Revista Latitude - 2

Page 1

Latitude

Latitude Hangar

ano 1 • nº 2 • fevereiro de 2008

01º23’05”S

ano 1 • número 2 fevereiro de 2008

capa_hangar1.indd 1

23/2/2008 D044 17:20:16


delta

capa_hangar1.indd 2

23/2/2008 D044 17:20:40


revista_hangarboneca1.indd 3

23/2/2008 D044 18:42:54


índice

Vista aérea da orla de Belém foto/photo: João Ramid

entrevista

10

interview

Ricardo Young, do Instituto Ethos, fala de responsabilidade ambiental Ricardo Young of the Ethos Institute speaks on environmental responsibility

turismo

48

tourism

A paz e o aconchego dos hotéis-fazenda em roteiros especiais de ecoturismo Peace and coziness of farm-hotels in special ecotourism circuits

editorial cenário meio ambiente artigo moda

05 06 14 16 28

editorial scenario environment article fashion

roteiro

18

itinerary

Dez lugares em Belém para apreciar a vista para o rio Ten spots with a view of the river to enjoy Belém

cultura

56

culture

A vez do samba e do choro na capital paraense Samba and choro in Belém

negócios crônica ponto de vista economia institucional

38 60 62 68 70

business cronicle point of view economy institutional

ensaio

30

essay

Como o açaí saiu da floresta para conquistar os paladares do mundo How açaí has gone from the rainforest to conquer tastes around the world

culinária

64

cuisine

O chef Paulo Martins e o regional reinventado Chef Paulo Martins reinventing regional cuisine

por dentro localize-se porta-retrato artigo eventos

72 74 75 84 85

inside map snapshot article events

04

revista_hangarboneca1.indd 4

23/2/2008 D044 18:43:11


expediente

Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia Av. Dr. Freitas, S/N. Belém • Pará • Brasil. CEP: 66613-902 Telefones: (91) 3344-0100, 3344-0101 e 3344-0102 imprensa@hangarcentrodeconvencoes.com.br www.hangarcentrodeconvencoes.com.br Diretora-presidente President Joana Pessoa Diretora geral Débora Amoras Diretor administrativo-financeiro Finance-administration Director Cornélio Rath Diretor operacional Operations manager Luiz Carlos Moraes Assessora de comunicação Communications Advisor Esperança Bessa Conselho administrativo do Hangar Management Board Roberto Ferreira (presidente); Edilson Moura (Secretaria de Estado de Cultura - Secult); Ann Pontes (Empresa Paraense de Turismo - Paratur); Hildegardo Nunes (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae); Orlando Rodrigues (Belém Convention & Visitors Bureau); Anazilda Sequeira, Jarbas Vasconcelos, Altair Vieira, Thaís Montenegro e Ruy Martini (conselheiros)

e d i t o r i a l / e d i t o r ’s l e t t e r

O Hangar entrou em 2008 com o pé direito, ultrapassando até as nossas expectativas mais otimistas. Reunimos cerca de um milhão de pessoas nos mais de 150 eventos realizados, movimentando R$ 30 milhões e fomos o mais jovem centro de convenções a ganhar o Prêmio Caio, considerado o “Oscar dos Eventos”, quando tínhamos apenas sete meses de funcionamento. Isso mostra que estamos indo no caminho certo. Com muito empenho e dedicação, este espaço acabou se consolidando como referência na realização de eventos na Amazônia, o que traz conseqüências muito positivas para toda a economia do Estado. Não é à toa que o empresariado local está se movimentando, novos hotéis são construídos e os profissionais ligados ao setor estão se especializando, todos unidos com um só objetivo: aprimorar a nossa real vocação para o turismo de eventos e negócios. As perspectivas para o futuro são ainda melhores. Em maio completaremos um ano, com a agenda cheia de eventos nacionais e internacionais, e o maior beneficiado é o povo paraense, já que isso reflete em emprego, renda, divisas e impulsiona o crescimento. Joana Pessoa Presidente do Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia

Agência responsável/Agency Double M Edição/Editing Publicarte Editora Editor-chefe/Chief Editor Fabrício de Paula Editora/Publisher Aline Monteiro Editores assistentes/Assistant Editors Elvis Rocha e Esperança Bessa

Editorial The Hangar made a fresh start into 2008 with the right foot by exceeding even our most optimistic expectations. We congregated about

Produção editorial/Production Juliana Oliveira, Elianna Homobono, Guilherme Guerreiro Neto, Nerusa Palheta e Suelem Lobão

one million people in over 150 events that were held in 2007, with a

Edição de arte/Art Editors André Loreto e Fabrício de Paula

center to have won the Caio Prize, which is considered the ‘Oscar of

Design Gil Yonezawa e Leandro Bender Fotos/Photos Diana Figueroa, Ely Pamplona, Jaime Souzza, João Ramid Nailana Thiely, Renato Chalu, Miguel Chikaoka

turnover of more than R$30 million. We were the newest conventions Events’, when the Hangar had only 7 months of operations. This demonstrates that we are going in the right way. Through endeavor and dedication, this center became a reference for holding events in the Amazon, bringing out very positive conse-

Textos/Texts Aline Monteiro, Anna Carla Ribeiro, Bob Menezes, Caco Ishak, Carlos Henrique Gondim, Carolina Menezes, Elianna Homobono, Esperança Bessa, Guilherme Guerreiro Neto, Irna Cavalcante, Ismael Machado, Juliana Oliveira, Leandro Moreira, Maurílio Monteiro, Suelem Lobão e Zildinha Sequeira

quences for the entire economy of the State. Local entrepreneurs are

Revisão/Revision José Rangel

events and businesses.

Versão em Inglês/English Version Márcio Valle Robert Finnegan

first anniversary with an agenda filled with national and international

Comercial/Commercial Department Cristiane Chisté Rua João Balbi, 167 – 3º andar comercial@editorapublicarte.com.br F: (91) 4005.6868 Impressão/Printing Gráfica Delta

working harder, new hotels are being built and the professionals working in this field have become more specialized; everyone is united towards a single goal: enhancing our real vocation for the tourism of The perspectives are even better. In May we will celebrate our very events. The people of Pará are to benefit the most, since this reflects in employment, income, funding, and fosters growth. Joana Pessoa President of Hangar Conventions and Fair Center of the Amazon

Tiragem: 5.000 exemplares (5,000 copies)

05

revista_hangarboneca1.indd 5

23/2/2008 D044 18:43:53


cenário / scenario

Delícias caseiras Escondida entre as ruelas e casas antigas da Cidade Velha (o primeiro bairro de Belém), a Portinha é uma charmosa lanchonete que serve quitutes originais, com ingredientes como jambu, lingüiça defumada, palmito e pupunha, e que funciona, literalmente, numa portinha. O empreendimento surgiu depois que os salgados produzidos por Manuel Júnior e Cezar Oliveira para lanchonetes e cafés locais caíram no gosto do público, e foi instalado no antigo ponto de venda de açaí da família. Destaque para o pão “Portinha”, feito com massa caseira, palmito, presunto de peru e jambu. Mas é o folhado de pupunha com lingüiça defumada o item mais procurado. Além dos salgados, a Portinha serve pratos típicos como maniçoba e tacacá, e especialidades da casa: camusquim de camarão com queijo cuia, lasanha de frango com manjericão e queijo cuia, risoto de frango no tucupi com jambu, e sopa de caranguejo com ovo de codorna e jambu. Na Rua Doutor Malcher, 463, entre Pedro Albuquerque e Gurupá, Cidade Velha. Funciona de quinta a domingo, das 17 às 22 horas.

Home-cooked delights Snuggled amid the narrow streets and old manors of the Old City (Belém’s oldest neighborhood) is Portinha1. It is a charming little place that serves a series of very original tidbits with ingredients such as jambu2, smoked spicy sausage, heart of palm and peach palm, and that operates, literally, out of a small door. The snackbar opened after the appetizers that Manuel Júnior and Cezar Oliveira made for local cafés and snackbars became popular, and is located where the family already had a point of sale for açaí3. One of the specialties you can find there is their ‘Portinha bread’, made with homemade dough, palm heart, turkey ham and jambu. Their peach palm phyllo rolls with smoked spicy sausage, though, is the most sought after item. In addition to appetizers, Portinha also serves typical dishes such as maniçoba4 and tacacá5 as well as the house specials: shrimp camusquim with Edam cheese, chicken lasagna with basil and Edam cheese, chicken risotto in tucupi6 sauce with jambu, and crab soup with quail eggs and jambu. Address: Doutor Malcher Street, 463, between Pedro Albuquerque and Gurupá, Old City. Open from Thursday to Sunday, 5 p.m. to 10 p.m. 1 - ‘Portinha’ in Portuguese means ‘Little Door’ 2 - Spilanthes oleracea, leaves and flowers make your tongue tingle. 3 - Euterpe oleracea; a palm berry used to make a nutritious juice. 4 - Stew made of specially prepared and ground manioc leaves with pork and beef, smoked pork, lard, sausage, tripes, pig ears, ribs, etc. 5 - A type of soup served in a small half-gourd bowl, with tucupi sauce, tangy jambu leaves, shrimp, tapioca starch and hot pepper. 6 - A savory yellowish broth prepared from the manioc root.

Descolado Restaurante, pub e boate, o Barcelona Prime virou point em Belém. O bar e restaurante têm lounge refrigerado e área aberta. Com serviço da Estação Gourmet, o restaurante abre de terça a domingo para almoço (buffet por quilo) e jantar (à la carte). A partir de quarta, as noites no pub são animadas por bandas de pop rock. Na boate, os dias quentes são sexta, sábado e vésperas de feriado. Na Avenida Senador Lemos, 175, esquina com a travessa Almirante Wandenkolk. Fone: (91) 3229-9520

Lively Restaurant, pub and nightclub, Barcelona Prime has become a favorite spot in Belém. The bar and restaurant have both an air-conditioned lounge and an open-air area. With service from Estação Gourmet, the restaurant is open from Tuesday to Sunday for lunch (buffet) and dinner (from the menu). Starting on Thursday, pop rock bands liven up the club at night. The best nights at the nightclub are Friday, Saturday and on the eves of holidays. Address: Senador Lemos Avenue, 175, corner with Almirante Wandenkolk Street. Phone: +55 (91) 3229-9520

Foto: divulgação

06

revista_hangarboneca1.indd 6

23/2/2008 D044 18:44:05


Fotos: Aurimar Araújo

S o n s d a Amazônia A rabeca é um tipo de violino rústico usado na Marujada – manifestação cultural do município de Bragança – durante a Festa de São Benedito, padroeiro local. Para fortalecer e manter essa identidade cultural, o Instituto de Artes do Pará (IAP), por meio do projeto “Tocando a Memória – Rabeca”, vem capacitando novos luthieres (artesãos especializados na construção de instrumentos musicais) na região. Desde então, Bragança já possui diversos músicos que, por meio das oficinas ministradas - aulas práticas, de partitura e ainda de produção manual do instrumento –, formaram há dois anos a “Orquestra Rabecas da Amazônia”, hoje com 38 integrantes. O sucesso do projeto culminou na criação da Associação Bragantina de Música (ABM). Hoje, mais de 100 alunos podem estudar diversos tipos de instrumentos musicais como flauta doce, viola clássica, violoncelo, e, claro, a rabeca. O desenrolar das atividades da associação deu tão certo que o Rabecas da Amazônia ganhou em dezembro passado o terceiro lugar no “Prêmio Cultura Viva 2007”, promovido pelo Ministério da Cultura, na categoria Organização da Sociedade Civil. Quem quiser saber mais sobre o trabalho da associação e da orquestra, pode contactá-las pelos telefones (91) 3425-1459 ou (91) 8141-7264.

Sounds of Amazonia The rabeca is a type of very simple fiddle used in the Marujada – a cultural manifestation from the municipality of Bragança – during the Festivity of Saint Benedict, the local patron saint. In an effort to maintain and promote cultural identity, the Pará Art Institute (IAP) has set up the “Playing from Memory – Rabeca” project, training new luthiers (craftsmen specialized in making musical instruments) in the region. Ever since, a number of musicians in Bragança have taken part in workshops – practical lessons, sheet music reading and handcrafting the instruments themselves – and two years ago formed the “Rabeca Orchestra of Amazonia”, currently with 38 musicians. The project was so successful it resulted in the establishment of the Bragantine Music Association (ABM). There are currently over 100 people studying different musical instruments such as the flute, classic viola, violoncello and, of course, the rabeca. The Association’s activities are becoming so successful that in December, Rabecas of Amazonia won third place at the “Cultura Viva 2007 Awards”, promoted by the Ministry of Culture, in the category of Civil Society Organization. If you’d like to know more about the association’s activities and the orchestra, contact them by phone: +55 (91) 3425-1459 or +55 (91) 8141-7264.

Belém em jóias Ao imprimir a beleza da cidade de Belém em quadros, bolsas e agora também em jóias, Celeste Heitmann, artista plástica portuguesa radicada em Belém, vem conquistando um público seleto e exigente no Brasil e exterior. Aos olhos dela, a beleza da cidade está nas mangueiras, no açaí, no Ver-o-Peso, em Nossa Senhora de Nazaré. O toque sofisticado do traço da artista é somado à riqueza de pigmentos e gemas extraídos dos minerais paraenses, dando cores sutis às peças exclusivas. Em janeiro último, Celeste apresentou no Fashion Rio sua mais recente coleção, inspirada em signos marajoaras. Ela já trabalha em novas peças, que trarão a borboleta como elemento principal. Para conhecer mais do trabalho da artista, acesse www.celesteheitmann.com.

Belém in jewelry A select and discriminating public in Brazil and abroad have been admiring the work of Celeste Heitman, a Portuguese artist living in Belém, who depicts the beauty of the city of Belém in paintings, handbags and now even in jewelry. Through her eyes, the beauty of the city is in its mango trees, açaí, Ver-o-Peso and Our Lady of Nazareth. The artist’s signature sophisticated touch, together with the richness of the pigments and gems taken from mines in Pará, provide subtle shades to her exclusive pieces. In January, Celeste presented her latest collection at Fashion Rio, inspired by Marajó-style designs. She is already working on new pieces, using the butterfly as their main element. To find out more about the artist’s work, visit www.celesteheitmann.com. 07

revista_hangarboneca1.indd 7

23/2/2008 D044 18:44:25


cenário / scenario

Feito à mão Para sair de Belém com presentes que guardam memórias inesquecíveis da cidade – e ainda se diferenciam das outras lojas de suvenires – , não deixe de visitar o Bazar BR. Especializada em artesanato, a loja reúne artigos regionais, nacionais e internacionais. São produtos fabricados com diversos tipos de materiais, indo de objetos pessoais, como as biojóias, a artigos de decoração. Em todos eles, a idéia é uma só: retratar a diversidade cultural do país, da região amazônica e do mundo. Abre de segunda a sexta-feira, das 10 às 13 horas. Na Travessa Benjamin Constant, 1.122, lojas 3 e 4. Fone: (91) 3230-2444.

Handmade If you want to buy some gift from Belém remindful of this unforgettable city and that is different from what you find in the run-of-themill souvenir stores, don’t miss Bazar BR. It’s a shop specialized in handicraft, with regional, national and international items. The pieces are made from a variety of materials, and range from personal objects, such as biojewelry, to home decorations. All of the items have a single idea behind them: depict the cultural diversity of Brazil and of Amazonia. Open from Monday to Friday, 10 a.m. to 1 p.m. Address: Travessa Benjamin Constant, 1.122, shops 3 & 4. Phone: +55 (91) 3230-2444.

Pizza ardidinha Quem visita a capital paraense não pode deixar de experimentar a pizza de jambu, excelente combinação da folha regional com a massa fina e crocante italiana. Com queijo bem derretido, alho, uma pitada de molho de pimenta amarela e azeite, é de subir ao céu. O pioneiro na combinação foi o Café Imaginário (Trav. Quintino, próximo à Boaventura. F.: 91-3230.5235), que fez da pizza sua especialidade, junto ao jazz e MPB ao vivo. No Xícara da Silva (Av. Visconde de Souza Franco, 978-A, próximo à Boaventura. F.: 91-3241-0167), o recheio ganhou camarões rosa.

Spicy pizza If you’re visiting the capital of Pará, you have to try the jambu pizza, an excellent combination of regional herbs on a thin-crusted Italian-style pizza. Thoroughly melted cheese, garlic and a pinch of tabasco and olive oil makes it a heavenly dish. The pioneer

Xícara da Silva (Av. Visconde de Souza Franco, 978-A, near Boaventura. Ph.: 55-91-32410167), they’ve added pink shrimp filling.

Foto: divu

3230-5235), which made this pizza its specialty, along with live jazz and MPB music. At

lgação

with this combination was Café Imaginário (Trav. Quintino, near Boaventura. Ph.: 55-91-

Pizza, jambu e jazz no Imaginário

08

revista_hangarboneca1.indd 8

23/2/2008 D044 18:44:58


Sutil diferença

SUBTLE DIFFERENCE

kind of project he was trying to develop. Hence the name of the group, Suposto Projeto (the Alleged Project), a subtle bit of irony from the guitarist. Subtle irony, it should be said, is a personality trait of his, a perfectionist who is part of the generation that is causing a renewal on the Pará music scene. Mixing just about everything and anything he found that was

texto / text: Ismael Machado foto / photo: Renato Reis

Quando Pio Lobato começou a fazer experimentos sonoros paralelos ao de sua banda principal, a Cravo Carbono, as pessoas perguntavam sobre o projeto que ele estaria desenvolvendo. Daí nasceu o nome do grupo, Suposto Projeto, uma sutil ironia do guitarrista. Sutis ironias que, aliás, são características da personalidade dele, um perfeccionista que faz parte de uma geração que renovou a música paraense. Misturando tudo o que encontra pela frente e que lhe agrada, Pio é, de certa forma, responsável pelo renascimento do interesse dos ouvidos “bem educados” pela guitarrada, um gênero de música de salão que antes era restrito aos locais, digamos, não muito recomendáveis a moças de boa família. Depois de “Café”, primeiro disco solo – artesanal, é verdade –, ele voltou a reunir parte da banda (o baixista Guilherme e o baterista Vovô) para gravar onze composições instrumentais que são um passeio pelo universo sonoro de uma Belém antiga e atual. Nas mãos do guitarrista (que acaba de ser

When Pio Lobato began experimenting with sounds different from those of his main band, Cravo Carbono, people asked him about what

pleasing to the ear, Pio is, in a certain sense, responsible for the re-

incluído, assim como a Cravo Carbono, na coletânea “O Novo Rock do Brasil” lançada pela revista francesa Brazuca), o desvalorizado tecnobrega ganha roupagem charmosa, a guitarrada encontra um discípulo atento e o pop rock torna-se artigo de luxo. “Esboço”, o mais recente resultado dessas elucubrações sonoras de Pio – que encantaram desde o cineasta Cacá Diegues, que inseriu uma composição do músico em “Deus é Brasileiro”, a produtores como Carlos Eduardo Miranda – é um achado. O ouvinte desavisado vai ter dificuldade em escolher qual prateleira colocá-lo: rock, jazz, MPB, brega, world music. No fundo, isso é o que menos importa. A música, como costuma repetir Pio Lobato, é que ganha todas as reverências. No trabalho dele, ela é tratada assim. O disco solo pode ser encomendado pelo email piolobato@gmail.com. Já a coletânea da Brazuca está disponível para download gratuito no site www.magazinebrazuca.blogspot.com.

born interest in ‘educated’ listening to the ‘guitarrada’ (a guitar solo to lambada, choro and other regional rhythms), a dance music genre that was heretofore restricted to places where, shall we say, good girls weren’t supposed to go. After “Café”, his first solo album – done somewhat rustically, it’s true, - Pio went back and brought in half of the members of Cravo Carbono (bass player Guilherme and drummer Vovô) to record eleven instrumental compositions that are a musical journey through Belém past and present. The guitar player has brought new life and charm to little known ‘techno-brega’, ‘guitarrada’ has found in him an ardent disciple, and pop rock has gained popularity with the upper class. “Esboço”, the most recent album of Pio’s experiments in sound – has been acclaimed by people such as filmmaker Cacá Diegues, who included one of Pio’s compositions in the soundtrack of the movie “Deus é Brasileiro” (“God is Brazilian”), and producers like Carlos Eduardo Miranda – he is now a discovered talent. Listeners caught unawares will find it hard to know how to classify it: rock, jazz, MPB, brega, world music. In the end, that’s not what is important. The music, as Pio Lobato often says, is the one that deserves the applause. He treats music with the respect it deserves. You can order his album by writing to: piolobato@gmail.com.

09

revista_hangarboneca1.indd 9

23/2/2008 D044 18:45:24


entrevista / interview

Responsabilidade pelo futuro do

RESPONSIBILITY for the future of the planet texto / text: Esperança Bessa foto / photo: Jaime Souzza

PLANETA

lidade e, entre os que conhecem o termo, quantos têm levado isso para dentro de suas empresas. De 56% a 60% tinham o conceito bem desenvolvido, mas apenas 33% adotavam de fato. Isso mostra que existe um descompasso entre a percepção da necessidade e uma ação transformadora mesmo. Estamos vivendo um período de transição, onde a conscientização é presente, mas ainda não atingiu a massa crítica como deveria. Enquanto isso demora a chegar, a empresa que polui, por exemplo, o ar no Sul do país, não sabe que está causando um mal que se estende até a Amazônia... É imperativo ter essa consciência de que no meio da Amazônia há reflexos do que é feito no mundo todo. A floresta já começa a ter sua sintonia fina alterada por mudanças climáticas e é preciso encontrar uma solução a ser operada em curto prazo para resolver isso. Não temos muito tempo.

Amazônia, que por tantos anos foi conhecida como o “pulmão do mundo”, tem hoje muito mais responsabilidades a cumprir em prol da humanidade. A ela é aplicada a imagem de símbolo das mudanças na maneira como o homem se relaciona com a natureza, desafiado a produzir um desenvolvimento sustentável e, por conseguinte, tirar riqueza da floresta em pé. Mas também é nela que se sente de forma mais intensa as conseqüências da irresponsabilidade humana. Nesse sentido, desenvolvimento sustentável virou sinônimo de responsabilidade ambiental. Empresa antenada com o futuro é aquela que está de olho no cuidado com a natureza e não só com o lucro advindo da exploração dela. Com isso, ganha a fauna, a flora e a própria sociedade, que poderá ter pela frente um futuro garantido em um planeta habitável. Mas essa matemática, que gera renda sem exploração intensiva, ainda é difícil de ser compreendida por muitos. Ter responsabilidade ambiental no Brasil significa, em grande parte, cuidar da Amazônia diretamente ou do que é feito à distância, mas com efeitos sentidos na floresta (como o aquecimento global, por exemplo).

Este foi um dos temas do Fórum Amazônia Sustentável, realizado no mês de novembro de 2007 no Hangar Centro de Convenções e Feiras da Amazônia e que reuniu, entre outras entidades, o Instituto Ethos, referência no Terceiro Setor por disseminar Brasil afora o conceito de responsabilidade social, e que em breve deverá acrescentar a responsabilidade ambiental a seu nome, já que para o presidente Ricardo Young, esses são dois conceitos indissociáveis. Ricardo Young participou do evento e falou à Latitude com entusiasmo, sobre o seu otimismo em relação ao futuro do planeta, que para ele se inicia exatamente no desenvolvimento sustentável nascido da responsabilidade ambiental. A seguir, confira a entrevista exclusiva com o presidente do Instituto Ethos.

or many years, the Amazon has been known as the lung

done in the distance, but with effects that are felt in the forest

Two months ago, the Ibope institute released a survey that

A

F

A sustentabilidade é entendida como uma forma de responsabilidade ambiental. Já há uma conscientização expressiva das empresas nesse sentido? Foi publicada há dois meses uma pesquisa do Ibope para verificar qual o grau de conscientização que as empresas tinham em relação ao conceito de sustentabi-

As alterações climáticas são reflexo disso? As empresas de seguro tinham um modelo de cálculo baseado em eventos da natureza dentro de uma linha histórica. Não cobriam, por exemplo, danos causados

of the world. Today, it has more responsibilities to fulfill

(such as global warming). This was one of the subjects of the

verified the level of awareness of the companies towards the

in behalf of mankind. It is regarded as a symbol of changes

Sustainable Amazon Forum that was held at the Hangar in No-

concept of sustainability and, amongst those people who are

in the way man relates with nature – challenged to produce

vember of 2007. Many institutions attended the event such as

familiar with this term, how much they have incorporated such

sustainable development and, therefore, to take wealth from

the Ethos Institute, which is a reference in the third sector for

concept into their companies. From 56% to 60% had the con-

the standing forest. But also it is in the Amazon that the con-

disseminating the concept of social responsibility throughout

cept well developed, but only 33% actually adopted it. This

sequences of the irresponsibility of the human being worldwide

Brazil and that soon shall add Environmental Responsibility to

demonstrates that there is some misbalance between the per-

are felt in a more intense form.

its name, since these are two inseparable concepts according

ception of a necessity and a true transforming action. We live

to its President, Ricardo Young.

a time of transition in which awareness is present but has not

In this sense, sustainable development became a synonym of environmental responsibility. A company that is tuned to the

Ricardo Young attended the event and enthusiastically

future is the one that keeps an eye on nature and not only on

spoke about his optimism regarding the future of our planet.

And while this takes long to come, a company that is pol-

the profit from exploiting it. Thus, the fauna and the flora are

For him, this future starts right with sustainable development

luting, say the air in the south of the country, does not know

to win as well as the society as a whole, for it shall expect an

arising from environmental responsibility. Below is an exclu-

that it is causing some harm that stretches up to the Ama-

assured future in an inhabitable planet. But this calculation,

sive interview with the President of the Ethos Institute.

zon…They must be aware of the fact that within the Amazon

which yields income without intensive exploitation, is still hard to be understood by many. Having environmental responsibility in Brazil is about, in large part, taking care of the Amazon directly or of what is

yet reached the critical mass as it should have.

there are reflexes of is done all over the world. The forest is Sustainability is understood as a form of environmental

now having its ‘fine tuning’ altered by climatic changes and a

responsibility. Do the companies already have expressive

short-term solution must be found in order to straighten this

awareness in this sense?

up. We do not have much time.

10

revista_hangarboneca1.indd 10

23/2/2008 D044 18:45:31


L

revista_hangarboneca1.indd 11

23/2/2008 D044 18:45:32


por enchentes em áreas sem histórico de enchentes. Da segunda metade da década de 90 para cá, isso foi alterado de acordo com as mudanças climáticas. Os prejuízos com o furacão Katrina nos Estados Unidos, ou mais recentemente com os incêndios da Califórnia, foram enormes para quem não estava preparado e isso deixou as seguradoras perplexas. Que as empresas de seguro não conheçam os impactos de fenômenos inesperados é aceitável, mas não projetar é um absurdo.

Serão várias, algumas delas irreversíveis. Espécies ameaçadas de extinção vão acabar, e isso é uma perda de história da evolução também. Imagine os milhões de anos de evolução do urso polar para chegar ao estágio aonde chegou, e agora está ameaçado de extinção. Olhe o prejuízo do ponto de vista histórico. Essas perdas vão acontecer até quando o homem perceber que ele tem que se subordinar à natureza, não só por fazer parte dela, mas por ser o único com capacidade de “zeladoria” e de usar a tecnologia em prol dessa natureza.

Esses fenômenos seriam respostas da natureza à ação do homem? Primeiro a natureza representava uma ameaça ao homem. Essa visão de dominá-la era uma necessidade de sobrevivência. Do século 18 em diante ela começou a ser fonte de recurso e, dada a capacidade de reposição, era vista como inesgotável. Da década de 1990 para cá, mais de 30% dos recursos que se renovavam naturalmente já não têm mais garantia de que irão durar muito tempo. É preciso redefinir as formas de consumo, e isso irá refletir na biodiversidade e no regime climático. Acredito que daqui a 50 ou 70 anos, não sem muitas tragédias – até porque vai ser pelas tragédias que o homem irá acordar –, esse cenário irá mudar.

Poderia haver esforço para transformar a floresta em patrimônio da “There must be an effort make the rainforest into humanidade toa worldwide heritage”

Mas até lá teremos muitas perdas, então?

A mesma tecnologia que hoje destrói trói a natureza é a chave para mantê-la viva? Sem dúvida. O melhor da tecnologia logia ogia que temos veio ve do esforço de guerra, como é o caso do plástico. Temos tecnologia que nos permite queimar etapas, e acho que em breve haverá um salto tecnológico a ponto de que, no futuro, não se faça nada se não for sustentável. Quer um caso? Num primeiro momento se fabricava o vidro.

No segundo momento, esse vidro começou a ser utilizado em prédios, porque ele deixa a fachada mais leve, reflete o céu, a ocorrência dele no cenário urbano é menos pesada. Só que com ele aumentou o calor no interior do prédio e começou-se a utilizar a refrigeração, que precisa de muita carga energética para funcionar. Uma universidade em Taiwan já descobriu uma forma de fazer o vidro com microfilamentos e ele próprio será um painel de produção de energia solar para alimentar o prédio, invertendo o que era ameaça para se tornar solução. A Amazônia pode ser o símbolo dessa mudança de paradigmas ao aplicar um modelo de uso sustentável da floresta em pé? Essa é a nossa esperança. Na Amazônia tudo pode ser diferente. Ela tem todos os elementos fundamentais que podem produzir riquezas de forma sustentável. Se a Amazônia for sacrificada, o Brasil se tornará inviável, porque a Amazônia é o que regula nosso clima. Quando se olha a faixa do Trópico de Capricórnio, em todo o mundo é árida, inclusive no Chile, nos Andes, na Austrália, menos no Brasil, porque a capacidade de retenção da umidade na Amazônia é oito vezes maior que a retenção da água dos oceanos, e isso cria a capacidade de chuva do país todo, tornando nosso agronegócio um dos mais bem-sucedidos no mundo.

12

revista_hangarboneca1.indd 12

23/2/2008 D044 18:45:39


O mundo todo cobra que o Brasil cuide da Amazônia, mas se esquece que algo feito do outro lado do planeta pode refletir aqui. Deveríamos cobrar que todos fizessem a sua parte? Essa é uma discussão relativamente antiga e, na minha opinião, existem divergências. Se o Brasil não fizer primeiro, qual a moral que teremos para cobrar dos outros? O presidente Lula usa essa fala de que os países do hemisfério Norte destruíram suas florestas e não têm moral de cobrar nossa responsabilidade. Eles têm sim, porque fizeram errado e nós já temos um modelo a “não seguir”. Mas não falta o próprio Brasil conhecer e se sentir parte integrante da Amazônia? Falta, e isso também depende dos povos amazônicos. Os cariocas transformaram o Cristo Redentor em uma das sete maravilhas do mundo. Isso poderia acontecer com a Amazônia brasileira. Poderia haver um esforço dos Estados amazônicos para transformar a floresta em patrimônio da humanidade. As pessoas do Sul do país deveriam servir de exemplo e dizer “não cometam os erros que nós cometemos com as nossas florestas”. É preciso haver um esforço local para promover a riqueza natural e humana. Todos temos responsabilidade, porque somos guardiões de uma área que é uma das soluções para o futuro do planeta. L

Young reforça a idéia de que a Amazônia terá papel fundamental na nova ordem do planeta

Young stressed the idea that Amazonia will play a fundamental role in the planet’s new order.

Are the climatic changes a consequence of this?

endangered. Look at the loss from a historical viewpoint. Such

over the world, also in Chile, the Andes, in Australia, except in

Insurance companies had a model of calculation that was

losses shall happen until men realize that we have to be sub-

Brazil because the capacity to retain humidity in the Amazon

based upon events of the nature within a history line. They

ordinated to nature, not only for being a part of it but because

is eight times higher than the same capacity of retention of

did not cover, for example, damage caused by floods in ar-

we are the only ones with the ability to care, to use technology

water in the oceans, and this creates the capacity of rain all

eas with no historic records for floods. From the second half

in behalf of nature.

over the country, thus making our agribusiness one the most

of the 1990s to present, this has been altered according to climatic changes. The damages caused by hurricane Katrina in the USA and more recently the forest fires in California were

successful in the world. So, is this very technology that destroys nature today the key to keep it alive?

The entire world demands that Brazil takes care of the

tremendous for those who were not prepared for them and got

No doubt about it. The best of the technology we have today

Amazon but forgets that something done on the other side

insurance companies perplexed. The insurance companies’ not

derives from the efforts to war, as is the case of the plastic.

of the planet might reflect here. Should we demand that ev-

knowing the impacts of unexpected phenomena is acceptable,

We have the technology that allows us to skip steps and I think

eryone did their part?

but not projecting them is absurd.

soon there will be a technological leap to the point that, in the

This is a relatively old discussion and in my opinion it has

future, nothing will be done if it is not sustainable. Do you want

divergences. If Brazil does not do it first, how moral will we

a case? At a first moment, glass was made. At a second mo-

be to demand it from others? President Lula uses this speech

ment, this very glass started being used in buildings because

that other countries in the northern hemisphere have destroyed

In the first place, nature represented a threat to man. This

it makes the façades lighter, it reflects the sky; the use of glass

their forests and do not have the morality to demand our re-

vision of dominating it was a necessity of survival. As from the

in the urban environment is not as heavy. But with glass, heat

sponsibility. Yes, they do, for they did it wrong and we already

18th century nature started to be a source of resources and

inside of buildings increased and so did the use of refrigera-

have a model to follow.

due to its ability to recover it was regarded as inexhaustible.

tion, which uses a huge energy load to work. A university of

From the 1990s to present, more than 30% of the naturally

Taiwan has discovered a way of producing glass with microfil-

renewable resources are no longer expected to last for long. It

aments that make glass itself act as a solar energy-producing

is necessary to redefine the forms of consumption and this will

panel to supply power to the building, thus turning what was a

reflect on the biodiversity and on climatic regime. I do believe

threat into a solution.

Would these phenomena be the response from nature against mankind’s actions?

that 50 or 70 years from now this scenario shall change, but not without some tragedies – because it will be through the tragedies that man will wake up. But until then we shall have many losses, right?

But does Brazil itself need to get to know and feel as an integral part of the Amazon? Yes. And this too depends on the peoples of the Amazon. The people of Rio de Janeiro turned the Cristo Redentor into one the seven wonders of nature. This could happen to the Brazil-

Can the Amazon become a symbol of this change of

ian Amazon. There could be a joint effort among the Amazon

paradigms by applying a model of sustainable use of the

States to turn the forest into a heritage of mankind. People

standing forest?

in southern Brazil should act as an example and say, “do not

This is our hope. Everything can be different in the Ama-

make the same mistakes as we did with our forests”. It is

It will be many losses, some of them irreversible. Threat-

zon; it has all the essential elements to produce wealth in a

necessary that local effort is exerted to promote the wealth of

ened species will be lost, and this is loss of the history of evo-

sustainable way. If the Amazon is to be sacrificed, Brazil will

both nature and mankind. We all have responsibilities, for we

lution as well. Imagine the millions of years of evolution for

become unfeasible because it is the Amazon that regulates our

are guardians of an area which is one of the solutions for the

the polar bear to have reached its current level and now is

climate. As you look at the Tropic of Capricorn, it is arid all

future of this planet. L

13

revista_hangarboneca1.indd 13

23/2/2008 D044 18:45:47


meio ambiente / environment

Por um crescimento

sustentável

Pará investe em projetos para aproveitar o potencial da floresta sem prejudicar o meio ambiente Pará invests in projects to use the potential of the rainforest without harming the environment

For a SUSTAINABLE increase texto / text: Irna Cavalcante foto / photo: Diana Figueroa

E

que prevê, para 2008, uma arrecadação de, no mínimo, R$ 30 milhões disponíveis para a área ambiental. Os investimentos para o fomento do ecoturismo no Estado, como o mapeamento dos pólos a serem explorados e as melhorias nas áreas de infra-estrutura, também já estão sendo executados. “Com infra-estrutura, bons serviços e uma nova mentalidade ecológica, teremos resultados positivos na área”, afirmou Ana Júlia.

Desenvolvimento Florestal do Estado (Ideflor), os investimentos em regularização fundiária feitos no Instituto de Terras do Pará (Iterpa), e os programas sociais da Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda (Seter). Com este conjunto de ações, destaca o secretário, alguns resultados já começam a ser alcançados. Só no ano passado, foram criados mais de 15 milhões de hectares de reservas legais no Estado e mais 25 milhões em unidades de conservação. O Estado também saiu na frente ao ser o primeiro da Federação a criar uma lista estadual de espécies de fauna e da flora ameaçadas de extinção. Além da lista, a Sema vai criar um Programa Estadual de Proteção e Conservação da Biodiversidade, que fará parte de uma rede de parcerias com instituições de pesquisa. O objetivo é monitorar e acompanhar os planos de ação sobre as espécies ameaçadas. O próprio processo de liberação dos planos de manejo sustentável, que estava sendo prejudicado em virtude da transferência de competências do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o Estado, também já vem sendo normalizado. Com a nova estrutura de atendimento, de acordo com dados da secretaria, de abril a novembro já foram liberados quase três milhões de metros cúbicos de madeira em tora – o equivalente à média anual que o Ibama vinha liberando nos últimos dois anos. “Existe um esforço muito grande em agregar valor ao Estado, em trazer para o plano de desenvolvimento do Pará o turismo e todo este potencial de crescimento advindo do uso sustentável dos recursos naturais”, avaliou Ortega. L

ncontrar alternativas de desenvolvimento que tragam melhorias de vida à população local (e conservem ao mesmo tempo o patrimônio ambiental e cultural) tem sido um desafio para todos os Estados brasileiros, em especial para os da região amazônica, que detém uma das maiores fontes de recursos naturais do planeta. Apesar de não ser uma tarefa fácil, aliar desenvolvimento e sustentabilidade vem sendo a principal aposta do Pará no planejamento para o futuro. “Com o investimento no desenvolvimento sustentável, nós garantimos a preservação do meio ambiente, a floresta ‘em pé’. A mentalidade hoje ainda é de que é preciso derrubar para gerar desenvolvimento e renda, mas isso não é verdade. O nosso grande atrativo é a floresta, e é por meio dela que a comunidade deve alcançar sua fonte de renda”, defende a governadora Ana Júlia Carepa. Ela explica que para que isso aconteça é necessário mudar a concepção de desenvolvimento na região. “Temos muito a fazer na área ambiental e há algumas forças contrárias a nosso projeto de desenvolvimento sustentado. Eu defendo o uso de nossos recursos naturais sem que isso implique na destruição da floresta e de nossos rios. Queremos inverter um quadro, historicamente, explorador no Estado.” Parte deste projeto, a governadora informa, começou a ser implantada com a reforma das secretarias e a conseqüente ampliação da capacidade de produção e proteção das florestas. Só para a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) foram contratados este ano mais 200 novos técnicos; houve ampliação do orçamento do Fundo Estadual de Meio Ambiente e regulamentação do instrumento de compensação ambiental

Conservar a floresta e usá-la para o desenvolvimento econômico da região: eis o grande desafio para este século.

Conserve the rainforest and use it for the economic development of the region: this is the major challenge of this century.

Produzir ou preservar? Para superar um dos maiores dilemas da região, o secretário estadual de Meio Ambiente, Valmir Ortega, explica que é preciso fugir de simplificações. “Temos que ter um modelo de desenvolvimento muito mais complexo do que outros Estados, que contemple a produção de grãos, a indústria, o turismo e a floresta, temos que ser capazes de congregar todas essas matrizes e a partir disso elaborar novas formas de produção.” Para que isso aconteça, ele destaca a parceria com o Governo Federal e as ações integradas com as demais secretarias do Estado como importantes ferramentas. Ortega cita como exemplos as parcerias firmadas entre a Sema e o Instituto de

14

revista_hangarboneca1.indd 14

23/2/2008 D044 18:45:55


F

inding development alternatives that provide improve-

has hired over 200 new technical staff members this year.

and social programs of the Department of Labor, Employment and Income (Seter) as examples.

ments in the quality of life of the local population (while

The State Environment Fund’s budget was increased and an

also conserving their environmental and cultural heritage)

environmental compensation law has been codified that, for

Some progress, said the Secretary, is already becoming

has been a challenge throughout Brazil, especially to states

2008, should collect at least 30 million reals that will be

visible through these joint actions. Last year alone, over 15

in the Amazon Region, which is one of the largest sources

invested in the environment.

million hectares of legal reserves were established in Pará

of natural resources on the planet. Despite the inherent dif-

Investments are being made to increase ecotourism in

ficulties in the task, Pará has been striving to align develop-

Pará, including the mapping of priority areas and infrastruc-

The state also took the initiative and is the first state

ment and sustainability in its plans for the future.

ture enhancements. “With infrastructure, quality services

to create a state list of endangered species of fauna and

and a new ecological mentality, we should see positive re-

flora. In addition to the list, Sema will also begin a State

sults in this area”, stated Ana Júlia.

Biodiversity Conservation and Protection Program, which will

“By investing in sustainable development, we are ensuring preservation of the environment and the standing for-

and another 25 million in conservation units.

participate in a network of partnerships with research insti-

est”. Many nowadays still believe that the forest must be felled to provide development and income, but this is not

Produce or preserve?

tutions. The aim of the program is to monitor endangered

true. Our greatest asset is the rainforest and people must

State Environmental Secretary Valmir Ortega explains

species action plans.

make it their source of income”, says Governor Ana Júlia

that people must avoid simplifications in order to overcome

Carepa.

one of the region’s major dilemmas.

The approval process for sustainable management plans, which experienced problems during the transfer of

She said that to do this, the concept of development in

“We need a development model that is more complex

jurisdiction from the Brazilian Institute of the Environment

the region must change. “We have a lot to do in environmen-

than in other states, one that includes grain production,

and Renewable Natural Resources (Ibama) to the state, is

tal terms and there are forces against our sustainable devel-

industry, tourism and the rainforest. We must be capable of

now getting back to normal. With the new service system,

opment project. I advocate that we use our natural resources

uniting all of these sectors and base new forms of produc-

Sema data shows that logging plans for almost three million

without this resulting in the destruction of our forest and

tion on them”.

cubic meters of timber – the equivalent to Ibama’s yearly

rivers. We want to invert the historical situation in the state of merely exploiting resources.”

To accomplish this, he says that partnerships with the federal government and integrated activities involving other

average these last two years – were released between April and November.

Part of this project, the Governor informs, has already

departments of the state government, will be important

“We are putting forth a lot of effort to add more value in

begun in the restructuring of government departments and

tools. Ortega mentioned partnerships between Sema and the

the state, bringing tourism into the state development plan

consequent expansion of forest protection and production

State Forest Development Institute (Ideflor), investments in

and to make use of all this growth potential from sustainable

capacity. The State Environment Department (Sema) alone

land tenure regulation with the Pará Land Institute (Iterpa)

use of natural resources”. L

O secretário estadual de Meio Ambiente, Valmir Ortega, destaca a parceria com o Governo Federal na busca por alternativas para mudar o quadro atual.

Valmir Ortega, the State Secretary of the Environment, highlights the partnership with the federal government in seeking alternatives to change the present situation.

15

revista_hangarboneca1.indd 15

23/2/2008 D044 18:46:00


artigo / article

Sistema paraense

foto jaime Souzza

de inovação

PARÁ INNOVATION SYSTEM texto / text: Maurílio Monteiro*

mazonia’s greatest asset is its diversity of natural resources. It’s

maior riqueza da Amazônia é a diversidade dos recursos naturais; e o maior desafio é produzir e distribuir riquezas a partir da utilização destes recursos, sem destruí-los. Ou seja, promover o desenvolvimento sustentável. É certo que sem educação, informação e inovação não se promoverá desenvolvimento sustentável; sem novos processos e técnicas de manejo, não se explorarão os recursos naturais sem destruí-los; sem pesquisa, sem tecnologia, sem inovação não se transformará raiz em perfume, folha em medicamento. Sem ciência e tecnologia, enfim, a Amazônia está condenada a ter sua diversidade social, cultural e ambiental reduzida a gerar grandes riquezas para poucos. A construção de uma alternativa de desenvolvimento requer que se estabeleça um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia, baseado no uso intensivo da ciência e da tecnologia para ampliar a competitividade social a partir da valorização da diversidade regional; um modelo baseado não na utilização indiscriminada da química, mas na bioquímica, na informação, na inovação. Um modelo que incorpora propostas históricas do movimento social, e agora tem a oportunidade de se implementar. Um dos elementos centrais para impulsionar um novo modelo de desenvolvimento é o estabelecimento de um sistema regional de inovação. Os chamados sistemas de inovação surgiram nos anos 60, e logo ganharam força em países da Europa como estratégia para reduzir desigualdades econômicas regionais. São a articulação institucional dos principais agentes de desenvolvimento: o governo (políticas públicas e segurança institucional), as empresas (produtoras de inovação) e as universidades e instituições de pesquisa (produtoras de ciência). Um espaço privilegiado onde estes agentes se integram são os parques de ciência e tecnologia. Nos parques, as empresas expõem suas necessidades, as universidades demonstram o avanço de pesquisas, os governos ressaltam necessidades e vocações. Este encontro é que transforma inovação em produto, pesquisa em processo e política pública. E são as políticas públicas que levarão o resultado da pesquisa ao pequeno produtor, ao pequeno comerciante, às pequenas empresas. O Governo do Estado já deu passos decisivos para estabelecer um Sistema Regional de Inovação: constrói três parques de ciência e tecnologia (em Belém, Santarém e Marabá), criou a Fundação de Amparo à Pesquisa do Pará (Fapespa), recriou o Instituto de Pesquisas Socioeconômicas e Ambientais (Idesp), multiplicou a concessão de bolsas e projetos de pesquisa, entre outras ações. O caminho é longo, mas o Sistema Paraense de Inovação já dá os primeiros passos - seguros, consistentes, conscientes do passado, do presente e do futuro.

A

A

greatest challenge is to produce and distribute wealth based on the

use of these resources, without destroying them. In other words, to develop sustainably. One thing is certain, sustainable development cannot be achieved without education, information and innovation. It is impossible to use natural resources without destroying them without new management processes and techniques. Research, technology and innovation are needed in order to transform roots into perfume, leaves into medications. So, without science and technology, Amazonia’s fate will be to have its social, cultural and environmental diversity reduced to merely generating large amounts of wealth to a very few. A new development model must be established in order to arrive at a development alternative. One based on intensive use of science and technology to expand social competitiveness, based on adding value to regional diversity. A model based, not on simple chemistry, but in biochemistry, information and innovation. A model that incorporates historical proposals from social movements and that is now being given its chance. One of the core elements driving this new development model is the establishment of a regional innovation system. So-called innovation systems came into being in the 1960s, and soon took off in Europe as a strategy for reducing regional economic inequalities. They are based on interaction between major development agents: government (public policies and institutional security), companies (innovation producers) and universities and research institutions (science producers). The prime venue where these agents become integrated is in the science and technology parks. In these parks, companies express their needs, universities present research advances and governments stress needs and vocations. This convergence is what transforms innovation into products and research into processes and public policies. Public policies, in turn, take research results back to small-scale producers, small-scale traders and businesses. The Pará state government has already taken important steps towards building a Regional Innovation System: it is building three science and technology parks (in Belém, Santarém and Marabá), it created the Pará Research Support Foundation (Fapespa), and reopened the Environmental and Socioeconomic Research Institute (Idesp). It has also increased the number of research projects and scholarships and is promoting other activities. There is still a long way to go, but the Pará Innovation System has already taken its first steps, firm, confident, aware of the past, present and future. *Maurílio Monteiro is a Professor at the Núcleo de Altos Estudos

* Maurílio Monteiro é professor do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (Naea/UFPA) e Secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia do Estado do Pará.

Amazônicos (Center for High Amazon Studies) of Universidade Federal do Pará (Naea/UFPA) and Pará State Secretary of Development, Science and Technology.

L

16 06

revista_hangarboneca1.indd 16

23/2/2008 D044 18:46:12


revista_hangarboneca2.indd 17

23/2/2008 D044 18:12:44


roteiro / routes

RIOS de mil encantos Enchanting RIVERS texto / text: Caco Ishak foto / photo: Diana Figueroa

té 1616, não havia nada nesse pedaço da floresta amazônica além da própria natureza e seus encantos. Naquele ano, os portugueses construíram o Fortim do Presépio, dando o pontapé inicial do que viria a ser a cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará e mudando por completo a paisagem ao longo dos séculos seguintes. Certas coisas, no entanto, não mudaram: ao sul, o Rio Guamá; a oeste, a Baía do Guajará. Água em abundância. A escolha tinha uma razão prática em tempos de desbravamento: garantir um ponto estratégico para a proteção da cidade e dos interesses portugueses. Uma herança que talvez tenha contribuído para que

A

Belém tenha crescido de costas para as águas e perdido gradativamente sua relação com o rio, emparedado por construções, portos e armazéns. Por anos a fio os habitantes tiveram cerceado seu direito à vista para o rio e ao lazer em suas margens, com poucas alternativas para observar as águas – ainda que elas sempre tenham permeado a lógica das relações do centro da cidade com sua parte insular (mais de 70% do território da capital paraense é constituído de ilhas) e com o interior do estado. Isso começou a mudar a partir de um processo de revitalização da orla iniciado há cerca de uma década.

Desde então a relação entre o homem e o rio vem sendo redescoberta gradativamente a partir da valorização das belezas naturais da região, estimulando o turismo, que, não à toa, cresce mais a cada estação. Belém é calorosa que só ela, então nada como um rio para se refrescar. A um só tempo, uma experiência ambiental, transcendental e – por que não? – degustativa. Vire a página e faça um passeio ecológico e gastronômico pela orla fluvial de Belém, do Rio Guamá à Baía do Guajará, atravessando as águas para se chegar às ilhas desta que é uma das maiores bacias hidrográficas do planeta. Boa viagem.

18

revista_hangarboneca2.indd 18

23/2/2008 D044 18:12:53


U

p until 1616, there was nothing in this part of the Ama-

food (of top quality, it has to be said) to be extracted from

Hence, the relationship between man and the river has

zon forest except the forest’s very own nature and its

it and nothing more. Protection of the city and its residents

been gradually rediscovered due to the appreciation of the

charms. In this year, the Portuguese constructed the Nativity

during pioneer times was, after all, the most important. This

region’s natural beauties, stimulating tourism in the process

Fort (Fortim do Presépio), creating the initial settlement that

is why Belém was not constructed on the coast, but instead,

– which is growing, not by chance, every season.

would later become the city of Santa Maria de Belém do Grão

on the river front, with its back towards the water.

Belém is warm-hearted in a way only it can be. There is

Pará, as well as completely changing the landscape over the

With so few places where one could see the water – even

nothing like a river for getting refreshed. A singular environ-

ensuing centuries. Certain things however, have not changed:

though these waters permeate the entire logic of the relations

mental and transcendental experience - after all, why not?

to the south, the Guamá River; to the west, the Guajará Bay.

between the downtown area and its surrounding islands (more

It’s enjoyable. Turn the page and take an ‘almost’ complete

Water in abundance.

than 70% of municipal territory is comprised of islands), the

ecological and gastronomic trip around the riverbanks of

For many, many years, however, local inhabitants had lost

natural charms of times gone by would have almost been lost

Belém, from the Guamá River to the Guajará Bay, crossing

their view of the river and leisure activities along the banks

to memory if it hadn’t been for a revitalization process about

the waters over to the islands, one of the largest water basins

– the river became synonymous only with making a living,

a decade ago along the river’s banks.

on the planet. Have a great tour.

19

revista_hangarboneca2.indd 19

23/2/2008 D044 18:13:03


foto Fabrício de Paula

No coração da cidade, o Mangal das Garças oferece 40 mil m² de atrações para os visitantes

In the heart of the city, Mangal das Garças offers its visitors some 40,000 m² of attractions.

Aningais, borboletas e manjares divinos Nosso percurso começa pelo Mangal das Garças, um parque ecológico próximo à Praça do Arsenal de Marinha, no bairro da Cidade Velha. Aqui você tem a experiência de ficar em contato direto com os animais que vivem às margens dos rios ou entrar em uma gaiola de 700 m² com 140 aves de 44 espécies. Guarás, colhereiros e gralhas são parte da fauna que o parque preserva, fora os pássaros soltos que aparecem nos seus 40 mil m² de área. Quem preferir um “vôo mais leve”, mas nem por isso mais contido, pode visitar o borboletário, onde se encontram 800 borboletas de sete espécies. Para os “vôos” mais altos, há o Farol de Belém, observatório da cidade e das águas – a vista começa na Baía do Guajará e entra no Rio Guamá, quase uma esquina com a Ilha das Onças, logo em frente.

Inaugurado em 2005, o Mangal ainda oferece o Museu da Navegação, com acervo doado pela Marinha – a quem pertencia o terreno – com toda a memorabilia ligada à vida fluvial da região. No andar de cima, subindo uma escadaria externa, está o Manjar das Garças, restaurante de onde você pode apreciar o melhor da comida típica paraense com uma excelente vista do rio. A digestão se faz numa caminhada pela passarela suspensa sobre o aningal – área de várzea cuja vegetação predominante é a aninga, planta característica do interior e das margens ribeirinhas – até o Mirante do Rio para apreciar a vista. Herança lusitana Descendo pela Cidade Velha chega-se até a Praça Frei Caetano Brandão, núcleo de formação da

cidade em cujo entorno se criou o complexo Feliz Lusitânia, que reúne diversos pontos privilegiados de observação do rio. Restaurado, o Forte do Presépio - ou do Castelo, como por muito tempo ficou conhecido - transformou-se em espaço cultural, abrigando um museu onde estão resquícios arqueológicos da época da fundação de Belém. Ao lado dos canhões do forte, dá para imaginar como os portugueses viam o horizonte nos primeiros tempos da cidade. O prédio ao lado, conhecido como a Casa das Onze Janelas, também foi totalmente restaurado e readequado. Onde havia o antigo hospital militar, hoje há um espaço com salas de exposição e restaurante, de frente para o rio. É possível desfrutar a paisagem em meio a um jardim de esculturas. No primeiro andar da Casa, nada como relaxar

Mangal das Garças - Here you’ll have the chance to make

an observatory looking over the city and its waters - the view

grove footbridge – a watery flatland whose vegetation is pre-

direct contact with the animals that lives on the riverbanks,

starts at the Guajará Bay and carries on until the Guamá River,

dominantly made up of the philodendron, a plant characteris-

like entering a 700 m2 birdcage with 140 birds of 44 different

leading on towards the Ilha das Onças (Jaguar Island), located

tic of the Amazonian hinterland - arriving at the River Lookout

species. The scarlet Ibis, roseate spoonbills and magpies are

almost straight in front of the park.

Point, where the view can be further appreciated.

only a small part of the fauna that the park protects, as well

Officially opened in 2005, the Mangrove contains the Navi-

as the free-flying birds that may be found within this 40,000

gation Museum, its collection having been donated by the Navy

Estação das Docas - Where once there used to be English

m² area.

to whom the area belongs, with memorabilia intrinsically con-

iron warehouses, rusted by time and dockworkers running to

For those who prefer smaller flying creatures, no less

nected to life on the waters. By going up an external stairway,

and fro with crates of newly unloaded merchandise, there now

exciting however, one can visit the butterfly enclosure where

you arrive at the Manjar das Garças (Manjar Restaurant), with

stands a 32,000 m² tourist-cultural complex with 500 meters

you can find 800 butterflies from seven different species. For

the best in typical food from Pará.

of veranda overlooking the Guajará Bay, with stylized decor,

higher flyers, there is the Belém Lighthouse (Farol de Belém),

After enjoying the food you can take a walk over the man-

including cranes with special lighting, an old steam engine

20

revista_hangarboneca2.indd 20

23/2/2008 D044 18:13:10


Na Casa das 11 Janelas, história, arte e gastronomia em um só lugar. Casa das 11 Janelas, where history, art and gastronomy meet.

no Boteco das Onze enquanto o rio passa com as horas do lado de fora. Aproveite para visitar as exposições permanentes de arte contemporânea brasileira. Sobre as águas Bem ao lado do jardim da Casa das Onze Janelas, a fachada de um sobrado antigo esconde surpresas. Primeiro encontramos uma portinha de madeira. Depois dela, uma escada que nos leva a um corredor que, por sua vez, nos leva a outras duas escadas: primeiro você sobe, depois desce. Bem-vindo ao Palafita. Como o nome sugere, o bar é uma construção de madeira sobre as águas, freqüentada pelas tribos mais diversas, de formadores de opinião a funcionários públicos que trabalham no entorno do lugar. Ali, o pôr-do-sol encharcado com uma and the ruins of the São Pedro Nolasco Forte, today an amphitheater. Officially opened in May 2000, Estação das Docas receives around six thousand people a day in three renovated warehouses, bringing together the best in high cuisine from Pará, as well as acting as the stage for cultural performances for all tastes. Life on the river banks can be enjoyed on Art Boulevard, ideal for those who wish to enjoy a beer and appreciate the handicrafts from Marajó and the town’s archeology; on the Gastronomy Boulevard there are eight restaurants and an amount of services; or on the Fairs and Expositions Boulevard.

Rod. BR 316. KM2 Alameda Moça Bonita, nº 14 Guanabara • Ananindeua/PA fone: (91) 3235-5395 / 3235-5313

06

revista_hangarboneca2.indd 21

23/2/2008 D044 18:13:17


$ VVL VW LUDR S{ UGR VRORX VL P SO HVPHQW HO HYDURV DP LJRV SDUD FXUW LUERQV P RP HQW RV p D SHGLGD QR 3 DO D ta. ,I \RX Z DQWW R Z DW FK W KH VXQVHWRUVL P SO \ W DNH\RXUIULHQGV KDYHD JRRG W LP H W KH EHVW SO DFHW R GR VRLV 3 DO D ta.

boa cerveja gelada é obrigatório aos que passam pela cidade. O telhado de palha ajuda a disfarçar o mormaço. Bendita é a vista: uma garça pousada num toco de madeira no meio do rio faz parte da decoração natural constante do bar. Bom de papo, Índio – o antigo dono, irmão do atual – perambula pela casa fazendo a alegria dos clientes. Hoje, o Palafita conta com três câmeras espalhadas pelo local, que transmitem ao vivo pela internet tudo o que está rolando lá dentro. De qualquer lugar do mundo, é só acessar o site www.tourdoindio.com.br e passar vontade enquanto, deste lado, alguém se refresca com o exótico drink “Amazônia” (suco de kiwi, limão e

There is also the passenger boarding and arrival terminal for those wanting to take one of the regular (daily) river tours. The “Music in the Air” project will delight those who want to stay on dry land though, with live music played on a moving stage, up above the heads of the visitors - the structure having been mounted in what was once the gear system used for cargo transportation.

soda limonada) depois de ter se esbaldado com uma maniçoba ou um tacacá – pratos regionais que são especialidades do menu. Também no site, programe-se para fazer o Tour do Índio – um passeio de 20 minutos em barco próprio até a Ilha das Onças, do outro lado da baía. Porto cultural Onde antes havia galpões de ferro inglês enferrujados pelo tempo e estivadores correndo de um lado a outro com caixotes de mercadorias que chegavam ao porto, hoje há um complexo turístico-cultural de 32 mil m² e com 500 metros de varanda para a Baía do Guajará e decoração esti-

Passear p pela orla pode ser um bom começo para conhecer a cidade Strolling along the waterfront is a good start to get to know the city

lizada – guindastes iluminados, uma máquina a vapor e as ruínas do Forte de São Pedro Nolasco, hoje um anfiteatro. Funcionando desde maio de 2000, a Estação das Docas recebe cerca de seis mil pessoas por dia em três galpões restaurados que reúnem o melhor da alta culinária paraense, além de serem palco de manifestações culturais para todos os gostos. A vida à beira do rio pode ser desfrutada no Boulevard das Artes, para quem quer tomar um chopp e apreciar o artesanato marajoara ou um quê de arqueologia urbana; no Boulevard da Gastronomia, com oito restaurante e serviços; ou no Boulevard das Feiras e Exposições.

ated right in front of the river. You can enjoy the landscape walking within its sculptural gardens. There’s nothing like relaxing on the first floor of the Eleven Windows Tavern whilst the river flows by outside along with the time. Make the most of its permanent Brazilian contemporary art exhibitions. Palafita - Wandering through the Old City, we encounter

Feliz Lusitânia - Going up Belém’s first street you find a

a simple wooden door. Going through it, a stairway that takes

cultural complex at the heart of the city, with several wonderful

us up a corridor that, in turn, takes us up two further stair-

spots to observe the river. Newly restored, the Nativity Fort (or

guese gazed upon the river during the city’s first years.

cases: first you go up one and then down another. Welcome

Castle) as it had been known for many years, has since been

The building located next door, known as the House of

transformed into a cultural area, home to a museum contain-

Eleven Windows (Casa das Onze Janelas), has also been totally

to Palafita. As the name suggests, it’s a construction made of wood

ing archeological items from the time of the city’s founding.

restored and refurbished. It used to be a military hospital, but

over the river, frequented by a wide variety of regulars, from

Next to the fort cannons, it’s easy to imagine how the Portu-

these days it has exhibit rooms and a restaurant, being situ-

opinion makers to government officials that work in the im-

22

revista_hangarboneca2.indd 22

23/2/2008 D044 18:13:27


A Estação das Docas, parada obrigatória em Belém, recebe cerca de seis mil pessoas por dia. ‘Estação das Docas’, a must-see spot for those visiting Belém, receives around six thousand visitors a day.

Para quem quiser navegar há um terminal de embarque e desembarque de passageiros de onde partem passeios turísticos diários. Os que optarem por ficar em terra se surpreenderão com o projeto “Música no Ar”, com show em um palco que desliza sobre as cabeças do público – a estrutura foi montada na engrenagem que funcionava como transportadora de carga. Mais adiante na orla, em outra antiga área de armazenagem de cargas, foi criado um complexo de lazer de frente para a Baía do Guajará. Situado num espaço de 5 mil m², o Ver-o-Rio tornou-se local de convivência e interação, especialmente nos fins de semana, onde grupos de

mediate area.

Du ante os passeios, é Durante obrigatório obri atóri degustar as delícias gastronômicas onôm cas During the excursions, excu s, trying stronomic delicacies cacies of gastronomic da região the m the region iss a must.

seis cabanas que vendem comidas típicas, bebidas e produtos artesanais. Um píer de madeira, playground, palco para shows musicais e áreas verdes completam o Vero-Rio. Outras atrações são uma rampa da extinta Companhia Aérea Panair, que funcionou até o início da década de 40, e um marégrafo - aparelho que registra o nível do mar para o estudo das marés.

jovens e famílias se reúnem por lá. Além de um memorial em homenagem aos negros e índios onde são realizadas programações culturais, há um posto de informação ao turista e

Praça do Pescador Entre as barracas do Mercado do Ver-o-Peso e a Estação das Docas, fica a Praça do Pescador, de onde se vê mais um pedaço da Baía do Guajará.

nia” drink (kiwi, lime juice and lemonade soda) after having

novations in store for 2008: a fishing bridge along the river

The rain-drenched sunset with a good chilled beer is a

grabbed a dish of maniçoba or tacacá – house specialties.

for the hotel’s customers and a boat brought up from Rio de

must for those that pass through the city. The thatched roof

Also on the site, you can register to take Indian’s Tour - a 20

Janeiro with a capacity of 30, allowing visitors to comfortably

helps to relieve the sultry heat. It’s a blessed view - a heron

minute trip on his own boat over to Jaguar Island on the other

travel along the river banks of Belém.

perched on a wooden log in the middle of the river makes up

side of the river.

part of the bar’s natural decoration.

The menu is also being reformulated; bringing a greater

Beira Rio - Long before the revitalization project took

variety of shrimp-based dishes. On Mondays, when most simi-

Always eager to chat, “Indian” the former owner and

hold in the downtown area, the Beira-Rio (River Bank) Hotel’s

lar establishments are closed, Marulhos is where you can find

brother of the current owner - wanders about spreading cheer

Marulhos restaurant used to rein supreme in the ‘food with a

delicious roasted peacock bass.

amongst the clients. Today, the Palafita restaurant has three

view over river department’.

cameras installed within the establishment, transmitting all that goes on there, live over the Internet. From anywhere around the world, simply access the website www.tourdoindio.com.br and take your time; meanwhile someone is refreshing themselves with the exotic “Amazo-

University - It’s been 45 years since over 400 hectares of

It’s one of the most hospitable places imaginable. Starting

land on the banks of the Guamá River – flooded lands at the

with the employees: 95% of them have been at the hotel for

time – were expropriated and assigned for construction of the

more than 10 years, moving from table to table amongst the

main campus of the Federal University of Pará (UFPA). After

decorations hanging from the ceiling.

much landfilling and construction, UFPA has become a spot

Combú Island lies directly in front of it. The hotel has in-

frequented not only by students and professors, but also by

23

revista_hangarboneca2.indd 23

23/2/2008 D044 18:13:36


Da esquerda para direita, Universidade Federal, Ver-o-Rio (acima, no alto), e Praça do Pescador, estão entre as opções para aproveitar as belezas naturais da cidade.

Os barcos que trazem produtos do interior e região das ilhas sempre passam por ali. A Praça do Pescador faz parte do Complexo do Ver-o-Peso, que agrega também os Mercados de Carne e de Peixe (este conhecido como Mercado de Ferro), o Solar da Beira, a Praça do Relógio e a feira livre, existentes desde o século 17 e até hoje considerados alguns dos principais cartões-postais.

cenário para ginásticas e caminhadas. Romances

O campus camp da UFPA oferece extensas áreas ofer ce e para apreciar o rio The Federal University campus has extensive areas to enjoy a view of the river

Para estudar e aproveitar a cena Pertinho do Beira-Rio, no bairro do Guamá, está o campus principal da Universidade Federal do Pará (UFPA). Já são 45 anos desde que os mais de 400 hectares de terra às margens do Rio Guamá - na época, um terreno alagado - foram desapro-

priados e cedidos para a construção do campus. Depois de muito aterro e construções erguidas, a UFPA tornou-se lugar movimentado não só por estudantes e professores, mas por quem aprecia estar à beira do rio. Os adeptos ao exercício físico servem-se do

those wanting just to appreciate being close to the river.

também surgem inspirados pela brisa e embalados pelas águas do Guamá. Para quem gosta de festa, o Centro de Recreação da UFPA, mais conhecido como “Vadião”, localizado bem na beira do Guamá e reformado recentemente, tem noites de festas populares, normalmente às sextas-feiras. Da orla do campus também se tem uma visão privilegiada das ilhas ao sul de Belém, como a do Combu, que tem sido alvo de várias pesquisas e projetos de extensão da universidade. O Pioneiro Bem antes das revitalizações cidade afora, quem reinava absoluto no quesito refeição com

ters by the Guajará Bay, the Ver-o-Rio is a place for leisure and

erman’s Square is another site where you can enjoy another

People looking to keep in shape use the area to perform

interaction with the river. In addition to a memorial dedicated

view of the Guajará Bay.

calisthenics and take walks. Romances also bloom, inspired by

to the black citizens and the indian where cultural events are

The boats that bring goods from the country side and from

the breeze and the rhythm of the waters of the Guamá. For those

held, there is a tourist information kiosk and six huts selling

the nearby islands always sail by this area. The Fisherman’s

looking for a party, the UFPA Recreation Center, also known as

typical food, drinks and handicraft in the place.

Square is part of the Ver-o-Peso Complex, which also includes

“Vadião”, located right on the riverbank of the Guamá and re-

The Ver-o-Rio also has a wooden pier, a playground, a

the Meat and Fish Markets (the latter is also known as the

cently renovated, is the stage of open-access parties, usually

stage for music shows, green areas and a ramp used by the

‘Iron Market’), the Solar da Beira, the Praça do Relógio and the

on Friday nights. The riverbanks of the campus also provide

old airline company Panair, which operated there until the early

street market, which were erected in the 17th century.

a wonderful view of the islands to the south of Belém, such

1940s. There is a tide gage (a device to measure tide level)

as Combu, where the university has been conducting research

installed in the place.

and extension projects. Ver-o-rio - Located in an area of 5 thousand square me-

Saudosa Maloca - After spending so much time in the city, viewing the river with its paradisiacal islands in the

Fisherman’s Square - Located between the Ver-o-Peso

background, how about doing the opposite? No more walking

street market and Estação das Docas (Dock Station), the Fish-

on asphalt, but let’s take a boat and glide across the waters.

24

revista_hangarboneca2.indd 24

23/2/2008 D044 18:13:41


From left to right, the Federal University, the Ver-o-Rio (above, at the top), and the Fisherman´s Square are some of the options to enjoy the natural beauty of the city.

vista para o rio era o restaurante Marulhos, do Beira-Rio Hotel. O clima é dos mais hospitaleiros, começando pelos funcionários: 95% deles têm mais de dez anos de casa, desfilando de mesa em mesa entre os tajás pendentes do teto. De frente para a Ilha do Combu, o hotel reserva novidades para 2008: uma ponte de pesca para os clientes e um barco vindo do Rio de Janeiro com capacidade para 30 pessoas em que o prazer de passear pela orla de Belém será garantido. O cardápio também está sendo reformulado, trazendo uma maior variedade nos pratos à base de camarão. Não deixe de experimentar o tucunaré, peixe de sabor único.

Aluguel de equipamentos de interpretação de conferências Serviços de interpretação e tradução em geral

Let’s actually go to the islands. We start then on the island of Combú, after seven minutes traveling on a “popopô” (a small motor boat). As we make the crossing we start to distance ourselves from the concrete, getting the impression of being swallowed up by the forest. The view of the buildings is now the background. We have arrived at Saldosa Maloca, a typical hinterland riverfront restaurant. Declared an environmentally protected area, only

www..contact.trd.br

those that lived there before have been allowed to remain. Saldosa, however, is open to all - providing that you preserve the area. Strolling around the restaurant’s surrounding woodlands,

tel/fax: [91] 3246.4174/8134.5000 contact@contact.trd.br 06

revista_hangarboneca2.indd 25

23/2/2008 D044 18:13:50


A Ilha de Mosqueiro e o distrito de Icoaraci (abaixo) são algumas das opções mais baratas para quem deseja não ir muito longe e estar perto da brisa do rio

The district of Icoaraci and Mosqueiro Island (below) are some of the cheapest options for those who don’t want to travel too far, yet still want to stay close to the river’s breeze.

Do outro lado Depois de tanto andar pela cidade atrás de vistas para o rio com ilhas paradisíacas ao fundo, que tal o caminho inverso? Não mais andar no asfalto, mas pegar um barco ou uma lancha e deslizar pelas águas. Depois de sete minutos numa viagem de “popopô” (barco a motor), chegamos à Ilha do Combu. Durante a travessia, vamos nos distanciando do concreto e tendo a impressão de que seremos engolidos pela mata. O pano de fundo, agora, são os prédios. Chegamos à Saldosa Maloca, restaurante tipicamente ribeirinho. Considerada área de proteção ambiental e território da União, o Combu só reserva lugar para os moradores mais antigos. A Saldosa, porém, está aberta a todos – contanto que preservem o local. No passeio pelo bosque nas redondezas do restaurante, frutas e sementes de todo tipo são

encontradas espalhadas pelo chão. Andiroba, jenipapo, cupuaçu, manga, tem de tudo. As seringueiras do lugar ainda guardam as cicatrizes dos áureos tempos da borracha. História viva. Quem reina absoluta, no entanto, é a samaumeira com 32 metros de diâmetro e sabese lá quantos séculos de vida. Suas raízes se estendem pelo terreno, adentrando o rio. Por seus galhos – a cerca de 30 metros de altura – espalham-se bromélias e orquídeas que abrem duas vezes ao ano (são 45 espécies na ilha), enfeitando a velha árvore. À noite, um espetáculo extra (embora artificial): Belém iluminada. O prazer é todo seu. Rio de ondas Apenas R$ 1,50. É quanto se gasta, de ônibus, para se chegar, por fim, até Icoaraci ou à Ilha de Mosqueiro, distritos da grande Belém. O primeiro

fica a 20 km da capital. O outro, a 68 km. Cada qual com suas respectivas graças, uma coisa os torna semelhantes: a diversidade de opções. Enquanto Icoaraci se destaca por seu artesanato marajoara, cujo pólo se instala no bairro do Paracuri, Mosqueiro tem quilômetros e mais quilômetros de praias de água doce, onde até o surf é possível – em julho, os veranistas tomam conta da ilha em meio a shows e programações culturais realizados durante todo o mês. Em Icoaraci e Mosqueiro, lazer se confunde com poesia. A começar pelos nomes: o último remete a uma antiga prática de assar o peixe sobre um braseiro feito no chão, bastante usado pelos índios Tupinambás, primeiros habitantes da ilha. Já o primeiro veio do tupi ico-araci, ou “onde o sol repousa”. Peixe, praia, sol, repouso... é como diz a letra de Pinduca, mestre do carimbó: “Quem vai ao Pará, parou”. L

all types of fruit can be found scattered on the ground. Andi-

you are witness to an extra spectacle (albeit artificial): Lit-up

beaches, where even surfing is possible – in July, vacationers

roba, genipap, cupuaçu, mango – a little bit of everything. The

Belém. The pleasure is all yours.

flock to the island.

rubber trees in the area still bear the scars from the rubber boom period. Living history.

Icoaraci and Mosqueiro - R$ 1.50 is how much it costs to

In both Icoaraci and Mosqueiro, leisure mingles with po-

get by bus to Icoaraci or to Mosqueiro Island, districts within

etry. Starting with the respective names: the latter goes back

The tree that reigns supreme, however, is the 32 meter

greater Belém. The first is some 20 km from the capital. The

to the ancient practice of roasting fish over hot coals in a hole

diameter kapok tree; who knows how many hundreds of years

other, 80 km. Each with its respective charms, one thing that

in the ground, frequently used by the Tupinambá Indians, the

old it is… Its roots extend across the ground, entering into

they have in common is a variety of options.

first inhabitants of the island. The former comes from the Tupi

the river. Over its branches –around 30 meters in height – are

Whereas Icoaraci is famous for its Marajo handicrafts,

word, Ico-araci, or ‘where the sun rests”. Fish, beaches, sun,

bromeliads and orchids, opening twice a year (there are 45

mainly located in the Paracuri neighborhood, Mosqueiro on

rest... it’s as the composer Pinduca suggests: “Whoever goes

species on the island), decorating the ancient tree. At night,

the other hand has kilometer after kilometer of freshwater

to Pará, parou (stops)”. L

26

revista_hangarboneca2.indd 26

23/2/2008 D044 18:13:54


serviço / service

Boteco das 11 Onde: Praça Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha Quando: De 3ª a domingo, às 12h. 2ª, às 18h. O quê: Música regional ao vivo, mas só de noite quando funciona o boteco. De dia, é restaurante. A decoração com objetos encontrados nas escavações, porém, fica sempre lá. Por quê: Filhote e pescada amarela, seja como for o preparo. Uma tangiroska (suco de tangerina com vodka) para acompanhar. Telefone: (91) 3224.8899 Palafita Onde: Rua Siqueira Mendes, 264, Cidade Velha Quando: De 3ª a domingo, das 10h em diante. O quê: MPB, música regional e latina, além de pop e rock. Tudo ao vivo. Por quê: Pastel de pato (massa empanada com pato desfiado, acompanhado de uma pequena cuia de tucupi com jambu). Para calibrar, o saboroso drink Palafita (suco de manga, vodka, licor de chocolate). Telefone: (91) 3212.6302 Mangal das Garças Onde: Pass. Carneiro da Rocha, s/n (ao lado do Arsenal da Marinha), Cidade Velha Quando: De 3ª a domingo, das 10h às 18h para visitação ou até o último cliente no restaurante. O quê: Manjar das Garças – de dia, buffet; pela noite, à la carte. Borboletário, viveiro, Farol de Belém e Museu da

Boteco das 11 (Tavern of the 11) What: Live regional music, but only at night when the tavern is open. During the day it is a restaurant. The objects found in excavations and used as decorations remain there. Where: Frei Caetano Brandão Square, s/n, Feliz Lusitânia Complex, Old CityWhen: Tuesday to Sunday, at Noon. Monday, at 6 p.m. Why: Catfish (filhote) and Acoupa weakfish (pescada amarela), prepared a number of ways. Tangiroska (tangerine concentrate with vodka) on the side. Telephone: 3224.8899 Palafita What: MPB, regional and Latin music, as well as pop and rock. Live music. Where: Siqueira Mendes Street, 264, Old City When:Tuesday to Sunday, from 10 a.m. on. Why: Duck ‘Pastel’ (minced duck in a thin pastry envelope, accompanied with a half-gourd of tucupi sauce and jambu). A savory drink, called Palafita (mango juice, vodka, chocolate liquor), goes along with it perfectly. Telephone: 3212.6302 Mangal das Garças What: Manjar das Garças – a buffet restaurant during the day and a la carte at night. Entrance charged to butterfly enclosure, nursery Belém Lighthouse and Navigation Museum. R$ 2.00 each or R$ 6.00 for all of them. Restaurant parking lot and tour guides for visits scheduled by phone. Where: Doutor Assis Street, s/n, Old CityWhen: Tuesday to Sunday from 10 a.m. to 6 p.m. for visits or until the last cus-

Navegação são pagos: R$ 2 cada ou R$ 6 o passaporte. Possui estacionamento próprio e guia turístico para visitas agendadas por telefone. Por quê: Filhote com crosta de amêndoas, acompanhado de risoto de jambu. Telefone: (91) 3242.5052 Estação das Docas Onde: Boulevard Castilhos França, s/n, Campina Quando: De 2ª a 2ª, das 10h à 0h (orla); das 12h à 0h (armazéns); e das 12h às 22h (mezanino e barracas). Entrada franca. Estacionamento próprio. O quê: Restaurantes, choperia, lojas, quiosques, barraquinhas de artesanato, salão de beleza, salas multiuso para realização de eventos, agência de câmbio, de viagem e bancos 24 horas, sorveteria, exposições permanentes com a história do porto e arqueologia urbana, cinema e teatro. Por quê: O famoso chopp de bacuri e nada menos que oito restaurantes, que vão do regional ao cosmopolita. Telefone: (91) 3212.5525 Beira-Rio Onde: Av. Bernardo Sayão, 4.804, Guamá Quando: De 2ª a 2ª, das 12h às 15h e das 19h às 22h, exceto jantar aos domingos. O quê: Almoço com voz, violão e percussão levando MPB e música regional. Por quê: Caipirinha com receita e roupagem exclusivas da casa, além do filhote na brasa com corte especial e

tomer leaves the restaurant. Why: Catfish with almond crust, accompanied by jambu risotto. Telephone: 3242.5052 Estação das Docas What: Restaurant, micro-brewery, shops, kiosks, handicraft stalls, beauty parlor, multiple use rooms for events, exchange bureau, travel agency, 24 hour ATMs, ice cream parlor, permament exhibits on history of the port and urban archeology, movie and stage theater. Where: Boulevard Castilhos França Ave., S/N – Campina When: Every day, from 10 a.m. to midnight (waterfront area); from noon to midnight (inside); and from noon to 10 p.m. (mezzanine and stalls). Entrance free. Parking lot. Why: The famous Bacuri Draft Beer and no fewer than eight restaurants, ranging from regional to cosmopolitan. Telephone: 3212.5525 Beira Rio What: Lunch with live MPB and regional music. No music played at dinner to not disturb hotel guests. Where: Bernardo Sayão Ave., 4804, Guamá When: Every day, from noon to 3 p.m. and from 7 p.m. to 10 p.m., except dinner on Sundays. Why: Caipirinha with exclusive recipe and look, in addition to the specially cut roast catfish with regional seasonings. Telephone: 3249.4921 Saudosa Maloca What: A little bit of Heaven only seven minutes from town. Where: Combu Island

temperos regionais. Telefone: (91) 3249.4921 Saldosa Maloca Onde: Ilha do Combu Quando: Aos fins-de-semana. De 2ª a 6ª, só com reserva prévia. O quê: Um pedaço do céu a sete minutos da cidade. Por quê: Uma grande variedade de peixes: pescada amarela e branca, filhote, tucunaré, pirarucu, pratiqueira, entre tantos outros. O preparo? Cozido, no tucupi, assado, frito, na chapa. Na Saldosa Maloca, isso não é problema. Icoaraci e Mosqueiro Onde: A 20 Km e 68 Km do centro de Belém, respectivamente Quando: de 2ª a 2ª, faça chuva ou faça sol (tanto melhor). O quê: Icoaraci: Praia do Cruzeiro e o pôr-do-sol no Pontão; Mosqueiro: Areião, Praia Grande, Farol, Chapéu Virado, Murubira, Paraíso, para ficarmos em algumas de suas praias. Por quê: Icoaraci: caldeirada com frutos dos rios amazônicos, um rodízio na pizzaria Vitória ou simplesmente uma água de coco no fim da tarde; Mosqueiro: A tradicional tapioquinha do desjejum, fora os quiosques e barracas espalhados por toda a orla praiana da ilha com o melhor dos quitutes paraenses.

When: On weekends. Monday to Friday, only by appointment. Why: A large variety of fish: acoupa and smooth weakfish (pescada amarela and branca), catfish , peacock bass, pirarucu, mullet (pratiqueira) and many others. How are they prepared? Cooked in tucupi sauce, roasted, fried on the broiler. You can have it any way you like at Saudosa Maloca. Icoaraci and Mosqueiro What: Icoaraci: Cruzeiro Beach and sunset at Pontão; Mosqueiro: Areião, Praia Grande, Farol, Chapéu Virado, Murubira, Paraíso, are just some of the beaches there. When: every day, rain or shine (better). Where: 20 Km and 80 Km from downtown Belém, respectively Why: Icoaraci: stew with Amazonian freshwater fish, allyou-can-eat pizza at the Vitória Pizza Parlor or simply drink ‘coconut water’ in the late afternoon; Mosqueiro: Traditional tapioca crepes for breakfast, and the many kiosks and stalls scattered along the island’s shoreline with some of the best snacks Pará has to offer. Maloca do Orlando What: A spot right in the heart of Amazonia along the banks of the Arapari River. Visitors can sleep over if they take a hammock or sleep on the tour agency boat, moored to a house over the water. When: Weekends. During the week only by reservation. Where: Parrot Island Why: Crab in shell, crab claws, a wide variey of fish, steamed shrimp. All this with wonderfully seasoned beans and whatever else the cook comes up with. Then there’s açaí… afterwards you’ll want to take a nap. 27

revista_hangarboneca2.indd 27

23/2/2008 D044 18:14:07


moda / fashion

Livre para ousar Free to dare

texto / text: Esperança Bessa foto/ photo: divulgação

O nome dele sempre foi associado a cores vibrantes e estampas únicas, e dessa assinatura ele garante que não irá abrir mão. Mas André Lima não é só isso. O estilista paraense mais do que nunca vem experimentando formas e volumes, transformando as roupas – também monocromáticas - literalmente numa extensão tridimensional do corpo. Para ele, não há limites à criação.

His name has always been connected to exciting colors and unique prints – and this characteristic is one he guarantees won’t let go. But André Lima is not only this. The Paráborn clothes designer has more than ever been trying forms and volumes by turning clothes, including the monochromatic ones, into a three-dimensional extension of the body, literally. For him there are no limits to creation.

Cenas do lançamento da coleção de inverno. Acima, o HVW LO LVW D DR nal do GHV le. Scenes from the winter collection opening. Above, the designer at the end of the show.

A

ndré Lima is living a very positive phase of his career. In the height of his creative maturity,

this year he will be a part of a collection by the publishing company Cosac Naify of the greatest names of the fashion sector in Brazil. After being considered a women’s clothes designer par excellence, now he amazes everyone with a line for men, with a focus on the tailor-made and shirts segment, and he also invests in a decoration line. He admits he is in a period of transition, going far beyond the experiences with print patterns, which are still there, alive and kicking, in the prominence place that they’ll always deserve. “The print pattern still is an important way within the creative process because I cannot go

ndré Lima está numa fase mais do que positiva na carreira. No auge da maturidade criativa, este ano ele integrará uma coleção da editora Cosac Naify reunindo os maiores nomes da moda no Brasil. Depois de ser considerado um estilista para o público feminino por excelência, agora surpreende com uma linha masculina, focada na alfaiataria e camisaria, e investe também em uma linha de decoração. Ele admite que está em um período de transição, indo bem mais além das experiências com estamparias, que continuam ali, firmes e fortes, no lugar de destaque que sempre terão. “A estampa ainda é caminho importante dentro

A

do processo criativo porque não posso ir contra uma marca que eu mesmo construí, só que o liso sempre aconteceu em paralelo, com o mesmo sucesso. Acabei de fazer a coleção de inverno e a metade dela era preta”, diz. “Estou mesclando um diferencial de silhueta com proporção, tecido, estampa, acabamento, tudo em termo da proposta de uso da roupa. Não gosto da linearidade, do que é raso, plano. A estampa começou a se tornar uma linguagem em paralelo, e cada vez mais a vontade de experimentar novas formas se torna maior que misturar cores e grafismos. Não quero ser estilista de roupa estampada de festa o resto da vida. Para muitos é confortável e interessante estar assim,

against a mark that I myself built; but the plain has always happened in parallel, equally successful. I’ve just concluded the winter collection and half of it was black”, he says. “I’m blending a differential of silhouette with proportion, fabric, print, and finish, everything in terms of the intended use of the clothes. I don’t like linearity; I don’t like what is flat, plain. The print pattern started to become a parallel language, and more and more the will to try new forms becomes greater than mixing colors and graphism. I don’t want to be a designer of printed party clothes for the rest of my life. For many, it is comfortable and interesting to be like that, in a consolidated stage, but I never liked comfort”.

28

revista_hangarboneca2.indd 28

23/2/2008 D044 18:14:12


num estágio consolidado, mas eu nunca gostei de conforto”, desabafa. Mesmo depois de tantos anos no mercado, ainda existem os que insistem em procurar nas criações de André o traço amazônico. Esse traço está lá, assim como as referências que o estilista traz de Nova Iorque, da Europa, de livros, obras de arte... Afinal, para ele tudo é referência, e é na busca disso que investe. “Sempre que posso, viajo. Vou em busca de livros, música, de perceber nos lugares a relação com o tempo. Quero entender o que a cultura de uma época deixa na moda, na arquitetura, na decoração... Comportamento é o que busco, saio sem saber o que vou achar”, diz o estilista, já envolto nas pesquisas para a coleção primavera-verão, que seguirá a mesma trilha em busca de novas formas e volumes. “Com o passar do tempo me senti mais maduro, livre para ousar. A cintura não precisa, necessariamente, ser o ponto-chave do look. Sinto prazer em propor relações diferenciadas sobre o corpo. A ci--ntura é importante, como são os ombros, as costas, os braços e as pernas. Quando criador e consumidor se tornam escravos da forma, envelhecem porque não dá para manter a novidade fazendo sempre a mesma coisa.” Nessa concepção, cada peça dele é tratada como

única, associando alta-costura a uma linha de montagem quase artesanal. “A minha roupa acabou ficando uma mistura prêtà-porter e luxo, com requinte de artesanato de moda que não está só no detalhe do acabamento, mas na construção mesmo. Muitas peças são produzidas fazendo mulagem, estudando os volumes no corpo do manequim. Não gosto de falar em alta-costura, mas são peças quase sob medida. Tem vestido montado com 79 pedaços de tecido, vestido curto que precisou de 12 metros de pano, peças que demoram de dois a três dias para ficar prontas. Isso foge da linguagem da confecção brasileira hoje.” Mesmo com todo esse aprumo, André Lima diz que todas as peças são “usáveis”, afinal não adianta estar tudo deslumbrante no desfile se lugar de roupa é no corpo, e a melhor passarela está nas ruas. “Não faço duas coleções, uma para passarela e outra para os clientes. O que vai para a passarela é como um perfume, um extrato de uma concepção maior e sei que quem compra minha roupa é para uma ocasião especial, que pode ser um casamento ao meio-dia ou uma festa black-tie. Pode ser um vestido super luxuoso ou uma simples camiseta com um corte diferente: quem busca minha coleção sabe que vai ficar diferenciado no meio da multidão.” L

Even after so many years in the market, there are still those who insist on finding traces of the Amazon in the creations of André. Such trace is there as well as the references the designer brings from New York, Europe, from the books, works of art… After all, for him everything is a reference, and he’s devoted to that search. “Whenever I can, I travel. I go in search of books, music, and perceiving in the places the relation with time. I want to understand what the culture of a time leaves in fashion, in architecture, in decoration… Behavior is what I search for; I leave without knowing what I’ll find”, says the fashion designer, who is already involved in the research for the spring-summer collection, which will follow the same trend in search of new forms and volumes. “As time went by, I felt more experienced, more liberated to dare. The waist does not necessarily need to be the key-point of the looks. I feel pleasure in proposing differentiated relations on the body. The waist is important, as are the shoulders, the back, the arms, the legs… When creator and consumer become slaves of the form, they age, for one cannot keep the novelty by doing the same thing”. According to this conception, each of his pieces is treated as unique, associating top dressmaking to an almost artisanal assembly line. “My clothes ended up being a mixture prêt-à-porter and luxury, with the refinement of fashion handicraft, which is not only in the finish, but actually in the making of it. Many pieces are produced by dressmaking – studying the volumes on the body of the dummy. I don’t like talking about top dressmaking, but those are almost tailor-made pieces. There is a dress made with 79 pieces of fabric, a short dress that required 12 meters of fabric to be made, pieces that took two to three days to be ready. This is out of the language of the Brazilian dressmaking of today”. Even with all this, André Lima says that all the pieces can be worn; after all, there is no point in everything being gorgeous in the fashion show if clothes are to be worn on the body, and the best catwalk is in the streets. “I do not make two col-

Conhecido por criar roupas para mulheres, André Lima acaba de lançar sua primeira coleção masculina.

lections, one for the catwalk and another for the customers. What goes for catwalk is as a perfume, an extract of a bigger conception and I know that

Known as a designer of women’s clothes, André Lima makes his U VW FRO O HFW LRQ IRUP HQ

those who buy my clothes will do so for a special occasion, such as a wedding at noon or a blacktie party. It can be a super luxurious dress or an ordinary t-shirt with a different cutting: those who search for my collection know that they will stand out in the crowd”. L

29

revista_hangarboneca2.indd 29

23/2/2008 D044 18:14:16


Sabor do Pará

Foto: Ely Pamplona

ensaio / essay

The flavor of Pará texto / text: Redação

Base tradicional da alimentação das populações ribeirinhas paraenses, o açaí vem ganhando o mundo nos últimos anos graças às suas propriedades energéticas. Hoje, é o principal item de hortifruti na pauta de exportações do Pará, Estado que é o maior produtor nacional da fruta, sendo responsável por 95% da produção. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri), em 2006 o Pará produziu 472.040 toneladas de açaí, gerando uma receita de 433 milhões, 500 mil e 289 reais. Estima-se que só em Belém o consumo diário da fruta fique em torno de 440 toneladas diárias. Desde o fi nal de 2007, o Estado vem implantando um Programa Estadual de Qualidade para o Açaí, observando boas práticas agrícolas e de fabricação, além dos procedimentos higiênico-sanitários na manipulação e comercialização do produto. Conheça um pouco da cadeia produtiva do açaí pelas lentes de fotógrafos paraenses. Traditional staple of riverbank dwellers in Pará, açaí has become popular worldwide the last few years due to its properties as an energy drink. Traditional staple of riverbank dwellers in Pará, açaí has become popular worldwide the last few years due to its properties as an energy drink. Today it is the mainstay of produce exported from Pará, the number one producer of açaí in Brazil, responsible for 95% of national production. According to data from the State Department of Agriculture (Sagri), in 2006, Pará produced 472,040 tons of açaí, resulting in R$ 433,500,289 in revenue. In Belém alone, daily consumption of the fruit is estimated at nearly 440 tons. Since late 2007, the state has been implementing the State Açaí Quality Program, promoting good farming and processing practices, in addition to hygienic procedures for handling and sales of the product. Learn more about the açaí productive chain, from harvest to the table, through the lenses of local photographers.

30

revista_hangarboneca2.indd 30

23/2/2008 D044 18:14:23


Foto: Renato Chalu Foto: Renato Chalu Foto: Renato Chalu

31

revista_hangarboneca2.indd 31

23/2/2008 D044 18:14:37


Foto: Miguel Chikaoka

32

revista_hangarboneca2.indd 32

23/2/2008 D044 18:14:45


Foto: Miiguel Chikaoka

33

revista_hangarboneca2.indd 33

23/2/2008 D044 18:14:49


34

revista_hangarboneca2.indd 34

23/2/2008 D044 18:15:02


Foto: Miguel Chikaoka

35

revista_hangarboneca2.indd 35

23/2/2008 D044 18:15:31


06

revista_hangarboneca2.indd 36

23/2/2008 D044 18:15:35


revista_hangarboneca3.indd 37

23/2/2008 D044 18:21:07


neg贸cios / business

06

revista_hangarboneca3.indd 38

23/2/2008 D044 18:21:09


Paraíso dos

Aromas A paradise of aromas

texto // text: Esperança Bessa e Leandro Moreira fotos // photos: Jaime Souzza

O Pará é conhecido por ser uma terra de muitos cheiros. Seja no aroma das frutas ou das flores exóticas da região, no patchuli ou no cheiro-dopará tirados das cascas de árvores para perfumar o corpo e a roupa, não importa: conhecer a cultura do Estado é também fazer uma viagem sensorial por meio do olfato. Pará is known as a land of many fragrances. Whether in the aroma of the exotic fruits and fl owers from the region, in the patchouli or cheiro-do-pará taken from tree bark to perfume both body and clothing, it doesn’t matter: experiencing the culture of Pará includes taking a sensorial journey through the sense of smell.

sabedoria indígena somada à do caboclo ribeirinho faz com que se tire das árvores e plantas soluções para tudo, inclusive para cuidar da estética do corpo. O mercado de “cosméticos populares” há muito já conhece essa combinação, mas ultimamente a grande indústria descobriu que, em tempos de globalização, as pessoas estão cada vez mais em busca do que é natural. Então por que não aproveitar sementes, flores, frutos e raízes para cuidar de si? Para isso, basta aproveitar o que proporciona a chamada “Amazônia engarrafada”. O Ver-o-Peso é um dos maiores mercados a céu aberto do mundo, é mundialmente famoso pelas vendedoras de ervas que, entre uma e outra fórmula para cuidar dos males do corpo e da alma, comercializam produtos de beleza artesanais. É o caso, por exemplo, do Recuperador Capilar, uma mistura de três tipos de sementes, quatro tipos de óleos e uma mistura secreta de ervas, não revelada sob hipótese alguma. “É tiro e queda para a calvície! Em menos de duas semanas já tem cabelo nascendo de novo. Só fica careca quem quer!”, afirma Dona Heloísa, 42, vendedora no Ver-o-Peso há 20 anos. Quer sabonete esfoliante? Lá também tem, graças a uma combinação de andiroba, copaíba, mel de abelha e pó de Juá, como é chamado o extrato tirado da árvore juazeiro. Isso sem falar nos óleos de pequi e de coco, que deixam “o cabelo bonito”, como diz a erveira. Outro produto famoso, a banha de tartaruga é muito usada para remover manchas, rugas e pés-de-galinha, e para muitos é bem mais eficiente que os ácidos aplicados nas mesas de dermatologistas. Quando perguntada sobre o porquê da banha de tartaruga ser benéfica para a pele, a vendedora de erva é de uma simplicidade surpreendente: “Ah, isso aí eu não sei não, mas que deixa bonito, deixa!”, diz, externando a importância da tradição. “O cliente sempre vai preferir um produto 100% natural do que um industrializado, cheio de corantes e outros ingredientes artificiais que só Deus sabe o nome. Além de ser uma receita mais eficiente e com uma tradição que vem de muitos anos atrás. Sem contar a nossa propaganda, que é cara-a-cara mesmo. Nunca que um comercial vai te pegar no braço e te mostrar o cheiro do produto que ele quer vender pela televisão”, argumenta Dona Heloísa, que aprendeu a arte de fabricar os cosméticos naturais como herança familiar. “Meu pai e minha avó trabalhavam com a venda desses produtos e há 20

A

39

revista_hangarboneca3.indd 39

23/2/2008 D044 18:21:33


anos eu tenho seguido os passos deles usando o ensinamento que me passaram.” Tradição Além dos produtores artesanais que ganham a vida vendendo o que alguns chamam de “Amazônia engarrafada”, surgiram, com o passar dos anos, algumas empresas que se especializaram em industrializar cosméticos usando receitas tradicionais que são herança cultural do Pará. A Natura é uma das que já investiram na área, com a linha Ekos, criada em 2002 e baseada nos princípios ati-

vos da biodiversidade brasileira - principalmente amazônica. Foi o que alavancou as vendas da empresa, que estava perdendo espaço por não ter uma identidade única, e ainda abriu portas no exigente mercado internacional. Mas bem antes de marcas nacionalmente conhecidas chegarem por aqui, fábricas locais já investiam nesse nicho, como a Orion, tradicional perfumaria fundada em 1927 na capital paraense, pelo português Antônio Gomes, um apaixonado pela mistura dos aromas. Na Orion, o cliente brinca de alquimista e mon-

As ervas aromáticas amazônicas são comercializadas nas feiras livres da capital com a promessa de curar males do corpo e da alma

ta o perfume do jeito que quiser, misturando as essências para criar cheiros personalizados. “É possível unir muitos elementos, podendo misturar as nossas essências e ‘à francesa’, ‘vence-tudo’, ‘dama da noite’ e ‘pau-rosa’, mas há uma extensa gama de combinações que o cliente pode idealizar e encomendar”, exemplifica Manoel Santos, mais conhecido como Português, neto de Antônio e hoje gerente da loja. Além dos perfumes exclusivos, há os carroschefe da Orion, como o perfume “Fetiche” e uma essência chamada “Cheiro-do-Pará”, mistura se-

Amazonian aromas are sold in ope-air markets in Belem, promising to heal the ills of the body and of the soul

W

isdom of indigenous peoples and riverbank-dwelling

soul, also sell handcrafted beauty products. Take the case, for

‘caboclos’ (Amazonian hinterland dwellers) enabled them

example, of Hair Recoverer, a mixture of three types of seeds,

ficient than the products applied by dermatologists. When asked why turtle fat is so beneficial to the skin, the

to find everything they needed in the forest’s trees and plants,

four types of oils and a secret mixture of herbs, which the

herb seller has a surprisingly simple response: “Ah, I don’t

including for aesthetic bodily needs. The ‘popular cosmetics’

saleswomen absolutely refuse to disclose. “It’ll cure hair loss

know why, but it sure does make your skin pretty!”, she says,

market has known about this for some time, but recently large-

for sure! In less than two weeks, you’ll have your hair growing

emphasizing the importance of tradition. “Customers always

scale industry has discovered that, in this age of globalization,

back. Nobody has to be bald unless they want to!”, states Dona

prefer 100% natural products instead of industrialized ones,

people are increasingly seeking out natural products. So why

Heloísa, 42, a saleswoman at Ver-o-Peso for the last 20 years.

full of dyes and other artificial ingredients that God only knows

not use seeds, fruits, flowers and roots to take care of the body?

Need cleansing soap? It’s there, thanks to a combination of

the names of. Besides ours being a more efficient composition

To do so, one need only to use what has been called “bottled

andiroba, copaiba, honey and ‘Jua powder’, as the extract of the

and with years and years of tradition. There’s also our advertis-

Amazonia”.

juazeiro tree is called. There is also souari and coconut oil, to

ing, which is one-on-one. A commercial cannot take you by the

Ver-O-Peso is one of the largest open-air markets in the

make ‘your hair pretty’, according to the herbalist. Another fa-

hand and show you the smell of the product it’s trying to sell on

world, and is world-famous for its herb sellers who, between

mous product is turtle fat, which is widely used to remove spots,

TV”, says Dona Heloísa, who learned the art of making natural

sales of different formulas to heal the ills of the body and of the

wrinkles and age marks. Many people feel it is much more ef-

cosmetics passed down through generations. “My father and

40

revista_hangarboneca3.indd 40

23/2/2008 D044 18:22:20


creta de elementos da região. Manoel avisa que a perfumaria não pára com os lançamentos. “A qualquer momento nós podemos lançar novos perfumes, essências, colônias e sabonetes, mas não é algo que seja divulgado na mídia, pois nossa propaganda é no boca-a-boca”, ressalta. Para isso, as conversas com os fregueses valem muito. Graças às sugestões do público, por exemplo, algumas receitas tiveram o nível de álcool reduzido e ganharam concentração de essências. “O cliente tem sempre razão”, afirma, categórico, o Português. A Orion completou 80 anos de existência em 2007 e ainda é sucesso de vendas na cidade, defendendo a tradição como diferencial de mercado. “Famílias antigas de Belém sempre compraram os seus perfumes na loja, e os filhos dessas famílias mantêm a tradição dos pais, sempre comprando na Orion”, afirma o Português, que também associa a longevidade da marca a preços baixos. “Pela facilidade de adquirir as matérias-primas perto da fonte, temos uma média de preço muito inferior à dos fabricantes nacionais, o que atrai o grande público das classes média e baixa.” Outra empresa local que soube acompanhar a

Chamma da Amazônia em São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Manaus, Brasília, Vitória, Goiânia, Belo Horizonte, Curitiba, Teresina, Natal e Florianópolis, e em países como Estados Unidos, Itália e Portugal. Até nos Emirados Árabes Unidos os produtos 100% paraenses estão presentes. Fugindo dos modelos tradicionais de produção,

a Chamma da Amazônia trabalha em conjunto com comunidades ribeirinhas, que produzem grande parte dos itens comercializados pela empresa, numa ação de responsabilidade social e ambiental. É assim que nascem produtos como a “Água Cheirosa de Castanha-do-Pará”, um perfume hidratante baseado na semente da castanheira; a deo colônia “Caboclo”, feita com bergamota, sândalo e vetiver somados ao aroma de “madeiras quentes”; e o Banho de Chamma, uma infusão de raízes, sementes e ervas - como patchuli, priprioca, cumaru, pataqueira, catinga-de-mulata, oriza e erva chama - misturadas em base de lavanda, que, depois de envelhecidas, têm os cheiros e as cores extraídos. A linha da Chamma também conta com perfumes, loções pós-barba, hidratantes, xampus, condicionadores, sabonetes, óleos perfumados e sachês. “A Amazônia não é interessante pelo simples fato de ser o ‘pulmão’ do mundo ou o ‘coração verde da terra’. Ela é interessante pelas pessoas que moram e amam a terra, que valorizam e recebem todos que a visitam. A marca ‘Amazônia’ não teria essa importância toda se os índios não fossem inteligentes o suficiente para encantar os

grandfather worked selling these products and for the last 20

and has even enabled it to enter the demanding international

Antônio and manager of the shop.

years I’ve followed their footsteps, using the knowledge they

market.

taught me”.

mudança nos tempos foi a Chamma, hoje Chamma da Amazônia. A perfumaria, fundada em 1957 por Oscar Chamma, um químico encantado por perfumes, apresenta uma diversidade de produtos que já ganharam mercados nacionais e internacionais sem perder a característica regional. Atualmente, além de Belém, é possível encontrar produtos

Nossa p propaganda é boca-a-boca no boca-a Our advertising is spread from one to another

Among the exclusive perfumes of the Orion shop, there are

Long before nationally known brands came here, local

the flagship products, such as the “Fetiche” perfume and an

companies were investing in this niche, such as Orion, a tra-

essence called “Cheiro-do-Pará” (“Scent of Pará”), a secret

Tradition

ditional perfume maker founded in 1927 in Belém, by Antônio

mixture of ingredients from the region. Manoel says that the

In addition to the handicraft producers who make their liv-

Gomes, from Portugal, who was passionate about the mixing

perfume shop is regularly launching new products. “We are

of aromas.

launching new perfumes, essences, colognes, soaps…but it’s

ing selling what some call “bottled Amazonia”, in the last few years, certain companies have specialized in industrializing

At Orion, customers act as alchemists and put together

not something you see in the news, our publicity is by word of

cosmetics using traditional compositions that are part of the

their perfume the way they want it, mixing essences to create

mouth”. So what customers say is very valuable. Some com-

cultural heritage of Pará. Natura is one that has invested heav-

individualized scents. “You can combine many elements, mix-

positions reduced their alcohol content and concentrated es-

ily in this area, with the Ekos product line, created in 2002 and

ing some of our store fragrances and “French woman”, “win-

sences due to suggestions from customers. “The customer is

based on active ingredients from Brazilian biodiversity – espe-

ner-of-all”, “lady of the evening” and “rosewood”, as well as a

always right”, “Portuguese” says emphatically.

cially from Amazonia. This has leveraged company sales, as it

wide variety of combinations that you can imagine and order”,

Orion completed 80 years in business in 2007 and is still

was losing market share due to not having a singular identity,

says Manoel Santos, also known as “Portuguese”, grandson of

quite popular in Belém, with tradition being its differential on

41

revista_hangarboneca3.indd 41

23/2/2008 D044 18:22:27


estrangeiros com suas ervas e ‘curandorias’. Mais que a ‘Amazônia verde’, é uma ‘Amazônia humana’, que poucos falam”, define o diretor de marketing da marca, Gustavo Chamma. A mais nova empresa surgida no mercado local dos cosméticos é a Insumos da Amazônia. O conhecimento de base veio de uma famosa farmácia de manipulação de Belém cujos donos, seduzidos pela idéia de investir na área de cosméticos feitos com substâncias amazônicas, lançaram em 2005 uma pequena e limitada linha que incluía sabonetes, xampus e condicionadores preparados no laboratório da farmácia, para testar a receptividade do público. A princípio, não havia nenhum ponto de venda fora das prateleiras da própria farmácia. A surpresa veio na mesma dimensão que o su-

cesso da linha de cosméticos, que caiu no gosto popular. A demanda não parou de crescer, o que forçou a criação de quiosques de venda pela cidade, a construção de um novo laboratório exclusivamente para a fabricação dos cosméticos e de uma loja própria. “A partir do momento em que ocorreu a industrialização, tivemos a chance de mostrar os produtos em outros locais, divulgar a marca”, diz Agis Elias Júnior, um dos fundadores da Insumos da Amazônia. Hoje são mais de 50 produtos no catálogo, dentro da proposta de unir o melhor dos cosméticos do mundo todo com as regionalidades amazônicas. Assim nasceram os sabonetes de açaí e de castanha-do-pará, o sabonete esfoliante de jambu e o

Em muitos casos, o cliente faz a sua própria combinação a partir de uma LQ nidade de fragrâncias, criando perfumes exclusivos

hidratante de cupuaçu. Deu tão certo que já estão confirmadas exportações de amostras para alguns países da Europa. “Somos da região, conhecemos os produtos e matérias-primas daqui. Nosso objetivo é vender uma produção bem-elaborada, com ativos 100% naturais, afinal, estamos na Amazônia e é daqui que tiramos nossas essências. Nossas idéias partem de uma mistura de criatividade, pesquisa e do nosso conhecimento de botânica, todas as receitas são nossas. Temos sabonetes, xampus, condicionadores, cremes capilares, cremes de massagem corporal, uma linha especial para pés (com direito a gel relaxante feito com arruda), hidratantes para o corpo (à base de açaí, castanha-do-pará e cupuaçu) e uma loção antioxidante de cacau e pequi.” L

In many cases, the customers make their own combination from many fragrances, thus creating exclusive perfumes

the market. “Old families from Belém always buy their per-

anópolis, besides countries such as the United States, Italy

“Amazonia is not only important because it is the ‘lung

fumes at our shop, and the children of these families carry on

and Portugal. Products 100% from Pará have even found their

of the world’ or the ‘green heart of the planet’. It is important

the tradition of their parents, and continue to shop at Orion”,

way to the United Arab Emirates.

because of the people who live on and love this land, who care

Portuguese says, who also associates the brand’s longevity to

Abandoning traditional production models, Chamma da

for it and receive all those who visit. The brandname “Ama-

affordable prices. “Because it’s easy to get raw material near

Amazonia works together with the riverbank communities that

zonia” would not be so important if it were not for the indig-

the source, our average prices are lower than those of nation-

produce most of the items sold by the company, demonstrating

enous people being smart enough to woo the foreigners with

wide companies, which attracts lots of middle and lower class

both social and environmental responsibility. This has led to

their herbs and remedies. More than a ‘green Amazonia’, it is

customers”.

products such as “Scented Brazilnut Water”, a moisturizing

a ‘human Amazonia’, which few speak of”, says the company’s

Another local company that knew how to follow changing

perfume based on Brazil nuts; the deo-cologne “Caboclo”,

marketing director, Gustavo Chamma.

times is Chamma, now called Chamma da Amazonia. The per-

made from tangerine, sandalwood and vetiver plus aromas

The latest company to appear on the local cosmetics mar-

fume shop was founded in 1957 by Oscar Chamma, a chemist

from “hot woods”; and Chamma After-Bath, an infusion of

ket is Insumos da Amazonia. The basic knowledge came from a

with a passion for perfumes, and has a variety of products

roots, seeds and herbs, including patchouli, priprioca, cu-

famous medication mixing pharmacy in Belém. The owners be-

that have gained acceptance in national and international

maru, pataqueira, catinga-de-mulata, oriza and chama herb

lieved in the idea of investing in cosmetics made from Amazo-

markets, without losing its regional traits. Currently, in addi-

– mixed in a lavender base, which has its fragrances and col-

nian substances, and launched a small line of products in 2005

tion to Belém, you can find Chamma da Amazônia products in

ors extracted after ageing. The Chamma product line also has

that included soaps, shampoos and conditioners prepared in

São Paulo, Salvador, Rio de Janeiro, Manaus, Brasília, Vitória,

perfumes, aftershave lotions, moisturizing creams, shampoos,

the pharmacy laboratory, to test the public’s reaction. Initially,

Goiania, Belo Horizonte, Curitiba, Teresina, Natal and Flori-

conditioners, soaps, perfumed oils and sachets.

their only point of sale was on the shelves of their pharmacy.

42

revista_hangarboneca3.indd 42

23/2/2008 D044 18:22:29


O conhecimento tradicional foi parar em fábricas (abaixo) e resultou em produtos valorizados no mundo inteiro The traditional knowledge took to the factories (below) and resulted in products that are valued all over the world.

nonononon

The surprise came with the immense

been so successful that exports of samples

success of their line of cosmetics, which

to countries in Europe have already been

gained wide popularity. Demand steadily

confirmed.

increased, and resulted in sales kiosks be-

“We are from the region, we know the

ing set up around town, plus the building

products and raw materials here. Our aim is

of a new laboratory exclusively for prepar-

to sell a well-prepared product, with 100%

ing cosmetics and a separate shop. “Once

natural active ingredients, after all, we are

we began industrializing, we were able to

in the Amazon and all these essences come

show the products elsewhere, to publicize

from here. Our ideas for all our compositions

our brand”, says Agis Elias Júnior, one of the

come from a mixture of creativity, research

founders of Insumos da Amazonia.

and botanical knowledge. We make soaps,

Today it has over 50 products in its cat-

shampoos, conditioners, hair creams, body

alogue, and its aim is to combine the best

massage creams, a special product line for

of world-class cosmetics with Amazonian

footcare (with a soothing gel made from

regional specificities. This gave rise to açai

rue), body moisturizers (made from açai,

and Brazilnut soaps, jambu cleansing soap

Brazilnut and cupuaçu) and an anti-oxidiz-

and cupuaçu moisturizing cream. It has

ing lotion made from cocoa and souari.” L

L

L

06

revista_hangarboneca3.indd 43

23/2/2008 D044 18:22:41


Celeiro de perfumes Na Amazônia, há 1.250 plantas e frutos catalo-

Lautier (França), Dragoco (Alemanha) e Takasago

Depois de 30 anos de pesquisa, coleta e identi-

gados de onde são retirados óleos e aromas usados

(Japão), comercializam essências amazônicas. Se-

ficação de plantas aromáticas, Maia diz que a bus-

na indústria cosmética. Algumas foram parar em

gundo o químico José Guilherme Maia, coordenador

ca por novas essências está longe do fim.

frascos famosos, como o do Chanel nº 5, criado

do Banco de Dados de Plantas Aromáticas e Frutos

“Já realizamos mais de mil expedições de cam-

em 1921, com um fixador extraído do óleo do pau-

Tropicais da Amazônia, além da variedade da flora,

po, percorremos mais de 50 mil quilômetros, cole-

rosa.

as diferenças de clima e solo, que alteram a com-

tamos mais de 2,5 mil plantas e produzimos mais

posição química das plantas, são fatores que expli-

de 1,5 mil óleos essenciais e aromas. Mas ainda há

cam a diversidade de óleos e aromas da região.

muito por fazer.”

Empresas internacionais produtoras de fragrâncias, como Firmenich e Givaudan (Suíça),

A treasure-trove of perfumes

There are 1,250 catalogued plants and fruits in Amazonia

and Takasago (Japan) sell Amazonian essences. According

After 30 years of research, collection and identification of

used to extract oils and aromas for the cosmetics industry.

to chemist José Guilherme Maia, Coordinator of the Aromatic

aromatic plants, Maia says that the search for new essences is

Some are found in world-famous scents, such as Chanel no. 5,

Plants and Tropical Fruits of Amazonia Database, in addition to

far from over. “We’ve already conducted over a thousand field

created in 1921, using a fixer extracted from rosewood oil.

the variety of flora, there are also soil and climate differences

expeditions, covered over 50,000 kilometers, collected over

that alter the chemical make up of the plants, factors the ex-

2,500 plants and produced more than 1,500 essential oils and

plain the diversity of oils and aromas found in the region.

aromas. There’s still a lot to do.”

International fragrance producers such as Firmenich and Givaudan (Switzerland), Lautier (France), Dragoco (Germany)

Pimenta-longa (Piper hispidinervum) Onde: Cresce em áreas abertas de mata secundária alta ou savanas Uso: Óleo essencial utilizado como fixador de fragrâncias Pau-rosa (Aniba rosaeodora) Onde: Nativa em floresta de terra firme, principalmente em áreas ribeirinhas Uso: Óleo essencial que compõe fragrâncias na indústria de perfumes

Pimenta-longa (Piper hispidinervum) Where: it grows in open areas of high secondary forests or savannahs Usage: essential oil used as a fixation agent in fragrances

Pau-rosa (Aniba rosaeodora) Where: it is a native plant of highland forests, especially in riverside areas Usage: an essential oil used in fragrances for the perfume industry

Priprioca (Cyperus articulatus) Onde: Freqüente em áreas semi-inundadas Uso: Óleo essencial empregado na criação de fragrâncias Priprioca (Cyperus articulatus) Where: frequently found in semi-flooded areas Usage: essential oils used in the making of fragrances

Cumaru (Dipteryx odorata) Where: it is frequently found in highlands and high lowlands Usage: almond oil used in the perfume industry Copaíba(Copaifera spp) Onde: Encontrada em floresta de terra firme Uso: Óleo-resina empregado na produção de cosméticos Pataqueira (Conobea scoparioides) Onde: Encontrada em áreas semi-inundadas Uso: Em banhos aromáticos Pataqueira (Conobea scoparioides) Where: it can be found in semi-flooded areas Usage: aromatic baths

revista_hangarboneca3.indd 44

Copaíba (Copaifera spp) Where: it can be found in highlands Usage: resin oil for the cosmetics industry

Fonte: Plantas aromáticas na Amazônia e seus óleos essenciais

Cumaru (Dipteryx odorata) Onde: Freqüente em mata de terra firme e várzeas altas Uso: Óleo de amêndoas utilizado na indústria de perfumes

23/2/2008 D044 18:22:48


revista_hangarboneca3.indd 45

23/2/2008 D044 18:23:08


revista_hangarboneca3.indd 46

23/2/2008 D044 18:23:16


revista_hangarboneca3.indd 47

23/2/2008 D044 18:23:23


turismo / tourism

Respirando os

ares do campo Taking in the country air texto / text: Carlos Henrique Gondim foto / photo: divulgação

Em um Estado de grandes atrativos naturais, os hotéis-fazenda – ou fazendashotel – são uma ótima oportunidade para quem quer experimentar os ares do campo e relaxar longe da conturbada vida da cidade grande.

In a state with outstanding natural attractions, farm hotels are an excellent chance to test the country air and relax far from the big city bustle.

48

revista_hangarboneca3.indd 48

23/2/2008 D044 18:23:25


Abaixo e na página ao lado, imagens do Hotel Vitória. A proximidade com a natureza e a hospitalidade dos nativos têm feito o interesse pelos hotéis-fazenda crescer.

m um Estado de vastas extensões de terra, que ocupam quase 15% de todo o território nacional, era de se esperar que o Pará fosse dotado de uma incrível vocação para a vida no campo. E de fato é. Essa vocação tem sido aproveitada por diversos empreendedores paraenses de uma maneira bastante inteligente: a criação de hotéis-fazenda (ou fazendas-hotel), nos quais as atividades típicas do campo são mantidas e se aliam à tarefa de receber, de forma simpática, turistas e aventureiros do Brasil e do mundo. Nesta reportagem, apresentamos alguns destes hotéis, cada um com as suas peculiaridades. A maioria está localizada no Arquiélago do Marajó, onde surgiram as primeiras idéias em torno da criação de hotéis-fazenda. Para chegar até eles, é preciso viajar de avião ou barco, partindo de Belém. Mas também há opções que podem ser acessadas de carro e estão relativamente próximas à capital. O perfil dos hotéis-fazenda no Pará é o mais variado possível. Existem desde o mais simples, com poucos quartos - o que torna o ambiente ainda mais aconchegante - a estruturas imensas que podem chegar a 80

E

apartamentos, oferecendo todo o conforto e comodidade só encontrados em hotéis cinco estrelas. Mas há algo que os deixa semelhantes: a chance de estar próximo da natureza, em uma paisagem única, propícia tanto ao descanso quanto ao lazer. Marajó: o berço dos hotéis-fazenda Que o Marajó é um dos destinos paraenses que mais atraem turistas do Brasil e do mundo, isso não é preciso repetir. Com uma área de 62 mil km2, a maior ilha fluvial do mundo é, na verdade, um arquipélago com ilhas que se formam com o sobe e desce das águas. Lá, onde a vida rural e a selvagem convivem harmonicamente, nasceram as primeiras experiências com hotel-fazenda no Pará, motivadas pelo fato incontestável de que, em um lugar tão deslumbrante, é preciso oferecer algo além de uma simples hospedagem. Uma das pioneiras em receber turistas em sua casa foi a fazendeira Heronides de Albuquerque Acatauassú. Dona Dita, como era conhecida, ganhou o título de “Embaixatriz do Marajó” por seu talento na arte de bem-receber. Na Fazenda Santa Cruz da Tapera, loca-

Proximity to nature and hospitality of the locals has led to increased interest in hotel-farms

lizada no município de Soure, Dona Dita recepcionou personalidades como o Príncipe Charles, herdeiro do trono inglês, o Rei Gustavo, da Suécia, e os ex-presidentes do Brasil Garrastazu Médici e João Baptista Figueiredo. Celebridades do mundo das artes e da dramaturgia nacional, como Beth Faria, Glória Menezes e Tarcísio Meira também foram hóspedes de Dona Dita e seu marido, Domingos. Ana Tereza Acatauassú Nunes, sobrinha-neta de Dona Dita, conta que seus avós não tinham objetivos comerciais ao receber tantos turistas. “Recebiam todos os que os procurassem, mas sempre de coração aberto.” Hotel-fazenda Sanjo Tido como capital do Marajó, o município de Soure possui pelo menos dois bons hotéis-fazenda nos quais o turista pode se hospedar confortavelmente. O HotelFazenda Sanjo, a 35 km do centro da cidade, dispõe de duas suítes e quatro quartos em uma casa-sede aconchegante, administrado por Ana Tereza. Entre as várias atividades oferecidas no local, estão as cavalgadas pelos campos da fazenda, passeio de

iven its vast size – it covers nearly 15% of Brazil’s total

G

farm-hotel idea first took root. To get to most of these means a

and leisure. For older people who were born in the countryside

area – one might well expect the state of Pará to be incred-

plane or boat trip from Belém, the state capital, but some can

and now live in town, it is a chance to revisit their childhoods

ibly well suited to country living. And so it is. Now, this voca-

be reached by car and are relatively close.

and revel in the smells and atmosphere of the farm. For the

tion has been rather intelligently turned to good advantage by a

Farm hotels in Pará are as varied as can be. Some are the

number of enterprising locals, who have set up farm-hotels (or

soul of simplicity, with only six rooms, making for a cozy, homely

hotel farms), which pursue all the typical rural activities, while

atmosphere, while others are immense structures of up to 80

at the same time warmly welcoming tourists and adventurers

apartments offering all the comforts and conveniences of a

from all over Brazil and the world.

five-star hotel.

young, it is a chance to experience what for city folk are completely new sensations. Marajó: where it all started It hardly needs repeating that the Island of Marajó is one of

This article lists six such hotels, each with its own dis-

They all have one thing in common though: the opportunity

the destinations in Pará that most attracts visitors from around

tinctive features. Most are on the island of Marajó, where the

to get close to nature in unique scenery just made for relaxation

Brazil and the world. Covering 24,000 square miles, the world’s

49

revista_hangarboneca3.indd 49

23/2/2008 D044 18:23:31


barco, trilha ecológica com observação da flora e da fauna (que inclui espécies exóticas como o colhereiro, o guará e a garça), montaria em búfalos e pescaria de piranhas e outros peixes da região. Também é possível visitar uma réplica de um cemitério indígena, onde se observa como se encontravam as peças indígenas enterradas há mais de mil anos, e conhecer o museu arqueológico na sede da fazenda, com peças indígenas verdadeiras. No hotel, o hóspede se integra à rotina rural e pode cavalgar junto aos vaqueiros para buscar os búfalos pelos campos, além de apreciar e observar como é produzido o famoso queijo do Marajó. Aliás, falando em comida, a alimentação dos hóspedes é preparada no local e são servidos pratos típicos, como filé de búfalo, pernil de porco, sopa de queijo de búfala, peixes, sucos regionais, pão caseiro, tapioquinha, açaí, cupuaçu, pudim de tapioca e geléias de frutas regionais. Após as refeições, nada como descansar em uma rede armada na varanda da casa. Hotel-fazenda São Jerônimo Também localizado em Soure, o Hotel-Fazenda São Jerônimo tem como trunfo o fato de ter sido o local escolhido como sede do programa “No Limite 3”, exibido em 2001 pela Rede Globo. Até hoje, os cenários de várias provas realizadas no reality show estão preservados e desafiam os visitantes, como é o caso do labirinto. A propriedade tem 400 hectares, manguezais, igarapés, campos, lagoa e praia particular. Tucanos, cotias, periquitos, macacos, garças, guarás, gaviões e tartarugas são alguns dos animais que habitam o lugar. Aberta ao público desde janeiro de 2002, a fazenda produz coco e frutas regionais, além de criar gado. Entre os atrativos, estão as caminhadas e os passeios de charretes puxadas por búfalos ou de cavalos marajoaras pelas trilhas nas matas e nos manguezais. Também recomenda-se o passeio de barco a remo pelos igarapés para contemplar a beleza e diversidade natural. A culinária é típica do Marajó, aliada a pratos internacionais. A chef é a dona da fazenda, que preza os ingredientes oriundos do local, como o açaí e caranguejos. O hotel oferece cinco opções de suítes avaranda-

das, com ar-condicionado, frigobar, chuveiro elétrico e decoração regional. Há ainda uma quadra de vôlei e os hóspedes podem usar a internet. Fazenda Carmo-Camará Saindo de Soure, mas ainda no Marajó, encontra-se a Fazenda Carmo-Camará. O lugar deve seu nome ao Rio Camará, onde se localiza o porto que dá acesso a todos os municípios do Marajó, para quem vem de Belém. A fazenda oferece hospedagem com conforto e bem-estar, sem luxo, porém com calorosa acolhida. A culinária caseira de apurado paladar tem como destaque as iguarias produzidas lá mesmo. A casa-sede oferece quatro quartos no andar superior e dois quartos no térreo, com sala de banho em cada pavimento. Na parte anexa da casa, há quatro suítes. O hóspede segue uma programação diária que inicia às 6 horas, com a alvorada ao som de pássaros e macacos. Às 7h30, é feita uma visita ao curral dos búfalos, com ordenha e degustação de leite. Segue-se o café da manhã, com geléia, frutas, pão caseiro, queijo de búfala, bolos e biscoitos. Às 10 horas, de acordo com o movimento da maré, são feitos passeios pelo rio com visita aos igarapés, caminhada na floresta com demonstração de ervas medicinais, e visita à arqueologia indígena. A tarde é dedicada aos passeios a cavalo ou búfalo pelos campos naturais, onde se observa a fauna campestre e a criação de gado e cavalo. À noite, o hóspede pode aproveitar um passeio de barco para focagem de jacarés e para observar outros animais como cobras, corujas e macacos-da-noite. A toda hora o hóspede pode fazer passeios de canoa e caiaque, participar de pescarias artesanais e tomar banho de rio e lago. Marajó Park Resort Na Ilha de Mexiana – uma das centenas que compõem o Arquipélago do Marajó – fica este hotel-fazenda ecológico com total infra-estrutura de serviços: energia elétrica, piscina, restaurante, 80 apartamentos duplos e pista de pouso para aviões com até 50 lugares. Nele, a experiência vai muito além das cercas da fazenda. Aos hóspedes, são oferecidos três tipos de pa-

cotes: ecológico, aventura e pesca. Os pacotes variam de acordo com o período do ano. No inverno, de fevereiro a julho, são 70% de atividades aquáticas e 30% terrestres. Já no verão, de agosto até meados de dezembro, a ordem é invertida. Entre os passeios, destacam-se uma excursão à foz do Rio Amazonas, seguida por caminhada em uma praia de areia selvagem, e safáris ecológicos de três horas de duração no interior da ilha, entre lagos, igarapés, campos alagados e selva equatorial. No pacote “Pesca”, o hóspede participa de pescarias diárias nos lagos em busca do pirarucu, o maior peixe de água doce do mundo. A pescaria, de caráter esportivo, também inclui espécies como tambaqui, poraquê, piranha, apaiari, filhote e dourada. Os pacotes ofertam ainda focagem noturna de jacarés e animais silvestres, pescaria artesanal de piranhas, trilha na selva e montaria em búfalo. Hotel-fazenda Santa Rosa Em Vigia, um dos municípios mais antigos do Pará, fica o Hotel-Fazenda Santa Rosa, inaugurado há cerca de um ano. A infra-estrutura conta com 28 apartamentos com ar-condicionado, TV e frigobar, além de varanda com vista para a piscina. Para o lazer do hóspede, o hotel oferece igarapé, piscinas adulto e infantil, quadras de futebol society e de vôlei e um pequeno bosque. Junto ao hotel, há uma área onde são criados cavalos. Quem gosta de água vai ter a oportunidade de tomar banho no furo da Laura, na Bahia do Sal, durante os passeios na lancha própria do hotel, que conta com marina e rampa para receber jet-skis, tornando-se uma opção ideal para os amantes da pesca esportiva e de esportes aquáticos. A gastronomia é voltada para as culinárias nordestina e paraense, sendo o carneiro o prato principal da casa. Todos os anos, no mês de novembro, acontece um grande evento, a “Vaquejada”, que atrai turistas de várias partes do Brasil. O hotel fica na Vila de Santa Rosa, a 18 km do centro de Vigia e a 30 km de São Caetano de Odivelas, um dos pólos da pesca no Pará.

Na Carmo-Camará, o hóspede pode tomar parte nas atividades diárias da fazenda. At the Carmo-Camará farm, the guest can take in the daily activities.

50

revista_hangarboneca3.indd 50

23/2/2008 D044 18:23:34


Passear montado em búfalos e conferir de perto a pesca na região são alguns dos passatempos disponíveis

5 LGLQJ Z DW HUEXIIDO RHV DQG shing are just some of the available activities

largest river island is, in fact, an archipelago of countless is-

discovered, and an archeological museum at the main farm-

The hotel offers five options of air-conditioned suites with ve-

lands and islets that take form as the tides rise and fall. With

house that holds authentic indigenous artifacts.

randa, mini-bar, electric shower and regional decor. There is

country life and wildlife coexisting in harmony, the first experi-

At the hotel, guests join in the farm routine, riding with the

ments with farm hotels in Pará responded to the glaring fact

cowboys to round up water buffalo in the fields and learning

that here, in this breathtaking setting, it was necessary to offer

how the famed Marajó cheese is produced in the farm’s dairy.

something more than just accommodation.

also a volleyball court and Internet access. Fazenda Carmo-Camará

Incidentally, on the subject of food, guests’ fare is produced

Leaving Soure, but not Marajó Island, is the Fazenda

One of the pioneers in welcoming tourists to her farm was

entirely on the ranch and includes typical local dishes such

Carmo-Camará. The farm, isolated from urban areas, owes its

Heronides de Albuquerque Acatauassu. Dona Dita, as she is

as buffalo fillets, leg of pork, buffalo cheese soup, local fish,

name to the Camará River, site of the port that - for arrivals

known, gained the title “Ambassadress of Marajó” for her tal-

salads and juices, homemade bread, tapioca pancakes, local

from Belém - is the gateway to all the towns on Marajó.

ent in making people feel at home. At her farm, the Fazenda

sweets, açai, cupuaçu, tapioca pudding, Amazon fruit jams and

The farm offers accommodation with all creature comforts

Santa Cruz da Tapera, in the municipality of Soure, Dona Dita

so on. After meals, nothing better than to laze in a hammock

and conveniences. There is no luxury, but a warm welcome is

received international personalities like Prince Charles, heir to

slung out on the veranda.

sure. The refined, tasty home cooking is distinguished by deli-

the British throne, King Gustaf of Sweden, and former presi-

cacies produced on the farm itself. The farmhouse offers four

dents Garrastazu Médici and João Baptista Figueiredo of Brazil.

Hotel-fazenda São Jerônimo

rooms on the upper floor and two on the ground floor, with a

Stars of the Brazilian arts and theater, including Betty Faria,

Also in Soure, the Hotel-Fazenda São Jerônimo stands out

bathroom on each floor. There is also an annex to the house

Glória Menezes and Tarcísio Meira, have also been guests of

for having been chosen as the site for No Limite 3, broadcast

Dona Dita and her husband, Domingos.

in 2001 as Brazil’s version of the “Survivor” reality show. The

Guests follow a daily program starting at 6 a.m. with a

Ana Tereza Acatauassu Nunes, Dona Dita’s great-niece,

settings for the various challenges, like the labyrinth, con-

wakeup call courtesy the bird and monkey chorus. At 7.30,

tells how her grand-relatives had no commercial purposes in

tinue intact to this day as a dare to visitors. The estate covers

there is a visit to the buffalo corral for milking and milk tast-

receiving tourists. “They never took people in for commercial

400 hectares of Amazon forest and mangroves, with igarapé

ing. Next is breakfast, with jams, fruits, homemade bread, buf-

reasons. They welcomed whoever came to them, always with

slack-water channels, open fields, plus its own lake, island

falo cheese, cakes and biscuits. At 10, depending on the tides,

an open heart and no interest in turning Fazenda Tapera into

and private beach. The local wildlife includes toucans, agou-

there are outings on the river to cruise the igarapé slack-water

a tourist resort.” Today Ana Tereza manages the Hotel-Fazenda

tis, parakeets, howler monkeys, egrets, lizards, owls, ibises,

channels, and forest trails with a demonstration of medicinal

Sanjo, also in Soure, 22 miles from the town center.

hawks and turtles.

plants and a visit to an indigenous archeological site.

with four suites.

Open to the public since January 2002, the farm produces

The afternoon is given over to horse- or buffalo-back rides

Hotel-fazenda Sanjo

coconuts and Amazon fruits, as well as cattle. Other attrac-

around the farm’s natural fields to observe the local bird and

Regarded as the capital of Marajó, the municipality of

tions are excursions through the forest or mangroves, either

animal life and its herds of cattle and horses. At night, de-

Soure has at least two good farm hotels where tourists can

on foot or riding Marajoara horses or water buffalo carts. Also

pending on the tidal ebb and flow, guests can take a boat ride

stay in comfort. The Hotel-Fazenda Sanjo offers two suites and

recommended is a rowboat ride through the igarapés, to con-

for flashlight alligator spotting, and to observe a wide variety

four rooms in a homely “big-house”. Activities on offer include

template the natural beauty and diversity that abounds on all

of nocturnal fauna including snakes, owls and owl monkeys.

horse-riding through the farm’s fields, boat excursions, ecologi-

sides.

cal trails (with nature observation of exotic species including

Meals include dishes typical of Marajó, together with in-

roseate spoonbill, scarlet ibis, herons and egrets), water buffalo

ternational cuisine. But then the chef owns the farm, which

rides and fishing for piranha and other local species.

prides itself on its local ingredients: the açaí is picked from

In addition, guests can take out canoes and kayaks, go fishing and bathe in the river and lake whenever the fancy takes them.

There is also a replica indigenous cemetery, where visitors

their own palms, the milk is from their own cows and water

Marajó Park Resort

can see how thousand year-old buried indigenous pottery was

buffaloes, and the crabs are caught in the nearby mangrove.

On Mexiana Island – one of the hundreds that make up the

51

revista_hangarboneca3.indd 51

23/2/2008 D044 18:23:37


Fazenda-hotel Vitória Há 40 anos, o fazendeiro e empresário Themístocles Martins descobriu um tesouro escondido nas terras de Tracuateua, a 196 km de Belém. Nascido no município de Chaves, no Arquipélago do Marajó, “Seu” Martins – como prefere ser chamado – encontrou em Tracuateua uma extensa área incrivelmente parecida com sua terra natal. São os campos de Santa Tereza, que alagam entre os meses de dezembro e maio – o inverno, para quem vive nestas bandas próximas à linha do equador. “Seu” Martins logo percebeu a oportunidade de estar próximo do seu querido Marajó sem precisar viajar três dias de ida e mais três de volta. Partindo de Belém pela ferrovia (hoje desativada), ele chegava a Bragança em menos de 14 horas, e eram necessários mais alguns minutos de carro até a fazenda. Hoje, é possível fazer o mesmo percurso sem precisar passar por Bragança, em duas horas e meia, graças às ótimas condições das estradas. Diante da oportunidade, não teve dúvidas: comprou o terreno do antigo proprietário e lá, três décadas depois, fundou a Vitória. Diferencial - Fomos até Tracuateua conhecer de perto como funciona a fazenda-hotel, cuja sede está instalada em um casarão datado de 1875. A forma cordial com que o hóspede é tratado é, provavelmente, o maior diferencial da fazenda-hotel. Logo na chegada, fomos recebidos pelo proprietário em pessoa. Não é exagero dizer que lá o hóspede não se sente em

um hotel, mas sim como se estivesse no sítio de um amigo. É justamente isso que “Seu” Martins e a esposa, D. Iracy, querem proporcionar. Não há horários. É o próprio hóspede que faz sua programação. Todos os atrativos do lugar ficam à disposição para que se possa aproveitá-los. Entre as opções, estão o passeio a cavalo, que pode ser aquele bem básico, guiado por um tratador, ou a montaria livre, para quem já possui experiência e quer correr solto pelos campos. Em se tratando de passeio, uma experiência única é montar no “Fofinho”, um búfalo enorme, que pesa cerca de 800 quilos, e tão dócil quanto indica seu nome. Também são imperdíveis os passeios de jangada, caiaque e canoa no lago da fazenda. É onde acontece um dos momentos mais incríveis da estadia: a travessia da manada de búfalos, na volta do pasto para o curral. A travessia acontece todos os dias, por volta das 18 horas e os hóspedes podem assistir à cena sentados confortavelmente em um trapiche. Você também pode acompanhar a cavalo os vaqueiros que conduzem os animais. Um fato torna o momento ainda mais inusitado: um dos vaqueiros atravessa o rio de pé, em cima do búfalo, como se estivesse “surfando” o animal. Está na mesa - Na Fazenda-Hotel Vitória, só um horário deve ser respeitado: o de comer. Neste quesito, “Seu” Martins faz questão de manter a ordem, e se alguém passa da hora de ir jantar ou almoçar, vai pessoalmente à suíte dos esquecidos para convocá-los.

Mas os hóspedes não costumam perder nem um segundo para aproveitar as delícias que a culinária do lugar, típica de fazenda, tem a oferecer. As refeições, todas inclusas no valor da diária, são feitas em grupo, criando um ambiente propício para que os hóspedes se conheçam, conversem e acabem se tornando amigos. Às 7h30 da manhã, “Seu” Martins toca o berrante para acordar os hóspedes e chamá-los para o café da manhã, que reúne uma variedade de mais de 30 itens, com seis opções de suco, além de frutas, doces, bolos e salgados. Um dos destaques é um pãozinho especial sem bromato que é esquentado no forno a lenha do restaurante, acompanhado de queijo de coalho derretido, feito com leite de búfala. Simplesmente maravilhoso. No almoço, o cardápio traz pratos como carne-de-sol, costela de forno, pato ao molho pardo, pirarucu no leite de coco, filé na chapa com legumes, acompanhados de um feijão bem temperado, salada crua, arroz branco e um exclusivo purê de macaxeira. No jantar, são servidos pratos mais leves, como o filé de peixe à dorê ou moqueca de peixe, pernil de forno, bolinho de piracuí, batata gratinada, camusquim e sopa de caranguejo ou de legumes. “Seu” Martins e D. Iracy sempre guardam surpresas especiais para o jantar. O hotel aproveita muito bem o incrível luar do campo para proporcionar noites únicas, que lembram os tempos em que não havia luz elétrica e podia-se ouvir o som dos pássaros e demais animais noturnos.

Longe da agitação da cidade, ambientes como os da fazenda Vitória ajudam a aliviar o estresse. Alway from the frenzy of the city, such environment as those of Vitória farm help relieve the stress.

52

revista_hangarboneca3.indd 52

23/2/2008 D044 18:23:43


Além de paz e tranqüilidade, os hotéis-fazenda também garantem momentos de aventura Alway from the frenzy of the city, such environment as those of Vitória farm help relieve the stress.

Besides peace and tranquility, the country hotels also offer moments of adventure.

Hotel-fazenda Santa Rosa

tocles Martins, discovered a hidden treasure on the land at

farm hotel with full service infrastructure: electricity, swim-

The Hotel-Fazenda Santa Rosa, which opened about a year

Tracuateua, 120 miles from Belém. “Seu” Martins – as he

ming pool, restaurant, 80 double apartments and a landing

ago in Vigia, one of the oldest towns in Pará, has 28 air-condi-

prefers to be called – who was born in the town of Chaves, on

strip for up to 50-seater aircraft.

tioned apartments with TV and mini-bar and overlooking the

Marajó Island, found a vast area uncannily like the land of his

The experience there extends far beyond the fences of the

swimming pool. Leisure activities include trips on the igarapé

birth. These are the Santa Tereza grasslands, which flood from

farm. Guests are offered three types of package: ecological,

slack-water channels, adult and children’s swimming pools,

December to May (in “winter” to those who live in these parts

adventure and fishing, all featuring the widest imaginable

football pitches and volleyball courts and a small wood. Next

close to the Equator).

range of activities. The packages are seasonal: in winter,

to the hotel is an area where horses are raised, the handsom-

from February to July, they are 70% water-based and 30%

est and rarest being used for horseback riding.

Marajó Archipelago – is the Marajó Park Resort, an ecological

land-based; in summer, from August to mid-December, the proportions are reversed. Notable among the excursions are a trip to the mouth of the Amazon River, followed by a walkabout on an uninhabited

Right away “Seu” Martins saw the opportunity to feel close to his beloved Marajó without having to face the three-day trip

Water lovers can bathe in the “Furo da Laura” canal, at

each way. Taking the (now discontinued) train from Belém, he

Bahia do Sal, during trips in the hotel’s own launch. The hotel

could get to Bragança in less than 14 hours, and from there to

also has a marina and jet-ski ramp, making it ideal for sports

the farm was only a few more minutes by car.

fishermen and water sports enthusiasts.

Today, thanks to excellent road conditions, the same trip

sandy beach, and three-hour ecological safaris around the

The hotel menu centers on the cuisine of Brazil’s northeast

can be done in two and a half hours, without having to go

island taking in lakes, igarapé slack-water channels, flooded

and Pará State, the house specialty being lamb. A major steer

through Bragança. Faced with that opportunity, “Seu” Martins

forests and equatorial jungle. The “Fishing” package entitles

tailing event – the “Vaquejada” - takes place every year in

did not have to think twice: he bought the land from its for-

guests to daily fishing trips to the lakes in search of pira-

November, drawing tourists from all over Brazil.

mer owner and founded the Fazenda Hotel Vitória there three

rucu, the largest freshwater fish in the world. The fishing is

The hotel is in Vila de Santa Rosa, 11 miles from the town

for sport, and includes tambaquis, poraquê electric eels, pi-

of Vigia and 19 from São Caetano de Odivelas, the hub of

ranhas, apaiaris (Oscars), and filhote and dourada catfish.

fishing activities in Pará.

The packages also include nocturnal flashlight “spot-

decades later. At his invitation we went to Tracuateua to see at first hand how a farm hotel functions. One striking feature was the steady wind that blew from the moment we arrived. We

ting” of alligator and other wildlife, piranha fishing, forest

Fazenda-hotel Vitória

were welcomed personally by the farm owner, who had al-

trails and water buffalo riding.

Forty years ago, a local farmer and businessman, Themís-

ready reserved a spacious suite for us. The cordial treatment

53

revista_hangarboneca3.indd 53

23/2/2008 D044 18:23:46


Os pacotes do Marajó Park Resort, em Mexiana, incluem passeios ecológicos como a excursão à foz do rio Amazonas. The packages of Marajó Park Resort, in Mexiana, include excursion to the mouth of Amazon river.

lavished on guests is probably what most distinguishes the

on the lake behind the ranch house, the scene of one of the

talk and make friends. At 7.30 in the morning, “Seu” Martins

Fazenda Hotel Vitória. Where else – even among the smaller

most unforgettable moments of our stay as the buffalo herd

blows the ox-horn to wake his guests and announce breakfast

establishments – are you received by the owners themselves,

crossed on its way back from the pastures.

comprising over 30 separate items, including six juices, fruit,

who make a point of seeing to every detail so that your stay

That crossing takes place every day at around 6 p.m. and

is as amazing as possible? That is hard to answer, but it is

guests can take part either by just watching from a comfort-

One highlight is a special zero-bromate bread roll warmed

no exaggeration to say that at Fazenda Hotel Vitória guests

able seat in the sugar mill or on horseback, riding herd with

in the restaurant’s wood stove, accompanied by melted whey-

do not feel they are staying at a hotel, but rather visiting a

the cowboys. One detail makes the scene even more indelible:

cheese made from buffalo milk. Just awesome.

friend’s ranch.

one of the cowboys makes the crossing standing on a buffalo’s

And that is exactly what “Seu” Martins and his wife, Dona

back, as if surfing the animal.

Iracy, want to offer. Unlike other places where there is a proper time for everything, at the Vitória it is the guest who sets the

sweets, cakes and savories.

For lunch, the menu offers dishes like sun-dried meat, roast rib, duck in gravy, pirarucu in coconut milk, grilled fillet and vegetables, all accompanied by well-seasoned beans,

It’s on the table!

fresh salad, white rice and an exclusive pureed yucca.

timetable. All the attractions are at guests’ disposal so they

At the Fazenda Hotel Vitória, punctuality is essential only

Dinner consists of lighter dishes, like golden-roast fish

can enjoy them whenever and as often as they like. Options

at mealtimes. On this point, “Seu” Martins is adamant and

or fish stew, roast leg of pork, piracuí fish-meal croquettes,

include horseback outings, which can be very basic, with a

makes it his job to keep things in order: if anyone is absent-

potato gratin, camusquim and crab or vegetable soups. Also

groom leading the horse, or free for the more experienced want-

minded enough to be late for lunch or dinner, he will go and

“Seu” Martins and Dona Iracy always spring special surprises

ing to range freely over the Santa Teresa grasslands.

summon them personally from their room.

for dinner.

Talking of outings, one unique experience is to mount “Fo-

As it is, guests seldom waste a second when it’s time to

The hotel takes very good advantage of the incredible coun-

finho” (Old Softy), an enormous water buffalo weighing in at

relish the fine local fare coming from the farm kitchen. Meals,

try moonlight to offer unforgettable evenings reminiscent of the

around 1700 lbs, but as docile as his name.

all included in the daily rate, are taken in groups, creating

days when there was no electric light and you could sit and listen

an ideal environment for guests to get to know each other,

to the sounds of the night-birds and other nocturnal wildlife. L

Also not to be missed are the raft, kayak and canoe rides

54

revista_hangarboneca3.indd 54

23/2/2008 D044 18:23:50


ESCOLHA

TAKE YOUR PICK!

HOTEL-FAZENDA SANJO Como chegar: De Belém, por barco ou avião até a cidade de Soure (o hotel fica a 35 km do centro da cidade). A partir daí, no verão o traslado é feito por carro ou lancha. No inverno só é possível chegar de lancha. Reservas: (91) 9145.4475/ 8117.3158 / 9116.3291 / 3224.6835 Aceita os cartões de crédito Visa e Mastercard Site: www.sanjo.tur.br

HOTEL-FAZENDA SANJO

HOTEL-FAZENDA SÃO JERÔNIMO Como chegar: De Belém, pode-se chegar de barco ou avião. O hotel fica na Rodovia Soure-Pesqueiro, km 3. Reservas: (91) 3741.2093 / saojeronimo@canal13. com.br Aceita os cartões de crédito Visa e MasterCard Site: www.marajo.tk

HOTEL-FAZENDA SÃO JERÔNIMO

FAZENDA CARMO-CAMARÁ Como chegar: De Belém, saem barcos diariamente com destino direto ao Porto de Camará. De lá até o Porto do Beiradão, são 20 minutos de carro; depois, pega-se uma lancha até a fazenda, com uma viagem de 40 minutos. Reservas: (91) 3241.2202/ 3223.1578/ 5696 / Fax: (91) 3241.8148 / fnscarmo@amazon.com.br Site: www.carmocamara.com

How to get there: from Belém, by river or air to the town of Soure (the hotel is 22 miles from the town center). From there, in summer, transport is by car or motorboat; in winter, only motorboat. Reservations: (+55 91) 9145-4475/ 8117-3158 / 9116-3291 / 3224- 6835 Visa and Mastercard credit cards accepted. Website: www.sanjo.tur.br

How to get there: from Belém, by boat or plane. The hotel stands on the Soure-Pesqueiro highway at Km 3. Reservations: (+55 91) 3741-2093 / saojeronimo@canal13. com.br Visa and Mastercard credit cards accepted. Website: www.marajo.tk FAZENDA CARMO-CAMARÁ How to get there: from Belém, there are daily boats direct to Porto de Camará. From Camará, it is a 20-minute car ride to Porto do Beiradão, where the farm can be reached in 40 min by motorboat. Reservations: (+55 91) 3241-2202/ 3223-1578/ 5696 / Fax: (+55 91) 3241-8148 / fnscarmo@amazon.com.br Website: www.carmocamara.com

MARAJÓ PARK RESORT Como chegar: Recomenda-se utilizar o traslado oferecido pelo Park Resort. Reservas: (91) 3244.4613/ 3202.7034/ 3202.7042 / Fax: (91) 3244.3200 Site: www.marajoparkresort.com.br

MARAJÓ PARK RESORT

HOTEL-FAZENDA SANTA ROSA Como chegar: De Belém, pela BR-316, são 43 km até Santa Isabel. De lá, pega-se a Estrada da Vigia, na PA-140, km 39. Reservas: (91) 3833.3177/ 3833.3166 / reservas@ hotelfazendasantarosa.com.br Aceita os cartões de crédito Visa, Mastercard e Dinners. Site: www.hotelfazendasantarosa.com.br

HOTEL-FAZENDA SANTA ROSA

FAZENDA-HOTEL VITÓRIA Como chegar: De Belém, de carro ou ônibus fretado, pela BR-316, são 196 km de distância (2h30). Funcionamento de sexta a domingo, além de feriados. Diária por pessoa: R$ 160 (refeições e passeios inclusos) Reservas: (91) 3228.4481 / 8114.8420 / 8114.8423 Site: www.fazendahotelvitoria.com.br

How to get there: it is recommended to use transportation offered by the park resort. Reservations: (+55 91) 3244-4613/ 3202-7034/ 3202-7042 / Fax: (+55 91) 2443-200 Website: www.marajoparkresort.com.br

How to get there: from Belém, follow the BR-316 highway 27 miles to Santa Isabel. From there, take the Vigia road, PA140, to Km 39. Reservations: (+55 91) 3833-3177/ 3833-3166 / reservas@ hotelfazendasantarosa.com.br Visa, Mastercard and Diners credit cards accepted. Website: www.hotelfazendasantarosa.com.br FAZENDA HOTEL VITÓRIA How to get there: from Belém, by car or chartered bus, follow highway BR-316 for 122 miles (2½ hrs). Open Friday to Sunday, and public holidays. Daily rate per person: R$ 160.00 (includes meals and excursions) Reservations: (+55 91) 3228-4481 / 8114-8420 / 81148423 Website: www.fazendahotelvitoria.com.br

OUTRAS OPÇÕES DE HOTÉIS-FAZENDA: H2O AMAZÔNIA RESORT (Em Colares) - www.h2oamazonia.com.br HOTEL-FAZENDA PARAÍSO (Em Mosqueiro) www.hotelfazendaparaiso.com.br

OTHER FARM HOTELS: H2O AMAZÔNIA RESORT (in Colares) – www.h2oamazonia.com.br HOTEL-FAZENDA PARAÍSO (in Mosqueiro) www.hotelfazendaparaiso.com.br

54

revista_hangarboneca3.indd 55

23/2/2008 D044 18:23:57


cultura / culture

Chora, Belém! Weep, Belém!

texto / text: Ismael Machado foto / photo: Diana Figueroa

Além do brega e do carimbó, capital paraense guarda o chorinho como uma herança musical que atravessa gerações

Besides brega and carimbó music, the Paraense capital considers “chorinho” music as part of its heritage, passed down through many generations.

56

revista_hangarboneca3.indd 56

23/2/2008 D044 18:24:01


B

elém, terra do brega, do carimbó e da guitarrada? À primeira vista esses podem ser os estilos musicais identificados imediatamente com a cidade. Mas quem se aventurar a percorrer os becos e meandros musicais da capital paraense vai-se deparar com uma tradição musical voltada também para o... chorinho. Considerado o primeiro gênero musical urbano brasileiro e com mais de um século de existência, o choro, que chega a ser antecessor do jazz norte-americano, também tem uma história antiga em Belém. Uma história, aliás, que tem seus heróis, ídolos e que já prepara uma nova geração de chorões. É algo que começou lá pelo final dos anos 1950. Um dos primeiros nomes que surgem quando se fala em “choro paraense” é o de Adamor do Bandolim. Aos 65 anos, ele conseguiu dar ao chorinho feito na “Terra do Açaí” um tempero todo especial. Nascido no Marajó e influenciado por grupos de carimbó e outros ritmos amazônicos, Adamor tem um jeito de tocar que outros músicos, especialistas no gênero, garantem: é único, com uma levada amazônica para um estilo que surgiu nos morros cariocas. “Eu cresci ouvindo os ritmos amazônicos. Sou ribeirinho, não nego as raízes”, diz Adamor, um homem que adora contar causos e histórias. Quando tinha sete anos, viu o pai comprar um gramofone, daqueles de 78 rotações em que se precisava dar corda para tocar um disco. “Tornei-me um chorão por causa de um disco com gravações do violonista Garoto. Eu achava que era um garoto

B

revista_hangarboneca3.indd 57

de verdade e pensei: se ele pode tocar assim, eu também posso”, relembra o músico. Mesmo sob o olhar desconfiado do pai, Adamor começou a tocar. E foi beneficiado por um fato no mínimo curioso. Em 1962, ele trabalhava nos Correios em Anajás. Era um município sem campo de pouso, ou seja, era necessário deixar e buscar as malas de correspondência na capital, onde ele acabava passando um mês. Solteiro, aproveitava para conhecer a noite, comprar discos e tocar com outros apreciadores da música e da boêmia em Belém, como Edyr Proença, Danivale Nobre, Zezé Miranda e Catiá. O resto é história. Ou histórias, que se confundem com a de Gilson, o lendário proprietário da principal casa de choro de Belém, a “Casa do Gilson”, ponto de encontro dos chorões da cidade há 20 anos. Em 1975, recém-saído da Marinha, voltou ao Pará depois de uma temporada no Rio de Janeiro, onde se apaixonou pelo chorinho que ouvia nas noites cariocas. Em Belém, conheceu Aldemir Ferreira, em meio às farras dos fins de semana. Era uma turma que andava sempre procurando por bares onde pudesse tocar. Nem todos os donos gostavam, já que associavam as rodas de choro com baderna. A idéia, então, foi ter o próprio lugar. Surgiu assim, em 1979, a Casa do Choro. Na verdade era um terreno nos fundos da casa de Ferreira, com um igarapé atravessando o quintal. “Aos domingos enchia de gente e de repente a coisa foi crescendo com o boca-a-boca. Ficou uma grande família. Foi assim que tudo começou”, lembra.

elém; land of brega, carimbó and guitar solo? At first glance

own airfield, in other words, it was necessary to take the mailbags

yes, these musical styles are the ones immediately identified

and later pick them up in Belém. Adamor took the opportunity to

with the city. But those who venture further, wandering through

spend a month in the city. Single, he decided to frequent Belém

Belém’s musical alleys and meanderings will stumble upon a

nightlife, buying and listening to records together with other

musical tradition that also reverts back to the “chorinho” style.

connoisseurs of Belém’s music and Bohemian lifestyle. Amongst

Considered the primary Brazilian urban musical style, around for

them were Edyr Proença, Danivale Nobre, Zezé Miranda and Catiá.

more than a century, “Choro” is the predecessor of North-Ameri-

The rest is history.

can jazz, having a long history in Belém. Furthermore, it’s a his-

It’s easy however to confuse Adamor with Gilson, the legend-

tory that has its heroes and idols, and is also preparing its new

ary owner of Belém’s first “choro” house, “Gilson’s House”, which

generation of “chorões”.

over the last 20 years has been the main meeting point for the

In Belém, it’s a story that dates back to the late 1950’s. One

city’s “chorões” (choro singers). In 1975, having just left the Navy,

of the first names that springs to mind when Para ‘choro’ is men-

he returned to Belém after spending time in Rio de Janeiro, fall-

tioned is Adamor do Bandolim. At 65 years of age, Adamor has

ing in love with Rio’s chorinho music in the process. In Belém he

managed to add a bit of extra spice to the “chorinho” music from

met Aldemir Ferreira during his nights out on the weekends. There

the Land of Açaí. Born on Marajó Island and influenced by carimbó

was a group of musicians that wandered around looking for bars

groups and other Amazonian rhythms, Adamor has a way of play-

where they could play. Not all bar owners liked the idea, since cho-

ing that other musicians and genre specialists tell us is unique,

ro groups were associated with uproar. The idea was ultimately to

bringing an Amazonian touch to a style that began in the Rio de

get their own place. That’s how the Casa do Choro (Choro House)

Janeiro hillside shantytowns.

came to be in 1979. If truth be told it was a piece of land at the

“I grew up listening to Amazonian rhythms. I’m a riverbank

back of Ferreira’s house, with a canal that passed through the

dweller, I don’t deny my roots”, says Adamor, a man that loves to

backyard. “On Sundays it was packed solid and suddenly, by word

recount stories and tell tales. When he was seven years old, his

of mouth, it started to grow. It was like a huge family. It all started

father bought a gramophone, one of those at 78 rpm’s that need-

like this”, he recalls.

ed to be wound up to play a vinyl record. “I became a “Chorão”

Aldemir died in 1985 and, being without a meeting place,

because of a recording by the violinist Garoto (the name means

the musicians started to go to Gilson’s House instead. It was just

‘young boy’). I thought he really was a young boy and thought: if

a step across to the new bar. Because of Gilson’s House, Belém

he can play like that, well I can too.”

started to become chorinho’s most traditional refuge. Further-

Even under the unsure gaze of his father, Adamor started to

more, it was during this period that Adamor do Bandolim (Adamor

play. He later benefited from a curious event. In 1962 he worked

of the Mandolin) launched his first record: “Chora Marajó” (The

for the Anajás postal service. It was a municipality without its

Marojó Weep). Old school music entwined with new passions.

23/2/2008 D044 18:24:18


O Charme do Choro nasceu DSyV XP D R cina do Instituto de Artes do Pará (IAP) e tem ganhado as noites da cidade

Charme do Choro was formed after a workshop held by the Pará Arts Institute (IAP) and has become popular with the city’s nightlife

O Sapecando no Choro é um dos representantes da nova geração do chorinho paraense Sapecando no Choro is a group representing the younger generation that is carry on with the chorinho tradition in Belém

Em 1985, Aldemir morreu. Sem o ponto de encontro para tocar, os músicos passaram a se encontrar na casa de Gilson. Daí para um novo bar foi um passo. Com a Casa do Gilson, Belém passou a ter o seu reduto mais tradicional para o chorinho. Aliás, foi nesse período que Adamor do Bandolim lançou seu primeiro disco, “Chora Marajó”, e a velha-guarda foi se misturando a novos apaixonados. Um dos representantes dessa nova geração é Diego Xavier, 20 anos. Neto de Mestre Vaíco, um dos pioneiros do choro paraense, Diego toca desde os seis anos de idade. Aos 11, já se apresentava na noite. “A primeira música que toquei no cavaco foi ‘Brasileirinho’. Aprendi de ouvido”, diz ele. Atualmente, Diego integra o grupo Sapecando no Choro, que surgiu em 2002 de um projeto chamado “Cidadão Xequerê”. O Sapecando no Choro é especialista não apenas em executar choros e sambas conhecidos do grande público, mas, sobretudo, em mostrar canções de compositores regionais que estavam esquecidos. Esse trabalho de pesquisa desembocou, em novembro de 2005, no show “Obras Ocultas”, que se fez inte-

gralmente de composições regionais. É dessa forma que o grupo vem ganhando espaço no meio musical. Além de Diego, integram o grupo Carla Cabral (cavaco base), Diego Leite (violão de sete cordas) e Bruno Miranda (pandeiro e efeitos). E o que dizer então de um grupo de choro formado só por jovens mulheres? Assim é o Charme do Choro, que surgiu de uma oficina realizada no Instituto de Artes do Pará (IAP), em 2006. Incentivadas pelo músico Paulinho Moura, Jade Moraes (bandolim), Dulci Cunha (flauta transversal), Carla Cabral (cavaco), Camila Alves (violão de sete cordas), Laíla Cardoso (violão de seis cordas) e Janete Carvalho (pandeiro) ensaiaram dois choros para serem apresentados no término dos módulos da oficina. O entusiasmo com a receptividade foi o que bastou para que a idéia do grupo realmente se solidificasse. “Daí nasceu o Charme do Choro, que rapidamente foi sendo convidado para outros eventos. Tudo aconteceu muito rápido, tivemos que correr montando repertório, ganhando a experiência que, a bem da verdade, não tínhamos, a cada apresentação. Mas foi dando tudo

certo”, diz Camila Alves, uma profunda admiradora da chamada velha-guarda do choro. “Eles representam muito para a cultura do Estado, e os tenho como espelho e exemplo. Felizes de nós, jovens músicos, que temos tão boas referências no gênero e para quem eles nos são acessíveis, incentivadores e, por que não falar, generosos mesmo.” Apesar disso, Camila lembra que no início houve certo preconceito. “Queriam saber se dávamos conta do recado. O ambiente da música é muito masculino, e, de certa forma, machista, mas isso a gente tira por menos”, garante a violonista. Em alguns casos, a paixão pelo choro passa por gerações. Se Diego aprendeu a tocar vendo o avô Catiá, Jade Moraes tem no pai, o multiinstrumentista Pardal, seu principal exemplo. É isso que garante a longevidade do estilo. Além, é claro, da fidelidade do público. Como a de dona Maria de Lourdes Oliveira, 79, que há 15 anos freqüenta a Casa do Gilson só para ouvir a música. Para isso, Maria de Lourdes precisa apanhar dois ônibus, praticamente atravessando a cidade. “Enquanto eu viver, virei”, diz ela. Alguém duvida? L

58

revista_hangarboneca3.indd 58

23/2/2008 D044 18:24:20


Latitude

Latitude Hangar

ano 1 • nº 2 • fevereiro de 2008

01º23’05”S

ano 1 • número 2 fevereiro de 2008

capa_hangar1.indd 1

23/2/2008 D044 17:20:16


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.