HealthCare Brazil 1a Edição

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CARTA AO LEITOR

INTELIGÊNCIA

para a informação

PRESIDENTE EXECUTIVO Edmilson Junior Caparelli diretoria@portalgrupomidia.com.br CONSELHO ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO Conselho Financeiro Lucia Caparelli lucia@portalgrupomidia.com.br

O mercado de saúde brasileiro passou na última década por uma série de mudanças culturais, econômicas, administrativas, tecnológicas e jurídicas. O jornalismo especializado neste segmento não acompanhou a evolução. Criou muros para o que acontecia no mundo, contrário a outros setores da economia que viram surgir publicações direcionadas essencialmente para a análise de mercado e não apenas para o simples registro da informação. A HealthCare Brazil nasce para preencher esta lacuna sendo a primeira publicação brasileira com foco mundial em gestão da saúde. A revista contará com renomados especialistas do mercado que trarão os temas mais importantes em administração e novas tecnologias discutidos em diversos países da Europa, América do Norte e América Latina, traçando um importante paralelo entre as iniciativas internacionais e brasileiras. Acreditamos em uma relação cada vez mais próxima entre os

Secretária Financeira Selma Saragoça financeiro@portalgrupomidia.com.br Secretária Executiva Nozy Venditti secretaria@portalgrupomidia.com.br REDAÇÃO Editora Kelly de Souza kelly@healthcarebrazil.com.br Reportagem Gabriel Pizzo Ottoboni gabriel@healthcarebrazil.com.br Tradução Manuela Zapparolli Martins Costa manuela@portalgrupomidia.com.br DEPARTAMENTO DE ARTE Criação e Arte Roger Zanela rogerzanela@portalgrupomidia.com.br Projeto Gráfico Lucas Borges Ferreira lborgesf@hotmail.com Imagens Banco de imagens – Photos.com

mercados nacional e internacional, bem como na relação entre quem

DEPARTAMENTO COMERCIAL

gera e distribui conteúdos. Por isso, a revista HealthCare Brazil abre

Diretor Comercial Marcelo Caparelli marcelo@portalgrupomidia.com.br

espaço a todos que queiram contribuir para o desenvolvimento do setor saúde. Agradecemos aos articulistas, entrevistados e empresas patrocinadoras que contribuíram para esta primeira edição, tornando possível a realização deste projeto.

Gerente Comercial Alessandro Alves alessandro@portalgupomidia.com.br EXECUTIVOS DE CONTAS Luiz Ribeiro luizribeiro@healthcarebrazil.com.br Marcio de Oliveira marcio.oliveira@portalgrupomidia.com.br Rodolfo de Sousa rodolfo@portalgrupomidia.com.br

Boa Leitura! Equipe HealthCare Brazil

OPERAÇÕES Departamento Jurídico juridico@portalgrupomidia.com.br Pesquisa Global Pesquisa Suporte e atendimento on-line Grupo Mídia Sistemas ATENDIMENTO AO LEITOR: 0800 723 2006

Fale com nossa redação! Envie um e-mail com sua opinião, sugestão ou comentário para redacao@healthcarebrazil.com.br

Grupo Mídia Rua Marechal Rondon, 188. Jardim Sumaré - Ribeirão Preto – SP Cep: 14025-430 Tel: (16) 4009.0850 – Fax: (16) 4009-0857 www.portalgrupomidia.com.br

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NESTA EDIÇÃO

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REPORTAGEM DE CAPA Poderia ser apenas mais uma das muitas promessas “milagrosas” para resolver todos os problemas da assistência mundial à saúde, mas não. Os Sistemas Pessoais da Saúde constituem, de fato, uma ruptura com tudo o que o mercado de saúde conhece até hoje. Eles tiram o “poder” das mãos dos hospitais e médicos e passam para o próprio cidadão.

SEÇÕES

08 Editorial 10 On-line 16 360°

22 Entre Aspas 64 Health-IT 74 Indústria 78 Up–to–date 80 Na Estante

81 Guia de Empresas 82 Inside 6

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36 PRIMEIRA LEITURA

A Professora da Harvard Business School, Rosabeth Moss Kanter, fala da visão americana sobre a tecnologia da informação e o sistema de saúde

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24 ENTREVISTA

Claudio Luiz Lottenberg comanda uma das mais avançadas instituições hospitalares da América Latina. O executivo acredita que a personalização do atendimento é uma tendência, embora ainda longe de ser palpável.

36 ADMINISTRAÇÃO

Regras para a saúde. Roberto Cury, superintendente da Anahp, ressalta os problemas entre os players que atuam no mercado e a necessidade da criação de um código de ética para a saúde.

30 ADMINISTRAÇÃO

Prestadores de serviços da saúde passam a empregar Sistema de Produção Toytota visando produção enxuta, redução de estoques e “defeito” zero.

40 POLÍTICA

38 PERFIL

5 anos, 4 ministros Adriano Londres analisa a inconstância do ministério da Saúde e a necessidade de se criar um ambiente propício à continuidade na tomada das decisões.

58 INFLAÇÃO MÉDICA

A saúde sobe menos do que a inflação? Enrico De Vettori, Gerente sênior da área de Consultoria Empresarial da Deloitte, explica os índices atuais.

66 TECNOLOGIA

Guilherme Hummel conta como os sensores eletromagnéticos, os bionsensores e os devices estão fazendo diferença em ehealth.

José Gomes Temporão, novo ministro da Saúde, afirma que está longe do perfil de técnico e aposta em sua força política.

56 PESQUISA

Os custos de assistência à saúde para os empresários americanos devem crescer 6% em 2007. O dado faz parte da pesquisa “Health Care Cost Survey”, da consultoria Towers Perrin.

62 INDICADORES

Queda de receita dos hospitais privados por paciente–leito é creditada à verticalização.

70 INDÚSTRIA MÉDICO-HOSPITALAR

Indústria brasileira investe pouco em marketing e perde negócios em mercados árabes. Abril 2007

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EDITORIAL

CIDADÃO

PASSA A DITAR REGRAS DA SAÚDE

Por Kelly de Souza kelly@healthcarebrazil.com.br

Parlamento Europeu, Bruxelas, fevereiro de 2007. O local, também chamado de “o centro do mundo” por reunir as mais diferentes nações, não deixa dúvida sobre a importância do tema: Personal Health Systems (Sistemas Pessoais de Saúde). Quatrocentos líderes reunidos, entre eles, CEOs da indústria global de equipamentos e serviços médicos, pesquisadores, secretários de Saúde de grandes metrópoles, deputados do Parlamento Europeu, dezenas de representantes da indústria de Telecom e autoridades governamentais aguardam ansiosamente o início dos trabalhos. Quem abre a sessão é Gerard Comyn, Chefe da Unidade de Tecnologias de Informação e Comunicação da Governança Européia, um dos mais ilustres membros da Comunidade Européia e fomentador incansável dos modelos de e-Health. Sua colocação inicial é clara: quem dita as regras na área de Saúde? Há alguns anos, nenhum executivo hesitaria em responder a questão: o médico, claro! E hoje? Para respondê-la esqueça tudo o que você sabe sobre as regras culturais, comportamentais e tecnológicas vigentes nos Sistemas de Saúde, bem como a atual lógica mercadológica do setor. Boa parte desse conhecimento terá pouca ou nenhuma importância para a resposta. O mercado de saúde está mudando, na verdade, ele já mudou, mas poucos percebem, aceitam ou entendem. O eixo da mudança chama-se patient empowerment, ou seja, o indivíduo está assumindo o posto de comando. Que não haja mais dúvida sobre isso, ainda que médicos, gestores, estudiosos, governantes e mesmo o próprio ci8

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dadão duvidem ou reclamem, o movimento é irreversível. Cada um de nós, como indivíduo ou como cidadão, ou como contribuinte ou mesmo como uma simples pessoa vai ter de cuidar e gerenciar a sua própria saúde. As transformações sociais, como a alta taxa do envelhecimento da população, a expectativa de vida, o estilo de vida ou o aumento do volume de doentes crônicos, colocaram em risco a sustentabilidade dos sistemas públicos e privados de saúde. O fato é que nenhum dos gestores atuais, que vem assumindo ao longo dos anos a responsabilidade de modelar os Sistemas de Saúde (ou salvá-los), conseguiu sucesso em deter de forma sólida os custos do setor ao mesmo tempo que melhorava a qualidade da assistência. O governo e a Saúde Complementar estão percebendo, aos “trancos e barrancos”, que sem o usuário do Sistema não vão chegar a lugar nenhum e hoje, em muitos países, como discutido no Parlamento Europeu, já procuram ferozmente formas de convencê-lo e capacitá-lo para esse desafio. A conclusão é simples: o cidadão é o principal e mais vacacionado membro da cadeia de assistência à Saúde capaz de gerenciar suas próprias condições físicas e mentais. Para se ter uma idéia do tamanho desse “esforço”, só a Comunidade Européia deve investir de 2007 a 2013 cerca de 3,6 bilhões de Euros em programas e projetos voltados a e-Health, sendo boa parte desse valor direcionado para soluções que permitam a cada cidadão melhorar a gestão de sua Saúde. O evento na Bélgica foi apenas um dos inúmeros que têm ocorrido ao redor do mundo e que têm levado as personalidades mais importantes da saúde a discutir os projetos de Personal Health Systems, ou Sistemas de Gestão Personalizada da Saúde. O objetivo é aumentar a colaboração de todos os setores e traçar políticas sócio-econômicas mais apropriadas a essa nova regra. Notem: não há mais discussão sobre se este é o não o formato ideal. O que se tenta alinhar é como e com que impacto isso se dará. Não foi apenas o Governo ou as lideranças do mercado que notaram a mudança. A indústria está de olho nessa nova realidade e se prepara para atuar com força total no mercado. Por isso, companhias fornecedoras de tecnologia para o mercado de Saúde buscam desenvolver soluções que apóiem o consumidor final nessa empreitada. Você entenderá mais essa revolução nesta edição, que é dedicada quase que inteiramente ao tema. Aqui estão depoimentos dos mais importantes estudiosos no mundo. A edição traz também uma entrevista exclusiva com Norbert Olsacher, membro do Board da ICW, empresa que acaba de chegar ao País e traz a primeira solução em PHR para o Brasil.

Divulgação

Kelly de Souza é editora da revista HealthCare Brazil e especializada em Economia da Saúde pela Universidade de São Paulo (USP).

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brazil.com.br O CONTEÚDO EXTRA DA REVISTA NO SITE

PRONTUÁRIO PESSOAL

Conheça os principais projetos no mundo em Personal Health Record (PHR). Leia mais sobre o Life Sensor, primeiro sistema de PHR no Brasil, e entrevista completa com Norbert Olsacher, da ICW.

DIARIAMENTE • Últimas Notícias • Eventos • White Papers • Enquetes • Blog da redação • Opinião • Entrevistas

ADMINISTRAÇÃO O modelo de administração “enxuta” adotado pela Toyota atraiu os hospitais. Leia o artigo do pesquisador Augusto Silberstein sobre a

PERFIL

NEWSLETTER DIÁRIA • Economia e Finanças • Marketing • TI e Telecom • Indústria • Recursos Humanos • Política • Administração 10

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José Gomes Temporão assumiu a pasta do ministério da Saúde, no último mês de março. Leia na íntegra a entrevista do novo ministro à revista HealthCare Brazil.

aplicação de princípios de consumo enxuto num serviço de saúde e de outros estudiosos do tema.

INDÚSTRIA Saiba mais sobre o desempenho das exportações da indústria de equipamentos médico-hospitalar na entrevista com o Juan Quirós, presidente da APEX.

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PRIMEIRA LEITURA HARVARD BUSINESS SCHOOL

A TECNOLOGIA E O SISTEMA DE SAÚDE UMA VISÃO AMERICANA Por Rosabeth Moss Kanter rkanter@hbs.edu

As conseqüências das novas biociências ainda estão surgindo, ao passo em que a Tecnologia da Informação (TI) já faz parte de nossas vidas. Recentemente, muitos americanos descobriram que a tecnologia estava sendo usada contra nós, para vigilância, em nome da segurança nacional. Ao invés disso, ela deveria ser melhor aproveitada para nós mesmos, em áreas vitais para a nossa segurança econômica no futuro, principalmente à saúde. Como todos os que precisam do sistema de saúde sabem, basta um breve contato com ele para passar mal. O 12

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Institute for Healthcare Improvement - organização com sede em Boston e alcance nacional - anunciou sua campanha “5 million lives” (“5 milhões de vidas”) em dezembro de 2006, pois aproximadamente cinco milhões de pessoas nos Estados Unidos são prejudicadas por erros médicos que podem ser evitados ou infecções hospitalares. Não tenho problemas com os médicos dedicados e nobres enfermeiras de quem dependemos, apesar de desejar que houvesse mais deles, já que o déficit é iminente. Não estou criticando os laboratórios farmacêuticos, os quais do dia

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para a noite deixaram de ser vistos como as empresas mais admiradas do mundo para serem chamados de gananciosos em busca de lucro às custas de cidadãos viciados, muito semelhante ao que acontece na indústria do fumo. Não me refiro nem mesmo ao financiamento da saúde, apesar de haver muito para se reclamar, com tantos americanos sem convênio médico. O que me incomoda é o sistema de saúde. Talvez este incômodo venha de esperas em filas intermináveis para conseguir dar entrada no hospital para fazer exames de rotina e ter de repetir a mesma informação para uma série de atendentes tagarelas que não escutam quem está do outro lado. Talvez tenha sido a luta para conseguir que a minha sogra - que sofria de Alzheimer e não podia falar por si - recebesse os pagamentos do Medicare, o que na época significou horas infindáveis para que seu prontuário fosse encontrado, além de formulário atrás de formulário para ser preenchido. Ou quem sabe tenha sido a morte desnecessária de um querido membro da comunidade (ironicamente, um repórter da área de saúde de um grande jornal) que por engano recebeu quatro vezes a dose correta de uma medicação em um hospital de renome. Atrasos, duplicidade, erros e negligência causam sofrimento, aumentando os custos humanos e financeiros. Estudos recentes mostram que os médicos usam apenas 16% de seu tempo para o cuidado direto ao paciente, enquanto outros 60% de seu tempo são gastos em busca de informação - incluindo resultados de exames, históricos médicos e até mesmo a localização de seu paciente no hospital. “Cerca de um terço dos 1,6 milhões de dólares que gastamos com a saúde vão para cuidados duplicados, que fracassam em melhorar a saúde do paciente, ou que podem até mesmo piorá-la”, escreveu a senadora Hillary Rodham Clinton na New York Times Magazine. Segundo o renomado Institute of Medicine (Instituto de Medicina), 55% das mortes que podem ser prevenidas acontecem devido a erros médicos, muitos deles associados a falhas na transmissão de informações, como erros de prescrição. Enquanto

alguns hospitais grandes e com bons recursos financeiros são pioneiros no uso da tecnologia para melhorar a qualidade e reduzir custos, outros não estão nem sequer engatinhando. No que se refere a custos, exércitos de funcionários processando papelada significam orçamentos de grandes proporções. A duplicidade inútil, como por exemplo, precisar digitar novamente informações enviadas para um banco de dados incompatível, poderia ser eliminada. Um hospital de grande porte tem cerca de 150 bancos de dados que não conversam entre si. Transformar o modo como o sistema de saúde lida com as informações pode poupar tempo, dinheiro e vidas. O uso inteligente da tecnologia da informação poderia ser um fator determinante para tornar o convênio médico mais acessível para praticamente todos os americanos; sem ir muito longe, o preenchimento eletrônico de pedidos resultaria em uma economia de 70 bilhões de dólares em dez anos. No Washington Hospital Center (WHC) em Washington, e na sua matriz, o Grupo MedStar, uma das maiores redes de hospitais dos Estados Unidos, as redes de informações resultaram nestes benefícios e em muitos outros. Como parte da estratégia para transformar o departamento de emergência do WHC do pior da cidade no seu melhor,

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Divulgação

PRIMEIRA LEITURA HARVARD BUSINESS SCHOOL

Rosabeth Moss Kanter é professora da Harvard Business School

Dr. Craig Feied deu início, em 1996, à criação de um sistema para a área de saúde semelhante ao do controle de tráfego aéreo, que tornasse todos os dados existentes, incluindo cópias digitalizadas de documentos preenchidos à mão, onipresente e instantaneamente acessíveis a partir de qualquer aparelho. O Dr. Feied, um homem jovial que gosta de gravatas borboleta e que mistura telas de dados complexos com cartuns em suas palestras, criou seu sistema de maneira discreta, usando um pequeno grupo de pessoas com a mente mais aberta do que o departamento de TI do hospital e disseminando-o na base do boca-a-boca, à medida em que os médicos descobriam sozinhos quanto tempo haviam poupado e o quanto haviam melhorado o cuidado com o paciente - por exemplo, ao receber o resultado de um eletroencefalograma em seus computadores de mão onde estivessem em questão de minutos, ao invés de esperar quatro horas até alguém levar prontuários de um lugar para outro e depois encontrar o médico. Com um mínimo investimento, o sistema Azyxxi do Dr. Feied melhora a qualidade dos cuidados médicos. Médicos e enfermeiras têm acesso a pedidos, resultados de exames e raios-X em tempo real e instantaneamente acessam resultados de exames, diagnósticos ou raios-X antigos. Prontuários de visitas anteriores revelam padrões e problemas que podem não ser diagnosticados em uma única visita. Imagens disponíveis 14

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de imediato podem salvar vidas em casos críticos, como traumas cerebrais. Os médicos têm acesso em poucos cliques ao histórico de medicação de um paciente, e então fazem prescrições instantaneamente, reduzindo o tempo de espera e os erros. E no topo da minha lista de desejos pessoais, qualquer membro da equipe pode dar entrada a pacientes imediatamente, usando um computador Exchandheld. Entre 1996 e 2001, o mesmo número de funcionários do WHC atendeu duas vezes mais pacientes, de 35.000 passaram a 70.000, enquanto o tempo médio no setor de emergência caiu de oito horas para apenas duas. A satisfação dos pacientes chegou a 99%, ante os 14% anteriores, em comparação com outros hospitais. Tamanho sucesso fez do WHC o centro de tratamento preferido para as vítimas do ataque ao Pentágono em 11 de setembro de 2001. Alguns meses mais tarde, o hospital se tornou um exemplo nacional no rastreamento de informações sobre a exposição ao antrax. O então Secretário de Saúde Tommy Thompson reconheceu o enorme potencial do sistema do Dr. Feied para o setor de saúde pública. O Azyxxi aponta focos de doenças - chegando à precisão de bairros e ruas -, alertando a tempo para desastres em potencial na área de saúde. Os problemas de financiamento à saúde e da prestação deste serviço não serão resolvidos esparramando computadores por todo canto. Mas existe a grande possibilidade de se aprimorar o serviço com melhores informações. Uma rede nacional de informações de saúde proposta pelo Congresso armazenaria dados de prontuários médicos eletrônicos (anonimamente) para verificar o que funciona ou não, fornecendo aos profissionais da área médica uma alternativa aos estudos elaborados por laboratórios farmacêuticos e fabricantes de equipamentos hospitalares para seu próprio interesse. Os economistas da área de saúde estão divididos - não sabem se esta solução pouparia dinheiro ou aumentaria a demanda, uma vez que saberíamos quais tratamentos são eficazes. Mas o termo “aumentar a demanda” é como os economistas se referem a melhorar as vidas das pessoas através de melhores cuidados médicos. Saúde melhor traz benefícios para nossas vidas e também para a economia - como descobriram cientistas franceses ao usar modelos estatísticos para argumentar a favor do aumento das doações de remédios para tratamento de AIDS na África, provando que um pequeno investimento em saúde traz grandes recompensas na forma de oportunidades econômicas. Dizem que o conhecimento nos torna livres - mas somente se a informação chegar às pessoas certas na hora certa.

© Copyright 2007 Por Rosabeth Moss Kanter. Extraído sob autorização da Dra. Kanter de seu livro “America the Principled: 6 Opportunities for Becoming a Can-Do Nation Once Again” (Nova York: Crown, outubro de 2007).

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360º

Iatrogenia provoca mais de 15 milhões de lesões por ano Segundo o Institute for Healthcare Improvement ocorrem cerca de 15 milhões de lesões por falhas na assistência por ano. As chamadas iatrogenias - danos provocados por falhas no atendimento ao paciente - representam cerca de 40 mil eventos indesejados por dia. Em 2006, o instituto lançou nos Estados Unidos, a campanha 5 milhões de vidas, que objetiva reduzir os eventos indesejáveis e mortes de pacientes. Participam da campanha 3.100 hospitais americanos, 55 espalhados pelo mundo (em sua maioria do Canadá) e apenas 4 no Brasil. O São Camilo Pompéia e Santana acabam de anunciar a adesão. Ao todo são 12 programas e os hospitais podem aderir a quantos considerar conveniente, sempre com o compromisso de implementar de forma correta as ações e enviar os dados ao Instituto mensalmente, para publicação de relatório anual.

Diminui expectativa de vida de japoneses no Brasil A expectativa média de vida dos japoneses que vieram ao Brasil diminuiu em 17 anos, e a incidência e a mortalidade por doenças cardiovasculares e cérebrovasculares aumentaram com a imigração. O estudo realizado por Emílio Moriguchi, diretor do centro de geriatria e gerontologia do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, apontou como causa as mudanças dos hábitos de vida, principalmente da dieta, com a ampliação no consumo de carne vermelha, sal e açúcar e uma diminuição no consumo de peixe, frutos do mar, algas e produtos derivados de soja.

Teste do olhinho passa a ser obrigatório O teste chamado reflexo vermelho, popularmente conhecido como “teste do olhinho”, passa a ser obrigatório nas maternidades do Estado de São Paulo, através da Lei 12551/2007, publicada em 06/3/2007. O teste detecta precocemente doenças graves como catarata congênita, opacidade congênita de córnea e glaucoma congênito.

Desordens neurológicas atingem um bilhão de pessoas

Campanha para aumentar número de trabalhadores na saúde

Um relatório apresentado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que as desordens neurológicas, variando de epilepsia à mal de Alzheimer, afetam até um bilhão de pessoas no mundo. As desordens incluem também ferimentos no cérebro, infecções neurológicas, doenças de Parkinson, etc. O estudo apontou também que 6.8 milhões de pessoas morrem em conseqüência das patologias, com custo estimado em 139 bilhões de euros, em 2004.

A OMS lançou uma campanha internacional para aumentar a “força de trabalho” no mercado de saúde. Segundo a organização, faltam mais de 4.3 milhões de trabalhadores de saúde no mundo, só a África é responsável por mais de ummilhão. A força tarefa, presidida por Nigel Crisp, que dirigiu o serviço de saúde nacional da Inglaterra, focalizará ações práticas de investimento e treinamento dos trabalhadores em países deficitários.

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360º

80% das unidades privadas em Portugal não estão licenciadas

Mais de 80% das unidades de Saúde privadas em Portugal não têm licença, apesar do processo ser obrigatório, revela a Entidade Reguladora da Saúde (ERS). O relatório aponta também a falta de licenças de funcionamento em 80% das unidades de radioterapia e radiodiagnóstico, 75% dos laboratórios de análises clínicas, 47% das unidades de medicina física e de reabilitação e uma em cada quatro unidades de internação. A ERS justifica como causas a inoperância da fiscalização e o fato do sistema ser complexo e demorado, além de licenças específicas para cada tipo de estabelecimento.

Depressão

75% não recebem

tratamento adequado

Recorde de reclamações de SACs é dos planos de saúde A pesquisa do Programa de Análise de Produtos do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) sobre os serviços de atendimento ao cliente (SACs) apurou que, entre seis áreas pesquisadas, o recorde de reclamações dos consumidores está concentrado no setor de planos de saúde. Foi pesquisada uma amostra de dez companhias, de diferentes portes e regiões do País. As perguntas foram feitas via e-mail e por telefone, observando se a resposta teve qualidade, se foi rápida e, ainda, a questão da cortesia, ou seja, a cordialidade existente no relacionamento do atendente com o cidadão. Um problema chamou a atenção dos técnicos do Inmetro no setor de planos de saúde - o tratamento pela internet é incompleto. Cerca de 40% das empresas de planos de saúde pesquisadas apresentaram-se problemáticas. Somente duas empresas da amostra obtiveram pontuação superior ao mínimo de 80 pontos de conformidade com a metodologia do Inmetro. Foram elas a Porto Seguro (84,2 pontos) e a Sul América (82,3 pontos). 18

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Apesar de atingir uma grande parte da população - 121 milhões de pessoas no mundo, sendo 17 milhões apenas no Brasil a depressão não é diagnosticada nem tratada de maneira adequada. Hoje a doença é a quarta causa global de incapacidade e deve se tornar a segunda até o ano de 2020. A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 75% das pessoas com depressão não recebem tratamento adequado. Uma pesquisa coordenada pela Federação Mundial para Saúde Mental, com apoio dos laboratórios Boehringer Ingelheim e Eli Lilly, chamada Testando os Médicos, revela que apenas 1/3 dos clínicos gerais acredita que a faculdade de medicina ofereceu preparo suficiente para diagnosticar a doença na primeira consulta assim como reconhecer e tratar os sintomas físicos e emocionais. A pesquisa mostra também que 67% destes médicos demonstram preocupações sobre a possibilidade de um diagnóstico equivocado num paciente que apresenta sintomas de dor, quando na realidade está sofrendo de depressão. No total, foram avaliados cerca de 500 clínicos gerais com cerca de três a cinco anos de experiência, num período de três meses. A pesquisa entrevistou médicos do Brasil, França, Alemanha, México e Reino Unido.

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360º

Doenças Respiratórias

Hospital Oswaldo Cruz

+ 30% em 10 anos Em 2005, 4 milhões de pessoas morreram de doenças respiratórias crônicas em todo o mundo. Segundo a Aliança Mundial contra Doenças Respiratórias Crônicas (GARD), sem medidas urgentes, os números podem subir 30% em 10 anos. O Grupo faz parte de um trabalho global da Organização Mundial da Saúde (OMS) e passa a atuar no Brasil com o objetivo de incentivar medidas preventivas, diagnóstico e tratamento adequados. Entre as causas de internação por fatores respiratórios, em São Paulo, de 2000 e 2005, foram 215.000 internações por asma. Só em 2005 foram gastos aproximadamente R$ 10.6 milhões na capital paulista com internações por asma.

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Atendimento a cidadãos europeus O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, acaba de ser reconhecido pela instituição internacional Temos - Telemedicine for the Mobile Society, com o nível máximo de excelência para prestar atendimento a cidadãos europeus em viagem ao Brasil. Patrocinada pela European Space Agency (ESA), a Temos avalia instituições a fim de integrá-las em uma rede mundial de serviços remotos na área da saúde. O Hospital tornou-se referência local da entidade no nível terciário de assistência, que envolve cirurgias de alta complexidade, além de ser qualificado a utilizar recursos de telemedicina ao enviar exames de um paciente em atendimento no Brasil para seu país de origem.

Contraceptivos e Hormônios terão genéricos A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nova regulamentação que autoriza a entrada de medicamentos genéricos nos mercados de contraceptivos e hormônios. No Brasil são vendidas mais de 92 milhões de unidades por ano, o que corresponde a um faturamento de US$ 481 milhões. Esse mercado encontra-se hoje concentrado em três empresas multinacionais, que juntas detêm aproximadamente 70% de participação. Os genéricos, por lei, custam em média 35% menos que os medicamentos de referência. Estudos realizados pela Pró Genéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos) estimam que a economia feita pela população brasileira ao optar pelos medicamentos genéricos nos últimos seis anos (2001-2006) foi da ordem de R$ 5,4 bilhões.

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ENTRE ASPAS

“Você é quase uma unanimidade dentro da área da saúde. Se na teoria você parecia tudo isso, agora, vamos dar o pepino da Saúde para você administrar”. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao dar posse a José Gomes Temporão como novo ministro da saúde.

Agência Brasil

“Engano imaginar que a fonte de financiamento da saúde não seja cada um de nós como cidadão”.

“As companhias de telecomunicações estão se tornando cada vez mais ativas na área de saúde, em lugares diferentes do mundo. Muitas como centrais de serviços, oferecendo o Electronic Health Records (Prontuários Digitais) para a área médica”.

Claudio Lottenberg, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, em entrevista à HealthCare Brazil.

David Whintlinger, diretor de padrões e interoperabilidade em saúde, da Intel, e presidente da Continua Health Alliance, em entrevista à HealthCare Brazil.

Escarradeira A escarradeira foi utilizada a partir da segunda metade do século XIX para evitar o contágio de doenças através do escarro como a tuberculose, por exemplo, além de receber o material expelido pela boca dos portadores de doenças bronco-pulmonares. Esse exemplar, de origem alemã, é de uso pessoal e demonstrava um certo refinamento de quem utilizava. Com a evolução da ciência médica e o aprimoramento da terapêutica, diminuiu-se o uso de escarradores.

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“Vamos utilizá-la na perspectiva de ‘chegar junto’ dos parlamentares. O objetivo é que a categoria ‘não saia atrás’ quando houver projetos que a categoria avalie que contrariam os interesses da sociedade”.

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ão

“Interesses particulares e políticos do Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, junto a Cuba e Fidel Castro, fizeram com que os ministérios das Relações Exteriores desses dois países assinassem em Havana um protocolo que prevê a formação de uma comissão nacional que será constituída por portaria interministerial, para fazer um “ajuste complementar” ao reconhecimento dos diplomas de Medicina expedidos a brasileiros em Cuba, burlando a lei de nossa Pátria, na tentativa insana de beneficiar a indústria de formação de médicos existente naquele País. Por que somente àquela ilha se abriria uma concessão absurda e irresponsável?” Abdon Murad, Conselheiro do CFM e Presidente do CRM-MA, em artigo publicado no portal do Conselho Federal de Medicina sobre a revalidação de diplomas de médicos cubanos.

Divulgação

Alceu Pimentel, diretor do Conselho Federal de Medicina (CFM), em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, sobre o lançamento da Agenda da Saúde Responsável, que traz as posições de médicos e autoridades em saúde sobre os projetos que tramitam no Congresso.

“O modelo de assistência à saúde no Brasil é equivocado, porque se gasta muito dinheiro no tratamento em si, mas não se investe convenientemente na prevenção, que gera economia em longa escala”. Francisco Batista Júnior, presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), em moção de repúdio ao corte orçamentário, que prevê bloqueio de R$ 3.5 bilhões para a saúde.

Máscara de Anestesia “Ombredane” Utilizada para anestesia em partos e cirurgias. No recipiente coloca-se éter ou outra substância para que o paciente aspire pelo bucal. Substituída com a descoberta de outras substâncias anestésicas. Foi utilizada a partir da segunda metade do século XIX, em uma época onde não haviam sido inventados ainda anestésicos e analgésicos.

As peças pertencem ao Museu Joaquim Francisco do Livramento - Centro Histórico-Cultural Santa Casa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.

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Divulgação

ENTREVISTA

CLAUDIO LUIZ LOTTENBERG, presidente do hospital Albert Einstein 24

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PERSONALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO Claudio Luiz Lottenberg comanda uma das mais avançadas instituições hospitalares da América Latina. O Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, não é só grande em marca, mas surpreende também com seus números. Com mais de cinco mil funcionários, quase 500 leitos e um faturamento superior a meio bilhão de reais, foi a primeira instituição fora dos Estados Unidos a ser certificada pela Joint Commission International. Só em 2005, atendeu cerca de 36 mil pacientes, com taxa de ocupação média de 83%. No total foram 113 mil consultas ambulatoriais e 92 mil atendimentos de emergência no pronto-atendimento. Lottenberg acredita que a personalização do atendimento é uma tendência, embora ainda longe de ser palpável, e quem responde pela gestão e financiamento da saúde é o próprio paciente. “Mesmo nos sistemas públicos, quem paga os impostos se não nós mesmos?”. Para o executivo, o que vemos hoje no Brasil é só uma co-responsabilização do pagamento e não à gestão do conhecimento. Leia a entrevista concedida à HealthCare Brazil.

HealthCare Brazil: A personalização do atendimento à

HCB: Os Prontuários Pessoais ganham força e o cidadão

saúde é uma realidade – especialmente na Europa e Es-

passa a ser gestor de sua saúde, tendo obviamente po-

tados Unidos. Como o senhor vê a questão no mundo e

der de decisão sobre o atendimento. Como os hospitais

sua aplicação no Brasil?

devem se organizar para esse novo perfil de paciente?

Claudio Luiz Lottenberg: A personalização do atendimento

Lottenberg: É importante que o paciente, instrumentali-

tem suas raízes na genômica que atribui um padrão único

zado de forma verdadeira acerca da saúde, seja co-res-

e individual e traz muito mais objetividade e foco na abor-

ponsabilizado pelos tratamentos a que é submetido, com

dagem dos diferentes tratamentos. Evidentemente que

acesso a informações sobre seu estado de saúde para

todo resto, embora mais tangível aos nossos olhos, seria

que, com isso, tenha maior adesão aos procedimentos e

um desdobramento do conhecimento deste nível. Uma

o resultado seja mais eficaz. A construção dessa consci-

vez que possamos partir deste princípio, inúmeras serão

ência envolve maior transparência na tomada de decisões

as oportunidades de fazer algo que realmente as pessoas

e na aplicação de recursos. Infelizmente, o que vemos

precisam e não fazer aquilo que as pessoas não precisam

hoje é só uma co-responsabilização no momento do pa-

cortando os desperdícios. Isto é customização, que é um

gamento e não na gestão do conhecimento.

pouco do que as pessoas gostam de sentir e que, no caso da saúde, permitiria utilizar somente o que agrega valor.

HCB: Muitos gestores vêem essa questão como uma

A minha visão é que, embora se desenhe isto como uma

realidade muito distante, de difícil execução. A própria

tendência e uma necessidade, estamos ainda muito lon-

demanda – de pacientes – tem gerado essa necessi-

ge de termos algo mais palpável no Brasil e fora do Brasil.

dade, o que vem sendo prontamente atendida pela in-

Aqui por falta absoluta de recursos e desconhecimento; na

dústria que enxerga no Brasil 182 milhões de clientes

Europa por falta de conhecimento, porém com mais recur-

potenciais. Neste sentido, quem ditará as regras de fun-

sos. Nos Estados Unidos, até mesmo por um excesso de

cionamento de mercado serão os próprios usuários, e

recursos, houve um abuso em parte devido a uma política

não mais o Governo, ou prestadores ou financiadores.

comercial muito agressiva da indústria.

O senhor concorda com essa visão? Abril 2007

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ENTREVISTA Lottenberg: Em suma quem

Q"RTQEGUUQ"FG"HKPCPEKC/

responde pela sua própria saúde é o paciente e o fi-

OGPVQ"FC"UCðFG"Ö"RCIQ"

nanciamento desta também

RGNQ"EKFCF’Q."RQT"OGKQ"

Mesmo nos sistemas públi-

às tecnologias relaciona-

PGH¯EKQU"FG"UWC"CVKXKFC/

de saúde, justamente por-

todos nós. As discussões da debate universal e, portanto, para fazer cumprir a saúde como um direito social de verdade, valorizá-la como o maior bem da vida, nada me-

modo geral, estão no topo

FG"VTKDWVQU"QW"RGNQU"DG/

cientização não atinge hoje a eqüidade são objeto de um

para todos os males.

das iniciativas de fomento

cos, quem paga os impostos acontece é que esta cons-

consumo como a salvação

HCB: Os governos, de um

é de sua responsabilidade.

se não nós mesmos? O que

tado ao leigo – que vê esse

FG"VTCDCNJKUVC0"GPICPQ" KOCIKPCT"SWG"C"HQPVG"FG" HKPCPEKCOGPVQ"P’Q"UGLC"

que conhecem a “bola de neve” relacionada aos custos com pacientes crônicos e idosos. O senhor esteve à frente de uma secretaria da saúde. Por que o governo brasileiro, em suas diferentes esferas, é ainda tão au-

lhor que dar ao verdadeiro interessado uma responsa-

das aos sistemas pessoais

ECFC"WO"FG"PłU

sente nesta questão?

bilização maior. Num extre-

Lottenberg: Não diria que

mo, acredito que sua visão

o governo está ausente a

seja adequada, embora em

estas iniciativas, pois a in-

uma linha do tempo ainda distante.

formação como conhecimento e conseqüente ferramenta na melhoria de processos é muito bem percebida nas di-

HCB: O problema na adoção desse modelo não é de fi-

ferentes esferas. A questão é que este processo demanda

nanciamento, e sim de promoção e cultura... O que o

tempo e muita infra-estrutura, que no caso não é simples-

senhor pensa em relação ao financiamento desse tipo de

mente de caráter material, mas fundamentalmente huma-

projeto e, em sua opinião, quem deve pagar a conta?

no. A tecnologia da informação impõe um novo contexto

Lottenberg: Concordo com isto, pois esta transparência traz

nas relações, mas para que seja adotada passa por mecâ-

uma nova proposta na ordem social com a qual concordo

nicas de amadurecimento. Confio muito em um processo

plenamente. O seu financiamento a meu ver segue todo o

da arquitetura da informação e credito a ele toda sustenta-

processo de financiamento da saúde que em tese sempre é

bilidade na área da saúde, pois para mim ele é estrutural

pago pelo cidadão, por meio de tributos ou pelos benefícios

no setor em que os custos só aumentam e a qualidade

de sua atividade trabalhista. Engano imaginar que a fonte de

lamentavelmente só decai.

financiamento não seja cada um de nós como cidadão. HCB: O senhor vê um maior interesse de novos entranHCB: Os médicos brasileiros estão preparados para esse novo

tes no mercado de saúde? Quais?

formato ou ainda estão alheios ao que ocorre no mundo?

Lottenberg: A questão da qualidade formal e a capacida-

Lottenberg: No Brasil, temos ainda uma peculiaridade

de de inovação em saúde são os grandes diferenciais en-

que vale a pena ser citada: de um lado há especialistas

tre as instituições no mundo e que procuram melhorar e

consagrados internacionalmente e, de outro, existe uma

cortar o desnecessário. Frente a isto acredito que todas as

carência de material humano e de recursos nas regiões

frentes que façam uma interface neste sentido terão um

mais distantes. Essa diferença entre as regiões pode di-

grande espaço na área da saúde. Isto já vem acontecen-

ficultar a implantação de qualquer nova metodologia de

do, pois o reflexo é na própria alocação de recursos dos

atendimento. Por outro lado, a mídia costuma estimular o

diferentes produtos internos brutos que vêm crescendo

consumo tecnológico incorporando-o de modo fragmen-

proporcionalmente em saúde nas diferentes economias.

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O papel da tecnologia da informação eventualmente é o

o gestor do recurso é o SUS. Na área privada, as segura-

melhor exemplo de um crescente significado.

doras e convênios. Na atual conjuntura, cada um dos componentes do mercado da saúde tem gerenciado sua área

HCB: A internet tem ajudado no relacionamento e comu-

de atuação de maneira independente. Portanto, o conceito

nicação do médico/hospital e seus pacientes?

de cadeia produtiva já existe. O que precisamos é de uma

Lottenberg: Sim. Cada vez mais os pacientes têm acesso a um

organização e metodologia mais eficientes e um debate

número maior de informações médicas. E os profissionais de

centrado em questões de qualidade e não em questões

saúde têm um total contato com colegas de várias partes do

de caráter financeiro. A sustentabilidade será resultado de

mundo. Tanto para os profissionais como pacientes, os bene-

uma melhor eficiência.

fícios são muitos, a comodidade, agilidade na comunicação, possibilidade de troca de experiência entre especialistas e

HCB: Qual o formato ideal de atendimento e prevenção

oportunidade de novas formas de atenção à saúde. Eu diria que

à saúde no Brasil?

vivemos em um status de permanente congresso médico.

Lottenberg: Olhar para frente significa dividir a medicina em duas grandes vertentes: a previsível, na qual o papel

HCB: A desospitalização é um dos principais efeitos den-

da prevenção ganhará enorme dimensão e a imprevisível,

tro dessa nova lógica de atendimento, o que deveria su-

na qual a traumatologia deverá representar a grande massa

gerir um número menor de novos hospitais. No entanto,

da atividade médico-assistencial. Estrategicamente essas

muitos empreendimentos e expansões são e serão reali-

duas linhas – a médio e longo prazo – nortearão políticas

zados nos próximos anos no Brasil. Não chega a ser um

consistentes que se concretizam em uma infra-estrutura

contra-senso deste mercado?

física que possa atendê-las. Como gestor, posso afirmar

Lottenberg: A desospitalização é de fato uma realidade

que nada vai para frente sem um levantamento sério de

sendo um produto de simplificação processual. A tecno-

informações. A implementação de ajustes estruturais está

logia torna-se mais simples e fica mais acessível, o que

vinculada ao conhecimento das dimensões da dinâmica e

com segurança nos permite tirar de dentro do hospital

das metas a serem atingidas.

tudo que pode ser feito fora do hospital. O que ocorre é que a epidemiologia, ciência que nos permite trabalhar

HCB: Para finalizar, qual será o cenário da saúde no Bra-

focados nas doenças mais prevalentes, é muito dinâmi-

sil para a próxima década?

ca. Com o envelhecimento, o perfil das doenças, o tem-

Lottenberg: A saúde certamente será um dos maiores de-

po médio de permanência e os recursos necessários mu-

safios que o Brasil e o mundo terão de equacionar no futuro

dam e se ampliam. Portanto, não se trata simplesmente

próximo. Constatar o que temos hoje para encontrar formas

de uma mudança física e sim de uma mudança que aten-

de lidar com esse dilema amanhã se faz extremamente neces-

de um novo perfil etário, um novo perfil epidemiológico

sário diante do cenário que se avizinha. Um dos principais fato-

e as conseqüentes demandas impostas.

res é descobrir como custear a saúde e torná-la mais acessível dentro de uma proposta de eqüidade. É necessário promover

HCB: O mercado brasileiro da saúde – especialmente o priva-

maior integração entre os processos que, atualmente, são ex-

do – é administrado de forma colaborativa ou falta incorporar

cessivamente fragmentados. Temos que dizer não à cultura do

o conceito de cadeia produtiva? Lottenberg: O sistema de saúde brasileiro vive uma tensão constante. Usuários, fornecedores de serviços e fontes pagadoras reclamam do atendimento, da remuneração e das regras do

desperdício e desmistificar a

EQO"C"KPVGTPGV" XKXGOQU"GO"WO"UVCVWU" FG"RGTOCPGPVG"

tes pagadoras. Na rede pública,

da no sistema público. O foco no paciente, os princípios de qualidade formal, a medicina baseada em evidências que já hoje são debatidas com maturidade representam uma opor-

mercado. Quem administra os recursos financeiros são as fon-

participação da iniciativa priva-

EQPITGUUQ"OÖFKEQ

tunidade de melhorar e muito a prática assistencial brasileira. Abril 2007

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ADMINISTRAÇÃO TOYOTISMO

DA FÁBRICA

PARA O HOSPITAL

Por Gabriel Pizzo Ottoboni gabriel@healthcarebrazil.com.br

Pode soar estranho, mas os seu crescimento. Após a 2ª GuerRTGUVCFQTGU"FG"UGTXKÑQU"FC" hospitais querem ser a Toyota. ra Mundial, a empresa enfrentou Explico: as instituições de saúUCðFG"RCUUCO"C"GORTGICT"UKUVG/ sérios problemas envolvendo emde descobriram no modelo de pregados e sindicatos e, diante gestão empregado por uma das OC"FG"RTQFWÑ’Q"VQ[VQVC"XKUCP/ disso, deu início a um processo montadoras mais rentáveis do de gestão no qual predominam os mundo uma forma de solucionar FQ"RTQFWÑ’Q"GPZWVC."TGFWÑ’Q" valores culturais japoneses com o questões de custo, desperdícios e objetivo de melhorar as atividades erros. Será falta de modelos adeFG"GUVQSWGU"G"›FGHGKVQfi"\GTQ dos processos de produção, reduquados para o mercado de saúde ção de custos e responsabilidade ou a filosofia japonesa tem seus daquilo que é produzido. méritos, independente ao setor onde é empregado? O Hospital Geral West Penn Allegheny (WPAHS), da PenO TPS (Sistema Toyota de Produção, na sigla em inglês), silvânia, nos Estados Unidos, desenvolve há seis anos práticas tem servido de inspiração para várias empresas do mundo, que elaboradas a partir do toyotismo, por meio do programa intitulase aproveitam das idéias empregadas no método para pregar do como Modelação Excelente. Popular naquele país, a técnica a produção enxuta, defeito zero e redução de estoques para o ainda é pouco utilizada em hospitais e enfrenta resistência prin30

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RESULTADOS • Eliminação da mortalidade por infecção de 50% a 100% em seis meses • Eliminação de erros de rotulação no laboratório em revisar as amostras • Sistema de disponibilidade de plano de cadeira de rodas, fazendo com que os pacientes não precisem esperam muito tempo pelo transporte • 90% de redução do alerta vermelho (desviar os pacientes para sala de emergência) sustentado por dois anos em um hospital • 38% de redução no tempo total no transporte do paciente no hospital

cipalmente dos funcionários. As idéias do toyotismo foram aplicadas no departamento de emergência, fluxo de pacientes que são retirados do hospital, unidades médico-cirúrgicas, unidades de telemetria, laboratório, unidades de reabilitação e de ambulatório cirúrgico. “Cada experiência é muito diferente da outra e da fábrica de carros”, explica a vice-presidente da Excelência Organizacional do Sistema da Saúde do West Penn Allegheny, Diane C. Frndak. Embora não divulgue valores, estima-se que a instituição tenha economia de R$ 500 mil por ano em custos. Houve ainda redução de perdas financeiras com a eliminação de desperdícios através de um processo de replanejamento. Prova do sucesso do trabalho é que uma das unidades do hospital está há 12 meses sem infecções hospitalares, embora o resultado fosse notado em aproximadamente todos os setores do hospital. Mas, para se chegar a estes resultados o trabalho foi intenso. “Ocorreram muitos desafios para aplicar essas idéias porque as pessoas rejeitavam o propósito de trabalhar com um modelo de fábrica nos cuidados com a saúde”, argumenta Diane. Segundo a executiva, é necessário entender o pensamento intenso atrás do TPS para adaptá-lo ao hospital, uma vez que a idéia gerencial pode fornecer grande percepção do modelo e auxiliar na administração. Um dos motivos que levaram o Allegheny a aplicar o TPS foi a busca por novas soluções para consertar problemas envolvendo qualidade, segurança e a experiência dos pacientes através de uma maneira onde a relação custo-benefício fosse viável. “Os empregados que estão cientes das idéias do TPS estão mais animados em fazer melhoras. As paredes entre as unidades foram quebradas e as pessoas estão mais focadas nos pacientes do que em assuntos departamentais, mas isso é muito duro de se trabalhar e se torna, às vezes, uma batalha complicada”, conta. Atualmente, o Allegheny desenvolve treinamento denominado “just in time” para os estrategistas da instituição, uma vez que este tipo de empregado também oferece resistências. “Nós provavelmente temos os maiores desafios com as lideranças, mas isso não é exatamente resistência, e sim negócios dentro do status quo”, admite. A partir da expressão “o paciente é o foco de tudo o que fazemos”, o Hospital Geral de Allegheny desenvolve ações com o objetivo de remodelar experiências nos cuidados com a saúde. Para realizar essa transformação, foram definidas estratégias onde o foco principal é o paciente. “Nós procuramos o que funciona para o mundo real dos cuidados com a saúde, utilizamos idéias de outros campos e replanejamos modelos de outras áreas, como a teoria do caos e o próprio TPS”, define Diane. A Remodelação Excelente pretende aplicar métodos inéditos de performance através dos sistemas de novos projetos e ciclos. Alinhados às necessidades dos pacientes e profissionais Abril 2007

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ADMINISTRAÇÃO TOYOTISMO da saúde, esses métodos têm sido desenvolvidos para aumentar a qualidade, serviço e segurança dos pacientes, realizar processos mais eficientes e menos burocráticos para clientes e profissionais de cuidados com a saúde, reduzir custos gerais, criar ambiente positivo e alcançar excelência na entrega dos serviços. Qualquer departamento dentro do WPAHS pode desenvolver os conceitos de remodelação de excelência. Os times, como são chamados os grupos de funcionários aptos a desenvolverem tais técnicas, são encorajados a convencer a diretoria da organização de que querem tal reformulação. O primeiro foco da experiência é se colocar no lugar dos

pacientes. “Nós chamamos isso de Reality Show dos cuidados à saúde. Pedimos para nossa equipe de estrategistas juntarem seus “bons-pequenos-insights-que-podem-ajudar-no-sucesso-de-todos” (GLITCHES). Os GLITCHES, idéias, desperdício, barreiras, e dados são coletados em um “Dream room” (quarto dos sonhos) na unidade. Nós conectamos a teoria com a aplicação imediata de conceitos com os cenários do mundo real na unidade. Os esquemas de programação da Remodelação da excelência estão sendo oferecidos e suas localizações devem ser acessíveis”. Depois de detectar o que está ou não funcionando, é traçado um planejamento para que todo o processo que está sendo trabalhado possa ser refeito.

TRADICIONAL Quem

Gerentes e liderança; consultores; grupo de melhoria da qualidade – com abordagem de cima para baixo. Formar uma força de tarefas que se contra semanalmente ou mensalmente.

Estrategistas com apoio dos líderes como alunos e professores – abordagem da base para cima.

Quando

Retrospectiva – deve levar meses; planejar eventos.

Em tempo real levando minutos, horas ou no máximo dias.

Por que

Grande ação identificada por evento de sentinela, dados que identificam uma tendência ou o significado de algum problema.

Pequena ação diferente do que se esperava. Todos se tornam efetivos fazendo e melhorando seus trabalhos.

O que

Soluções genéricas como um melhor time de trabalho, educação, política; instalar suportes e criar programas.

Intervenções específicas baseadas em um problema específico; todos sabem os princípios e projetando e melhorando atividades, conexões de ajuda ao consumidor e caminhos. Pequenos problemas são o mesmo que grandes problemas – todos são sintomas de um processo ruim projetado; permitir alívio sintomático sem a resolução fundamental do problema.

Como

Analise de causa das raízes com pastas de informação; dizer as pessoas fazerem seus trabalhos diferentemente; melhores práticas pré determinadas e aplicadas no processo.

Análise de causa pequena “r”-perguntando os 5 motivos na hora da ocorrência; ação de análise da causa (referência – a maneira); processos líderes em resolver problemas científicos; todos aprendem fazendo a melhor prática em uma propriedade do processo de emergência.

Aonde

Conferências ou salas de aula – distante do lugar aonde está o problema.

No estabelecimento da Toyota; no ponto de vista dos cuidados da saúde.

Encontrar quem errou

Descobrir o que saiu errado

Para descobrir problemas

Para entender a capacidade do processo

Responsabilidade Uso dos dados Aprendizagem Foco 32

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MODELO DE REMODELAGEM DA EXCELÊNCIA

Aprendizagem individual de recursos externos.

Organizacional e individual, aprendizado no contexto do lugar de trabalho.

Foco, partes fragmentadas

Sistema, todo o foco,uma parte é conectado ao todo.

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O PENSAMENTO “ENXUTO”

1

Originário do contexto da manufatura - tem o potencial de eliminar os trade-offs de eficiência e qualidade e pode fazer a diferença nos serviços de saúde. Organizações orientadas pelo pensamento enxuto têm produzido resultados que impressionam quando comparadas com empresas tradicionais:

Extrae o dobro da produtividade em termos de espaço, estoque e equipamentos

2

Requer metade do tempo de desenvolvimento de um produto

3

Possui um tempo de processamento de 80% a 90% mais eficiente

4

Baixa a um décimo a taxa de rejeição de produtos por defeito

5 Fonte: Augusto Silberstein

6

Necessita de menos peças em estoque em cada etapa do processo produtivo

Utiliza um número menor de fornecedores

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ADMINISTRAÇÃO TOYOTISMO

INICIATIVAS NO BRASIL

Por Kelly de Souza

HCB: Como os hospitais se benefiA filosofia da “produção enxuQU"FGURGTF¯EKQU"PC"ıTGC" ciam com a metodologia? ta”, preconizada pela Toyota, é diFerro: Os principais ganhos são fundida no mundo pela Lean InstituFG"UCðFG"U’Q"GPQTOGU0"PQ" melhor qualidade, principalmente te, organização sem fins lucrativos aqueles que resultam de procescom sede em diversos países. Para IGTCN."QU"EWUVQU"U’Q"GNG/ sos amplos e abrangentes, melhor José Roberto Ferro, presidente da satisfação dos colaboradores dos entidade no Brasil (www.lean.org. XCFQU."C"SWCNKFCFG"FQ"UGT/ hospitais (melhor nivelamento da br), os sistemas de saúde são um carga de trabalho), custos menodos maiores desafios para a apliXKÑQ"Ö"TWKO."QU"ENKGPVGU"UG" res, ampliação da capacidade de cação dos conceitos “Lean”. Ferro explica que em diversos países, HTWUVTCO"G"QU"EQNCDQTCFQ/ entrega de serviços, entre outros. hospitais pioneiros têm demonstrado como a filosofia, inspirada no TGU"GUV’Q"KPUCVKUHGKVQU HCB: Há aderência dos executivos de hospitais ao TPS? Sistema de Produção da Toyota, Ferro: Os médicos parecem ter pode reduzir erros e melhorar as mais dificuldades em entender os princípios do sistema mas o condições de trabalho dos colaboradores, ao mesmo tempo em pessoal de enfermagem tende a ter uma visão mais sistêmica que libera a capacidade de atendimento e reduz custos. e operacional. A percepção da necessidade de mudanças proHá um movimento crescente no sistema de saúde em difundas ainda é muito pouco difundida entre o corpo dirigente versos paises. Na Austrália, em fevereiro, houve um encontro da maioria dos hospitais. Sem a percepção da necessidade de promovido pelo Lean Enterprise Austrália que reuniu mais de uma mudança profunda, nada vai acontecer. 500 pessoas. Alguns dos mais importantes hospitais norteamericanos estão envolvidos na transformação Lean como o Massachussetts General, a Clínica Mayo, o sistema da Universidade de Michigan e hospitais nos estados da Florida, Pensilvânia, Virginia, Washington etc. Na Inglaterra o sistema público iniciou esforços em inúmeros hospitais. O Instituto realizará, nos dias 25 e 26 de junho, em Kenilworth na Inglaterra, o primeiro Global Lean Healthcare Summit (www.leanuk.org), que reunirá os pioneiros do movimento Lean em saúde no mundo. Leia entrevista abaixo. HealthCare Brazil: O Sistema de Produção Toyota (TPS), que faz sucesso em setores produtivos passou a ser incorporado no setor de serviços. É possível manter a efetividade do conceito para setores tão heterogêneos? José Roberto Ferro: Temos visto a aplicação dos conceitos e ferramentas em diversos setores, inclusive serviços. Todavia são ainda raros os exemplos de entendimento do caráter sistêmico da filosofia lean. A Toyota tem uma historia particular, mas o seu sistema pode ser aplicado com sucesso em outras empresas e setores. 34

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HCB: Como se dá a implantação? Ferro: Inicialmente é necessário que a administração identifique claramente as necessidades. Deve-se escolher um piloto suficientemente relevante para chamar a atenção. O médico diretor do hospital Flinders em Adelaide na Austrália sugere que se inicie em processos onde os médicos não estejam tão envolvidos. HCB: Há mudanças operacionais dentro do hospital? Ferro: A gestão se torna mais previsível, os controles mais visuais, os recursos são melhores utilizados, há uma maior padronização e as pessoas estão mais envolvidas em solução de problemas e melhorias. HCB: Quanto o hospital precisa investir? Ferro: É necessário treinamento e capacitação de uma equipe líder que vai coordenar a implementação. Leia mais sobre este assunto no portal www.healthcarebrazil.com.br Augusto Silberstein escreve artigo, baseado em sua tese, sobre a aplicação de princípios do consumo enxuto em serviços de saúde no Brasil.

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ADMINISTRAÇÃO OPINIÃO

ÉTICA NA SAÚDE Por Roberto Cury anahp@anahp.com.br O Sistema Privado de Saúde, responsável pela cobertura de mais de 36 milhões de usuários, vive em constante crise oriunda dos custos crescentes e da falta de transparência nas relações entre seus membros. Este sistema tem sua sustentação nos planos empresariais que representam 75% do total de usuários da saúde suplementar. A falta de crescimento do setor, aliada à situação econômico-financeira das empresas, onde saúde é o principal benefício e corresponde a cerca de 9% dos gastos com folha de pagamento, tem levado muitas empresas a procurar alternativas de redução dos gastos com o benefício com a conseqüente troca de operadoras e/ou de categoria de plano onde a rede credenciada prestadora de serviços é mais restrita. A pressão das empresas contratantes de planos de saúde, que são os verdadeiros financiadores do sistema, junto às operadoras faz com que estas pressionem seus prestadores de serviços que por sua vez pressionam seus fornecedores numa tentativa até então malograda de conter a elevação de custos. A solução deste problema é muito complexa e só será alcançada se houver por parte de cada elemento da cadeia da saúde uma reflexão sobre a sua responsabilidade na crise. Vale ressaltar ainda a falta de investimentos e ações voltadas para a educação e promoção à saúde e prevenção à doenças. Apesar do conhecimento da situação acima as ações das operadoras são movidas com foco exclusivamente na redução dos gastos/custos, ou seja, uma gestão meramente financeira do sistema. Por outro lado, observa-se uma tendência em alguns segmentos de operadoras (Medicinas de Grupo e Cooperativas Médicas) de verticalização do sistema, ou seja, a operadora de plano de saúde utilizando-se de recursos próprios (hospitais, ambulatórios, centro de diagnósticos etc) como forma de controle de utilização dos serviços por parte de seus beneficiários. Esta mudança precisa ser acompanhada por um processo de controle da qualidade dos serviços ofertados (Acreditação) para que o beneficiário não seja prejudicado no acesso aos 36

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serviços e tecnologias disponíveis quando necessário. Muito se fala na crise do sistema privado e pouco se faz. A indústria de materiais, medicamentos e equipamentos médicos hospitalares que muito tem a ver com a crise não se envolve ou não é envolvida de uma forma a participar das discussões e busca de soluções para o sistema de saúde seja ele público ou privado. Divulgação

Roberto Cury é médico, Administrador de Sistemas de Saúde, professor do MBA em Economia e Gestão em Saúde do Centro Paulista de Economia da Saúde da UNIFESP e Superintendente da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).

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1

Falta de transparência no relacionamento entre operadoras, consumidores e prestadores.

4

3

Imposição de regras e valores por parte das operadoras.

Usuário não sabe utilizar o sistema de saúde.

Usuário não é responsável com a própria saúde.

6 9

2

5

Não se gerencia a demanda aos serviços.

Ausência de um sistema eficiente de triagem.

7

Comportamento do prestador de serviços.

8

Decisões são tomadas somente em função das finanças e das leis.

Remuneração dos prestadores de serviços baseadas nas doenças.

11 13

10

PRINCIPAIS PROBLEMAS ENVOLVIDOS NESTE CENÁRIO

Evolução crescente dos gastos.

17

Desperdício de recursos.

12 Insatisfação dos prestadores de serviços.

14

16

Insatisfação dos consumidores.

Falta de informações sobre o desempenho do setor.

O setor de saúde tem muitos desafios a superar e somente conseguirá sucesso se houver uma conscientização de que todos são igualmente responsáveis pelos erros e acertos passados, presentes e futuros. Para que se possa evoluir na busca de soluções realistas é fundamental que se estabeleça um “Código de Ética para o Setor da Saúde”, onde os princípios abaixo sejam respeitados: - Ser transparente em tudo o que fizer. - Ter como missão a saúde e qualidade de vida do usuário. - Investir na promoção à saúde e prevenção de doenças. - Investir na educação do usuário. - Busca constante da eficiência: melhor qualidade e rendimento pelo menor custo. - Promover a prestação de serviços baseados em conhecimento científico, associado à experiência, a todos os que podem se beneficiar dos mesmos. - Evitar a prestação destes serviços àqueles que não irão se

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Dificuldade de acesso a informações sobre saúde e autocuidados.

Soluções não compartilhadas.

Novas tecnologias são incorporadas ao sistema gerando aumento de gastos, sem produzir os benefícios esperados.

beneficiar dos mesmos. - Evitar a sub, super e a má utilização de recursos. - Evitar adiamento prejudicial a quem recebe e a quem presta assistência. - Respeito às preferências, necessidades e valores dos pacientes. - Promover a segurança do ambiente assistencial. - Prevenção de dano ao paciente durante a assistência. - Aferição, monitoração e controle da assistência ao paciente. - Prestar assistência cuja qualidade não varie de acordo com características individuais como sexo, etnia, localização geográfica e situação econômica. - Investir em pesquisas e informações. - Compartilhar soluções. - Interagir com os concorrentes. - Trabalhar em função do fortalecimento da cadeia produtiva da saúde. Abril 2007

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POLÍTICA PERFIL Agência Brasil

“NÃO SOU UM TECNOCRATA” Novo ministro da Saúde afirma que está longe do perfil técnico e aposta em sua força política Por Gabriel Pizzo Ottoboni e Kelly de Souza Um dos ministérios mais disputados durante a reforma do Governo Lula, a pasta da Saúde passou a ser representada desde o último 16 de março pelo médico sanitarista José Gomes Temporão. A disputa se estendeu não só aos partidos coligados ao Governo, mas dentro do próprio PMDB – partido no qual o atual ministro é vinculado – e que dificilmente perderia a disputa. Durante os três primeiros meses do ano, muita discussão partidária, pouca discussão sobre o perfil para a pasta. Quem seria o nome ideal? Um profissional técnico ou politicamente forte? Ficou o técnico que, segundo o próprio 38

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presidente Luis Inácio Lula da Silva, está com um “abacaxi nas mãos para descascar”. A escolha de José Gomes Temporão, gestor respeitado desde sua passagem pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2003, deixou o mercado sem muitas palpitações. Esperava-se um nome politicamente mais forte, como o do ex-ministro Ciro Gomes. Em entrevista à HealthCare Brazil, Temporão não demonstrou preocupação com a questão, mas não se sente confortável em ser chamado de técnico. “A minha força política não vem da força política partidária. Essa coisa de técnico muitas vezes passa um conteúdo pejorativo tecnocrata e eu estou

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VQFQU"GUVCOQU"EKGPVGU"SWG"CU"ITCPFGU"SWGUV÷GU"

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CRGTHGKÑQCOGPVQ"FC"CUUKUVÙPEKC"CQU"FQGPVGU" José Gomes Temporão Idade: 56 anos Profissão: Médico Sanitarista. Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialização: Doenças infecciosas e tropicais, mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e doutor em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Uerj. Governo Lula: Primeiro cargo em 2003, como diretor do Inca. Último cargo: Desde 2005, ocupava a Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde.

bastante distante desse perfil. Me formei na época da ditadura, quando o movimento da saúde pública estruturou uma novidade, digamos assim, uma ousada política social. Eu não estou exagerando: o SUS hoje é a política social mais ousada e de maior sucesso. Indiscutivelmente, todas as outras políticas sociais estão a anos luz de distância do setor saúde. Minha força política vem dessa trajetória, vem da legitimidade dada exatamente do meu trabalho como sanitarista”, ressalta. O novo ministro afirma ter sido mal interpretado quando se referiu a mudanças no setor através da realização de medidas semelhantes àquelas adotadas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) anunciado pelo presidente Lula para “destravar” a economia do País. Para Temporão, vários aspectos sociais emperram o crescimento da saúde. “Todos estamos cientes que as grandes questões da saúde pública não se resolverão apenas com o aperfeiçoamento da assistência aos doentes. Hoje vivemos um intenso processo de medicalização perdendo-se a perspectiva de que, o que mais produz saúde, na maior parte das vezes está fora da governabilidade setorial. Refiro-me à renda, emprego, habitação, saneamento, lazer, cultura e educação. Segundo a Comissão Nacional de Determinantes Sociais da Saúde, a saúde é, antes que biológica, uma produção social. Assim, para que a sociedade brasileira alcance me-

Prioridades na pasta

1. Combater fraudes e adotar mais rigor no uso dos recursos públicos. 2. Fortalecer os serviços de atenção básica de saúde. 3. Lutar por mais recursos para a saúde. 4. Fortalecer o controle social, ampliando ações de educação da população sobre saúde. 5. Fortalecer as ações ligadas à saúde reprodutiva, com ênfase no planejamento familiar, na atenção ao abortamento ilegal e no combate ao câncer ginecológico. 6. Instituir a Política Nacional de Atenção à Saúde do Homem, para combater câncer de próstata, alcoolismo, tabagismo e obesidade. 7. Promover hábitos saudáveis e prevenção de doenças cardiovasculares. 8. Criar a Escola de Governo em Saúde, em Brasília. 9. Dar continuidade à reforma psiquiátrica no país. 10. Contribuir para “decifrar a esfinge do Rio de Janeiro”, melhorando a relação entre os governo federal, estadual e municipal. 11. Adotar visão integrada para aproximar as ações de saúde, educação, cultura, esportes, saneamento, segurança e habitação das políticas de inclusão social. 12. Fortalecer a política de humanização. 13. Melhorar atendimento às populações em situação de risco. 14. Desenvolver abordagens inovadores nas ações direcionadas a idosos e às mães com recém-nascidos. 15. Ampliar e fortalecer a participação do Brasil em organismos internacionais ligados à saúde. 16. Buscar maior integração entre o SUS e as políticas da ANS. 17. Abrir canal de diálogo com profissionais de saúde para tratar de questões salariais e de qualidade de trabalho. 18. Incentivar ações de pesquisa e inovação tecnológica. 19. Traçar uma estratégia nacional para estimular o desenvolvimento do setor de saúde a gerar empregos e renda. 20. Garantir acesso da população a medicamentos, através de fornecimento gratuito e Farmácia Popular. 21. Criar novos modelos de gestão para a rede pública de hospitais. 22. Fortalecer a descentralização do sistema de saúde.

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POLÍTICA PERFIL Fotos: Agência Brasil

lhores níveis de saúde, é imprescindível que o Estado e a sociedade cada vez mais implementem ações setoriais”. A articulação entre o ministério da Saúde e os ministérios das Cidades e Meio Ambiente é outro assunto em pauta. Sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), Temporão acredita que o modelo brasileiro é um dos mais eficientes do mundo, porém concorda que há falhas políticas e estruturais. “Se você for ao Canadá e precisar fazer uma cirurgia de hérnia, eu te garanto que no SUS você vai conseguir mais rápido do que no sistema de saúde canadense”, comparou. Ele reconhece que o conjunto das indústrias produtoras de insumos para a saúde é estratégico em virtude de vínculos estabelecidos com políticas industrial, tecnológica e comércio exterior. “Nesse contexto, a competitividade e o potencial de inovação nas indústrias da saúde devem constituir núcleos centrais da estratégia nacional de desenvolvimento do governo vinculando competitividade, inovação e inclusão social. A saúde representa 8% do PIB (Produto Interno Bruto) e constitui mercado anual que supera 150 bilhões de reais, empregando cerca de 10% da população brasileira. É a área em que os investimentos em pesquisa e 40

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desenvolvimento são os mais expressivos do País”. Questionado sobre o setor privado de saúde, Temporão afirma que a prioridade do Ministério da Saúde é o SUS, embora dependa de parceiros para o bom funcionamento da rede pública. “No setor privado, podemos visualizar diversas parcerias que podemos realizar, como no caso de prevenção de doenças crônicas não transmissíveis”, afirma. Para o ministro, somente o aperfeiçoamento do sistema de controle interno e de auditorias mais adequadas podem garantir transparência em relação a novos investimentos, assim como evitar escândalos como o de superfaturamento de ambulâncias que ocorreu no ano passado e contou com a participação de deputados das alas governista e oposicionista. Priorizar a consolidação de um sistema público de saúde que funcione como uma ferramenta de inclusão social e redução das desigualdades regionais foi o fator principal da proximidade do atual ministro com o presidente Lula. Sobre seus antecessores na pasta, disse ter a certeza de que “todos eles deram muito de si para melhorar a qualidade da assistência à saúde da população”.

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POLÍTICA OPINIÃO

SAÚDE

5 ANOS 4 MINISTROS Por Adriano Londres amlondres@globo.com

O ministério da Saúde passou a contar com o quarto titular à frente da pasta no governo Lula. Independentemente de qualquer juízo de valor sobre seus ocupantes, os números revelam um dado preocupante: não há continuidade nas decisões tomadas, pois a mera troca de ministros, e de seus assessores diretos, já cria um ambiente propício à interrupção destas decisões. Para se ter uma base de comparação com um outro ministério do governo - o da política econômica - basta lembrar que nos últimos 12 anos o ministério da Fazenda teve apenas três titulares: Pedro Malan, nos oito anos de mandato de Fernando Henrique, Antonio Palocci desde o início do governo Lula e mais recentemente Guido Mantega. Como pano de fundo desta constatação uma triste verdade continua a se impor: a saúde não é assunto prioritário dos nossos governantes, e sua condução costuma ser moeda de troca em acordos políticos. E isto a despeito da saúde ser consagrada em nossa Constituição Federal como “um direito de todos e dever do Estado, garan42

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tido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. É o que diz o artigo 196 de nossa Carta Magna. Há alguns dias assumiu o ministério o Dr. José Gomes Temporão, 56 anos, mestre em Saúde Pública e doutor em Medicina Social. Os desafios são estratosféricos conforme reconhece o próprio ministro. Em um de seus primeiros pronunciamentos fez referência a colocações de seus amigos que o tem, se não me engano, como um “descascador de abacaxis ou pepinos”. Entre inúmeras propostas apresentadas destacamos duas importantes brigas que o ministro pretende comprar com o governo. Em primeiro lugar, o ministro tem se posicionado corretamente ao dizer que não abre mão da liberdade de nomeação de cargos e ainda que esta questão será tratada a partir de critérios técnicos. Está correto o ministro ao querer blindar sua pasta de ingerências políticas.

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Divulgação

Adriano Londres é vice-presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) e autor do livro “Saúde é coisa Séria”.

Em segundo lugar, o ministro também quer evitar os crônicos desvios de recursos da Saúde para outras áreas, conforme tem feito, de forma escancarada, o próprio governo do qual passou a fazer parte. Além do desvio, muitas vezes através de maquiagens onde gastos sociais são indevidamente rubricados como sendo da saúde, o atual governo divulgou recentemente, sem qualquer cerimônia, cortes no orçamento da Saúde. Por mais bem intencionado que esteja, isto tudo também traz preocupações. De um lado, o ministro acerta ao atacar frontalmente desvios históricos do setor público e, em especial, da saúde. De outro lado, fica a dúvida quanto ao efetivo respaldo político que terá exatamente para tirar a politicagem da saúde. E, por fim, a constatação surrealista de que, mesmo empossado para cuidar da saúde da população o ministro tenha que primeiro cuidar da ineficiência de seu ministério. Que nesta etapa, seguido o que colocam seus amigos, o ministro consiga, como tem feito até então, descascar estes imensos, enraizados e complexos “abacaxis e pepinos”, de forma a não ser apenas mais um ministro. Abril 2007

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REPORTAGEM DE CAPA

HORA DE DAR

PODER AO USUÁRIO Por Kelly de Souza kelly@healthcarebrazil.com.br

Antibióticos, Anatomia, Vacinas, Raios X, Anestesia, Identificação do Colesterol, Técnicas de culturas de Bactérias, Circulação, Bacteriologia e DNA. Para os médicos e pesquisadores Meyer Friedman e Gerald Friedland, esse é o ranking das inovações que mais impactaram até o momento a saúde moderna. Do holandês que fabricava lentes de aumento e teve a curiosidade de examinar uma gota de chuva, percebendo então as bactérias -, aos ingleses que decifraram a estrutura do DNA, a medicina passou por inúmeras descobertas. Mas, como identificar uma inovação? Provavelmente pelo impacto que a descoberta causa e por seu ineditismo na sociedade. O mundo hoje está diante de uma assustadora inovação: a responsabilidade pela Gestão da Saúde de cada indivíduo não é mais do médico, ou do hospital, ou da operadora de saúde ou mesmo do Estado, mas dele próprio. Esteja onde estiver, pertença à classe que pertencer e tenha o perfil que tiver, ele vai assumir a gestão da sua saúde. Os que ainda não sabem disso, serão induzidos a saber. E os que não quiserem assumir essa gestão, serão punidos por isso. 44

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Os demais continuarão a fazer o que sempre fizeram – com qualquer outra forma de documento digital que cada indivíduo raras exceções – gerenciar a doença. Como definido pela Orrecebe ao longo de sua vida e que constitui o seu histórico cliganização Mundial da Saúde (OMS), “saúde” é o “estado de nico. Diferentes registros – digitais ou manuais – feitos pelos completo bem-estar físico, mental e social, não consistindo médicos nos hospitais ou em seus próprios consultórios estasomente ausência de uma doença ou enfermidade”. Assim, rão agora sendo inseridos nos PHRs por eles ou pelo próprio ninguem melhor do que cada indivíduo para gerenciar o seu usuário – doente ou não. Sua utilização encoraja um estilo de estado físico, mental e social. A área de Saúde está entrando vida voltado à prevenção de doenças e permite ao médico, na Era da Conscientização do Indivíduo. quando o usuário autorizar, entender o paciente e gerar procedimentos terapêuticos mais adequados (e baratos). Não é necessário fazer uma análise mais profunda Os Estados Unidos e a Europa lideram a implantação e as para perceber que os modelos atuais, seja no Brasil ou no políticas de utilização dos Prontuários Pessoais. Em 2004, o Goresto do mundo, não passam nem perto do que a OMS verno George W. Bush lançou um plano de interoperabilidade recomenda. E não são poucos os que acreditam que esse para integrar os registros eletrônicos de “todos os americanos” novo formato é puro “conto de fadas” ou mais um moderaté 2014. O objetivo é reunir todos numa única rede de infornismo da globalização. mações clinicas que possa ser acessada por toda a cadeia da Nem sonho, nem ficção científica. Dentre tantas desassistência à Saúde. Os PHRs não escapam do projeto e estão cobertas e inovações na área de Saúde, algumas relase expandindo de maneira clara no EUA. tadas por Friedman e Friedland, uma seguramente esta A mudança de comportamento do consumidor é o principal causando grande impacto: a utilização das tecnologias de fator que motiva a expansão desse tipo de aplicação. Ele está informação e comunicação focadas no desenvolvimento passando de um mero receptor de informações, que aceita dos Sistemas Pessoais de Registro Clínico, em outras patudo o que o médico diz em lavras, o Prontuário Eletrônirelação ao seu tratamento, co Pessoal do Paciente (PHR QU"EKFCF’QU"GUV’Q"ENCTCOGPVG" para um agente ativo na to– Personal Health Records). mada de decisão clínica. AsPoderia ser apenas mais uma RTQPVQU"RCTC"HC\GT"UWC"RCTVG"G" sumiu o seu papel de cliente, das muitas promessas “milagroo que a grande maioria dos sas” para resolver todos os proOGNJQTCT"PQUUQ"UKUVGOC"FQ" prestadores de serviços em blemas de assistência à Saúde, saúde tem dificuldade para mas não é. Não se trata nem de aceitar. A transformação do uma promessa e nem virá resolEWKFCFQ"FG"UCðFG “paciente” em “cliente” está ver todos os problemas da Saúde tornando a revolução dos do individuo. Mas os PHRs, que prontuários pessoais irreversível, independente de governos, apareceram no mercado no final dos anos 90, constituem, de prestadores de serviços ou da indústria de insumos. Dúvida? fato, uma revolução na gestão da Saúde. Mais que isso, uma Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos em deruptura com tudo o que o mercado conhece e aplica até hoje. O zembro do ano passado pela Markle Foundation revelou “poder” da cura continuará com os médicos, mas o “poder da que 65% dos americanos desejam ter acesso a suas inSaúde” está sendo entregue nas mãos de cada cidadão. formações de saúde via internet, de forma personalizada, Para Jorgo Chatzimarkakis, membro do Parlamento Europrincipalmente por acreditarem que poderão aumentar a peu, “os PHRs colocam o cidadão no centro dos cuidados à prevenção de doenças. O estudo mostra que os consumisaúde”. Ele mesmo passa a gerenciar o seu próprio “ecossistedores vêem os registros pessoais de saúde como um imma de Saúde” e sustentabilidade do seu bem-estar. portante elemento para reduzir erros médicos e aumentar O usuário não estará sozinho nessa “vigilância”. O mera qualidade do cuidado à saúde. cado está provendo uma enorme quantidade de equipaPara Zoë Baird, presidente da Markle Foundation, os amementos e instrumentos móveis de monitoramento capazes ricanos compreendem que a qualidade da assistência poderia de apoiar a sua missão (microarrays, celulares, devices que melhorar e os custos diminuírem quando suas informações medem peso, pressão sanguínea, taxa de açúcar no sangue, médicas estiverem disponíveis na internet para eles e para batimentos cardíacos, etc). aqueles a que derem acesso. “Os cidadãos estão claramente Os Personal Health Records (PHR) são sistemas aplicativos, prontos para fazer sua parte e melhorar nosso sistema do cuicentrados na Internet e acessados em tempo real, com capadado de saúde”, ressalta. cidade de armazenar arquivos médicos, registros clínicos ou Abril 2007

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REPORTAGEM DE CAPA

MODELO ATUAL

dos dicos gerenciam os da 3 Os hospitais ou mé do paciente dor de sob guarda do presta 3 A informação fica de saúde serviço ou operadora so ao pouco ou nenhum aces 3 Os pacientes têm seu prontuário que o dá a autorização para 3 O hospital é quem registros paciente acesse seus l lmente está em pape 3 O prontuário gera mações or inf as su de “carregar” 3 O paciente não po es çõ “central de informa médicas e não há uma

ATRASO ADMINISTRATIVO O envelhecimento da população e a alta prevalência das taxas de doenças crônicas tornaram os sistemas pessoais de saúde uma necessidade, forçando os governos – incluindo os da América Latina – a investir em tecnologia e um novo modelo de organização para responder às necessidades da população. A opinião é de Rosanna Tarricone, PHD em economia da saúde pela Universidade de Londres e diretora do departamento de economia da Eucomed, organização que representa 4500 fabricantes e fornecedores de tecnologia médica na Europa. “A maioria dos sistemas de atenção à saúde ainda é administrada pelos paradigmas dos anos 70 e 80, que não atendem mais às necessidades do Governo, dos sistemas privados de saúde e dos próprios cidadãos. O número de hospitais e camas hospitalares tem diminuído dramaticamente nas últimas três décadas”. Para ela, os sistemas pessoais representam indubitavelmente uma importante solução para reduzir custos e melhorar a qualidade da assistência. “Todos os esforços devem ser feitos para facilitar o ingresso e o desenvolvimento dos mercados de saúde através da telemedicina e dos modelos de eHealth. O PHR representa uma ferramenta forte para a capacitação dos clientes. Isso quer dizer que a relação entre pacientes e médicos está mudando e os pacientes não estão totalmente dependentes das escolhas dos médicos. Em termos de mercado isso quer dizer funcionalidade, ou seja, o cidadão passa a ser um importante atuante e o mercado precisa considerar isso em suas operações e organização de serviços”, argumenta. Na Europa e Estados Unidos, o fomento às soluções 46

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MODELO FUTURO 3 O cidadão é quem gerencia se us dados – imputand o informações re levantes sobre sua vida e saúde (com ou se ma ajuda do hospit al ou médico) 3 Todas as info rmações são “por táteis” porque estão em ambiente web 3 É o paciente que dá a autoriz ação para o hospital ou profissional pa ra acessar seu regi stro médico e po r quanto tempo ele dete rminar – através de uma senha de sistem a. 3 Todo seu hist órico médico, do nascimento à morte , fica num mesm o local – mesmo que el e mude de hosp ital, operadora de plano de saúde ou méd ico

pessoais é uma realidade além do âmbito conceitual. No mercado europeu, os sistemas de cuidado pessoal e domiciliar cresceram 19%, contra os 5-6% do tradicional sistema de atenção à saúde. Em todo o mundo, a indústria de TeleSaúde cresceu de US$ 3.2 bilhões em 2003, para US$ 7.7 bilhões em 2006 – um aumento de 241% em três anos. Para Rosanna, o futuro do PHR é potencialmente positivo. O governo e os financiadores têm que se adaptar rapidamente para não perder os benefícios da inovação, “tanto em termos da saúde dos pacientes, qualidade de vida dos cidadãos, qualidade nos cuidados e ultimamente até para a própria saúde dos Sistemas de Saúde”. Para ela, a “resistência às mudanças” está na natureza humana. “J. M. Keynes disse que a dificuldade está não apenas em idéias novas, mas em escapar das antigas. Educação é a única ferramenta que nós temos para mudar essa atitude”. Se o pensamento do economista J.M.Keynes se aplica à dificuldade em aceitar as mudanças, já um dos pensadores mais respeitados do século XX, o sociólogo e filósofo francês Edgar Morin vai mais longe e afirma que cada nascimento arrasta consigo uma morte. A tese não se aplica apenas ao campo do pensamento ou inovações tecnológicas, em que cada descoberta traz por conseqüência o desaparecimento da anterior. Ela se aplica também a nós, no qual o próprio fator nascimento traz por si a expectativa da morte, e em conseqüência todo o elo entre os dois fatores. Para ele, o prolongamento da vida humana – com o avanço da medicina – não é sempre um uma extensão com plena saúde. “Prolonga-se a vida dos seres humanos em estado de enfermidade lamentável. Portanto, a solução não está em prolongar a quantidade de vida; é preciso agregar qualidade”. No lato sensu do conceito, o mercado mundial de cui-

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Guvkocvkxcu"kpfkeco"swg"q"oêfkeq"swg"tgegdg"q" rcekgpvg"eqo"cniwo"vkrq"fg"RJT"lâ"geqpqok|qw" rgnq"ogpqu"42"okpwvqu"rqt"pçq"vgt"swg"rgfkt"kphqt/ ocèùgu"swg"lâ"hqtco"eqngvcfcu0

dado à saúde esqueceu-se de que a doença não é o único fator que une o nascer e o morrer. Talvez, por isso, a ausência de qualidade de vida – ressaltada por Morin – seja tão evidente. A adoção dos prontuários pessoais devolve ao cidadão os outros elos que compõem esse ciclo. Não só a doença passa a ser monitorada, como o próprio estilo de vida das pessoas, evitando ou postergando o aparecimento do estado patológico. Para Stephan Kiefer, cientista do Instituto de Tecnologia e Biomedicina (IBMT), na Alemanha, os cidadãos se tornarão cada vez mais capacitados para administrar efetivamente sua saúde através do uso do PHR e serviços relacionados à eHealth, simplesmente porque as informações sobre doenças e opções de tratamento estão disponíveis na internet. “Chegou a hora de decidirmos como indivíduos e como sociedade quanto nós queremos investir em nossa saúde”, ressalta. Kiefer acredita que a desospitalização é a única forma de se reduzir custos. Segundo ele, o maior problema ainda é que o modelo introduz um novo fluxo de trabalho ou modifica um fluxo existente de assistência à saúde, que freqüentemente não é aceito por hospitais e médicos. “Devemos nos focar na otimização do atual fluxo de trabalho em hospitais para economizar tempo, esforços ou custos através de eHealth e PHR. Fora isso, os médicos temem trabalhar mais com computadores e tecnologias no lugar do paciente. Outro problema é que com o uso de eHealth eles temem ser supervisionados por seus colegas”. Para Hanhijärvi Hannu, diretor executivo na área de saúde do Sitra, um fundo de inovação tecnológica público ligado ao parlamento Finlandês, os prontuários pessoais irão mudar o mercado. “É claro que será um grande desafio para o médico. Eles não poderão mais negligenciar seus pacientes e nem fornecer tratamento ruim. A consciência do cidadão reduzirá a má prática da medicina. Agora estamos em uma nova Era. Medicina não é mais uma ciência mecânica, as informação estão aí, gratuitas. Essa é a maior mudança. Os doutores estão se tornando almas mortais como todos nós”. Abril 2007

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REPORTAGEM DE CAPA

O QUE PENSAM OS AMERICANOS 97% das pessoas acreditam que se o médico acessar todos os seus registros de saúde oferecerão um atendimento melhor 96% acham importante ter acesso às suas informações médicas para controlar sua própria saúde 65% querem que esse acesso seja via internet 53% dos americanos com mais de 60 anos expressaram alto interesse no novo modelo 75% estão dispostos a compartilhar suas informações pessoais para ajudar o governo ou outras instituições em pesquisas que vise a cura de doenças e a melhora do cuidado à saúde, desde que tenham proteção de sua identidade 91% querem rever o que os médicos escreveram em seus prontuários 88% dos entrevistados acreditam que os registros pessoais reduziriam o número de exames e procedimentos desnecessários 84% gostariam de visualizar se há erros em seu registro médico 90% desejam observar sintomas ou mudanças em seu estado de saúde via web 83% dos pais estão interessados em usar a internet para acompanhar a saúde das crianças, tal como seguir datas para vacinas, etc 68% querem ter mais informação on-line que dê maior controle sobre seu próprio cuidado de saúde

Fonte: Markle Foundation

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CAMPEÃS DE MORTALIDADE E CUSTO Outro fato impulsionador da vigilância pessoal à Saúde são as doenças crônicas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que uma ação global para prevenir doenças crônicas pode salvar 36 milhões de pessoas que do contrário estarão mortas até 2015. Anualmente, 17 milhões morrem prematuramente vítimas da epidemia global. No Brasil, mais de 60% de todas as mortes são relacionadas a doenças crônicas. Em 2005, o número de mortos foi estimado em 1.2 milhão. Só para termos uma idéia, nos próximos dez anos será computado um aumento de 82% nas de mortes por diabetes. O País deverá perder US$ 3 bilhões de dólares de toda a sua produção nacional devido a mortes prematuras por doenças do coração, acidente vascular cerebral e diabetes. Nos próximos dez anos a perda prevista é de US$ 49 bilhões de dólares. A OMS estima que se houver uma redução de 2% a cada ano na taxa de mortes por doenças crônicas, nos próximos dez anos o resultado será um ganho de US$ 4 bilhões de dólares para o País. No mês passado, o Ministério da Saúde divulgou o resultado do monitoramento de fatores de risco e prevenção para doenças crônicas não transmissíveis (Vigitel), implantado em 2006. O estudo, realizado nas 26 capitais brasileiras, realizou aproximadamente 54 mil entrevistas telefônicas, em uma amostra da população adulta residente em domicílios com linhas fixas de telefone. O estudo reforça a necessidade de desencadear ações para a prevenção dos principais fatores de risco como a elaboração, implementação e aprimoramento de políticas antitabagismo, de estímulo aos hábitos saudáveis (alimentação adequada e atividades físicas), redução do consumo de bebidas alcoólicas, etc. Cada vez mais, as doenças crônicas exercem pressão sobre o sistema de saúde brasileiro. Considerando estimativas de custos relativos a consultas, internações e cirurgias, os gastos chegam a R$ 10,9 bilhões por ano. As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), cujo monitoramento é feito pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), representam um dos principais desafios de saúde para o desenvolvimento global nas próximas décadas. De acordo com a publicação “Saúde Brasil 2006”, entre os anos de 2002 e 2004 ocorreram 1.858.370 óbitos por doenças não transmissíveis, representando 61,8% do total de mortes registradas no período. Desse universo, as doenças cardiovasculares responderam por 27,5%. Os números não deixam dúvida sobre a necessidade de uma ação em massa para frear o rolo compressor do custeio. Só com o apoio e a participação dos usuários dos Sistemas de Saúde será possível essa reversão. Com os PHRs eles passam a contar com um poderoso instrumento de prevenção e podem entrar na guerra junto com os Sistemas de Assistência.

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ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO Não é de hoje que a OMS e outros institutos de pesquisa alertam para um possível colapso dos sistemas de saúde com o aumento da taxa de população idosa. E não é para menos. No mundo existem mais de 600 milhões de pessoas acima de 60 anos. Em 2050, a estimativa é que esse número salte para 2 bilhões. Só na Europa, por exemplo, a taxa corresponde a 20% de toda a população. Uma pesquisa divulgada pelo fundo americano Fidelity Investments mostrou que as pessoas acima de 65 anos que se aposentam este ano nos EUA precisam de US$ 215.000 para cobrir custos médicos depois que param de trabalhar, um aumento de 7.5%, comparado ao ano passado. Segundo a empresa, a inflação médica cresce mais rapidamente do que a inflação global por conta das novas tecnologias, prescrição de drogas novas e mais caras e uma expectativa de vida mais longa. No Brasil, um artigo do pesquisador Samuel Kilsztajn, de 2003, mostrou que embora o processo de envelhecimento se inicie no nascimento, só a partir dos 45 anos ele é acompanhado por uma elevação das taxas de morbidade. Para a faixa etária dos cinco aos 44 anos, o valor pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para internações foi de R$ 11,26 por habitante (excluindo os partos); mas ao analisar a faixa etária de 75 anos ou mais, este valor cresceu para R$ 84,81. Considerando um crescimento médio de 2,5% ao ano até 2050, a demanda por serviços de saúde entre os idosos deverá crescer 59% para consultas médicas, 96% para exames, 122% para tratamentos e 39% para internações. Em relação aos custos, o envelhecimento populacional acarretará um aumento do gasto de saúde em relação ao PIB de cerca de 30%. Uma bombarelógio a ser desmontada. Os Sistemas Pessoais de Saúde provaram ser ferramentas capazes de melhorar a qualidade de assistência à saúde, com custos acessíveis no tratamento de pessoas idosas. O objetivo, segundo Gerard Comyn, Chefe da unidade de tecnologias de informação e comunicação da Governança Européia, é levar o paciente de volta para a casa, tornando-o mais independente, além de reduzir os custos. Segundo Cristiano Pagetti, do ministério da Saúde da Itália, os custos mensais por paciente, com uma enfermeira em casa, podem chegar a 2700 euros. Já as

aplicações de eHealth, com serviços de telemoritoramento e teleassistência, custam 420 euros. Para ele, a Europa e os Estados Unidos estão experimentando um novo nível de serviços e infra-estrutura com a aplicação das TIC’s na saúde. Na América Latina, algumas iniciativas estão sendo testadas, em Córdoba (Argentina) e em Santiago (Chile), por exemplo. A maioria ainda está no estágio de integrar e conectar uma rede de hospitais. Já o desenvolvimento de soluções de PHS na América Latina está fortemente relacionado ao mercado de Seguros e Planos de Saúde, que não conseguirão arcar com os custos do atendimento se não houver uma expansão da prevenção de forma contínua, o que deve gerar grandes impactos em termos da qualidade de vida, da redução de custos e do acesso desnecessário aos hospitais, especialmente os de primeiros-socorros. “Os riscos atuais, com o atendimento a pessoas idosas e intervenções caras, irão ultrapassar a disposição de pagamentos dessas empresas, e se nada for feito todos os custos relacionados terão um forte impacto no mercado. A forma ideal de atendimento hoje é por meio da prevenção, melhorando o estilo de vida das pessoas, que devem ser olhadas de maneira personalizada, através dos PHR’s. Esses sistemas têm um forte impacto na redução de custos, mesmo em curto prazo. Por isso, o principal desafio atual é atingir o maior número possível de usuários”. Abril 2007

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REPORTAGEM DE CAPA

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PROBLEMA OU OPORTUNIDADE?

David Whintlinger, diretor da Intel e presidente da Continua Health Alliance: Nenhum país está distante da adoção do PHR. O consumidor que adotou a Internet de banda larga vai acabar adotando um sistema pessoal da saúde.

Enquanto muitos no mercado de saúde “choram” pelo avanço do envelhecimento da população e das doenças crônicas, David Whintlinger, diretor da Intel na área de saúde e presidente da Continua Health Alliance, vê esses dois eixos como grandes oportunidades para a indústria, para os prestadores de serviços na área de saúde e para os próprios usuários, com o uso dos sistemas pessoais. Em 2006, cerca das cem maiores empresas fornecedoras de tecnologia da informação para a área de saúde se uniram para desenvolver um ecossistema favorável ao uso das TIC’s em saúde no mundo. Aproximadamente 250 engenheiros e especialistas trabalham com a missão de criar sistemas de saúde, com grande interoperabilidade, de forma a dar poder aos cidadãos. Para Whintlinger, a expansão dos sistemas pessoais está sendo guiada por duas forças comerciais. A primeira é o custo para o tratamento das doenças crônicas. “Em alguns sistemas de cuidados à saúde, 40 a 70% dos gastos são com pacientes crônicos. Isso ao mesmo tempo é uma tragédia e uma oportunidade. Muitos planos de saúde e de seguros estão altamente motivados para encontrar melhores maneiras para lidar com estes pacientes. E o uso do PHR melhora o monitoramento, promove reduções efetivas de custos e melhoram os resultados da assistência”, explica. O segundo fator fundamental é que os grandes empresários também estão atentos à questão. “As grandes indústrias estão buscando e oferecendo dispositivos personalizados para manter seus funcionários saudáveis”, ressalta. Para ele, nenhum país está distante da adoção do PHR, que é ainda um mercado muito jovem. “O consumidor que adotou a Internet de banda larga vai acabar adotando um sistema pessoal da saúde”.

HealthCare Brazil: Estamos vivendo hoje um momento de transição dos sistemas de EPR (Electronic Patient Record), para os PHR’s? David Whintlinger: Estamos em um período de transformação da automação dos dados na indústria da saúde. Desde o começo da medicina, a informação tem sido registrada em arquivos de papel e filmes de raio-X. Durante os anos 80 e 90 diversas empresas passaram por uma transformação dos registros de papel para arquivos eletrônicos - devido à utilização do computador, armazenamento em massa e a alta velocidade dos arquivos em rede. Hoje, o que vemos é que mesmo os fornecedores de prontuários digitais para hospitais estão começando a abrir esses prontuários aos seus pacientes. HCB: Muitos hospitais não acordaram para a realidade de que os pacientes, cada dia mais, possuem poder sobre a gestão de sua saúde? Whintlinger: Infelizmente. Na maioria das economias, as pessoas simplesmente esperam que seus planos de saúde tomem conta deles – e esse é um modelo completamente atrasado. Quando um indivíduo está doente ou necessita de emergência, 50

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eles procuram por seus planos de saúde e buscam tratamento. Agora isso deve mudar! Os números de pacientes com doenças crônicas no futuro se projetam para afundar o sistema de saúde. Nós simplesmente não temos trabalhadores da saúde suficiente (médicos e enfermeiras) para atender essa realidade. Aí então teremos uma mudança, a sociedade vai precisar começar a motivar os indivíduos para aumentar a responsabilidade pela sua própria saúde simplesmente porque o sistema atual não tem capacidade para isso. HCB: O médico ainda tem medo da tecnologia? Whintlinger: Os médicos querem informações exatas para tomar decisões sobre o tratamento do paciente. Se o paciente colhe essas informações em sua casa e criam seus próprios arquivos, os médicos não se sentem seguros. Estamos no começo da curva de adoção e vai levar algum tempo para que os médicos aprendam a confiar nestes arquivos e determinar o melhor a ser feito. Agora, uma nova geração de médicos está se graduando em faculdades de medicina. Esses são médicos que sempre tiveram um computador, a Internet e o celular conectado em uma rede. Esses definitivamente não temem a tecnologia!

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Fonte: http://esa.un.org/unpp Fonte: AARP Public Policy Institute (Jan 2006)

Por Josh Collett Os Estados Unidos não estão longe de outros países, como na Europa, para desenvolver uma infra-estrutura nacional da informação da saúde. O assunto tem emergido na agenda nacional. O presidente Bush espera ter os ePHRs funcionando para a maioria dos norte–americanos em 10 anos e estabeleceu um Gabinete de Coordenadoria Nacional para a Informação da Saúde que inspecionará esse empenho. De qualquer forma, a natureza fragmentada da assistência à saúde nos EUA, com o importante envolvimento do setor privado, cria alguns desafios adicionais para a implementação. Para facilitar a parceria necessária e seguir em frente, o Gabinete está focado em cinco áreas-chave: contratos para harmonizar os padrões tecnológicos, desenvolver a conformidade e o processo de certificação dos sistemas, criar protótipos para uma rede nacional de informação da saúde, reconciliar as políticas estatais e leis de segurança e identificar melhores práticas para promover a adoção de ehealth. Dentro dos EUA existem modelos bem-sucedidos. Um dos pioneiros nessa área é o do Departamento de Administração da Saúde dos veteranos (VHA), que usa o sistema integrado da informação da saúde conhecido como VistA, um sistema de registro digital dos pacientes que permite aos clínicos acesso integral aos registros dos pacientes, medicações e laboratório. O VHA recentemente lançou My Health Vet, um ePHR que fornece aos veteranos informações clínicas e benefí-

Josh Collett é consultor internacional da AARP, organização não-governamental que representa 38 milhões de membros, defendendo políticas e interesses de pessoas acima de 50 anos e seus impactos econômicos.

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O CENÁRIO NOS EUA

cios, um jornal pessoal da saúde, e a habilidade de renovação das prescrições. No futuro, os participantes poderão visualizar suas consultas, balanços de pagamentos, e os registros médicos on-line, além de mensagens para seus médicos. O VHA tem a colaboração de parceiros públicos e privados para promover a adoção da versão pública do sistema Health-People-VistA. Existe uma série de exemplos dos PHRs comercialmente disponível que varia em sua funcionalidade. A promessa e o potencial do desenvolvimento de uma rede interoperável de informações da saúde – para os cidadãos – são enormes e a AARP busca seguir promovendo e rastreando o desenvolvimento do sistema e isso é uma importante promessa para melhorar a assistência do paciente. No ano passado, a AARP organizou uma conferência internacional sobre os desafios, oportunidades e melhores práticas para os Prontuários Pessoais de Saúde. O evento reuniu representantes da Austrália, Alemanha, Inglaterra, Irlanda e Canadá e resultou em um documento “Aprendendo com outros países: Lições e questões da Política Nacional para os Registros Pessoais da Saúde”. O documento e outros materiais da conferência estão disponíveis no site www.aarp.org/healthit.

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REPORTAGEM DE CAPA

QUEM DEVE PAGAR? Embora focado no cidadão, a expansão dos sistemas pessoais da saúde está intimamente ligada ao mercado B2B. Para David Whintlinger, da Intel, as empresas que recebem a conta do alto custo da assistência, como o governo e operadoras de saúde, são a chave para o financiamento. “Os provedores de planos de saúde e empresários estão começando a empregar taxas aos indivíduos que fumam, são obesos ou pessoas que escolheram estilos de vida que levam a doenças crônicas. Mesmo assim, esse cenário deve se acentuar, as pessoas precisam ser motivadas para mudar seus comportamentos. Aqueles que pagam pelos cuidados da saúde, seja em uma empresa ou seguradora, devem utilizar os PHR’s para ter a situação sob controle”, explica. Nos Estados Unidos, cinco empresas multibilionárias (Applied Materials, a BP America Inc., a Intel Corporation, a Pitney Bowers Inc. e a Wal-Mart) fundaram um instituto independente, sem fins lucrativos, para desenvolver o “Dossia”, um serviço baseado na Web por meio do qual os funcionários, dependentes e aposentados norte-americanos poderão manter uma ficha médica pessoal por toda a vida. Juntas, as companhias fornecerão esse benefício a mais de 2,5 milhões de pessoas em 2007. O Dossia será disponibilizado inicialmente para os funcionários, dependentes e aposentados norte-americanos das cinco empresas originais, mas em pouco tempo será estendido para outras comunidades de usuários e desenvolvedores de aplicações médicas pessoais. O Dossia continua a recrutar outros empregadores que compartilham os objetivos dos fundadores. O envolvimento do usuário com foco na utilização racional dos benefícios e a gestão da saúde, de forma compartilhada com a organização, também é fundamental para as companhias, além do desenvolvimento de programas de gestão de saúde e monitoramento periódico de fornecedores e desempenho. No Brasil, as empresas são as grandes financiadoras dos planos privados de saúde, que hoje atendem cerca de 36 milhões de beneficiários. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apontam que, na soma dos contratos novos e antigos – anteriores à lei 9656/98 que regulamenta o setor – 68,6% são referentes aos planos coletivos, ligados às companhias. Se forem considerados apenas os planos novos – posteriores à legislação – o índice chega a 75,8%. A tendência é que esse número se amplie ainda mais nos próximos anos. Para a consultoria Towers Perrin, que realizou recente pesquisa sobre benefícios e sobre a inflação médica, o empresariado brasileiro deve aderir à iniciativa americana, passando a gestão da saúde para os funcionários, como forma de reduzir custos e minimizar riscos para a companhia. (Leia mais na página 56, entrevista com Lais Perazo, gerente da área de saúde da consultoria Towers Perrin). 52

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A PARTICIPAÇÃO DAS TELECOMS O crescimento dos serviços de Telediagnóstico, Telemedicina e Teleterapia trouxe ao mercado de saúde um novo player: a indústria de telecomunicações. Essas empresas, que tinham na composição de sua receita basicamente o tráfego por voz, estão perdendo espaço e rentabilidade devido ao crescimento acelerado da voz pela Internet (Voip). Por conta disso, as operadoras de Telecom buscam no setor de serviços uma saída para driblar as perdas. Não demorou muito para notarem no mercado de saúde uma grande chance de negócio. E não apenas no fornecimento de banda larga ou storage. No mundo inteiro, elas estão se tornando empresas de serviços. Para Hanhijärvi Hannu, do Sitra, as companhias de telecomunicação são certamente importantes “jogadoras” no desenvolvimento dos Sistemas Pessoais da Saúde. “Se elas entenderem seu papel corretamente, perceberão que são partes fundamentais para ligar o paciente ao provedor de seguro saúde. É ela quem fará a comunicação entre o consumidor e o profissional”, explica. Diana Hodgins, da European Technology for Business (ETB), aposta que estas companhias são parte vital para os serviços da saúde do futuro. “Algumas telecoms estão investindo fortemente nessa área”, explica. E “investir” significa oferecer sozinhas – ou através de parceiros no mercado de saúde – serviços de TeleHealth para sua base de clientes. No mundo, isso significa 747 milhões de pessoas, com mais de 15 anos, que utilizaram a internet – em janeiro de 2007 – segundo a empresa de pesquisa comScore Networks. O Brasil tem quase 15 milhões de pessoas com acesso à internet, número que deixa o país como o 11º do mundo em quantidade de usuários da rede, o que representa um aumento de 16% no número de internautas no Brasil entre janeiro de 2006 e janeiro de 2007. O crescimento global foi de 10%. Se por um lado, as empresas e operadoras de saúde passaram a ver no prontuário pessoal uma chance de reduzir seus custos, por outro, a indústria de Telecom quer também agregar clientes à sua base, além de buscar novas receitas. Mundialmente, a fórmula tem dado certo e inúmeras empresas de telecomunicações estão agregando os prontuários pessoais como serviço para seus clientes, além do estabelecimento de inúmeras parcerias com governos, hospitais e operadoras de planos. “As companhias de telecomunicações estão se tornando cada vez mais ativas na área de saúde, em lugares diferentes do mundo. Muitas como centrais de serviços, oferecendo o Electronic Health Records (Prontuários Digitais) para a área médica”, defende Whintlinger, da Intel. A telefonia móvel é outro importante “jogador” no mercado de saúde. As aplicações em saúde através dos PDA’s e celulares são crescentes. Uma pesquisa americana realizada recentemente mostrou que 60% dos executivos de hospitais planejam incluir os PDA’s em suas organizações dentro de dois anos. E as soluções não são exclusivas para hospitais e médicos. A Ericsson, por exemplo, uma das maiores fornecedores de sistemas móveis do mundo, deve apresentar ao mercado brasileiro o sistema Ericsson Mobile Health, celular destinado ao monitoramento do paciente. Segundo Marcelo Henrique dos Santos, gerente de vendas da Ericsson Enterprise no Brasil, a companhia está estudando o mercado para identificar as oportunidades e estabelecer preços e investimentos para a implantação do produto no País. A Ericsson atua em 140 países, contando com 100 mil clientes empresariais no mundo e 8 mil no Brasil. O mercado brasileiro é o quarto maior da empresa no mundo. O Ericsson Mobile Health auxilia no tratamento de apoio e monitoração das doenças agudas e crônicas, incluindo patologias do coração, hipertensão e diabetes. Com o sistema, o paciente executa suas próprias medições, descreve o seu estado de sua saúde e instantaneamente passa as informações ao médico ou enfermeiro responsável por seus cuidados. Santos conta que até agora houve uma “aceitação fantástica” nos hospitais por todo o mundo. “Hoje, hospitais em Chipre, Singapura, Portugal, Espanha e muitos outros países estão testando o serviço Ericsson”, ressalta. A empresa assinou recentemente um contrato com dois hospitais públicos de Singapura para ajudar a monitorar pacientes agudos, tirando a sobrecarga da equipe de enfermagem. Abril 2007

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BRASIL LIFESENSOR, A PRIMEIRA INICIATIVA Na manhã de 8 de março passado uma seleta platéia – com os nomes mais expressivos da indústria de TICs em Saúde no Brasil, presente em um famoso hotel de São Paulo, assistiu a um anúncio histórico: a primeira iniciativa de um Personal Health Records para o País. Norbert Olsacher, membro do Board da empresa alemã InterComponentWare AG (ICW), uma das mais importantes fornecedoras de sistemas PHR do mundo, disse estar contente com a conclusão do plano de negócios, a abertura do escritório em São Paulo, e de ter o Brasil como ponto de partida para a atuação da companhia na América Latina. E não é para menos. Até o final deste ano, cerca de 100 mil brasileiros terão os seus próprios registros pessoais. O LifeSensor, sua solução de PHR, é direcionado ao paciente permitindo o acesso e gerenciamento das suas informações de saúde e estilo de vida. Para os próximos dois anos, a empresa prevê projetos em grande escala, que atenderão de 1 a 10 milhões de prontuários pessoais no País. “O usuário não vai mais esperar o médico, a cadeia suplementar ou o Governo”, explica. A ICW pretende investir cerca de 3 milhões de euros na inserção e regionalização do produto no mercado brasileiro. Segundo o executivo, baseado na entrada da companhia em outros países, esse orçamento disponibilizado pela matriz é flexível. “Ele pode se ampliar, assim que houver demanda ou um dinamismo no mercado”, explica. Para atingir estes números, a empresa vai lançar a versão em português do LifeSensor, em junho, durante a Feira Hospitalar. “Vamos caminhar em duas direções. A primeira focando os clientes de operadoras privadas e grandes empresas. Na Áustria, por exemplo, estamos trabalhando com a maior operadora de saúde do país, a Uniqa, que utiliza o LifeSensor como forma de promover a saúde preventiva dos associados, reduzindo riscos. Ao todo são 1.3 milhões de vidas”. 54

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REPORTAGEM DE CAPA

Olsacher conta que a segunda estratégia é atuar em parceria com as empresas de telecomunicações, que são importantes parceiros de negócios nos países onde a ICW atua. “Estamos em fase de negociação para fechar em curto prazo um projeto piloto com pelo menos 100 mil usuários. No mundo, as empresas de Telecom estão cada vez mais propensas à área de serviços, com um grande interesse no mercado de saúde. No Brasil as conversas estão se iniciando e até junho queremos fechar os contratos com os parceiros que estamos negociando”. Os serviços e acesso do prontuário pessoal por meio do celular também integram as negociações. “Estamos em contato com empresas de celular que querem oferecer aos seus clientes este tipo de serviço. A intenção é que se passe cada vez mais dados via celular, para ter mais tráfego. Com dados isolados de saúde, estas empresas de telefonia móvel não conseguem fazer isso. Neste contexto eles precisam necessariamente de um produto como o LifeSensor, que para o usuário tem grande valor ”, conta.

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3 Demanda “No Brasil existem 40 milhões de clientes potenciais da saúde suplementar mais os clientes das empresas de Telecom. Então, a demanda é um ponto importante para nós. Para equipar este número de cidadãos vamos demorar mais tempo que os planos de negócios em outros países que geralmente prevêem, entre 5 e 7 anos. Os números do Brasil são grandes”

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NORBERT OLSACHER

3 Capacidade “Não existe um limite tecnológico. A plataforma é baseada em alta tecnologia, com sistema SAP, que permite crescer em escala atendendo a grandes demandas. Tecnologicamente, estamos prontos”. 3 Política de preço “Ainda não temos a resposta pronta, o mercado se mostra difícil neste sentido porque é muito segmentado, mais do que na Europa. Nas próximas semanas teremos um modelo para o mercado brasileiro. A idéia é que o valor mensal para o usuário não ultrapasse os R$ 25,00. Na Europa esse valor corresponde a cerca de 6 euros”. 3 Quem paga “Não há um caminho preferencial. Quem identifica normalmente os campos de atuação são os parceiros, ou seja, operadoras, governo, telecom. Para cada um desses parceiros é necessário um modelo de negócio”.

O LifeSensor (ww w.lifesensor.com ) permite que o próp rio cidadão gere ncie a sua saúde atra vés de ferramen ta s de telemonitoramen to, acesso e in clu são de dados clínico s, como o regist ro de remédios recebi dos, acompanh am en to de doenças cr ônicas, integraç ão de dados laborato riais, dados em er ge nciais e até mes mo medidas pr ev en tivas focando fitne ss, alimentação, et c. O acesso do usuá rio pode ser feito por internet, atravé s de browser, ce lu la r, PDA. Todo o sist ema pode ser in te gr ado aos outros si stemas ou outra s fe rra mentas de tercei ros.

3 Aderência “O banco eletrônico também causou estranheza no início. Hoje, no mundo inteiro tenho acesso ao meu dinheiro. Vamos dar poder ao paciente” 3 Resistência “Como é algo novo para o médico, hospitais e outros profissionais há, sempre algum tipo de resistência. Mas, à medida em que o médico se beneficia com as funcionalidades do sistema, automaticamente passa a ser o maior incentivador. Isso muda um pouco o papel do médico, que se torna um “coach” de saúde, o que também gera mais negócios para ele”. 3 Números “O Brasil deve representar de 8 a 10% do nosso faturamento. No primeiro ano, vamos colocar no mercado de 100 a 200 mil prontuários. Minha experiência diz que, depois dessas primeiras implementações, e provado o benefício, é muito mais fácil chegar ao primeiro, segundo milhão de usuários”. Leia mais sobre os Personal Heath Records (PHR), sobre o Life Sensor e os planos da ICW no mercado brasileiro em www.heathcarebrazil.com.br

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ECONOMIA

Inflação médica nos EUA deve atingir 6% em 2007 No Brasil, esse índice passa dos 10% Por Kelly de Souza Os custos de assistência à saúde para os empresários americanos devem crescer 6% em 2007. O dado faz parte da pesquisa “Health Care Cost Survey”, da consultoria Towers Perrin, realizada durante agosto e setembro de 2006, com 167 companhias – que integram o ranking da revista Fortune e registram 3.5 milhões de vidas. O benefício da saúde para estas empresas representam mais de US$ 15 bilhões por ano. A despesa bruta deve aumentar em média US$ 518 por empregado, para uma média total de custos de US$ 8.748 por ano, contra US$ 5.386 de 2002. No Brasil, a projeção – segundo a consultoria – é que a inflação médica chegue a 10.22%, com um custo médio de R$ 83,52 por mês, por empregado. As empresas devem subsidiar 78% do benefício, contra os 22% cobertos pelos próprios trabalhadores. Em 2002, 81% do valor era pago pelas empresas. Para Lais Perazo, gerente da área de saúde da consultoria Towers Perrin, esse crescimento tem motivado as companhias a diminuir sua participação, repassando os custos para o empregado. “Esse é um número muito alto para um país que tem inflação

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média de 2%. A tendência é que cada vez mais se compartilhe riscos entre empresas e empregados”. Nos últimos cinco anos, os custos com o benefício aumentaram 60%, nos EUA. A boa notícia é que os 6% projetados em 2007 representam o quarto ano de queda na média total. Mas, segundo a Towers isso não significa que as pressões estão diminuindo ou que as companhias possam sentar e esperar que os custos diminuam. O estudo mostra que a ascensão dos custos com a saúde está destruindo as margens de lucro das empresas, bem como o aumento do salário dos empregados. A análise apontou uma variação significante das despesas entre as companhias – que foram divididas como de alto e baixo desempenho. As companhias com custos mais baixos (alto desempenho) mostraram disposição de decidir e tomar decisões em relação aos benefícios. Quase metade das companhias de baixo custo (46%) toma decisão de forma mais ágil, enquanto as de alto custo “esperam para ver”. O que diferencia os grupos de alto e baixo desempenho são as estratégias para criar uma “cultura da saúde” para a organização. Mais de 60% das empresas com alto desempenho implantaram ou devem implantar ainda este ano planos de saúde “dirigidos” pelos consumidores. Segundo Lais Perazo, esse redesenho do modelo de assistência à saúde prevê não só o compartilhamento dos custos, mas essencialmente transferência da responsabilidade da gestão da saúde para o empregado. “A intenção é incentivar a promoção da saúde por meio de prevenção, gerenciamento da saúde ou mesmo a utilização correta do plano”, explica. Seguindo essa tendência, os empresários estão não só exigindo que seus funcionários sejam mais responsáveis em relação a sua saúde e o próprio

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Lais Perazo, gerente da área de saúde da consultoria Towers Perrin processo do consumo médico, bem como estão apoiando a criação dessa mentalidade. Para a consultora, a empresa é uma facilitadora do acesso à assistência e informação de saúde. “As companhias não suportarão mais os custos sozinhas, por isso, não tenho dúvidas que elas vão investir para que os funcionários sejam bons consumidores e gestores de sua própria saúde. Os empresários entenderam, definitivamente, que se não fizerem isso o risco maior é deles”.

O que fazem as empresas com melhor desempenho

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ECONOMIA INFLAÇÃO MÉDICA

A SAÚDE SOBE MENOS QUE A INFLAÇÃO

Por Enrico de Vettori enricovettori@deloitte.com Recentemente, uma das mais importantes revistas do País trouxe à tona o assunto: a inflação da saúde no Brasil subiu menos que a inflação geral no período de 2001 a 2005. Confesso que a afirmação, em um primeiro momento, causa indagação, já que em todas as localidades do mundo o padrão da inflação da área de saúde é maior que o índice geral de inflação.

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Apenas para exemplificarmos, se pegarmos como referência a taxa acumulada da inflação do setor de saúde versus o índice de preços ao consumidor em alguns países desenvolvidos, como os EUA e Canadá, notaremos que atingiram, respectivamente, valores superiores a 40% e 35%, no período de 2002 a 2004. Então, ao mesmo tempo que o assunto era discutido, tomei conhecimento de um belíssimo trabalho, assinado por Carlos Octávio Ocké-Reis e Simone de Souza Cardoso, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), intitulado, “Texto para discussão nº1232 – uma descrição do comportamento dos preços dos planos de assistência à saúde (2001-05)”. Entendi, portanto, que o trabalho em questão, realizado de forma politicamente correta, é realmente um texto para discussão e tenta refletir, especificamente, se os reajustes dos planos individuais acompanharam a evolução da inflação da economia e do setor da saúde. Não podemos considerar a frase, “a saúde sobe menos que a inflação”, fora do contexto analisado – reajuste dos planos individuais e familiares versus a inflação geral -, totalmente correta se analisarmos os outros nichos e setores da cadeia da saúde de maneira sistêmica. Aspectos metodológicos, variáveis e perspectivas dos atores da cadeia de saúde podem alterar os resultados aqui focados nos porcentuais autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) como teto máximo de reajuste para os planos individuais e familiares. Sabemos que a tecnologia não está distribuída de maneira uniforme, conforme dados do próprio setor, onde apenas 34 hospitais privados, num universo de sete mil estabelecimentos, detêm 7% dos equipamentos de tomografia computadorizada do País. Desta forma podemos concluir que dentro da cadeia da saúde aspectos como regionalização e utilização da tecnologia médica especializada de última geração podem influenciar o padrão obtido neste estudo. Em nível internacional, a escalada dos custos no âmbito dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) não produziu melhores condições de saúde da população, nem atenção médica mais eficiente, e sim maiores preços, como, por exemplo, no caso dos EUA. No Brasil, constata-se o peso crescente da saúde no orçamento das famílias e a elevada participação de seus produtos na formação das taxas dos índices de preço ao consumidor. Assim, parece razoável investigar os impactos da inflação do setor saúde sobre a economia, o sistema de saúde e a população, seja em relação à participação do setor saúde no Produto Interno Bruto (PIB) ou à eficiência e à eqüi-

Enrico De Vettori é Gerente sênior da área de Consultoria Empresarial da Deloitte dade das políticas, apesar das características econômicas e institucionais do mercado dificultarem a mensuração dos preços dos bens e serviços do setor. Como parte integrante do setor de serviços, o fator trabalho é intensamente utilizado, além de apresentar baixa mobilidade e reduzida taxa marginal de substituição, considerando, respectivamente, seu caráter não comercializável e alto grau de especialização. Nessa estrutura, o aparecimento de inovações tecnológicas não implica aumento automático e generalizado da produtividade média, tampouco permite que seu crescimento se dê no mesmo ritmo da atividade industrial, podendo alimentar uma tendência de alta dos custos dos serviços médicos. O mercado de serviços de saúde se distingue dos demais setores da economia por possuir uma demanda inelástica e uma oferta indutora da procura. Crer nessa tendência não obscurece a percepção de que determinados aspectos dos modelos de proteção social, da história das instituições, da formação dos profissionais, da gestão dos sistemas de saúde, das formas de pagamento aos prestadores, e das técnicas gerenciais podem se constituir em elementos decisivos para contra-arrestar a suposta inevitabilidade dos custos crescentes, vis-à-vis a melhoria das condições de atenção médica e saúde das populações. Em especial, no contexto da regulamentação da saúde privada, tornou-se necessário refletir sobre a inflação do setor saúde, considerando que a regulamentação dos planos é de competência legal da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A Lei 9.961, em seu capítulo I, afirma Abril 2007

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ECONOMIA INFLAÇÃO MÉDICA que cabe à agência “(...)autorizar reajustes e revisões das contraprestações pecuniárias dos planos privados de assistência à saúde, ouvido o Ministério da Fazenda (redação final da Medida Provisória n.o 2.177-44, de 24 de agosto de 2001)” (ANS, 2000). Em particular, a partir de 2000, a cada ano, a agência vem definindo, por meio de resoluções normativas, os índices para a aplicação de reajustes, estabelecendo a política de preços dos planos individuais e familiares e dos planos de autogestão não patrocinados (financiados diretamente pelos usuários). Esses planos dependem de prévia autorização da agência para aplicação de reajustes, leiam-se, contratados após janeiro de 1999 ou adaptados à Lei 9.656, de 1998 (ANS, 1998). Chamamos a atenção do leitor para certos aspectos relacionados à política de reajuste dos preços dos planos individuais. Assumindo uma dimensão exploratória, avaliase o comportamento dos preços dos planos de assistência à saúde, a partir dos índices de preços do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da base de dados macroeconômicos, financeiros e regionais do Ipeadata.

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Comparam-se tais índices com os reajustes da ANS, no período compreendido entre maio de 2001 e abril de 2005, comparando a diferença do reajuste patrocinado pela agência e o aumento dos planos empresariais (os quais, em tese, deveriam funcionar como uma espécie de referência média, um benchmark); outro, estimando a evolução dos preços do setor saúde, à luz da política regulatória definida para o período 2006-2007; e o último comparando a evolução do salário real versus a evolução dos preços dos planos individuais, evidenciando uma crise de subconsumo. Esses índices foram comparados com os reajustes de preços definidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), para responder, basicamente, se os reajustes dos planos individuais acompanharam a evolução da inflação da economia e do setor saúde. Não é correto, portanto, afirmar que a saúde cresceu menos que a inflação quando analisamos sob outras dimensões que não as envolvidas neste belo estudo de caso. Nessa linha, é importante desenvolver estudos acerca das implicações da inflação do setor saúde sobre o bem-estar dos consumidores, cuja liberdade de escolha restrita ao mercado de planos pode tornar o efeito inflacionário dramático.

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ECONOMIA

Verticalização tira receita dos hospitais privados A Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), em parceria com o Centro Paulista de Economia da Saúde (CPES), apresentou o último levantamento do Sistema Integrado de Indicadores Hospitalares, referente ao terceiro trimestre de 2006. A Anahp conta atualmente com 36 associados, que representam 12% do PIB do setor. Comparado a 2005, o EBTIDA mediano dos hospitais cresceu de 16.9% para 19.2%. Em relação ao segundo trimestre de 2006, esse índice foi 18.8%. Mesmo com uma margem considerada boa para o mercado de saúde brasileiro, a associação não vê esse número como um sinal de recuperação. Segundo Roberto Cury, superintendente da Anahp, houve queda de receita por paciente/dia por leito – o que preocupa a entidade. “A verticalização dos serviços por parte das operadoras de planos de saúde, que cada dia mais passam a ter serviços próprios, está desviando os pacientes dos hospitais”, explica.

Cury ressalta que existe falta de visão de cadeia produtiva para o setor. “Até que ponto isso é bom para o sistema? Se as operadoras usassem a verticalização como uma forma de melhorar a qualidade, mas a estratégia vai de encontro apenas à redução de custos. Esse é o problema e uma ameaça para todos no mercado. Não adianta apenas um elo da cadeia ser forte”. Para o superintendente da Anahp, os hospitais privados ainda são dependentes da margem de comercialização dos materiais e medicamentos para sobreviverem. O repasse desses produtos representou - segundo o levantamento - 42,8% da receita dos hospitais. “As diárias e taxas não sobem, as glosas crescem. Essa é a única forma que temos para equilibrar as contas”, ressalta. Por um outro lado, os indicadores de qualidade continuam subindo. O estudo mostrou ainda que o índice de pessoal por leito aumentou.

VEJA OS PRINCIPAIS INDICADORES ABAIXO

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HEALTH - IT

Treinamento de médicos on-line A Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) lançaram o Programa Nacional de Educação Continuada a Distância, totalmente em ambiente web, que visa atualizar os mais de 316 mil médicos ativos no Brasil. As aulas abrangerão 56 especialidades médicas reconhecidas oficialmente pelas instituições, com total de 2688 horas de programação. O treinamento será baseado no Projeto Diretrizes, que reúne as melhores evidências científicas, permitindo a profissionais dos setores público e privado, utilizaram-se de procedimentos e diagnósticos comprovadamente eficazes. A solução, desenvolvida pela Med Center, garante que médicos moradores de regiões distantes do interior do Brasil ou de difícil acesso recebam o mesmo conteúdo de excelência que os médicos de hospitais de referência dos grandes centros. Segundo o presidente do CFM, Edson Oliveira Andrade, por ano mais de 35 mil artigos são indexados. Em cinco anos se perde cerca de 50% do conhecimento. O processo valerá créditos para a revalidação do título de especialista que deve ocorrer, obrigatoriamente, a cada cinco anos.

Japão, EUA e Brasil formam consórcio para pesquisar robótica biológica O Instituto Internacional de Pesquisa Avançada em Telecomunicações (ATR, na sigla em inglês), em Kyoto, no Japão, fechou consórcio com os centros de neurociência no Brasil, Estados Unidos e Suíça, que estudam a criação de próteses neurais baseadas na interface entre cérebro e máquina. O objetivo da colaboração, segundo o diretor do Departamento de Robótica Humanóide e Neurociência Computacional do ATR, Gordon Cheng, é criar robôs e dispositivos robóticos que poderão ser controlados pelo cérebro de pacientes com paralisia corporal. Além do ATR, participam do consórcio o Centro de Neuroengenharia da Universidade Duke (Estados Unidos) e o Instituto do Cérebro e da Mente da Escola Politécnica Federal de Lausanne (Suíça). No Brasil, as três entidades certificadas são o Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS) e, Natal, o Laboratório de Neuroengenharia, coordenado pelo Hospital Sírio-Libanês (HSL) e a Associação Alberto Santos Dumont para Apoio a Pesquisa (AASDAP), ambos de São Paulo. Atualmente, os sistemas desenvolvidos pelo grupo de Cheng são inspirados inteiramente em modelos biológicos. Gordon vê como próximo passo um olhar à interação entre humanos e autômatos. 64

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APARELHOS CELULARES SEGUROS Ligações feitas de telefones celulares não afetam os dispositivos médicos de hospitais. Testes realizados na Clinica Mayo, em Minessota, mostraram que o uso dos aparelhos, também nas ligações recebidas, não causou nenhuma interferência em equipamentos médico-hospitalares. A pesquisa, que contou com mais de 300 testes em cinco meses, testou 192 dispositivos médicos diferentes. A maioria dos hospitais americanos proíbe o uso de celulares. Já o CD Player portável e dispositivos antifurto causaram erros de leitura e de ritmos em eletrocardiogramas, marcapassos e desfibriladores.

Califórnia TI na ordem executiva As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na área de saúde continuam na ordem executiva da Califórnia (EUA). O Governador Arnold Schwarznegger assinou uma parceria com o governo federal dos EUA que prevê investimentos de US$ 3.45 bilhões em fundos federais. O objetivo é melhorar a qualidade da informação nos sistemas público e privado da região, expandindo os benefícios para os cuidados da saúde.

Pará terá prontuário eletrônico dos pacientes

Oracle incrementa plataforma para saúde

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) do Pará vai elaborar um projeto para a implantação de um novo Sistema de Gerenciamento de Informação em Saúde. O médico cardiologista Hervaldo Sampaio Carvalho, que desenvolveu um sistema de gerenciamento que já está sendo utilizado no Hospital Universitário de Brasília, será o responsável pelo projeto. A finalidade é unificar todas as informações do Sistema de Saúde em uma única rede, facilitando o acesso de qualquer parte do Estado. “Com as informações atuais e em tempo real nas mãos, fica mais fácil para os gestores tomarem as decisões. Vamos tentar melhorar a assistência à saúde usando a tecnologia. As informações de saúde do paciente têm que ir aonde o paciente estiver”, acrescentou.

Com a proposta de incrementar a interface das informações entre profissionais e instituições do setor de saúde, como hospitais e centros médicos, a Oracle aprimorou o Oracle Healthcare Transaction Base (HTB), plataforma de integração, desenvolvimento e operação de aplicações de TI para a área de saúde. A solução é baseada no padrão HL7, projetado para assegurar a troca de informações clínicas, garantir a confiabilidade dos dados e favorecer a sinergia entre as diferentes áreas operacionais. De acordo com Marcelo Challú, diretor para o Setor Público da Oracle América Latina, padrões como o HL7 são ferramentas fundamentais na rotina das instituições de saúde que garantem a qualidade do atendimento médico e o controle exercido pelas agências governamentais de saúde. “A adoção dessa classe de padrões por parte das organizações na América Latina é fundamental para que elas consigam lidar com o desafio de oferecer mais serviços com níveis de qualidade elevados e custos controlados”, afirma. Abril 2007

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HEALTH-IT OPINIÃO

ATENÇÃO! SUA PRESSÃO SANGUÍNEA ESTÁ ALTERADA! É a sua roupa lhe comunicando Por Guilherme S. Hummel guilherme.sydow@ehealth-summit.com

colete poderia ser de lã ou algodão e não produz qualquer Peter Waller é um contumaz participante de maratonas. desconforto. Um amigo de Peter, médico, sempre que Com 42 anos, treina todos os fins de semana para estar pode, de seu consultório, a milhas de distância do atleta, sempre pronto para os novos desafios dessa modalidade dá “uma olhada” nos sinais enviados para seu computaesportiva. Na próxima maratona de Nova York, Peter vai dor pela malha do amigo. Peter é gerente de uma loja de vestir uma malha de lycra, sem costura, exatamente igual equipamentos de pesca, classe média, dois filhos e não ao colete dos maratonistas. A malha tem embutida em foi e nunca será um atleta profissional. seu tecido uma coleção de biosensores (smart shirt sysMalha com Biosensores? tem). Nos treinamentos, bem como Ficção Científica? Não. Realidana prova, o colete estará aferindo UGPUQTGU"G"DKQUGPUQTGU" de, atual e comercializada pela em tempo real o seu batimento carempresa americana Sensatex díaco, os níveis de sua respiração, a HC\GPFQ"C"FKHGTGPÑC" desde o ano 2000. temperatura do corpo, a pulsação e Assim como Peter, que não tem vários outros sinais que de alguma nenhum problema cardíaco, milhaforma sinalizam sobre como seu orGO"G/JGCNVJ res de usuários estão “entrando” ganismo reagirá a cada passada. O 66

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nessas malhas, não para correr, GO"RQWEQU"CPQU"SWCN/ no lazer, enquanto você dorme ou mesmo enquanto desenvolve suas mas para prover um eficiente moatividades sexuais. Você vai comnitoramento de suas condições fíSWGT"RGUUQC"RQFGTı" prá-los em Farmácias e vai presensicas, a maioria com antecedentes tear seus familiares e amigos com de disfunções crônicas. GUVCT"GO"UWC"ECUC"QW"GO" a última novidade em Biosensor. Albert Norval é um finlandês reVai ganhar um de brinde no final do sidente em Helsinque. Casado três vezes, como manda a boa tradição SWCNSWGT"NWICT"FQ"RNC/ ano e vai achar que sua vida sem eles não tem garantias. nórdica, possui um razoável históBiosensores? Sensores Clínirico familiar de doenças cardíacas. PGVC"G"UGT"OQPKVQTCFC" cos? Roupas Sensorizadas? Mais Há dois anos comprou um celular brinquedinhos da sociedade de Herz Handy (Vitaphone). O mesmo G"IGTGPEKCFC"RQT"GUUGU" consumo ou algum novo modismo possui dois eletrodos na sua parte médico? Não. A única definição posinferior que em contato com o corpo de Norval é capaz de aplicar um UGPUQTGU"SWG"FGVGEVCO." sível: uma espantosa revolução, irreversível, que pode dar uma grande ECG (exame eletrocardiográfico) e dianteira à ciência médica na corrida enviar os dados por satélite a uma CXKUCO"G"RQFGO"CVÖ"OGU/ contra as doenças crônicas. Central de Atendimento que o moUm biosensor é um dispositivo nitora 24 horas por dia. O celular OQ"KPVGTCIKT"FKCPVG"FG" no qual se incorpora uma substambém possui um GPS (sensor tância (ex: uma enzima, um anticapaz de localizar o aparelho) que nunca deixa Norval sem a possibiSWCNSWGT"FGUEQORGPUC/ corpo, uma proteína, DNA, etc.) para poder medir de modo seletilidade de uma imediata localização e atendimento. Ñ’Q"FQ"QTICPKUOQ vo determinadas substâncias. Um exemplo seria medir a quantidade A Sra. Elizabeth Krull vem trade chumbo ou de bactérias na tando a algum tempo de sua diaágua ou a quantidade de toxinas presentes nos alimenbete. Mora na Califórnia, pesa 93 kg e tem 1,81 de altos. Eles não são só utilizados na área de Saúde, mas tura. Os problemas cresceram e ela se viu obrigada a 60% deles estão centrados nas aplicações clínicas. entrar num programa de monitoramento contínuo. Para O professor Anthony Turner, da Universidade de Crantanto, utiliza todo o tempo uma faixa sensorial no braço field, Inglaterra, uma das maiores autoridades no mundo esquerdo, denominada SenseWare (largura com cerca sobre o assunto, escreveu que “os sensores médicos e de 40 cm). Mesmo dormindo, o software InnerView, que os biosensores vão mudar totalmente a forma como comcomanda os sensores da faixa, está continuamente afepreendemos a Saúde de um ser rindo os sinais vitais de Elizabeth humano”. Sua revolução não tem e os enviando à Clínica responsáparalelo na medicina moderna. vel pelo seu programa de moniSeu potencial é indescritível e abre toramento. Qualquer anomalia é uma enorme quantidade de aplicaimediatamente identificada peções nunca antes imaginadas. los sensores e enviada à Clinica. Os sensores clínicos eletroElizabeth é medicada em função magnéticos não são menos impordos dados acumulados e sua tantes. Em poucos anos qualquer qualidade de vida nesse período pessoa poderá estar em sua casa melhorou dramaticamente. ou em qualquer lugar do planeta e Os sensores eletromagnétiser monitorada e gerenciada por cos, os bionsensores e os devices esses sensores que detectam, (equipamentos de comunicação avisam e podem até mesmo intesem fio) vão lhe fazer companhia ragir diante de qualquer descomem pouco tempo. Vão estar com pensação do organismo. você o tempo todo. No trabalho, Abril 2007

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HEALTH-IT OPINIÃO Outro sensor, desenvolvido pelo Fraunhofer Institute for Integrated Circuits, na Alemanha, objetiva apoiar a cura da apnéia do sono. Trata-se de um dispositivo portátil, dotado de sensores polímeros, que é fixado no tórax do paciente e que durante o sono grava vários sinais vitais, tais como sua respiração, sua pulsação, seu batimento cardíaco, o nível de oxigênio no sangue e até mesmo a posição em que o usuário dorme. Os dados são comunicados às Centrais de Atendimento através da tecnologia bluetooth, ou rádio freqüência (RFDA), e são analisados de modo que os médicos possam identificar as características do problema de cada paciente e escolher a melhor terapia ou procedimento clínico. Você já se imaginou fazendo compras num Shopping Center de Roupas Inteligentes? Não? Pois bem, não menos revolucionárias são as “roupas inteligentes” (Smart Clothes), um outro campo em que os sensores ganham rapidamente espaço. Roupas inteligentes, como o colete de Peter, são plataformas tecnológicas formadas a partir de sensores miniaturizados e capazes de aferir os sinais vitais oriundos do organismo do usuário. Essa plataforma é composta também por uma rede interna de comunicação, implantada dentro do tecido, que armazena e comunica em tempo real as medições feitas. O interesse pelo Monitoramento da Saúde realizado por Sensores “Usados” pelos pacientes, também denominados de WHS - Wearable Health Systems, tem origem na necessidade de se estender os cuidados médicos para

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fora dos Ambientes de Atendimento (hospitais, clínicas, ambulatórios, etc.). As principais nações do mundo estão preocupadas em desenvolver instrumentos, sistemas e serviços capazes de monitorar o paciente de forma “solitária”, por longos períodos de tempo e fora do ambiente médico-presencial. Os motivos são óbvios: redução de custos e melhoria na qualidade de vida do cidadão. Em poucos anos suas “meias inteligentes” poderão medir seu peso a qualquer instante, suas “roupas íntimas espertas” terão a capacidade de aferir a intensidade de sua libido e seu “sapato notável” saberá quantos quilômetros você andou naquele dia e qual foi o circuito, mostrando a região, o bairro e os nomes de cada rua ou praça que você passou. Novamente, lembro que não se trata de ficção Matrix ou texto de auto-ajuda. Os avanços em Pesquisa e Desenvolvimento nessa área já movimentam bilhões de dólares em todo o mundo. Isso só está sendo possível pela introdução de um conjunto de tecnologias biomédicas que utilizam a micro e a nanotecnologia, a moderna engenharia de materiais têxteis e as avançadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Esse conjunto de “ferramentas” poderá em algum tempo nos alertar dos problemas com antecedência e talvez evitar, por exemplo, cerca 40% dos casos de óbitos por lesões coronárias. A idéia de empregar sensores na área médica não é nova e a própria introdução do marcapasso foi um grande salto na direção de utilizar dispositivos

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Divulgação

sensoriais capazes de prever problemas de Saúde e prover ações que os neutralizassem. Hoje o desafio tecnológico está focado na confiabilidade, na precisão e na “responsabilidade” dos sensores em captar as informações com segurança. Para isso as tecnologias biomédicas, as amplas possibilidades de miniaturização dos sensores, a capacidade crescente dos sistemas de telemetria sem fio (wireless telemetric) e a nanotecnologia têm dado uma grande ajuda, tornando os sensores cada vez mais uma realidade. Exemplos desse avanço não faltam. Já existem à disposição do mercado consumidor dispositivos sensoriais e equipamentos portáteis de grande importância, tais como os dispositivos de transferência telefônica da pressão sanguínea do usuário (BP-Tel), ou do controle de seu peso (Weight-Tel) ou mesmo com relação aos níveis de glicose no sangue (Blood GlucoseMeter). Os jogadores de baseball do Boston Red Sox estão usando nos treinamentos um pedômetro pequeno (intelligent pedometer), sem fios, chamado o ActiPed. Não é um pedômetro qualquer, mas um sensor-monitor que controla a atividade do atleta com precisão, aferindo quantas calorias ele queima, qual a distância percorrida nos treinamentos e vários outros itens importantes na preparação da equipe. O sensor, acoplado ao tênis do atleta, transmite automaticamente todas as métricas ao notebook do preparador físico. O sistema ActiHealth, que gerencia o pedômetro, recebe os dados e provê informações ao responsável do time sobre a atividade física, peso, gordura no corpo, pressão sangüínea, batimento cardíaco e glicose no sangue, a qualquer hora e em qualquer lugar. Mas talvez o caso mais fantástico seja um sensor desenvolvido com o auxílio da nanoteconologia que vem sendo estudado pela Harvard University. Trata-se de um minúsculo componente, menor do que a largura de um cabelo humano e conhecido pelo nome de nanowire. O “bichinho” é 1000 vezes mais sensível do que os testes convencionais de DNA e é capaz de produzir os mesmos resultados em minutos. Nos estudos preliminares, em laboratório, o novo sensor mostrou que tem potencial para detectar com muito mais eficiência, por exemplo, o gene do “fibrosis cystic”. Esse gene é responsável por uma doença genética fatal, comum entre os povos de origem européia. “Esse minúsculo sensor deverá representar uma nova Era para o diagnóstico médico,” diz Charles M. Lieber, Ph.D., professor de Química de Harvard e um dos cientistas que estudam o nanowire. É assombroso pensar que você poderá entrar num consultório médico, retirar uma gota de sangue do dedo

Guilherme S. Hummel é autor do livro “eHealth – O Iluminismo Digital chega a Saúde” www. ehealth-summit.com e em minutos ouvir do médico o diagnóstico relativo a um vírus fatal, de alto impacto na geração de uma doença genética. Os responsáveis pelo projeto informam que o nanowire pode distinguir com precisão dois tipos de fragmentos de um gene, mesmo ocorrendo em níveis baixíssimos, o que jamais um teste convencional de DNA poderia detectar. Mais que isso, o nanosensor não necessita de técnicas sofisticadas e de alto custo, ao contrário dos testes convencionais. Há milhares de anos nossos antepassados além de comida e abrigo, precisavam de roupas para proteger o corpo das intempéries do clima. Há mais ou menos seis mil anos o homem começou a substituir a pele dos animais, que era a única forma de “tecido” capaz de gerar roupas, por mercadorias fabricadas com tecidos feitos manualmente pelos teares e depois pelas primeiras roupas desenvolvidas de forma industrial. As roupas foram protegendo o corpo, apropriando várias tecnologias e atributos estéticos. Transformaram-se em nossa segunda pele. Existe um velho pensamento chinês mostrando “que a vida humana pode ser resumida em três fatos importantes: nascer, viver e morrer. Mas o homem não se sente nascer, sofre ao morrer e se esquece de viver”. Os sensores e os biosensores estão chegando para nos ajudar a lembrar, dia e noite e onde quer que estejamos sobre a importância de viver. Eles estarão sempre atentos, caso nossa ignorância amordace nossa memória. Abril 2007

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INDÚSTRIA

POUCO MARKETING =

MENOS NEGÓCIOS

Indústria brasileira perde negócios em mercados árabes. Falta de informação e campanha promocional sobre produtos impedem crescimento comercial entre as duas regiões Por Gabriel Pizzo Ottoboni gabriel@healthcarebrazil.com.br O Brasil está perdendo oportunidades em mercados árabes por falta de investimento em marketing promocional e programas de relacionamento. A opinião é do diretor de Projetos da Feira Arab Health, Simon Page, que considera necessária uma ênfase maior na divulgação de informações sobre a produção brasileira, através de campanhas promocionais para a abertura de novas possibilidades de negócios entre as duas regiões. “Outra forma é que fossem convidadas as delegações do Oriente Médio para visitar as indústrias brasileiras”. Segundo Page, a região obteve nos últimos três anos injeção maciça de investimentos oriundos dos setores pú70

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blico e privado. Um dos motivos é a economia, que permanece estável devido ao preço do petróleo assim como a moeda, ligada ao dólar, que juntos somam um atrativo a mais para a instalação de hospitais e companhias. Isso atraiu nomes de peso como os americanos Moorefield´s eye Hospital, Harvad Medical e Mayo Clinic, só para citar alguns exemplos dos investimentos estrangeiros no país. Mais de 90% dos produtos das áreas médicas e farmacêuticas utilizados em alguns países são importados. A participação da indústria brasileira na Arab Health 2007 gerou receita superior a US$ 1 milhão, em quatro dias. O saldo foi divulgado pela ABIMO (Associação Bra-

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sileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios), que acredita que o número pode saltar para até US$ 12 milhões em contratos de exportação nos próximos 12 meses, como resultado da participação de 34 companhias brasileiras no evento. Entre 2001 e 2005, as vendas externas do setor cresceram 112%. Atualmente, a América Latina chega a representar até 50% das exportações brasileiras, contra 20 a 30% para países árabes. Nesse último caso, porém, problemas de logística (transporte e frete) encarecem os produtos. Mas os números são tímidos se comparados aos Estados Unidos, Alemanha, Japão e os emergentes China e Índia. Um dos fatores que favorecem a entrada desses países em solo árabe é a economia e, no caso dos dois últimos, a mão-de-obra acessível e o alto custo-benefício para os fabricantes. Segundo Page, uma das áreas mais atrativas para novos entrantes é a indústria de tecnologia da informação para a saúde. “É bom para nós por que geralmente a tecnologia é limitada e, como não são muitos os hospitais antigos, a última infra-estrutura de TI foi incluída quando eles foram construídos”.

Exigência de certificação E a evolução das exportações aumentou também os investimentos em certificações de produtos. O setor saltou de 4.873 produtos certificados em 2003 para 38.828 em 2005, em um grande esforço público-privado de inserção em mercados com alto potencial de compra. No ano passado, o aporte de recursos para a obtenção de certificações chegou a aproximadamente R$ 200 milhões. E o investimento faz sentido. A preocupação com produtos relacionados com a saúde é tanta que os países do GCC, composto por Emirados Árabes, Catar, Arábia Saudita, Omã, Estado de Barém e Kuwait centralizam suas compras nos mercados norte-americano e europeu devido aos padrões internacionais de qualidade. A apreensão da comunidade internacional com certificações e adequações

WOC"FCU"ıTGCU"OCKU"CVTCVK/ XCU"RCTC"PQXQU"GPVTCPVGU"PQ" OGTECFQ"ıTCDG"Ö"C"KPFðUVTKC" FG"VGEPQNQIKC"FC"KPHQTOCÑ’Q" RCTC"C"UCðFG de produtos é tanta que parte dos R$ 20 milhões empregados no novo projeto entre a ABIMO e a APEX (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos) serão empregados nesse aspecto, além de ações de capacitação empresarial e missões internacionais em Cingapura, Peru, Venezuela, Panamá, Egito e Estados Unidos, assim como no Leste Europeu, África e Oriente, com Polônia e Turquia como países-chave para a entrada nessas regiões com grande potencial comprador. “O esforço para conquistar novas fronteiras está permitindo ao Brasil exportar hoje mais para países em desenvolvimento do que para países desenvolvidos”, argumenta Hely Audrey Maestrello, diretor executivo da Abimo. “Temos qualidade diferenciada e preços competitivos”, garante Juan Quirós, presidente da Apex. “Há também a recente abertura dos mercados no leste europeu e a necessidade de produtos importados, que surge como boa opção para o país”. Estão programadas onze feiras internacionais, confecção de materiais promocionais e a realização do chamado Projeto Comprador, que é a vinda de importadores ao Brasil, além da produção de estudos de mercado. “Aumentar a capacidade de negócios inclui duas vertentes: pé na estrada e qualidade” argumenta o presidente em exercício da Abimo, Djalma Rodrigues. “O mercado externo é mais exigente por normas de qualificação. Temos que aumentar as qualificações e preparar novos produtos”. Segundo Rodrigues, cabe ainda ao Governo contribuir com as empresas brasileiras investindo na compra de novos equipamentos para os hospitais nacionais.

O dragão vermelho e a burocracia Os empresários são unânimes em afirmar: os principais obstáculos para o desenvolvimento da indústria médico-hospitalar brasileira passam pela alta burocracia envolvendo os negócios e a China, economia que cresce ao nível impressionante de 10% ao ano. Abril 2007

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INDÚSTRIA Divulgação

va brasileira em percentuais que variam entre 12 e 25%. Segundo a Apex, no modal aéreo, a Infraero dispôs de R$ 470 milhões em 2005 para investimento em obras e reformas de terminais aeroportuários de passageiros e de cargas. Já a linha ferroviária recebeu em 2005 investimentos que ultrapassaram R$ 2,1 bilhões. “Somado a isso, temos o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) lançado recentemente pelo presidente que prevê investimentos de R$ 503,9 bilhões até 2010 em infra-estrutura em estradas, portos, aeroportos, energia, habitação e saneamento”. O plano, no entanto, ainda não foi bem recebido por economistas. A Apex-Brasil está investindo na instalação de Centros de Distribuição de produtos brasileiros em países estratégicos com o objetivo de agilizar a entrega de produtos ao comprador e reduzir a distância entre o produto brasileiro e o consumidor. O setor de equipamentos de saúde partiu de US$ 195 milhões de exportações em 2003 para US$ 400 milhões em 2006, com destaque para equipamentos odontológicos, implantes de silicone, equipamento neonatal, implantes odontológicos e ortopédicos, bisturis elétricos e os de consumo instrumental. Mas um dos grandes empecilhos para as exportações brasileiras pode ser a China e a Índia. A densidade demográfica desses países favorece a produção em Simon Page, diretor de Projetos da Feira Arab Health grande escala principalmente pela quantidade de mãode-obra disponível, o que resulta em vantagem competitiva. “Mas, no Brasil, o setor tem buscado minimizar O excesso de burocracia e a alta carga tributáa ação desses dois concorrentes investindo em novas ria tornam o país menos competitivo. “Esses gargalos tecnologias a partir da fabricação de produtos diferennão chegam a ser um empecilho para as exportações ciados. Isso significa que o Brasil deve se posicionar no das micro, pequenas e médias empresas”, garante o mercado pela qualidade e tecnologia, aliadas ao bom presidente da Apex, Juan Quirós. “Muitas vezes, a princusto/benefício”, analisa Quirós. cipal dificuldade é saber, de fato, para quem exportar, Estimativas apontam que em 3 ou 4 anos esses países como distribuir e promover seus produtos”, garante. podem ampliar a oferta, assim como tem acontecido na A associação se defende área de tecnologia da inforcom números. Uma pesquisa Q"UGVQT"FG"GSWKRCOGPVQU"FG" mação, com produtos com realizada pela CNI (Confedepreços mais acessíveis aos ração Nacional da Indústria) praticados pelo mercado. UCðFG"RCTVKW"FG"WU&"3;7"OK/ “Temos chances de buscar aponta que os principais entraves para a exportação são a bunichos de mercado e aposNJ÷GU"FG"GZRQTVCÑ÷GU"GO"4225" tar na demanda por produrocracia alfandegária e custos portuários. Especialistas avatos de qualidade, até porRCTC"WU&"622"OKNJ÷GU"4228 que estamos tratando com liam que os problemas logísticos oneram a estrutura produtia saúde das pessoas”.

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INDÚSTRIA

Santander Banespa fecha parceria com Mãe de Deus O Santander Banespa firmou convênio com a Associação dos Médicos do Hospital Mãe de Deus (AMEND), de Porto Alegre, para que pacientes possam utilizar crédito das redes Visa e Mastercard junto aos médicos sócios. Entre as vantagens, está a possibilidade do parcelamento em até 12 meses, sem qualquer taxa adicional. Todo médico sócio terá direito a usufruir o sistema, mas aqueles que são correntistas do Santander poderão ainda antecipar os valores recebíveis por meio de uma linha de crédito exclusiva. A estratégia visa facilitar a vida do paciente, que poderá financiar procedimentos muitas vezes não cobertos pelos planos de saúde. O sistema permite que se amplie o prazo de pagamento, ao mesmo tempo em que reduz o risco de inadimplência. O Santander Banespa conta com R$ 41,3 bilhões em fundos de investimentos e 7,4 milhões de clientes. Com uma rede de mais dois mil pontos-de-venda, entre agências e postos de atendimento, é o quarto maior banco privado do País em ativos e o primeiro banco estrangeiro. Na América Latina, o Grupo é a franquia bancária líder, administrando volumes de negócio de aproximadamente US$ 250 bilhões (créditos, depósitos e fundos de investimento e de pensão) por meio de 4,3 mil agências. Em 2006, o Santander obteve lucro líquido de US$ 2,86 bilhões na região, volume 29% superior ao apresentado em 2005.

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HOME DOCTOR MUDA SUPERINTENDÊNCIA O médico cirurgião Carlos Eduardo Lodovici Tavolari assumiu a Superintendência Geral da Home Doctor. Sua missão será implementar o planejamento estratégico da empresa junto aos colaboradores. Tavolari é especializado em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde pela Fundação Getúlio Vargas.

ABIMED TEM NOVA DIRETORIA A Associação Brasileira dos Importadores de Equipamentos, Produtos e Suprimentos Médico-Hospitalares (Abimed) passa a ser presidida, até o final de 2007, por Aurimar José Pinto (Johnson & Johnson). A nova diretoria também é composta pelo vice-presidente Abrão Luiz Melnik (Promedon), diretor-secretário Silvio Ferrari, da Baxter Hospitalar; pelo diretor financeiro Pedro Stern, da CAS Produtos Médicos e pelo diretor Ely Dabbah, da Dabasons.

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TRAKHEALTH ANUNCIA ESTRATÉGIA A TrakHealth, multinacional especializada em gestão da tecnologia da informação em sistemas de informações hospitalares e laboratórios clínicos, anunciou durante o Partner Focus 2007 - evento dirigido aos parceiros de negócios da companhia - sua nova estratégia de metodologia de serviços e de implantação de projetos, o Trak Implementation Methodology (TIM), baseado em técnicas de gestão de processos, mudanças e projetos. O TIM propõe implementações por fases, com resultados rápidos “quickwins”, utilização de templates e padrões, além da colaboração do cliente durante a implementação. A companhia está universalizando suas estratégias com foco na gestão de vendas e na administração de seus parceiros. Durante o evento, foram apresentados novos produtos da companhia e suas finalizações tecnológicas. Atualmente, a subsidiária brasileira é responsável por 20% do faturamento total do grupo e mantém um crescimento médio de 30% ao ano desde sua entrada no país, em 2002. Possui em sua cartela de clientes no país 45 Unidades de Atendimento à Saúde. A empresa espera fechar dez novos clientes este ano no Brasil.

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UP TO DATE HEARTSTART MRX DESFIBRILADOR A Philips possui a única tecnologia bifásica do mercado, SMART Biphasic, que recebeu por parte da American Heart Association declaração atestando sua eficiência e segurança nos tratamentos que utilizam desfibrilação de baixa energia. A família de desfibriladores e cardioversores HEARTSTART, (HEARTSTART FR2+, HEARTSTART XL e HEARTSTART MRx) permite rápido atendimento pediátrico e adulto em ambientes hospitalares e pré-hospitalares.

HI VISION™ 5500 O Sistema de Ultra-som Hi Vision, da Hitachi, é digital e leva a última geração da tecnologia de processamento de sinais, design sofisticado do transdutor e um grande número de características e opções que capacitam a representação gráfica através de toda extensão de situações clínicas. A arquitetura eletrônica do 5500 incorpora um circuito avançado de designs, otimizando a eficiência e funções. O resultado final é uma performance na qualidade da imagem e na operação do sistema. O dinâmico painel de controle iluminado da Hitachi usa uma iluminação de 3 estágios para fornecer um visual de retroação na operação do sistema.

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MULTI SLICE CT TOSHIBA Um detector agudíssimo de quantum é a base para todos os sistemas Multi Slice CT Toshiba. Segundo a empresa, os sistemas Aquilion revelam detalhes nas imagens que só é possível com uma tecnologia Quantum 0.5 mm. Suplementada com uma variada seleção das tecnologias SURE, o sistema Aquilion assegura a melhor performance em diagnóstico com uma menor dose de raios.

LED HEADLIGHTS Esse Fotóforo 3S LED possui iluminação coaxial, temperatura de cor referência de 6000°K, luz brilhante e branca e uma distância de trabalho de 250mm, proporcionando o dobro de luminosidade que outros padrões LED ou lâmpadas convencionais, 3W e alta potência com 20.000 horas de tempo de serviço, íris de regulagem contínua, foco de 20mm a 130mm (a uma distância de 500mm) reostato com indicador luminoso, sinal sonoro de desligamento e regulagem de luminosidade integrado. Montado sobre a cinta de cabeça, permite adaptação para microcâmeras ou lupas “HR” e “HRP”, cinta de cabeça regular L macia e transformador. O 3S LED HeadLights pesa somente 70 gramas e assegura conforto até durante um longo período de uso.

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NA ESTANTE

Gestão da Qualidade na Saúde: Princípios Básicos

Hospital - Acreditação e Gestão em Saúde

A Enfermagem na Gestão em Atenção Primária à Saúde

Autor: João Catarin Mezomo Editora: Manole Nº de páginas: 301

Autor: Renato C. Couto e Tânia Moreira Pedrosa Editora: Guanabara Nº de páginas: 392

Autores: Álvaro da S. Santos e Sônia de Miranda Editora: Manole Nº de páginas: 464

A administração dos serviços de saúde deve, igualmente, ser redesenhada para dar-lhe a eficácia necessária.Gestão da Qualidade: Princípios Básicos, tem seu conteúdo baseado em temas como a administração e a qualidade em saúde, focando os princípios básicos para que a melhoria dos serviços prestados pelos hospitais tenham subsídios para a busca da Qualidade Total.

Fundamento na experiência de seus autores e colaboradores, “Hospital - Acreditação e Gestão em Saúde” fornece ao leitor entendimento global do funcionamento de um hospital, as funções que devem estar presentes para sua sobrevivência, além de disponibilizar as ferramentas necessárias para que o gestor possa estruturar um sistema operacional viável que atenda as necessidades da sociedade, prestando um serviço de qualidade e que satisfaça seus clientes.

Esta obra busca contribuir para a compreensão sobre a gestão em Atenção Primária à Saúde (APS) e a inserção do enfermeiro nessa área. Considerando-se que, nas duas últimas décadas, a gestão em saúde teve de se remodelar, trazendo conhecimentos da administração geral, mas incluindo novos aspectos que tentam responder à diversidade de situações, grupos, necessidades e eventos da área de saúde.

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GUIA DE EMPRESAS A ABEC............................................................. Pág. 15 Site: www.abecbpf.com.br B BBraun.......................................................... Pág. 79 Site: www.bbraun.com.br C Celm.............................................................. Pág. 76 Site: www.celm.com.br Compugraf...................................................... Pág. 81 Site: www.compugraf.com.br Cristália........................................................ 2° Capa Site: www.cristalia.com.br D Dräger........................................................... 3° Capa Site: www.drager.com.br F Fiat................................................................ 4ª Capa Site: www.fiat.com.br

LS Coelho.................................................... Pág. 78 Email: coelhoinstcir@gmail.com M Madis Rodbel............................................... Pág. 17 Site: www.madisrodbel.com.br MedPej.......................................................... Pág. 77 Site: www.medpej.com.br Melhoramentos........................................... Pág. 19 Site: www.melhoramentos.com.br/papeis Microem....................................................... Pág. 75 Site: www.microem.com.br Missner......................................................... Pág. 61 Site: www.missner.com.br N Nec do Brasil............................................... Pág. 60 Site: www.nec.com.br P Plusoft.......................................................... Pág. 41 Site: www.plusoft.com.br

G GE.................................................................... Pág. 21 Site: www.geultrasound.com

Pró-Saúde.................................................... Pág. 11 Site: www.prosaude.org.br

Grupo Mídia................................................... Pág. 4 Site: www.healthcarebrazil.com.br

R Roche........................................................... Pág. 43 Site: www.roche.com.br

H H.Strattner................................................... Pág. 28 Site: www.strattner.com.br L Linde Gás..................................................... Pág. 35 Site: www.linde-gastherapeutics.com.br

S Sercon.......................................................... Pág. 73 Site: www.sercon.ind.br W WEM............................................................. Pág. 74 Site: www.wem.com.br

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INSIDE

LULA, A DAMA DE FERRO E O NOVO MINISTRO DA SAÚDE

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Qual a solução que causaria maior impacto na sua unidade de Cuidados Críticos?

33%

Reduza o tempo de entubação em até

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com o protocolo de desmame automático do software SmartCareTM da Dräger Medical. Não é apenas uma possibilidade, é uma realidade. Pense no que isso significa para seus pacientes, para sua produtividade e para melhoria no fluxo de trabalho. Esse é apenas um dos aspectos das nossas Soluções CareAreaTM para Critical Care e para todos os processos envolvidos no cuidado ao paciente. Para saber mais sobre como nossas soluções integradas podem impactar todo o processo clínico, acesse www.draeger-medical.com

*F. Lellouche e outros, Intensive Care Medicine 2004, Vol. 30, Suplemento 1, 254:P69.

Emergency Care • Perioperative Care • Critical Care • Perinatal Care • Home Care

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