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Editorial | Dr. António José Henriques

Editorial

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As lições que devemos recordar

Aprendemos vários termos novos e outra realidade que ainda nos parece tirada de um filme de ficção científica. Nunca antes nos tinhamos imaginado de máscara a não ser no Carnaval e muito menos com restrições à nossa liberdade após as conquistas de Abril. Impedidos de sair, de irmos ao restaurante que decidissemos e mais grave ainda, sem podermos visitar os nossos parentes e amigos. Realidade mutante que impede muitos dos nossos planos e que tão dificulta o nosso lado familiar e social.

Aprendemos então a primeira lição, que os nossos planos, antes coroados de certezas, não passam afinal de intenções e que só se realizam se uma série de incógnitas colaborar. Aprendemos a incerteza consciente da precariedade da nossa saúde e dos que mais queremos.

Antes da Pandemia, agendávamos umas férias e nem nos passavam pela cabeça premissas como estas: Será que estarei doente? Será que haverá voos? Será que poderão fechar as fronteiras e não terei como regressar? Será que serei obrigado a estar de quarentena? nunca foi posta em causa e tão diminuída como agora. Que tudo isto não impeça o sonho, pois é aqui que tudo se inicia. E quantos dos nossos sonhos valem por si só e são transportados toda a vida dentro do peito ? Valem como afirmação do que somos, desejamos e amamos, como uma bússola, mesmo que nunca os consigamos atingir.

A segunda grande lição foi a dependência, a interligação, a rede, a ideia de que o planeta é um só e o cuidado que cada um de nós tem de ter para não atingir o outro, o próximo, o desconhecido, mesmo que a distância compreenda muitos quilómetros. Transportamos no bolso, saúde e doença, vida e morte.

E recentemente quando já ansiavamos pelo fim desta epopeia fomos confrontados com mais uma variante, felizmente menos letal mas mais contagiosa. Virão outras? Mais restrições? Mais vacinas? Não sabemos.

E aqui surge a terceira grande lição: Aprendemos a ser mais resilientes, a não desistir, a enfrentar dúvidas e medos. Mas, será que nos transformámos em pessoas melhores?

Espero que estas palavras convidem à introspecção singular e que cada um avalie os danos, o estado das suas expectativas e da tenacidade necessária para se manter saudável, física e mentalmente.

Que o ano de 2022 seja mais indulgente e possamos ter aprendido a consagrar mais tempo para o que realmente importa, e entendendo as privações a que fomos sujeitos como um restabelecer de novas hierarquias, a não considerarmos nada garantido mas uma dádiva tão gratificante como é afinal a nossa vida n

Dr. António José Henriques Director Editorial redaccao.revistasaudehoje@gmail.com

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