Cultivar 64

Page 1



Cultivar Grandes Culturas • Ano V • Nº 64 • Agosto 2004 • ISSN - 1518-3157

Nossa capa

Destaques

06

Foto Capa / Charles Echer

Camuflagem perfeita Conheça o novo método de camuflagem de sementes tratadas com pesticidas que evita a morte de aves na lavoura

12 Contra os insetos Os nematóides entomopatogênicos são ferramentas eficientes e baratas para controle biológico de pragas de solo

Nosso caderno

16

Foto Capa / New Holland

Boas perspectivas Incentivados pelo apoio das cervejarias, os produtores brasileiros voltam a investir no cultivo de cevada

24 Controle prejudicado Dependendo da quantidade de palhada, o controle de plantas em préemergência pode ficar abaixo dos 50%

NOSSOS TELEFONES: (53) • ATENDIMENTO AO ASSINANTE:

3028.4013/3028.4015

Grupo •Cultivar de Publicações Ltda. ASSINATURAS: CGCMF: 02783227/0001-86 3028.4010/3028.4011 Rua: Sete •de Setembro, 160 GERAL Pelotas –3028.4013 RS 96015 – 300 • REDAÇÃO:

3028.4002 / 3028.4003 Direção • MARKETING: Newton Peter / 3028.4005 3028.4004 Schubert K. •Peter FAX: 3028.4001

www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 80,00 70,00

Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

Índice

Diretas Camuflagem de sementes Molécula isoxaflutole Nematóides contra os insetos Boas perspectivas para a cevada Algodão transgênico Eficácia de herbicidas na palhada Novo laboratório da Bayer Lançamento Sphere Resultados do Clearfield Matéria Agripec Coluna Aenda Tabela de defensivos Negócios Agronegócios Clube da fibra Informe jurídico Entrevista Mercado agrícola Palavra do produtor

04 06 10 12 16 22 24 30 32 34 35 36 38 40 42 44 45 46 48 50

REDAÇÃO • Editor

Charles Ricardo Echer • Coordenador de Redação

Janice Ebel • Revisão

Luciene Bassols Brisolara • Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia

COMERCIAL • Gerente

Neri Ferreira • Assistente de Vendas

Pedro Batistin

CIRCULAÇÃO • Gerente

Cibele Oliveira da Costa • Assinaturas

Jociane Bitencourt Rosiméri Lisbôa Alves Simone Lopes • Expedição

Edson Krause Dianferson Alves • Impressão

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.


diretas Vitória

Perspectivas

Para o presidente da Abrapa, Jorge Maeda, a vitória brasileira no contencioso do Algodão na OMC mudou também a visão de outros países em relação ao assunto. “Depois do contencioso, a União Européia passou a negociar melhor com o Jorge Maeda Brasil”, observou.

Crescimento Segundo João Carlos Jacobsen, presidente da Abapa, a área plantada e a produção de algodão em pluma na Bahia cresceram 121% na safra deste ano sobre a do ano passado. O algodão passou a ocupar 190,7 mil João Carlos Jacobsen hectares de terras na Bahia, ou seja, 104,4 mil hectares a mais, sendo que a região Oeste do Estado é a maior produtora de cultivo.

Garantia O atual presidente da Ampa (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão) e produtor de Primavera do Leste (MT), João Luis Riba Pessa, diz que os produtores só devem aumentar a área de plantio caso João Luis Pessa tenham garantia de que vão vender o produto. “Temos que nos preocupar com a sustentabilidade do algodão”, afirma.

Livro histórico A Jacto patrocinou o livro “Cooperativismo Brasileiro – Uma história”, que relata os principais fatos que construíram a trajetória centenária do cooperativismo agrícola no Brasil. “O Cooperativismo é Shiro Nishimura um importante movimento para a união e o fortalecimento dos agricultores, na sua nobre missão de produzir alimentos”, destaca o presidente da Jacto, Shiro Nishimura.

O presidente da Aprossul, Carmélio Romano Roos, prevê um aumento de 8% na producão de sementes transgênicas para a próxima safra de soja no Mato Grosso do Sul, que deve chegar a 12% no total. Apesar da redução nos custos de cultivo, muitos produtores esperam pela liberação do plantio e outros apostam na maior produtividade de variedades convencionais. Boa parte das sementes cultivadas no Mato Grosso do Sul vem de outros lugares como Rio Grande do Sul, Paraná e Paraguai.

Liberação O presidente da Associação de Produtores de Sementes do Rio Grande do Sul, Narciso Barison Neto, estima que a liberação dos transgênicos deva resultar no plantio de 46 mil hectares de soja geneticamente modificada na próxima safra. 90% da soja cultivada na última safra no Estado foi transgênica, conseguida a partir da multiplicação de sementes salvas.

Entomologia A Comissão Organizadora do XX Congresso de Entomologia está animada com o número de inscritos até o momento. Mais de 1,2 mil pessoas confirmaram presença no evento. Estão programadas mais de 70 sessões técnico-científicas, com contruibuição de 208 pesquisadores do Brasil e de outros 17 países. “Assuntos recentes e, muitas vezes polêmicos, foram incluídos na programação para estimular a discussão cientificamente embasaAntonio Carlos Zem da e construtiva”, garante o presidente do evento, Adalecio Kovaleski.

04

Cultivar

Agromen A safra 04/05 na empresa começa com mudanças, com atitude agressiva e busca por novos mercados. Para tocar essa estratégia, a empresa contratou Gustavo Benine para a gerência de marketing. Ele atuou no mercado Gustavo Benine de agroquímicos nas empresas Aventis e Bayer Cropscience.

Novos cargos Ronaldo Pereira é o novo gerente de marketing da FMC e José Geraldo dos Santos assumiu recentemente a gerência de pesquisa e desenvolvimento da Ronaldo Pereira empresa. José dos Santos

Inpev A equipe do Inpev está animada com a quantidade de embalagens de defensivos recolhida na última safra. Quem está estreando no Instituto é JuliaJuliana Hosken na Hosken, que terá missão de levar educação aos produtores brasileiros, através da comunicação.

Aenda Tulio Teixeira de Oliveira, diretor executivo da Aenda, está na expectativa de que seja regulamentado de forma definitiva o regime de registro por equivalência química, ainda neste semestre. A Aenda está atendendo em novo telefone (11) 3354-0053.

Tulio de Oliveira

Novo Inseticida Gilson Oliveira, gerente de produtos Inseticidas da Bayer Cropscience, fez o pré-lançamento do Connect, inseticida de amplo espectro que tem por alvo biológico os insetos sugadores, os lepdópteros e os coleópteros. De acordo com Oliveira, o produto tem baixo impacto toxicológico para o ambiente e alta eficácia. Com dois Gilson Oliveira modos de ação diferenciados, age no sistema nervoso central e nos canais de sódio dos insetos, evitando, assim, futuros indivíduos com resistência ao produto. A baixa dosagem de aplicação (0,75 l/ha) e a aplicação antecipada são conceitos do novo produto.

www.cultivar.inf.br

Agosto de 2004



Sementes

Camuflagem perfeita John Deere

06

Cultivar

www.cultivar.inf.br

Camuflar sementes é o novo método para proteger aves silvestres em plantios com sementes tratadas com pesticidas

H

á muitos anos, os plantios de sementes tratadas com defensivos agrícolas inseticidas sistêmicos aplicados em sementes de trigo, arroz e milho, têm provocado a morte de diversas espécies de aves silvestres. As aves granívoras são as principais vítimas. Procurando alimentos sobre a terra arada, elas encontram e se alimentam de sementes tratadas que não foram enterradas pelas máquinas plantadeiras. Nos Estados de São Paulo e Paraná, as espécies de aves mais atingidas são rolinha Columbina talpacoti, avoante Zenaida auriculata e tico-tico Zonotrichia capensis. Outras espécies granívoras, vítimas comuns são juriti Leptotila spp., pomba-amargosa Columba plumbea, pomba-asa-branca Columba picazuro e codorna Nothura maculosa. Até aves inseto-carnívoras podem ser prejudicadas como o caburé Speotyto cunicularia, o falcão-quiriquiri Falco sparverius e o gavião-carijó Rupornis magnirostris. Estes, ao comer insetos ou aves mortas por sementes tratadas, acabam sendo afetados também. Trata-se de um impacto ambiental bastante grave, provocando significativa mortandade de aves silvestres, não só no Brasil, mas em vários países do mundo. Diversos pesquisadores têm estudado este problema, principalmente nos Estados Unidos. Estas investigações mostram que o método de proteção mais utilizado consiste em repelentes químicos agregados às sementes que além de caros não têm proporcionado resultados satisfatórios. Vários produtos foram testados e até utilizados em elevada escala sem grande sucesso, evidenciando que os repelentes não surtem os efeitos desejados. Nas espécies de aves granívoras, o olfato e o paladar não são os principais sentidos que orientam a alimentação. Para estas espécies, a forma e a cor do alimento são mais importantes, sendo notadas

Agosto de 2004


Álvaro Almeida

através do contraste com o meio.

Cor e forma das sementes são características que dispertam atenção das aves granívoras

A BUSCA DA CAMUFLAGEM PERFEITA As pesquisas em busca da camuflagem iniciaram com a utilização de um corante de baixo custo existente no mercado, denominado “pó xadrez”. Mistu-

rava-se vermelho, preto e amarelo nas proporções aproximadas de 10: 5: 1, empregando-se cerca de 4 kg de corante para 100 kg de sementes de trigo trata-

das com Carbofuran colorido com Rodamina. A Rodamina é um corante avermelhado utilizado como sinalizador da existência de um pesticida nas sementes, emprego este que é obrigatório por lei. Embora fosse possível imitar quase que perfeitamente a coloração dos solos das regiões do Vale do Paranapanema onde foram realizados os primeiros testes, percebia-se claramente que a forte presença do corante Rodamina prejudicava a camuflagem. Outro problema estava no fato do corante ser um pó. Este, ao ser manipulado nas máquinas de tratamento de sementes, liberava grande quantidade de poeira contaminada pelo pesticida, causando maior risco de intoxicação aos operadores destas máquinas e posteriormente das sementes tratadas. Corantes líquidos encontrados no mercado até então demonstravam-se deficientes na camuflagem pois, além de não possibilitar coloração semelhante aos solos, proporcionavam as sementes tratadas um brilho prejudicial, tornando-as mais visíveis na terra preparada para o plantio. Em um teste mais enérgico, construiuse na Esalq, em Piracicaba, um viveiro de com dimensões amplas de 400 m³, com poleiros em várias alturas, onde foram


soltas pombas domésticas (Columba livia). No chão do viveiro, era simulada a situação de luz e sombras da terra cultivada, onde em diversas parcelas de 1 m2 foram colocadas 20 sementes: sem corantes; coloridas apenas com Rodamina; coloridas com pó xadrex e coloridas com corante líquido. Nestas condições, observou-se que as sementes camufladas com o pó xadrez praticamente não eram encontradas, enquanto que todas as outras eram consumidas, evidenciando que o processo de camuflagem realmente era eficiente.

OS TESTES DE CAMPO Os testes de campo pioneiros foram realizados com trigo no Norte do Paraná, região esta que apresentava grande concen-

tração de pombas de várias espécies nas áreas de produção. As sementes plantadas foram tratadas com inseticidas com ou sem o corante Rodamina, ou tratadas com o mesmo inseticida e coloridas com o pó xadrez marrom, sem a Rodamina, em quatro parcelas de 24 ha cada. As avaliações foram feitas durante quatro dias consecutivos, coletando-se as aves encontradas mortas nestas áreas. As aves então eram necropisiadas verificando-se qual tipo de sementes havia sido ingerido. Constatou-se mais uma vez a grande eficácia desta técnica, já que não foram encontradas sementes camufladas com o pó marrom nos pássaros avaliados.

A EVOLUÇÃO DA CAMUFLAGEM Em experimentos mais recentes utilizando-se sementes de milho. Avaliou-se

O PRINCÍPIO DA CAMUFLAGEM

A

literatura ecológica é rica na documentação de animais que conseguem, adotando o princípio da camuflagem, sobreviver na presença de predadores vorazes. A camuflagem dos animais denomina-se “mimetismo”. O mimetismo ocorre em muitas espécies que apresentam colorações e formas capazes de camuflá-los com o ambiente onde vivem, tornando-os praticamente “invisíveis”. Este fenômeno é bem conhecido da zoologia, havendo diversos exemplos de refinamentos evolutivos desta estratégia de defesa ou de ataque. A capacidade de muitas espécies de peixes, anfíbios e répteis efetivamente alterarem suas pigmentações de acordo com o substrato em que se encontram, é indicativo que este fenômeno comportamental representa um grande sucesso evolutivo e que, por isso, é muito freqüente na natureza. O princípio do mimetismo norteou as pesquisas iniciadas há diversos anos

nos Estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Sementes de milho, trigo e arroz, após serem tratadas com inseticidas, receberiam camuflagens com corantes, tornando-as da mesma cor do solo onde seriam plantadas. Esta coloração, deveria ser adquirida na própria máquina que efetuasse o tratamento com o defensivo agrícola e os corantes não poderiam prejudicar a germinação. Sementes que eventualmente não fossem enterradas pela plantadeira, permanecendo perigosamente expostas às aves silvestres granívoras, contariam com uma camuflagem, que seria favorecida pelo contraste entre luzes e sombras criado pela terra revolvida. O “mimetismo” das sementes coloridas, potencializado pela textura do solo, evitaria a identificação do alimento impróprio pelas aves, mesmo que elas procurassem ativamente deslocando-se sobre o solo. Álvaro Almeida

novamente o corante pó xadrez em mistura com cola branca, água e o inseticida Ralzer também a base de Carbofuran. Os testes incluíram também a alternativa de cobertura das sementes tratadas com uma fina camada de solo peneirado. Os testes foram feitos em área com elevada abundância de aves da Esalq em Piracicaba, representadas por sete espécies granívoras. Em 12 quadrados com 1,5 m de lado, distantes 50 m entre si, foram colocadas 98 sementes em cada parcela, misturando-se as camufladas com as demais. O solo estava exposto, não tendo sido arado ou gradeado, aumentando assim a severidade do teste. Para evitar mortes de aves, não foi incluído o Carbofuran. Foi utilizado apenas uma formulação similar com Rodamina na mesma cor e consistência do produto original, com os demais corantes sobre as sementes de milho. Foi avaliado então a quantidade de sementes removidas em cinco dias de exposição ao bando de aves. Como pode ser visto no Quadro 1, a remoção de sementes camufladas foi significativamente menor em todos os dias de exposição. A remoção que ocorreu, no entanto, de algumas sementes camufladas foi conseqüência de diversos fatores como falta do efeito de Quadro 1 Sementes de cor natural Sementes com rodamina Sementes camufladas

08

Cultivar

www.cultivar.inf.br

% Consumo de Sementes 1 dia 5 dias 42,3 91,7 13,1 67,9 1,8 21,4

Agosto de 2004


Cultivar

As sementes tratadas, encontradas no mercado, possuem cor vibrante, que facilita a sua localização no solo

luz e sombra que ocorre no solo arado gradeado, facilitando o encontro por animais consumidores; ação de formigas que enterravam as sementes; ação de roedores orientados pelo olfato e perda da camuflagem pela longa exposição ao clima, atraindo a atenção das aves. A parceria entre o Instituto de Pesquisas e Estudos da Vida Silvestre – Ipevs, a Biométrica Avaliações Biológicas e Manejo Ambiental e a empresa Fersol, motivada pelo método da camuflagem de sementes, desenvolveu um corante líquido com características semelhantes ao pó xadrez, que está proporcionando uma cobertura muito boa na “mimetização” de sementes de milho. O processo, já incorporado na nova formulação comercial de Ralzer 350 TS, foi registrado pela Fersol começando a ser utilizado em escala comercial com resultados bastante satisfatórios no impacto à fauna silvestre. Novas pesquisas deverão ser efetuadas com este corante líquido para melhor comprovação de sua eficiência, entretanto o sistema de camuflagem de sementes tratadas com pesticidas para a proteção de aves silvestres já é uma realidade, sendo inédito em todo o mundo. C

Divulgação

Minimizando o contraste entre as sementes e o solo evita-se a identificação do alimento, afirma Álvaro

Álvaro Fernando de Almeida e Alexandre de Almeida, Esalq Ana Georgina Pérez Campos, Biométrica Avaliações Biológicas e Manejo Ambiental


Moléculas

Fotos: Rubem de Oliveira

Isoxaflutole

Herbicida seletivo para controle de gramíneas, o isoxaflutole é recomendado para lavouras de cana-de-açúcar, milho e mandioca

O

isoxaflutole (IFT) é uma molécula herbicida que está sendo desenvolvida para o controle seletivo de plantas daninhas em culturas como milho e mandioca, em pré-emergência, e em cana-de-açúcar, em pré ou pós-emergência precoce. O produto controla gramíneas anuais e perenes, propagadas por meio de sementes e algumas plantas de folhas largas como a guanxuma (Sida rhombifolia L.), caruru (Amaranthus sp.), beldroega (Portulaca oleracea L.) e desmódio (Desmodium purpureum L.). Dentre as gramíneas sobre as quais apresenta excelente controle, destacam-se capim-marmelada (Brachiaria plantaginea), capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), capim-colonião (Panicum maximum), capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), capim-colchão (Digitaria horizontalis) e capim-braquiária (Brachiaria decumbens). Atualmente, este herbicida é registrado para o controle de plantas daninhas em canade-açúcar, mandioca e milho, sendo que, nesta última, não deve ser utilizado no caso de solos arenosos.

CARACTERÍSTICA QUÍMICAS O isoxaflutole (IFT) é uma molécula herbicida do grupo químico dos isoxazoles. Apresenta solubilidade em água de 6,2 mg.L-1 pressão de vapor de 1 x 10-6 Pa (25oC) (pouco volátil) e é sensível à luz e à hidrólise (TaylorLovell et al., 2000). Sua meia-vida em água é de 9 horas e no solo é menor que 24 horas (Mitra et al., 2000). A persistência aumenta em solos secos e sua meia-vida passa de 1,5 dia (umidade de 100 Kpa) para 9,6 dias (solo seco ao ar). A conversão de IFT à diquetonitrila (DKN) é rápida no solo, água e plantas (Mitra et al., 1999) e, no caso do solo, quanto maior a umidade, mais rápida a conversão. A meia-vida diminui de 74 horas para 38 horas quando a umidade do solo passa de 10 para 40%; se o solo estiver seco, esta reação não ocorre ou ocorre muito lentamente (TaylorLovell et al., 2000). A reação é química e não sofre a influência da temperatura ou dos microrganismos do solo. Embora tanto o IFT quanto o DKN sejam considerados moléculas não iônicas, é possível haver protonação

Figura 1. Conversões de isoxaflutole até sua degradação

10

Cultivar

www.cultivar.inf.br

do anel isoxazole, fazendo que sua atividade seja afetada pelo pH. O metabólito DKN é mais solúvel, mais estável e mais persistente que o IFT. Apresenta solubilidade em água de 326 mg.L-1 (Mitra et al., 2000). Taylor-Lovell et al. (2002) relatam meia-vida maior que 56 dias em solo com pH 7,0 e 2,5 % de carbono orgânico, comparado à meia-vida menor que dois dias para o IFT no mesmo solo. O DKN é convertido posteriormente a ácido benzóico (AB), que é considerado um metabólito biologicamente inativo, embora muito estável. Sua meia-vida no solo é de 20 e 60 dias e apresenta elevada solubilidade em água (8000 mg.L-1) (Figura 1). O isoxaflutole é considerado um pró-herbicida, uma vez que rapidamente é convertido ao metabólito diquetonitrila, por meio de abertura do anel isoxazole, que é a molécula biologicamente ativa no controle de plantas daninhas (Figura 2).

MECANISMO DE AÇÃO DO ISOXAFLUTOLE O isoxaflutole causa a disrupção da síntese de pigmentos, causando sintomas característicos de “branqueamento” de tecidos desenvolvidos após a aplicação nas espécies susceptíveis, seguindo-se a paralisação do crescimento e necrose. A perda de pigmentos foliares é típica de um grande número de herbicidas que ini-

Agosto de 2004


Figura 2 - Estrutura química do isoxaflutole e do diquetonitrila

COMPORTAMENTO NAS PLANTAS

O

isoxaflutole é absorvido preferencialmente pelas raízes, embora também o seja pelas sementes, o que não ocorre com seu derivado DKN, que é absorvido somente pelas raízes. Após absorvidos, tanto o IFT como o DKN são transportados rapidamente para o ápice da plântula, onde a maior parte do IFT é então convertida a DKN. Nas espécies tolerantes, como o milho e a cana-de-açúcar, a metabolização continua rapidamente, formando o metabólito ácido benzói-

bem a síntese de carotenóides (Oliveira Jr., 2001). A maioria desses herbicidas, no entanto, atua sobre a fitoeno desaturase, enzima que catalisa as reações iniciais na conversão do fitoeno (precursor incolor dos carotenóides) em carotenóides coloridos. Os sintomas foliares estão associados com o acúmulo do fitoeno, típico dos herbicidas que inibem o fitoeno desaturase. No entanto, nem o IFT nem o DKN inibem a atividade desta enzima. O DKN inibe a enzima 4hydroxyphenylpyruvate dioxygenase (HPPD), bloqueando a biossíntese de homogentisate, o precursor da plastoquinona e do ?-tocoferol. Embora a conversão de IFT a DKN possa ocorrer antes ou após a absorção pelas plantas, é o metabólito DKN que atua como um potente inibidor da HPPD.

COMPORTAMENTO NO SOLO O destino dos herbicidas no solo é governado pelo seu transporte, pela retenção e por processos de transformação. Esses processos

determinam tanto a eficácia do herbicida no controle de plantas daninhas quanto o seu potencial em causar efeitos adversos em organismos não designados. A sorção do isoxaflutole decresce com o decréscimo do teor de matéria orgânica do solo e, tendo relação com o pH do solo, quando este cresce a sorção tende a decrescer. O conteúdo de argila e a concentração de Ca2+ não afetam o grau de sorção de isoxaflutole no solo. Com relação ao seu metabólito, a sorção de DKN também decresce com a diminuição da matéria orgânica presente no solo (Mitra et al., 2000). Foi demonstrado também que, em solos com teores de matéria orgânica maiores ou iguais a 2%, a sorção, persistência e mobilidade do IFT no solo correlaciona-se com o teor de matéria orgânica, mas não com a textura (Mitra et al., 1999). Em função de suas propriedades químicas, o isoxaflutole apresenta uma importante particularidade no que diz respeito à sua utilização no campo. Uma vez que a atividade herbicida depende da conversão do IFT à DKN, e que esta depende da dis-

co, sem ação herbicida e, ao fim do processo, gás carbônico. Em espécies sensíveis, essa metabolização ocorre lentamente, permitindo a inibição enzimática pelo DKN. O isoxaflutole bloqueia também o transporte de elétrons da fotossíntese, ao nível do fotossistema II, pela menor produção da plastoquinona necessária ao transporte de elétrons, aumentando o estresse oxidativo já provocado pela ausência da proteção dos carotenóides (Pallet et al., 1998). ponibilidade de água no solo, aplicações deste herbicida podem ser feitas durante todo o período mais seco do ano. Assim que se registra a ocorrência de chuvas, a conversão passa a acontecer simultaneamente à emergência das plantas daninhas, o que prolonga sua atividade residual no campo. Este fato é particularmente interessante para as áreas de corte de cana que se concentram entre os meses de maio a agosto, onde muitos herbicidas simplesmente não são efetivos devido à baixa disponibilidade de água no solo. No caso do isoxaflutole, mesmo aplicado em solo seco, há um efeito residual que pode prolongarse de 90 até 240 dias após a aplicação (Marchiori Jr., 2003), dependendo da textura do solo e do regime de chuvas. Dentro do período residual, após cada chuva, ocorre um efeito de “recarga” do isoxaflutole na solução do solo, observando-se novo controle principalmente de gramíneas novas C que emergem. Rubem Silvério de Oliveira Jr., Universidade Estadual de Maringá

Molécula causa branqueamento de tecidos, seguidos de paralização do crescimento e necrose

Agosto de 2004

www.cultivar.inf.br

Cultivar

11


Pragas

Nematóides contra os insetos Fotos Luis Leite

O

Brasil tem se destacado mundialmente com diversos programas de controle biológico de pragas, a grande maioria voltados para o controle de insetos que atacam a parte aérea das plantas. Com a expansão de áreas cultivadas e uma exploração agrícola cada vez mais intensa, tem sido notado, ao longo dos anos, um aumento significativo no número de pragas de solo, deixando os agricultores na dependência quase exclusiva do controle químico. Isso pode trazer diversas conseqüências ao meio ambiente e à saúde humana e nem sempre proporcionando resultados de controle satisfatórios. Em nível mundial, o controle biológico de pragas de solo tem sido bastante estudado, sendo uma prática há muito tempo adotada, especialmente pelo uso de nematóides entomopatogênicos. Os nematóides Steinernema spp. e Heterorhabditis spp. são os únicos associados a insetos que são largamente utilizados para o controle de pragas. De tamanho diminuto (cerca de 1 mm de comprimento), esses agentes possuem a habilidade de lo-

12

Cultivar

calizar e invadir o corpo de insetos hospedeiros por suas aberturas naturais ou mesmo através da cutícula. A localização do hospedeiro é possível através de quimiorreceptores localizados na região cefálica, que detecta principalmente o CO 2 liberado pelo inseto. Após invadir o corpo do

Pelo seu modo de ação, os nematóides entomopatogênicos são mais eficientes no controle biológico de pragas do solo que os nematóides entomófagos e podem custar até dez vezes menos

inseto, alcançam o hemoceloma e ali liberam uma bactéria que provoca septicemia e causa a morte do hospedeiro dentro de 48 horas. Isso leva esses agentes a serem conhecidos como nematóides entomopatogênicos e os tornam mais adequados para o controle biológico comparados aos outros grupos de nematóides entomófagos ou mesmo a outros agentes entomopatogênicos, sendo utilizados com sucesso em muitos países para o controle de diversas pragas agrícolas, especialmente aquelas de solo. Com a rápida multiplicação da bactéria no cadáver do inseto, os nematóides passam a alimentar-se delas e do material digerido do inseto, reproduzindo-se no cadáver do hospedeiro. Após duas a três gerações, com o fim do alimento, o nematóide é convertido no estado de juvenil infectivo (3 estágio juvenil), e milhares de vermes deixam o cadáver na busca de novos hospedeiros. Trata-se, portanto, de uma associação mutualística na qual o nematóide atua como um vetor da bactéria e esta, por sua vez, fornece alimento ao ne-

48 horas: tempo que o nematóide leva para invadir o corpo do inseto, liberar bactéria e causar-lhe a morte

www.cultivar.inf.br

Agosto de 2004


MAIS ACESSÍVEIS

O

s nematóides entomopatogênicos poderão estar disponíveis no mercado brasileiro já em 2005 para uso no controle de alguns insetos pragas. Quanto ao preço de venda do produto no Brasil, estima-se que possa ser menos de dez vezes o seu valor de mercado na Europa, que chega a US$ 1.000,00 uma dosagem equivalente para tratar um hectare. Estima-se que o custo por hectare, aqui no Brasil, fique em torno de R$ 300,00. matóide. Steinernema sp. e Heterorhabitis sp. passaram a ser estudados para o controle de insetos a partir de 1930, no entanto, somente no final da década de 80 é que iniciou-se a sua utilização comercial para o controle de insetos, dado ao aperfeiçoamento do método de produção massal desses agentes “in vitro” em sistema monoxênico, aproveitando-se da bactéria simbionte como fonte de alimento. Atualmente, cerca de 90 empresas privadas ao redor do mundo produzem nematóides em nível comercial para o controle de diversas pragas agrícolas e alguns parasitos de importância veterinária e de saúde pública. Várias formulações de nematóides estão disponíveis no mercado, representando cerca de 25% dos produtos microbianos usados no controle de pragas, existentes no mercado mundial, o que tornam esses agentes os mais utilizados depois das bactérias do

Agosto de 2004

gênero Bacillus, cujas formulações representam 50% dos produtos microbianos. O Instituto Biológico (IB), em parceria com a empresa Bio Controle Métodos de Controle de Pragas Ltda, vem estudando nematóides entomopatogênicos para o domínio biológico de pragas desde o ano 2000. O projeto está sendo financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), dentro do Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (Pipe) - Fase I e II -, e visa à implantação da primeira biofábrica de nematóides no Brasil. O primeiro passo da pesquisa foi formar uma coleção de nematóides entomopatogênicos, procurando-se explorar a biodiversidade desses organismos existente no país. O IB vem avaliando esses agentes para o controle de diversas pragas, e alguns isolados, como o Heterorhabditis sp. (CBn5), tem se mostrado bastante promissor. Na seqüência, foram desenvolvidos meios para cultivo “in vitro” de nematóides e técnicas de produção massal, assim como uma formulação pó molhável que permite a preservação dos organismos em prateleira por um período de até dois meses. Com esses avanços, um novo bioinseticida a base de nematóide pode ser lançado do mercado brasileiro já em 2005 para uso no controle de alguns insetos pragas. Quanto ao preço de venda do produto no Brasil, ainda não foi determinado, mas terá um custo x benefício apropriado à agricultura brasileira. Na seqüência, são relatados alguns resultados de pesquisas com nematóides para o controle de alguns insetospragas.

www.cultivar.inf.br

Pó molhável, que permite a preservação dos microrganismos, deve ser a formulação do bioinseticida previsto para 2005

FUNGUS GNAT Fungus gnat são moscas pequenas do gênero Bradysia (Diptera: Sciaridae), consideradas importantes pragas em cultivos de cogumelos e viveiros de mudas, atacando citros, fumo, ornamentais e diversas outras plantas de importância econômica. As larvas do inseto alimentam-se de fungos, algas e matéria orgânica em decomposição, vivendo em ambientes úmidos e escuros. Todavia, quando se estabelecem, as larvas passam a se alimentar das raízes

Cultivar

13


das plantas, principalmente as raízes mais finas, com túneis nas raízes mais grossas, provocando danos de grande importância, principalmente em mudinhas em fase de germinação, e a morte das plantas em casos de infestação pesada. Além disso, esses danos podem contribuir para a infecção das plantas por fungos fitopatogênicos dos gêneros Pythium, Botrytis, Verticillium, Fusarium, Thielaviopsis, Cylindrocla-

Na cana, Heterorhabditis spp. demonstra 56% de controle da cigarrinha da raiz, mantendo a população da praga estável por até 82 dias

dium e Sclerotinia. Até 1966, esta mosca não era considerada praga nos EUA, sendo sua presença apenas inconveniente. Atualmente, é uma praga mundial e no Brasil, nos últimos anos, tornou-se uma importan-

te praga, sendo disseminada de Norte a Sul e desconhecida pela grande maioria dos viveiristas e produtores em estufas. Estima-se que existem no país mais de 15.000 estufas com mudas de plantas, as quais podem estar infestadas com o inseto fungus gnat. Não existe nenhum inseticida registrado para o controle desse inseto no Brasil. Nos EUA, Europa e outros países, um método bastante conhecido e utilizado com eficiência é o controle biológico por meio do nematóide Steinernema feltiae. O ambiente úmido e sombreado predominante em áreas de propagação de mudas favorece o nematóide que ataca tanto a larva como a pupa do inseto, proporcionado níveis de controle acima de 90%. Com duas aplicações do bioinseticida é possível manter a população do inseto sob controle sem inconvenientes para o meio ambiente e a saúde humana. O IB e a empresa Bio Controle entraram com um pedido de importação de isolados de S. feltiae provenientes dos EUA e espera iniciar a produção industrial e comercialização desse nematóide já no próximo ano.

CIGARRINHA DA RAIZ DA CANA-DE-AÇÚCAR

Processo de controle: introdução dos nematóides que são vetores de bactérias e, por sua vez, fornecem alimento aos primeiros

14

Cultivar

www.cultivar.inf.br

A cigarrinha da raiz, Mahanarva fimbriolata (Hemiptera: Cercopidae) é a principal praga da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, infestando cerca de 300.000 hectares da cultura. Esse inseto tornou-se uma importante praga da cana-de-açúcar, a partir de 1995, com a introdução da colheita mecânica que deixa uma espessa cobertura foliar sobre o solo, proporcionando um am-

Agosto de 2004


Fotos Luis Leite

SAÍDA TAMBÉM PARA A AVICULTURA

O

Praga de viveiros e estufas, a mosca Gnat está sendo controlada com mais de 90% de eficiência por Steinernema spp.

biente ideal para o desenvolvimento das ninfas que sugam a raiz e podem reduzir a produção de açúcar em torno de 40%. No controle desse inseto, tem sido utilizados inseticidas químicos com conseqüências indesejáveis ao meio ambiente e estudado o fungo Metarhizium anisopliae com resultados dependentes das condições ambientais. Nematóides entomopatogênicos dos gêneros Steinernema e Heterorhabditis têm sido mencionados desde 1984 como agentes promissores para o controle desse inseto devido ao seu comportamento de busca do hospedeiro no solo e de sua capacidade para matá-lo rapidamente. O IB vem realizando diversos testes de campo com o nematóide Heterorhabditis sp. para o controle da cigarrinha da raiz e os resultados têm demonstrado uma redução na população do inseto com níveis de controle variáveis de 50 a 70% na maioria das avaliações. Em um dos ensaios, o nematóide (1 x 108 juvenis infectivos/ha) foi comparado com o inseticida Actara (1 kg/ha) e com o fungo Metarhizium anisopliae (3 kg de arroz + fungo/ha), ambos usados no controle do inseto, tendo o inseticida proporcionado 67% de controle, o nematóide 56% e o fungo 44%. Outro estudo demonstrou que o nematóide pode ser aplicado sobre a palhada cobrindo o solo, na dosagem de 1 x 108 juvenis infectivos/ha, e que mantém a população do inseto dentro da faixa de 5 a 10 ninfas/m por

Agosto de 2004

Brasil é o maior produtor de frango, com uma produção anual de 3,7 bilhões de aves. Para essa produção, existem no país cerca de 200.000 galpões de frango de corte, os quais podem estar infestados com o inseto Alphitobius diaperinus (Coleoptera: Tenebrionidae), conhecido popularmente por cascudinho. Esse inseto é uma das principais pragas da avicultura moderna, sendo encontrado colonizando o substrato utilizado nas granjas avícolas, especialmente embaixo dos comedouros onde se alimentam da ração derrubada pelas aves. Os prejuízos provocados à avicultura decorrem do fato dos insetos afetarem o desenvolvimento inicial das aves, pois são ingeridos pelas mesmas em grande quantidade no lugar da ração balanceada. Além disso, causam ferimentos no trato digestivo das aves, podendo ainda transmiti-las bactérias, vírus, fungos, protozoários e platelmintos parasitos.

até 82 dias. Portanto, outro aspecto positivo é a persistência do nematóide no ambiente, podendo combater outras pragas de solo da cana-de-açúcar como larvas de Migdolus fryanus, larvas de escarabeídeos e a broca do rizoma, Sphenophorus levis.

OUTROS INSETOS PRAGAS Nematóides entomopatogênicos têm demonstrado potencial de uso para o controle de diversas outras pragas como a broca da raiz da cana-de-açúcar, M. fryanus, broca do rizoma da cana-de-açúcar, Sphenophorus levis, larvas de escarabeídeos, percevejo castanho, Scaptocoris spp., broca da bana-

www.cultivar.inf.br

O controle químico desse inseto, além de causar inconvenientes ao meio ambiente e à saúde humana, não tem apresentado resultados satisfatórios. O comportamento do inseto de colonizar a serragem, agregando-se embaixo dos comedouros, sugere a possibilidade do uso do controle biológico por meio de nematóides entomopatogênicos. Em testes realizados dentro de galpões de frango de corte, em Itatiba (SP), aplicando o nematóide Heterorhabditis sp. (CB-n5) embaixo dos comedouros, com auxílio de regador, na dosagem de 40 Juvenis infectivos/cm2, foram obtidos 100% de controle de larvas e 90% de adultos 12 dias após a aplicação. A umidade gerada no local tratado foi preservada em decorrência da cobertura formada pelo comedouro apoiado sobre serragem, o que favoreceu a atuação do nematóide. Além disso, a constante tentativa do inseto de colonizar o local tratado permitiu uma constante reciclagem do nematóide nesse ambiente.

neira, Cosmopolites sordidus, curculionídeos da raiz do citros, Naupactus sp., bicho furão do citros, Ecdytolopha aurantiana, cigarra do cafeereiro, Quesada sp., gorgulho da goiabeira, Conotrachelus sp., e outras. A possibilidade de uso de nematóides no Brasil está diretamente ligada à disponibilidade desses agentes no mercado, ressaltando a necessidade de implantação de biofábriC cas para a produção comercial. Luís Garrigós Leite, Laerte Antônio Machado e Carmen Maria Ambrós Ginarte, Instituto Biológico/CEIB

Cultivar

15


Cevada

Euclydes Minella

Boas perspectivas Embora exija cuidados especiais na armazenagem, a cevada tem capacidade produtiva mais elevada que o trigo e a produção nacional atende apenas 60% da demanda interna das indústrias. Somando isso com o incentivo das cervejarias, o produtor pode vislumbrar um bom cenário para a cultura

A

cevada (Hordeum vulgare sp. vulgare) é o quarto cereal em ordem de importância da produção mundial, sendo seu cultivo concentrado no Hemisfério Norte. Dois terços da produção atual (137 milhões de toneladas) é consumido como alimento, principalmente animal. Cerca de 20 milhões de toneladas (15%) é usada pela indústria de malte cervejeiro. Malte é resultante da malteação, processo que consiste da hidrata-

16

Cultivar

ção (maceração), germinação por quatro a seis dias e secagem (torração) dos grãos de cevada. União Européia, Rússia, Canadá, Estados Unidos e Austrália destacamse entre os maiores produtores. A América Latina produz apenas 1% do total, sendo a Argentina o maior produtor regional, seguida pelo Brasil, Peru e Uruguai.

VALOR DO PRODUTO O preço praticado para a cevada pa-

www.cultivar.inf.br

drão malte na safra mais recente foi equivalente a 90 % do praticado regionalmente para o trigo tipo 1 da classe pão. A cevada fora do padrão malte é comercializada como grão forrageiro usado principalmente na alimentação animal. Entretanto, nesta circunstância, o preço obtido atinge no máximo o do milho, tornando a produção não cervejeira pouco competitiva nestas circunstâncias.

Agosto de 2004



Quadro 1 - Evolução da produção de cevada no Brasil na última década Safra 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Média

Área (ha) 53.269 73.462 83.575 124.909 137.720 123.894 136.664 135.640 145.146 136.571 115.068

Produção (t) 98.176 117.811 223.981 277.604 310.383 314.895 307.303 274.888 224.403 379.340 252.878

Rendimento (kg/ha) 1.843 1.654 2.680 2.222 2.253 2.542 2.249 2.027 1.546 2.778 2.180

Embrapa (%)* 45,6 81,5 89,5 91,1 90,2 86,3 65,0 60,0 51,5 63,0 72,4

* participação das cultivares Embrapa

No geral, a margem de lucro do cerrado é maior do que a da região Sul devido à diferença em produtividade (4.700 vs 2.250 kg/ha). Deve-se considerar, entretanto, que os produtores do cerrado com irrigação sempre têm várias opções de plantio que na maioria das vezes, propicia margens de lucro maiores que a cevada (milho verde, tomate, ervilha, feijão, trigo etc.). Na verdade, a produção no cerrado precisa ser vista como complementar e não concorrente com a produção do Sul. Serão as duas regiões que darão maior competitividade à produção nacional. Quanto mais diversificada menos vulnerável.

PRODUÇÃO

Euclydes Minella

O volume total produzido em 2003 (Quadro 2) representou 78 % da demanda de 2004. O excelente desempenho da lavoura na última safra indica que o consumo atual das maltarias pode

ser suprido em espaço bem curto de tempo. Exceto a safra 2003, o Rio Grande do Sul é o maior produtor contribuindo em média com 70,6 % da produção (Quadro 2). No estado, a produção está concentrada em duas regiões distintas (Figura 1). A região Norte que responde em média por 95 % da produção do Estado, estende-se de Vacaria a Ibirubá, no Planalto Médio, sendo Passo Fundo o centro desta região. A região Sul engloba parte da Depressão Central, da Serra do Sudeste e da Campanha. Em Santa Catarina o cultivo ocorre no planalto de Canoinhas e Vale do Rio do Peixe, com concentração em Campos Novos e Mafra. No Paraná, a produção concentra-se em Guarapuava e Ponta Grossa, no Centro Sul do Estado. Clima favorável à produção de grãos com qualidade cervejeira é o principal fator determinante das atuais concentrações da produção no país. Luminosidade, baixa umidade relativa do ar e de temperaturas amenas (frescas) durante as fases de formação, enchimento e maturação de grãos, comuns nas mencionadas regiões, são os principais determinantes da qualidade para fins cervejeiros. Recentemente, produção em pequena escala vem sendo colhida também em cultivo irrigado em Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais, em áreas acima de 800 m de altitude. Nessa região, nova fronteira de produção de grãos no país, a produção

Figura 1

na estação seca tem se mostrado mais estável que a da região Sul, estabilidade esta, associada ao controle da água através da irrigação.

COMPETITIVIDADE Como cultura de inverno, a cevada disputa espaço com trigo, aveia e triticale, espécies semeadas na mesma época. Maior velocidade de germinação e vigor inicial, proporcionando cobertura de solo em menor tempo; maior precocidade (colheita dez a 15 dias antes), produtividade ligeiramente superior e melhor tolerância ao frio (geadas) são as principais vantagens comparativas da cevada na região Sul. Pode ser plantada e colhida antes que as outras espécies, permitindo o plantio da cultura de verão em época de melhor resultado. Maior sensibilidade à acidez/alumínio tóxico do solo, clima chuvosos e quente na primavera e palha mais fraca são as principais desvantagens da cevada. Economicamente, em igualdade de preço, a cevada aproveitada pela indústria cervejeira proporciona, em geral, maior retorno que trigo ou aveia, em razão de maior rendimento, menor custo de produção e maior liquidez de mercado. A liquidez de mercado está associada ao sistema de contrato com garantia de

CUSTO

O

Clima brasileiro é determinante na produção de cevada com características desejáveis à indústria do malte

18

Cultivar

www.cultivar.inf.br

custo variável de produção é específico para cada propriedade, entretanto estima-se que em média o valor de produção de cevada seja entre 5 e 10% inferior ao do trigo. Isto deve-se principalmente ao uso de menos adubo nitrogenado e uma maior produtividade em cevada. O custo operacional para produção de uma tonelada de cevada no RS está estimado em 300 a 330 reais.

Agosto de 2004



CENÁRIO NACIONAL

C

onsiderando-se como rendimento potencial a média das últimas safras (2.250 kg/ha), o país precisaria semear, em 2004, 186.000 ha para atender à demanda. A área estimada para 2004 (155.000 ha) já representa 85% da demanda. Isto significa dizer que a obtenção da quantidade necessária atualmente pode ser obtida em questão de poucos anos. Como qualquer crescimento adicional da produção depende da ampliação da capacidade industrial de malte, sem contar com a eventual demanda de produção para outras finalidades, as chances de grande aumento de área/produção podem acontecer somente no longo prazo. De qualquer maneira, caso a capacidade instalada de malteação seja ampliada para atender à demanda atual das cervejarias, a necessidade de cevada seria atualmente de pelo menos 1,3 micompra celebrado antes do plantio. Entretanto, em igualdade de condições, a exigência do alto nível de germinação (95%) apenas para a cevada coloca a mesma como a de maior risco de produção plantada na mesma época.

FATORES LIMITANTES Apesar dos significativos avanços

lhões de toneladas, ou seja, mais de quatro vezes o volume produzido na última safra (Quadro 2). A integração dos esforços de pesquisa iniciada nos anos 70, hoje formalizada em convênios entre a Embrapa e as indústrias de malte, tem sido e continuará sendo fundamental para o avanço tecnológico da cultura no país, incluindo a produção em novas fronteiras agrícolas como a do Centro-Oeste. Uma vez adotada na sua plenitude, a tecnologia de produção disponível tem condições de sustentar o crescimento da produção nacional ao volume desejado, através do aumento da área tanto na região tradicional como em novas como as do cerrados, do aumento da produtividade e melhoria da qualidade do produto colhido. tecnológicos já alcançados em genética e em manejo da produção, alguns fatores ainda impedem o auto-abastecimento da indústria de malte entre os quais a instabilidade do rendimento ou qualidade, a baixa competitividade da produção não cervejeira, a deficiência da infra-estrutura de recebimento, secagem e armazenamento e a falta de apoio ofiMiguel Belmonte Jr

cial são os mais importantes. Como a cevada para malte fica estocada até um ano para ser malteada, os silos de armazenagem precisam permitir o controle de temperaturas etc. Em geral, as maltarias não dispõem de capacidade de armazenagem própria suficiente ficando dependente da capacidade de terceiros para receber, secar, beneficiar e conservar por período de até um ano. A infraestrutura existente é suficiente apenas para o que vem sendo produzido e nada mais. Com o aumento da produção de trigo no RS aumenta a disputa por espaço em armazéns. Assim, fica difícil o aumento da produção de cevada sem o proporcional investimento em armazenagem. Entre esses, a instabilidade em rendimento ou qualidade continua sendo um dos principais obstáculos à produção no Brasil. Adversidades climáticas associadas à extremos de umidade (estiagem, chuvarada) e de temperaturas (geadas, granizo, golpe de calor) e associações destes são as principais responsáveis pela grande variação entre safras ou regiões produtoras, em quantidade/qualidade de grão. Contribuem ainda a acidez/toxidez de alumínio do solo/ subsolo e a ocorrência de doenças fúngicas, problemas endêmicos na região Sul. Quadro 2 - Estatísticas da safra de cevada cervejeira 2003 no Brasil Empresa/UF AmBev Agraria Total Participação (%)

RS 68.182 68.182 50

Área (ha) SC 6.026 6.026 4

PR 22.181 40.182 62.363 46

Brasil 96.389 40.182 136.571 100

Composição Varietal (%) Cultivar/ UF RS SC PR BR

MN 698 60 30

Empresa/UF AmBev Agraria Total Participação (%) Empresa/UF AmBev Agraria Total

A elevada úmidade no Sul é um dos fatores que limita a produção

20

Cultivar

www.cultivar.inf.br

Empresa/UF AmBev Agraria Total Participação (%)

BRS Embrapa Embrapa MN BRS BR 2/ 195 127 128 684 225 Outras 10 20 6 85 45 2 18 1 1 28 15 15 3 Produção (t) RS SC 152.381 13.659 152.381 13.659 40 4

PR 72.098 141.202 213.300 56

Rendimento (kg/ha) RS SC PR 2.235 2.267 3.250 3.514 2.235 2.267 3.421

Brasil 238.138 141.202 379.340 100 Brasil 2.471 3.514 2.778

Destino da produção (%) Industria A Industria B Semente Forrageira 181.320 11.402 21.736 23.680 129.983 10.754 465 311.303 11.402 32.490 24.145 82 3 9 6

Agosto de 2004


úmidos).

DEMANDA

ÉPOCA DE PLANTIO

Minella explica que um incremento na produção depende da ampliação da capacidade industrial para armazenagem

A inconsistência das safras em rendimento/qualidade e a falta de mercado alternativo competitivo para a produção não cervejeira são ainda os principais obstáculos ao auto-abastecimento.

PRINCIPAIS DOENÇAS No RS, a umidade alta favorece o aparecimento do oídio e de manchas foliares (mancha reticular, mancha marrom) e eventualmente de giberella (anos mais úmidos e quentes em setembro/outubro). A freqüência ou intensidade no cerrado é bem menor em função da baixa umidade no período de cultivo. É difícel não aplicar fungicida para controle de doenças no Sul, enquanto que no Cerrado a aplicação é esporádica (anos

No Sul, a época recomendada de plantio vai de meados de maio até o final de junho, sendo que a produtividade média no RS é próxima a 2.250 kg/ ha. No cerrado, pode chegar a 7 mil e no RS a até 5 mil em anos bem favoráveis como o de 2003, onde muitas lavouras passaram dos 5000 kg/ha. O ciclo é de até 140 dias no Sul, comparados aos 110 dias no Cerrado. No cerrado durante o inverno raramente chove e as temperaturas são amenas em junho-agosto. Nesta fase de formação e de enchimento de grãos as temperaturas são favoráveis a cevada. Além disso, como não chove não há nuvens no céu o que da maior luminosidade as plantas (radiação direta por mais tempo que no Sul). A mesma etapa do ciclo ocorre em setembro/outubro no Sul onde pode chover e a umidade em geral é bastante elevada comparada a secura do cerrado. As cultivares usadas no cerrado são BRS 180 e BRS 195, sendo BRS 195 talvez a melhor cultivar na lavoura do Sul. BRS 180 diferencia-se das do Sul por ser de seis fileirs de grãos enquanto as daqui são de dua fileiras. Em geral as de seis fileira produzem mais que as de duas fileiras. BRS 195 (duas fileiras) talvez produza entre 80 e 90 % do rendimento de BRS 180 (seis fileiras). Por

E

m razão da exclusividade do uso, o volume máximo que poderia ser produzido no país é igual ao da capacidade de malteação instalada, mais as sementes e as quebras de processo (lavoura, transporte, armazéns). As maltarias em operação (AmBev em Porto Alegre (RS), Cooperativa Agraria em Guarapuava (PR) e Malteria do Vale em Taubaté (SP)) podem processar juntas até 360 mil t de cevada classificada o equivalente 400 mil t brutas ao nível de lavoura. Esta quantidade, mais o volume para semente, eleva a demanda atual para 420 mil t/ano. Conforme estabelecido pela Portaria 691/96 do Ministério da Agricultura e Abastecimento, a cevada para malte deve preencher os seguinte padrão de qualidade: 13% de umidade; 95% de germinação e até 12% de proteínas, 3% de matérias estranhas e 5% de grãos avariados. outro lado, os grãos das de duas fileiras são em geral maiores e sempre mais uniformes que os de seis fileiras motivo pelo qual as maltarias/cervejarias preferem as C de duas fileiras. Euclydes Minella, Embrapa Trigo Fotos Euclydes Minella

Área de 155.000 ha, estimada para 2004, já representa atender a 85% da demanda do país

Agosto de 2004

www.cultivar.inf.br

Cultivar

21


Algodão

Fotos Newton Peter

Piratas no algodão

A

disponibilidade de variedades de algodão portadores de um gene da bactéria de solo Bacillus thuringiensis var. Kurstaki apresenta uma nova alternativa para o manejo de certas pragas lepidópteras. Este gene produz uma endotoxina muito eficiente para o controle de Alabama arguillacea, Pecninophora gossypiella e Heliothis virescence. Além disso, facilita o controle de Spodeptera frugiperda ao modificar seu comportamento em plantas transgênicas. No continente americano, as variedades de algodão transgênico foram lançadas no mercado em 1996, inicialmente nos Esta-

dos Unidos e em seguida no México e Argentina. Em 2003, esta tecnologia foi aprovada para comercialização na Colômbia. O Brasil, segundo produtor de algodão do continente, ainda não aprovou o uso comercial de nenhum tipo de algodão geneticamente modificado. A disponilidade de variedades de algodão transgênico na Argentina abriu as portas para o contrabando de sementes para o Brasil. Acredita-se que atualmente estejam sendo cultivadas áreas consideráveis no Brasil com materiais de algodão transgênico, como a Nucot 33b e a DP 404b, variedaFotos Juan Landivar

Diferenças no cultivo de algodão convencional atacado por Alabama argillacea (esq.) e uma cultivar de Bt

22

Cultivar

www.cultivar.inf.br

des comercializadas na Argentina. O uso dessas variedades pode prejudicar a indústria algodoeira brasileira e trazer consideráveis perdas aos agricultores que as semeiam, principalmente por dois motivos: 1) essas variedades não estão adaptadas para o Brasil e 2) têm uma pureza genética desconhecida em termos da presença do gene Bt. O pai recorrente da variedade Nucot 33b é a variedade DP 5415, já intensamente avaliada no Brasil pela Delta and Pine Land Company, na década de 90. Esta variedade foi descartada para uso no Brasil por sua suscetibilidade à doença azul, bacterioses e à podridão das maçãs. Seu alto micronaire de fibra – que freqüentemente excede a 5.0 – contribuiu para ter sua venda desconsiderada no Brasil. Por motivos similares, na safra 2003/2004 a variedade Nucot 33b foi removida dos mercados da Colômbia e Argentina. A variedade DP 404b provém da DP 4049. Assim como seu pai recorrente, a DP 404b é suscetível à doença azul, bacterioses e altamente suscetível à alternaria e ramulose. O rendimento de fibra dessas variedades em escala comercial é aproximadamente de 34 a 36%. Esses valores decepcionarão os produtores brasileiros, habituados a obter valores de rendimento de fibra de 38 a 40%. O principal problema de uso de sementes transgênicas piratas é sua baixa pureza

Agosto de 2004


Landivar explica que, além dos prejuízos econômicos, o agricultor pode ter problemas legais, por crimes contra o meio ambiente

genética em termos da presença do gene Bt. Empresas que comercializam sementes transgênicas de algodão garantem um mínimo de 98% de pureza. Manter esses níveis requer um controle de qualidade muito rigoroso em termos de seleção de local e isolamento dos campos sementeiros. Esses níveis são muito difíceis de obter nos trópicos em culturas com alto índice de fecundação cruzada, como no caso do algodoeiro. O algodão transgênico, ao receber pólen de variedades convencionais, produzem um híbrido no qual o pai doador aporta um cromossomo que não contém o alelo do gene Bt. A mãe receptora aporta um cromossomo com um gene extra inserido por meio da engenharia genética. Isso resulta num par de cromossomos irregular, formando indivíduos denominados “hemizigotos”. Fenotipicamente, esses indivíduos expressam de 20 a 50% menos toxina Bt do que os indivíduos transgênicos homozigotos ou puros. As plantas transgênicas contaminadas com pólen de indivíduos convencionais produzem em sua F2 somente cerca de 25% de plantas com os níveis originais da toxina; 50% (hemizigotos) com níveis reduzidos do normal e 25% de plantas convencionais, sem a expressão da toxina. Ou seja, 75% dessas

plantas F2 não controlarão adequadamente os lepidópteros, objetivo da tecnologia Bt. O agricultor terá que manejar esses campos contaminados como se fossem convencionais, para evitar perdas. Além de perdas da pureza genética causadas pela fecundação cruzada, lotes de sementes são freqüentemente contaminados com sementes de outras variedades durante sua colheita, deslinte ou durante o processo de limpeza e embalagem. Estas duas fontes de contaminação produzem sementes de baixa pureza genética em termos da presença do gene Bt. Experiências demonstram que sementes com menos de 95% de pureza eliminam todos os benefícios da tecnologia Bt, resultando em prejuízos econômicos diretos para o usuário e, mais importante ainda, a contaminação acelera o processo de desenvolvimento da resistência à toxina, pois muitos insetos são expostos a doses subletais. Larvas desenvolvidas em plantas hemizigoticas – que não produzem níveis adequados da toxina – ou em plantas convencionais que em seguida se trasladam para plantas Bt, aumentam sua capacidade de sobreviver. Este comportamento das larvas representa uma maneira muito eficiente de desenvolver resistência à toxina Bt. O uso de sementes transgênicas piratas pode resultar na perda da tecnologia em bem pouco tempo, comparado com os sistemas de produção usando sementes Bt puras com suas áreas de refúgios recomendadas. O uso de algodão Bt de origem e qualidade desconhecida é diferente do uso de variedades RR (Roundup Ready), com resistên-

cia ao herbicida Roundup – de baixa qualidade. No caso dos algodões RR, as contaminações e misturas varietais são eliminadas com a aplicação do herbicida no início da cultura. Para concluir, a conseqüência de usar semente pirata de algodões Bt para os agricultores é a falta de segurança da pureza genética do material. Sementes de baixa qualidade perdem os benefícios que oferece a tecnologia Bt, tendo o agricultor que aplicar inseticidas para proteger sua cultura. Na prática, é como se o agricultor plantasse uma variedade convencional não adaptada à sua região. Além dos prejuízos econômicos o agricultor pode ter problemas legais, por crimes contra o meio ambiente, já que o uso de transgênicos não está autorizado no Brasil. Outros danos à comunidade algodoeira brasileira que o uso de sementes transgênicas piratas pode causar é o desestímulo ao investimento no desenvolvimento de novas tecnologias por parte de empresas legalmente estabelecidas. O uso ilegal de sementes transgênicas pode servir aos países ricos como um argumento contra o Brasil em suas tentativas de eliminar os subsídios agrícolas através da Organização Mundial do Comércio. Mais importante ainda do que o uso de sementes transgênicas de qualidade desconhecida, pode acelerar o desenvolvimento de resistência aos insetos à toxina Bt. Essa situação prejudicaria toda a indústria algodoeira brasileira ao eliminar o uso dessa potente tecnologia para reduzir custos e riscos de produção. Enquanto a comercialização de variedades de algodão transgênicas não for aprovada no Brasil é mais vantajoso para a comunidade algodoeira esperar com paciência a introdução ordenada desta tecnologia. Agora o melhor que os agricultores devem fazer é mostrar aos seus líderes agrícolas e representantes governamentais a importância de ter a opção de usar variedades transgênicas para aumentar a competitividade da indústria alC godoeira brasileira. Juan Landivar, DeltaPine Internacional

TRANSGÊNICOS

A

história do contrabando de soja transgênica se repete com o algodão. Variedades não próprias para o cultivo no Brasil chegam da Argentina e logo o plantio torna-se incontrolável. Na safra atual, estima-se que o total da área plantada com sementes transgênicas de algodão supere os 40 mil hectares.

Agosto de 2004

www.cultivar.inf.br

Cultivar

23


Nossa capa

Controle prejudicado Dependendo da quantidade de palhada, o controle de plantas daninhas em aplicações de pré-emergência pode ser problemático, atingindo índices abaixo dos 50%

Charles Echer

O

controle de plantas daninhas, antes e durante o desenvolvimento das culturas, é extremamente importante, pois estas apresentam características mais agressivas que as plantas cultivadas, competindo pela luz, água, nutrientes do solo e espaço físico, reduzindo de modo drástico a produtividade das culturas e a qualidade dos produtos. Além disso, podem ser hospedeiras de doenças, nematóides e insetos (Deuber,1992). O período crítico de interferência segundo diversas pesquisas ocorre dos dez aos 45 dias, período este que a cultura não pode sofrer competição pelas plantas daninhas. As medidas de controle devem ser tomadas até dez dias após sua emergência. Considerando os estádios fenológicos pode-se dizer que o estágio de três a quatro folhas das plantas daninhas é atingido aos dez a 15 dias e 12 folhas aos 45 dias após a emergência do milho. As recomendações de herbicidas de aplicação em pré-emergência como em pós-emergência têm sido as mesmas tanto para o sistema de plantio direto como para o sistema convencional, independente do tipo e da quantidade de palha que existe sobre o solo. No plantio direto onde existe uma grande quantidade de cobertura morta, supõe-se que a concentração do herbicida aplicado em pré-emergência nem sempre atingirá o solo, podendo ficar boa parte do produto retido na palha que cobre o solo. Em função disto, alguns agricultores estão aumentando as doses dos herbicidas quando aplicados em sistema de plantio direto, com a justificativa de compensar as possíveis perdas ou retenção dos produtos pela palhada que poderá influenciar na eficácia de controle das plantas daninhas.

24

Cultivar

A origem e a quantidade de cobertura morta podem influenciar na capacidade de um herbicida residual em atingir o solo no sistema de plantio direto. Além disso, a quantidade e época das chuvas que ocorrem após a aplicação do herbicida também influenciam na lixiviação do produto da palhada até o solo. A solubilidade do produto em água é outro fator que confere maior ou menor capacidade do herbicida em atingir o solo (Marochi, 1999). Como conseqüência da retenção do herbicida pela palha, o produto é submetido a condições de fotodegradação e volatilização, reduzindo desta forma a sua eficiência. Foi verificado que alguns herbicidas são retidos na palha, mesmo ocorrendo

www.cultivar.inf.br

Agosto de 2004


chuvas logo após a aplicação, como é o caso do metribuzin (Banks & Robinson, 1982), oryzalin (Banks & Robinson, 1984) e das acetanilidas (alachlor, acetochlor e metolachlor) (Banks & Robinson, 1986), trifluralin (Rodrigues et al., 1998). Outros são facilmente lixiviados para o solo, com chuvas que ocorram 24 horas após a aplicação, como é o caso de atrazine (Rodrigues & Almeida, 1986; Fornarolli, 1997). Esses resultados, no entanto, foram obtidos com os produtos aplicados isoladamente, nunca em misturas. Rodrigues (1993) observou que a capacidade de um herbicida pré-emergente atingir o solo, no sistema de semeadura direta, é variável com o produto. Neste estudo, o clomazone apresentou evidências de ter sido interceptado pela cobertura morta, não ocorrendo o mesmo com o imazaquim. Pelos resultados, verifica-se que, embora ocorra a interceptação do produto pela palhada, a sua chegada ao solo é facilitada pela chuva, ou seja, nessas condições, a eficiência do produto pode estar condicionada a uma precipitação de pelo menos 20 mm para que o herbicida seja retirado da palha e possa atingir o alvo. O objetivo deste trabalho foi determinar a eficácia e a seletividade dos herbicidas acetochlor, S-metolachlor + safener e atrazine + S-metrolachlor quando aplicados em pré-emergência sobre diferentes níveis de palhada de sorgo.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no ano agrícola 2000/2001, na Fazenda Pedra

Agosto de 2004

Divulgação

Branca, localizada no Núcleo Rural Taquara em Planaltina (DF), em solo de cerrado do tipo Latossolo VermelhoAmarelo, textura argilosa. A área do experimento foi cultivada na safra anterior com a cultura da soja. O solo foi preparado em duas operações, sendo uma com grade aradora e outra com grade niveladora. A variedade de milho utilizado foi um híbrido simples 30F88 da Pioneer. A adubação de manutenção foi de 450 kg/ha da fórmula 08-20-12 NPK + 2 kg Boro/ha e a adubação de cobertura foi realizada aos 25 dias após a emergência, estágio no qual o milho estava com quatro a seis folhas com 200 kg/ha de uréia, distribuída à lanço em todo o experimento. O milho foi semeado mecanicamente no espaçamento de 0,8 m entre fileiras, com uma densida-

www.cultivar.inf.br

Para evitar o período crítico de interferência, medidas de controle devem ser tomadas até o décimo dia após emergência da cultura

de populacional de 55.000 plantas/ha. As sementes foram previamente tratadas com Promet na dose de 400 ml/100 kg de semente. No dia 28/11 foi aplicado o inseticida Karatê para o controle de lagartas. O delineamento experimental foi de blocos casualizados com 17 tratamentos, ou seja, um fatorial 4 X 4 onde 4 = níveis de palhada de sorgo 0; 2000; 4000 e 6000 kg/ha e 4 = herbicidas acetochlor (Kadett), atrazine + S-metolachlor (Primestra Gold) S-metolachlor + safener (Medal) e sem herbicida originando 16 tratamentos com quatro repetições, e uma testemunha com zero de palha, zero de herbicida e capinada. As

Cultivar

25


Tabela 1 - Características dos produtos a serem utilizados Nome comum Atrazine + metolachlor Acetochlor S- Metolachlor + safener

Concentração 200 g/l e 300 g/l 840 g/l 915 g/l

Dose p.c/ha i.a/ha 7,0 l 3500 g 3,0 l 2800 g 1,5 l 1372 g

parcelas experimentais foram de 4 m x 7 m (28 m2). A descrição dos herbicidas utilizados encontra-se na Tabela 1. A palha de sorgo foi pesada e distribuída de forma homogênea dentro de cada parcela, de acordo com cada tratamento (nível de palhada e herbicida). Posteriormente, os herbicidas foram aplicados em pré-emergência da cultura e das plantas daninhas, nas seguintes doses: Acetochlor (3,0 l/ha), Atrazine + S-metolachlor (7,0 l/ha) e S-metolachlor + safener (1,5 l/ha). A aplicação dos herbicidas foi realizada utilizando-se um pulverizador manual propelido a CO 2, equipado com uma barra de 1,5 m de comprimento, sendo os quatro bicos tipo leque Teejet 80.015, sendo que a área pulverizada foi de 2 m de largura, trabalhando a uma pressão de kg/cm 2, (42 lb/pol2) e proporcionando um volume de calda aproximado de 200 l/ha. As avaliações visuais da eficácia dos herbicidas foram realizadas aos 30 e 50 dias após a aplicação dos herbicidas para determinar a população de plantas daninhas presentes na área. Para as avaliações de eficácia de controle das plantas daninhas, foi utilizada a escala percentual de 0 a 100%, onde 100% significa controle total, 90-99% controle excelente, 80-89 controle aceitável, 50-79 controle não aceitável e 0-49 controle insuficiente, para cada espécie de planta daninha encontrada nas parcelas conforme des-

crito por Frans & Talbert (1977). Com o objetivo de se obter a distribuição percentual das espécies presentes no experimento, determinou-se a população inicial de plantas daninhas na testemunha

Tabela 2 - Eficácia de herbicidas, aplicados em pré-emergência, no controle de Bidens pilosa, Tridax procumbens e Pennisetum americanum. Brasília (DF), 2001 Tratamento

Chuvas, quantidade e origem da palhada e a solubilidade do produto podem interferir na chegada do herbicida ao solo

26

Cultivar

S-metolochlor + safener S-metolochlor + safener S-metolochlor + safener S-metolochlor + safener Atrazine + S-metolachlor Atrazine + S-metolachlor Atrazine + S-metolachlor Atrazine + S-metolachlor Kadett Kadett Kadett Kadett Testemunha 1 Testemunha 1 Testemunha 1 Testemunha 1

Palha (ton/ha) 0 2 4 6 0 2 4 6 0 2 4 6 0 2 4 6

www.cultivar.inf.br

Bidens Pilosa 30 DAS 50 DAS 72 55 45 47 73 78 70 75 95 90 94 95 98 95 88 90 88 84 87 87 77 70 81 78 0 0 10 10 10 10 15 20

Tridax procumbens 30 DAS 50 DAS 53 69 47 63 57 75 70 65 91 89 80 87 85 75 65 80 81 85 81 73 70 75 70 75 0 0 0 0 5 5 10 10

Peninisetum americanum 30 DAS 50 DAS 63 75 80 80 77 79 60 65 87 91 90 87 80 80 80 80 90 85 80 82 80 80 90 85 0 0 0 0 10 10 30 30

Agosto de 2004


Fotos Charles Echer

Foram realizadas avaliações visuais de toxicidade às plantas do milho aos 30 e 50 dias após a aplicação dos herbicidas, através da escala visual da European Weed Research Council (EWRC) em que 1 = a ausência de injúria, 2 = sintoma muito leve, 3 = dano leve aceito na prática, 4 = forte clorose, sem efeito na produção, 5 = duvidoso, 6 = prejuízo evidente, 7 = prejuízo pesado na colheita, 8 = prejuízo muito pesado e 9 = perda total. Ao final do ciclo da cultura do milho, foi obtido o rendimento de grãos colhendo-se, manualmente, 3 metros lineares das três linhas centrais de cada parcela, sendo a área útil de 12 m 2 por parcela. As espigas foram despalhadas e trilhadas manualmente e os grãos foram pesados. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância através do teste F e para a comparação das médias foi utilizado o teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Atrazine + S-metolachlor obtiveram o melhor resultado no comparativo de controle das plantas daninhas

capinada, previamente à capina, pelo método do quadrado de 50 x 50 cm, obtendo-se quatro sub-amostras de 0,25 m2 por parcela, perfazendo uma área de 1 m2.

Agosto de 2004

Na determinação da população de plantas daninhas, realizada no dia da primeira avaliação, observou-se a ocorrência de picão-preto na densidade de 60 plântulas/m2, milheto na densidade de 25 plântulas/m2, erva-de-touro na densidade de 15 plântulas/m2 e 15 plântulas/m 2 de outras espécies. Os resultados de eficácia do controle das plantas daninhas estão discriminados na Tabela 2. O herbicida atrazine + S-metolachlor apresentou um controle eficiente para o picão-preto em todos os níveis de palhada. Na avaliação aos 30 dias após a aplicação (DAA) as parcelas com 6.000 kg/ha de palhada a eficácia de controle foi inferior quando comparado com os 50 DAA, provavelmente devido à retenção do herbicida na palhada, retardando a movimentação do produto ao solo, o que reduz sua eficácia inicialmente. Para

www.cultivar.inf.br

Tabela 3 - Efeito da fitotoxicidade de herbicidas aplicados em pré-emergência e produtividade na cultura do milho. Brasília (DF), 2001 Tratamento S-metolochlor + safener S-metolochlor + safener S-metolochlor + safener S-metolochlor + safener Atrazine + S-metolachlor Atrazine + S-metolachlor Atrazine + S-metolachlor Atrazine + S-metolachlor Acetochlor Acetochlor Acetochlor Acetochlor Testemunha 1 Testemunha 1 Testemunha 1 Testemunha 1 Testemunha 2 Valor de F CV(%)

Palha Fitotoxicidade Produtividade (kg/ha) (ton/ha) (EWRC 1 a 9) 4.541 ab 0 1 1 4.353 ab 2 2 4.478 ab 4 5.062 a 1 6 4.729 ab 0 1 3.978 ab 2 4 4 4.374 ab 4 3 3.583 ab 6 5.208 a 0 1 3.895 ab 2 4 2 5.874 a 4 3 4.333 ab 6 0 1 2.600 b 3.866 ab 2 1 4.687 ab 4 1 1 5.104 a 6 4.687 ab 1 capinada 2,48 21

Médias seguidas de mesma letra não diferente entre si significativamente, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade DAA = dias após aplicação Testemunha 1: sem herbicida, diferentes níveis de palhada Testemunha 2: sem herbicida, sem palha, capinada

a planta daninha erva-de-touro o melhor controle foi nas parcelas onde não houve adição de palha (zero de palha). Observou-se que, com o aumento da quantidade de palha, o controle desta planta daninha tendeu a reduzir e somente teve um melhor efeito quando da segunda avaliação aos 50 DAA, possivelmente devido à lixiviação do herbicida através da palha, atingindo o solo, podendo controlar melhor as plantas daninhas. O herbicida acetochlor apresentou um controle aceitável (80-89 %) para a planta daninha picão-preto quando a quantidade de palha foi zero e 2.000 kg/ha, já para os níveis de palha de 4.000 e 6.000 kg/ha este controle não foi aceitável (5079 %), possivelmente devido à retenção do produto pela palha reduzindo, assim, a sua eficácia. A erva-de-touro, sendo uma

Cultivar

27


Fábio Quadros

Avaliações realizadas 50 DAA mostraram controle mais eficiente, devido à provável retenção inicial do produto na palha

planta daninha de difícil controle, apresentou nas parcelas onde não havia palha (nível zero de palha) controle aceitável (80-89 %). Na quantidade de 2.000 kg/ ha de palha o controle foi aceitável (8089 %) a partir da segunda avaliação realizada aos 50 DAA. Entretanto, para os níveis de 4.000 e 6.000 kg/ha de palha o controle não foi aceitável (50-79%). Os herbicidas acetochlor e atrazine + S-metolachlor apresentaram controle aceitável (80-89 %) em relação ao milheto, em todos os níveis de palhada. O herbicida S-metolachlor + safener apresentou controle não aceitável (5079%) para todas as plantas daninhas avaliadas e em todos os níveis de palhada. Quanto à fitotoxicidade, os resultados estão discriminados na Tabela 3. O herbicida S-metolachlor + safener apresentou, em relação à avaliação de fitotoxicidade, ausência de danos para as quantidades de 0, 2.000 e 6.000 kg/ha de palha; para 4.000 kg/ha observou-se sintoma muito leve. O herbicida atrazine + S-metolachlor, nas parcelas onde se adicionou 2.000 e 4.000 kg/ha de palha, apresentou dano pesado, ou seja, redução de crescimento e encarquilhamento de algumas plantas da parcela, portanto sem efeito no rendimento. Quando a quantidade de palha foi de 6.000 kg/ha observou-se dano leve, ou seja, redução de crescimento, portanto aceito na práti-

28

Cultivar

ca. Nas parcelas onde não se adicionou palha não ocorreu nenhum dano. O herbicida acetochlor não apresentou dano nas parcelas sem palha; nas parcelas com

2.000 kg/ha de palha observou-se dano pesado, portanto sem efeito no rendimento; nas parcelas com 4.000 kg/ha, o sintoma observado foi muito leve e quando a quantidade de palha foi de 6.000 kg/ ha notou-se dano leve, aceito na prática (Tabela 3). Não houve diferença significativa (p>0,05) em relação à produção de grãos, quando se comparou os três herbicidas, nos diferentes níveis de palhada e também com a testemunha que foi capinada (sem herbicida, sem palha e capinada) (Tabela 3). O tratamento que obteve diferença significativa (p<0,05) foi o tratamento da testemunha com nível zero de palhada e sem herbicida, que obteve menor produtividade, provavelmente devido à competição das plantas daninhas com a cultura do milho por água, luz, nutriente e espaço físico. Observouse que, quando se aumentou a quantidade de palhada nos tratamentos da testemunha sem herbicida, a produtividade também aumentou. Isto pode ser explicado pelo fato de que a palha reduz a incidência da luz direta na superfície do solo, reduzindo a germinação das plantas daninhas. Apesar da presença da palhada ter reduzido a germinação das plantas daninhas o uso dos herbicidas aplicados em pré-emergência não deve ser dispensado, uma vez que o controle das mesmas, obtido nos tratamentos da testemunha sem herbicida e com diferentes níveis de palhada não passou de 30% nas avaliações visuais (Tabela 2).

CONCLUSÃO O herbicida que apresentou melhor controle das plantas daninhas foi o atrazine + S-metolachlor. A presença de palha nos diferentes níveis não influenciou a eficácia dos herbicidas, uma vez que não houve redução da produtividade. O herbicida que apresentou maior fitotoxicidade à cultura do milho foi o atrazine + S-metolachlor. A ausência de palha nos tratamentos sem herbicidas permitiu uma maior germinação de plantas daninhas, o que ocasionou uma menor produtividade. A quantidade de 6.000 kg/ha de palha e sem aplicação de herbicida reduziu a germinação das plantas daninhas, mas o controle das plantas daninhas foi infeC rior a 30%. Avaliações realizadas 50 DAA mostraram controle mais eficiente, devido à provável retenção inicial do produto na palha

www.cultivar.inf.br

Karina Sául Haas, Roberto C. Pereira e Ricardo Carmona, Universidade de Brasília

Agosto de 2004



Soja

Agostinho Rodrigues

SOS soja Numa iniciativa inédita, a Bayer lançou na safra passada o Programa SOS Soja, com um Centro de Diagnósticos contra a ferrugem, instalado no Mato Grosso; na safra deste ano, 40 unidades estarão em funcionamento

A

ferrugem da soja, surgida no país a partir de meados de 2000, vem causando danos numa progressão geométrica. De acordo com os dados mais recentes, a doença causou na safra 2001/ 2002 uma perda de U$ 125 milhões, na safra 2002/2003 aproximadamente U$ 733 milhões, já na última safra, 2003/2004, uma redução de receita aos produtores na ordem de U$ 1,4 bilhão. Estes números expressam com clareza a capacidade de multiplicação da doença. Isso se deve por ela não ser exigente em termos de condições climáticas para sua instalação. De acordo com o pesquisador Ricardo Balardin, professor titular da UFSM, a doença se desenvolve desde a latitude 5 graus até a latitude 30 graus, do território brasileiro. Outro fator que, segundo o pesquisador, também levou a esse aumento assustador foi em primeiro lugar o desconhecimento da doença por parte dos produtores e demais membros da cadeia produtiva da soja. A difícil diagnose e até mesmo a descrença da capacidade destrutiva da doença, versus a busca por

30

Cultivar

uma equivocada redução de custos com defensivos, levou muitos produtores a perdas totais de suas lavouras.

Detectar a doença cedo reduz, pelo menos, uma aplicação de fungicida, segundo Vanderlei Reck

www.cultivar.inf.br

A Bayer Cropscience frente a esse histórico de perdas, principalmente causado pela dificuldade de diagnose, resolveu lançar o Programa SOS Soja, com o conceito de levar ao produtor a forma mais acertada de combate à ferrugem asiática, a rapidez no diagnóstico. Unidades dos Centros de Diagnósticos Bayer Cropscience serão lançadas em todo o país. Ao todo serão 40 unidades, as quais abrangerão as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, principais polos produtores de soja. Campo Novo do Parecis, Mato Grosso, foi a primeira localidade a contar com uma unidade do Centro de Diagnóstico Bayer Cropscience, onde os produtores locais puderam fazer uso da ferramenta de combate à ferrugem, sem nenhuma restrição.

Fotos Neri Ferreira

“A determinação do estágio da doença e qual produto usar facilitou nosso trabalho” diz Edilson Piaia

Agosto de 2004


Vanderlei Reck planta ao todo uma área de 6 mil hectares, desses, 3,5 mil são destinados ao cultivo de soja e 2,5 mil hectares à cultura do algodão. Ele relembra anos passados e diz que “parece mentira, mas eu não acreditava na existência da doença”. Hoje, ciente da capacidade destrutiva da ferrugem, Reck considera os laboratórios fundamentais para monitorar a instalação da doença. Ele conta, ainda, que utilizava uma lupa com a capacidade de aumentar em até 20 vezes a visão, quando ele conseguia ver que já havia a doença, o ponto de aplicação já estava passando. O laboratório implantado em Campo Novo do Parecis (MT), segundo Vanderlei, trouxe mais segurança aos produtores da região. “A coisa é boa mesmo, talvez me reúna com outros parceiros e monte um mini laboratório”. Reck diz que, detectar a doença cedo, reduz pelo menos uma aplicação de fungicida e garante a produção da soja. Outros produtores como os irmãos Gabriel e Joni Zanata, chegados de Tapejara (RS) ao Mato Grosso, há 28 anos, afirmam que “com ferrugem não tem meio termo; ou se trata na hora certa ou então ela acaba com tudo”. Plantar uma área de 7,6 mil hectares exige agilidade e bom senso na hora de pensar em defensivos, diz Gabriel. Ele comenta que na safra passada ao faltar produto no mercado valeu ter uma parceira como a Bayer - “o ágio comeu solto, mas a Bayer manteve os preços”. Edilson Piaia, produtor de soja, girassol e algodão, numa área de 5,5 mil hectares, é outro produtor que tentava detectar a doença com lupa. O resultado, era a imprecisão da hora de entrar com o fungicida, garante. “Isso ajudou não só a mim, mas a todos os moradores da região de Campo Novo”. Afinal, diz ele, todos aqui dependem da lavoura. Hoje, com o apoio especialistas, é possível determinar o estágio do fungo da ferrugem e com que produto entrar na lavoura, se um curativo ou preventivo, comenta. Contente com a safra que acabou de colher ele responsabiliza o programa e o laboratório pelo C bom resultado.

Irmãos Zanata concordam que a agilidade para tratar na hora certa é fundamental no caso da ferrugem

Agosto de 2004

SUCESSO DO LABORATÓRIO PILOTO NO MT Durante a safra passada, Agostinho Rodrigues, de Desenvolvimento de Mercado da Bayer, falou sobre o laboratório piloto que estava em funcionamento, no colégio agrícola municipal, em Campo Novo do Parecis (MT). Cultivar: Como surgiu a idéia dos laboratórios? Agostinho: A idéia surgiu a partir de discussões da equipe da Bayer com consultores e prescritores da região que viram que, após a chegada da ferrugem da soja, não seria fácil monitorar todas as propriedades como anteriormente e que deveríamos estabelecer um novo conceito no manejo das doenças da soja. A partir desta exigência do mercado tivemos a idéia de montar um laboratório que pudesse dar um suporte para estes consultores, na identificação e diagnose das doenças, nas propriedades em que eles atuavam. Este laboratório serviria para dar apoio à equipe de campo da Bayer, que sendo a empresa líder em fungicidas, não teria como acompanhar todas as lavouras e respectivos talhões plantados em diferentes épocas e variedades de ciclos diferentes.

sem diferenciação de tamanho de propriedade, foi atendido deste mega produtores que plantam até 60 mil ha de soja, como o grupo Fertipar, como produtores de assentamentos rurais da região, independente da empresa que eles tenham adquirido o fungicida.

Cultivar: Quais foram os custos para esta parceria? Agostinho: A Bayer arcou com os custos de reforma da sala e os custos da equipe técnica do laboratório e com os pesquisadores envolvidos no suporte técnico. Além dos materiais básicos do laboratório, a Bayer adquiriu três microscópios, sendo um deles com zoom e com adaptador para sistema fotográfico e uma camera digital para se tirar fotos das doenças e seu controle.

Cultivar: Como foi a demanda pelo serviço? Agostinho: A demanda foi muito grande, muito acima do esperado, não posso te quantificar no momento, mas atendiamos no periodos das 6h30min da manhã até altas horas da noite, com produtores procurando o pessoal da equipe a noite na residência, inclusive aos finais de semana, pois o laboratório ficou aberto durante toda a safra.

Cultivar: Os produtores pagaram pelo serviço? Agostinho: O custo para os produtores é zero. Por ser uma parceria da Bayer com o colégio agrícola municipal, portanto com a prefeitura de Campo Novo do Parecis, o laboratório atendeu a todos os produtores, sem excessão,

www.cultivar.inf.br

Cultivar: Como foi feita a divulgação deste trabalho? Agostinho: Como dito anteriormente, o laboratório surgiu para suprir a necessidade dos consultores da região, porém a noticia se alastrou com um produtor contando para outro e, a partir daí, tivemos que nos reestruturar para atender a todos. Fizemos uma inauguração oficial em novembro, já que o laboratório estava aberto desde de outubro, com a presença das radios e TV’s locais, mas a grande divulgação foi mesmo o “bocaboca” dos produtores.

Cultivar: Fazem análises só da ferrugem ou também detectam outros agentes de outras doenças? Agostinho: O laboratório faz a diagnose de todas as doenças e culturas. Em caso de dúvidas ou necessidade de equipamentos e materiais mais sofisticados temos o apoio das universidades UFMT e Univag, com seus respectivos pesquisadores.

Cultivar

31


Lançamento

Mais proteção Charles Echer

A

s doenças fúngicas estão entre os principais fatores que afetam o rendimento da soja e são responsáveis pelas variações de produtividade de uma safra para outra. Entre as doenças mais comuns na soja, diversas são de abrangência nacional e outras, como o oídio (Microsphaera diffusa), são localizadas em certas regiões, em virtude de exigências de condições específicas de clima, solo, hospedeiro anterior à soja ou certos fatores de disseminação. Dentre as doenças de distribuição nacional, destacam-se crestamento-foliar (Cercospora kikuchii), septoriose (Septoria glycines) e, a partir da safra 2001/02, a ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi). O complexo de doenças foliares de final de ciclo, representado pelo crestamento-foliar e septoriose, é importante devido à sua capacidade de redução no rendimento da cultura. Tem sido observada uma relação positiva entre anos úmidos e o aumento na severidade de ambas doenças. Os dois patógenos uma vez introduzidos nas lavouras podem sobreviver nos restos culturais. Fontes de resistência a estas doenças não têm sido encontradas, inviabilizando a obtenção de cultivares resistentes. A incidência das doenças de final de ciclo pode ser reduzida pela rotação de culturas, a incorporação dos restos culturais, a adubação equilibrada e o controle químico. A infecção por ferrugem causa rápido amarelecimento ou bronzeamento e queda prematura das folhas, impedindo a plena formação dos grãos. Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor será o tamanho dos grãos e, conseqüentemente, maior a perda do rendimento e Neri Ferreira

Paulo Callegaro explica o modo de ação do Sphere, lançamento da Bayer para doenças da soja

32

Cultivar

da qualidade. Como estratégias de controle da ferrugem, recomenda-se o plantio de cultivares mais precoces, semeadura no início da época recomendada e o controle com fungicidas. Quanto ao oídio, é uma doença localizada em determinadas regiões, que vem aumentando a sua importância em campos de multiplicação de sementes na entressafra, sob irrigação. Em elevada colonização dos tecidos superficiais da planta por oídio pode ocorrer uma redução significativa do rendimento da soja, devido à diminuição da área fotossinteticamente ativa. O uso de cultivares resistentes é o método mais adequado para o controle da doença e, no caso de indisponibilidade de tais cultivares, o controle químico também aparece como um método eficiente, evitando perdas na produtividade. Para o complexo de doenças fúngicas que ocorre em soja, um fungicida contendo dois ingredientes ativos com diferentes mecanismos de ação, como Sphere, permite um adequado e eficiente controle, em virtude do amplo espectro de ação e da prevenção ao surgimento de fungos resistentes. Trifloxystrobin e Cyproconazole – triazol sistêmico - são os componentes do novo fungicida Sphere, o qual se destina ao controle das principais doenças da soja. Para controlar ao mesmo tempo a ferrugem-asiática, oídio e as doenças de final de ciclo (crestamento-foliar e septoriose), deve-se realizar duas aplicações preventivas com Sphere, ambas na fase reprodutiva da cultura, sendo a primeira nos estádios R2/R3 (com a presença de flores e pequenas vagens “canivetinho”) e a segunda no estádio R5.1 (início de formação de grãos). Desta maneira, a lavoura de soja ficará plenamente pro-

www.cultivar.inf.br

tegida pelo fungicida durante o período mais crítico de incidência das doenças uma vez que Sphere reúne dois ingredientes ativos com modos de ação que se complementam (ação mesostêmica + ação sistêmica). Trifloxystrobin, o componente protetor de Sphere, pertence ao grupo químico das estrobilurinas e apresenta ação mesostêmica, o que significa uma alta afinidade com a superfície vegetal e com as camadas de cera, fazendo com que se armazene de forma duradoura, criando um zdepósito de substância ativa resistente à lavagem pela chuva. Nesse local, protegido da influência climática, Trifloxystrobin pode exercer sua eficiência e seu prolongado período de proteção. Mediante mecanismos de redistribuição, o ingrediente ativo alcança inclusive pontos próximos dos orgãos vegetais que não foram perfeitamente cobertos pela aplicação. Devido a sua atividade translaminar, certa quantidade do ingrediente ativo, que foi aplicado, penetra no tecido foliar. Além disso, outra parte passa a fase de vapor e através dela o ingrediente ativo se redistribui nas folhas e na planta tratada. Desse modo, a partir da ação mesostêmica, o manto protetor fungicida que envolve a planta e a protege eficazmente de infecções provocadas por fungos ativa-se, de tempos em tempos, a partir do depósito de ingrediente ativo. A combinação destas características únicas de Sphere proporciona à cultura da soja um controle de doenças prolongado e menos afetaC do por fatores climáticos. Paulo Callegaro Bayer

Agosto de 2004



Lançamento

Valor agregado E

m sua safra inaugural, o sistema Clearfield para arroz irrigado aumentou em média 20% o rendimento das lavouras, conforme acompanhamento realizado pela Basf, detentora da tecnologia, com os primeiros 98 produtores a utilizar o sistema. O estudo abrange 40 cidades do Rio Grande do Sul, área de 5,94 mil hectares cultivados, sendo a produção de 4,5 mil hectares destinada ao consumo humano e a de 1,44 mil destinada à produção de sementes. As principais regiões produtoras estiveram representadas. O melhor resultado foi obtido pelo produtor Valmar G. Cardoso Jr., de Capivari do Sul (RS), com produtividade média de 7,5 mil kg/ ha, ante as 5,4 mil que costumava colher.

SEM REGISTRO

A

lguns produtores tentaram implantar, por conta própria, o sistema Clearfield utilizando herbicida genérico. A Basf diz que o Only é o único produto registrado para essa modalidade de cultivo e alerta contra possível diminuição na rentabilidade de lavouras mal conduzidas.

34

Cultivar

Considerando os resultados e a opinião dos produtores, Leandro Martins, gerente de produtos da Basf, explica que para esta safra haverá estrutura para cultivar 100 mil hectares. Isso porque a empresa e seus parceiros, Irga e Rice Tec, treinam e acompanham o produtor durante o desenvolvimento da cultura.

SISTEMA CLEARFIELD Desenvolvidas a partir de seleção natural, as variedades Clearfield são tolerantes ao herbicida Only, produto que atua durante o período de germinação da semente e desenvolvimento da plântula, eliminando as invasoras sem comprometer a cultura. No geral, o novo sistema pouco difere do tradicional. A inovação reside na combinação das sementes tolerantes, do herbicida e do monitoramento da área. O conceito não se restringe, explica Martins, à aplicação de herbicida, mas se trata de um conjunto de medidas necessárias para reduzir a quantidade de arroz vermelho na área, como uso de sementes certificadas, bom preparo de solo, sistema de cultivo adequado, manejo de água e taipas, pós-colheita e rotação de culturas. Por isso a ênfase dada pela empresa ao treinamento de técnicos e produtores. A maior preocupação é com a utilização correta do sistema, pois a sua eficácia e conti-

www.cultivar.inf.br

O treinamento e acompanhamento dos produtores são a garantia para o sucesso do sistema que visa produção de 100 mil ha nesta safra

nuidade dependem de um esforço conjunto para evitar o desenvolvimento acelerado de invasoras também resistentes ao herbicida.

CLEARFIELD TERRAS ALTAS A Basf informou estar em estudo o sistema Clearfield para arroz de terras altas, mas não há previsão de lançamento de variedades no mercado. Trigo e girassol Clearfield C também estão em estudo.

RESULTADOS

U

sando a tecnologia Clearfield, o produtor pode reduzir a quantidade de sementes para 130 kg/ha. Mesmo assim, o uso do sistema onera em 2 a 3% o custo final da lavoura (ou R$ 105,00 a mais num custo anterior de R$ 3.500,00 por hectare), número inferior ao ganho resultante do aumento de produtividade, conforme informa a empresa. No caso do produtor Valmar Cardoso, a produtividade resultante do Clearfield gerou 38 sacos de arroz a mais por hectare; considerando R$ 32,00 como valor de venda do saco, o retorno chegou a R$ 1.216,00. Diminuindo os R$ 105,00 referentes ao aumento do custo de produção, temse o lucro da lavoura aumentado em R$ 1.111,00 por hectare.

Agosto de 2004


Informe empresarial

Agripec: 100% nacional Fotos Divulgação

S

oja, essa pérola da agricultura brasileira foi posicionada de forma definitiva como destaque no agronegócio. A safra 2003/2004 projetou o país como um grande celeiro na produção de grãos. Os resultados do ano passado alavancaram o segmento como um todo. Máquinas, fertilizantes, sementes e defensivos agrícolas somaram mais de US$ 12 bilhões, onde particularmente os defensivos representaram US$ 3,1 bilhões (26 % do total), tendo como destaque também a soja. Neste contexto, a Agripec, empresa 100% nacional, vem se ajustando constantemente para proporcionar ao agricultor uma solução completa para o segmento soja, dando ênfase, principalmente, ao desenvolvimento de fungicidas. Acompanhando esse planejamento, a área industrial da empresa vem se modernizando para atender às produções de novas formulações, assim como ampliando e atualizando as instalações já existentes. Complementa o plano diretor, além dos 16.700 m2 de área já construída, a recente aquisição de mais 8.500 m2, perfazendo uma área total de 25.200 m2, destinados ao significativo aumento de volume e movimentação de produtos acabados. Desta forma, para transporte e armazenamento, teremos uma logística mais competente, segura e adequada, que resultará na otimização do

Agosto de 2004

serviço levando qualidade aos nossos clientes. Dentre os projetos já realizados estão a ampliação da produção do Glifosato Agripec, a racionalização e ampliação de inseticidas líquidos e o aumento na produção de herbicidas líquidos. Durante o exercício de 2004, entrará em operação a nova planta de formulação SC (suspensão concentrada) e será dado início ao detalhamento técnico das novas plantas de WDG de herbicidas, fungicidas e inseticidas. Nos últimos três anos, a evolução de vendas da Agripec foi impulsionada por uma estratégia definida em cima do binômio relacionamento/distribuidor. Para isso, a empresa buscou obter, num curto espaço de tempo, produtos principal-

mente para o segmento soja, a fim de proporcionar um melhor atendimento aos nossos distribuidores e mostrar aos nossos parceiros transparência, seriedade e ética na condução de nossas políticas e negócios. Dessa forma, estamos muito confiantes em atingir, em 2004, um faturamento superior a US$ 200 milhões. Para o alcance dessa meta, contribuirá o lançamento de seis novos produtos, que farão parte de nosso portfólio. Desenvolvimento Sustentado, Investimento em Tecnologia e uma grande visão de futuro: essa é a fórmula que norteia o crescimento da Agripec e faz com que ela tenha uma participação decisiva no crescimento do agronegócio brasileiro, sempre criando novas C soluções e buscando novos mercados.

Desenvolvimento sustentado, investimento em tecnologia e uma grande visão de futuro é a fórmula que norteia o crescimento da Agripec

www.cultivar.inf.br

Cultivar

35


AENDA

Defensivos Genéricos

O referencial

O

regime de registro por equivalência química exige que o candidato forneça ao governo boletim analítico de cinco bateladas onde conste o teor do ingrediente ativo, todas as impurezas, sejam relevantes do ponto de vista toxicológico ou não, dados físicoquímicos e alguns testes toxicológicos de curto prazo. É o regime desenvolvido pela FAO e adotado pelo Brasil para evitar a repetição de dossiês toxicológicos e ambientais para os produtos de segundos e terceiros fabricantes após a queda da patente do original. Mesma química, mesmos efeitos. Essas informações serão comparadas aos dados do produto referencial apontado pelo candidato. Considera-se, para a equivalência, apenas os produtos em grau técnico. Internacionalmente existem dois tipos de fábricas: as que vendem para os países desenvolvidos e as que não vendem. Isso nada tem a ver com a qualificação das mesmas. Uma fábrica pode usar o mesmo processo e mesmas matérias-primas de outra, mas se não apresentar os five batches não vende para o mundo superior. Um batch só não vale. Tem que “provar” reprodutibilidade. É a dose de hipocrisia em controle de qualidade contida nas regras do comércio de baixo para cima. Pois bem, o Brasil é notoriamente do mundo inferior, mas esperneia e quer ser

o que não pode de um só salto. O governo, mais que de repente, passou a exigir os laudos das cinco bateladas de todos os produtos em grau técnico aqui registrados, oriundos de toda e qualquer fonte supridora. Ofereceu com magnanimidade noventa dias para essa adequação (vide Instrução Normativa nº 49, editada em 20 de agosto de 2002). Esses produtos técnicos serão os produtos de referência para o regime da equivalência. As empresas multinacionais viram-se obrigadas a gastar um pouco mais e elaborar esses testes nas suas fábricas brasileiras ou de países sem essa exigência. As empresas copiadoras, nacionais ou não, sabendo de sua incapacidade técnica momentânea para entregar tais dados recorreram à justiça, com receio de perder inclusive o registro que desenvolveram à luz da legislação anterior e que refletia a similaridade em relação aos produtos técnicos originais pela via dos efeitos biológicos (eram realizados testes toxicológicos e ambientais suficientes para comprovar a similaridade biológica). A justiça trapalhona concedeu liminar aos empresários e depois reconsiderou, jogando o problema para o fim da fila, devolvendo-o ao Poder Executivo. Hoje, a fila é nos laboratórios. Um corre-corre em 2002, 2003 e 2004 adentro. No Brasil, não havia um só laboratório

prestador de serviço com instrumental adequado e material humano treinado para essa nova demanda. Ah! Tem de exibir credenciamento Good Laboratory Practice (GLP), caso contrário não prestam. Mais hipocrisia no jogo pesado da concorrência. E a capacitação laboratorial para essa tarefa não é atividade simples. Exige caríssima aparelhagem e aprendizado técnico de ponta. Por exemplo, o que fazer quando o padrão analítico de uma impureza qualquer não está à venda nas prateleiras? Nestes casos, o laboratório separa/purifica tal impureza e faz a engenharia do seu próprio padrão. Inovação de conhecimento é a vantagem desta corrida; tempo e dispêndio de verbas é a desvantagem para os candidatos à equivalência. A espera já chega perto de dois anos para realização desse tipo de laudo. É por essas e por outras que o regime da equivalência ainda não foi implantado, apesar de instituído em janeiro de 2002, pelo Decreto 4074. O governo quer a excelência cartorial desde o início, não abrindo espaço para adaptações e transitoriedade. Pior, valendo-se desse novo instrumento brecou a ferro e fogo o registro dos produtos genéricos, pois a similaridade biológica foi abolida e a equivalência química não entra em cena. “Governar é diminuir a oferta”, deve C ser o lema governamental!



Negócios Publicamos abaixo o preço médio de inseticidas e fungicidas, originários de 18 municípios paulistas, em levantamento feito junto aos revendedores e cooperativas, sob condições de venda à vista. Informações fornecidas pelo IEA e Aenda.

Tabela de Defensivos - Preços dos Produtos Classe e Produto

Ingrediente Ativo

Ago/03

Preço Médio - R$ Out/03

Jan/04

Abr/04

44,12 48,09 27,36 4,34 55,87 29,54 215,64 37,90 59,34 75,94 19,18 88,49 27,12 30,11 xxxxx 58,42 85,40 392,08 30,76 26,97 27,51 305,16 89,52 4,49 23,64 31,62 81,88 132,60 4.481,83 155,17 40,53 71,02 37,83 25,77 488,87 21,93 17,82 84,12

43,74 46,36 26,85 4,47 56,83 30,46 231,20 39,41 61,18 72,94 19,63 92,50 28,45 30,17 xxxxx 59,58 86,66 407,48 29,85 27,24 28,25 291,55 88,79 4,32 22,97 30,38 80,43 131,83 4.381,75 160,38 41,66 76,89 37,95 26,48 501,92 23,14 18,03 85,03

44,78 49,19 27,38 4,49 55,70 30,70 225,19 39,89 62,67 75,88 20,06 96,95 28,79 29,85 xxxxx 59,79 88,36 433,48 28,36 28,10 28,39 307,18 90,26 4,41 xxxxx 30,6 80,29 134,57 4.340,85 164,43 xxxxx 80,01 39,32 26,75 487,18 23,42 17,94 83,03

45,13 51,04 26,62 4,55 56,55 31,75 245,13 40,92 64,30 xxxxx 20,23 100,65 31,13 31,00 77,54 62,01 89,17 455,86 29,80 29,98 29,96 312,22 90,49 4,24 xxxxx 30,90 91,29 141,28 4224,65 169,99 43,71 84,32 39,52 27,90 507,40 25,09 18,92 87,42

144,82 68,13 19,32 107,33 175,42 70,02 101,28 61,20 54,28 54,09 Xxxxx 49,61 57,55 22,34 439,03 xxxxx 66,40 107,12 206,17 117,89 189,96 149,41 165,51 23,02 234,76 xxxxx 81,28 245,11 56,72

145,67 67,40 19,81 110,05 174,79 xxxxx 98,67 61,84 59,15 53,96 53,62 49,84 59,43 22,06 437,78 115,02 70,18 110,54 221,49 123,35 190,49 147,12 170,95 22,34 230,52 31,10 82,12 238,34 56,43

139,50 68,49 19,60 109,27 175,83 xxxxx 103,91 61,96 56,75 54,42 51,48 49,77 59,74 22,24 450,80 119,34 70,10 113,43 219,40 118,05 197,06 154,04 172,83 22,64 228,56 32,23 82,97 245,68 55,83

143,00 69,49 20,61 116,22 170,63 xxxxx 110,52 63,02 55,36 53,60 53,09 51,44 62,37 22,85 455,01 127,25 73,36 122,49 206,86 xxxxx 203,07 164,02 190,00 22,34 241,17 31,19 87,49 247,32 58,25

Unidade abr/03 Inseticidas

Actara 250 WG Arrivo 200 CE Azodrin 400 Blitz Cartap BR 500 Confidor 700 GRDA Counter 150 G Curacron 500 Decis 25 CE Diafuran 50 Dimetoato 500 CE Dimilin Dipterex 500 Folidol 600 Furadan 50 G Furadan 350 TS Fury 200 EW Futur 300 Hamidop 600 Lannate BR Lorsban 480 BR Marshall 400 SC Match CE Mirex – S Nuvacron 400 Orthene 750 BR Piredan Regent 20 G Regent 800 WG Rimon Saurus Semevin 350 Supracid 400 CE Tamaron BR Temik 150 Thiodan CE Trigard 750 PM Triona

Thiametoxan Cipermetrina Monocrotofós Fipronil Cartap Imidacloprid Terbufós Profenofós Deltametrina Carbofuran Dimetoato Diflubenzuron Triclorfon Parathion Metílico Carbofuran Carbofuran Zetacypermethrin Thiodicarb Metamidofós Methomyl Clorpirifós Carbosulfan Lufenuron Sulfluramida Monocrotofós Acephato Permethrin Fipronil Fipronil Novaluron Acetamiprid Thiodicarb Methidathion Methamidofós Aldicarb Endosulfan Cyromazine Óleo Mineral

100 g 1L 1L 500 g 1 Kg 30 g 15 Kg 1L 1L 10 Kg 1L 500 g 1L 1L 10 Kg 1L 1L 5L 1L 1L 1L 5L 1L 500 g 1L 500 g 1L 1 Kg 6 Kg 1L 100 g 1L 1L 1L 20 Kg 1L 15 g 20 L

42,91 53,52 24,4 4,36 55,19 29,09 201,39 34,09 57,00 72,23 18,90 85,07 26,85 28,32 xxxxx 59,25 83,92 379,53 29,80 25,67 27,04 292,55 82,99 4,36 22,35 31,88 75,43 115,96 4.406,65 141,76 37,80 73,47 36,57 25,31 481,54 21,48 16,90 79,11

Cyproconazole Azoxystrobin Propineb Triadimenol + Disulfoton Triadimenol + Disulfoton Benomyl Fentin Hydroxyde Tiofanato Metílico Chlorotalonil + Tiofanato Cymoxanil + Mancozeb Cymoxanil + Maneb Chlorothalonil Carbendazim Mancozeb Mancozeb Tetraconazole Tolyfluanid Tebuconazole Fluazinam Propiconazole Hidróxido de Cobre Epoxiconazole + Pyraclostrobin Epoxiconazole Captan Oxicloreto de Cobre Thiram Metalaxyl + Mancozeb Difenoconazole Carboxin + Thiram

1L 100 g 1 Kg 1L 12,5 Kg 1 Kg 1L 1 Kg 1 Kg 1 Kg 1 Kg 1 Kg 1L 1 Kg 25 Kg 1L 1 Kg 1L 1L 1L 10 Kg 1L 1L 1 Kg 25 Kg 1L 1 Kg 1L 1L

144,24 65,07 18,87 104,49 176,82 62,05 94,91 58,50 53,42 54,02 Xxxxx 46,77 54,75 21,93 423,25 xxxxx 62,14 102,57 194,25 111,85 194,21 128,56 157,00 21,01 226,71 29,56 78,36 227,59 48,21

Fungicidas Alto 100 Amistar 500 WG Antracol 700 PM Bayfidan CE Baysiston GR Benlate 500 Brestanid SC Cercobin 700 PM Cerconil PM Curzate BR Curzate M + Zinco Daconil BR Derosal 500 SC Dithane PM Dithane PM Domark 100 CE Euparen M 500 PM Folicur 200 CE Frowncide 500 SC Juno Kocide WDG Opera Opus Orthocide 500 Recop Rhodiauran SC Ridomil-Mancozeb Score Vitavax-Thiram 200 SC

38

Cultivar

www.cultivar.inf.br

Agosto de 2004



Negócios

Grandes avanços na Sinon do Brasil

Ricardo Lessi

Jurandir Pacini

Espetáculo no lançamento do Sphere Em noite de gala na cidade de Cuiabá (MT), foi lançado o Sphere, proteção ponto a ponto. Ricardo Alexandre Lessi, gerente de produtos fungicidas da empresa, apresentou o novo produto e seu conceito de solução global. O produto vem para resolver as DFCs, Oídio e a Ferrugem da Soja. Presenças como de Jurandir Pacini, diretor de negócios da Bayer Cropscience, denotaram a importância e o quilate do evento. Sob a apresentação da Jornalista Rosana Jatobá, âncora do Globo Rural diário, o even-

Rosana Jatobá

to reuniu mais de 900 produtores. A apresentação técnica do produto esteve a cargo de Paulo Calegaro, gerente técnico e indicações de produtos. Segundo Calegaro, este produto não é uma simples mistura de dois princípios ativos, mas o somatório sinérgico de duas moléculas de alta tecnologia, as quais, reunidas carream suas ações mesostêmica e sistêmica, do Trifloxtrobin e do Cyproconazole respectivamente, gerando segurança no controle das doenças de maior impacto financeiro na cultura da soja. Levar informação qualificada sobre o cenário macroeconômico, pois investir com segurança é imprescindível, também foi preocupação da Bayer Cropscience nesse evento. Através das palavras e gráficos apresentados por Carlos Alberto Sardemberg, Jornalista da CBN, os produtores puderam ver como se comportará o mercado da comodite para a próxima safra.

O gerente de marketing Brasil, Joelson Mader, apresentou com satisfação os bons resultados da empresa em sua primeira safra. Segundo ele, isso é fruto da qualidade dos produtos. Diga-se de passagem os produtos Glister e Mandarim, herbicida e fungicida respectivamente, tornaram-se marcas globais da empresa. Na safra 2004/2005, ele espera dobrar o faturamento da empresa. Dentre as estratégias da companhia o lançamento de dois novos produtos, já no segundo semestre deverá incrementar o portifólio de soluções agrícolas para a nova safra. Os iseticidas Potenza e o Acefato virão para atender os mercados de laranja e conservação de grãos em silos respectivamente. As formula-

ções dos produtos, a partir desse ano, serão feitas no Brasil. A empresa deverá montar duas indústrias, uma em São Paulo e outra no Rio Grande do Sul. Esta localização estratégica visa ao mercado interno, bem como às exportações para o Mercosul. A equipe de vendas da empresa também deverá aumentar. Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia poderão contar, agora, com a presença dos representantes técnicos de vendas da empresa. Outro reforço da empresa, em se tratando de recursos humanos, foi a contratação de Valeri Sberse para a área financeira. Com passagens por Milênia e Kraft (chocolates Lacta), traz consigo a experiência para a análise financeira do mercado.

Joelson Mader

Valeri Sber

Recolhimento de embalagens vazias cresce 159% neste ano O Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev) apresentou ao Ministério da Agricultura o balanço semestral de recolhimento de recipientes. No primeiro semestre de 2004 foram recolhidas 8.059 toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos, um aumento de 159,1% se comparado com o mesmo período do ano anterior (3.110 toneladas). Nos últimos doze meses, o volume recolhido soma 12.800

40

Cultivar

toneladas. “Mais uma vez o setor agrícola brasileiro dá exemplo na conservação do meio ambiente. Os índices de conscientização dos agricultores quanto à importância ambiental do sistema de devolução de embalagens está em visível ascensão”, enfatizou o presidente do Inpev, João César Rando, ao divulgar os números. No mês de junho foram recolhidas 1.357 toneladas de embalagens. Os Estados do Paraná, Mato Grosso e

São Paulo lideram o ranking de recolhimento ao concentrar 55,3% do total recolhido em todo o país, ou seja, mais de 750 toneladas de embalagens (respectivamente 342, 217 e 191 toneladas). A evolução dos índices de recolhimento em todos os Estados do Brasil é expressiva. Quando comparado o primeiro semestre de 2003 com o mesmo período de 2004, o crescimento é significativo. João Rando

www.cultivar.inf.br

Agosto de 2004



Agronegócios

O desafio sanitário da soja D

esde 2003 o Brasil é o princi pal exportador de soja do mun do, quando obteve US$8,4 bilhões em divisas. Em 18,5 milhões de hectares foram colhidas 52 milhões de toneladas, das quais 29 milhões foram processadas, resultando em 5,6 milhões de toneladas de óleo e 23,4 milhões de toneladas de farelo. Detendo 26,5% da produção mundial, o Brasil alcançou o píncaro da produtividade mundial, com média nacional de 2.816 kg/ha. Os melhores produtores colheram quase o dobro desse valor. Para a próxima safra estima-se que, na ausência de fatores adversos, deva ocorrer um acréscimo superior a 20% em relação à produção deste ano.

NÚMEROS GRANDILOQÜENTES Os estudiosos do assunto estimam que o valor dos negócios movimentados na cadeia da soja sejam equivalente a dez vezes o valor exportado. Assim, em 2003, cerca de US$84 bilhões (17% do PIB brasileiro) teriam irrigado os negócios de sementes, agrotóxicos, fertilizantes, máquinas, implementos, combustíveis, transportes, armazenagem, seguros, intermediações financeiras, processamento, embalagens etc., no interregno entre a decisão de plantio do produtor e a exportação ou o consumo final da soja no mercado interno. A produção de soja no Brasil dobrou entre 1990 e 2003. Esse aumento foi devido, principalmente, a um incremento da produtividade que passou de 2.000 kg/ha a mais de 2.800 kg/ha, nesse período. A razão principal do sucesso está no investimento em pesquisa de soja, ao longo do último quarto de século. Entretanto, embora o sucesso da pesquisa de soja seja um dos melhores exemplos da contribuição da P & D agropecuária ao desenvolvimento nacional, estamos longe de poder deitar eternamente em berço esplêndido, ao embalo de glórias passadas. Em tempos de metáfora, dir-se-ia que o treino acabou, o campeonato vai começar agora. Como exemplo refira-se que, apenas para o controle da ferrugem da soja –, última das pragas exóticas que ingressou no Brasil – estima-se um dispêndio de R$2 bilhões com fun-

42

Cultivar

gicidas, para a safra que se avizinha. Nem os produtores, nem o Brasil, suportarão esse custo adicional, indefinidamente, razão pela qual necessitamos desenvolver outras formas de controle ou convivência com a ferrugem da soja.

OPORTUNIDADE E AMEAÇA Embora oscilações nas taxas de incremento da demanda mundial devam ocorrer, seguramente elas serão positivas por, no mínimo, uma década. A maior parcela do atendimento dessa demanda deve provir das lavouras da América do Sul (Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia). Associada indelevelmente à expansão das oportunidades de negócios está a ameaça sanitária, pois crescem - em forma logarítmica - os riscos de ingresso de novas pragas exóticas na região. Dois outros fenômenos associam-se à expansão da soja rumo a novos nichos ecológicos e à maior disponibilidade de alimento para pragas: o surgimento de novas pragas (adaptação de espécies por vácuo ecológico) ou erupções mais freqüentes, mais abrangentes e mais intensas de pragas tidas como eventuais, secundári-

www.cultivar.inf.br

as ou esporádicas. Neste cenário, potencializam-se os riscos de danos de pragas, acirra-se o recurso ao uso unilateral de agrotóxicos e novas barreiras sanitárias podem ser impostas à soja brasileira. Em conseqüência, deve crescer, na mesma proporção, a demanda por informações e tecnologias que permitam a mitigação dos riscos associados com a expansão da área e o crescimento da produção de soja, assim como de prejuízos causados à soja por ataque de pragas.

Julho de 2004


O RISCO DAS PRAGAS EXÓTICAS Embora originária do Nordeste da China, a soja é hoje cultivada nos cinco continentes, sob as mais variadas condições de clima, solo e sistemas agrícolas, em contato com diferentes complexos florísticos e faunísticos. Algumas pragas são comuns a mais de uma região, porém a maioria é característica de uma região específica. Esse fato pode decorrer da incapacidade de adaptar-se a novos ambientes (o que é desejável) ou da falta de oportunidade de ingresso da praga no novo ambiente. Apenas o trabalho conjunto e integrado entre os sistemas de P&D e de defesa agropecuária pode minimizar os riscos de ingresso e proliferação de pragas. A literatura registra mais de uma centena de insetos e um número elevado de fungos, bactérias, vírus, nematóides ou plantas daninhas, considerados pragas de soja. Um estudo preliminar, conduzido pela Embrapa, mostrou que, desse total, destacam-se 64 pragas exóticas que atacam a soja em outros países e que merecem atenção especial (48 insetos, três ácaros, uma bactéria, um fungo, dois vírus e 11 nematóides). Destas, 22 pragas foram con-

sideradas de alto risco devido ao elevado potencial de introdução e dispersão e aos seus impactos econômicos, ambientais e sociais. Também há o risco de aumento dos danos de pragas secundárias já existentes no Brasil, ou de outros estresses bióticos que venham a prejudicar a cultura, devido ao ingresso da soja em novos nichos ecológicos. O risco de uma praga não haver ocupado determinado nicho por falta de oportunidade é uma ameaça sempre presente.

INVESTIMENTO IMPERIOSO Com a crescente globalização dos mercados e o aumento vertiginoso do intercâmbio comercial, as oportunidades de introdução de pragas exóticas se multiplicam. Para evitar que uma praga ingresse em um novo ambiente, os governos dispõem dos serviços sanitários e seus processos (quarentena, vigilância, monitoramento, campanhas de educação e erradicação etc.). Como é impossível operar um sistema sanitário com risco zero, sempre existe a possibilidade de um determinado organismo patogênico ingressar no país e estabelecer-se como praga séria para a sojicultura nacional e regional. Fica patente que a soja, motor do agronegócio – por sua vez o sustentáculo da economia nacional – está à mercê de ameaças que podem esboroar a sua competitividade e sustentabilidade, drenando divisas, renda e postos de trabalho, além do incomensurável risco ao meio ambiente. Um negócio que movimenta 17% do PIB brasileiro merece investimentos anuais equivalentes a fra-

ções de milésimos desse valor para garantir a sua sustentabilidade. Estamos falando de divisas, de renda, de salários, de empregos, de desenvolvimento que transformar-se-ão em fumaça se não houver uma iniciativa enérgica das lideranças públicas e setoriais.

P&D E O FUTURO DA SOJA Mais do que nunca será necessário investir maciçamente em programas de Pesquisa e Desenvolvimento. A soja brasileira ficou muito grande para prescindir de pesquisa à altura de seu potencial e das ambições futuras do Brasil. Além dos programas tradicionais de pesquisa, teremos que investir, com agressividade crescente, em tecnologias para evitar o ingresso de novas pragas ou para mitigar o seu impacto, na eventualidade de ingresso. São programas caros, demorados e trabalhosos, que envolvem parceiros nacionais e internacionais, destinados a gerar novas cultivares resistentes a pragas quarentenárias. Igualmente, teremos que investir em controle biológico e outras formas de controle dessas pragas, desenvolvendo a tecnologia antes que a praga ingresse no país. A alternativa é o pior dos mundos: a introdução de uma das 64 pragas exóticas acima referidas, gerando pesadas perdas de produtividade e acréscimos monumentais no custo de produção. A questão não se esgota nesse ponto. Pragas principais podem tornar-se resistentes aos métodos de controle atualmente utilizados. Pragas secundárias podem sofrer erupções de vulto ou mesmo assumir o status de praga principal. Outros organismos, que sequer eram referidos como pragas da cultura, podem adaptar-se à mesma, em função do vácuo ecológico e pela simplificação do ecossistema decorrente da monocultura da soja. Portanto, quem pretende ser o primeiro do mundo terá que investir para que efetivamente mereça chegar lá e, o mais importante, lá permanecer!

PESQUISA E SANIDADE Paralelamente, todo o sistema de sanidade agropecuária terá que ser aprimorado. Reforços nas fronteiras do Brasil, em especial portos, aeroportos e passos fronteiriços, são essenciais. Novas técnicas de amostragem e inspeção necessitam ser desenvolvidas. Um sistema capilar e eficiente de monitoramento e vigilância fitossanitária deve ser organizado e mantido para constituir-se em ferramenta de detecção precoce e barreira à disseminação de novas pragas. Neste caso não estamos falando apenas de órgãos governamentais, porém de toda a cadeia produtiva de soja, que deverá compartilhar com os órgãos oficiais esta C responsabilidade. Décio Luiz Gazzoni Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja www.gazzoni.pop.com.br

Julho de 2004

www.cultivar.inf.br

Cultivar

43


Negócios

Olho no futuro Fotos Divulgação

A

FMC Agricultural Products levou 170 produtores de algodão, com as esposas, para Buenos Aires, de 07 a 10 de julho, a fim de participarem da 10ª reunião do Clube da Fibra, o tradicional evento da empresa para discutir, anualmente, aspectos relacionados à cultura e industrialização do algodão. Na reunião do Clube, em 1999, em Brasília, foi criada a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), entidade que hoje participa da organização do evento. Durante três dias, no Sheraton Buenos Aires, sob a liderança de Antônio Carlos Zem e de Jorge Maeda, respectivamente presiden-

Ver a cultura a partir de uma perspectiva externa é uma necessidade do produtor brasileiro, afirma Antônio Carlos Zen

44

Cultivar

tes da FMC e da ABRAPA, os principais produtores de algodão do país participaram de palestras e discutiram os principais problemas do setor. Todas as associações estaduais estiveram representadas pelos presidentes. Palestrantes como Carlos Valderrama, do Comitê Internacional do Algodão (ICAC), e Thomaz Reinhart, da Reinhart Trading, mostraram aos cotonicultores brasileiros a situação atual do mercado e as perspectivas futuras imediatas. Ainda que os preços estejam em queda, devido à retração das compras pela China, a tendência é de melhoria, mostraram em função dos baixos estoques mundiais e ao aumento constante, ainda que lento, do consumo. A China, que nos últimos oito anos ampliou em quatro milhões de tonelada anuais o consumo de algodão, quando o resto do mundo aumentava apenas 1,5 milhões, está comprando menos em função do crescimento de sua produção interna. Mas na próxima safra importará algo em torno de dois milhões de toneladas. Já o Brasil tem seu consumo flutuando, desde 1990, em torno de 800 mil toneladas. E os Estados Unidos reduziram à metade o que consumiam em 1996, gastando hoje cerca de 1,35 milhão de toneladas por ano, mostraram. Apesar disso, as perspectivas são animadoras na medida em que os preços tendem a se estabilizar em patamar compatível para os produtores brasileiros, tendo em vista a vantagem dos impressionantes resultados obtidos em produtividade.

www.cultivar.inf.br

A escolha da cidade de Buenos Aires para sede do evento, explicou Antônio Zem, obedeceu exatamente à necessidade de o produtor brasileiro passar a ver sua cultura a partir de uma perspectiva externa, não mais permanecendo com os olhos no Brasil. O algodão é um produto que ganha expressão – para os produtores e o país – na medida em que ocupa espaços no mercado internacional. E isso vem sendo possível graças aos avanços em qualidade e produtividade, explicou. A FMC fatura anualmente US$ 140 milhões e tem no algodão uma das culturas que mais C utilizam seus produtos.

Principais líderes da cadeia produtiva do algodão reunidos na 10ª Reunião do Clube da Fibra, em Buenos Aires

Agosto de 2004


Informe jurídico • Newton Peter • OAB/RS 14.056 • consultas@newtonpeter.com.br

Responsabilidade e dívida tributária

A

extensão da responsabilidade por dívida da empresa ao patrimônio pessoal dos sócios tira o sono de muitos empresários. Uns, precavidos, perdem o sono antes de haver problemas e tratam de reduzir o espaço de ação do azar. Outros, menos avisados ou demasiadamente crentes na limitação da responsabilidade pessoal dos sócios, enfrentam a insônia pós-problema, época de minguado espaço para manobras. Bons generais, em batalha, tratam de manter o maior número de opções de movimento. Isso requer planejamento. O Código Civil dispõe, em seu primeiro artigo específico sobre sociedades limitadas, que, nesse tipo de empresa, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. A lei parece clara. Se não há responsabilidade além das quotas, por que se preocupar? Como disseram os embaixadores atenienses na Lacedemônia, por ocasião de queixas durante assembléia para avaliar a situação de peloponésios, origem da grande Guerra do Peloponeso: “quem pode usar a força não tem necessidade de apelar para o direito”. No discurso os atenienses tentavam convencer os demais sobre as razões motrizes do aumento do seu domínio na Grécia Antiga. Embora muitas atitudes do Poder Público estejam aparentemente calcadas na lei, fato é que a luta entre o cidadão e o Estado possui maior disparidade do que aquela encampada por Davi contra o gigante Golias. O Estado possui recursos ilimitados; o cidadão tem de arcar com as despesas inerentes à sua defesa, com o estresse de ser atacado e, ainda, precisa encontrar forças para seguir suas atividades empresariais, fonte de rendimentos para sua subsistência. Eis o problema: culpado ou inocente, o cidadão, a partir do momento de sua perseguição pelas vestais do Estado, transpassa o portão do inferno. Mesmo tendo sua tese aca-

tada pelo Judiciário, tem de enfrentar anos de dor, ansiedade e sofrimento! Ao mesmo tempo o Governo, mesmo perdendo, nada perde, pois nada é realmente seu.

O DESEJO DO EST ADO ESTADO Para os procuradores do Estado, o não pagamento de obrigação tributária sujeita administradores e sócios da empresa à responsabilidade patrimonial sobre a sociedade. Nesse caso,

a responsabilidade não se limita ao capital social da empresa, mas aconteceria a chama “desconsideração da personalidade jurídica”, artifício novo no Direito Brasileiro que permite cobrar integralmente das pessoas físicas o montante devido pela pessoa jurídica. Essa tese traz em seu cerne a premissa de culpa do empresário, até que seja provada sua inocência. Em outras palavras, há uma inversão de papéis. O Estado deixa de existir para o bem das pessoas; as pessoas passam a existir e a trabalhar para o bem do Estado, segundo a lógica dos seus funcionários. Certa vez, durante o auge dos discursos sobre privatizações nos anos 1990, o embaixador Roberto Campos notou que as estatais brasileiras já haviam sido privatizadas: os funcionários eram seus verdadeiros donos! Não mais elas serviam seus acionistas, mas estavam lá para pagar salários elevadíssimos e conceder vantagens sem

igual a funcionários e fundos de pensões. Para os funcionários do Estado, portanto, todo empresário seria um patife até prova em contrário. Seus bens pessoais devem responder por qualquer problema porventura acontecido na pessoa jurídica, visto ser a fraude e o dolo os meios de ação desses perversos capitalistas. Absurdo ou não, às vezes essas idéias encontram ouvidos no Judiciário. Uma desembargadora, sentenciou, este ano, empresário com dificuldades na pessoa jurídica a entregar parte de seu patrimônio para cobrir dívidas. Como argumento ela disse que “a alegada crise não teve repercussão financeira na vida pessoal e nos bens particulares do réu”. Pasmem, por essa lógica, os proprietários de empresa em dificuldades, ao invés de resguardar seus bens pessoais, seriam compelidos a gastar tudo o que têm para saldar dívidas da empresa com o Fisco. Como não havia provas de desvio de dinheiro da empresa para a pessoa física, a presunção era a necessidade de se saciar o apetite do Estado, mesmo significando empobrecimento do cidadão.

POSIÇÃO DO STJ Felizmente, o Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência apontando a desconsideração da personalidade jurídica em três casos: dissolução irregular da sociedade, infração à lei tributária por dirigente, ou ação com excesso de poderes. O simples inadimplemento da empresa não caracteriza infração legal, mesmo porque quem está obrigado a recolher os tributos devidos é a própria pessoa jurídica. De qualquer modo, melhor sempre prevenir, pois há dezenas de particularidades que podem resultar em sentenças distintas. Procure seu advogado e faça um levantamento da situação. Que tal aliar isso a uma auditoria periódica, externa, das contas? Quanto antes se souber a real situação, maior o espaço para manobrar.

Decidido nos tribunais CONDENAÇÃO - O TRF-4 condenou dois sócios-gerentes por não recolherem aos cofres do INSS as contribuições previdenciárias descontadas dos empregados. Eles foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) em 2001 por sonegar os pagamentos devidos ao instituto de outubro de 1998 a dezembro de 1999. O montante devido à Previdência Social, incluindo os acréscimos legais, totalizava R$ 106.007,38 em agosto de 2000.

Julho de 2004

www.cultivar.inf.br

O TRF não aceitou a alegação de que a crise financeira isentava os sócios de culpa. Segundo o relator, desembargador Luiz Fernando Wowk Penteado, “o interesse particular não pode prevalecer em detrimento do interesse público. O empresário deve buscar a manutenção dos empregos dos seus funcionários, bem como da sua empresa em atividade, apenas não se pode aceitar que esses objetivos sejam alcançados com prejuízo à Previdência Social, que por via de conseqüência atinge toda a coletividade”, afirmou Penteado.

Cultivar

45


Entrevista: Paulo Cau

Avanços e obstáculos d Dekalb

O gerente executivo de negócios da Dekalb do Brasil, Paulo Cau, diz que o crescimento da área plantada com soja no país impulsiona diretamente o plantio de milho. Por outro lado ele acredita que os produtores brasileiros estão em desvantagem em relação aos americanos e argentinos, já que o país ainda não pode plantar híbridos transgênicos com resistência a herbicidas, pragas de solos e aéreas. Em conversa com a Revista Cultivar, ele falou sobre a participação da empresa no cenário nacional, fatores limitantes da cultura e os avanços da biotecnologia

C

omo você vê o mercado de milho no Brasil, atual mente, num momento em que a soja está cada vez mais forte? É preciso ver certo isso, como produto ideal pra fomentar também a soja. A rotação de culturas entre milho e soja é o pacote ideal para uma agricultura sustentável, para que o produtor tenha rentabilidade. Então pra nós quanto mais área de soja tiver no país, nós entendemos como avanço, como alguma coisa muito positiva porque o produtor, estando capitalizado vai conseguir plantar a sua soja, vai conseguir fazer rotação com milho, o que é bom para o negócio agrícola de forma geral. Então, nós vemos com bons olhos a boa fase da soja, os bons preços da soja e a boa fase de exportação de carne branca (aves e suínos) e também o consumo interno de carne, fazendo com que cresça a necessidade de grãos de milho no Brasil. Então, é um pacote muito saudável para todo o negócio agrícola esta fase excelente da soja, que também é muito boa para o milho tanto como rotação de cultura, como também por necessidade de grãos que o país precisa para desenvolver a sua indústria de carnes.

46

Cultivar

Qual a sua estimativa para a próxima safra e que híbridos estão se destacando em termos de vendas da DeKalb? Estamos trabalhando com um mercado com cerca 37% da área de milho no Brasil. O verão do ano passado ele foi 2 ou 3% menor que o verão de 2002, a gente entende então que deva ficar em torno 37% da área de milho no Brasil.

receber até maio do próximo ano. Quer dizer, tem quase um ano de tempo pra receber. As empresas, principalmente de defensivos estão tentando reduzir cada vez mais os financiamentos. Como a Dekalb está trabalhando com isso, como ela vê este cenário? É importante frisar que quase 80% do volume de vendas têm retorno no mesmo ano, ou seja, 80% das nossas vendas serão recebidas até novembro. Aquele evento, especificamente, foi um evento

Qual a participação da Dekalb no mercado brasileiro hoje? Somando a safra verão mais safrinha, a Nós só não lançamos híbridos participação do mercatolerantes a herbicidas, resistentes do da Dekalb hoje, gira em torno de 20% do a lagartas de solo e lagartas da parte mercado total. É imporaérea, no Brasil, porque respeitamos tante frisar que a Dekalb tem 20% de mercado integralmente as leis do país total. Mas como ela faz trabalho com mercado de alta tecnologia, e incide diretamente “nes- onde levamos a um público muito seleto, ta fatia” do mercado, a participação dela é ou seja, produtores que já tem um grande relacionamento e afinidade com a marbem maior. ca. Então dá-se a possibilidade de pagar ou dentro do ano ou de pagar no próxiEm Minas Gerais, no mês de ju- mo ano, mas com uma taxa de juros equinho, a Dekalb vendeu sementes para valente a 1,7% ao mês.

www.cultivar.inf.br

Agosto de 2004


o milho Quais são os projetos da Dekalb na área de biotecnologia? A Dekalb trabalha hoje, nos Estados Unidos e na Argentina, com três projetos em biotecnologia, 100% diferentes, que envolvem resistência a herbicidas, a insetos de solo e insetos da parte aerea, todos vendendo comercialmente nos dois países. Mas nós estamos prontos pra lançar esses projetos também no Brasil. A empresa tem hoje, em termos de novas tecnologias, híbridos com Bt resistente à lagartas aéreas, híbridos com resistência ao Roundap read, além de um dos “melhores híbridos” resistentes à lagarta do solo. Todos já estão prontos, com a introdução da tecnologia nos híbridos, mas impossibilitados de comercialização no Brasil, porque a lei brasileira não permite. Com a aprovação da lei de transgênicos no Brasil, os testes poderiam ser desenvolvidos nas fazendas experimentais e, em dois anos aproximadamente, o material estaria pronto para ser lançado no mercado. A Dekalb é uma empresa que tem liderança mundial na área de biotecnologia e muitos investimentos já foram feitos na marca sob este aspecto. Nós só não lançamos estes híbridos no Brasil porque respeitamos integralmente as leis locais. Quando aqui no Brasil surgiu a questão da soja transgênica da Monsanto, e que não foi liberada, os produtores plantaram sementes contrabandeadas da Argentina. Esse movimento de pressão acabou se intensificando e culminou com liberações provisórias do governo. Porque não aconteceu esse mesmo movimento ou alguma coisa semelhante com o milho Bt, por exemplo? Quando alguém planta uma soja irregular (transgênica), é possível que essa pessoa mesmo multiplique sua semente. O híbrido todo ano necessita busca de semente nova, não há como multiplicar a semente e aí já muda todo o processo. E por outro lado, o híbrido tem mais problemas de adaptação regional, ou seja, um híbrido que vai bem na Argentina, não vai bem no Brasil. Então por tudo isso, o milho não tem o mesmo ritmo da soja, o risco de vender no Brasil um milho transgênico vendido na Argentina é, praticamente, zero.

Julho de 2004

Tem expectativa de quando o mi- fase da pesquisa? O produtor já está com essa tecnologia lho transgênico pode ser aprovado no Brasil? Um, dois anos... ou vo- em mãos. cês acham que depois de aprovarem a soja, o milho vem na carona? Hoje na sua visão, qual seria o maiAs companhias tem a expectativa de que, tão logo seja aprovada a tecnologia or obstáculo para produção de milho para a soja, logo em seguida venha o mi- no país? A armazenagem é o maior obstáculo. lho. Nós temos a expectativa de que o Brasil possa estar vendendo milho trans- Muitas vezes o produtor se encontra numa região onde planta o safrinha, por exemplo, gênico a partir de 2006. Mas para isso acontecer, os ensaios gostaria de plantar o milho, mas não planta nas fazendas experimentais deveriam no verão por não ter onde armazenar, pois acontecer a partir deste ano. Depois te- tem a soja também. Outra coisa é a distancia entre a região ria uma segunda etapa que seria fazer testes nas propriedades agrícolas para que cresce em termos de plantio com a repoder oferecer o produto ao mercado no gião que consome o milho no Brasil. Diria ano de 2006. A grande verdade é que se que 70% do problema seria quanto à armademorarmos muito para a aprovação zenagem e os outros 30% ficariam por condesta lei, o custo maior recai sobre o produtor. A armazenagem é hoje o obstáculo O produtor argentino, para a produção de milho no Brasil, por exemplo, tem custo menor com controle de pois, muitas vezes, o produtor que pragas e ervas daniplanta o safrinha não planta no nhas, e já está competindo com o produtor verão porque não tem onde armazenar americano, já que a tecnologia é a mesma. E nós estamos ficando para traz. Quase o ta da distância entre a região produtora e a mundo todo está usando a biotecnologia receptora. Nosso país ganharia bem mais se e o Brasil não. É mais do que necessário investisse em armazenagem, principalmenque os transgênicos sejam aprovados no te em armazenagem na própria fazenda. Brasil, para que o produtor possa produzir mais e competir no mercado interA Dekalb contratou recentemente nacional. novos agrônomos. Qual o papel desses profissionais dentro da empresa? A Dekalb está colocando no mercado novos Esse milho transgênico é resistente a herbicidas e também a insetos? Ou profissionais para acompanhar o pós-vendas, acompanhar a lavoura a lavoura do agricultor, são híbridos diferentes? A primeira etapa foi o lançamento do fazer recomendações. Há um ponto importanmilho resistente a insetos e numa segunda te que deve ser salientado, e que sempre mencietapa veio o milho resistente ao Roundap ono muito em minhas palestras: cinco anos atrás Read. A terceira etapa foi colocar duas coi- o produtor plantava numa terra que valia R$ 5 sas no mesmo híbrido (resistência ao herbi- mil o hectare. Se ele aplicasse o dinheiro no mercida + resistência aos insetos na parte aé- cado financeiro na faixa de 14% ao ano, ele teria rea). Agora, na quarta fase, esses produtos uns R$ 700,00 de correção financeira ao ano. resistentes ao Roundap Read, à lagarta da Hoje, ele planta uma terra que vale de R$ 12 a parte do solo e também à lagarta da parte R$15 mil o hectare. Se for feito um cálculo de aérea estão em um único produto, e isso R$ 12 mil o hectare e, a correção for feita com tem facilitado muito a vida do produtor, por- 14 % ao ano, se terá R$ 1.600 de correção que com um produto ele compra o pacote. É financeira. O que isso quer dizer, não se pode claro que ele tem opção, se ele se encontra errar mais, não se pode ter produtividade bainuma região onde não tenha problema de xa, porque se está lidando com um solo muito lagarta de solo, ele compra só o material re- caro. Então cada vez mais é necessário renovar sistente ao herbicida e a lagarta da parte as tecnologias, os produtos e os serviços para aérea. Se ele estiver numa região em que te- ajudá-lo a produzir mais. E é com esse pensanha os três problemas, ele compra o produ- mento que aumentamos nossos serviços de campo, para que cada produtor que plantar a marto que tem as três resistências. ca Dekalb, tenha um apoio diferenciado, no E nos EUA já estão cultivando acompanhamento de sua cultura, do plantio C milho com sementes desta quarta até a colheita.

www.cultivar.inf.br

Cultivar

47


Mercado Agrícola Brandalizze Consulting brandalizze@uol.com.br

Oferta e demanda mundial apertada beneficia os produtores Os dados dos principais órgãos de pesquisa da safra mundial, tanto a FAO, quanto USDA e muitas outras empresas de consultorias particulares são unânimes em apontar que o volume da safra mesmo em crescimento segue abaixo do consumo e, com isso, vai mantendo para 2005 um grande apertado no abastecimento e queda nos estoques. As estimativas que aparecem mostram que teremos uma safra crescente, mas isso se a safra for favorável, ou seja, com clima de otimismo, chegaríamos a uma colheita de 1,94 bilhões de t contra as 1,84 bilhões colhidas na safra 03/04. O crescimento de 100 milhões de t deste ano parece grande, porque representa quase a safra total do Brasil, mas que para o mundo é muito pouco, porque estamos consumindo 1,9 bilhões de t e iremos consumir cerca de 1,96 bilhões de t, ou seja, seguimos carregando déficit e desta forma os estoques mundiais que já superaram a marca das 500 milhões de t caminham para as 300 milhões de t e como estamos com problemas no clima na Ásia, onde as tempestades estão causando inundações, deveremos ter perdas e assim a safra acima apontada poderá já estar comprometida, enquanto isso o consumo segue sem expectativa de alterações e, desta forma, os estoques podem ficar abaixo do que está sendo apontado e, assim, beneficiando os produtores de grãos do mundo e principalmente dos países exportadores como Brasil, que deverão encontrar maiores espaços para crescer no próximo ano.

MILHO Safrinha garantida e mercado fraco O mercado do milho está com a safrinha em plena colheita e agora mostrando que deverá fechar entre as 9 e 10 milhões de t. A temporada das geadas que afetam a produção passou sem causar grandes problemas, que somente afetaram as plantas em junho e agora em julho nada ocorreu e, com isso, as lavouras chegaram ao final do ciclo, sem perdas e agora com a colheita e junto grandes volumes de milho da safra de verão derrubaram as cotações aos menores indicativos do ano. Estaremos andando nesta fase de mercado fraco até o final de agosto e poderemos esperar por alguma correção nos indicativos somente de setembro em diante. O governo acenou com indicativos de termos contratos de opções para a safrinha neste começo de agosto, se estes vierem, teremos um apoio ao mercado, caso contrário, a reação dos indicativos poderá ocorrer um pouco mais tarde, ou seja, do final de setembro em diante. Mas como estamos com baixo ritmo nas exportações e fraca formação de estoques pelas grandes indústrias, e junto grandes volumes de milho para ser comercializados pelos produtores, as chances de vermos grande reação só virão se tivermos um estímulo do câmbio ou do mercado mundial para a exportação. Internamente veremos crescimento nos indicativos, mas que poderão não atingir os patamares praticados no período da safra de verão. Mesmo assim o milho segue como uma boa alternativa de negócio para o setor, porque seguimos com crescimento da demanda e fecharemos o ano com estoques baixos.

SOJA Fundo do poço chegou em julho O mercado da soja chegou ao fundo do poço neste último mês de julho, quando das cotações internas chegaram às cotações mais baixas do ano e batendo nos piores momentos. Sinalizando que de agora em diante não existe mais espaço para baixo e assim poderemos estar vendo algumas correções no lado positivo em agosto em diante. Ainda deveremos ter grandes contratos de exportação sendo realizados com os Chineses, que foram os responsáveis por boa parte das perdas ocorridas nos últimos dois meses. A safra americana seguia em bom ritmo em julho e tem a sua definição ocorrendo neste mês de agosto, que se tiver clima favorável e boa sanidade de planta deverá chegar pela primeira vez a marca das 80 milhões de t, fato este muito prometido e nunca conseguido. Lembramos que a safra americana perdeu qualidade e produtividade em agosto de 2003, e assim este será um mês muito importante, porque poderá ocorrer à presença da ferrugem naquelas lavouras, e também tem as doenças de solo

48

Cultivar

que foram responsáveis por boa parte das perdas do ano passado. Se isso se confirmar teremos melhoria nos indicativos de Chicago e junto crescimento interno, que caminha para a entressafra brasileira, mas ainda podendo embarcar bons volumes de produto para a Ásia. De agora em diante temos espaço para crescer, mas dificilmente veremos os mesmos indicativos praticados logo após a colheita, quando superou a marca dos R$ 50,00.

FEIJÃO Reação devendo aparecer em agosto O mercado do feijão teve um ano fraco e poucos produtores conseguindo boas cotações nestes últimos meses. A primeira safra foi afetada pelo clima, o mesmo ocorrendo com a segunda, que apresentou baixa qualidade e assim houve crescimento da pressão de venda de produto inferior e, com isso, sem espaço para se colocar boas cotações. Como a maior parte deste produto considerado ruim já está negociado e de agora em diante o produto que chegara vem da safra irrigada, ou terceira safra e está na hora dos produtores botarem os números que lhes sejam vantajosos e, assim, poderemos ver os indicativos voltando a ope-

rar acima dos R$ 80,00 e por que não falar nos R$ 100,00 que estavam sendo praticados com facilidade no ano passado. Agosto tende a ser o mês dos produtores, que devem mostrar força e colocar os números que lhes sejam lucrativos.

ARROZ Começando a dar sinais de reação O mercado veio em marcha lenta e chegou ao fundo do poço em julho, quando os produtores tinham dívidas vencendo e assim as piores cotações justamente na hora que necessitavam de caixa para quitar o custeio e parcelas de investimentos. Agora em diante o quadro começará a mudar um pouco, porque as dívidas diminuem de volume e os produtores podem esperar para se posicionar e assim deveremos ver os indicativos ensaiando algumas correções. Mesmo com uma grande safra colhida neste ano, ainda temos espaço para reação nas posições, porque os indicativos do arroz em casca estão abaixo do que deveriam trabalhar. Os números atuais próximos dos US$ 10,00 por saca são baixos, porque deveriam estar operando na casa dos US$ 11,00 a US$ 12,00, que podem ser tentados pelo setor produtivo nos próximos meses.

CURTAS E BOAS ÁSIA - O continente sofre, há aproximadamente 40 dias, fortes tempestades trazidas pela temporada das Monções e, como conseqüência, há grandes perdas nas lavouras de arroz, milho, trigo e soja e, com isso, já aponta para o fato de que alguns milhões de toneladas de grãos esperados para este ano não serão colhidos e, assim, a maior parte dos países deve ter safra menor que a demanda e os poucos que exportam alguma coisa, na Tailândia e Vietnã, não terão os volumes de arroz esperados para serem vendidos. A China e a Índia foram bastante atingidas. Desta maneira, a safra local deve ficar abaixo do consumo, aumentando as necessidades de importações. ALGODÃO - Os produtores brasileiros estão fechando a colheita da safra, que foi uma das maiores já produzidas e deve trazer boa rentabilidade aos produtores, principalmente para aqueles que realizaram contratos antecipados de venda, com boas cotações. Como estamos com safra cheia, boa parte do produto que não foi negociado antecipado encontrará menor liquidez interna nos próximos meses, porque as indústrias devem usar do poder de comprar somente o que for usando. Assim, para o segmento resta como alternativa de liquidez a corrida para a exportação, que neste mês mostra indicativos menores que os praticados anteriormente, mas ainda com rentabilidade e ganhos ao setor. O aumento das exportações favorecerá também o mercado interno, porque forçará as indústrias à realização de compras mais cedo e estimulará os indicativos. EUA - Estamos em agosto, mês de definição da safra americana, e é neste momento que aparecem os problemas sanitários e climáticos nas lavouras. Nos últimos dias temos visto muita preocupação junto aos produtores americanos, que temem pela entrada da ferrugem em suas lavouras da soja, por problemas sanitários nestas mesmas áreas como ocorreu no ano passado com doenças de soja. Este é um momento importante para olharmos as lavouras do maior produtor mundial de grãos e que mais interfere nas cotações internacionais. TRIGO - O plantio da safra cresceu e, com isso, os compradores dos moinhos vêm chegando junto aos produtores, apontando indicativos menores paras compras antecipadas, porque o quadro praticado em junho e julho dava conta de indicativos entre os R$ 580 aos R$ 620 por tonelada do produto de boa qualidade e, atualmente, os indicativos ofertados para a safra nova apresentam-se entre R$ 120 e R$ 150 abaixo, ou seja, chegando ao preço mínimo e alguns apontando para uma redução mais drástica. Para o setor que embarcou mais de um milhão de t na safra passada, não há de entrar nesta onda de baixa, porque se o quadro recuar mesmo, exporta-se para fazer o caixa de curto prazo e segura-se parte para vender o restante nos próximos meses com indicativos maiores. Lembramos que o câmbio está nos piores momentos do ano e terá que ser corrigido nos seguintes meses e normalmente próximo das eleições o câmbio reage e tende a beneficiar o trigo, porque aumenta os custos do produto importado.

www.cultivar.inf.br

Agosto de 2004



Palávra do Produtor

Crédito aos fitomelhoristas Profissionais empenhados com o futuro do setor agrícola, os melhoristas são os grandes responsáveis pelas boas safras e aumentos da produtividade

50

Cultivar

era uma raridade e algodão girava em torno de 60 a 80 @/ha. Note-se que estes dados eram obtidos em regiões tidas como de alta produtividade como a alta Mogiana e o Norte do Paraná. Hoje isso parece brincadeira, pois podemos multiplicar aqueles números por pelo menos 2,5 vezes, ou seja, nenhum agricultor planta milho pensando em produzir menos que 100 sc/ha ou melhor ele quer pelo menos 120 a 130 e muitos sonham e conseguem em alguns talhões acima de 150 sc/ha; com soja esses mesmos números variam de 40 a 70 sc/ha pois bons agricultores conseguem médias de 50 sc em grandes áreas e com o algodão não é diferente, pois as produtividades Cultivar

N

as décadas de 70 e 80 quan do se viajava para o exterior, principalmente, para visitar as feiras agrícolas americanas, nós voltávamos para casa frustados, humilhados até pelo nível tecnológico dos equipamentos agrícolas que víamos por lá. A partir da década de 90 isso passou a diminuir e hoje, ao contrário, sentimos orgulho ao ver os “shows” que as máquinas agrícolas e os equipamentos propiciam em nossas feiras. Da mesma forma os agroquímicos, cada vez mais ecologicamente corretos estão cumprindo muito bem seu papel e aparecendo na mídia com destaque (está aí a ferrugem da soja como exemplo). A área de fertilizantes que andou por algum tempo um tanto estacionada, hoje já se destaca com novas indicações e propostas de adubações muito mais adequadas às nossas condições, pois nessa área simplesmente copiar o que os outros fazem não é a melhor forma para se conseguir resultados sustentáveis. Mas uma área, na qual também não se pode copiar nada e tudo tem que ser desenvolvido aqui é a de fitomelhoramento e, a meu ver, não tem tido o destaque que merece. E não foi pequeno o desenvolvimento tecnológico ocorrido no melhoramento genético das mais diferentes espécies (falando ainda em soja estão aí os cultivares resistentes ao nematóide e ao cancro da haste). Como outros exemplos, poderíamos citar as produtividades conseguidas pelos agricultores no final da década de 60 e inicio de 70; considerando áreas comerciais razoáveis as produtividades para milho eram naquela época em torno de 40 sc/ha; 50 sc já era para um bom agricultor e 60 sc era só um sonho; para soja nessas mesmas condições eram de 20 sc/ha; 25 para gente boa e 30 sc/ha

Para Antoniali, os avanços na área da genética foram grandes, mas os fitomelhoristas não tiveram o destaque merecido

www.cultivar.inf.br

variam de 170 a 220 @/ha, havendo picos acima disto. O mesmo se passou com o arroz, cana-de-açúcar e outras. Se olharmos, então, para a fruticultura e olericultura os ganhos em produtividade, e em sanidade foi espetaculares do Sul ao Nordeste do país. Diria mais, além da produtividade, o posicionamento geográfico para esses cultivos propiciou grande desenvolvimento para muitas regiões além de prover a pequenos agricultores a possibilidade de aumentar seus lucros, devido ao alto valor agregado que possuem esses cultivos. Tudo isso foi um trabalho espetacular ocorrido nas ultimas três décadas ou mais acentuadamente nas ultimas duas e principalmente depois do advento da lei de proteção de cultivares. Louvemos os equipamentos, os químicos e fertilizantes, as equipes de vendas e desenvolvimento, mas não podemos esquecer de que grande parte desta conquista, talvez a maior parte dela, se deva ao desenvolvimento genético de novos cultivares e o posicionamento geográfico dos mesmos nos mais remotos rincões desse país e acrescente-se, essa conquista foi sem o uso das técnicas de transgenias que quando forem autorizadas os ganhos então serão muito mais rápidos. Embora seja dirigente de uma empresa de melhoramento de plantas, não sou melhorista, e me sinto, por isso, muito à vontade em levantar essa questão para louvar os melhoristas sejam eles das esferas públicas ou privadas e que não têm aparecido com o destaque que merecem tanto nas feiras agrícolas (com poucas exceções) como na mídia em geC ral. A. F. Antoniali, Semeali Sementes Híbridas e APPS

Agosto de 2004




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.