Café forte em terra de chá

Agregar componentes fabricados na China à história e design europeu é uma bem conhecida fórmula de sucesso no universo das duas rodas. Mas será que a história é igual para todas as marcas? No caso da Mutt GT-RS 125 encontramos uma narrativa semelhante, mas… mais genuína.

Afebre revivalista que atingiu motociclismo e motociclistas no virar do século, tem aumentado de intensidade com o passar dos anos do novo milénio e levou a sociedade a criar novos hábitos. Procurava-se um estilo de vida ‘cool’, descontraído e de stress reduzido. Sobretudo no trânsito! Café-racer, brat, custom, scrambler ou tracker foram palavras que entraram na esfera do conhecimento público, representando, cada uma, um estado de espírito. Ou, por outras palavras, derivações sobre uma irreverência inconformista, que tinha a diferenciação, o individualismo e a autenticidade como palavras de ordem. Transformar era (e continua a ser) quase obrigatório para quem quer marcar a diferença.

Fenómeno que gerou milhões de transformadores por todo o mundo, dos ‘simples’ cortadores e soldadores aos mais requintados ateliers de customização. A Boneshaker Choppers é um exemplo clássico, palco de atuações do génio Benny Thomas, recriando Indian, Harley, Triumph ou BSA entre outras. Até que, em 2015, juntamente com Will Rig, decidiu dar outro rumo à sua visão e sonho, apostando na popularização do conceito. Queria permitir a todos a possibilidade de possuírem uma moto única, fácil de adquirir e manter, simples de redesenhar e prática e económica de utilizar. Grossomodo esta é a história que nos leva à Mutt e, claro está, à mais recente proposta da marca sedeada no bairro de King’s Nortons, no limite sul da cidade de Birmingham, a GT-RS.

CONHECIDA

OU NEM POR ISSO?

Olhando para a Mutt GT-RS 125 –existe também a versão de 250 cc – a primeira sensação é um ‘dejá-vu’.

Semelhante, num primeiro momento, a várias das mais vendidas café-racers do mercado. Olhando mais atentamente essa semelhança tende a desvanecer-se. Os detalhes vêm ao de cima e sobressai o cuidado colocado na escolha dos componentes. A decoração, a única existente para este modelo, faz contrastar o preto acetinado do ‘gordo’ depósito, tampas laterais, rodas e suspensão com a faixa em cinzento prata ao longo do depósito de combustível.

Pintura elegante, condizente com o assento plano e rematada por iluminação de desenho tradicional e tecnologia atual. Os LED utilizados no farol redondo como na pequena luz traseira são acompanhados pelo mesmo sistema de iluminação nos esguios piscas. Equilíbrio entre o clássico e o moderno que continua no largo guiador, rematado por punhos de relevo único e as manetes, de embraiagem como de travão, com sistema de ajuste extremamente prático, raramente visto em motos de preço bem maior. Também os guar- da-lamas, curtos e em metal como se impõe, partilham esta filosofia de nostalgia. E note-se ainda o pequeno painel de instrumentos, com conta rotações analógico e pequena janela digital com as restantes informações, ou contrapesos com assinatura, em mais um toque de distintiva classe. Afinal, olhando com mais atenção, os detalhes vão marcando a diferença dentro da classe recheada das mais variadas ofertas.

Geometria De Facilidade

Aqui chegados, seria o caro leitor levado a pensar que estamos perante uma moto grande, de preço elevado e prestações capazes de colocar em sentido a rapaziada do Cabo da Roca ou do Cais de Gaia numa qualquer manhã de domingo. Nada disso! O que conta aqui é a popularização do fenómeno, só possível graças a valores de facilidade e economia.

Desde a primeira abordagem, ressalta enorme simplicidade garantida pelo fácil acesso ao assento, de altu-

PONTUAÇÃO MUTT GT-RS 125

Estética

Prestações

Comportamento

Suspensões

Travões

Consumo

Preço

Motor

Cilindrada

Alimentação

Potência

Binário

Caixa

Quadro Suspensão

Dianteira

Suspensão

Traseira

Travão Dianteiro

Travão Traseiro

Pneu Dianteiro

Pneu Traseiro

Distância entre Eixos

Altura assento

Depósito

Peso

Consumo (anunciado)

Cores

Garantia

Importador

PVP

Monocilíndrico, refrigeração por ar, SOHC, 2V 124 cc

Injeção eletrónica

11 cv / 9500 rpm

10 Nm / 5600 rpm

Manual de 5 velocidades

Em tubos de aço

Forquilha telescópica, diâmetro n.d., curso n.d.

Dois amortecedores com depósito externo, curso n.d.

Disco de 276 mm, pinça de 4 pistões

Disco de 220 mm, pinça de pistão simples

120/90 x 18”

130/80 x 18”

1350 mm

780 mm

15 L preto acetinado/cinza prata

105 kg (em ordem de marcha) n.d.

3 anos

Mutt Motorcycles

3.750€ ra comedida, e pela boa distribuição de peso, com centro de gravidade em posição baixa. Facto que simplifica a condução, aumentando a maneabilidade, em contraponto às rodas de 18 polegadas. Que são mais um ponto marcante da Mutt GT-RS! As jantes raiadas, com belíssimo acabamento em negro mate acolhem uns pneus Timsun TS822, de perfil que enaltece ar aventureiro. E com uma aderência que aprovou.

Borrachas bastante largas cujo peso na condução desaparece logo nos primeiros metros, graças à acertada geometria de uma ciclística básica, mas eficaz. Tubos de aço, forquilha hidráulica convencional e dois amortecedores atrás são receita que concilia a imagem com um preço contido. Assim como o prato mais económico de um restaurante com estrelas Michelin…

Suspensão, com regulação de précarga atrás, que cumpre eficazmente o seu papel em termos dinâmicos, com segurança inatacável e um nível de conforto condizente com o espírito da máquina. Esqueçam a condução desportiva ou as longas viagens! Equipamento que acompanha o bom nível de travagem, bastante potente na dianteira e com a vantagem de ser combinada (CBS) ainda que a progressividade possa ser melhorada.

Motor Indestrut Vel

Rodas pintadas de negro mate, com raios contribuem para a imagem mais urbana da GT-RS.

Painel tem conta rotações analógico e janela LCD, com indicação de velocidade, odómetro, velocidade engrenada e nível de combustível.

Quanto ao motor cuja base é bem conhecida, com fama de indestrutível consolidada ao longo de muitos anos e milhões de unidades fabricada. Criado para equipar a Suzuki GN 125, mas aqui dotado de injeção eletrónica fabricada pela Delphi, este monocilindro produzido sob licença e utilizado em incontáveis produções asiáticas, tem um comportamento… honesto. Podíamos dizer que era uma bomba, mas estaríamos a mentir. Tem 11 cavalos que permitem andar a dois na cidade, sem grandes correrias, antes transformando cada viagem em momento de descoberta de uma paisagem urbana que, muitas vezes, passa-nos completamente ao lado. As limitações impostas pela normativa Euro5 refletem-se em termos de vivacidade, mas não beliscam a surpreendente economia de combustível. Que, juntamente com a generosa capacidade do depósito, poderão gerar algum esquecimento em reabastecer depois de uma ou duas semanas sem paragens! Já a caixa de relações curtas ajuda a ‘despachar serviço’ e, bem utilizada, minimiza as vibrações que o bloco transmite aos pés e assento.

Tampão de depósito cromado reforça ar clássico, em forte contraste com o depósito em tons de negro mate.

Conclus O

Colocada entre as marcas com maior reconhecimento neste segmento de mercado, a Mutt oferece, com esta GT-RS 125, mais um produto destinado a uma clientela muito específica. Alguém que procura mobilidade urbana com economia, é certo, mas com estilo. Onde a diferença, a individualidade, marca pontos, remetendo para uma imagem motociclística intemporal. Mas cada vez mais atual e significativa no panorama das nossas cidades. Afinal uma ‘café-racer’ com forte personalidade nascida na terra onde o chá é rei.

Veja Aqui O V Deo

https://clicamotos.pt/seat-mo-em-video/

Face à versão base, a nova 125

Performance

8.823 EUROS

Ficha T Cnica Seat M 125 Performance

Motor Cilindrada

Potência

Binário Caixa

Vel. Máxima

Quadro

Suspensão dianteira

Suspensão traseira

Travão dianteiro

Travão traseiro

Pneu dianteiro

Pneu traseiro

Distância eixos

Altura assento

Peso

Capacidade

Cores

Garantia

Importador

PVP

Elétrico, sem escovas

L3e (equiparada a 125 cc)

11,5 kW

119 Nm

Automática 105 km/h (com eBoost)

Tubular em aço

Forquilha convencional sem ajuste Monoamortecedor Öhlins, ajustável Disco de 260 mm, CBS

Disco de 240 mm, CBS

120/70-15”

140/70-14”

1450 mm

780 mm

152 kg (a seco e com bateria)

1 bateria de 51V (133 km autonomia estimada)

Cinza Barcelona e Azul

Tarifa

3 anos

Seat

8.823,67€