment

Leonan Costa

Weyner Henrique

se já conhecessem a banda há tempos, e também pessoas que já havíamos visto em shows de outras bandas, comuns na cena, que nos assistem e gostam do que veem, isso é muito bom.

consequentemente o público não vai conhecer o verdadeiro om da banda que está apresentando e pode acabar criando uma má impressão da banda ou uma má impressão do organizador do evento. Acho que bons equipamentos dão retorno tanto para a banda quanto para quem o está organizando. Weyner - Tem o fato também de muito cara organizando show por aí, gastando dinheiro pra fazer um lance massa e na hora de jogar o valor no ingresso ninguém anima de pagar, aí o público fala muito mal depois mete o cacete, isso é chato porque muitos não reconhecem o trabalho dos organizadores.

Heavyrama - Ultimamente o underground goianiense tem recebido muitas críticas sobre a qualidade do equipamento de som e da organização dos shows em geral. Qual a opinião de vocês sobre isso? Ernando - Tivemos problemas com equipamentos em alguns shows, e sabemos que pode ser um problema para as bandas, principalmente para bandas que estão começando, porque se alguém que nunca viu a banda, vai no evento, chega no local do show, o equipamento é ruim,

Allisson - E realmente fica difícil para os organizadores realizarem eventos cobrando bilheteria acessível a todos. Alguns conseguem, como já Heavyrama - 9


Alltorment

Fotos de shows cedidas pelo Alltorment

presenciamos, mas às vezes ganham prejuízo. Heavyrama - Outro fato muito discutido é a falta de remuneração pras bandas. Hoje existem organizadores dispostos a pagar as bandas, outros sequer cumprem o acordo proposto. Vocês já passaram por uma situação semelhante?

Ernando - Acho para que nosso cenário melhore precisamos que cada vez mais as bandas e o público de Goiânia deem força para a cena. Goiânia tem muitas bandas com potencial e profissiona-lismo, que tem um trampo massa, mas tem gente que ainda não paga pra ver uma banda nova.

Heavyrama - Vocês ,além de banda também participam do meio do metal como público. Que melhorias

Weyner - Precisamos também cada vez mais da dedicação dos organizadores para produzirem eventos de qualidade, aí entra novamente o apoio da galera. Um evento com bons equipamentos de som e iluminação não sai barato, se as pessoas não apoiarem, os organizadores acabarão por optar por uma produção meia-boca mas com uma entrada mais em conta. Ernando - Ultimamente já podemos ver que está crescendo o número de pessoas que estão apoiando cada vez mais a cena e creio que tendência é só crescer. Isso é gratificante tanto para as bandas como

acham que poderiam ser feitas para o nosso cenário?

para os organizadores de shows.

Ernando - Recentemente fomos convidados para participar de um evento onde haveria uma espécie de remuneração, onde a mesma seria conseguida a partir da venda de ingressos para o evento em que parte seria para o organizador a outra parte seria destinada as bandas. Achei interessante a ideia pelo fato de que organizador e banda saem ganhando com isso.

10 - Heavyrama


Alltorment

Heavyrama - Além do EP “The End of Peace Season” que está saindo do forno no próximo semestre, quais são os planos do Alltorment para o futuro? Allisson - Queremos agora divulgar nosso som, mostrar qual é a proposta do Alltorment através dessas 4 faixas. Para o futuro, queremos lançar nosso debut, pois muitas faixas que gostaríamos de ter gravado acabaram ficando de fora. Heavyrama - E pra encerrar, alguma consideração final para os nossos leitores? Allisson - Primeiramente, parabéns à equipe do Heavyrama pela organização. Essa vai ser uma ótima maneira de mostrar a força do nosso underground. Aos leitores, espero que essa matéria tenha mostrado a vocês um pouco do que é o Alltorment. “O fim da temporada de paz” está aí, bem próximo (rs). Obrigado.

Passa o Trono Alltorment indica: Ernando - Vocal/ Guitarra Scania (DF) www.myspace.com/scaniametal Hypnotica (GO) www.myspace.com/hypnoticabr Weyner - Bateria Ressonância M. GO) www.myspace.com/ressonanciamorfica Vincario (ANP) www.myspace.com/vincarothrash Allisson - Guitarra Deadly Curse (GO) www.myspace.com/deadlycurse Old Place (GO) www.myspace.com/oldplacebr Leonan - Baixo Bruto (DF) www.myspace.com/brutodf Warlikke (Ap. de Gyn) www.myspace.com/warlikke Heavyrama - 11


Klasiv

Com a intenção de produzir um Heavy Metal de qualidade unindo peso e melodia, através do lema: inconformismo e atitude, ação e reflexão, os músicos e compositores Rafael Muniz e Karliene Araújo, deram vida à banda KLASIV na virada de 2009 para 2010. Texto : Carlos Júnior/ Foto cedida pelo Klasiv.

12 - Heavyrama


Klasiv

A

banda é composta por uma mistura perfeita: experiência e juventude. À frente da banda, no vocal, está Karliene Araújo que aos 23 anos é produtora executiva e mesmo com a pouca idade,tem um currículo de fazer inveja a muitos veteranos. A vocalista iniciou suas atividades musicais aos 10 anos com aulas de piano, flauta doce e teoria musical, em 2001 integrou na Banda Marcial Lígia Rebelo, ingressou no curso de Educação Musical na UFG e começou a fazer aulas de violão erudito, sua primeira experiência como vocalista ocorreu na banda de hard rock Performance em 2002 foi vocalista também da banda de heavy metal Hypnotic Morfine em 2008, atuou também como tecladista na banda Kadrya e nas bandas de Black metal Litost (2003) e Uraeus (2004), além de ter passado pelo baixo da banda Satannica (2006). Nas guitarras a banda conta com o talento de Ingrid Lobo, aluna do curso de guitarra da Universidade Federal de Goiás, e com Rafael Muniz, que além de compor, produzir e gravar canções e trilhas sonoras atua como educador musical na Escola Batista de Musica e Arte. Rafael já atuou em diversas áreas da música, foi violinista da Orquestra Jovem da Educação, cantor do grupo musical Intermezzo, tecladista das bandas Euphony e Symphonic Tragedy, além de ter sido Assessor de Direção técnica na Orquestra sinfônica de Goiânia e engenheiro de som do estúdio escola da UFG. No baixo, Huglevison Pinheiro e na bateria Washington Micena, que é baterista há 20 anos e já teve o prazer de tocar com grandes nomes da música brasileira como Zeca Baleiro, Marciano Mendes da dupla João Mineiro e Marciano, a banda P.O.

BOX e com o “quase famoso” Dhomini, ex-BBB. Klasiv subiu ao palco pela primeira vez no dia 13 de Março de 2010, no festival Heavy Metal na Veia, onde contou com a participação especial de Marlon Baco e Allyson Voluptus (ambos da banda Volúpia di Baco). Com a influência das bandas Black Sabbath, Kamelot, Kreator, Arch Enemy, After Forever e Symphony X, a banda traz em suas composições questões de cunho social, trazendo os contrastes e paradoxos que vivemos em nossa sociedade e o papel social de cada indivíduo. Atualmente trabalha na divulgação de seu primeiro lançamento o CD-Demo “Borning”, que contêm quatro faixas: 1 - Sistema (uma crítica ao sistema monetário e ao pacto social no qual estamos inseridos, foi inspirada através do documentário Zeitgeist II – Addendum).

2 - Mudanças (que traz uma reflexão sobre um momento de crise da consciência).

3 - Fuga Irreal (uma analogia ao cotidiano, às dificuldades, frustrações, desafios, ilusões).

4 - Mad Hunter (reflete a ambição sempre almejada por todos, mas quase nunca suprida levando-nos à inconformidade).

Mesmo no momento de divulgação de Borning, a banda promete para setembro seu EP “Growing”, além de preparar uma homenagem especial aos 40 anos do Black Sabbath, show que ocorrerá no dia 08 de julho de 2010 no Esconderijo, e trará ainda uma homenagem (in memorian) a Ronnie James Dio. Heavyrama - 13


Ve x S y m p h o n y

Texto : Paulo Henrique Faria / Fotos cedidas pela Vex Symphony

A

Vex Symphony foi criada 2005, em Goiânia, pelos irmãos Rafael Quirino (guitarra) e André Quirino (Teclados). Inicialmente o estilo era metal melódico, mas com o passar dos anos o Progressive Metal predominou no som banda por explorar a complexidade e o virtuosismo. A banda começou a ganhar destaque na sua segunda formação em 2009, quando entraram os novos integrantes: Bruno Vinícius (baixo) foi chamado pra se juntar à banda por Rafel Quirino, Murilo Morais (ex- Imperia Quendi) assumiu os vocais depois de ser apresentado ao guitarrista por Bruno e Diogo Sertão na bateria, completou a Vex Symphony. Com a nova formação definida, partiram pra fazer uma série de shows em Goiânia e Anápolis. 1 41 - H e a v y r a m a

Eles participaram de alguns festivais importantes da cena metálica,no Remanescentes Underground, no DCE da PUC, Esconderijo bar e recentemente abriram o show da banda brasiliense, Khallice no Bolshoi Pub. A Vex Symphony é uma das poucas bandas de prog metal goianiense. E buscam executar com fidelidade os covers do Symphony X, Dream Theater e Angra; todas destacando a virtuose instrumental dos integrantes, além do vocal vigoroso e rasgado de seu vocalista. Atualmente a banda está em estúdio, gravando seu primeiro CD ainda sem nome e com data prevista pra sair no final do ano.


Ve x S y m p h o n y

Os membros da Vex Symphony têm diversas influências : Murilo (vocal) – seu vocal é influenciado por Nando Fernandes, Russel Allen, Dio, Ripper Owens, André Matos, Jørn Lande e Bruce Dickinson. É ex-vocalista da banda de Power Metal Imperia Quendi, e já fez participação no workshop de Edu Falaschi em 2008. Bruno (baixo) – tem como influência os baixistas Victor Wooten, Zuzo, Felipe Andreoli, Billy Sheehan, John Myung, Thomas Miller, e os clássicos Paganini e Beethoven. Já passou pelas bandas Fair War e Mentecaptos (Heavy Metal) e a banda de White Metal Levitikus.

Rafael (guitarra) – Seus guitarristas preferidos são Malmsteen, Kiko Loureiro, Michael Romeo e John Petrucci; além disso ele têm forte influência de música clássica, pois além da guitarra, toca violino e piano desde os seis anos. Já tocou no início da Hypnotica. André (teclados) – Influenciado pelos tecladistas Jordan Rudess e Janne Wirman, além de muita música clássica (Chopin, Bach e Mozart) e piano erudito. Assim como seu irmão, também tocou no Hypnotica. Diogo (bateria) – Seus bateras prediletos são Jason Rullo, Mike Terrana, Mike Portnoy e Aquiles Priester. Tocou na banda Symphonic Tragedy e com o grande guitarrista goiano Abóbora, cover do Malmsteen.

1 1e a-v H v ya r -a m H y reaam 1 5a


Viscerastika

Texto e fotos : Bia Cardin

cado com Neyl e Victor em um projeto anterior nomeado Sangria. A banda iniciou seus shows na DCE-PUC (evento Aparecida Metal Fest),Remanescentes Underground, Esconderijo Cervejaria (Junto com Megadeth Cover) e Anápolis(festival Trash ‘Till Death),tocando covers e músicas de sua autoria. Atualmente, eles têm planos para gravar a primeira Demo ainda neste ano mas sem data definida. O nome “Viscerastiko”

O baixista não pôde comparecer neste dia

U

nidos pela paixão ao thrash metal,a Viscerastika emergiu inspirada em King Diamond , Slayer, Judas Priest e outros grandes ícones do thrash/death. A banda nascida em dezembro de 2008 , surgiu da junção entre os amigos, Márcio (baixista) , Victor (guitarra) que teve passagem pela banda Hangar 18, Sylvio (vocal) que passou nas bandas goianienses Symphonic Tragedy e Indecent Flowers e na terra brasiliense participou das bandas Never Die, Flight Of Iron (Iron Maiden Cover), Amonicide e Intoxicated (atual BlackSkull) . Para completar a banda, Victor chamou seu primo Neyl para assumir a outra guitarra e Gean, (integrante da Maldição), para o posto de baterista. Porém, devido à alguns contratempos, Gean sai da banda dando o cargo a Ronnie Stuart(exDark Ages) em janeiro de 2010,que já havia to1 61 - H e a v y r a m a

Em uma conversa com um amigo,Stuart cogitou a possibilidade de dar o nome “Vicerática” à banda, baseado em um jogo de RPG, o nome não foi aceito a princípio. Ao desenhar o logotipo ao som de Carcass , Stuart teve a ideia de acrescentar a sonoridade do “S” em uma parte do nome que se tornaria “Vísceras”, e depois o “K” foi adicionado para desvincular definitivamente o nome da banda com o RPG. “Eu costumo dizer que significa algo bom, fodástico, ou melhor: VISCERASTIKO “ - Ronnie Stuart.

Tivemos um bate-papo rápido com os integrantes do Viscerastika sobre a o trabalho da


Viscerastika

banda. Confiram: Heavyrama - Quantas músicas a Viscerastika produziu até agora? Victor - Até o momento temos 4 composições prontas: Obscenity Sight, A Hundred Candles, Misantropic Thought e Every Drop of Blood, e temos várias outras que estamos já trabalhando para apresentações. Heavyrama - A Viscerastika começou a compor somente nesta última formação? Victor - Não. As composições musicais sempre foram por parte do Neyl, já tinhamos o esboço da Obscenity Sight e das outras depois que a banda ficou completa. Dizemos que o Neyl faz o esqueleto e os demais a encorpam (risos) mas os integrantes já tinham experiência em composição nas bandas antigas que tocavam. Sylvio - As músicas atuais já haviam sido compostas a algum tempo pelo Neyl, Exceto “A Hundred Candles” que foi composta após a formação da banda. Assim que a banda foi formada, já começamos a trabalhá-las em conjunto. Mas sempre demos prioridade a músicas próprias. Além disso,estamos juntos desde o primeiro momento que todos se esbarraram,somente o Stuart entrou depois e assim que nos vimos foi química total,eu sabia que ele era o cara ideal e perfeito para se trabalhar. Heavyrama - As letras abordam quais temas? Sylvio - Violência, ocultismo, horror, psicopatia e caos.

Suart - Apesar de mostrar temas como as que o Sylvio citou,temos uma preocupação nas nossas letras de não defender opiniões nem levantar bandeira de nada, então você nunca irá encontrar nas nossas letras algo como “o capeta é nosso mestre” ou “vamos fazer a revolução”, achamos que as pessoas são livres pra pensar por si mesmas e decidir pra elas o que é bom ou não. Apenas falamos do que existe por aí. Ou não (risos).A letra que eu escrevi por exemplo, Every Drop of Blood, é baseada num filme do Clive Barker chamado Hellraiser, que é cultuado por muita gente. Heavyrama - Vocês pretendem lançar um material neste ano. Que músicas fariam parte deste material? Neyl - Com certeza três musicas, Obscenity Sight, Misantropic Thougths, Every Drop of Blood. Mas ainda pode ser que entre alguma nova até lá. Heavyrama - Algum show marcado ainda para este ano? Stuart - Estamos vendo a possibilidade de tocar no Brutal Fest desse ano, vamo ver o que que vira. Heavyrama - Gostariam de encerrar com algum recado? Stuart - Gostaríamos de agradecer a vocês da HEAVYRAMA pelo apoio, não só a gente, mas à todas as bandas novas e veteranas e à cena underground goiana geral. Estava precisando mesmo de um meio de divulgação e incentivo massa, e no que precisarem, nós da ViscerastikA estaremos sempre a disposição. Muito obrigado mesmo. H e a v y r a m a - 1 71


Selvageria

Texto : Bia Cardin / Fotos: Neli Sousa

A

Selvageria está na ativa desde 2005 , iniciada pelo ex-integrante da banda, Dannilo Pitaluga (guitarra/vocal) , na época acompanhado por Augusto Alves (guitarra), Johannan Souza (baixo e backing vocal) e Lucas Ribeiro (bateria). Desde o surgimento a Selvageria, passou por duas formações. Devido ao desfalque com a saída de Dannilo Pitaluga e Lucas Ribeiro, a banda ficou inativa por dois anos até encontrar integrantes que pudessem prosseguir com o seu som de nascença: o puro thrash metal. O primeiro a se juntar à banda foi o baterista João Vitor (ex- Anti-Dopping) indicado pelo irmão que era amigo de Augusto Alves. Apenas em 2009 18 - Heavyrama

entraria o guitarrista e backing vocal Guilherme Pitaluga. Com a saída de Johannan Souza ,quem assumiu o baixo foi Wesley Rodrigues, indicado pelo integrante do Viscerastika, Neyl . A Selvageria tem fortes influências de Metallica, Pantera, Trivium e bandas brazucas como Sarcófago e Dark Ages , essas sonoridades combinadas certamente fariam jus ao nome da banda que refere-se à bestialidade dos ícones do thrash metal. Desde a primeira formação a banda toca covers de Metallica e Megadeth, além das músicas próprias. No momento há quatro músicas prontas: The Cross of the Sword, DC prisoners , Thrash Revolution e Muthantes e mais quatro sendo compos-


Selvageria

tas. As letras são focadas em temas de discussões sócio-políticas e outros assuntos mais subjetivos. Diferente do artifício usado por muitas bandas atuais, o vocal Augusto Alves segue a linha limpa e acompanha o ritmo feroz dos integrantes restantes. A banda já carimbou diversos locais com a sua presença desde o ano passado em festivais no DCE da Católica, Capim Pub, Remanescentes Underground , Quintal do Bibi (Birita Rock & Atitude) e em julho eles se apresentarão no grande evento Under Metal Fest, no Circo Laheto . Além dos shows frequentes , a banda está preparando a gravação da Demo ainda sem título, que terá as músicas que já são conhecidas do público. O lançamento da Demo e do Myspace da banda serão simultâneos, agora resta esperar o material na qualidade equivalente do som ao vivo.

Augusto Alves

Guilherme Pitaluga

Origem da “Selvageria” Augusto Alves – Aficionado pela guitarra desde os 15 anos, estudou guitarra seriamente para alcançar o nível de seus ídolos. Atualmente aos 23 , é professor de guitarra na Allegro espaço musical. Guilherme Pitaluga - Teve contato com o rock aos 12 anos ao ganhar um CD do Creedence de seu pai, aos 16 aprendeu a tocar violão sozinho e depois iniciou as aulas de guitarra com o ex-Selvageria, Dannilo Pitaluga.

João Vitor

João Vitor - Toca bateria desde os 14 anos , atualmente com 21 , ele teve passagem na banda Anti-dopping antes de se tornar o atual baterista do Selvageria. Wesley Rodrigues - Inspirado por Cliff Burton a tocar baixo,iniciou a carreira com 20 anos, atualmente com 31 , já teve passagem nas bandas Hangar 18, Sangria e Cavalo de Tróia. Wesley Rodrigues

Heavyrama - 19


Resenha - Esgaroth - SP Texto : Hugo O.

faixas, se melhor gravada teria um grande poten-

Balbúrdia melódica Como Gorgoroth e diversas bandas de todo o mundo, Esgaroth extraiu seu nome das histórias de J.R.R. Tolkien, inspirador de magia e batalhas medievais. A horda, em sua demo entitulada The Return to the Infernal Fields, é composta por Higher Spiritually (For God Vengence¹), Legions Fight For The Conquer e Eternal War, respectivamente, além de uma introdução feita em teclado anexada a primeira faixa. Kerak Troyll (vocal), Belial Asmodeus (guitarra), Doom Agares (baixo), Ferisulfr (teclado) e Berion Yriskele (bateria), compunham a banda na época do lançamento, cuja data não foi informada. A parte da introdução é a única que tem o mínimo de organização, pois nas outras canções os sons se confundem e formam um zumbido nada agradável. Higher Spiritually, a melhor das três

20 - Heavyrama

cial. Ela se inicia com uma fusão de vocais, um rasgado outro grave, que entremeia os riffs opacos de guitarra. A melodicidade de Ferisulfr só aumenta a confusão entre os sons dos instrumentos. A bateria de Berion parece disputar espaço por alguns instantes e seus blast beats se comparam a batidas de dedo em uma lata de tinta. Quanto ao baixo de Doom, imagino que siga a mesma linha que a guitarra, numa tentativa de imprimir peso, porém este nem é notável. Ao ouvir a demo, são quatro as impressões possíveis: 1) eles fazem esse som de propósito como forma de não ceder ao Mainstreaming, 2) os músicos não têm entrosamento e ensaiaram pouco antes de gravar as músicas, 3) não tinham condições financeiras de arcar com as despesas de uma boa gravação num estúdio razoável ou 4) eles são muito ruins e devem desistir de tocar. Prefiro imaginar que é uma mistura da primeira e segunda opção, movida por um impulso punk de que qualquer pessoa pode montar uma banda. Gostaria muito que eles se organizassem e, de fato, calassem minha boca com ótimas músicas. Leitores, caso queiram apreciar a música Higher Spiritually (For God Vengence), ela está disponível no myspace de Esgaroth.

Line-up: Kerak Troyll - (voz) Belial Asmodeus - (Guitarra) Fenrir Bhrams - (Keyboards) Berion Yriskele - (Bateria) Agares Nosferatu (Baixo) http://www.myspace.com/thetrueesgaroth ¹ Isso não foi um erro de digitação, vengeance (e não vengence) é a grafia correta para vingança.


Resenha - Klasiv - GO Texto : Artur Dias

HM em português Em 2010 a banda Klasiv lança sua primeira demo entitulada Borning, gravada no estúdio RM Produção Musical e produzida pelo guitarrista da mesma,Rafael Muniz. Nesse contexto,Klasiv apresenta ao público goianiense um Heavy Metal (HM) tradicional, que se utiliza de influências diversas que vão do progressivo ao gótico. As estruturas das músicas são bem elaboradas, de forma que a transição entre as partes mais rápidas e os trechos mais cadenciados soe natural e necessária, “sem gorduras”. Outro ponto que chama atenção é a presença de nuances árabes nas faixas “Mudanças” e ”Fuga Irreal”. Os solos de guitarra são simples, mas harmoniosos, dispensando as firulas desnecessárias e indo direto ao ponto. Talvez por um louvor exacerbado à língua inglesa e/ou por uma supervalorização das bandas estrangeiras, tenha-se estabelecido um tabu entre

os headbangers quando o assunto é a mistura de música pesada e o bom e velho português. Dentro dessa perspectiva,a Klasiv realiza uma audaciosa proposta de HM cantado em português. Entretanto, em algumas partes da produção parecia não haver letra suficiente para linha vocal. Em outros momentos percebe-se justamente o contrário. A relação entre os versos e a melodia criada pela vocalista Karliene Araújo não agrada, mesmo que ela se mostre bastante competente, e o ponto em questão se repete nas três primeiras faixas, justamente as que estão em português. Talvez falte ainda alguma familiaridade para que se consiga realizar um bom casamento entre ambos. O destaque vai para a última música, “ Mad Hunter”. Com uma introdução que lembra muito o Iron Maiden dos bons tempos e um refrão cativante,a canção ressalta o potencial de Karliene. Sem se prender ao clichê “mulher-no-metal-temque-cantar-lírico”, ela mostra muita personalidade e técnica. Concluindo,“Borning” mostra uma banda com bastante potencial, músicos competentes e com um diferencial entre os conjuntos da cena underground goianiense, mais focadas em outros estilos. Contudo ainda há um bom caminho a se trilhar e é necessário amadurecer nas letras e nas linhas vocais em português para que elas acompanhem o eficiente instrumental. Line-up: Karliene Araújo (voz) Rafael Muniz (Guitarra) Huglevison Pinheiro (Baixo) Ivan Vieira (Bateria) http://www.myspace.com/klasiv Heavyrama - 21


I Enconto das Artes Negras

Texto e fotos : Hugo O.

I Encontro das Artes Negras

S

ábado, 22 de maio, dezessete horas, salão do DCE da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Um paradoxo, já que o que estava para acontecer nessa data, hora e local era o I Encontro das Artes Negras, promovido por Alysson Drakkar, vocalista, baterista e compositor da banda Luxúria de Lillith. O evento contava, inicialmente, com a participação de sete bandas, Black Angel (PERU), Radamathys (DF), Esgaroth (SP), Opus Inferii (MS), Warlikke (GO), Imperius Profanus (GO) e Lúxuria de Lillith (GO), porém foi contemplado por apenas cinco delas, pois Opus Inferii e Imperius Profanus não compareceram. Devido aos atrasos inerentes a quaisquer organizações e apresentações, nossa equipe chegou uma 22 - Heavyrama

hora e meia mais tarde em relação ao horário marcado, com o objetivo de pular a etapa de espera. Não foi o que aconteceu. Ao virarmos a esquina do DCE esperávamos ouvir já algum barulho e movimentação, entretanto, às exatas 18h30, havia no local, apenas cinco almas embebedadas, além de ambulante vendendo comida e bebida. Nossa primeira impressão é que o espetáculo tinha sido mal divulgado, mas ao falar com Megaira, baixista da Luxúria de Lillith, soubemos que “apesar dos esforços para fazer uma boa divulgação, o boca-a-boca ‘queima o filme’ dos eventos de Black Metal na cidade”, disse. Segundo ela, a maioria das pessoas não aprecia o estilo e, ignorantes, desestimulam seus amigos e conhecidos a comparecerem nos eventos de arte negra.


I Enconto das Artes Negras

DCE O local, conhecido por ser quente e apertado estava – desta vez – arejado. As portas que dão acesso à Área II da PUC-Goiás estavam abertas, no entanto, bloqueadas por seguranças, o que, certamente, garantiu certo conforto aos presentes. O teto de isopor e a falta de abafadores sonoros eram fatores de risco para a continuidade do evento, caso o Corpo de Bombeiros e/ou a Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) tivessem sido informados. O palco é pequeno, mas comportou bem os instrumentos, equipamentos e os integrantes, além da mesa de controle do som. O camarim, do tamanho de uma despensa abrigava apetrechos, como coturnos, tubos de tinta corporal, instrumentos, malas, camisetas e CDs. A parte de fora do prédio, um corredor ladeado por um jardim de plantas pequenas, servia de sala de espera para os espectadores, que durante o longo período de atraso consumiam bebidas, cigarros e galinhada. Há comentários de que esse atraso foi estratégico para compensar com vendas o desfalque dos apreciadores.

que a platéia reagisse, à seu modo, com sossegadas batidas de cabeça e mãos chifradas. A quietude dos espectadores era de se esperar já que esse público tende a ser mais sério e misantropo. Os vocais, Hugo e Roberto, que também é baterista, deixaram a desejar. Como em outras bandas de Brutal Death Metal a combinação de dois vocais consegue passar muito melhor a agressividade e maldade das letras. Porém, nesse caso, sem desmerecer ninguém, os vocalistas deveriam se dedicar a aulas de canto e ao aquecimento das cordas vocais, com o intuito de completar a parte instrumental da banda, que é muito boa.

Radamathys Após um intervalo de 15 minutos, às 22h20 começa a apresentação da banda brasiliense Radamathys. O nome pode ter origem na mitologia Grega, em que Radamanthys ou Radamatos, filho de Zeus e Europa, era um dos juízes de Hades.

Warlikke Com quatro horas e trinta minutos de atraso e com uma platéia de cerca de 60 pessoas, as apresentações tem início. A primeira banda a subir no palco foi Warlikke, de Aparecida de Goiânia. Com um som inspirado pela banda Norte-Americana Cannibal Corpse, fez muito barulho com riffs rápidos e contagiantes de guitarra e os pedais duplos de Roberto. Os integrantes mostravam boa-vontade, pois tocavam com muita energia, fazendo com

Warlikke fica responsável por esquentar o público

Heavyrama - 23


I Enconto das Artes Negras

Deixando a história de lado, a banda foi a primeira da noite a aparecer vestida à caráter. Coturnos, spikes, corpse paint, artigos em couro, crucifixos e pentagramas invertidos compunham o traje dos músicos, que tocaram sete músicas, das quais cinco são extremamente boas, apesar de repetitivas. Eis a lista das músicas tocadas no encontro: 1. A Semente do Mal 2. Radamathys 3. Profanos Tormentos 4. A mando de Satã 5. Culto Negro 6. Ritual Blasfêmico 7.Cemitério Maldito Com um vocal que lembra um pouco Abbath, da Immortal, Lord Vultures dá início à apresentação grunhindo “Nós viemos a mando de Satã!”. Essa afirmação fez o público quieto se manifestar com gritos de cunho religioso e saudações. As músicas tinham uma melodia alegre, ao contrário de muitas bandas do estilo, que pregam suicídio e depressão em suas letras. Seus riffs de guitarra eram acompanhados pelo baixo, que imprimia peso ao som. Esses, contagiantes, fizeram com que os espectadores agitassem seus corpos segundo suas batidas, enquanto Maleficus, baterista, abusava de blast beats e pedais duplos. Os guturais de Lord Vultures, em português, são ótimos, porém vez ou outra, ele se arriscava a fazer canto lírico, que não deu certo. Cantar em nossa língua surtiu um efeito esperado, parte dos espectadores cantou suas músicas. Melodias encorpadas pelo uso de treble picking, recurso musical que consiste em acertar com a 24 - Heavyrama

Radamathys : a melodia das trevas

palheta duas cordas ao mesmo tempo, característica do estilo, aludiam canções dos tempos de ancestrais pagãos. Na sexta música, Ritual Blasfêmico, como nas outras, muita quebradeira tanto da parte da platéia, quanto dos integrantes que balançavam seus instrumentos no ar, porém, uma quebra de compasso fez a diferença. Num momento que todos já estavam acostumados com canções de melodias parecidas, todos os instrumentos, exceto o baixo, pararam. Nessa hora, apenas os seguranças não bateram suas cabeças.

Luxúria de Lillith A horda do organizador do evento, Alysson, mais conhecido como Drakkar (vocal), sobe ao palco às 23h16 com a formação: Megaira (baixo), Larakna, Osculum (bateria), além do líder da banda. A apresentação se inicia com um prelúdio bem elaborado que não consta na playlist do novo trabalho


I Enconto das Artes Negras

Drakkar : um dos ícones do Black Metal goianiense

entitulado Sucumbidos pela Carne, lançado em 2009. O repertório da banda consistia numa mistura de canções tanto do novo álbum quanto do penúltimo, A Volúpia Infernal. Das 11 músicas tocadas, cinco se destacam, são elas: Dia da Heresia, Profanos Beijos de Sangue, Remorsos, Delírios de Uma Orgia Noturna e Naciturus. A velocidade das músicas é algo que chama a atenção e Osculum, muito rápido e técnico, sem dúvidas é o maior responsável por isso. Porém, os riffs de Larakna, acompanhados pelo peso do baixo de Megaira, não fizeram a platéia, antes de zumbis, se mexer e balançar suas cabeças violentamente em direção ao chão. Drakkar, um dos melhores vocalistas da noite, também tem uma presença de palco contagiante, fator que contou para que Luxúria de Lillith tivesse um dos melhores desempenhos da noite.

recebida com muito respeito pelos espectadores, principalmente pela tradição que tem o estado de concentrar bandas conhecidas internacionalmente, como Korzus, por exemplo. A horda se apresenta com spikes à vontade, corpse paint preta, branca e vermelha (para dar impressão de que é sangue), portando além de uma garrafa de uísque, uma caveira de bode, o que é bem clichê. Aos toques da primeira música o som do teclado se misturava com o som dos diversos instrumentos, produzindo um ruído nada harmônico e que inspira desorganização. Por isso, apesar de os integrantes serem amigáveis e receptivos, cerca de metade dos ouvintes deixaram a sala em direção ao jardim, para esperar que as cinco músicas passassem. A falha pode não ser somente da Esgaroth, mas também do equipamento de som e da acústica do local que não são adequadas para apresentações melódicas, que devem ser claras e harmônicas. Mas com o complô formado pelos responsáveis pelo Martim Cererê (por incrível que pareça, um

Esgaroth A banda paulistana de Black Metal Melódica foi

Kerak Troyll faz performance mas o show não surpreende

Heavyrama - 25


I Enconto das Artes Negras

dos melhores lugares de Goiânia para apresentação de shows) para dificultar o acesso de bandas de Metal ao centro cultural, quem quiser organizar eventos de música extrema deverá se dirigir aos DCEs da UFG e da PUC Goiás.

Black Angel Às 00h55 os convidados de honra, vindos de Lima no Peru, Black Angel toma o estrado como banda principal do evento. Com corpse paint que lembra a do Adam, the first sinner, vocalista da banda polonesa de Black/Death Hate e um corte de cabelo que alude ao de Shagrath do Dimmu Borgir, o vocalista Antonio espanta os espectadores dizendo “o inferno retorna ao Brasil” com um ótimo gutural. Ao seu lado, o baixista Héctor Corpus, com um corte de cabelo galderiano*, o baterista Wilbert e o guitarrista Giomar, sem maquiagem. Com riffs bem dosados, abusando do treble picking, bateria veloz que acompanha muito bem a música, os integrantes da Black Angel mostram muita experiência e sintonia uns com os outros, fazendo com que o resultado fosse um som encorpado, técnico, harmonioso que teve uma resposta positiva do público. Inicialmente, a banda estava programada para tocar cinco músicas, porém, ao ver os rostos da platéia cheios de aprovação, decidiram de última hora, tocar uma saideira, que não teve seu título divulgado. As músicas que constavam no set list da Black Angel eram Return to Hell, The Last Prophecy, Occult Eternal Mystery, Temple of Wisdom e Rites. Após o cumprimento do itinerário, Wilbert faz um solo de bateria violento e em seguida presenteia a platéia com suas baquetas, enquanto a banda recebe as primeiras palmas da noite. 26 - Heavyrama

Black Angel consegue cativar o público

Quando os artistas retiraram seus equipamentos e rumaram para o camarim apertado, todos se dispersaram para fazer comentários sobre o que tinham visto e ouvido, pensando que o I Encontro das Artes Negras chegava ao fim. Mas, para grande surpresa de todos, eles voltaram para tocar uma última música. O baterista pediu de volta as baquetas que havia jogado ao público para que pudesse tocar novamente. Ao fim da música, os artistas se reuniram no palco e receberam pela segunda vez os aplausos dos espectadores. Com pouca gente, equipamento sonoro ruim, local pequeno e sem recursos acústicos, o I Encontro das Artes Negras surpreendeu os espectadores com apresentações cheias de feeling, agressividade, técnica, interação com o público e participação de grandes nomes de fora do estado e até do País, a organização está de parabéns. Esperamos que em breve possamos assistir a eventos como esse novamente. *Alusão a Galder, guitarrista da banda norueguesa de Black Metal, Dimmu Borgir



Entrevista

Texto : Bia Cardin / Foto cedida por Matheus Medeiros

Entrevista exclusiva com Matheus Medeiros

D

esde 2008, Matheus Medeiros, 17 anos, organiza alguns dos eventos que tiveram melhor recepção do público headbanger como o GO-DF Metal Union, Arena Cover, GO metal attack entre outros, reunindo grandes bandas de Goiás e do Distrito Federal, são elas: Heaven’s Guardian, Deadly Curse, Scania, Dynahead ,Volúpia di Baco etc. Conversamos com ele sobre a cena, o público e a sua vida de organizador. Dê uma conferida.

28 - Heavyrama


Entrevista

Heavyrama - Matheus,você é um dos organizadores mais novos de Goiânia, geralmente os jovens querem se envolver com o meio do rock/ metal através de bandas. De onde surgiu o seu interesse por organizar eventos? Matheus - Tudo começou quando me envolvi no cenário “rock de Goiânia”, fazendo parte do público de alguns shows, e gostei do que vi no primeiro em que estive. No mesmo ano tive a oportunidade de sugerir projetos para uma agência de eventos da cidade, com a simples ideia de organizar shows,na mesma oportunidade tive apoio do meu pai que estaria comigo em todas organizações . Em primeiro momento, sem muito conhecimento e sem este ciclo de convivência com os protagonistas do rock goiano fomos de cara para a produção do primeiro festival. Resultou em um público razoável, mas sem a existência de problemas que não poderíamos resolver com a bagagem adquirida até o momento. Heavyrama - Em particular ,desde o “GO-DF Metal Union” você conseguiu reunir grandes nomes do cenário underground. Como conseguiu a participação dessas bandas nos seus festivais? Matheus - Quando iniciei o ano de 2009 produzindo a primeira edição do Arena Cover, recebi a admiração de algumas bandas e do público até de outras cidades do estado por levar um grande publico à um evento em que a qualidade musical estava bem integrada à proposta desse tipo de show. A partir daí ganhei mais motivação, e então, em duas semanas já tinha o projeto de um próximo festival pronto, e em mais duas semanas este seria colocado em prática, ocorrendo o Go metal attack exatamente um mês depois do “show cover”. Já neste evento contamos

com maiores nomes do rock goiano. Inclusive ao convidar o Scania conheci vários representantes. Claro que através desse relacionamento conheci vários representantes de bandas brasilienses, surgindo a idéia da união do metal goiano e brasiliense. E então, mais um ônibus cheio sairia de lá para assistirem esse evento aqui. A iniciativa e o relacionamento foram vistos por mim como algo sensacional. Heavyrama - Alguns dos seus eventos foram um dos mais elogiados, tanto pelas bandas quanto pelo público. Você encontrou dificuldades nas primeiras organizações de eventos, que foram vencidas posteriormente ou sempre é um desafio organizar um bom evento? Matheus - Acredito que, quanto mais experiência se adquire, mais dificuldades encontrará pelo nível de perfeição que deseja alcançar. As dificuldades de um projeto talvez sejam as mesmas encontradas no próximo, ou seja, esses leves incômodos sempre irão existir, porém, já podemos ver que nem sempre é tarde demais pra dar a volta por cima.E algumas dificuldades de início realmente nem aparecem na produção de posteriores festivais, a facilidade de relacionamento faz com que possamos ir longe em qualquer aspecto sugerido. Heavyrama - Para quem tem costume de ir aos shows, geralmente costuma-se ouvir que em termos de som, os eventos melhoraram em relação há anos atrás,mas o público em si já não tem mais a mesma energia de antes.Como você percebe a reação do público diante aos atuais eventos organizados em Goiânia?

Heavyrama - 29


Entrevista

Matheus - Por um lado eu vejo que boa parte do “público fiel” surgiu há um tempo, prestigiando o máximo de festivais possíveis e ajudando as bandas a “incendiar”o local, porém, este público amadurece, e apesar de ainda aparecerem nos shows,os mesmos começam a se preocupar com uma melhor “qualidade musical”. Isso não quer dizer de forma alguma que o “público novo” não seja fiel, acredito que um público que não esteja cansado(como no fim de um show),e que esteja em um bom número dispõe toda energia numa boa apresentação.E além disso, seria revolucionário se todos nós que comparecemos aos shows voltássemos a apoiar as bandas da cidade.Um fácil exemplo desse apoio é através da compra de discos desses grupos. Heavyrama - Ouvimos mais o lado das bandas que teem problemas com os organizadores (a organização geral de um evento) mas você,como organizador, já lidou com bandas que fossem problemáticas ou não cumprem o “contrato verbal” ? Matheus - Sim, já encontramos dificuldades com algumas bandas, mas nada sério demais ao ponto de sobressair ressentimentos, apenas bandas que dificultam a confiança desse “contrato verbal”. Pelo menos da minha parte, muitos amigos no meio sabem de algumas dificuldades desse tipo de relacionamento, porém, sabem que não fico com raiva de ninguém (risos). No fim de tudo não intitulo algum grupo como “banda problemática”. Heavyrama - Como organizador você acha que o cenário musical de Goiânia está em um bom momento? Matheus - Em alguns aspectos acredito que nosso cenário se encontra em evolução, um bom 30 - Heavyrama

exemplo é a qualidade e desempenho de ótimas bandas, aliadas ao altíssimo nível de gravação em estúdio que encontramos aqui. Mas por outro lados acredito que poderia estar melhor como já foi antigamente, um exemplo é o próprio público, não digo que são culpados, mas não vejo grande apoio a certa parte dos trabalhos daqui. Heavyrama - Você parou de organizar eventos desde o último Arena Cover em 2009. Qual o motivo? Matheus - Quando fechamos o ano passado com o Arena Cover, não havia nada planejado para 2010, muito menos uma parada nos projetos. Mas houve uma certa falta de motivação a partir do momento em que teríamos de procurar um novo local para os shows e tentar construir uma nova estrutura no festival,sendo fatores aliados com todas ocupações que passei nesse início de ano, e até então, sem nenhum tempo e disponibilidade para dedicar à esse prazer novamente. Heavyrama - Você organizará algum evento neste ano? Conte-nos a respeito. Matheus - Existem alguns projetos em mente, mas se tudo der certo acredito voltar com um festival no mês de setembro. Como comentei, é difícil pensar na possibilidade de arrumar outro local para shows além do nosso famoso Martim Cererê, que por si só já tem uma própria identidade para o público goianiense. Heavyrama - Matheus, alguma consideração final? Matheus - Quem possui algum objetivo para contribuir com o cenário goiano, apenas não pense que as coisas são tão difíceis quanto parecem, vá atrás do que acredita!


Entrevista

Texto : Paulo Henrique faria / Foto : Márcio Adriano

Entrevista exclusiva com Marlon do Volupia di Baco

A

Volúpia di Baco, banda goiana, vem durante alguns anos mostrando o melhor da música gótica e Doom Metal para os fãs da cena. Recentemente a banda teve alguns problemas com sua antiga vocalista, problemas esses que culminaram na saída da mesma. Porém a banda vive uma nova fase, e é exatamente sobre isso e também sobre os planos para o futuro da banda, que conversamos com o guitarrista e vocalista Marlon. Veja abaixo o que rolou. Heavyrama - 31


Entrevista

Heavyrama - De início, gostaria de saber qual a situação da Volúpia atualmente e quais são os planos na atual formação? Marlon - Olá moçada da Heavyrama! Antes de tudo, quero parabenizar todos da equipe pela iniciativa e pela ideia, tenho certeza que esse projeto vai colher muitos frutos e vai ser o início de algo que vai mover e fortalecer toda a cena. Agora focando na pergunta; A nossa situação é a mais louca e prazerosa que vocês possam imaginar, tem muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo com a banda e que está exigindo muito de nosso tempo e de nosso sangue. As nossas cabeças estão a mil, é uma mistura de pressão e empolgação. É a melhor situação possível que uma banda pode esperar quando se faz um trabalho sério e profissional. Os planos da atual formação são os mesmos de quando fizemos nosso 1º show, somos uma banda focada e determinada, e vamos subindo um degrau de cada vez com humildade e trabalho. Nossos planos se resumem em tentar construir e manter nosso nome nacionalmente e fazer uma carreira sólida e auto-suficiente. Heavyrama - ‘Agora a pergunta que não quer calar’: Vocês já encontraram uma nova vocalista? Marlon - Depois de várias audições escutando diversas candidatas de até mesmo de outros estados, conseguimos o que sempre almejamos. Ficamos felizes por tantas meninas quererem ocupar o cargo e surpresos com o tanto de vocalistas excelentes que estão escondidas no anonimato; o nível de qualidade foi altíssimo. 32 - Heavyrama

Mas não procurávamos apenas uma vocalista talentosa para cantar nossas canções, isso era o de menos pra nos e vimos também ser o mais fácil. Precisávamos muito mais do que alguém para subir no palco e se apresentar ao nosso lado, procurávamos além dos dotes vocais, qualidades que não se modela e não se aprende, como: caráter, princípios e valores. O que eu posso dizer é que sem dúvidas a encontramos e ela já é da família, em breve os leitores da Heavyrama poderão escutar em primeira mão o novo single da Banda, com ela cantando, e que será lançado 1º aqui com exclusividade. Heavyrama - Ficamos lisonjeados pela preferência; mas e aí? Quem é a nova vocalista? Marlon - Daqui uns dias você vai saber com certeza...(risos) Heavyrama - Vocês pretendem gravar algum material em breve? Marlon - Estamos gravando e devemos estar lançando duas músicas novas nesse mês no nosso myspace, e o projeto do novo clipe para divulgar pela internet e se tudo dar certo em breve em um canal fechado de televisão. Estamos trabalhando muito e terminando nosso CD, acredito que nos próximos meses o álbum fica pronto. Estamos gostando muito dos resultados, estamos muito otimistas com as gravações. Heavyrama - Agora falando sobre os shows, é verdade que a Volúpia vai abrir o show do Theatre of Tragedy?


Entrevista

Marlon - Ohhh! Com certeza!!! O contrato está assinado há mais de 3 meses e realizaremos esse show dia 27 de junho em São Paulo. Até hoje não estou acreditando, somos muito fãs da banda, tenho todos os CDs originais e juntamente com o Type O’ Negative, o ‘T.O.T’ é as nossas maiores influências musicais. Será um show histórico! E dividir o palco com o Theatre of Tragedy é algo que arrepia e emociona ; eles simplesmente criaram essa linha e é a maior lenda do estilo. Já tem um tempo que temos esse contato com eles, vai ser ótimo conhecer a banda pessoalmente e se divertir um pouco.

daria tempo, e por outros contra tempos nossa produção achou melhor adiar nossa apresentação em Goiânia e fazer uma grande festa de lançamento com nossa volta pra casa. Nesse meio tempo já está confirmado e vamos fazer shows em Minas Gerais, Brasília e em São Paulo novamente, em homenagem ao Peter Steele.

Heavyrama - E a respeito das composições da banda, como andam?

Marlon - Obrigado pelas energias positivas, desejo sucesso para Heavyrama e claro muita volúpia na vida de vocês. ( risos) Podem sempre contar com todos da família Volúpia di Baco. Abraço a todos os leitores! Volúpia Eterna!!!

Marlon - Composições é um problema para banda! (risos) Não porque falta, mas porque sempre tenho ideias novas e as musicas surgem do nada, foi difícil pra gente ter que escolher quais entrariam no álbum, tanto que chegou um dia que a banda falou: “Que inspirações que não acabam, hein? (risos) Pare um pouco de compor já temos músicas para três CDs!“; então focamos nos clássicos e em algumas novas e trabalhamos nelas, mas olhando pelo lado positivo como eles comentaram, acredito que estamos garantindo boas músicas para os próximos três álbuns.

Heavyrama - Marlon, Muito obrigado pela entrevista! Nós da Heavyrama agradecemos a sua participação, tudo de bom pra você e a Volúpia di Baco. Este espaço é seu pra deixar uma mensagem final aos leitores.

Heavyrama - Quando será o próximo show da Volúpia di Baco em Goiânia? Marlon - Iríamos fazer o lançamento do CD no Tattoo Rock Festival, mas como vimos que não Heavyrama - 33


AnĂşncio: Mande seus desenhos



Opinião

Era uma vez um estilo chamado Heavy Metal Por Calebe Alves

E

não estamos falando somente do estilo de música, mas sim de um estilo de vida. E dos mais legais, por sinal. Tratava-se de amizade, companheirismo, união e principalmente de respeito. Estamos falando de pessoas simples, bem humoradas, de mente aberta, livre de preconceitos e de preocupações fúteis com assuntos superficiais. Porém, infelizmente, hoje os tempos são outros e algo está muito errado: aquela fraternidade não existe mais. Aquele companheirismo que juntamente com o som, cativou a mim e a tantos outros, sumiu! O Metal além de fronteiras musicais, concebido por muitos como uma verdadeira irmandade, é um tremendo de um movimento cultural que foi consolidado através de gerações por pessoas dedicadas e verdadeiramente apaixonadas que muito lutaram contra preconceitos e discriminação. Hoje o Metal é melhor aceito e está muito mais acessível a qualquer um do que jamais esteve antes. E sua rebeldia, outrora fruto de questionamentos e do não enquadramento dentro de critérios e padrões, hoje só existe pra fazer pose. O Metal dessa geração se tornou um metal de aparência e o perfil do headbanger (pra não usar aqui o pejorativo “metaleiro”) atual é de uma pessoa completamente egocêntrica, sem o menor respeito ou consideração pelos seus Brothers of Metal ou mesmo pelas bandas que ouve. É aquela pessoa que faz downloads ilegais indiscriminadamente sem nenhum peso na consciência

36 - Heavyrama

alegando que “cds originais são caros”, mas paradoxalmente, são capazes de gastar uma fortuna em determinadas roupas e acessórios cujo o único propósito é fazer a imagem de “eu sou metal, sou do mal e tenho estilo”. Pessoas que ao invés de estudarem música ou praticarem algum instrumento, gastam seu tempo em fóruns virtuais desditosos relacionados a cena local, com o único objetivo de carimbar sua presença falando mal de algo/ alguém ou qualquer outra coisa que dê a ela a oportunidade de expressar o quão foda-inteligente ela acha que é. E não para por aí. Depois de terem aparecido bastante nos fóruns e mostrado o quanto são “cool”, resolvem dar as caras nos shows e bares da cena onde se sentem como uma espécie de celebridade local por serem “conhecidas” no meio underground de tal cidade. Patético (pra não dizer deprimente). Isso sem contar aquelas (muitas) pessoas encrenqueiras que, aparentemente, veem a cena como um tipo de novelinha de vários personagens e adoram um bom barraco digno desta. Ou qualquer outra oportunidade de colecionar em seus currículos o maior número possível de inimizades e intriguinhas. E o que dizer daquelas que vão à lugares públicos pra se embebedarem, causam confusão, tumultos, depredam o lugar e vão embora deixando para trás uma rica miscelânea de lixo pra ser recolhida? E por último têm aquelas que poderão ler tudo isso e jamais se tocarem ou admitirem que se refere a elas.


Opinião

Pergunto: Isso é Metal? Essas são as maduras atitudes de alguém que se diz evoluído, culto e inteligente o suficiente pra escutar algo tão rico, complexo e prolífico como o Heavy Metal? Ou isso não seria resultado de gente interessada única e exclusivamente em chamar a atenção se aproveitando de um movimento apenas por ele já ter sido polêmico? Quero deixar bem claro que não estou generalizando ninguém. Eu sei muito bem que não são todos assim e tenho a plena consciência de que pessoas estúpidas existem e sempre existiram aos montes em todo lugar. Porém pelo menos no metal anos atrás, elas compunham a minoria. Infelizmente, por pior que seja admitir, hoje elas são a regra e a minoria são aqueles que realmente levam a musica a sério e batalham por ela. E pelo que eu vejo, essa imensa maioria está fazendo um ótimo trabalho em tornar cada vez mais merecida a tão divulgada má fama do Metal. Mas por que isso acontece? Por que num meio como o nosso tão amado Metal, outrora composto por gente interessante que se unia pra curti-lo juntos, hoje encontramos quase que somente pessoas interessadas em curtir o próprio nariz usando o Metal apenas como meio pra se promover? Bom, eu tenho lá minhas teorias. Primeiro sejamos conscientes de que a inclusão digital já faz parte da vida de todos. Ninguém encontra barreira alguma pra conseguir a discografia ou até mesmo as tais “raridades” de qualquer banda na grande rede. Somemos a isso a calamidade dos sites de relacionamentos e seus efeitos na personalidade de jovens e adolescentes carentes, inseguros e de-

sesperados por atenção e auto-afirmação. Redes sociais são territórios férteis praqueles tomados de baixa autoestima assumirem personalidades idealizadas e viver em um mundo imaginário virtual. E se o indivíduo em questão quer ser comentado e ganhar atenção, assumir uma identidade headbanger pode trazer vantagens nesse quesito. Então, o próximo passo é ir moldando suas atitudes (ou editando seu perfil.. huahua) tomando por base o que ele acredita ser o metal e não o que realmente é. Querem desesperadamente alimentar o ego e ter o seu lugar no tão enfadonho rótulo de “tribo urbana”. Mas o problema passa a existir quando essa personalidade resolve dar as caras no mundo real. E o resultado que temos são pessoas antipáticas, fazedoras de lixo, encrenqueiras, superficiais, egocêntricas e que, por mais mórbido que seja, parecem se orgulhar bastante disso acreditando estarem no lugar perfeito para tal. E o que antes nada mais era do que má fama se torna uma verdade. “Como são trouxas os metaleiros!” diz quem não conhece a cena ou o movimento. Muita gente (incluindo eu) chia ao ouvir tais afirmações, mas paremos um pouco e pensemos: Será que eles realmente estão errados? Estamos falando de um grupo como um todo, não de uma minoria. São pessoas que querem se orgulhar de fazer parte de uma contracultura, mas são tão (ou mais) alienados quanto qualquer um daqueles que tanto acusam e protestam. Não me levem a mal. Eu amo o Metal, mas certas atitudes e comportamentos desta nova geração às vezes me deixam com vergonha simplesmente de sair de casa com alguma camisa de banda. Heavyrama - 37


38 - Heavyrama


Heavyrama - 39



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.