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Fora da caixa

Funcional e ágil na cidade mas tecnicamente dotada para viagens maiores, a Joyride 300 joga em dois campeonatos. O estrado plano é a sua grande particularidade, com claras vantagens e eventuais inconvenientes sem quaisquer motivos de crítica quanto à qualidade geral da sua construção e acabamentos, a scooter de taiwan conta com o essencial e não se arrisca além disso. As dimensões compactas estão claramente do lado da sua veia funcional e prática. são 2,2 metros de comprimento por 76,5 cm de largura, que traduzem um tamanho contido para uma 300. Um amplo e confortável assento único posiciona-nos a 77 cm do solo, facilitando a utilização a condutores ou condutoras. É, no entanto, aquela enorme cavidade para as pernas e pés, proporcionada pelo piso plano, que torna as coisas ainda mais fáceis, seja no acesso, seja na possibilidade de transportar um saco ou mochila naquela zona. Uma solução pouco habitual numa maxi scooter, onde este espaço costuma estar preenchido por reforços estruturais, para assegurar a necessária resistência à torção numa moto desta cilindrada e performance, e também para alojar o depósito de maiores dimensões inerente à vocação mais estradista de uma maxi. Para chegar a este resultado a sYM fez um depósito mais achatado, onde não deixam de caber 11,5 litros de gasolina, e manteve a estrutura inferior de duas barras longitudinais, mas mais próximas. O resultado é de compromisso, porque embora o piso seja de facto plano, não deixa de ter subido um pouco e isso interfere com a posição de condução, elevando os joelhos do condutor até muito perto do painel frontal, principalmente os condutores de estatura acima de

Os mais de 60 anos de experiência da taiwanesa sanyang Motor (sYM) no fabrico de motos e scooters (inicialmente sob licença da Honda) explicam o crescente nível dos seus produtos, tanto na qualidade como na perspicácia. É neste registo que a nova sYM Joyride 300 concilia a funcionalidade de uma 125 urbana com a qualidade de condução da maxi scooter, chamando assim a atenção de diversos tipos de utilizadores. E a razão principal desta dupla personalidade está no seu formato de estrado plano, uma solução mais comum nas scooters de baixa cilindrada.

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O motor monocilíndrico de 278 cc com injeção eletrónica, cabeça de 4 válvulas e arrefecimento líquido é conhecido de outros produtos da sYM. Recebeu agora rolamentos nos balanceiros, para um acréscimo de suavidade e durabilidade. Debita 26 cv de potência às 8000 rpm e oferece um binário máximo de 26 Nm em torno das 6000 rpm. são números próximos da concorrência instalada, à qual esta sYM fará uma pesada sombra e onde se destacam a Honda ADV350 e a Yamaha XMax 300. Ficam ambas mais de mil euros acima dos 5300€ que custa a Joyride, um desfasamento nada desprezível nesta faixa de mercado.

1,75m. Ainda assim, a habituação resolve muitos problemas e a Joyride 300 é uma scooter cheia de qualidades.

Bem Dotada

Disponível no nosso mercado apenas nesta versão com roda de 15 polegadas à frente (existe lá fora uma proposta com jante 16), está calçada com pneus 120/70 na dianteira e 140/70 com jante 14 atrás. Na roda traseira contamos com duplo amortecedor e molas reguláveis na pré-car- ga, em cinco posições, o que é bom. O sistema de travagem é muito bem dotado. Inclui um bonito disco dianteiro do tipo flutuante, com 260 milímetros de diâmetro e mordido por uma refinada pinça de quatro pistões. Já o disco traseiro mede 240 mm e a pinça recorre a dois pistões, com ABs em ambas as rodas.

Voltamo-nos para os detalhes de equipamento e design e verificamos dois faróis médios e um foco central para os máximos, para além das luzes de presença. toda a iluminação, incluin-

EQUIPAMENtO:

CAPACEtE: sChubert

BlUsãO: dAinese

BOtAs: Armure lUVAs: bering do piscas e farolim traseiro, recorre à tecnologia lED, brilhando e sinalizando tudo muito bem, para além de prometer incomparável durabilidade.

A proteção frontal é assegurada por um amplo ecrã, regulável em duas posições mas de forma pouco prática a exigir ferramentas.

O acompanhante conta com pousa-pés retráteis com mola e uma plataforma traseira com amplas pegas para se agarrar, sólidas e bem acabadas, que também ajudam muito a manobrar a moto.

ficha técnica SYM Joyride 300

Motor

Distribuição

Cilindrada

Potência Máxima

Binário Máximo

Limiável a A2

Velocidade máxima

Transmissão

Quadro

Suspensão

Dianteira

Suspensão

Traseira

Travão Dianteiro

Travão Traseiro

Pneu Dianteiro

Pneu Traseiro

Distância entre eixos

Altura do Assento Peso

Depósito

Consumo verificado

Cores

Garantia

Importador

PVP

1 cilindro, 4 tempos, refrigeração líquida

4 válvulas

278 cc

26 cv às 8000 rpm

26 Nm às 6000 rpm sim

140 km/h automática de variação contínua (CVt) tipo monobloco forquilha telescópica amortecedor duplo, ajustável em 5 posições

1 disco flutuante de 260 mm, pinça de 4 pistões, ABs

1 disco de 240 mm, pinça de duplo pistão, ABs

120/70-15’’

140/70-14’’

1,500 mm

770 mm

192 kg (em ordem de marcha)

11,5 litros

3,5 l/100 km

Preto e verde

Garantia: 5 anos/50 mil km

Moteo Portugal

5299 € (sem despesas)

PontUaÇÃo SYM Joyride 300

Estética

Prestações

Comportamento

Suspensões

Travões

Consumo

Preço

O acesso mãos-livres marca muitos pontos na funcionalidade. Basta aproximarmo-nos da Joyride com a chave no bolso e rodar o comutador central, que se acende ao primeiro contacto e onde se faz tudo: destranca-se a direção, liga-se o sistema e abre-se tanto a portinhola do depósito como o assento, tudo acompanhado por alguns apitos, mais estridentes que o necessário. sob o assento cabe (de certeza) um capacete integral e (talvez) outro aberto, ou uma mochila. À direita do painel existe ainda um amplo porta-luvas, com tomada UsB para carregar o telemóvel, mas sem fechadura.

Para deixar os mais céticos descansados, o sistema Keyless inclui um truque anti-avaria: uma chave efetiva, destacável do comando, que pode ser inserida no comutador central para ligar a ignição e seguir viagem. tudo na Joyride está muito bem acabado e promete resistir ao uso, devido à boa qualidade dos materiais e ao rigor de construção.

Um ecrã de instrumentos digital do tipo lCD mostra-se bem legível e imune aos reflexos do sol por estar bem afundado no painel. Não se sente portanto a falta do controlo de luminosidade adaptável, cada vez mais comum em motos de média cilindrada. Mais intuitivo do que sofisticado, exibe a informação tradicional, sem extras: taquímetro e velocímetro predominam, seguidos dos gráficos de temperatura do motor e nível de combustível. Ao centro temos as habituais informações de quilometragem total e parcial mais uma es- pécie de “count down” quilométrico para a mudança do óleo. Há depois um relógio, um voltímetro e as luzes avisadoras do costume. A falha mais óbvia é a ausência do computador de bordo, pelo menos para as médias de consumo e também não há informação sobre a temperatura ambiente. Já nos retrovisores a sYM foi menos poupada. são muito bons no formato e na qualidade e mostram bem o que se passa lá atrás.

Muito Desembara O

Um toque no botão de arranque acorda um motor de funcionamento suave e sem vibrações. Basta um balanço para a frente, ela salta do descanso central e lá vamos nós, notando de imediato a forma direta como a transmissão contínua reage ao rodar do punho, acoplando de forma rápida no início da aceleração. Pequenas manobras de precisão, por exemplo serpenteando pelo meio dos carros numa fila, tornam-se assim muito fáceis, onde as dimensões contidas e o reduzido diâmetro de viragem também ajudam bastante.

Os 192 kg de Joyride parecem evaporar-se assim que ela arranca, com o motor a mostrar-se perfeitamente à vontade na primeira fase da aceleração. A leveza de todos os comandos e a perfeita colocação dos botões permitem utilizar sem pensar, o que é sempre o melhor sintoma. Apontar a Joyride e descrever a curva torna-se instintivo ao fim de poucas centenas de metros e a exploração da energia do motor vai aumentando à medida que a suspensão e os travões nos vão transmitindo cada vez mais confiança. A eficácia e o confor- to estão sempre presentes, com o único senão de tocarmos de vez em quando com os joelhos na parte frontal quando prolongamos a aceleração e atrasamos a travagem, o que acaba por ser frequente só por uma questão de gozo.

Para ser perfeita na cidade só lhe faltava um start&stop automático, para poupar mais uns vapores nos semáforos. De resto, é como se andássemos de 125, mas com muito mais performance à disposição. E o espaço disponível entre os pés pode de facto influenciar bastante as decisões tomadas na mercearia.

Boa Para Viajar

Deixando a cidade para trás, a Joyride 300 joga a sua segunda cartada, demarcando-se em definitivo das scooters de cilindradas menores. A rapidez com que recupera velocidade e realiza uma ultrapassagem dá-nos confiança para manter ritmos bem vivos, sempre acima da perigosa cadência de camião a que estão geralmente sujeitas as 125 nas autoestradas. Na sua suave mas convicta subida de rotação o motor progride sem esforço até ao regime de binário máximo (6000 rpm) e segue alegremente até às 8000 rpm onde encontra a potência máxima. É mais ou menos por aí que marca os 140 km/h, ou mesmo um pouco mais, a descer ou com vento pelas costas, para tocar ao de leve nas 9000 rpm do red line. Notável é a aparente facilidade com que convive com estes regimes, sem sinais de grande esforço nem vibrações. Convém, no entanto, não ser preguiçoso e pegar nas ferramentas para colocar o ecrã na sua posição mais alta. De preferência antes de iniciar a viagem…

A afinação algo firme da suspensão é outro detalhe estradista, a ajudá-la mais na AE ou na serra do que na calçada portuguesa. Os travões exigem mais força nas manetes do que a ficha técnica prometia, mas há que apertar à vontade porque são precisos, incansáveis e o ABs raramente intervém. No final da dupla aventura verificámos uma média de consumo a rondar os 3,5 litros aos 100 km, com tendência para o fácil aumento se dermos à Joyride a rédea solta de que ela tanto gosta.

concLUSÃo

A ganhar pontos face à concorrência no preço e na particularidade estrutural do estrado plano, a Joyride é daquelas scooters que parecem ter quase tudo no sítio. Falta-lhe apenas uma melhor ergonomia para condutores mais altos, um computador de bordo e um ecrã mais fácil de regular. De resto, promete uma longa relação de confiança com quem a adquirir e bons momentos de diversão, tanto no dia-a-dia como numa viagem de fim-de-semana, seja pela montanha ou pela autoestrada, onde não se intimida com ritmos de automóvel. Está disponível em verde ou preto e tem garantia de cinco anos ou 50 mil quilómetros. A Joyride é muito feliz acima dos 120 km/h, demarcando-se das 125 nesta situação

HARLEY-DAVIDSON

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