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À frente do seu tempo

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Fora da caixa

Fora da caixa

Quatro anos depois da apresentação da V-Rod, a Harley-Davidson ampliou a sua gama desportiva com motor 8v através de uma impactante “dragracer” com forte personalidade e um binário poderoso, apelidada de Street Rod. Através dela, a herança desportiva estava clara, inspirando-se nas populares competições “dragster” nos Estados Unidos. Uma nova Harley, para todos aqueles que não se identificavam com a gama americana até então.

Travões

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Consumo

Preço

Motor Cilindrada Potência Binário

Limitável a A2 Caixa

Vel. máxima Quadro

Suspensão dianteira

Suspensão traseira travão dianteiro

Travão traseiro

Pneu dianteiro

Pneu traseiro

Dist. entre eixos

Altura assento

Peso declarado Depósito

Consumo médio PVP (2007)

Bicilíndrico Revolution

V-twin, DOHC, 4v, refrig. líquida

1.130 cc

121 cv às 8.250 rpm

108 Nm às 7.000 rpm Não

5 velocidades n.d.

Perimetral de aço

Forquilha invertida showa de 43 mm

Duplo amortecedor

Duplo disco de 292 mm com pinças Brembo de 4 pistões

Disco de 292 mm com pinça Brembo de dois pistões

120/70 ZR19

180/55 ZR17

1.713 mm

762 mm

281 kg (a seco)

18,9 litros

4,9 l./100 km

17.850 €

Com a mudança de século, a até então conservadora Harley-Davidson surpreendeu tudo e todos através do lançamento da sua V-Rod (VRsCA), a sua primeira moto de dois cilíndros com quatro válvulas e refrigeração líquida de grande capacidade, de série. Com um motor concebido pela Porsche, aquela máquina de linhas estilizadas dragster rompeu padrões, lançando novas bases para o futuro das motos custom. Mas foi um autêntico terramoto num segmento tão conservador: a V-twin Racing street Custom não vacilava, mostrava-se muito forte, com melhor desempenho que as restantes e além disso estava no catálogo lado a lado com as irmãs mais “genuínas”. Os “harlistas” mais radicais e puristas, ficaram indignados e muitos até olharam para este novo modelo como sendo um insulto. Posteriormente, a gama mais potente da Harley foi crescendo, até disponibilizar cinco opções em 2007: a V-Rod, street Rod, Night Rod / special e VRsCX (edição limitada).

A nossa protagonista, a VRsCR street Rod (não confundir com o modelo de 2017 ainda que pareça igual), era a mais desportiva da gama. Apresentada em 2005, foi a primeira da sua classe a utilizar componentes de gran- des fabricantes exteriores como a forquilha invertida showa de 43 mm ou as pinças de travão Brembo na atualização de 2007. Pousa-pés colocados numa posição intermédia, ângulo de inclinação de 40º, guiador de maior diâmetro e seletor de travão mais ergonómico são apenas alguns detalhes dignos de menção. O motor foi apelidado de “Revolution V-twin”, com 1130 cc, refrigerado por líquido, decla-

COM O SEU MOTOR CONCEBIDO PELA PORSCHE, ROMPEU CONVENÇÕES

rava 121 cv e um binário de 108 Nm. Estava disponível em cinco cores lisas (incluíndo azul mar e cinzento prata). Jantes de braços (dianteira de 19” e traseira de 18”), silenciador duplo, assento de dois lugares desportivo, guiador baixo, para-lamas recortado, transmissão por correia dentada, conta-rotações, depósito de combustível por baixo do assento e silhueta larga e musculada eram imagens de marca do modelo.

Custom Racing Sport

A street Rod nunca foi amiga das deslocações urbanas devido ao seu volume, comprimento e peso, ainda que sempre tenha captado todas as atenções precisamente por esses aspectos. A baixa velocidade, a sua grande distância entre eixos e geometria conservadora convidavam-nos a desfrutar de forma tranquila e paciente, quase como se de um carro se tratasse. Arrancar de um qualquer semáforo era um autêntico desafio, com a roda traseira a soltar-se facilmente, com o espírito dragracer sempre muito presente. A postura de condução, embora não fosse demasiado radical, levava-nos a conduzir com o corpo inclinado para a frente, com os braços descontraídos sobre o guiador de média altura e os pés colocados comodamente nos pousapés recuados; muito diferente das suas irmãs V-Rod, nas quais adoptávamos uma postura mais radical, com os braços totalmente estendidos, os pés avançados e o assento recuado.

As vias rápidas, tão pouco é o seu cenário predileto, mas nas estradas secundárias pode chegar a surpreender-nos, desde que as curvas não sejam demasiado fechadas.

Temos que antecipar um pouco as entradas em curva e jogar com a abundante potência e binário

Com o devido cuidado para não tocar com os pousa-pés no asfalto, as apetências desportivas da street Rod fazem-se destacar. Antecipando um pouco as entradas em curva e jogando com o desempenho contundente do motor, é possível conseguirmos rodar a ritmos elevados, algo que surpreende pelas dimensões. O motor tem potência

Estradas bem asfaltadas e curvas rápidas são o seu cenário de eleição

suficiente para brindar-te com boas acelerações e recuperações, respondendo com autoridade a partir das 2000 rpm; à parte da potência bruta, o que diferencia este motor dos clássicos bicilíndricos de Milwaukee é a rapidez com que sobe de rotação. Em estradas mais degradadas, a suspensão pode mostrar-se algo branda, especialmente no que diz respeito ao conjunto de amortecedores traseiros, cujo escasso curso pode chegar a brindar-te com algumas pancadas secas. Onde se sente verdadeiramente à vontade é em estradas bem asfaltadas com curvas rápidas: outra forma de entender o universo Harley-Davidson, que se adiantou no tempo.

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