A receita perfeita

Caindo o risco de me repetir, nos dias de hoje é difícil de encontrarmos uma moto má. No entanto, há receitas que nascem quase perfeitas e a “GS” da BMW é um desses exemplos. Para muitos, é uma questão de status, para outros, uma questão de facilidade de aquisição, mas tamanho sucesso cinge-se apenas as estes dois factos? É o que vamos ver...

Digam o que disserem, a BMW R GS é, continua a ser e será por muitos mais anos, uma das motos mais desejadas (e vendidas) do mercado a nível global. Como em tudo na vida, o sucesso incomoda muita gente e não são raras as vezes que ouvimos alguém a tecer comentários menos simpáticos sobre este modelo em particular. Seja porque motivo for, não podemos negar que tudo o que envolve o nome deste modelo, torna-se rapidamente em sucesso. É verdade que a estratégia desenvolvida pela BMW ao nível do financiamento, permite a qualquer motociclcista cumprir o sonho de ser proprietário de uma moto bávara, mas não podemos ser tão “quadrados” e apontar só defeitos. É que para ter o sucesso de vendas que tem, é porque realmente alguns encantos deve ter...

Uma Hist Ria De Sucesso

Em 2020 o modelo celebrou 40 anos de existência, que não importa agora recordar, grande parte deles gravados em letras de outro na história de competições tão duras como o Dakar. Tecnologia e qualidade estão então provadas, pois caso contrário, não teria o sucesso que teve. A partir daí, a BMW soube dar vida e corpo a este modelo em particular, que passados 40 anos continua a estar no topo das preferências dos motociclistas. A receita de sucesso tem como ingredientes uma estética elegante e imponente, que conjuga traços de aventura, turísticos e até das motos de vocação mais urbana, continuando a agradar todos. Dividida em duas versões, a base e a Adventure, consegue segmentar e oferecer o que os amantes da aventura querem: uma moto de “trato” simples que seja tão confortável no dia a dia na cidade como para dar a volta ao mundo ou por outro lado a Adventure, que tal como o próprio nome indica, está mais preparada para as grandes viagens de aventura, com um depósito maior, mais proteções e ainda mais corpo.

Outro dos motivos que tem feito da GS modelo “exemplar” tem sido a evolução ao longo dos anos. Hoje em dia, falar em BMW R 1250 GS é sinónimo de tecnologia, inovação, desempenho, conforto e fiabilidade. Tudo conceitos que os motociclistas procuram nestes modelos, as maxi-trails.

A GS está sempre no centro das conversas e do segmento, seja

Motor

Distribuição

Cilindrada

Potência Máxima

Binário Máximo

Limiável a A2 Embraiagem

Final Caixa

Quadro Suspensão

Dianteira

Suspensão

Traseira

Travão Dianteiro

Travão Traseiro

Pneu Dianteiro

Pneu Traseiro

Comprimento Máximo

Largura Máxima

Altura Máxima

Altura do Assento

Distância entre Eixos

Depósito

Peso

Cores

Garantia

Importador

PVP

Dois cilindros Boxer, 4T, refrigerado por ar/ líquido

Duas árvores de cames à cabeça helicoidais, oito válvulas

1254 cc

136 cv / 7750 rpm

143 Nm / 6250 rpm

Não

Multidisco em banho de óleo, deslizante Por veio

6 velocidades

Treliça em tubos de aço

Sistema Telelever, amortecedor central e bainhas de Ø37 mm

Sistema Paralever, amortecedor WAD, ESA Dois discos, 305 mm, pinças radiais de quatro êmbolos, ABS Disco, 276 mm, pinça de dois êmbolos, ABS

120/80-19”

170/60-17”

2207 mm

925 mm

1430 mm

850-870 mm

1514 mm

20 L

249 kg (ordem de marcha)

Branco, azul Trophy, branco Rallye, preto Triple Black

5 anos

BMW Motorrad Portugal

25.819€ (modelo testado) para servir como exemplo ao desenvolvimento de novos modelos, que procuram aproximar-se à alemã para gerar vendas, seja por outras tantas marcas que tentam responder aos “ataques” e popularidade da germânica. Há motos no mesmo segmento que são mais potentes, outras mais vocacionadas para o fora de estrada, outras de cariz mais viajante, outras com tecnologia ainda mais avançada, outras mais confortáveis, mas a R 1250 GS é uma mescla de tudo isso!

Poucas Altera Es

Para 2023, a verdade é que a BMW R 1250 GS não sofre grandes alterações face às anteriores versões de 2020. Já por essa altura, o motor Boxer, de dois cilindros opostos, com 1254 cc, Euro5 e 136 cv de potência e 143 Nm de binário não sofreu qualquer alteração, pois em equipa que vence, não se mexe. O bloco continua a ter tanto de suave como de potente, e a tecnologia ShiftCam, que controla o tempo da abertura e variação das válvulas e a abertura da válvula da admissão, consegue traduzir-se em mais potência em toda a faixa de utilização, ao mesmo tempo que mantém a suavidade e um motor silencioso, conseguindo consumos controlados e os níveis de emissão de gases poluentes em níveis muito baixos. Por falar em consumo, no final do nosso teste tivemos como média 5,7 litros por cada 100 km percorridos.

Também no que a eletrónica diz respeito, deixando de lado o super completo (e complexo) painel TFT de instrumentos que depois de estarmos entrosados com ele acabamos por achar a navegação fácil e intuitiva, temos um enorme pacote para explorar, já instalado de série, ao qual podemos juntar os muitos acessórios disponíveis.

Desde 2020 que a GS passou a contar com um novo modo Eco e o Controlo de Tração Dinâmico (DTC) instalados de série. Como acessório mantêm-se os modos de condução PRO. O DTC assegura maior segurança na condução e o modo Eco estimula os utilizadores a fazer uma condução mais amiga do ambiente. Os modos PRO oferecem a possibilidade de ter mais opções de condução prédefinidas pelo utilizador à distância de um “clique” no botão “Modos”.

Também de série passou a vir equipada com sistema de ABS

PRO, onde a maior diferença é a eficácia em inclinação. Consoante o modo selecionado, assim o nível de intervenção do ABS também é alterado. Se gostam do famoso sistema de ajuda em subida, podem contar com ele de série mas apenas na versão base, já que a pro vão ter que continuar a considerá-la como opcional. Novidade são também as óticas em LED, mais potentes, com função adaptativa como opcional.

O Que Muda Em 2023

Se já face às anteriores versões, a versão de 2020 dedicou grande parte das alterações à estética e eletrónica, para 2023 as alterações são ainda menores, mas não menos atrativas. Aqui, a ideia da BMW é ir “corrigindo” ou oferecendo pequenas comodidades que os proprietários ou utilizadores vão demonstrando interesse. Posto isto, pequenas coisas como desligar a função de “cancelamento de piscas automático” está mais fácil, e para todos os modelos GS com sistema de ignição sem chave (Keyless Ride), vendido como opcional, os utilizadores ficam também com acesso ao controlo automático da pressão dos pneus (RDC), que permite mo- nitorizar até dois conjuntos de rodas por moto (indicado para aqueles utilizadores que gostam de ter um segundo par de jantes sobressalentes para quando querem viajar fora de estrada, por exemplo). O RDC passa a fazer também parte do pacote “Confort”. As grandes novidades encerram-se com as novas conjugações de cores e variantes, como esta bonita pintura Trophy que vem substituir as anteriores “aniversário”. Para quem optar pela versão Trophy conta ainda com jantes de raios cruzados, assento rally, para-brisas desportivo, proteções de radiador e quadro e pousa pés de enduro. No entanto, e como já veremos a seguir, a nossa unidade de teste tinha ainda uma série de outro equipamento opcional instalado. A cor “Blackstorm metallic” deixa de estar disponível e passa a estar em branco, azul Trophy, Branco Rallye e preto “Triple black”.

Equipamento Extra

Tal como referimos num dos parágrafos anteriores, a unidade cedida pela BMW Motorrad Portugal para teste, estava equipada com alguns acessórios que importa enumerar já, para enquadrar algumas das observações que

Estética

Prestações

Comportamento

Suspensões

Travões

Consumo

Preço

Mesmo carregada com as três malas, é dona de uma estabilidade notável, quer em estradas mais montanhosas como em autoestrada possamos vir a fazer nos próximos parágrafos. Temos assim: cor azul “Gravity” metal mate; Farol de halogéneo; Pack Comfort; Condução sem Chave; Escape Akrapovic Design; Coletores de escape cromados; Punhos aquecidos; Controlo de pressão dos pneus; Pack Touring; Kit de preparação para GPS; Cruise Control; Proteções de mãos; Suporte de malas laterais em alumínio; Pack Dynamic; MSR (gestão de inércia do motor); ESA Dynamic; Assistente à passagem de caixa Pro; Modos de condução Pro; Style GS Trophy; Kit de passageiro; Jantes de raios cruzados; Assento aquecido; Luzes auxiliares em LED; Luz Cruising; Luzes indicadoras de mudança de direção multifuncional; Luzes multifuncionais II; Sistema de alarme anti-roubo e Barra de proteção do motor.

Argumentos V Lidos

Ao fim de mais de 40 anos de história, a BMW R 1250 GS continua a ser, tal como já dissemos, uma das motos mais vendidas no mundo. E não é preciso muito para relembrarmos o porquê. Esteticamente, para mim, pessoalmente, esta versão com decoração Trophy é das mais atrativas de sempre, muito ele- gante, dinâmica e cujo nome nos remete de imediato para a aventura. alumínio, estilo enduro são acessório mas muito úteis e não passam qualquer vibração. Preparem-se para umas caneladas inicias nas cabeças do motor, mas isso faz parte do carisma do modelo e acontece esporadicamente... possível desligar por completo quer o ABS como o controlo de tração. possa pensar, colocar no central é fácil.

Os comandos são os necessários, intuitivos com a tradicional “roda” de navegação colocada no punho esquerdo. Para quem não está habituado, requer um período de adaptação.

O painel TFT apresenta muita informação, de fácil leitura e personalizável. O para brisas é ajustável com apenas uma mão e temos uma indispensável tomada USB.

Esta versão Trophy vem equipada com um assento estilo rally, de uma peça, mas nesta versão testada trazia o individual aquecido.

O assento, mesmo na posição mais baixa, mostrou-se um pouco alto para a minha “franzina” estatura, mas podemos sempre optar pela versão de suspensão rebaixada e aí, acabamse os problemas pois passamos de 850 mm de altura do assento ao solo na posição mais baixa, para os 800 mm. Faz toda a diferença, até porque estamos a falar de um peso a cheio na ordem dos 249 kg, pelo que estarmos confortáveis e apoiar ambos os pés no chão transmite logo outra confiança.

A andar, o caso muda logo de figura. Aquela postura de condução roça a perfeição e mesmo para o fora de estrada, basta rodar um pouco o guiador para a frente ou para trás para obtermos a posição mais confortável para nós. Tão simples. A geometria assento/pousa pés/guiador continua a ser das mais confortáveis entre as maxi-trails. Isso é meio caminho andado para nos sentirmos seguros, confiantes e confortáveis, naturalmente. Por falar em conforto, as vibrações são muito ténues, o pára-brisas pode ser ajustável com apenas uma mão, o painel de instrumentos muito completo e de fácil leitura, com tomada USB na lateral direita. Os pousa-pés de

A caixa de seis velocidades está bem escalonada e o sistema de quick shift que tinhamos instalado (disponível na lista de acessórios) apresentou um tacto algo rijo, obrigando-nos a usar mesmo calçado técnico e não andarmos de ténis normais. Quanto mais elevado o regime de rotação, mais suave se tornam as passagens de caixa, como é habitual.

O motor continua a ter potência mais que suficiente, com o modo Eco a apelar à contenção e uma condução mais amiga do ambiente (e da carteira, está claro), o Rain deixa-nos preparados para os dias de chuva ou quando o pavimento está mais escorregadio e o Road dá-nos toda a dedicação dos 136 cv às 7750 rpm, com o pico de binário de 143 Nm a chegar mais cedo, às 6250 rpm. Um motor cheio, sempre disponível e muito rápido a subir de rotação. Ainda no que a modos diz respeito, tinhamos ainda disponíveis dois Enduro, o normal e outro Pro, estando este último “calibrado” para a utilização fora de estrada, sem ABS atrás e com as ajudas eletrónicas reduzidas ao mínimo de intervenção, sendo ainda

E as suspensões eletrónicas, totalmente ajustáveis e com modo automático? Irrepreensíveis. O sistema dianteiro Telelever, com amortecedor central e baínhas de 37 mm é muito bom, principalmente nas travagens, assegurando que a frente não afunda, ou afunda até onde nós queremos. Totalmente ajustável na frente e atrás, em conjunto com a eletrónica e a potência doseável resulta num conjunto que nos leva a curvar rápido e com confiança, agora com o ABS em curva a dar redobrada confiança pois podemos corrigir trajetórias sem sustos de maior.

As comodidades, como o sistema de ignição sem chave, a mala traseira e laterais de alumínio, quick shift, proteções de mãos ou os assentos aquecidos são uma mais-valia, mas não tão valiosa quanto os modos opcionais ou as suspensões eletrónicas. Graças a estas últimas, conseguimos desfrutar em pleno da R 1250 GS de acordo com o cenário envolvente, com o nível de carga e com ou sem passageiro.

O que fica deste contacto é que a BMW R 1250 GS continua a apresentar argumentos que justificam a fama e o expressivo volume de vendas que continua a impressionar um pouco por todo o globo, graças à eficiência e versatilidade do conjunto, bem como a estética atrativa que continua a exibir.

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