Cultivar Máquinas 233 - Accura 4.0 BX

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Expediente

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 289,90

(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 28,00

Assinatura Internacional:

US$ 150,00

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FUNDADORES

Milton de Sousa Guerra (in memoriam)

Newton Peter

Schubert Peter

• Diretor

Newton Peter

REDAÇÃO

• Editor

Schubert Peter

• Redação

Rocheli Wachholz

Cassiane Fonseca

• Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia

• Revisão

Aline Partzsch de Almeida

COMERCIAL

COMERCIAL

• Coordenação

Charles Ricardo Echer

• Vendas

Sedeli Feijó

José Geraldo Caetano

CIRCULAÇÃO

• Coordenação

Simone Lopes

• Assinaturas

Natália Rodrigues

• Expedição

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Nossos Telefones: (53)

• Assinaturas 3028.2000

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A agricultura brasileira atingiu patamar tecnológico que permite produção o ano inteiro em grande parte das áreas do país. Pensando nas culturas em implantação, apresentamos nesta edição o Accura 4.0 BX. É máquina produzida pela Kuhn (fundada em 1828). Trata-se de distribuidor autopropelido de fertilizantes granulados e de sementes. Foi desenvolvido com o objetivo de atender ao mercado composto por pequenos e médios produtores rurais.

Dentre as características que chamam a atenção, a máquina apresenta perfil de distribuição triangular. Isso reduz o impacto de erros de condução e o desperdício de insumos. Ela está equipada com o terminal virtual Agres IsoView 35, gerenciador do sistema de distribuição e pelo piloto automático. E com o Kuhn Telemetria, ferramenta auxiliar no processo de decisões. Avalie-a a partir das informações trazidas nesta edição.

E, nesses tempos de preocupações com as mudanças climáticas, importante prestar atenção aos gases expelidos em razão da queima de combustíveis. A coloração da fumaça dos escapamentos pode indicar problemas no funcionamento dos motores Diesel. Por exemplo, fumaça negra sugere que parte do combustível não sofreu ignição e foi convertida em fuligem. Por outro lado, fumaça branca indica presença de água ou líquido de arrefecimento na combustão. Amplo artigo descreve indicadores, problemas e soluções...

Além disso, iniciamos a época das grandes feiras agrícolas. Tempo em que as novidades são apresentadas aos produtores. Muitos realizarão compras de pulverizadores nos próximos meses. Para auxiliar, nesta edição publicamos matéria sugerindo critérios para julgar as opções disponíveis. Um ponto a analisar: tamanho do reservatório e das barras. Mas não apenas isso. Saiba tudo nas páginas a seguir.

12 Dez anos de LS Tractor no Brasil

• Comercial e Redação 3028.2075

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Editorial Índice 04 Rodando por aí 28 Capa - Ficha Técnica Accura 4.0 BX 38 Uso de piloto automático em colhedoras de café 16 Pulverizadores de barras 05 Mundo Máquinas 08 Uso de grades no manejo do solo 22 Colheita mecanizada de grãos de milho 48 Coloração dos gases de exaustão 44 Falhas na distribuição longitudinal de sementes
Nossa capa
O lançamento do Accura 4.0 BX é a combinação perfeita da robustez do pulverizador Boxer H com a eficácia da distribuição da linha Accura
Crédito
de Charles Echer Schubert Peter
Cultivar Máquinas • Ano XXI • Nº 233 • Fevereiro 2023 • ISSN - 1676-0158

Tratores TL5

A New Holland apresentou soluções de telemetria para a família de tratores TL5 no Show Rural Coopavel desde ano. A tecnologia estará disponível a partir do segundo semestre de 2023, para tratores cabinados e plataformados. O cliente poderá adquirir o kit de telemetria via pós-vendas e conferir as informações da máquina no aplicativo de gestão de frota, o MYPLMConnect. Assim, produtores terão acesso a diversas funcionalidades da máquina e sobre a operação de trabalho.

Magnum Black Limited Edition

Para comemorar os 20 anos de produção nacional, a Case IH levou como grande destaque ao Show Rural Coopavel 2023 o Magnum Black Limited Edition, nova série especial do trator que recebeu pinturas diferenciadas: na cor preta, com banco e volante revestidos em couro. Além de outros diferenciais, o modelo de 400 cavalos apresenta medidas exclusivas de pneus. Edição limitada possui AFS Connect embarcado de fábrica, sendo equipada com monitor AFS Pro 1200, sistema operacional com conectividade 4G e receptor AFS Vector Pro.

Novas

tecnologias

A John Deere apresentou novas tecnologias durante a 35ª edição do Show Rural Coopavel, entre elas o trator estreito para culturas especiais, 3036EN, menor modelo já comercializado pela marca. A empresa também apresentou a plantadeira PL2117, o trator 6100J, o novo modelo do pulverizador M4000 e as novas plataformas de milho Greensystem, em três versões: Standard, Deluxe e Premium. As plataformas estão disponíveis em tamanhos que variam de oito a 23 linhas e com espaçamentos de 45, 50 e 60 centímetros.

RODANDO POR AÍ 04 • Fevereiro 2023 • www.revistacultivar.com.br

MUNDO MÁQUINAS

Carreta graneleira e misturador

Trator MF 3400 e

Pulverizador MF 500R

A Massey Ferguson levou para o Show Rural Coopavel 2023 produtos para todas as etapas e os tipos de cultivo, desde tratores, plantadeiras, colheitadeiras, pulverizadores e enfardadores. Os grandes destaques da 35ª edição do evento foram o trator MF 3400, o pulverizador MF 500R e a colheitadeira MF 9300. O MF 3400 é um trator fruteiro que atende às necessidades dos produtores do Paraná e Mato Grosso do Sul.

A Kuhn do Brasil destacou, durante a 35ª edição do Show Rural Coopavel, a atualização da Grain Max 16000, na linha de carretas graneleiras. Assim como a produção nacional do Reel Auggie 3120, na linha de misturadores.

Grain Max 16000 ganhou mais agilidade com um tubo de descarga de 400 milímetros, o que diminui o tempo necessário de uso no campo. A carreta graneleira está disponível nas versões para grãos e para fertilizantes.

Na linha de misturadores, Reel Auggie 3120, que era importado, passou a ser produzido nacionalmente. "Um dos nossos grandes destaques para a feira é a nacionalização desse produto no mercado brasileiro, mo-

bilizando a questão do crédito agrícola e facilitando a compra para o produtor", reforçou o gerente de Marketing da Kuhn do Brasil, José Carlos Bassetti.

Com a mudança, produtores têm mais facilidade na solicitação do financiamento agrícola com taxa de juros mais baixa, tornando o valor mais competitivo no mercado brasileiro por não depender da variação cambial.

Além disso, a Kuhn apresentou sua campanha de marketing com a mensagem "Força para alimentar o mundo". A ideia é passar a mensagem de valorização das pessoas, para além das máquinas, reforçando a relação humana em todas as fases da agricultura e pecuária.

"O MF 3400 é uma máquina que atende principalmente a produtores de citros e àqueles que trabalham com a cafeicultura", reforçou o coordenador de Marketing Tático da Massey Ferguson, Alex Júnior Cattaneo. "Outro grande destaque é o pulverizador MF 500R, com sistema Liquidlogic, com maior capacidade de rampa", destacou. A máquina atende a produtores que cultivam em áreas que apresentam ondulações maiores. Já para colheita, a Massey Ferguson apresentou a colheitadeira com a nova plataforma MF 9300, série de plataformas que fornecem corte mais limpo, efetivo, copiando melhor o relevo do solo e proporcionando maior performance e baixo índice de perdas durante todo o processo.

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Autônomo Arbus 4000

A Jacto marcou presença no Show Rural Coopavel 2023, destacando o veículo autônomo Arbus 4000 JAV. Com o uso da tecnologia, é possível aumentar a produtividade operacional em até 30%.

"Viemos para a feira falando de inovação, e uma delas é o Arbus 4000, veículo autônomo com uma série de tecnologias que permite a automatização da operação de pulverização em campo, onde o agricultor poderá acompanhar todo trabalho na palma da mão, sem precisar estar presente no local", destacou o gerente de Negócios da Jacto, Cristiano Pontelli.

O equipamento possui quatro mil litros de reservatório e traz uma série de benefícios, como maior autonomia na jornada de trabalho e sistema de escaneamento da planta para

fazer uma análise otimizada do ambiente. Também possui sistema de aplicação com multiventiladores com acionamento elétrico independente; controla a vazão de ar independente de acordo com o porte da planta, com melhor rendimento energético, proporcionando redução no consumo de combustível.

Além disso, permite uma aplicação inteligente proporcional ao porte da planta analisado, proporcionando maior economia de produtos. Conta com sistema de aplicação convergente, maior depósito e menos deriva e corte de seções automático.

A Jacto também ressaltou o oferecimento do serviço de assinatura da máquina, que possibilita seu uso antes da compra. Além de apresentar as plantadeiras Meridia e a Lumina durante a feira.

Niveladora Speed Disk MD

A Tatu Marchesan promoveu, no Show Rural 2023, a geração MD das niveladoras Speed Disk. Trata-se de grades que trabalham em altas velocidades para desfragmentar o solo. "Inicialmente, implementamos no mercado nacional a versão HD e, agora, trouxemos a versão MD. O Speed Disk é uma grade niveladora que trabalha em alta velocidade. Diferentemente daquilo que já é apresentado e que o produtor conhece, onde a seção dianteira e traseira possui regulagens por vértice, essa grade não possui porque já está predefinido", explicou o coordenador de Marketing de Produtos da Tatu Marchesan, Carlos Rogério Leite de Moraes. "Atrás da seção dianteira e traseira existe um rolo descompactador e nivelador, fazendo possível o trabalho em uma superfície de solo. Ou seja, não é uma grade niveladora para movimentar o solo, mas para realizar uma desfragmentação da vegetação na superfície, no máximo a duas polegadas de profundidade", concluiu. Os benefícios com a evolução de Speed Disk geram desfragmentação da superfície do solo, facilitando o trabalho para o plantio. Além de gerar um desempenho ainda mais satisfatório no deslocamento da plantadeira.

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Tratores A4 e A4 HiTech

R50 e R65 para aviários e espaços reduzidos

A LS Tractor destacou no Show Rural Coopavel 2023 seus modelos de tratores R50 e R65. São máquinas que possuem características para trabalhar dentro dos aviários.

"Por conta de sua origem, a Coreia do Sul, onde as propriedades são pequenas, os tratores LS têm características construtivas especiais, apresentam excelente performance em espaços reduzidos, por isso nossa proposta de levar essa solução ao setor avícola”, ressalta o gerente de Marketing e Vendas da LS Tractor, Astor Kilpp.

Os modelos LS Tractor R50 e R65 possuem projeto com dimensões reduzidas e eixo dianteiro com menor raio de giro, uma transmissão equipada com super-redutor (Creeper), sistema Sincro Shutle de reversão

(frente e ré com agilidade/facilidade) com 32 opções de velocidades à frente e 16 à ré.

"Para trabalhos com tráfego restrito ou indoor, como dentro de aviários, nós temos três modelos, R50 e R65, além do G40, para menores produtores, que não necessitam de máquinas com mais potências, sendo assim, é um modelo que realiza a atividade com maestria e eficiência", reforçou Astor Kilpp.

Além disso, a LS Tractor expôs durante o Show Rural os modelos de tratores U60 nas versões Cabinada e Rops, e o modelo Júnior da marca, o MT1

25. Toda linha Plus e linha H de tratores também foram apresentadas aos visitantes da feira, modelos com motorização Perkins de 80 a 145 cavalos.

A Valtra levou como destaques, na 35ª edição do Show Rural Coopavel, as séries de tratores A4 e A4 HiTech, além do modelo BM. Outro destaque da empresa na feira foram os pulverizadores da Série R. A série de tratores BM está disponível em 115 cavalos e 135 cavalos. Já os modelos da Série A4 e A4 HiTech estão à disposição dos produtores em modelos de 115 cavalos a 145 cavalos. "Um outro destaque que também chama bastante atenção no estande da Valtra é o conjunto do trator Série S acoplado à plantadeira Momentum", reforçou o especialista em Marketing Tático da Valtra, Gustavo dos Santos. Os pulverizadores da Série R foram lançados na edição de 2022 da Agrishow e também foram destaques durante o Show Rural, disponíveis nas versões R530 e R535. Além disso, para a edição da Expodireto deste ano, a Valtra prepara um grande lançamento em plantadeira, pensada para atender a produtores de todo o País.

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Quando e qual grade usar?

O uso de grade ainda é uma técnica bastante utilizada no manejo do solo, mesmo com a predominância do plantio direto nas principais culturas

Embora as técnicas de manejo do solo avancem constantemente em busca de melhores condições de cultivo e conservação do solo e da água, desenvolvendo sistemas alternativos que evitem

o revolvimento e a exposição do solo à degradação, os equipamentos para preparo do solo são de fundamental importância na agricultura. Em diversas condições de cultivo, o revolvimento do solo ainda se faz necessário por uma série de razões, que

vão desde a necessidade de incorporação de fertilizantes e corretivos em profundidade, a interrupção do ciclo de pragas diversas, a remoção de camadas compactadas em superfície, o preparo do solo para nivelamento por questões de irrigação por superfície, a aceleração da decomposição de restos vegetais, entre outros muitos motivos. Esses dois últimos citados, se tornam mais evidentes em culturas como o arroz irrigado, em que a quantidade de matéria seca remanescente após a colheita é enorme, além disso trata-se de uma cultura de decomposição lenta. Outro fator a considerar é o cenário de colheita dessa cultura, que, por vezes, é executada em condições de umidade elevada e a quantidade de rastros deixados na lavoura é bastante grande, tornando-se primordial uma operação de preparo para posterior nivelamento do solo.

As máquinas para preparo do solo classificam-se em máquinas para preparo inicial e para preparo periódico. Dentre as máquinas para preparo pe-

IMPLEMENTOS 08 • Fevereiro 2023 • www.revistacultivar.com.br

riódico, tem-se as para preparo primário e para preparo secundário do solo. Nesse contexto, as grades têm uma gama bastante ampla de utilizações e modelos disponíveis no mercado brasileiro, permitindo que o produtor encontre o exemplar mais adequado para a sua condição de lavoura. Embora exista bastante variedade no mercado brasileiro, de acordo com as suas características, pode-se classificar as grades agrícolas em leves, intermediárias e pesadas.

As grades classificadas como leves são as que apresentam menor peso específico (kgf) por unidade de disco e são usadas em operações em que o solo já se encontra em certo nível de desestruturação. Podem ser utilizadas tanto para realizar a cobertura de sementes de culturas que foram semeadas a lanço ou fornecer o “acabamento final” no leito de semeadura em solos que já receberam um corte, realizando o destorroamento e o nivelamento da superfície, deixando-a em condições para receber a semente. De maneira geral, são grades que apresentam menor exi-

gência em potência, sendo necessários, em média, de 2cv a 3cv por unidade de disco em condições normais de operação. A profundidade de atuação das grades leves também é limitada, variando normalmente de 50mm a 150mm, e está relacionada ao estado inicial em que o solo se encontrava antes de receber a operação. As culturas em que esses equipamentos são utilizados são diversas e as larguras dos implementos também. É possível encontrar exempla-

res montados nos três pontos do trator ou arrastados pela barra de tração e ainda modelos que podem ser utilizados tanto de arrasto na barra de tração quanto montados nos três pontos do trator.

As grades leves, também chamadas popularmente de grades ligeiras, são equipamentos que apresentam discos de menor diâmetro (geralmente menores que 500mm) e menos espaçados entre si (comumente até 200mm), além de possu-

Fotos Charles Echer www.revistacultivar.com.br • Fevereiro 2023 • 09
As grades classificadas como leves são as que apresentam menor peso específico (kgf) por unidade de disco e são usadas em operações em que o solo já se encontra em certo nível de desestruturação Figura 1 - Fatores operacionais na realização de gradagem Figura 2 - Umidade do solo recomendada para utilização da grade

írem ângulo de ataque menos agressivo em relação ao sentido de deslocamento do conjunto trator-implemento. No mercado, é possível encontrar grades leves com abertura das seções de discos de maneira manual/mecânica ou ainda através de cilindro hidráulico. Nesse último caso, existem modelos em que a abertura acontece com a expansão ou recolhimento do pistão. Quando a abertura se dá por recolhimento, torna-se interessante proteger esse elemento hidráulico da grande quantidade de partículas de solo (poeira) que são dispersas no ar durante a operação de gradagem.

As grades intermediárias são implementos desenvolvidos para gradagem em diferentes condições de terreno, podendo, dependendo da configuração, executar gradagens leves a semipesadas. Apresentam configurações, como o próprio nome diz, intermediárias àqueles presentes nas grades leves e pesadas. Apresentam discos de 550mm a 750mm de diâmetro. Finalmente, tem-se as grades pesadas e superpesadas, que são utilizadas principalmente em substituição à aração com arados convencionais e, devido a isso, são conhecidas como grades aradoras. Trabalham em profundidades maiores, apresentam discos de maior diâmetro e com maior espaçamento

entre si. É possível encontrar modelos com discos de quase mil milímetros de diâmetro (38 polegadas) espaçados em 440mm, por exemplo. São equipamentos com peso específico de mais de 300kgf por disco, o que aumenta sobremaneira sua capacidade de corte em solos não hortados, na construção de barragens, preparação do leito de estradas ou preparo inicial do solo de áreas que estão recebendo a primeira safra. A demanda de potência desse tipo de grade é alta e normalmente maior que 10cv por unidade de disco.

Em relação à demanda de potência das grades de discos, é importante frisar que, devido à grande quantidade de solo mobiliza-

do por esses equipamentos, a forma correta de analisar a eficiência energética das grades de discos seria através da força de tração específica, a qual pode ser dada em unidade de força necessária para mobilizar uma determinada área de solo, como Newton por metro quadrado (N/m²), por exemplo. Pode-se, ainda, fazer um cálculo simplificado, utilizando como base a potência declarada no motor do trator (cv ou kW) e relacioná-la com a área de solo mobilizado (m²), chegando-se a uma unidade de “potência bruta específica”. Quanto menor for essa variável, menor a necessidade de potência da grade em função da área trabalhada. Para se obter a área de solo mobilizado, basta multiplicar a largura útil da grade (metros) pela profundidade de trabalho, também em metros.

Existem alguns fatores operacionais que influenciam no desempenho das grades de discos. Como fatores determinantes, podemos citar a velocidade de operação, o ângulo de abertura da grade e a massa da grade. A velocidade de operação está diretamente ligada à capacidade de desagregação das grades, sendo que normalmente a gradagem é realizada em velocidades de

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Figura 3 - Fatores de influência no desempenho de grades de discos

4km/h a 12km/h. De maneira geral, em maiores velocidades tem-se uma ação adicional do disco de corte, que, além de cortar a fatia de solo, projeta a mesma com certa força, fazendo com que ela se rompa com maior facilidade. Esse fator também está diretamente relacionado à concavidade dos discos, sendo que discos mais côncavos têm maior capacidade de projeção de solo.

Por outro lado, embora velocidades maiores aumentem a capacidade operacional do equipamento (ha/h), quando há excesso de velocidade, pode haver flutuação da grade sem o aprofundamento necessário para um trabalho eficiente. Além disso, é importante manter o trator dentro da sua reserva de torque, visando a mantê-lo em condições de superar eventuais sobrecargas e minimizar o consumo horário de combustível (litros/h). Por outro lado, mais importante que o consumo horário de combustível, é o consumo operacional, o qual relaciona a quantidade de combustível queimada para produzir uma unidade de área trabalhada (L/ha).

No que concerne ao ângulo de ataque das seções de discos, aumentar a “trava da grade” ou o ângulo de abertura, aumenta a capacidade de

Como fatores determinantes no desempenho das grades de discos, podemos citar a velocidade de operação, o ângulo de abertura da grade e a massa da grade desagregação. Essa alteração pode ser realizada manualmente pelo próprio operador, tracionando a gra-

COp.= Cons.Op.=

consumo horário(l/h)

Capacidade operacional(ha/h)

de destravada, ou hidraulicamente, através de cilindros de dupla ação. Em relação ao peso por disco, como comentado anteriormente, grades mais pesadas tendem a ter maior capacidade de corte.

Em relação à umidade recomendada para o preparo do solo, a literatura traz que este deve estar em condição friável. De acordo com Cruz et al. (2011), na condição de umidade friável o solo apresenta baixa resistência ao destorroamento, além de boa capacidade de suporte de carga e resistência à compressão. Em condições de umidade excessiva, aumenta-se a formação de torrões muito grandes e a compactação do solo é elevada. Por outro lado, solo

seco reduz a capacidade de desagregação da grade.

É importante ressaltar que a utilização excessiva desse tipo de equipamento pode levar à completa pulverização do solo em superfície, o que é prejudicial, por promover o selamento superficial, impossibilitando a penetração da água da chuva, o que pode levar ao aumento do potencial erosivo do solo. Na metade Sul do RS, com o avanço das culturas de sequeiro, principalmente a soja, tem-se observado extensas áreas revolvidas, o que é um fator preocupante. Esse solo exposto, quando associado a alguma declividade do terreno, pode apresentar perdas excessivas por erosão, bastando, para isso, que ocorra chuva de maneira intensa e concentrada. Da mesma forma, esse solo exposto apresenta elevação na sua temperatura, potencializando a perda de umidade e aumentando o risco de estresse hídrico da cultura.

Vilnei de Oliveira Dias Maria Eduarda Hitz Biatriz Rosa Barbosa
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Capacidade Operacional (ha/h) (largura(m) * velocidade(km/h) 10 Consumo operacional (L/ha)
Alisson Pozzer Irion, (Lamap/Unipampa Alegrete)
Fotos Charles Echer

LS Tractor: 10 anos de Brasil

APedra Fundamental e o plantio de uma árvore no terreno onde hoje está a fábrica, em fevereiro de 2013, foram o start que marcou a chegada oficial da LS Tractor ao Brasil. Nos anos seguintes tornou-se uma das marcas com maior índice de crescimento no mercado brasileiro.

No primeiro ano, ainda sem ter a fábrica pronta, a empresa importou modelos e começou a participar de feiras e eventos, a fim de apresentar seus produtos e diferenciais, aos produtores no Brasil. A Expodireto Cotrijal, realizada em Não-Me-Toque (RS), foi o primeiro evento oficial da marca para o grande público. “Sendo a vitrine que é, para a LS Tractor serviu de um palco muito importante de estreia da marca e dos produtos neste mercado”, afirmou o hoje vice-presidente da LS Mtron, dona da marca LS Tractor, André Rorato. Mas um passo importante foi dado nos primeiros dias de março daquele ano. A inauguração da primeira concessionária brasileira da LS Tractor. Liderada pelo empresário Roberto Saldanha, com grande experiência no segmento de máquinas e implementos agrícolas, a loja, que recebeu o nome de KIM, foi aberta em Montenegro, município que fica a 61km da capital gaúcha, Porto Ale-

EMPRESAS 12 • Fevereiro 2023 • www.revistacultivar.com.br
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gre. "Quando fomos apresentados à linha de portfólio da LS Tractor, percebemos que tinham excelentes produtos para esta região, na qual já atuamos há anos. São os minifúndios, produtores de fumo, frutas, hortaliças, entre outras atividades. Isto nos entusiasmou a entrar no negócio”, declarou Saldanha. A concessionária Koreana Implementos e Máquinas (KIM) foi a primeira das dez que seriam abertas até a inauguração da fábrica, naquele mesmo ano.

Direto da Coreia do Sul

Fabricante de tratores com origem na Coreia do Sul, a LS Tractor, empresa do Grupo LS Mtron, 13º maior grupo empresarial do país asiático e que tem sua origem no grupo eletroeletrônico LG, é uma empresa que está presente nos cinco continentes com fábricas e escritórios. Anualmente, fabrica cerca de 50 mil tratores. Nas suas principais unidades fabris produz seis séries de tratores que vão de 25 a 145 cv, para atuar em mercados como de hortifruticultura, café, pecuária, lavouras de grãos, entre outros. A unidade brasileira, a única fora da Ásia, está estruturada para produzir cerca de cinco mil tratores/ano e serve como um hub comercial para atender não só ao Brasil, mas para exportação a toda a América Latina, o México, parte Oeste da África e as Filipinas. Hoje possui cerca de 80 pontos de vendas em 20 estados brasileiros. M

10 anos de inovações para produtores brasileiros

Um acordo da Revista Cultivar Máquinas com o Laboratório de Agrotecnologia do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas (Nema) da Universidade Federal de Santa Maria, possibilita que as duas instituições juntas desenvolvam avaliações a campo de máquinas e equipamentos agrícolas em situação real de campo, o que acabou por chamar-se de Test Drive. Estes testes passaram a ser a matéria-chave em cada edição da revista e consolidaram-se como um meio de levar informações técnicas das máquinas e, principalmente, as novidades que se apresentavam ao mercado nacional.

Iniciamos nossa relação com a LS em março de 2013, com o teste do modelo LS U60, de 57cv, em Venâncio Aires, no RS. Fomos os primeiros em avaliar essa nova marca do mercado na época, e já nos impressionaram as novidades que trazia e que seriam apresentadas na Expointer, em agosto, em Esteio, RS. Durante o teste, nos surpreenderam o motor LS com turbocompressor, e o capô basculante, que na época não era padrão dos tratores brasileiros. As 16 velocidades, com reversor, também impactaram o mercado, em um trator desta gama. Também foi novidade o sistema de transmissão do eixo dianteiro com engrenagens cônicas ao invés de cruzetas, o que melhorava a manobrabilidade e diminuía problemas de manutenção. Mas, naquele teste, o que nos chamou mais a atenção foram as três rotações da tomada de potência, que incorporou a velocidade de 750rpm às tradicionais de 540rpm e 1.000rpm, algo inédito até os dias de hoje.

De lá para cá, testamos todos os modelos da LS, alguns em diferentes situações e atividades agrícolas. Destacamos diversas boas experiências, como vê-los trabalhando em ambientes restritos em espaço, como confinamento de gado e aviários, mas também em condições bem especiais, como a lavoura de arroz com irrigação por inundação, em horticultura, fruticultura e floricultura.

Em todos esses testes pudemos destacar características tecnológicas nos modelos que avaliamos, que fazem da linha LS uma marca de destaque. Em 2019, pudemos testar os dois modelos de maior tamanho da oferta da LS no ambiente da lavoura de arroz irrigado. Em agosto, testamos o modelo H 145, projetado e fabricado para o mercado brasileiro, em Piratini, RS, onde destacamos o confiável motor Perkins com injeção eletrônica, 16 válvulas e turbocompressor e o controle de emissões. Mas também nos chamou a atenção a cabine espaçosa e apoiada em seis coxins. Em dezembro de 2019 foi a vez do modelo H125, que testamos em Barra do Ribeiro, RS, e além do motor, destacamos o inversor que proporciona 12 velocidades para frente e igual número à ré. Durante este teste, fizemos destaque para o dispositivo Cruise Control que proporciona configurar duas velocidades, uma para o trabalho e outra para as manobras, por um simples to-

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inovações brasileiros

que em um interruptor. Deste trator, o proprietário fez um destaque especial para o posto do operador e a cabine que, para ele, é o ponto alto do trator. Em junho de 2020, fomos à Serra gaúcha testar o LS modelo U60 cabinado no cultivo de hortaliças. Nesse teste, pudemos destacar a versatilidade deste modelo em adaptar-se ao sistema de produção, pois com um motor potente em um trator de dimensões reduzidas, o produtor realizava a operação de encanteiramento, com um vão livre adequado, com uma velocidade reduzida, proporcionada pelo super-redutor creeper, que é de linha nos tratores LS. Para os clientes, as maiores vantagens são o inversor de sentido, o reduzido raio de giro e o custo operacional. Na mesma viagem, pudemos também conhecer a aplicação do LS modelo R65, na fruticultura, especialmente em cultivo de ameixa, caqui e pera. Novamente encontramos

um cliente satisfeito que destacou a cabine e o condicionador de ar, mas principalmente a manobrabilidade, a transmissão de potência, com um elevado número de marchas, e o sistema de proteção do motor.

O modelo U60 também foi testado na versão plataformada, na produção de flores, em Jacutinga, MG. Nessas condições, os destaques foram para a manobrabilidade em espaço reduzido e a economia de combustível. Por sinal, essas características também foram destacadas para o modelo R65 no teste que fizemos em Artur Nogueira, SP, quando a avaliação foi realizada nas culturas do cajueiro e da pitaia e lichia.

Mas também tivemos oportunidade de testar outros produtos da LS, como a semeadora LS Planter e o sistema de LS Tech, fabricado pela Colven, em abril de 2018, que é uma verdadeira inovação no mercado de tratores deste porte no País, pois através deste pacote tecnológico, o pequeno produtor pode proteger a sua máquina contra o aquecimento e a perda de pressão de óleo, mas também usar a telemetria, antes exclusivamente possível aos grandes produtores, nas máquinas de maior porte.

Durante todos esses anos avaliamos muitos equipamentos da LS e alguns nos marcaram muito pela contribuição tecnológica que trouxeram para a evolução da mecanização no País. Acreditamos que um dos principais pontos onde a marca LS contribuiu para o desenvolvimento tecnológico dos tratores no nosso País, foi a introdução de motores potentes, econômicos e com controle de emissões. Quanto às transmissões, destacamos o reversor de sentido em tratores de pequeno porte, a introdução de uma transmissão power shuttle com inversor, que não necessita de embreagem, e também o elevado número de marchas, mesmo da transmissão mecânica. Também há que se destacar o super-redutor, Creeper, mesmo em modelos de pequeno porte. Ainda, um destaque necessário é o eixo dianteiro com engrenagens ao invés de cruzetas, que proporciona durabilidade e reduz o raio de giro. Finalmente, para os modelos cabinados é justo destacar a qualidade das cabines quanto à visibilidade e ao espaço interno e de acesso.

Nesses dez anos, a Revista Cultivar Máquinas fez 17 testes com todos os modelos produzidos pela LS Tractor, em diferentes aplicações

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José Fernando Schlosser

Como escolher

O que se deve considerar nos pulverizadores de barras na hora de comprar um modelo para a sua lavoura

PULVERIZADORES 16 • Fevereiro 2023 • www.revistacultivar.com.br

Ouso de máquinas no campo tem contribuído muito para a execução de todas as atividades necessárias para a produção de alimentos, fibras e energia. Cada etapa do processo produtivo – preparo da área para o plantio; implantação da cultura; manejo de pragas, doenças e plantas daninhas; colheita; pós-colheita – demanda equipamentos específicos. Independentemente do tamanho da propriedade, existe um equipamento especificamente dimensionado para auxiliar na execução dessas atividades.

Na produção de grãos, especial importância é dada aos equipamentos que asseguram a sanidade dos cultivos, a partir aplicação de produtos fitossanitários e/ou nutrientes: os pulverizadores. O pulve-

O pulverizador é o equipamento acionado com maior frequência durante a safra, encontrando-se nele, portanto, uma ótima oportunidade para otimizar os resultados provenientes da cultura

rizador é o equipamento acionado com maior frequência durante a safra, encontrando-se nele, portanto, uma ótima oportunidade para otimizar os resultados provenientes da cultura.

O momento da aquisição de um pulverizador

A frequência das aplicações, o tamanho da área a ser tratada e a capacidade operacional da máqui-

Fotos Jacto www.revistacultivar.com.br • Fevereiro 2023 • 17

na são determinantes para a escolha do pulverizador adequado para realizar as operações em uma fazenda. Para verificar a capacidade operacional, consideram-se a velocidade de trabalho que o campo permite operar e o comprimento total da barra, aliado ao número de horas diárias em que será possível aplicar (considerando condições meteorológicas favoráveis à aplicação, turnos de trabalho, tempos dedicados em deslocamentos e preparo da calda).

As tecnologias embarcadas nesses equipamentos visam facilitar a

operação, trazendo ao operador algumas facilidades que auxiliam, e muito, na qualidade do serviço realizado. Destacam-se os sinais de georreferenciamento, a direção assistida, os cortes automáticos de seções de pulverização, os sensores de posicionamento de barras, os sistemas de agitação de calda eficientes, a manutenção da qualidade de aplicação em mudanças de velocidade de deslocamento e/ou aceleração do trator, as válvulas especiais para pulverização pulsada, com possibilidade de adequação do tamanho das gotas independen-

temente a mudanças de velocidade da máquina e os sensores para aplicações localizadas (plantas daninhas).

Tamanho do reservatório e barras

Os diversos modelos e vazões de bicos permitem uma escolha minuciosa quanto ao tamanho de gotas requerido, às pressões mínimas e máximas de trabalho, à propensão de gotas à deriva, à uniformidade de gotas, à direção de projeção dos jatos e à durabilidade dos bicos

Pulverizadores com reservatórios de maior capacidade são preferidos quando se objetiva reduzir a frequência das paradas para abastecimento e, muitas vezes, o tempo gasto em deslocamentos. Cabe salientar que o tamanho do reservatório do pulverizador deve ser compatível com a capacidade do trator em tracionar a máquina em todas as condições da fazenda, nos deslocamentos e nos pontos de maior desafio para o conjunto, como pontos com terreno de topografia irregular e inclinada. As barras de maior tamanho são preferidas quando o objetivo é aumentar a capacidade operacional do pulverizador, ou seja, aumentar a área aplicada por unidade de tempo, além de influenciar diretamente no amassamento da cultura, frente à diminuição da frequência de rastros do trator no talhão. A definição do tamanho das barras também deve considerar as condições de topografia (regularidade da superfície e inclinação), já que as oscilações verticais decorrentes da movimentação do trator aumentam o risco de as extremidades das barras se chocarem ao solo. O formato e o tamanho dos talhões também influenciam no tamanho da barra ideal: quanto me-

18 • Fevereiro/ 2023 • www.revistacultivar.com.br

nor o talhão, mais recortado e irregular, maior será o desafio para barras maiores.

Um pulverizador subdimensionado recorrerá no uso acima dos limites operacionais adequados, como velocidade de trabalho muito alta, pressão do circuito de pulverização muito elevada, trabalho em condições meteorológicas inadequadas, prejudicando a qualidade da aplicação, com consequente prejuízo no controle do agente de dano e produtividade da cultura. Além disso, aumentam as chances de problemas mecânicos no equipamento, em decorrência do uso fora de suas recomendações técnicas, reduzindo sua vida útil.

Componentes do pulverizador

Desde os primeiros pulverizadores utilizados na aplicação dos produtos fitossanitários até os modernos pulverizadores da atualidade, alguns componentes continuam desempenhando funções vitais ao pulverizador, como o reservatório para comportar a calda, a bomba para pressurizar o líquido, as mangueiras e os ramais para conduzir e distribuir a calda e as pontas de pulverização, popularmente conhecidas por bicos. Todavia, diversos componentes foram inseridos ao sistema, objetivando sanar alguma deficiência ou aprimorar a maneira com que alguma atividade é realizada.

O formato dos reservatórios e o material que os constitui foram

aprimorados com o tempo, no intuito de otimizar a mistura e homogeneização dos produtos na calda, evitar “pontos mortos” de baixa movimentação da calda e predisposição à sedimentação, superfícies lisas e de baixa porosidade, buscando reduzir a retenção de partículas e facilitar a descontaminação do pulverizador.

Os sistemas de agitação de calda, tão importantes para misturar os produtos inseridos no reservatório e manter a calda homogênea do início ao fim da aplicação, ganharam melhorias importantes, com agitadores hidráulicos do tipo venturi de elevada capacidade, dimensionados e posicionados de maneira estratégica para contemplar todos os pontos do reservatório, agitadores mecânicos também bem dimensionados e posicionados, com a possibilidade de regulagem de níveis de agitação de acor-

do com a quantidade de calda presente no reservatório ou de acordo com o comando dado pelo operador da máquina. Tudo para manter a qualidade da calda o mais elevado possível.

As bombas de pressurização da calda seguiram duas vertentes distintas, uma buscando elevada eficiência energética, com alta capacidade de deslocamento de líquidos, representado pelas bombas centrífugas; e outra vertente que prima por maior linearidade na vazão, independentemente da pressão do circuito, característico de bombas de deslocamento positivo, representado pelas bombas de pistão e diafragma.

O circuito hidráulico, por onde a calda é transportada do reservatório aos bicos, recebeu alguns componentes. Os filtros de elevada capacidade evitam que particulados maiores alcancem os bicos e cau-

Sistemas de agitação de calda, tão importantes para misturar os produtos inseridos no reservatório

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bombas centrífugas e bombas de pistão e diafragma
Fotos Jacto

sem obstruções. O fluxômetro faz leituras precisas de vazão, permitindo ajustes minuciosos na aplicação. As válvulas e os registros direcionam a calda e regulam a pressão e, acionados de maneira manual ou automática, possibilitam modificações importantes durante a aplicação. Algumas dessas válvulas são acionadas por atuadores que efetuam a abertura ou o fechamento a partir de informações vindas do sistema de georreferenciamento, permitindo o corte automático de seções, o que resulta em economias expressivas de calda devido à redução das áreas com sobreposição de aplicação aliado à redução de falhas. Essa tecnologia também torna possível as aplicações pontuais de acordo com mapas pré-processados ou a partir de comandos vindos de sensores da própria máquina, em tempo real.

Nos corpos dos bicos, as válvulas antigotejo eliminaram os desperdícios e a contaminação decorrente da perda da calda acumulada no interior dos ramais após a interrupção da aplicação. Os filtros de bicos, desde que bem dimensionados, permitem a continuidade da aplicação, evitando paradas para desobstrução das pontas de pulverização devido a particulados que porventura possam se depositar nos orifí-

cios de saída da calda. Os diversos modelos e vazões de bicos permitem uma escolha minuciosa quanto ao tamanho de gotas requerido, às pressões mínimas e máximas de trabalho, à propensão de gotas à deriva, à uniformidade de gotas, à direção de projeção dos jatos, à durabilidade dos bicos de acordo com o material utilizado em sua fabricação e às condições que ocorrem no trabalho, como propriedades físicas da calda e pressão de trabalho.

Algumas outras tecnologias presentes nos bicos revolucionaram a qualidade na aplicação, como é o caso das válvulas que permitem a abertura e o fechamento de cada um dos bicos do pulverizador, reduzindo a extensão das seções para o mínimo possível (espaçamento entre bicos), que confere à máquina a possibilidade de diminuir ao extremo as sobreposições e falhas, além de viabilizar grandes economias de produtos em aplicações localizadas. Outra tecnologia cuja adoção vem crescendo nos últimos anos é a pulverização pulsada (Pulse Width Modulation – PWM), onde, além do benefício de abertura independente de bicos, é possível alterar a vazão de cada um dos bicos sem a necessidade de modificações na pressão do circuito, o que favorece a manutenção do tamanho das go-

tas, uma vez que estas são muito influenciadas pela mudança na pressão da calda.

Nos próximos artigos desta série que trata dos pulverizadores de barras, traremos informações sobre as soluções tecnológicas que chegam aos campos no ano de 2023, sobre pulverizadores autônomos, telemetria, sensores e demais componentes tecnológicos cada vez mais presentes nas máquinas modernas. Também serão pautadas algumas configurações especiais que, às vezes, não são itens de série nas máquinas, mas podem fazer uma grande diferença no dia a dia da operação, como o incorporador de calda, sistemas de transferência de calda, sistemas de agitação de calda, sensores para identificar presença de vegetação, cortes de seções e tecnologias para manutenção da vazão. Também traremos nossas impressões sobre o aproveitamento do usuário de todas as regulagens que a máquina oferece, o que se pode melhorar na definição de tipo de bicos, pressão de trabalho e volume de calda por hectare. Buscamos trazer informações úteis para contribuir nas decisões do seu dia a dia!

20 • Fevereiro 2023 • www.revistacultivar.com.br M Jacto

Antes e durante a colheita

A colheita mecanizada de grãos exige um ambiente adequado, que garanta menores níveis de perdas e quebras, que podem ser alcançados quando alguns cuidados com a cultura e a colhedora são observados

Por se tratar da última operação em campo, a colheita mecanizada de milho deve ser realizada com muito cuidado e atenção, pois apresenta alto valor agregado. Para garantir uma boa colheita mecanizada, devem ser observados diversos fatores que podem afetar a eficiência das colhedoras e, por esse motivo, merecem atenção especial dos produtores. Dentre esses fatores, podemos destacar a uniformidade da lavoura, a umidade dos grãos, a habilidade do operador e a presença de plantas daninhas.

Fatores que afetam a colheita mecanizada

Uniformidade da lavoura: obtida por meio da aquisição de sementes de qualidade e da condução adequada da cultura, desde o preparo do solo até o controle de pragas e doenças, garantindo assim boas condições para o desenvolvimento uniforme, de modo que as plantas apresentem uniformidade quanto ao porte e à altura de inserção das espigas e da própria planta.

Umidade dos grãos no momento da colheita: é o fator mais importante na colheita, para que seja garantida a boa eficiência da colhedo-

ra, permitindo a manutenção dos danos mecânicos em níveis aceitáveis e minimizando as perdas na colheita. Grãos com alta umidade elevam a possibilidade de ocorrência de danos mecânicos latentes, prejudicando a qualidade do milho colhido. Por outro lado, em teores de umidade baixos, os danos mecânicos aparentes, tais como a trinca e a quebra de grãos, ocorrem de maneira mais fácil. A umidade ideal para a realização da colheita mecanizada de milho é no intervalo de 13% a 15%. No entanto, é possível realizar a colheita fora dessa faixa de umidade, porém o produtor

COLHEDORAS
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Charles Echer

deve-se atentar, nesse caso, para a adequação das regulagens da máquina, de modo a evitar os danos mecânicos e as perdas na colheita.

Habilidade do operador: fundamental para o bom desempenho da operação de colheita, principalmente quando se considera que as colhedoras apresentam, cada vez mais, alta tecnologia embarcada. Um bom operador é aquele que está sempre atento às regulagens da colhedora, sabendo que elas são dinâmicas e devem ser adequadas diversas vezes durante o dia, pois as condições do solo, de umidade dos grãos, bem como da lavoura de modo geral, são muito variáveis.

Presença de plantas daninhas: é um grande complicador para o momento da colheita, pois causa embuchamentos da colhedora e ainda proporciona o aumento da umidade dos grãos, levando ao atraso da colheita ao exigir que a máquina seja parada diversas vezes ou que tenha que se deslocar a velocidades mais baixas.

Tendo em mente a importância desses fatores para se garantir uma boa colheita mecanizada, os produtores devem então atentar-se para a realização das regula-

gens adequadas, de forma a minimizar os danos mecânicos e as perdas na colheita. Essas regulagens devem ser efetuadas nos cinco sistemas que compõem as colhedoras de grãos, que são: sistema de corte e alimentação, sistema de trilha, sistema de separação, sistema de limpeza e sistema de transporte e armazenamento.

O sistema de corte e alimentação é composto por separadores, rolos despigadores, facas destacadoras, correntes coletoras, condutor transversal (caracol) e canal alimentador. O sistema de trilha tem por função realizar a debulha do material colhido e é formado por cilindro ou rotor e côncavo. O sistema de separação é composto por extensão do côncavo, cilindro batedor, cortinas defletoras e saca-palhas, para colhedoras tangenciais, e pelo próprio rotor nas colhedoras axiais. Já o sistema de limpeza é constituído por bandejão, peneira superior, extensão da peneira superior, peneira inferior e ventilador. Finalmente, o produto chega ao sistema de transporte e armazenamento, composto por condutores e elevadores de grãos limpos e de retrilha, tanque graneleiro e tubo de descarga.

Tipos de colhedoras disponíveis no mercado

No mercado existem diversos modelos de colhedoras, desde as mais sofisticadas até as mais simples. Essas colhedoras apresentam, entre outras vantagens na sua utilização, maior capacidade de trabalho, levando à redução do período de colheita e à liberação da área mais cedo, permitindo o plantio em áreas maiores, menor necessidade de mão de obra e menor perda de grãos. As limitações são o elevado custo inicial das máquinas, a necessidade de uma área mínima de plantio, a exigência de operadores e mecânicos especializados e a topografia do terreno regular.

Basicamente, temos atualmente três tipos de colhedoras, classificadas de acordo com o seu sistema de trilha (debulha) e separação: tangenciais (convencionais), axiais e híbridas.

As colhedoras tangenciais, também chamadas de convencionais, radiais ou, ainda, colhedoras de cilindro e côncavo, possuem mecanismo de trilha constituído de um cilindro giratório e de um côncavo perfurado, envolvendo-o parcialmente. É por meio desse sistema que ocor-

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Sistema de trilha: tem por função realizar a debulha do material colhido e é formado por cilindro ou rotor e côncavo Sistema de corte e alimentação: composto por separadores, rolos despigadores, facas destacadoras, correntes coletoras, condutor transversal (caracol) e canal alimentador Fotos Rouverson Pereira da Silva

re quase toda a trilha do material colhido. O mecanismo de trilha radial não faz separação, por isso, a máquina do tipo radial apresenta mecanismo de separação independente do sistema principal, com saca-palhas, batedor traseiro e cortinas defletoras.

Nas colhedoras de fluxo axial, o rotor – como é mais comumente denominado o cilindro, recebe o material a ser trilhado pela frente e não radialmente. O rotor é constituído de barras de raspagem em disposição helicoidal e aletas de transporte, fazendo com que o material colhido flua paralelamente ao eixo do cilindro trilhador. O rotor de uma colhedora axial apresenta três seções que realizam a alimentação, a trilha e, posteriormente, a separação.

As colhedoras híbridas possuem mecanismo de trilha tangencial e sistema de separação axial, com rotor.

Perdas na colheita mecanizada de milho

Quando se trata de colheita mecanizada, as perdas ocasionadas no processo são inevitáveis. Essas perdas são influenciadas por fatores inerentes à cultura com que se trabalha e fatores relacionados com a colhedora. Dentre os fatores relacionados com a cultura, podemos destacar variedade, umidade, população de plantas, grau de infestação por plantas daninhas, produção de massa verde, características de preparo e conservação do solo, enfim, tudo aquilo que está ligado diretamente à planta e ao ambiente em seu entorno.

Já com relação aos fatores relacionados com a colhedora destacam-se velocidade de trabalho, rotação do cilindro trilhador, abertura entre o cilindro e o côncavo, condições de funcionamento da plataforma, regulagem dos transportado-

res, manutenção e regulagem dos sistemas de transmissão, fluxo de ar do ventilador e velocidade de oscilação do saca-palhas (colhedoras tangenciais) e peneiras. Apesar de exigir uma atenção redobrada, os fatores relacionados com a máquina podem ser facilmente contornados pelos técnicos e operadores em campo.

A principal causa das perdas na colheita mecanizada de milho advém do fato de se priorizar a rapidez na execução da colheita, em detrimento da observância dos cuidados necessários para a realização da operação. Uma vez que as perdas ocasionadas pela ação da colhedora podem ser minimizadas e mantidas em padrões aceitáveis (em torno de até 1%), basta, então, que os operadores e os gestores de colheita se atentem para as regulagens necessárias e para o fato de que a maior parte das perdas na colheita advém da velocidade excessiva empregada durante a operação.

Uma máquina bem regulada, deslocando-se a uma velocida-

de adequada e com um operador atento à necessidade de promover as alterações de regulagens necessárias durante o período de colheita, é capaz de minimizar as perdas, mantendo-as dentro do limite aceitável.

Como avaliar as perdas

Para realizar uma avaliação de perdas na colheita é necessário utilizar uma armação retangular de 2m², construída de barbante e sarrafos de madeira, a ser posicionada transversalmente às fileiras de semeadura. A armação deve possuir uma das dimensões com o mesmo tamanho da largura da plataforma da colhedora, enquanto a outra dimensão deve ser aquela necessária para se obter área interna da armação de 2m². Na Tabela 1 apresentamos alguns valores das dimensões da armação de acordo com a largura das plataformas.

Para avaliação completa das perdas é necessário considerar que

Sistema de separação: no detalhe, exemplo de colhedoras axiais e na foto maior exemplo de colhedoras tangenciais

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Tabela 1 - Exemplos de dimensões da armação a ser utilizada para avaliar perdas na colheita de milho

elas podem ser dos seguintes tipos: perdas naturais, perdas na plataforma e perdas nos mecanismos internos.

As perdas naturais são aqueles grãos ou espigas caídos sobre o solo antes de se iniciar a colheita. São ocasionadas principalmente por fatores ambientais, tais como chuvas e ventos, ou ainda em decorrência de doenças ou pragas.

Atenção: para a cultura do milho, nas avaliações em que forem encontradas espigas caídas sobre o solo, a área da armação deverá ser de 30m², mantendo-se uma das dimensões igual à largura da plataforma. Neste caso, por exemplo, se estivermos trabalhando com uma plataforma de 25 pés (7,62m), a outra dimensão da armação deverá ser de 3,94m (A = 7,62 x 3,94 = 30 m²)

As perdas na plataforma são provocadas pela ação dos mecanismos da plataforma da colhedora e têm como principais motivos desnivelamento da plataforma, pneus descalibrados, regulagem inadequada do caracol ou do canal alimentador e alta velocidade de deslocamento. Na plataforma, as perdas de espigas são as que mais causam preocupação, pois apresentam efeito significativo sobre a perda total. Essas perdas podem ter origem na regulagem inadequada da colhedora ou podem estar relacionadas com a adaptabilidade da cultivar à colhedora (uniformidade da lavoura e acamamento e quebramento de plantas).

da, saca-palhas sobrecarregado, rotação inadequada do ventilador, direção incorreta do fluxo de ar, peneira superior muito fechada, desalinhamento entre cilindro e côncavo e alta velocidade de deslocamento.

As perdas totais referem-se à soma de todas as perdas anteriores.

Melhor regulagem para minimizar as perdas

Devemos considerar que a regulagem das colhedoras é uma ação dinâmica, que deve ser realizada várias vezes ao dia, todos os dias. Todas as regulagens são importantes, mas vamos apontar aqui algumas das principais ações a serem observadas durante a colheita do milho.

Colhedora tangencial. No destaque, cilindro e côncavo

Outro fator que pode ocasionar perdas significativas na plataforma é o número de linhas das semeadoras, que deverá ser igual ou múltiplo do número de linhas da plataforma de colheita, além de fatores inerentes à regulagem da colhedora (velocidade de deslocamento, altura da plataforma, regulagem das chapas de bloqueio da espiga e regulagem do espaçamento entre linhas.

A velocidade de deslocamento é muito importante, pois afeta diretamente a chamada taxa de alimentação da colhedora, ou seja, a quantidade de material que entra na máquina por unidade de tempo. Para uma lavoura uniforme, com pouca variabilidade da produtividade, quanto mais rápido for o deslocamento da máquina, maior será a taxa de alimentação, o que pode sobrecarregar os mecanismos internos e, consequentemente, aumentar a incidência de perdas.

Sistema de limpeza: constituído por bandejão, peneira superior, extensão da peneira superior, peneira inferior e ventilador

As perdas nos mecanismos internos ocorrem devido à inadequada regulagem dos mecanismos dos sistemas de trilha, separação, limpeza e de transporte, tais como grande abertura entre côncavo e cilindro, rotação inadequada do cilindro, extensão do côncavo desajustada, cortina de lona incorretamente inclina-

Normalmente, velocidades de 4km/h a 6km/h são as mais recomendadas, tendo em vista que isso irá influenciar tanto na perda de grãos quanto na qualidade dos grãos colhidos. A velocidade de trabalho recomendada para uma colhedora deve ser determinada em função da produtividade da cultura do milho, devido à capacidade admissível da máquina em manusear toda a massa que é colhida junto com o grão. Em colheita, o traba-

(Pés) 12 14 16 18 20 25 (m) 3,66 4,27 4,88 5,49 6,10 7,62 Largura da plataforma (m) 0,55 0,47 0,41 0,36 0,33 0,26 Sarrafo de madeira
26 • Fevereiro 2023 • www.revistacultivar.com.br

lho realizado é medido em toneladas por hora e, portanto, a decisão de aumentar ou diminuir a velocidade não deve considerar a capacidade de trabalho da colhedora em hectares/hora, mas deve ser verificado se os níveis toleráveis de perdas (máximo de 1,5 saco/ha) estão sendo obtidos.

Regulagem dos rolos espigadores

Uma vez que esse mecanismo geralmente recebe menor fluxo de plantas no final da linha, isso pode ocasionar a debulha precoce da espiga. Outra regulagem importante é a abertura da chapa de bloqueio de acordo com o tamanho das espigas, evitando que elas entrem em contato com o rolo espigador e ocorra a debulha.

Regulagem do cilindro de trilha ou rotor

Durante a trilha, as perdas ocorrem por causa da regulagem inadequada do cilindro e côncavo. Para o caso de rotação elevada do cilindro ou pequena folga do côncavo, pode ocorrer a quebra do sabugo antes da debulha e a quebra de grãos. Por outro lado, grande folga entre cilindro e côncavo ou baixa velocidade do cilindro de trilha leva à ação ineficaz do sistema, ocorrendo deficiência de trilha e o consequente aumento das perdas. Além disso, em grãos com umidade mais alta, a perda de grãos no sistema de trilha irá contribuir significativamente para o aumento da perda total. Nesse caso, rotações mais altas (600rpm a 800rpm) são mais indicadas. Em umidades mais baixas, a rotação mais indicada está na faixa de 400rpm a 600rpm.

As perdas por separação são ocasionadas quando ocorrem sobrecargas no saca-palhas, penei-

ras superiores ou inferiores um pouco fechadas, ventilador com rotação excessiva, sujeira nas peneiras.

Considerações finais

A colheita é a operação final de campo do processo produtivo, e por isso os fatores que a interferem devem ser observados e avaliados atentamente para reduzir ao mínimo as perdas nessa etapa. Na colheita mecanizada de milho, podem ocorrer perdas de grãos que, após a germinação, se transformam em plantas voluntárias (milho tiguera), competindo com a cultura sucessora, reduzindo a sua produtividade, diminuindo a rentabilidade e podendo causar grandes prejuízos ao produtor. Dessa forma, a maneira mais eficiente para reduzir a presença de milho tiguera no campo é

por meio da redução das perdas de colheita.

Essa redução pode ser obtida atentando-se para a correta regulagem da colhedora. Por isso, mantenha-se atento às regulagens da colhedora e procure realizar a operação no momento mais oportuno, evitando, dessa maneira, o uso de velocidades excessivas durante a colheita. E lembre-se sempre de que numa colheita eficiente, a obtenção de menores perdas de grãos sempre será o passo primordial para reduzir a ocorrência do milho tiguera.

B C
Colhedora de fluxo axial de rotor simples. No destaque, rotor com as seções de alimentação (a), trilha (b) e separação (c)
A
Rouverson Pereira da Silva Unesp/Jaboticabal
www.revistacultivar.com.br • Fevereiro 2023 • 27 M
Sistema híbrido Fotos Rouverson Pereira da Silva

Accura 4.0 BX

O lançamento Accura 4.0 BX é a combinação perfeita da robustez do pulverizador Boxer H com a eficácia da distribuição da linha Accura

Com o crescente aumento da população mundial, a necessidade para se obter produções de alto rendimento cresceu ainda mais. Dessa forma, para garantir que as plantas recebam a nutrição balanceada de forma uniforme, a aplicação dos fertilizantes deve ser eficaz. Com esse intuito, a KUHN está lançando seu novo distribuidor autopropelido de fertilizantes granulados e sementes, o Accura 4.0 BX, que une o reconhecido sistema de transmissão 4x4, suspensão pneumática ativa, estrutura de chassi e cabine do pulverizador Boxer H com o sistema de distribuição da linha Accura.

Esse produto chega para atender aos pequenos e médios produtores que buscam aumentar o rendimento e a qualidade na distribuição de fertilizantes.

Seu reservatório tem capacidade para 4m³ e capacidade para realizar a distribuição dos produtos em larguras de trabalho de até 36 metros, dependen -

CAPA 28 • Fevereiro 2023 • www.revistacultivar.com.br

do das condições do fertilizante (umidade, granulometria e densidade), da velocidade de distribuição e vento.

Motorização e transmissão

O motor utilizado neste autopropelido é da marca MWM, modelo 4.12 TCE, com volume de 4.8 litros e 190cv de potência, com turbocompressor e injeção eletrônica para garantir alta performance e menor consumo de combustível, além de menor custo de manutenção ao longo de sua vida útil. Conta com

um controle de ponto ótimo de torque, combinando a velocidade do motor e o torque com as necessidades reais da máquina.

A transmissão hidrostática 4x4 trabalha com uma bomba dupla, motores hidráulicos independentes nas quatro rodas e redutores planetários, permitindo com que se trabalhe sem -

pre no melhor regime de rotação, ganhando-se em economia de combustível e performance da máquina, mesmo em terrenos mais difíceis. O Accura 4.0 BX não possui marchas definidas e sim velocidades de distribuição e transporte, são dois modos de velocidades, sendo a velocidade máxima de distribuição de 20km/h e a veloci -

Fotos Kuhn www.revistacultivar.com.br • Fevereiro 2023 • 29
O Accura 4.0 BX conta com a suspensão pneumática ativa e válvulas niveladoras que ajudam significativamente na melhora da performance do equipamento em terrenos ondulados

O acesso à cabine é realizado por uma escada frontal com acionamento hidráulico, que recolhe quando a máquina inicia seu movimento

dade máxima de transporte de 40km/h.

O Accura 4.0 BX conta com a suspensão pneumática ativa e válvulas niveladoras que ajudam significativamente na melhora da performance do equipamento em terrenos ondulados. As irregularidades do solo são identificadas por estas válvulas, que atuam no enchimento ou descarga do ar das bolsas pneumáticas, permitindo a melhor aderência dos pneus ao solo e evitando a transferência de choques ao chassi, além de conferir um ótimo conforto ao operador.

Cabine

A cabine oferece bastante conforto, é a mesma utilizada no pulverizador Boxer H. A grande área envidraçada permite visão privilegiada de toda a operação. O acesso à cabine é realizado por uma escada frontal com acionamento hidráulico, que recolhe quando a máquina inicia seu movimento. O sistema de selamento da porta garante maior isolamento acústico. O assento é confortável, pois possui amortecimento pneumático, e

a coluna da direção é ajustável. Ao lado esquerdo do operador há o assento de acompanhante. Os equipamentos proporcionam uma ótima ergonomia. Caso opte pelo uso do opcional de câmera traseira a área de visão é aumentada, permitindo assim total visibilidade da aplicação e manobra mais segura.

Reservatório

Com reservatório para quatro mil litros, o Accura 4.0 BX oferece uma capacidade ideal para pequenas e médias propriedades. O design inovador do reservatório, com paredes inclinadas, garante o fluxo de escoamento ideal do material, mesmo em terrenos mais inclinados, facilitando também nos procedimentos de limpeza.

O reservatório é fabricado em aço inox, material de alta resistência e durabilidade. Peneiras de fácil remoção impossibilitam a passagem de fertilizantes empedrados, aumentando a vida útil da esteira e mantendo a uniformidade de distribuição. Os defletores distribuem o peso do fertilizante, diminuindo a car-

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Fotos Kuhn www.revistacultivar.com.br • Fevereiro 2023 • 31

Com reservatório para quatro mil litros, o Accura 4.0 BX oferece uma capacidade ideal para pequenas e médias propriedades

ga sobre a esteira. O acesso ao reservatório é realizado por uma ampla plataforma, trazendo conforto e segurança no momento

da operação. Um visor de nível, centralizado na parte dianteira do reservatório, facilita a observação de produto pelo operador.

Ajuste para diferentes culturas

O pneu radial IF320/85 R36 equipa o Accura 4.0 BX e confere uma ótima resistência a cargas em trabalho e transporte, além de uma melhora significativa na capacidade trativa, em comparação a um pneu diagonal de características semelhantes. O sistema de frenagem é integrado com a transmissão, através dos motores hidráulicos.

O ajuste de abertura e fechamento da bitola é realizado fixo, de 2,5m, ou pode ser regulado de forma manual, ela pode ser pré-selecionada variando de 2,70m a 3,50m, adaptando-se aos diferentes espaçamentos das culturas. Com vão livre de 1,60m, possui grande versatilidade para aplicações nos mais diversos estágios das culturas.

Perfil de distribuição triangular

O perfil de distribuição triangular, que equipa o autoprope -

Fotos Kuhn
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lido, fornece uma distribuição uniforme, garantindo ganhos reais em produtividade, já que reduz o impacto de erros de condução, ajustes inadequados, desperdício de insumos, intoxicação e acamamento de plantas por excesso de fertilizantes. O exclusivo sistema de distribuição proporciona maior uniformidade quando comparado com o perfil trapezoidal existente no mercado.

Agricultura de precisão

Equipado com o terminal virtual Agres – IsoView 35, de sete polegadas, é responsável pelos sistemas de distribuição e piloto automático.

O sistema de distribuição realiza o desligamento automático de distribuição na sobreposição de área aplicada, compensação de dosagem de acordo com a velocidade da máquina, regulagem de velocidade de rotação dos discos, processamento de mapas de aplicação de taxa variável, controle proporcional da

Perfil de distribuição triangular proporciona maior uniformidade
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Terminal Virtual Agres, responsável pelo sistema de distribuição e piloto automático

válvula da esteira de transporte, calibração do volume e peso dos diferentes tipos de fertilizantes e controle de acionamento da comporta.

Já o piloto automático é responsável pela direção automática em linhas paralelas retas ou curvas, comando de válvulas de direção de cilindros hidráulicos, compensação de inclinação de terrenos acidentados, desarme

através de detecção de toque no volante e sensor de ângulo de roda para maior precisão e diagnóstico de falhas

Ainda integrando o sistema de agricultura de precisão, acompanha o receptor GPS/Glonass L1, que permite maior estabilidade de sinal e conta com o opcional IsoPoint 3, que permite precisão de distribuição de até 4cm.

Sistema de distribuição

O sistema de distribuição é composto por esteira e comporta, escova condutora, discos, caixa de transmissão e régua de distribuição.

A esteira possui velocidade proporcional à velocidade de avanço e regula a dose a ser aplicada. As comportas são acionadas quando há necessidade de corte de seção direita ou esquerda. Junto com a abertura da comporta, regulam a dose a ser aplicada.

A escova condutora evita a segregação das partículas do material durante a aplicação, garantindo uma correta deposição no disco, resultando em melhor uniformidade do perfil de distribuição.

Os discos, que são palhetas fixas, proporcionam precisão na regulagem, mantendo a propriedade de voo dos fertilizantes

Os discos, que são palhetas fixas, proporcionam precisão na regulagem, mantendo a propriedade de voo dos fertilizantes. São duas opções: S6 – 24m a 36m; S8 – 30m a 36m

Adelírio Danieli, presidente do Grupo Agrodanieli
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Detalhes do sistema de Telemetria que equipa o Accura 4.0 BX

A caixa de transmissão trabalha em harmoniosa sincronia, garantindo perfeita distribuição do fertilizante. Caixa de engrenagens banhada em óleo livre de manutenção.

A régua de distribuição auxilia a calibração, feita por ajuste lateral, facilitando o acesso. O sistema é bastante seguro, pois não há contato do operador diretamente com o adubo ou semente.

Para a calibração, deve-se retirar os discos, recolher o fertilizante que escoa pelas comportas por 30 segundos e informar a vazão no terminal virtual.

Telemetria

O KUHN Telemetria é uma ferramenta que auxilia na tomada de decisões para otimizar o desempenho e prolongar a vida útil das suas máquinas. As informações podem ser acessadas pelo smartphone ou pelo computador,

e tudo é mostrado de forma intuitiva e simples. Diagnosticar falhas importantes em tempo hábil, através dos relatórios de alertas da máquina, tanto no site como no aplicativo, permitirá que você tome ações para reduzir o tempo de máquina parada e possíveis da-

www.revistacultivar.com.br • Fevereiro 2023 • 35

nos ao equipamento. Relatórios operacionais, detalhando a quantidade de produto aplicado, o con-

Características (PT)

Motor

Potência do motor (cv)

Transmissão

Capacidade do reservatório (l)

Material do reservatório

Capacidade tanque de combustível (l)

Taxa de aplicação mínima e máxima (Kg/ha)

Material dos discos de distribuição

Acionamento dos discos de distribuição

Acionamento das comportas

Discos de distribuição

Agricultura de precisão

Telemetria

Câmera de visão traseira

Pneus

Suspensão

Vão livre (m)

Bitola (m)

Comprimento (m)

Altura (m)

Altura de carregamento (m)

Largura (m)

Peso (Kg)

sumo de diesel, a velocidade de trabalho, o tempo de motor, enfim, diversas informações que vão

lhe auxiliar para reduzir custos, gerenciar a frota e otimizar sua produtividade.

ACCURA 4.0 BX

MWM / 4.12 TCE

190

Hidrostática 4x4 4.000

Aço inox

210

15 kg/ha a 600 kg/ha

Aço inox

Hidráulico

Atuador eletromecânico

S6 VXR (24-36 m) - opcional / S8 VXR (30-36 m) - série

GPS, controlador automático de distribuição, corte de seção, piloto automático hidráulico, taxa fixa e variável

Opcional Opcional IF320/85 R36 Pneumática ativa 1,60 Fixa de 2,50 / Regulável 2,70 a 3,50 7,65 3,91 3,35 3,20 7.900 36 • Fevereiro 2023 • www.revistacultivar.com.br M

Tecnologia simples, aplicada em colhedoras de café, o piloto automático ajuda a aumentar a eficiência da colheita mecânica da cultura, além de diminuir os danos causados às plantas

Piloto automático no café A

colheita do café tem grande participação e influência nos custos de produção e na qualidade do café produzido. A mecanização desse processo é uma forte alternativa para o produtor reduzir custos, agilizar o processo e melhorar a qualidade do produto final. Assim, cafeicultores investem cada vez mais na colheita mecanizada, seja de forma seletiva (visa à derriça de frutos cerejas), escalonada (duas ou três passadas da colhedora) ou plena (única passada da colhedora, objetivando derriçar todos os frutos, independentemente da maturação).

Sabe-se que a colheita mecanizada preserva mais a lavoura que a colheita manual ou semimecanizada. Colher mecanicamente sem causar injúrias nas plantas de café é um desafio, afinal, é uma cultura perene (produz por vários anos) e

são essas mesmas plantas que irão produzir novamente para suprir as necessidades econômicas do negócio. Essa etapa requer planejamento e conhecimento sobre os princípios de regulagem da colhedora, técnicas operacionais, parametrização de lavoura quanto às suas características físicas e fisiológicas e também sobre as intervenções adversas, como o clima, que tem influenciado muito sobre a colheita nos últimos anos.

O fato de os cafeeiros apresentarem floração desigual ao longo do tempo resulta em uma maturação desuniforme, dificultando ainda mais a colheita mecânica, principalmente daqueles que visam à qualidade. Essa situação tem ocorrido nos últimos anos e uma das orientações de técnicos e especialistas da área é realizar a colheita escalonada ou seletiva em vez de realizar a colheita tradicional com única passada

da máquina, podendo danificar gravemente os ramos e o caule da planta, prejudicando safras futuras.

A colheita mecânica é um processo dinâmico, invasivo e por isso requer cuidados. Porém, mesmo com operador qualificado e experiente, é impossível realizar uma colheita sem perdas e sem danos ao cafeeiro.

Buscando alternativas para promover o melhor controle da colheita, a fim de melhorar a eficiência do processo e minimizar perdas e danos causados nas plantas, empresas têm investido bastante em inovações tecnológicas, tornando os processos cada vez menos dependentes do fator humano, garantindo a operação com automação de processos e técnicas de aprendizado de máquinas. Baseado nisso, o presente traba-

COLHEDORAS 38 • Fevereiro 2023 • www.revistacultivar.com.br

lho apresenta os resultados de uma avaliação de colheita mecânica do café, comparando o sistema operacional manual com um sistema operacional automático, ou seja, operador versus piloto automático. Essa avaliação consiste em analisar a colheita mecânica do café Arábica, comparando os sistemas citados e identificando a influência desses sobre as variáveis: eficiência de derriça, perda de frutos, desfolha de plantas, perda de ramos produtivos e ferimentos no caule.

Experimento

O experimento foi realizado no município de Nepomuceno (Sul de Minas Gerais), na Fazenda Santa Maria. O sistema de direcionamento automático, denominado de Coffee Pilot, fabricado pela empresa MGC Tecnologia, foi adaptado em uma colhedora automotriz da marca Case, modelo CE 200 Multi, fabricada em 2018.

O Coffee Pilot é composto por um sistema mecânico acionador com sensores, uma IHM (Interface Homem Máquina) fixada próximo ao painel de comandos dentro da cabine, que faz a função de tela e módulo e de direção eletrônica. É um sistema que pode ser instalado em qualquer colhedora, desde

Case IH www.revistacultivar.com.br • Fevereiro 2023 • 39
O sistema de direcionamento automático, denominado de Coffee Pilot, fabricado pela empresa MGC Tecnologia, foi adaptado em uma colhedora automotriz da marca Case, modelo CE 200 Multi, fabricada em 2018 Luiz de Gonzaga Ferreira Júnior

Quadro 1 - Amostragem para a caracterização da lavoura

• Variedade = Mundo Novo

• Idade da lavoura = 8,5 anos

• Espaçamento de plantio = 3,60m x 0,60m

• Área do talhão = 8ha

• Volume por planta = 6,17 litros

• Maturação:

5% de frutos verdes

76 % de frutos cereja

19% de frutos secos

• Força de desprendimento dos frutos:

829 gramas para desprender os frutos verdes

655 gramas para desprender os frutos cereja

CARACTERÍSTICAS DA LAVOURA

Parâmetros

Espaçamento Entre Plantas (m)

Espaçamento Entre Linhas (m)

Altura da Planta (m)

Largura da Saia (m)

Altura dos Primeiros Ramos Produtivos (m)

Altura dos Primeiros Ramos Não Produtivos (Brotos) (m)

Diâmetro do Caule (cm)

que seja automotriz. Esse sistema não usa fonte de correção de sistemas de navegação por satélite.

O Coffee Pilot possui acionamento mecânico pela frente da máquina, através de uma haste localizada em cada uma das ponteiras dos transportadores horizontais. Essas hastes, ao tocarem no pé de café (tronco) se deslocam com o movimento da colhedora. Existe um sensor alojado nessas ponteiras que converte o movimento da haste em sinais. Esses sinais são enviados para uma central de comando alojada dentro da cabine e, baseados nas configurações inseridas manualmente antes de iniciar a colheita, os sinais são convertidos em ângulo de giro da roda dianteira. Assim, ao tocar em alguma planta desalinhada automaticamente a roda dianteira desvia dessa planta e retoma imediatamente a posição anterior. Esse deslocamento de desvio e retorno da roda também pode ser ajustado pelo operador conforme necessidade.

A tela IHM permite que o operador acompanhe o movimento de giro da roda dianteira e, por segurança, em qualquer necessidade ou emergência, se o operador tocar no volante imediatamente o sistema automático é interrompido e o comando de direção retorna ao manual (operador).

Antes de iniciar os experimentos, realizou-se amostragem para a caracterização da lavoura, e os resultados estão apresentados no Quadro 1.

As configurações para colheita foram:

• Colheita plena

• Rotação do motor a 2.200rpm

• Velocidade de colheita = 1.000m/h

• Vibração (Agitação) dos osciladores = 950rpm

• Freio dos osciladores (Agressão) = 2 voltas/min

• Afastamento dos cilindros osciladores a 1/3 do curso total

O sistema de piloto automático requer ajustes de configuração conforme condições de lavoura. Então, o ajuste adequado para os ensaios foi com 35° de ângulo de retorno da roda; 30% de retorno máximo e 30% de avanço máximo. Esse ajuste é realizado antes da colheita, no painel de comando do Coffee Pilot, localizado dentro da cabine.

Média Geral 0,58 3,59 3,50 2,10 0,25 0,22 6,54
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O Coffee Pilot é composto por um sistema mecânico acionador com fixada próximo ao painel de comandos dentro da cabine, que faz a

Antes de se iniciarem os ensaios, realizou-se a preparação das parcelas experimentais, que foram alocadas dentro do talhão em uma região onde as plantas se encontravam mais homogêneas, longe de carreadores e estradas. A distribuição foi de oito parcelas, com 16 plantas em cada parcela. As plantas antes e depois das parcelas foram derriçadas, a fim de não influenciar nos ensaios.

A dinâmica da avaliação da colheita, para ambos os sistemas avaliados (Coffee Pilot e manual) foi realizada da seguinte forma: o café derriçado e recolhido pela colhedora foi coletado na bica de descarga, ensacado e teve seu volume medido posteriormente. O café que caiu sobre os panos foi recolhido, abanado e seu volume foi medido em baldes graduados.

As folhas e os galhos que caíram sobre o pano, dentro da parcela, também foram separados manualmente e em seguida quantificados. A separação foi de ramos produtivos, brotos, folhas verdes (sadias) folhas secas e/ou contaminadas por pragas ou doenças e galhos secos. Na sequência, as folhas verdes foram pesadas e os ramos produtivos quantificados. Os galhos e folhas secas, assim como as folhas verdes contaminadas por pragas e doenças, foram descartados.

As plantas dentro de cada parcela

foram avaliadas quanto aos danos no caule.

Para comparar os sistemas operacionais (manual x Coffee Pilot), foram realizadas análise exploratória dos dados do processo de colheita do café e análises descritivas, com uso do programa R (R Core Team, 2022). Para isso, utilizou-se do “teste-t de Sudent” ao nível de 10% de significância. Esse tipo de teste é indicado para duas amostras que comparam grupos (métodos) diferentes e nas mesmas condições.

Resultados da eficiência de derriça (%)

Os resultados apontaram uma eficiência de derriça média de

98,1% para a operação com piloto ligado (Coffee Pilot) e 97% para operação manual. O teste estatístico (teste-t de Student) aponta diferença significativa (valor-p = 0,0250) entre as médias da eficiência de derriça, indicando que o piloto ligado durante a colheita mecânica proporcionou maior eficiência de derriça, na ordem de 1,1% a mais em relação à operação manual (Gráfico 1).

Os resultados evidenciam a condição favorável para a derriça mecânica do café quando se utiliza o piloto automático Coffee Pilot, uma vez que aumenta a eficiência da derriça. Pode-se concluir também que em colheita plena haverá me-

O café derriçado e recolhido pela colhedora foi coletado na bica de descarga, ensacado e teve seu volume medido posteriormente
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A tela IHM permite que o operador acompanhe o movimento de giro da roda dianteira e, por segurança, em qualquer necessidade ou emergência Fotos Luiz de Gonzaga Ferreira Júnior sensores (A), uma IHM (Interface Homem Máquina) função de tela e módulo (B) e direção eletrônica (C)

nor carga para a operação de repasse.

Perdas de chão (%)

Os cafés que caíram no chão com a passagem da colhedora, após quantificados para ambos os sistemas avaliados, resultaram nas seguintes médias: 8,68% de perdas com piloto automático em funcionamento e 8,98% de perdas com operação manual. Nota-se pequena diferença na perda de chão entre os sistemas avaliados. Estatisticamente, não houve diferença significativa (valor-p = 0,8547) entre as médias (Gráfico 2). Isso significa que independentemente da forma de operação (piloto automático ou manual), a perda de chão foi estatisticamente a mesma.

Desfolha das plantas (gramas/planta)

Para a desfolha das plantas, os resultados indicam que não houve diferença significativa (valor-p = 0,2234), apontando valor médio de 184g/planta quando utilizado o piloto auto-

mático e de 206g/planta quando manual. Apesar da diferença de 22g/planta, estatisticamente a desfolha é a mesma para ambos os sistemas avaliados, ou seja, a desfolha de folhas saudáveis não sofreu influência com a forma de operação (Gráfico 3).

Perda de

ramos produtivos (ramos/planta) Os resultados estatísticos apontaram que houve diferença significativa (valor-p = 0,0091) entre os sistemas operacionais avaliados (Gráfico 4). O valor médio para a perda de ramos com piloto automático ligado foi de 1,81 ramo/planta, enquanto para o sistema com operação manual, a perda foi de 3,02 ramos/planta.

Com esses resultados (Gráfico 4), pode-se concluir que o Coffee Pilot apresentou menor perda de ramos produtivos, na ordem de aproximadamente dois ramos a menos por planta, ou seja, redução de 40% na perda de ramos.

Durante os ensaios, calculou-se a quantidade média de internódios por ramo produtivo

Gráfico 1 - Valores médios da eficiência de derriça para piloto ligado (Coffee Pilot) e manual Gráfico 2 - Valores médios da perda de chão para piloto ligado (Coffee Pilot) e manual Gráfico 3 - Valores médios da desfolha das plantas para piloto ligado (Coffee Pilot) e manual Gráfico 4 - Valores médios da perda de ramos para piloto ligado (Coffee Pilot) e manual Gráfico 5 - Valores médios do mas piloto ligado (Coffee Pilo
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perdido (com potencial vegetativo para produção), sendo de cinco internódios. Então, estimando uma produção futura média de 20 frutos por internódio (baseado na realidade do talhão avaliado), sendo dois ramos, somam-se 200 frutos, o equivalente a 0,29 litro por planta (considerando 700 frutos para formar um litro). Sendo o talhão com 4.630 plantas por hectare, estima-se que o sistema de direcionamento automático preveniu uma perda de aproximadamente 2,6 sacas de café por hectare (isso já considerando uma pequena quebra, sendo 520 litros para formar uma saca), ou seja, o equivalente a R$ 2.704,00 por hectare, considerando o preço do café tipo 6, bebida dura bica corrida de R$ 1.040,00 (valor médio atual em 25/1/2023). Então, no talhão avaliado, com área total de oito hectares, a perda total seria de R$ 21.632,00, ou seja, uma perda expressiva para a próxima safra.

Danos graves no caule

(lesões ou danos/planta)

Tratando-se de lesões no caule, denominadas aqui de Dano Grave, o Coffee Pilot apresentou uma redução de 49% na quantidade de da-

nos graves causados no caule da planta, quando comparado com operação manual (Gráfico 5). Estatisticamente houve diferença significativa (valor-p =0,0648), sendo de 2,25 danos/planta com piloto automático ligado e de 4,42 danos/planta para operação manual.

Pode-se concluir (Gráfico 5) que o uso do piloto automático reduziu em 49% a quantidade de lesões graves no caule das plantas quando comparado ao sistema manual. Esse resultado é extremamente importante e deve ser analisado pelos produtores, pois danos como esses estimulam o crescimento de brotos “ladrões”, elevam os custos de desbrota, possibilitam a entrada de doenças e interferem na condução de nutrientes para os ramos.

Conclusões da comparação piloto automático x manual

Pode-se concluir que o uso do piloto automático se apresentou atrativo para a colheita mecânica quando comparado à operação manual, pois influenciou positivamente nas variáveis eficiência de derriça, perda de ramos produtivos e danos graves no caule.

Esses resultados podem contribuir para o produtor, reduzindo o volume de repasse; favorecendo a produtividade dos próximos anos, pois reduz a perda de ramos produtivos; reduzindo a incidência de brotos causados pelos danos no caule e consequentemente a redução do custo de desbrota ao longo dos anos e minimizan-

do as chances de ataque de fungos e doenças que atingem os ferimentos do caule causados pelas hastes da colhedora. Além disso, o sistema apresentou-se de fácil usabilidade e interpretação para o operador, contribuindo também em situações como manobras, por mostrar a posição da roda dianteira na tela dentro da cabine e também reduzindo os danos dos próprios componentes da máquina, por manter a máquina mais centralizada, minimizando os impactos agressivos nos caules, principalmente em lavouras altas e encorpadas, as quais dificultam a visualização do operador.

Contudo, o presente estudo, além de contribuir para novas pesquisas em cafeicultura de precisão, serve para uma reflexão e autoanálise de gestores sobre a viabilidade em investimentos em sistemas tecnológicos e inovadores, como esse piloto automático para a colheita mecanizada do café.

Luiz de Gonzaga Ferreira Júnior, Lucas Kemps Ferreira, Gonzaga Cleyton Pedroso, Gonzaga/Facica Breno Machado Rodrigues, IFSul de Minas Douglas Peres, MGC

Sérgio Domingos Simão, Ufla

Autores explicam que o piloto automático ajuda a aumentar a eficiência da colheita mecânica da cultura
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Exemplo de lesão no caule causada pelo impacto das hastes derriçadoras s danos para os sistet) e manual

Falha comprometedora

Falhas na distribuição longitudinal das sementes, além de interferir na produtividade final da lavoura, abrem espaço para o aumento da incidência de plantas invasoras no estande

Dentro do processo produtivo da soja, a semeadura é uma das atividades mais importantes, uma vez que se realizada de forma correta e eficiente, proporciona uniformidade na distribuição de sementes, que é apontada como uma variável de alta influência na produtividade de grãos. Apesar da alta tecnologia empregada nas semeadoras de precisão, em muitas

lavouras, a distribuição longitudinal das sementes tem ficado abaixo do valor ideal, que é de, no mínimo, 60% de espaçamentos aceitáveis.

A má distribuição longitudinal das sementes e as perdas na produtividade de soja ocorrem por fatores relacionados à velocidade de semeadura e ao sistema dosador de sementes do conjunto trator-semeadora. Quando se têm espaçamentos falhos, abrem-se espaços na li-

nha de cultivo, proporcionando o desenvolvimento de plantas competidoras, impossibilitando que os recursos energéticos cheguem totalmente às plantas.

A velocidade de semeadura é um dos fatores que mais interferem no estabelecimento do estande de plantas e na produtividade da cultura, influenciando também a velocidade dos mecanismos dosadores e, consequentemente, na distribuição

SEMEADORAS 44 • Fevereiro 2023 • www.revistacultivar.com.br

longitudinal das sementes no solo.

Em relação ao disco dosador de sementes, entendido como um órgão bastante importante na semeadora de precisão, que de acordo com a densidade de semeadura desejada é o responsável pela dosagem e consequente deposição das sementes do reservatório ao solo. Os dosadores mais utilizados no controle de dosagem de sementes são os de disco mecânico horizontal e os pneumáticos a vácuo.

Diante do abordado, pesquisadores do Instituto Federal Goiano - Campus Ceres avaliaram a distribuição longitudinal de sementes e a produtividade de grãos de soja em função de cinco velocidades de deslocamento do conjunto trator-semeadora (3, 4, 5, 6 e 7 km/h) e dois discos dosadores de semente (40 e 108 furos). Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial, com cinco repetições para cada tratamento.

A pesquisa foi realizada no período de novembro de 2019 a março de 2020 em uma fazenda produtora de grãos, localizada no munícipio de São Luiz do Norte (GO). Foram utilizadas sementes de soja da variedade Brasmax Desafio RR, já utilizada pela fazenda, com densidade de semeadura de 20 sementes por metro, conforme recomendação agronômica. A cultivar é do grupo de maturação 7.4, possui alta exigência em fertilidade, ideal para ambientes de alta tecnologia. A profundidade média de semeadura foi de 4cm.

A semeadora-adubadora utilizada é da marca John Deere modelo 1109, de arrasto, equipada para plantio direto, com dosador de sementes tipo pneumático (sistema Hi-Flow), pantográfica, com oito linhas de semeadura espaçadas a 0,50m, disco de corte de 18 polegadas de diâmetro, disco du-

plo para deposição do adubo a 9cm de profundidade, sendo tracionada por trator da marca Valtra, modelo BM 125i, com 125cv de potência no motor e tração 4x2 TDA (tração dianteira auxiliar).

Durante o ciclo da cultura da soja foi avaliada a distribuição longitudinal de plantas, determinada após a estabilização da emergência, medindo-se com trena a distância entre as plântulas de soja existentes de cada parcela, classifican-

As imagens acima mostram a manutenção momentos antes da implantação do experimento e a regulagem da quantidade de sementes

No detalhe acima, um disco de 40 furos e abaixo, disco de 108 furos
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Fotos Felipe José Barbosa Franco

do em espaçamentos aceitáveis (normais), falhos e múltiplos (duplos), conforme metodologia de Kurachi et al. (1989), e a produtividade de grãos de soja, que foram colhidos e trilhada manualmente cada parcela do experimento. Utilizou-se o equipamento Agrologic Portátil Al-101 para medir a umidade dos grãos, sendo a produtividade posteriormente corrigida para 13% em base úmida, e em seguida transformada para kg/ha.

Espaçamentos aceitáveis

Em relação aos resultados obtidos, na Figura 1 é possível observar que todas as velocidades avaliadas apresentaram valores abaixo do percentual ideal para espaçamento aceitável, que, segundo a literatura, devem estar acima de 60%. É importante ressaltar que nas velocidades de 4km/h e 5km/h e o disco de 108 furos apresentaram maiores valores de espaçamento aceitável. Velocidades maiores podem influenciar diretamente na velocidade periférica do disco (aumentando a rpm no disco dosador), reduzindo a regularidade de distribuição.

Espaçamentos duplos

A maior porcentagem de espaçamento duplo foi encontrada na velocidade de 7km/h e no disco de 40 furos (Figura 2), sendo acima de 20%. Esses resultados mostram que velo-

cidades elevadas de semeadura podem deixar duas sementes juntas e, consequentemente, um espaçamento falho, e também que a utilização do disco dosador com menor quantidade de furos não consegue dosar a semente de forma eficiente. Vários autores têm feito pesquisas nessa área, relatando que a velocidade de semeadura elevada afeta a eficiência do disco dosador e, consequentemente, a distribuição das sementes na linha de semeadura. Espaçamentos duplos podem acarretar maior quantidade de plantas em alguns pontos, aumentando a altura e reduzindo o sistema radicular e o diâmetro do caule, o que pode resultar em acamamento.

Espaçamentos falhos

Os espaçamentos falhos foram altos, todos acima de 22% para as velocidades e os discos testados. As velocidades de 6km/h e 7km/h, bem

Figura 1 - Porcentagem de espaçamento aceitável em função da velocidade de semeadura e disco dosador de sementes Figura 2 - Porcentagem de espaçamento duplo em função da velocidade de semeadura e disco dosador de sementes
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Avaliação da distribuição longitudinal Fotos Felipe José Barbosa Franco

como o disco de 40 furos, se sobressaíram sobre os demais tratamentos. Porém, ressalta-se que a quantidade alta de falhas não foi somente proporcionada pelos fatores estudados, mas também em função da porcentagem de germinação e do índice de sobrevivência, que são fatores que influenciam diretamente na avaliação e não foram quantificados no presente estudo.

De todo modo, falhas na distribuição, emergência e sobrevivência acarretam aparecimento de plantas competidoras pela ineficiência no fechamento do dossel da soja, impossibilitando que os recursos energéticos cheguem totalmente às plantas, podendo reduzir a produtividade de grãos.

Produtividade de grãos

A velocidade 5km/h proporcionou maior produtividade de grãos (Figura 4), com 5.143,86kg/ha (85,73 sc/

ha), corroborando com os resultados da Figura 1, ou seja, onde teve-se a maior porcentagem de espaçamentos aceitáveis. Esses resultados confirmam que a velocidade de semeadura é um fator que influencia na produtividade de grãos de soja.

Já para o tipo de disco, os mesmos apresentaram valores muito próximos (média de 5.017,45kg/ha ou 83,62 sc/ha). É importante ressaltar que além do fator velocidade e disco, há outros que podem influenciar diretamente na qualidade da semeadura, como a umidade e a cobertura do solo no momento da semeadura.

Como considerações finais, nas condições estudadas são indicadas velocidades de 4km/h a 5km/h e disco de 108 furos, visando a melhor qualidade na distribuição longitudinal das sementes (maiores porcentagens de espaçamento aceitável) na linha de semeadura e, consequentemente, maior produtividade de grãos de soja.

Felipe José Barbosa Franco

Ariel Muncio Compagnon

Walter José Pereira Filho

Rayan Fernandes Naves

Mateus Viera de Jesus, Instituto Federal Goiano Campus Ceres

Figura 3 - Porcentagem de espaçamento falho em função da velocidade de semeadura e disco dosador de sementes Figura 4 - Produtividade da soja em função da velocidade de semeadura e disco dosador de sementes Autores explicam que falhas na distribuição longitudinal das sementes, além de interferir na produtividade final da lavoura, abrem espaço para o aumento da incidência de plantas invasoras
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Sinais de fumaça

A coloração dos gases de exaustão expelidos pelo escapamento indica se está tudo certo com o motor ou se alguma intervenção deve ser feita

Acoloração dos gases expelidos pela tubulação de escapamento de equipamentos móveis pode nos dar indicações úteis sobre a condição de operação dos motores de combustão interna Ciclo Diesel/Ciclo Otto 4T.

Para se efetuar a análise dos gases expelidos pela tubulação de es-

capamento pode-se realizar procedimento, denominado exame de fumaça, que consiste em pequenos passos que ajudam no diagnóstico.

Em primeiro lugar, é necessário operar o motor de combustão interna Ciclo Diesel/Ciclo Otto 4T até que seja atingida a temperatura de operação, o que ocorre após a abertura da válvula termostática e estabili-

zação da temperatura do líquido do sistema de arrefecimento. O segundo passo é deixar operando em marcha lenta durante, aproximadamente, três a cinco minutos. Após isso, deve-se provocar aceleração rápida e observar a coloração dos gases que saem pela tubulação de escapamento. É importante repetir esse segundo passo por mais duas vezes. Como exemplo de coloração de gases que saem pela tubulação de escapamento, podemos citar fumaça negra, fumaça branca e fumaça cinza-azulada.

Fumaça negra

Gases de escapamento de coloração escura (fumaça negra) indicam que a combustão está rica. Ou seja, parcela do combustível que foi injetado na câmara de combustão não sofreu ignição e se converteu em fuligem (soot), sendo necessário que o sistema de injeção ou de carburação passe por processo de ajuste.

MANUTENÇÃO
48 • Fevereiro 2023 • www.revistacultivar.com.br Charles Echer

Fumaça branca

Gases de escapamento de coloração esbranquiçada (fumaça branca) indicam que pode ocorrer presença de água ou líquido de arrefecimento na combustão.

Isso significa que pode ter acontecido de a água oriunda da combustão ou presente no combustível ter sofrido processo de condensação ao passar pela tubulação de escapamento. Ou, também, pode estar ocorrendo vazamento de líquido de arrefecimento (coolant) para as câmaras de combustão do motor de combustão interna Ciclo Diesel/ Ciclo Otto 4T, como trincas em cabeçote, avaria da junta de vedação do cabeçote, microfuros em camisas provocados pelo fenômeno da cavitação.

Fumaça azul

Gases de escapamento de coloração cinza-azulada podem denotar que o motor de combustão interna Ciclo Diesel/Ciclo Otto 4T está com sério problema de manutenção e, geralmente, não é uma condição transitória, sendo originada pela ignição de óleo lubrificante na câmara de combustão ou na tubulação de escapamento. Esse tipo de problema pode ter várias causas diferentes.

Uma das prováveis causas da fu-

maça azul é o aumento da folga relativa entre os anéis de segmento e as camisas de cilindro em função do desgaste de anéis de segmento, desgaste do brunimento ou riscamento das camisas de cilindro (espelhamento).

Outra possibilidade é o excessivo consumo de óleo lubrificante em motores de combustão interna Ciclo Diesel/Ciclo Otto 4T. Isso pode ocorrer, também, em função de ruptura ou apresamento de anéis de segmento ou do alinhamento da folga entre pontas existente entre os anéis de segmento motivado por falhas de montagem.

Além disso, pode estar acontecendo um aumento da folga entre a haste e a guia de válvula de admissão, que permite ao óleo lubrificante ser aspirado da câmara onde es-

tão localizados os balancins ou a árvore de comando de válvulas durante o tempo de admissão em motores de combustão interna Ciclo Diesel/ Ciclo Otto 4T.

Outra causa que pode estar provocando a fumaça azul é a válvula PCV (Positive Crankcase Ventilation - Ventilação Positiva do Cárter) avariada. Se a pressão positiva é formada no cárter, a válvula PCV permite que essa pressão seja liberada no coletor de admissão. Porém, se a válvula PCV ficar travada na posição aberta, os vapores oriundos da volatilização do óleo lubrificante passam a fazer parte da mistura combustível (ar + combustível + vapores de óleo lubrificante) que entrará na câmara de combustão, podendo gerar fumaça de cor cinza-azulada (fumaça azul).

Para realizar o teste, o motor deve estar à temperatura de operação, com a válvula termostática aberta
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Lobo
O exame de fumaça é útil, mas deve ser analisado com cautela. As cores podem indicar diferentes problemas no motor
Marcos

Teste da estrada

Quando as evidências do exame da fumaça não se mostrarem conclusivas pode-se, se possível, realizar procedimento complementar denominado teste da estrada, que consiste em quatro passos rápidos que podem ajudar a esclarecer a origem do problema.

Se a máquina em questão for um equipamento que permita tráfego em velocidades maiores, deve-se levá-la a uma estrada e conduzi-la numa velocidade regular de 60km/h, retirando subitamente o pé do acelerador e deixando o equipamento trafegar por inércia. Então, deve-se observar se foi expelida fumaça de coloração cinza-azulada (fumaça azul) pela tubulação de escapamento durante a desaceleração. Ao se atingir a velocidade de 30km/h, acelerar novamente a máquina e observar se foi expelido pela tubulação de escapamento um tufo de fumaça cinza-azulada (fumaça azul).

Observar com cuidado

É muito importante que seja realizado um diagnóstico cuidadoso da coloração dos gases expelidos pela tubulação de escapamento, quando da realização do exame de fumaça,

para que não seja gerada apreensão desnecessária.

Ponto importante a se observar é que durante o exame da fumaça, quando da desaceleração do motor de combustão interna Ciclo Diesel/ Ciclo Otto 4T, ocorrerá um intenso vácuo no coletor de admissão de ar aos cilindros e, nessa condição, poderá ser expelida alguma quantidade de gases com coloração cin-

za-azulada (fumaça azul) sem que haja, necessariamente, consumo excessivo de óleo lubrificante. Tendo em vista que a emissão pela tubulação de escapamento de gases com coloração cinza-azulada (fumaça azul) é indício de ocorrência avaria catastrófica em motores de combustão interna Ciclo Diesel/Ciclo Otto 4T é de suma importância que se faça rápido diagnóstico da sua causa e se providencie o reparo o mais rápido possível, sob pena de custosos danos.

Portanto, fique atento aos sinais de fumaça que seu trator, colhedora, pulverizador ou caminhão derem no dia a dia. É uma observação simples de ser feita nos trabalhos diários e que ajudará a perceber quando fumaças de cores diferentes do normal estejam sendo expelidas.

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Válvula PCV avariada pode provocar fumaça azul Vazamento de coolant para a câmara de combustão gera fumaça branca No dia a dia é sempre importante conferir a fumaça, o que possibilita que uma possível alteração do padrão de cor seja identificada imediatamente M Marcos Lobo Qu4ttuor Consultoria Fotos Marcos Lobo Charles Echer

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