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Saúde | Farmácia Alves | Desmistificar os Genéricos | Dra. Sofia Lourenço Silva

Dra. Sofia Lourenço Silva Farmacêutica

Desmistificar os Genéricos

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Ao apresentar a sua receita na farmácia já lhe deve ter sido questionado se preferia genérico e muitas vezes esta questão gera algumas incertezas. “Não deveria ser o médico a decidir?”, “Qual é a diferença?”, “Qual é o melhor?”, geralmente são as respostas que o farmacêutico recebe. Este artigo destina-se a esclarecer e a ajudá-lo a tomar a opção correcta.

O que é um genérico?

De acordo com o INFARMED, “um medicamento genérico é um medicamento com a mesma substância activa, forma farmacêutica, dosagem e com a mesma indicação terapêutica que o medicamento original, de marca, que serviu de referência” Para cumprir a definição acima, o medicamento tem de garantir critérios de biodisponibilidade, através de estudos de bioequivalência.

O que é a Biodisponibilidade/ Bioequivalência?

durante um período de tempo suficiente. A Biodisponibilidade estuda a quantidade de substância de um medicamento que é absorvida e que fica disponível para atuar na corrente sanguínea. Um estudo de Bioequivalência compara a biodisponibilidade de dois medicamentos. Se nas mesmas condições, os medicamentos tiverem a mesma biodisponibilidade, então

“Quando termina a protecção da patente, qualquer empresa pode produzir e comercializar a mesma substância, bastando demonstrar os estudos de bioequivalência, já descritos. Desta forma, têm menos custos de investigação e desenvolvimento da molécula para incorporar no preço.”

os seus efeitos, em termos de eficácia e segurança, serão essencialmente os mesmos. Ou seja, medicamentos bioequivalentes têm a mesma segurança e eficácia. Sendo os genéricos bioequivalentes do medicamento que serviu de referência (“original” ou de “marca), vão ter a mesma segurança e eficácia. A forma de reconhecer um medicamento genérico é procurar a sigla [MG] na embalagem exterior.

Porque razão há uma diferença de preço?

desenvolvem os medicamentos novos. Assim, que a nova molécula é desenvolvida, é protegida por um registo de patente por um período de vinte anos. Durante estes vinte anos, a empresa tem exclusividade de comercialização. Após o processo demorado de mais de dez anos, de vários estudos de segurança e eficácia, o medicamento recebe a Autorização de Introdução do Mercado (AIM), Quando termina a protecção da patente, qualquer empresa pode produzir e comercializar a mesma substância, bastando demonstrar os estudos de bioequivalência, já descritos. Desta forma, têm menos custos de investigação e desenvolvimento da molécula para incorporar no preço. Também de acordo com o legislado em Portugal o preço de um novo medicamento genérico deverá ser inferior em pelo menos 20%.

Os medicamentos genéricos são tão bons como os originais?

Os medicamentos genéricos seguem as mesmas normas de qualidade, seja na produção, controle de qualidade e distribuição. Todos os medicamentos são produzidos em instalações que cumprem as leis em vigor.

Os medicamentos genéricos também são periodicamente inspecionados pelas autoridades e são testados de modo a demonstrar a sua eficácia.

Os genéricos têm vantagens?

Um medicamento genérico tem uma boa relação custo-benefício, apresenta menos custos para o utente, o que promove a adesão à terapêutica.

São moléculas com muitos anos de comercialização, sendo por isso medicamentos com eficácia conhecida e elevado perfil de segurança.

A escolha de um medicamento genérico também contribui para reduzir custos no sistema de saúde. Essa poupança pode ser utilizada para o desenvolvimento de moléculas inovadoras (medicamentos novos) ou outros projectos.

“Os medicamentos genéricos também são periodicamente inspecionados pelas autoridades e são testados de modo a demonstrar a sua eficácia.”

Como são prescritos os medicamentos genéricos?

Os medicamentos são prescritos pelo nome da substância, Denominação Comum Internacional (DCI), seguida da dosagem e forma farmacêutica. Ou seja, geralmente não vem descrito se é para dispensar de marca ou qual o laboratório genérico. Na farmácia temos o dever de informar e dispensar os medicamentos mais baratos, excepto quando o utente escolhe um medicamento mais caro.

O utente tem o direito de escolher o medicamento que prefere, por isso se deve colocar a questão “tem preferência?”.

Em alguns casos, o médico pode prescrever por marca, por exemplo, em caso de alergias, medicação prolongada, medicamentos com margem terapêutica estreita.

Fiz alergia a um genérico, faço alergia a todos os genéricos?

Apesar da substância activa ser a mesma, o método de produção poderá ser diferente e utilizar diferentes excipientes (são moléculas sem função activa, mas auxiliam no fabrico). Ser alérgico a um dos excipientes não significa que o seja a todos os genéricos.

Espero que a leitura deste artigo tenha contribuído para que da próxima vez que for à farmácia e lhe perguntarem se tem preferência por genérico ou de marca, consiga tomar uma decisão

informada e sem receios n

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