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A cada safra, o campo reinventa-se. Nem sempre com alarde, mas com firmeza. Nesta edição, abrimos espaço de destaque para a colhedora Fendt Ideal 9T. Não por acaso. A máquina representa modernidade na colheita de grãos. Potência, capacidade e inteligência mecânica num só corpo.

O test drive com a Fendt Ideal 9T revela uma gigante preparada para enfrentar o ritmo puxado da colheita. São 656 cv, tanque de 17.100 litros e plataforma de até 50 pés. Uma combinação que reduz perdas e preserva os grãos. Com esteiras no lugar de pneus, a versão T ainda garante mais estabilidade em terrenos exigentes.

Mas máquinas não vivem só de potência. Precisam de cuidado, tempo e técnica. Pensando nisso, abordamos temas que nem sempre ganham manchete, mas que decidem o jogo. Uma bomba injetora danificada, por exemplo, pode parar uma colhedora no auge da safra. Pequenos descuidos têm custo alto. Por isso, detalhamos práticas que evitam avarias no sistema de injeção — e evitam, junto, prejuízos e dias parados no barracão.

Durante a entressafra, o silêncio das máquinas esconde um risco. A pausa longa, quando feita sem preparo, cobra seu preço. Apresentamos nesta edição um roteiro de boas práticas para armazenamento e conservação. São gestos simples — limpeza, proteção contra umidade, cuidados com bateria e combustível — que prolongam a vida útil e reduzem custos no longo prazo. Numa lavoura onde cada centavo conta, prevenção é palavra-chave.

Outro ponto que ganha espaço é o tráfego controlado em canaviais. Entre as culturas mais sensíveis à compactação do solo, a cana exige soluções que combinem rendimento e respeito ao chão. Bitolas padronizadas, colhedoras com linhas duplas, manutenção de palhiço e pneus mais flexíveis surgem como aliados do produtor que pensa longe.

Tudo isso e muito mais nas próximas páginas. Boa leitura!

Índice

Manutenção de máquinas agrícolas
Mundo Máquinas
Com motor de 656 cv de potência, tanque graneleiro de 17.100 litros
plataforma de até 50 pés, a nova Fendt Ideal 9T traz muita tecnologia
Foto de Charles Echer

Ascenso lança pneu de alta flutuação no Brasil

A Ascenso, fabricante global de pneus off-road, escolheu a Agrishow 2025 para lançar o FTB 190 HD (I-3), o primeiro e único pneu 600/5022,5 com 20 lonas disponível no mercado brasileiro. Projetado para carretas e vagões de cana-de-açúcar, o novo modelo suporta até 1.000 kg a mais do que pneus convencionais do mesmo tamanho, combinando alta capacidade de carga, resistência a condições severas e compactação reduzida do solo.

O FTB 190 HD foi desenvolvido para aplicações pesadas, apresentando uma carcaça super-reforçada, maior área de contato para estabilidade e controle em terrenos macios e um composto especial na banda de rodagem que oferece proteção contra cortes e danos causados por restolho.

O lançamento marca um novo capítulo para a Ascenso no Brasil, reforçando a estratégia da empresa de investir no país com produtos de alta qualidade e soluções ágeis. Com sede na Índia e presença em mais de 90 países, a Ascenso é o resultado de mais de 35 anos de experiência da família Mahansaria no segmento de pneus fora de estrada.

Rafael Nespoli, gerente-geral da Ascenso no Brasil, destaca o potencial do mercado agrícola brasileiro. “Por isso, estamos atentos às necessidades do campo e não medimos esforços para trazer produtos robustos, modernos e adaptados localmente”, concluiu.

Tração 4x4 hidrostática da Marini estreia na Agrishow

A Marini apresentou na Agrishow 2025 o seu novo sistema de Tração 4x4 Hidrostática, desenvolvido para aumentar a força, o controle e a eficiência das colhedoras em terrenos desafiadores. A tecnologia integra motores de roda Poclain e sistema de acionamento inteligente, que ampliam a tração, reduzem o desgaste dos componentes e prolongam a vida útil das máquinas. Compatível com

todos os modelos de colhedoras, a solução reforça o foco da empresa em desempenho e inovação.

“Participar da Agrishow é reafirmar nosso compromisso com o progresso do agro brasileiro. Estamos aqui para apresentar soluções que entregam resultados reais ao produtor”, afirmou Eduardo Marini, gerente de marketing da empresa.

Imdepa leva portfólio completo à Agrishow 2025

Com 65 anos de atuação no fornecimento de peças para o agronegócio, a Imdepa participou da Agrishow 2025 apresentando um portfólio completo em rolamentos, correias, correntes, mangueiras hidráulicas, esteiras Draper WCCO Raptor, embreagens, retentores, graxas, entre outros.

Além da exposição de produtos de marcas como SKF, Schaeffler, Timken, Continental e GTOP-GBR, a empresa destacou como diferencial o suporte técnico direto no estan-

de, com engenheiros de aplicação à disposição para orientar produtores e profissionais da manutenção.

Segundo João Bartell, gerente executivo comercial, o atendimento especializado é uma das marcas da distribuidora. Nesta edição, a empresa também apresentou os conjuntos da linha hidráulica montados em sua unidade de Santa Catarina e promoveu interações com o público, como o quiz da marca Schaeffler, rodadas de negócios e promoções na Arena Soluções.

Novidades da Mahindra marcam presença na Agrishow 2025

A Mahindra levou para a Agrishow 2025 uma expansão do seu portfólio de produtos para a agricultura brasileira. A empresa exibiu uma série de novidades, que incluíram a retroescavadeira VX90, o trator OJA 3140 de 40 cv, e a sua plantadora de batata. Segundo Jak Torretta Jr., CEO da Mahindra no Brasil, a intenção da multinacional é oferecer cada vez mais soluções eficientes para o país. Com 91 cv, a retroescavadeira VX90 promete a melhor eficiência de combustível da categoria, oferecendo baixo custo de manutenção, maior economia e design ergonômi -

co. Já o trator OJA 3140, pertencente a uma plataforma global da Mahindra, foi desenvolvido para entregar versatilidade no uso em culturas ligadas à hortifrúti e afins. O modelo foi escolhido para participar do Prêmio Gerdau Melhores da Terra/Agrishow 2025. Outro diferencial foi a área exclusiva para a agricultura familiar, com tratores de 25 cv a 80 cv de potência. O destaque ficou para o modelo 7095, de 95 cv, o “Novo Bruto”. Assim como o trator de 110 cv de potência 8110, fabricado no Brasil e habilitado para linhas de financiamento do Governo Federal.

Massey Ferguson lança enfardadora MF 2234 para palha de cana

A enfardadora MF 2234 prismática foi lançada pela Massey Ferguson durante a Agrishow 2025. O novo equipamento compacta fardos de até três metros de comprimento, e foi projeto para operações intensivas. A MF 2234 recolhe palha de cana, capins e outros resíduos agrícolas, além disso, produz um fardo a cada minuto e cobre até quatro hectares por hora. Com redução da necessidade de manutenção e estrutura robusta, a empresa afirma que o equipamento pode render ainda mais quando combinado com tratores da linha MF 7700, equipados com motores AGCO Power de seis cilindros e potências entre 195 cv e 250 cv. Outros diferenciais da MF 2234 são a transmissão DYNA-6 Power Shift, que permite aumento de até 30% no rendimento operacional e redução de 15% no consumo de combustível, o sistema eletrônico que ajusta automaticamente tamanho, compactação e recolhimento dos fardos, e a ampliação para produção de feno em larga escala. O equipamento também promove o aproveitamento da biomassa, incentivando a geração de energia limpa. Lucas Zanetti, gerente de marketing de produto da Massey Ferguson, apontou o crescimento do mercado de recolhimento de palhada de cana como um reflexo do foco em sustentabilidade e redução de emissões.

Kuhn apresenta novidades na Agrishow 2025

A Kuhn do Brasil levou duas novidades para a Agrishow 2025: o pré-lançamento do Stronger HD, com tecnologia de direção nas quatro rodas, e a nova enfardadora de fardo quadrado SB. Os novos equipamentos reforçam o compromisso da multinacional com a inovação, a eficiência e a sustentabilidade no campo.

O Stronger HD promete revolucionar as operações de pulverização, com tecnologia que reduz em até 35% o raio de giro, diminui o amassamento da lavoura em até 40% e torna as manobras até 2,5 vezes mais rápidas. Já a enfardadora SB chega ao mercado com foco em alta produtividade e economia, formando fardos de alta densidade com o exclusivo Kuhn Power Density System.

Além desses lançamentos, a Kuhn também oficializou a chegada da plantadora Elite ao seu portfólio. “Estamos cada vez mais próximos do produtor rural, reforçando um vínculo que vai além da tecnologia e da produtividade”, destaca Lucas Moraes Castro, gerente de marketing e desenvolvimento de redes da Kuhn do Brasil.

Fendt lança colhedora Ideal 25 na Agrishow 2025

A Fendt revelou na Agrishow 2025 a sua nova colhedora Fendt Ideal 25. Com redução de mais de 10% no consumo de combustível e ganho superior a 10% na produtividade, a máquina conta com o sistema HarvestPlus, que atua na automação da operação, além do sistema Dual Helix Processor. Seus rotores medem 4,84 m, e a sua área de trilha, 45% superior em relação às versões anteriores, amplia a capacidade de separação sem prejudicar a qualidade dos grãos. O sistema de limpeza, 25% maior, oferece compensação de até 15% de inclinação. O recurso mostra-se crucial para os terrenos irregulares do Sul e Sudeste do Brasil.

Fabricada em Santa Rosa (RS), a Fendt Ideal 25 utiliza tecnologia alemã e adaptações locais. O projeto global contou com a colaboração

da engenharia brasileira para o desenvolvimento do módulo de gestão de resíduos. Segundo Fernando Petroli, coordenador de marketing de produto da Fendt, a máquina produz amostras de grãos com dano mecânico tendendo a zero em culturas como a soja.

A máquina ainda conta com outros diferenciais, como o AutoTurn, que reduz a necessidade de manobras manuais, o sistema Teach-in, que realiza sequências pré-programadas, o sistema de resfriamento AirSense, que mantém a máquina operando em regime ideal, assim como a plataforma Draper, que recebeu novo acionamento das esteiras.

O pacote tecnológico se completa com o programa Fendt Gold Star, com três anos de garantia de fábrica e monitoramento remoto via Fendt Connect.

Imperador Eco Spray é destaque da Stara na 30ª Agrishow

O pulverizador autopropelido Imperador Eco Spray foi o destaque da Stara para a 30ª Agrishow. Essa máquina realiza a aplicação localizada de herbicidas apenas onde há plantas daninhas, oferecendo a redução do uso de agroquímicos, economia de água e menor impacto ambiental.

A plantadora Estrela também foi exibida no evento, assim como as plantadoras Eva, Absoluta, Guapa Supra Winter, Princesa e Cinderela. Na linha de distribuidores, a Stara apresentou modelos como o Hércules 6.0, Hércules 4.0, Hércules 24000, Hércules 10000 Inox e os distribuidores por gravidade da linha Bruttus.

Para integrar a linha de pulverizadores, além do Imperador Eco Spray, o estande da empresa contou com a exibição dos modelos Imperador 3000, Imperador 2000, Imperador 2500 e Imperador 3.0.

A agricultura conectada também ganhou espaço, com tecnologias como o Conecta, a Telemetria Stara, o Zero Amassamento, o Syncro, a Revisão Programada e o Monitoramento de Máquinas. Outro lançamento foi o Topper 6500, terceira geração do controlador de máquinas da marca, e o Portal do Operador Stara, plataforma gratuita para capacitação técnica disponível nas versões web e aplicativo.

John Deere revela trator 8R movido a etanol

A John Deere apresentou na Agrishow 2025 o trator 8R equipado com motor movido a etanol. O protótipo integra a estratégia da empresa para oferecer alternativas energéticas mais limpas e acessíveis ao produtor rural.

O trator 8R passa por testes de campo no Brasil, com experimentos nos segmentos de cana-de-açúcar e grãos, onde o etanol possui ampla disponibilidade. A calibragem do motor recebeu ajustes específicos de software, garantindo desempenho similar ao do diesel e contribuindo para a redução das emissões. O Brasil foi escolhido como mercado inicial, já que lidera a produção global de etanol a partir de cana-de-açúcar e milho, e se destaca como um dos maiores exportadores de grãos. A infraestrutura consolidada de produção e distribuição de etanol fortalece as condições para a adoção da nova tecnologia.

O trator 8R foi selecionado de forma estratégica para receber o primeiro motor a etanol da marca. Trata-se de um dos modelos mais presentes nas propriedades rurais brasileiras, com ampla utilização nas diversas fases do ciclo produtivo.

Orion leva pacote inédito de tecnologias para a 30ª Agrishow

Na 30ª edição da Agrishow, a Orion apresentou o maior número de lançamentos da sua história. Com foco na aplicação de bioinsumos, modernização do plantio e mecanização da cana-de-açúcar, as soluções reafirmam o posicionamento da empresa como líder em aplicação de produtos líquidos dentro do solo, conforme afirma Rodrigo Alandia, diretor de marketing e novos negócios do Grupo Orion.

Algumas das novidades foram o FlowOne, sistema inédito de controle de aplicação bico a bico, que estará disponível em lote limitado ainda em 2025 e com lançamento comercial em 2026; o Seed Saving, solução que transforma plantadoras mecânicas em elétricas sem necessidade de substituir o dosador; e o Liquid Saving, que também chega ao mercado em 2025, com foco em evitar a sobreposição na aplicação de bioinsumos, gerando economia de até 15%.

Já para a cultura da cana, o T-Rex é uma nova solução que se destaca como cobridor de alta performance, integrando aplicação no sulco, cobrimento, compactação e alta velocidade operacional, com ganhos de até 300% na capacidade diária de operação. Para encerrar a lista de inovações, o HD1500 é um aplicador robusto e versátil de bioinsumos, com tanques duplos e circuitos independentes, que possibilitam a aplicação simultânea de produtos biológicos e químicos sem contato entre eles.

GTS apresenta soluções para colheita na Agrishow 2025

As plataformas para colheita de milho X25 e AII Space, a plataforma para colheita de cereais Flexer e as carretas graneleiras Waggon e Up Grain foram algumas das soluções para o campo apresentadas pela GTS na Agrishow 2025. Além da GTS, outra empresa do grupo exibiu soluções no evento: a Strass Tech levou novos equipamentos que reúnem robustez e agilidade.

Para a colheita do milho, a plataforma X25 da GTS oferece estrutura em alumínio, sensores de flutuação e direção, sistema de limpeza dos rolos despigadores e acoplamento universal. Já a plataforma All Space se destaca pela capacidade de colher em múltiplos

espaçamentos de plantio. Na linha de cereais, a plataforma Flexer combina estrutura leve e robusta com molinetes sincronizados, reduzindo perdas. Enquanto para o transporte de grãos, as carretas Waggon, com capacidade para até 50 toneladas, e Up Grain, com alta vazão e versatilidade para grãos e fertilizantes, oferecem alta eficiência. Com soluções voltadas à distribuição de fertilizantes e abastecimento de plantadoras, a Strass Tech participou da Agrishow com equipamentos em destaque: a Strong Box (carreta basculante), a Double Box (para abastecimento de semeadoras) e o Spread Max (distribuidor de fertilizantes).

Valtra lança tratores da Série S6 na Agrishow 2025

A nova Série S6 de tratores da Valtra foi apresentada oficialmente durante a Agrishow 2025. Projetada e fabricada na Finlândia, a série conta com três modelos: S346, S376 e S416, com potências máximas de 345 cv, 375 cv e até 425 cv. O lançamento promete transformar operações pesadas na produção de grãos e no setor sucroenergético.

Com motores AGCO Power de 8,4 L e um novo sistema de admissão de ar com turbo único, os tratores operam em rotação reduzida, oferecendo até 15% de economia de combustível. Um dos seus diferenciais é o seu torque, que atinge 1.750 Nm. Além disso, a transmissão CVT da Valtra elimina as trocas de marcha tradicionais, garantindo tração contínua e controle preciso.

Outros destaques são o sistema SmartTouch, que oferece controle semelhante ao uso de um smartphone; o SmartTurn, que automatiza as manobras nas cabeceiras; o TaskDoc, que agiliza o gerenciamento das atividades de campo; o Valtra Guide, para condução assistida, e o Auto U-Pilot, que automatiza as tarefas operacionais. Além disso, conta com o sistema Twin Track, que permite condução reversa para trabalhos específicos, e o Valtra Connect, que permite monitoramento remoto da máquina e manutenção preditiva.

A nova linha será comercializada em duas versões: Premium, com pintura cinza Titã e rodas pretas, e Active, em preto metálico com rodas brancas.

Jacto comemora 30 anos de presença na Agrishow

Presente em todas as edições da Agrishow desde sua criação, a Jacto celebrou 30 anos de participação no evento em 2025 com um portfólio robusto e diversificado. Segundo Carlos Daniel Haushahn, CEO da Jacto, a trajetória da empresa se confunde com a história da feira. A empresa apresentou uma linha completa no segmento de pulverização, com equipamentos tratorizados, autopropelidos com barras de até 42 metros e drones agrícolas. Além da colhedora automotriz de café K 3000, que oferece telemetria embarcada, velocidade de até 2,5 km/h e fluxo superior a 14 mil litros por hora, a plantadora Meridia 200, desenvolvida para o plantio de amendoim; e opções de agricultura de precisão.

Na parte de tecnologia, a Jacto destacou a plataforma Ekos e o aplicativo Jacto Connect. Além de armadilhas eletrônicas para manejo de pragas, mapeamento de ervas daninhas, correções de sinal GPS por assinatura, operações autônomas com o pulverizador Arbus 4000 JAV, e conectividade 4G privativa para áreas rurais.

New Holland lança 15 produtos na Agrishow

Na Agrishow 2025, a New Holland comemorou 50 anos no Brasil com mais de 15 lançamentos voltados para produtores de todos os perfis. O momento foi marcado pela chegada da CR11, maior colhedora do mundo com duplo rotor, lançada na Agritechnica 2023 e agora disponível comercialmente no país.

A marca apresentou ainda a nova linha de colhedoras CR com seis novos modelos, todos com o design Natural Flow e opção de automação com o sistema IntelliSense, baseado em inteligência artificial. Outro lançamento relevante foi o SaveFarm, solução de pulverização seletiva que utiliza IA, além da nova família de pulverizadores Defensor e do Drone de Aplicação New Holland, que promete a maior capacidade do mercado. A marca também levou uma nova gama de tratores de baixa, média e alta potência.

Para marcar o cinquentenário, a New Holland expôs em seu estande um trator TL5 personalizado com grafismos que representam o agro brasileiro. O equipamento será leiloado ao final do ano, com renda revertida ao Hospital Pequeno Príncipe, referência em pediatria no país.

A empresa ainda destacou sua nova geração de tratores, com os modelos T8, T7.300 Auto Command CVT, a nova família T5 e o versátil TT3.50.

Baldan firma parceria para ampliar o crédito no campo

A Baldan é a primeira empresa de seu segmento a firmar parceria com a Desenvolve SP, a agência de fomento do Governo do Estado de São Paulo. A iniciativa faz parte da nova linha de crédito lançada oficialmente durante a Agrishow 2025, que tem por objetivo facilitar a aquisição de máquinas e implementos agrícolas.

A linha Agro Máquinas possui uma condição de até 60 meses e taxas pré-fixadas a partir de 12,81% ao ano. Os produtores podem financiar até 80% do bem no programa Desenvolve SP. “Após um 2024 de retração, quando a combinação de quebra de safra e queda nos preços das commodities reduziu a capacidade de investimento dos produtores, o mercado de máquinas agrícolas ini-

cia um ciclo de recuperação”, afirmou o CEO da Baldan, Fernando Capra.

O novo programa permitirá que fabricantes, distribuidoras e revendas de máquinas selecionadas pela Desenvolve SP possam indicar seus clientes para obtenção do financiamento estadual. Com taxas de juros competitivas e condições de pagamento diferenciadas, a linha promete ser um importante motor para a modernização da frota agrícola paulista e nacional.

“Outro ponto relevante é que o portfólio de serviços da Baldan se encaixa perfeitamente nessa linha de financiamento, permitindo que o produtor adquira equipamentos voltados ao preparo do solo, plantio e pulverização", destacou Wolney Netto, CFO da Baldan.

LS Tractor apresenta novos tratores na Agrishow 2025

A LS Tractor levou duas grandes novidades para a Agrishow 2025: o trator MT4 70, voltado a produtores de culturas como café, frutas, hortaliças e fumo, e o MT2 27E, voltado à agricultura familiar. O MT4 70 é fabricado no Brasil, e alia robustez e agilidade. Possui motor LS Diesel de 62 cv, 32 marchas à frente e 16 à ré, super-redutor, eixo dianteiro HD e capacidade de levante de 1.655 kg. Será oferecido em duas versões: plataformado (ROPs) e com cabina de fábrica. Segundo Felippe Vieira, diretor comercial da LS

Tractor, o modelo representa um avanço em tecnologia e inovação para o setor.

Já o MT2 27E conta com motor LS Diesel de 25 cv e transmissão sincronizada com 12 marchas à frente e 12 à ré, desenvolvido para uso intensivo em pequenas propriedades. Possui sistema hidráulico com levante de 820 kg – o maior da categoria – e TDP independente com acionamento eletro-hidráulico. “Queremos levar mais qualidade, tecnologia e acesso a quem ainda não conta com um maquinário moderno”, concluiu Vieira.

ZF celebra 40 anos com lançamentos na Agrishow 2025

A ZF apresentou na Agrishow 2025 o novo eixo dianteiro direcionável estreito TSA Narrow, voltado a tratores de até 105 HP e ideal para fruticultura e cafeicultura. Com bitola reduzida, permite operar entre linhas de cultivo sem danificar as plantas. O eixo oferece ângulo de esterçamento de 55°, diferencial com 45% de deslizamento limitado e carcaça em três partes, mantendo o padrão da linha TSA.

A empresa celebrou 40 anos de produção nacional e 700 mil eixos fabricados em Sorocaba (SP). No estande, a ZF exibiu o TSA23 com bitola reversível, a transmissão TPT 20 com função “Intelligent Range Shift” e velocidade de até 50 km/h com baixa rotação, além do eTrac, acionamento elétrico auxiliar que melhora a tração de implementos. Também foram apresentadas novas soluções hidráulicas e pneumáticas, como freios eletro-hidráulicos e controles de suspensão.

A ZF destacou, ainda, inovações em conectividade, como o Scalar EVOPulse para telemetria e o SmartBoard para monitoramento em tempo real.

KF estreia na Agrishow

e celebra

30 anos com lançamentos

A KF participou pela primeira vez da Agrishow em um momento simbólico: a comemoração dos seus 30 anos de fundação. As novidades apresentadas na feira foram a semeadora TG Campeira, com 41 linhas; a Generalle CC, com versões de 15 a 21 linhas; e a carreta graneleira Granforce 33000 L.

De acordo com a KF, os lançamentos refletem o compromisso contínuo da marca com inovação, eficiência e alto desempenho no campo.

A estreia no evento representa um novo passo na trajetória da empresa, que busca ampliar sua presença no mercado nacional e internacional, fortalecendo a conexão com os produtores rurais e consolidando sua atuação em diferentes regiões do país.

Quicke projeta expansão na América do Sul

Com 75 anos de experiência e presença consolidada na Europa, a Quicke foi um dos destaques da Agrishow 2025 ao apresentar o carregador frontal da série V, já fabricado no Brasil e voltado ao setor agrícola. A marca, de origem sueca e parte do grupo Jost World, aposta em tecnologia, durabilidade e eficiência como diferenciais para o mercado brasileiro.

A série V conta com modelos compatíveis com diferentes faixas de potência dos tratores, de 40 a 180 cavalos, incluindo versões com sistema autonivelante.

Além dos carregadores frontais, a empresa apresentou suas cabines para máquinas agrícolas e industriais,

com foco em ergonomia, qualidade de acabamento e versatilidade. Outra novidade foi o lançamento da linha de vassouras hidráulicas QS60 e QS72.

Compatíveis com todas as marcas e modelos de minicarregadoras, os novos equipamentos foram projetados para atender a diferentes demandas da construção civil e da agricultura, com alta performance, durabilidade e facilidade de manutenção. Com largura de trabalho de 1,52 m e volume de caçamba de 394 L, os modelos lançados pela Quicke combinam robustez com desempenho hidráulico elevado, operando com fluxo entre 57 e 95 LPM e pressão de até 241 bar.

Avarias e prejuízos

Prevenção é fundamental para que sejam evitados danos nas bombas injetoras; pequenos descuidos podem causar grandes problemas

Avarias em sistemas de injeção de ativos móveis são ocorrências extremamente indesejáveis, em função de custosas paralisações em momentos críticos, o que tem como consequências a perda imprevista de produção, o valor de manutenção razoavelmente elevado e a impossibilidade de o operador de máquinas trabalhar, por dias ou semanas, até que a situação se normalize.

Entre as causas mais frequentes de avarias em sistemas de injeção podemos mencionar as que analisaremos a seguir.

Óleo diesel (B S550/ B S10) contaminado Água e material particulado sólido abrasivo contaminando o óleo diesel (B S500/B S10) podem danificar seriamente a bomba injetora (linha ou rotativa) e os bicos injetores.

Para se evitar avarias desnecessárias, torna-se fundamental utilizar óleo diesel (B S500/B S10) com excelente nível geral de limpeza, avaliado pelo Código de Contaminação de Partículas Sólidas ISO 4406:2021 (“Hydraulic fluid power” - “Fluids” - “Method for Coding the Level of Contamination by Solid Particles”) e baixa contaminação por água, avaliada através do método de ensaio ASTM D6304-07 (“Standard Test Me-

Fotos Divulgação

thod for Determination of Water in Petroleum Products, Lubricating Oils, and Additives by Coulometric Karl Fischer Titration” [Withdrawn, 2016]), com vistas a proteger do desgaste abrasivo e corrosivo as bombas injetoras (linha ou rotativa), os sistemas de injeção Heui, Meui e Common Rail, e os bicos injetores.

Tanque de óleo diesel

“on-board” vazio

Não há necessidade do tanque “on-board” de óleo diesel (B S500/B S10) estar completamente vazio para ocorrer avaria na bomba injetora (linha ou rotativa). Mesmo estando com baixo nível de óleo diesel (B S500/B S10), a avaria pode ocorrer, visto que o ar atmosférico, nessa situação, será succionado e recalcado, em lugar do óleo, ao sistema de injeção de combustível, levando a desgaste dos elementos metálicos em movimento relativo, por falta de lubrificação, pois o ar não forma película lubrificante entre as peças em movimento relativo.

Bicos injetores com depósitos carbonosos

Com o passar do tempo, de -

pósitos carbonosos (exemplos: coque e verniz) começam a se formar no interior dos bicos injetores, em função da termo-oxidação provocada pelas elevadas temperaturas da câmara de combustão. Os citados depósitos carbonosos podem se deslocar através do circuito de combustível e ocasionar falha na bomba injetora. Em função do exposto, torna-se interessante avaliar regularmente a condição de serviço dos bicos injetores, com vistas a se adotar medidas de prevenção antes que ocorra avaria de grande porte na bomba injetora.

Sincronização incorreta da atomização do diesel

Quando a sincronização da com -

Para se evitar avarias desnecessárias, torna-se fundamental utilizar óleo diesel com excelente nível geral de limpeza Marcos Lobo, Qu4ttuor Consultoria

bustão não é realizada de forma adequada, ocorrerá combustão deficiente da mistura ar mais óleo diesel (B S500/B S10), com a consequente perda de potência no sistema. A falta da sincronização da atomização do combustível pelos bicos injetores, com a posição do êmbolo próximo ao ponto morto superior (PMI), pode causar avarias tanto na bomba injetora quanto no motor de combustão interna Ciclo Diesel 4T, sendo necessária a intervenção de profissional experiente para solucionar esta situação. M

Com o passar do tempo, depósitos carbonosos começam a se formar no interior dos bicos injetores, em função da termo-oxidação provocada pelas elevadas temperaturas da câmara de combustão

Cuidados na pausa

Boas práticas para o armazenamento de máquinas agrícolas durante a entressafra geram redução de custos e aumento da vida útil dos equipamentos por meio de procedimentos corretos de conservação

Amecanização agrícola desempenha papel central na eficiência e produtividade do agronegócio brasileiro. Em um cenário de margens cada vez mais estreitas, preservar o desempenho e a durabilidade das máquinas agrícolas é um diferencial competitivo. Ainda que mui-

to foco seja dado às práticas de operação e manutenção durante a safra, o período de entressafra requer atenção especial, pois é quando os equipamentos ficam inoperantes por semanas ou até meses. A ausência de cuidados adequados nesse intervalo pode resultar em falhas mecânicas, degradação de componentes e ele-

vação expressiva nos custos com manutenção corretiva. Este artigo reúne diretrizes técnicas fundamentais para o armazenamento correto de tratores, colhedoras, pulverizadores e implementos agrícolas, com base em recomendações de fabricantes, especialistas e experiências de campo.

Limpeza técnica e inspeção minuciosa

O processo de armazenamento deve se iniciar pela lavagem completa da máquina. Sujeira acumulada, restos vegetais, poeira e resíduos químicos podem acelerar a corrosão, danificar acabamentos e obstruir sistemas críticos. A limpeza deve ser realizada com água em pressão moderada, acompanhada de detergentes neutros quando necessário.

É crucial evitar jatos diretamente sobre módulos eletrônicos, conectores, chicotes e sensores, para não causar curtos-circuitos ou danos por umidade. Após a lavagem, é necessário aguardar a secagem total antes de cobrir ou guardar a máquina, a fim de evitar a condensação de umidade no interior dos componentes.

Durante a limpeza, aproveite para realizar uma inspeção visual criteriosa. Verifique a presença de vazamentos de óleo, folgas anormais, peças soltas, trincas em estruturas ou indícios de desgaste precoce. Corrigir esses problemas preventivamente durante a entressafra reduz a chance de falhas em campo.

Sistema de combustível: conservação

do diesel

O óleo diesel utilizado nas máquinas agrícolas possui um tempo de validade relativamente curto - cerca de 60 dias após sair da refinaria. Após esse prazo, é comum ocorrerem a degradação do combustível, a formação de borras e a proliferação de microrganismos, principalmente em ambientes úmidos. Esses contaminantes podem danificar o sistema de injeção, entupir filtros e

causar falhas de funcionamento.

A recomendação técnica é armazenar a máquina com o tanque cheio, minimizando a presença de ar e evitando a condensação de umidade. Além disso, é fortemente indicado o uso de aditivos estabilizantes de diesel, que prolongam a vida útil do combustível por até 12 meses e evitam a formação de depósitos nos sistemas de alimentação.

Nos casos em que o armazenamento exceder esse período, o ideal é drenar o combustível antigo e realizar nova calibragem do sistema antes do retorno à operação.

Lubrificação estrutural preventiva

A lubrificação é uma das medidas mais importantes para a conservação de máquinas paradas. O atrito entre superfícies metálicas pode causar desgaste mesmo sem movimento, especialmente em ambientes úmidos, onde há risco de oxidação.

Durante a preparação para o armazenamento, todos os pontos de lubrificação indicados no manual do fabricante devem ser tratados com graxa de boa qualidade. Essa ação protege componentes como pinos, articulações, mancais, cruzetas, rolamentos e mecanismos expostos. Em casos específicos, também é recomendável a aplicação de óleos de conservação em superfícies metálicas expostas, como eixos, cilindros hidráulicos e barras de direção.

Além disso, a substituição de óleos de motor e hidráulicos contaminados antes do armazenamento evita que acidez ou partículas causem corrosão interna.

Pneus: preservação estrutural e segurança

Os pneus agrícolas, quando submetidos a cargas estáticas por longos períodos, tendem a sofrer deformações permanentes na estrutura da carcaça. Esse fenômeno, conhecido como “flat spot”,

Durante a limpeza e inspeção, deve-se aproveitar para realizar ajustes de folgas, buscar peças soltas e reapertar parafusos

A ausência de cuidados adequados pode resultar em falhas mecânicas, degradação de componentes e elevação expressiva nos custos com manutenção corretiva

compromete o desempenho, o conforto e até a segurança da operação posterior.

Para evitar esse tipo de dano, é indicado o uso de cavaletes ou suportes que permitam suspender parcialmente os eixos, aliviando o peso sobre os pneus. Quando essa prática não for viável, recomenda-se aumentar temporariamente a pressão dos pneus (dentro dos limites definidos pelo fabricante) e movimentar a máquina ocasionalmente durante o armazenamento.

Outra dica importante é manter os pneus limpos e protegidos da luz solar direta, que acelera o envelhecimento da borracha.

Proteção contra insetos e roedores

Armazéns e galpões rurais são frequentemente visitados por roedores, insetos e outros pequenos animais que buscam abrigo em locais quentes e protegidos. Infelizmente, motores e sistemas elétricos de máquinas agrícolas oferecem essas condições.

Para evitar danos, é essencial realizar o tamponamento de todos os respiros de motor, escapa-

mentos, entradas de ar e conexões expostas com material apropriado, como tampões plásticos ou malhas metálicas. Isso impede a entrada de animais que podem roer cabos, construir ninhos ou causar entupimentos, especialmente em turbinas, chicotes e dutos de admissão.

Funcionamento periódico do motor

Mesmo em repouso, o motor da máquina deve ser acionado periodicamente para evitar travamentos, perda de compressão ou falhas no sistema de injeção. A recomendação é dar partida a cada 15 dias, mantendo o motor em funcionamento até atingir a temperatura ideal de trabalho.

Jonas explica como fazer o armazenamento correto de tratores, colhedoras e pulverizadores

Esse procedimento permite que o óleo lubrificante circule por todo o sistema, protege componentes internos contra a oxidação e mantém os selos e retentores em boas condições. Também é importante acionar, sempre que possível, o sistema hidráulico e outros comandos auxiliares.

Caso a máquina esteja armazenada por mais de 90 dias sem possibilidade de acionamento periódico, o uso de óleo conservante no interior dos cilindros e sistema de combustível pode ser indicado.

Condições do local de armazenamento O ambiente de armazenamento é fator crítico para a preservação das máquinas. O ideal é que sejam mantidas em locais cobertos, ventilados, sem incidência direta de sol ou umidade. O piso deve ser firme e nivelado, preferencialmente de concreto, para evitar o acúmulo de água e facilitar a movimentação. Quando não for possível o abrigo coberto, a utilização de lonas de proteção é permitida, desde que bem fixadas e com ventilação adequada. Lonas muito fechadas ou em contato direto com a pintura

Fotos AGCO

podem provocar abrasão e retenção de umidade, acelerando a corrosão.

A adoção de práticas como calçar as rodas, manter implementos apoiados de maneira estável e sinalizar áreas de risco também contribui para a segurança do espaço.

O armazenamento adequado de máquinas agrícolas durante a entressafra é uma estratégia fundamental para manter a eficiência, a confiabilidade e a vida útil dos equipamentos. A negligência nesse período pode gerar falhas operacionais, perdas econômicas e até acidentes.

A atuação do engenheiro mecânico rural como responsável técnico por esse processo é essencial. Cabe a esse profissional definir os procedimentos corretos, treinar operadores, fiscalizar o cumprimento das rotinas e assegurar que os ativos da frota estejam sempre prontos para

A substituição de óleos de motor e hidráulicos contaminados antes do armazenamento evita que acidez ou partículas causem corrosão interna

a próxima safra com o máximo de desempenho e o mínimo de intervenção corretiva.

Investir tempo e recursos em um plano de armazenamento bem estruturado é uma decisão

que reflete diretamente na sustentabilidade e na lucratividade da atividade agrícola.

Jonas Carmo, AGCO América do Sul M

Irrigação viável

Com recursos tecnológicos que têm impactado até os interessados em agricultura irrigada mais conservadores, equipamento se tornou sonho de consumo dos produtores; é preciso, porém, avaliar condições e viabilidade

Historicamente, o crescimento das áreas irrigadas por pivô central nos Estados Unidos foi impulsionado pela reconhecida engenhosidade do equipamento, aliada à estratégica extração de água do aquífero Ogallala, um dos maiores

do mundo, com cerca de 450 mil km², que se estende por oito estados, desde Dakota do Sul até praticamente o Golfo do México. Assim, bastava perfurar um poço não muito profundo no ponto do pivô para abastecer o sistema de irrigação, sem necessidade de adutora.

É notável o destaque que o pivô central ocupa em diferentes canais midiáticos no país, provavelmente pelo imponente impacto visual contemplado com inovadores recursos tecnológicos incorporados a partir de pesquisas constantemente atualizadas nas empresas fabricantes

Tony Oliveira

em diversos países. Todos esses recursos têm impactado positivamente até os mais conservadores interessados em agricultura irrigada que, discretamente, têm transformado o equipamento em um obsessivo sonho de consumo.

A proposta de movimentar radialmente uma linha lateral na área irrigada, ancorada em um ponto central que recebe a água a ser distribuída pelos aspersores especificados em cada posição na tubulação, resultou em um sistema universalmente utilizado para irrigação de inúmeras culturas agrícolas. Entretanto, apesar desse reconhecido destaque, existem condicionantes que devem ser consideradas em uma recomendação criteriosa, algumas das quais apresentadas a seguir.

Sobre o equipamento

O consumo de energia nesse sistema é atribuído tanto para o deslocamento autopropelido do equipamento na área irrigada, quanto para superar suas adversas características hidráulicas, conforme demonstrado por Scaloppi & Allen (1993).

A perda de carga hidráulica em tubulações com múltiplas derivações pode ser calculada, assumindo que a vazão do sistema percorra o comprimento total da tubulação e introduzindo um fator de correção ou ajustamento identificado por F. Em sistemas onde as unidades aplicadoras de água apresentam vazões relativamente uniformes, como na aspersão convencional, no gotejamento e na microaspersão, esse fator aproxima-se de 0,35. Porém, no pivô central, onde grande parte da vazão é destinada às partes mais distantes da tubulação, o fator F pode ser calculado por: F = 1 – (2/3) × (L/R)² + (1/5) × (L/R)⁴, sendo L, o comprimento da tubulação e R, o raio irrigado. Assim, se L = R, ou seja, sem aspersor fi-

O consumo de energia é atribuído tanto para o deslocamento autopropelido do equipamento na área irrigada, quanto para superar suas adversas características hidráulicas

nal com maior vazão, F = 0,533, aumentando significativamente a perda de carga nesse sistema. Porém, se L/R = 0,9, ou seja, o raio irrigado sendo 11% superior ao comprimento da tubulação, F = 0,59, agravando a perda de carga adicionada pelo aspersor com maior vazão instalado na extremidade final na tubulação.

Outra característica a ser observada é o aumento da intensidade média de precipitação (I) com o comprimento da tubulação e a redução do alcance do jato dos aspersores ou “sprayers”, conforme estabelece a equação: I(r) = 0,2 × π × r × Q / (A × Dr)

onde r = distância do aspersor ou “sprayer”, m, Q = vazão do sistema, m³/h, A = área total irrigada, ha, Dr = diâmetro molhado pelo jato do aspersor ou “sprayer” naquela posição, m.

Assim, por exemplo, para r = 357 m, Q = 100 m³/h, A = 40 ha e Dr = 20 m, resulta: I(r) = 0,2 × π × r × Q / (A × Dr) = 0,2 × π × 357 × 100 / (40 × 20) = 28 mm/h.

Mesmo sendo um exemplo ilus-

trativo, o resultado revela um valor preocupante da intensidade de precipitação, agravado pela tendência atual em reduzir a pressão do sistema, resultando em menor alcance do jato aspergido.

Por outro lado, em aspersão convencional, é possível dimensionar sistemas com intensidades médias de precipitação em torno de 3 mm/h, praticamente eliminando qualquer possibilidade de escoamento superficial na maioria dos solos irrigados e condições topográficas, além de aumentar a uniformidade de distribuição de água, decorrente de períodos de aplicação mais amplos, entre outras reconhecidas vantagens tecnológicas e econômicas.

Sobre os custos

O custo de um equipamento pivô central mantém uma relação aproximadamente linear com o comprimento da tubulação. Por outro lado, a área circular irrigada aumenta com o quadrado do raio. Assim, cada incremento da unidade de comprimento (m) da tubulação de um pivô cen-

Wenderson Araujo

O custo de um equipamento pivô central mantém uma relação aproximadamente linear com o comprimento da tubulação

tral corresponde a um incremento de área irrigada (δA, m²) proporcionalmente maior que o anterior (δA = 2 × π × r), onde r é a distância do ponto considerado em relação ao ponto central, conforme mostra a Tabela 1.

Em consequência, o custo por unidade de área irrigada diminui com o comprimento da tubulação, tornando o sistema financeiramente mais atrativo.

Por outro lado, conforme revela a equação apresentada, a intensidade de precipitação aumenta com o comprimento. Portanto, dependendo da capacidade do equipamento, recomenda-se ajustar os aplicadores de água e a condição operacional, além da execução de efetivas estruturas para conservação do solo, com a finalidade de reduzir impactos ambientais causados por volumes de aplicação que excedem a capacidade de infiltração de água no solo, notoriamente agravados pela redução da velocidade de rotação do equipamento.

A vazão relativa da tubulação

(Qr/Q) em função do comprimento relativo (r/R) assume os seguintes valores, calculados por Qr/Q = 1 - (r/R)²

nial que acrescentam custos ao sistema, além de interferir na programação operacional da irrigação, reconhecidamente caracterizada pela alta frequência.

Disposição de espaço

Assumindo que 38% das propriedades agrícolas no país apresentam áreas inferiores a 10 ha, e 70% são áreas de até 50 ha, de acordo com o CensoAgro de 2017, pode-se avaliar a dificuldade em instalar pivôs centrais nessas propriedades, considerando as inevitáveis deduções atribuídas à Reserva Legal, à Área de Preservação Permanente, a construções e benfeitorias, estradas, cercas, linhas de transmissão de energia, topografia desfavorável etc., além da configuração circular da área cultivada (por exemplo, um pivô de 40 ha sem aspersor final requer 714 m de diâmetro).

Os valores da tabela revelam características hidráulicas adversas ao sistema. Por exemplo, a vazão dos aspersores instalados na metade inicial da tubulação corresponde a apenas 25% da vazão total, enquanto que os aspersores mais distantes do ponto central contribuem com 75% da vazão total, o que implica maior perda de carga hidráulica na tubulação e no consequente consumo de energia.

Despesas extras

Outro aspecto merecedor de atenção é o aumento da ocorrência de vandalismos e furtos de valorizados componentes do equipamento, relatados em várias regiões do país, obrigando a instalação de efetivos dispositivos de segurança patrimo-

Considerando que o CensoAgro referido revelou a existência de 5,07 milhões de propriedades rurais no país, pode-se dimensionar o número de agricultores que devem avaliar criteriosamente o pivô central como alternativa de irrigação em seus cultivos, potencializando sistemas com investimentos mais ajustados à sua realidade, também capazes de proporcionar desempenhos igualmente satisfatórios.

Mais agricultores beneficiados

Seria desejável que o recente incremento de áreas irrigadas na agricultura nacional fosse expresso não apenas como superfície irrigada, mas, também, contemplando o número de agricultores beneficiados por esse acréscimo.

Wenderson Araujo
Tabela 1 - acréscimos da área irrigada por unidade de comprimento em diferentes distâncias de um pivô central
Edmar José Scaloppi, Unesp

Multiuso

Drone é uma das ferramentas inovadoras que podem ser utilizadas em benefício do produtor rural, trazendo vantagens econômicas, rapidez e precisão na aquisição de dados e nas aplicações de defensivos

Acrescente adoção de tecnologias no agronegócio tem impulsionado a produtividade e a eficiência operacional no campo. Entre essas inovações, os drones se destacam como ferramentas essenciais para monitoramento, análise e gestão das atividades agropecuárias. O uso dessas aeronaves não tripuladas possibilita maior precisão na tomada de decisão, otimiza o uso de insumos e reduz custos operacionais.

Evolução tecnológica e contexto histórico

O uso de tecnologia na agricultura tem sido um dos principais vetores de crescimento do setor ao longo das últimas décadas. Desde a introdução do GPS e dos sensores remotos até o advento da Inteligência Artificial, diversas inovações têm transformado o meio rural, e a introdução dessas tecnologias tem mudado a rotina no campo. Dentro desse contexto, os drones surgem como uma ferramenta revolucionária, possibilitando um monitoramento mais detalhado e preciso das lavouras e pastagens. Nos últimos anos, a popularização dos drones foi impulsionada pela evolução dos sensores e pela redução dos custos de fabricação. Atu-

almente, essas aeronaves contam com câmeras de alta resolução, sensores multiespectrais e sistemas de georreferenciamento, permitindo sua aplicação em diversas frentes da agricultura moderna.

Monitoramento e diagnóstico preciso

Os drones equipados com sensores multiespectrais permitem a análise detalhada da saúde das lavouras, possibilitando a detecção precoce de pragas, doenças e deficiências nutricionais, permitindo intervenções rápidas e localizadas. Além disso, imagens de alta resolução ajudam na avaliação da biomassa e no acompanhamento do crescimento das culturas. Entre as diferentes aplicações está o monitoramento da uniformidade da semeadura e do crescimento das plantas, permitindo a identificação de falhas na plantação que, muitas vezes, passariam despercebidas em inspeções convencionais. Essa abordagem melhora o planejamento agrícola e reduz desperdícios. Outra aplicação interessante é

Modelo Digital de Elevação (MDE), o qual representa a topografia do terreno e o topo da cultura implantada, permitindo assim extrair a altura do dossel da plantação. Deste mesmo modelo (MDE) deriva outro, o Modelo Digital do Terreno (MDT), o qual, através de processamento matemático, exclui os elementos acima do solo (árvores, plantações, construções etc.), expondo apenas a topografia do terreno.

Pulverização de precisão

Uma das aplicações mais revolucionárias dos drones no campo é a pulverização agrícola. Quando equipados com sistemas de operação inteligentes, garantem a distribuição precisa de defensivos e fertilizantes, reduzindo o desperdício de produtos e minimizando impactos ambientais. Também podem

ser utilizados em áreas de difícil acesso, onde não seria possível por métodos convencionais. Além disso, possibilitam uma pulverização seletiva, direcionando o defensivo apenas para as áreas afetadas por pragas ou doenças.

Outro fator interessante são os protótipos que a cada nova apresentação oferecem “payloads” (capacidade de transporte de insumos) cada vez maiores; hoje em dia, no Brasil, já está disponível o modelo “Agras T50”, da marca DJI, que transporta até 40 L de defensivos agrícolas ou 50 kg de sólidos, sejam fertilizantes ou sementes. Mas na China, país sede da marca DJI, já se encontra em operação o irmão maior, o Agras T100 (com capacidades de 75 L ou 85 kg, respectivamente).

Conservação do solo e monitoramento de erosões

Drones equipados com sensores LiDAR e câmeras de alta resolução

Entre as aplicações, estão monitoramento de uniformidade de semeadura, crescimento de plantas e levantamento da topografia, através do Modelo

permitem o mapeamento detalhado do relevo, auxiliando na identificação de áreas suscetíveis ou já em processos erosivos. Com essas informações, é possível planejar a adoção de medidas preventivas ou corretivas. Quando comparadas com as imagens obtidas no Google Earth, as feitas por drones apresentam mais definição e precisão.

Manejo de pastagens e pecuária de precisão

Na pecuária, os drones vêm sendo utilizados para monitorar pastagens e, consequentemente, o estado nutricional dos animais.

Com imagens aéreas e sensores específicos (multiespectral), é possível avaliar a biomassa disponível, otimizando o manejo na rotação dos piquetes no pastoreio. Além disso, drones são empregados para a contagem de animais, auxiliando na detecção de doenças ou estresse térmico. Essa abordagem melhora a eficiência da produção pecuária e reduz custos operacionais.

Agricultura de precisão

Os drones desempenham um papel fundamental na agricultura de precisão. A captura de imagens georreferenciadas permite a geração de mapas detalhados do terreno, auxiliando na análise e no planejamento da irrigação e na elaboração de estratégias para aumento da produtividade.

Maquetes digitais

Outra vantagem do uso de drones é a criação de modelos tridimensionais do terreno, permitindo com maior precisão o planejamento de estradas de acesso, de canais de irrigação e drenagem. Essa tecnologia contribui para a redução dos custos de futuras construções e de impactos ambientais, melhorando a eficiência da atividade agrícola.

Benefícios econômicos e ambientais

A eficiência promovida pelo uso

Fotos Anderson Patric Ávila Machado
Digital de Elevação (MDE)

As três imagens mostram a diferença entre o nível de detalhamento de imagens do Google Earth (esquerda) e de drones (centro e direita)

de drones reflete diretamente na redução de custos operacionais, pois permite uma gestão mais precisa dos recursos agrícolas. Além disso, o uso mais eficiente dos insumos químicos contribui para a sustentabilidade ambiental do empreendimento.

A utilização de drones também reduz a necessidade de mão de obra em determinadas operações agrícolas, permitindo que os produtores realoquem seus recursos humanos para atividades de maior valor agregado. Com isso, há um aumento na eficiência produtiva e na rentabilidade do setor agropecuário.

Desafios e limitações

Apesar dos inúmeros benefícios, a adoção de drones no meio rural ainda enfrenta desafios. Um dos principais entraves é a necessidade de capacitação dos operadores, pois a coleta e a interpretação dos dados exigem conhecimento técnico especializado. Além disso, a regulamentação para o uso dessas aeronaves não tripuladas no espaço aéreo é bastante rigorosa, exigindo dedicação e atenção por parte dos prestadores de serviço. Outro fator limitante é o custo inicial dos equipamentos e softwares de processamento de imagens. No entanto, com a crescente de-

manda e avanços tecnológicos, a tendência é que os preços se tornem mais acessíveis nos próximos anos.

Futuro dos drones na agricultura

O avanço contínuo da tecnologia promete tornar os drones ainda mais eficientes e acessíveis. A integração com a Inteligência Artificial permitirá com que essas aeronaves façam análises automatizadas e recomendações mais precisas para o manejo agrícola. Além disso, a conectividade com plataformas de Big Data facilitará a tomada de decisões baseada em dados históricos e previsões climáticas.

A tendência é que os drones se tornem parte indispensável da gestão agrícola moderna, contribuindo para uma produção mais sustentável e eficiente. Dessa forma, com o aprimoramento contínuo dessas ferramentas, o setor agropecuário seguirá se beneficiando de maior produtividade, redução de custos e preservação ambiental.

Considerações finais

A introdução dos drones no meio rural representa uma revolução na forma como as atividades são conduzidas no cam -

po. O investimento em inovação tecnológica tem demonstrado ser um diferencial competitivo, proporcionando maior produtividade e sustentabilidade. Com a evolução contínua dos equipamentos e sensores, o uso de drones torna-se cada vez mais indispensável na gestão agrícola do futuro. Finalmente, destaca-se a versatilidade desses equipamentos, pela capacidade de realizarem a captação dos mais variados tipos de dados (imagens, temperatura, índices vegetativos, dados topográficos, entre outros), de forma rápida e precisa, aumentando assim a assertividade no processo de tomada de decisões.

Anderson Patric Ávila Machado, Geo Drone; Diogo Silveira Kersten, Wilber Feliciano Chambi Tapahuasco, Universidade Federal do Pampa M

Autores abordam as diferentes aplicações de drones na agricultura

Fotos Anderson Patric Ávila Machado

Fendt Ideal 9T

Com motor de 656 cv de potência, tanque graneleiro de 17.100 litros e plataforma de até 50 pés, a nova Fendt Ideal 9T traz muita tecnologia e capacidade de processamento com qualidade e baixo índice de perdas e danos aos grãos

OMato Grosso do Sul é um dos estados brasileiros mais inspiradores, para quem gosta de uma boa agricultura, com produtividade e eficiência, mas também com boas práticas de integração agricultura e conservação da natureza. A região de Bonito é um exemplo de conexão de práticas agríco-

las, com ecoturismo e contemplação do ambiente natural.

Para testar no campo a colhedora

Fendt Ideal 9T fomos até esta região do Centro-Oeste brasileiro, particularmente na Fazenda Bodoquena,

do Grupo Verluz Sementes, no município de Bonito. Em uma área destinada à produção de sementes, tivemos a oportunidade de trabalhar com a Fendt Ideal 9T o dia todo, em uma ótima condição de clima e cultura.

A Fendt Brasil tem uma linha com quatro modelos de tratores, a colhedora Fendt Ideal, modelos 7, 8 e 9, as semeadoras Fendt Momentum e o pulverizador Fendt Rogator 900. Depois de seis anos operando no Brasil, a marca está convicta que um dos seus pontos fortes é a confiabilidade, demonstrada pelos ótimos registros do seu setor de pós-venda. Os resultados de avaliação dos seus produtos pela própria empresa, assim como por instituições de pesquisa na-

cionais, também têm demonstrado que a marca tem obtido excelentes resultados em termos de rendimento operacional.

As colhedoras Ideal são fabricadas em Santa Rosa (RS), com alguns componentes importados, e se oferecem em três modelos, Ideal 7, 8 e 9, sendo que os modelos 8 e 9 podem receber a designação T, que se refere à montagem com esteira dianteira, em vez de pneus. Entre os modelos, algumas mudanças no chassi e na parte industrial, o modelo Ideal 7 utiliza um único rotor ao invés de dois rotores, como nas Ideal 8 e 9. São rotores exclusivos, diferentes de outros modelos de máquinas da concorrência.

O modelo menor, Ideal 7, tem depósito graneleiro para 12.500 litros, ou aproximadamente 160 sacos e pode ser equipado com plataformas de corte de 35 e 40 pés. Nos modelos Ideal 8 e 9, o depósito de grãos sobe para 17.100 litros ou 220 sacos e a plataforma pode ser

de 40 e 45 pés no modelo 8, e 45 e 50 pés no modelo 9.

Motor

Embora os três modelos oferecidos para o mercado nacional formem parte de uma família de produtos, na Ideal, cada modelo tem um motor diferente e não uma versão do mesmo motor repotencializado. A Ideal 7 utiliza o AgcoPower, modelo AP 9,8 L de 7 cilindros com 481 cv, a Ideal 8 utiliza o Man, modelo 12,4 L de 6 cilindros e 545 cv e a Ideal 9 vem equipada com o Man, 15,2 L também de 6 cilindros, com 656 cv de potência máxima. Todos os motores atendem à normativa de redução de emissões Proconve MAR-1, com a utilização de pós tratamento com Arla32 e seguem a tendência atual de redução de regime de rotações dos motores, fornecendo potência máxima ao redor de 1.900 rpm. No sistema de arrefecimento da temperatura do motor, o sistema de ventilação “Airsense” faz a re-

Charles Echer

versão de sentido de giro do ventilador dos radiadores, para eliminar resíduos que possam restringir a passagem do ar pelos radiadores. Também como novidade, foi colocada a “Airbox” nos modelos 8 e 9, que constitui-se de uma caixa de ar pressurizada, fazendo com que o tubo de escapamento passe por um compartimento, reduzindo a acumulação de resíduos que poderia gerar um incidente térmico.

Plataforma

Todas as plataformas usadas pelos modelos Ideal fabricadas na unidade da AGCO em Santa Rosa, RS, são do tipo draper, modelo Dynaflex, com 35 e 40 pés para o modelo Ideal 7, com 40 e 45 pés para o modelo Ideal 8 e para a maior, a Ideal 9, a platafor-

ma tem 45 e 50 pés de comprimento. Atualmente, a Ideal 9 é a única máquina do país que sai de fábrica com plataforma de 50 pés, produzida no Brasil.

A barra de corte é do tipo Schumacher, dividida em duas seções, podendo atuar como barra flexível ou rígida, controlada a partir do posto do operador. No modo flexível, a leitura da posição vertical e a flexibilidade são feitas por potenciômetros, que transferem a informação para o operador. O curso vertical das navalhas é de 203 mm, podendo adaptar-se à superfície do solo e, tanto o acionamento da plataforma como o do canal alimentador são feitos diretamente por uma árvore cardânica pelo “drive center”. Duas seções de esteira re-

únem o material no centro e este é conduzido ao canal alimentador por um pequeno caracol central. Cada lado da plataforma é acionado por um cardã, que recebe o movimento central. O do lado direito aciona a esteira central, a esteira do lado direito e a parte direita da barra de corte. O cardã esquerdo, por sua vez, aciona o caracol central, a esteira do lado esquerdo e a seção da barra de corte do lado esquerdo. A velocidade das esteiras laterais pode ser ajustada da cabina, pelo operador. Nas máquinas com até 40 pés, o molinete é único, porém nas plataformas de 45 e 50 pés ele é dividido em duas partes. Os ajustes básicos de todas as plataformas e nos três modelos da Fendt Ideal são feitos diretamen-

te da cabina da máquina, por acionamento eletro-hidráulico, assim como para adequação de pressão, ângulo de ataque, ajuste do molinete, memória de altura de corte e de manobra e velocidade da esteira, não havendo necessidade de que o operador saia do seu posto de trabalho.

Sistema industrial

Embora tenhamos afirmado que a Ideal é fabricada no Brasil, alguns componentes-chave são trazidos das fábricas europeias da Fendt. Tanto o motor como toda a unidade de transmissão e acionamento, o “drive center”, são trazidos do exterior. Durante o teste, nos detivemos a conhecer particularidades do “drive center” da Ideal 9T. Toda a parte industrial é acionada por apenas 13 correias.

O tanque graneleiro da Ideal 9T tem capacidade para 17.100 litros ou 220 sacos; a barra de corte é do tipo Schumacher, dividida em duas seções, podendo atuar como barra flexível ou rígida, controlada a partir do posto do operador

Logo após a massa de produto colhido ter saído da plataforma, ela entra pelo canal alimentador, constituído por quatro correntes, em todos os modelos na versão atual. Este canal, também conhecido como embocador, pode ser ajustado em ângulo de ataque e incli-

nação lateral, assim como a velocidade de alimentação pela rotação, que varia de 611 rpm a 952 rpm, controlados por sensores. Como era de se esperar, em uma máquina de tecnologia avançada como esta, o projeto previu a mudança de sentido e redução da velocida-

de do movimento para a reversão, utilizando motor hidráulico.

Do canal, o grão passa por um cilindro alimentador que gira mais devagar que os rotores, entre 280 rpm e 810 rpm, e tem uma caixa que retém pedras. Ele direciona o fluxo da massa para um único rotor centralizado, no modelo menor, Ideal 7, e dois rotores para os modelos Ideal 8 e 9, que farão a função de trilha, separação e início da limpeza.

No modelo Ideal 9T que testamos, verifica-se que os dois rotores têm um diâmetro menor do que os da concorrência, porém bastante mais longos, com 4.838 mm, resultando em uma área de trilha e separação de 4,5 m2. Os rotores são divididos em quatro partes, cada uma com sua função bem clara. A primeira parte do rotor tem uma forma helicoidal, com quatro hélices, que fazem principalmente a alimentação para a parte seguinte, que é encarregada pela trilha e separação e compõe-se de dois módulos de barras desencontradas. Espera-se que toda a trilha ocorra nesta seção do rotor, com uma ação de compressão e descompressão, assim como a maior parte da separação dos grãos da palha. Depois, a porção seguinte do rotor continua a separação, através de dedos, dispostos de forma helicoidal no rotor. Por último, a porção final é encarregada da descarga. Para controlar a velocidade dos rotores há um divisor na forma de caixa alta e bai-

xa, que determina uma faixa onde o controle é feito do posto do operador. Assim como o canal alimentador, os rotores também podem ter o movimento revertido, utilizando-se um interruptor colocado no console lateral.

Os côncavos são de arame, e as grelhas colocadas na parte inferior dos rotores podem ser de arame e dedos e são muito fáceis de serem retirados.

Os grãos trilhados caem sobre uma bandeja de estratificação, colocada na parte da frente e que faz a função de pré-limpeza. Daí, os grãos limpos vão às peneiras e a palha leve é retirada com o auxílio do ventilador. Outra bandeja, de retorno, leva o produto até o início das peneiras.

As peneiras são do tipo dupla cascata, e tanto a superior como a inferior serão escolhidas em função do tamanho do grão, sendo a do milho e da soja do mesmo tipo. No terminal, dentro da cabina, pode ser feito o ajuste da abertura de forma eletro-hidráulica. Embora as peneiras sejam fixas, elas têm uma capacidade de atuar como autonivelantes, pois o sistema de dupla cascata e a bandeja de estratificação têm seções curvas em material plástico nas bandejas de retorno e os divisores são mais altos, proporcionando uma compensação nas áreas declivosas.

Passando pelas peneiras, o grão sobe até o depósito pelo elevador de grãos limpos, que utiliza 40 pás

(conchas) de borracha. Nele está disposto o sensor de produtividade e umidade. O reservatório de grãos conta com extensões que podem ser recolhidas diretamente da cabina, para o transporte e armazenamento. O ventilador é formado por três seções e pode ter a velocidade variada de 150 rpm a 1.350 rpm pelo operador. Na retrilha, uma curiosida-

de, o grão volta para a bandeja de retorno e não diretamente para a trilha, o que, sem dúvida diminui o dano ao grão.

O tubo de descarga, denominado Streamer 140 no modelo Ideal 7 e Streamer 210 nos modelos Ideal 8 e 9, consegue fazer a descarga total do depósito graneleiro em até 81 segundos, mas esta vazão pode ser diminu-

ída para evitar a quebra de grãos, nos casos como o da Fazenda Bodoquena, que produz semente. A base do tubo é reforçada, partindo de uma robusta peça em ferro fundido, por onde se articula o tubo para a posição de descarga. A dimensão do tubo é proporcional ao comprimento da plataforma, com 9,15 m na Ideal 7 e 10,6 m nos modelos 8 e 9. Um simples toque no monitor abre a extensão e com um interruptor tipo roler na alavanca multifunção abre e fecha o tubo e inicia a descarga.

Por fim, na saída da palha é necessário manejar os resíduos, primeiramente com o picador de palha, que trabalha com duas velocidades e se baseia em um rotor de facas que atua sobre uma barra

fixa. Após ser picada, a palha é direcionada por meio de defletores para o espalhador, que funciona com dois discos aletados (“spinners”), acionados hidraulicamente. A regulagem da velocidade dos discos é determinante para a largura de distribuição. Vimos no teste que a máquina faz a cobertura plena da largura de corte da plataforma, sem nenhuma concentração no centro da máquina, o que favorece a implantação de outras culturas em sequência. Na saída da palha, antes do espalha-

Detalhe dos picadores e demais componentes do sistema de manejo de resíduos, que consegue espalhar de forma uniforme toda a palha gerada

Interior da cabine premium da Ideal 9T, o complemento sempre com letra maiúscula, bem como IDEAL sempre em caixa alta

Ergonomia e cabina

dor, em uma superfície plana temos o sensor de perda de grãos.

Sistema de autopropulsão

A Fendt Ideal 7 vem equipada com rodado duplo de pneus na parte dianteira, especificados em 620/70R42, e os traseiros 620/70R26. Os modelos 8 e 9 podem vir montados com rodados de pneus duplos na dianteira, na designação 710/70R42, e os traseiros na medida 750/65R26. Tanto no modelo Ideal 8 como no 9, o cliente poderá optar pela montagem de esteira de borracha no rodado dianteiro, recebendo daí a designação T. Portanto, a máquina que testamos a campo, a Ideal 9T, é dotada de esteiras na parte frontal.

Não é possível colocar as esteiras depois da aquisição da máquina, pois ela sai de fábrica pronta para rodados de pneus ou para as esteiras. No rodado traseiro, ela vem equipada com pneus de alta flutuação na medida 750/65R26. A esteira de borracha, fabricada nos Estados Unidos, tem 30 polegadas de largura e

é acionada por uma roda motriz na parte de cima e sua tensão é dada por dois esticadores automáticos, colocados na parte inferior.

Várias vezes acompanhamos a movimentação da máquina no campo, verificando sua ótima interação com o solo, o que resulta em uma menor concentração da pressão sobre a superfície, distribuindo a força sobre uma enorme área de contato. Dessa forma, há uma melhora significativa da interação e por isso da tração, mas a principal vantagem é, sem dúvida, a diminuição da compactação do solo, principalmente na zona de desenvolvimento de raízes.

Em geral, um preconceito manifestado contra o uso das esteiras em tratores e colhedoras se baseia no preço de aquisição e no custo de substituição da cinta contínua que forma a esteira, porém este custo se dilui pela durabilidade, pois elas se desgastam muito menos que os pneus agrícolas. Enquanto um par de esteira é substituído, muitos pneus tiveram que ser adquiridos para a troca.

Como era de se esperar em um produto desta categoria, a qualidade da cabina surpreende qualquer um. Com um sistema de pressurização, não se nota a entrada de pó e ruído, e o conforto se sente desde o assento até a visibilidade. Como o modelo que testamos era o top de linha, pudemos aproveitar para conhecer todos os recursos desta máquina. Ao lado direito do assento do operador, um apoio de braço reúne os principais comandos e um pequeno monitor exibe uma série de informações sobre a parte operacional da máquina, assim como uma representação gráfica das perdas de grãos. À frente do console, uma tela de 10,4 polegadas chamada de monitor NT01 ou Vario Terminal serve para configurar funções, dividindo a tela em quatro quadrantes para mostrar as informações que o operador entender mais importantes, inclusive imagem de câmeras. Este é um monitor que servirá para configurar desde recursos da plataforma, da máquina, de iluminação, as calibrações específicas da cultura, o

O tubo de descarga, Streamer total do depósito granel

Fotos Charles Echer

manejo de grãos e palha, as perdas de grãos e os modos de colheita, selecionados pelo movimento lateral do joystick.

O comando multifunção colocado no console lateral reúne as principais funções necessárias para a operação da máquina, como ajustes da plataforma, descarga de grãos, acionamento do piloto automático e manobras. Com um movimento para frente e para trás, movimenta a máquina para frente e ré, podendo-se escolher uma aceleração rápida ou aproximação lenta, para o engate da plataforma. A movimentação do comando multifuncional para o lado direito aciona o modo de colheita escolhido, e para a esquerda detém a máquina. Vimos no teste que há mecanismos previstos para impedir os erros de operação. Como dizia o nosso operador, a máquina é inteligente, mas, por segurança, há necessidade de informar a ela o que se quer fazer. O cliente, ao adquirir a colhedora Ideal, poderá escolher qual receptor de posição GPS irá utilizar, com quatro alternativas. A primeira será o sistema autônomo, sem custo, a segun-

210 consegue fazer a descarga eiro em até 81 segundos

Atualização da versão 2025

• No modelo 2025, a colhedora Ideal teve algumas atualizações. Primeiramente, foram feitas adequações nos adesivos, tanto da máquina como das plataformas.

• No acionamento da plataforma de colheita, agora o sistema de caixa de transmissão é selado, para proporcionar menos manutenção e incrementar a vida útil deste componente.

• No canal alimentador foi colocado um novo dispositivo para a retirada de pó que entra com a massa de palha e grãos. A partir desta versão, o pó será sugado e retirado lateralmente. Também foi uniformizado o número de correntes, que passa a ser o mesmo para os três modelos. Algumas estruturas foram reforçadas.

• O “drive center” foi atualizado com novo circuito de lubrificação pela adição de uma segunda bomba. O número de discos da embreagem do coletor de carga foi aumentado de quatro para seis discos, além de terem sido projetadas novas polias de transmissão. Também neste componente foi introduzido um novo respiro para aliviar a pressão interna e

conter vazamentos.

• Nos rotores, a modificação foi a introdução de tampas superiores que podem ser substituídas em todos os três modelos. Isso vem a permitir a troca destes componentes, quando sofrerem desgaste, melhorando a manutenção e aumentando a vida útil.

• Em todos os modelos, no tubo de descarga, a ponteira tem movimentação por motor elétrico e sua extensão de descarga será 40 cm mais alta, na extremidade. O sem fim da descarga de grãos tem um novo mecanismo de articulação nos três modelos. Isso representa que no tubo dos modelos Ideal 8 e 9 se dobrará em 130 graus, ao invés de 77 graus da versão anterior.

• Em termos de tecnologia embarcada, o padrão TI substituiu o padrão tradicional de gerenciamento de manobras de cabeceiras em todos os três modelos. Foram alterados parâmetros de ajuste e a partir de agora um padrão configurado pode ser exportado para outra máquina, por meio de um arquivo armazenado em um pen drive.

Presença nas principais regiões produtoras

AFendt, que é a marca Premium do Grupo AGCO, logo após a sua chegada ao Brasil, iniciou a organização da sua rede de concessionários, começando em 2019 com a loja de Sorriso, Mato Grosso, gerida pela própria marca. Em seguida, a Fendt Impact, que foi primeira concessionária do Brasil, instalou-se em Sidrolândia, sendo a revendedora de todos os produtos Fendt para o Mato Grosso do Sul, com lojas em Sidrolândia, Maracaju, Dourados e São Gabriel do Oeste. Outras concessionárias foram sendo abertas, e hoje o Brasil está coberto pela Fendt Razzera, que atende o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com lojas em Passo Fundo, Cruz Alta e Xanxerê, e a Fendt Polisul, com loja em Capão do Leão para a região sul do Rio Grande do Sul.

A Fendt Vamos é a concessionária com maior número de lojas, atendendo parte de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e

parte do Paraná, com estabelecimentos em Rio Verde, Silvânia, Formosa, em Goiás; Querência, Sorriso, Nova Mutum e Primavera do Leste, Confressa, Rondonópolis e Sinop, no Mato Grosso; Chapadão do Sul, no Mato Grosso do Sul, e ainda em Cascavel, Guarapuava e Ponta Grossa, no Paraná. A Fendt Kato Comercial Agrícola Paranavaí atende parte do Paraná, com loja em Campo Mourão. Também, a Fendt Sotrec Agro atende clientes de parte do Mato Grosso pelas lojas de Campo Novo do Parecis e Juara, além de Rondônia pela loja de Vilhena e Pará pela loja de Marabá. O Maranhão e o Piauí são atendidos pela Fendt Mardisa, com lojas em Balsas, Imperatriz e Portal dos Cerrados, no Piauí. A Bahia é atendida pela Fendt Nossa, com loja em Luís Eduardo Magalhães. Para o estado de São Paulo, a concessão é da Fendt Agrolíder, que tem loja em São José do Rio Preto.

da é o submétrico, com precisão de aproximadamente 15 cm, com demonstração gratuita por um ano da aquisição, a terceira opção é o decimétrico, com precisão de 2,5 cm e sinal gratuito de 30 dias, e por último, o centimétrico de 2,5 cm com base RTK.

Uma das tecnologias que utilizamos no teste e nos impressionou bastante é a que permite programação da automatização das manobras, com o Autoturn, que além de realizar a manobra de cabeceira, faz a automatização de várias funções, como por exemplo a memória de altura de plataforma, a posição e rotação do molinete, a velocidade do ventilador e o automatismo do piloto automático. No teste utilizamos sempre este sistema que só é possível usar em máquinas que estejam equipadas com os níveis de correção decimétrico e centimétrico.

O sistema de telemetria Fendt Connect registra e transmite a posição da máquina e até 67 parâmetros, relacionados ao funcionamento e desempenho da colhedora, para dispositivos situados tanto nas instalações do cliente como na concessionária de sua escolha.

Modos de operação

Durante o teste de campo, recebemos o apoio do engenheiro Juan Paulo Barbieri, que é coordenador de marketing produto e trabalha com estas máquinas há muito tempo. Também nos auxiliou a conhecer as características e o funcionamento da Ideal 9T, o promotor de marketing tático Mario Oliveira. Tivemos também uma importante colaboração do diretor de pós-venda da Impact, Taylor Olberman, que estava operando a máquina e demonstrando toda a sua experiência com a Fendt Ideal.

Os testes ocorreram na Fazenda Bodoquena, em Bonito (MS), que é propriedade da empresa Sementes Verluz e produz sementes de qualidade para diversos produtores. A máquina estava em demonstração na área e colhendo parcelas destinadas exclusivamente para sementes, o que gerava uma necessidade de reduzir perdas por quebra. No caso da Fazenda Bodoquena, na produção de sementes, a qualidade do grão é o mais importante, mais ainda que a limpeza do grão no depósito. A porcentagem de grãos inteiros é o índice que eles buscam.

Ao contrário de outras ocasiões em que testamos máquinas onde as perdas de colheita e a limpeza da massa de grãos eram o alvo e deveriam ser reduzidas a patamares bem baixos, neste caso o alvo era manter grãos inteiros. Para isso, foram feitas ações de regulagem da máquina. A cada vez que os grãos eram descarregados no caminhão, uma amostra era tomada e verificada a integridade dos grãos, objetivando-se percentuais abaixo de 3% a 5% de grãos quebrados. Em algumas amostras que acompanhamos na área principal, o percentual oscilou entre 0 e 3%. As perdas de grão desta máquina foram medidas e os resultados

foram inferiores a 15 kg por hectare na soja (0,4%) e 52 kg/ha no milho (0,8%).

Há três modos de colheita a escolher dentro do sistema de automação da máquina, o HarvestPlus. O primeiro modo estabelece velocidade constante, portanto, este parâmetro será privilegiado e se manterá a velocidade sempre entre os limites estabelecidos na configuração (C1 e C2). A máquina estava configurada para trabalhar a velocidades de colheita entre 3 km/h e 6,3 km/h, sendo estes os limites para a

integração entre motor e transmissão. O segundo modo privilegia a manutenção constante da carga sobre os rotores, alterando a velocidade de deslocamento, se necessário, para manter a carga nos valores configurados. O terceiro modo é o que foca na manutenção dos parâmetros de operação e desempenho, privilegiando que as perdas de grãos sejam as menores, dentro do nível máximo estabelecido na configuração.

José Fernando Schlosser, Laboratório de Agrotecnologia - UFSM M

O teste de campo foi realizado no município de Bonito, Mato Grosso do Sul
Fotos Charles Echer

Trilhos no canavial

O tráfego controlado em lavouras de cana-de-açúcar é uma alternativa importante para diminuir a compactação do solo numa das culturas que mais sofrem com este problema

Acana-de-açúcar é uma das culturas agrícolas mais importantes no cenário mundial de energias limpas e renováveis. No entanto, algumas operações de manejo ainda carecem de aprimoramentos neste setor, a exemplo da colheita mecanizada, onde severas cargas são aplicadas nos solos por máquinas pesadas, reduzindo a viabilidade das lavouras. Desta forma, algumas soluções, como tráfego controlado, utilização de colhedoras com linhas duplas (re-

dução do pisoteio), bitolas padronizadas de todas as máquinas, manutenção de palhiço no solo, seleção de pneus flexíveis, entre outras, têm sido implementadas para aprimorar a sustentabilidade do setor.

Tráfego controlado

O tráfego controlado pode ser definido como o controle de trânsito das máquinas em faixas específicas na lavoura, de forma que os rodados permaneçam a uma distância segura em relação à cultura ve-

getal, ou seja, fora da área de absorção de água e nutrientes e de expansão radicular.

Para a implantação do tráfego controlado é necessário que sejam instalados nas máquinas sistemas de direcionamento, posicionamento via satélite, além de uma série de ajustes (padronização) nas bitolas para propiciar o trânsito nas áreas centrais das entrelinhas das lavouras (Figura 1). Essas áreas centrais das linhas duplas, conhecidas na prática como “linhas gêmeas”,

John Deere

não devem sofrer tráfego aleatório, de forma que sempre seja preservada uma das entrelinhas livre de compactação, formando um canteiro central, com solo estruturado e preservado.

Normalmente, manter as máquinas afastadas das culturas vegetais é um grande desafio, pois os sistemas modernos de direcionamento ainda apresentam imperfeições nos atuadores de direção das máquinas, isso sem contar com a instabilidade dos sinais de posicionamento via satélite. Uma barreira importante a ser superada no quesito tráfego controlado é o direcionamento independente das máquinas rebocadas, como por exemplo os transbordos de cana. Em áreas com declividade acentuada, o piloto automático corrige o trânsito dos tratores, no entanto, as máquinas rebocadas podem sair da rota programada (escorregar) e eventualmente transitar sobre as linhas de

cultivo, causando impactos negativos no solo e na lavoura.

Se compararmos com outras culturas agrícolas, a cana é uma das que mais sofrem passagens de máquinas. Isso causa compactação cumulativa dos solos, até que, ao final de cinco anos em média, a rentabilidade do canavial é comprometida e se faz necessária a renovação.

A Tabela 1 descreve algumas operações e cuidados importantes para a colheita mecanizada de cana-de-açúcar.

Georreferenciamento, posicionamento e controle de tráfego

O georreferenciamento da lavoura e o uso do piloto automático nas operações agrícolas são fundamentais para o sucesso na colheita de duas linhas. Essas tecnologias garantem a precisão no posicionamento dos equipamentos em todas as etapas do cultivo, possibilitando o controle de tráfego dentro do canavial,

Figura 1 - conjunto mecanizado para colheita de duas linhas simultâneas de cana-de-açúcar (gêmeas). O trator-transbordo possui a mesma bitola da colhedora. Ambos transitam de forma intermitente na lavoura, preservando o solo e reduzindo a compactação no “canteirão” central. Nos sistemas de Tráfego Controlado Integral, todas as demais máquinas possuem bitolas iguais (pulverizadores, adubadoras etc.). Fonte:Jacto.com.br

preservando as entrelinhas da compactação do solo e favorecendo o enraizamento das plantas em uma zona sem influência da compactação, conhecida na prática como “canteirão” (Figura 2).

O paralelismo das linhas de cana é importante para as lavouras, porém, mais importante do que linhas perfeitamente paralelas é que as máquinas estejam programadas para reconhecer a situação real das lavouras. Posicionar a colhedora nas linhas pares, seguindo o rastro do trator e da plantadora no plantio, elimina essa variação, melhora o fluxo de cana na colhedora e reduz significativamente o pisoteio da soqueira. Entretanto, alguns produtores podem aprimorar essa eficiência se adotarem pneus mais estreitos, reduzindo o risco de transitar próximo das linhas.

Os pneus mais estreitos trabalham com maiores pressões de inflação e aplicam cargas localizadas nas

Figura 2 - sistematização do terreno e espaçamentos entre plantas e rodados em uma lavoura padrão, com espaçamento entre linhas de 1,5 m. Os rodados transitam afastados da zona radicular, reduzindo o impacto nas linhas adjacentes e preservando o centro (uma linha sem trânsito), com isso reduzem significativamente a compactação do solo

Tabela 1 - boas práticas para a mecanização da cana-de-açúcar com colhedora de linhas duplas e tráfego controlado

Reforma dos canaviais

Subsolagem

Grade niveladora

Plantio mecanizado

Criação das linhas reais de plantio

Tratos culturais

Colheita mecanizada em máquinas de linha dupla

Controle de qualidade das operações

Utilização de grades pesadas ou eliminadores de soqueira em área total. Dessecação da área e controle de pragas.

Em área total, com subsoladores de cinco hastes ou mais, na profundidade mínima de 40 cm. Importante realizar essa operação em velocidade adequada (média de 6 km/h).

Gradagem em área total para nivelamento e destorroamento superficial do solo. Incorporação de corretivos e fertilizantes.

Utilização de plantadora de duas linhas (criação das “linhas gêmeas”), com sistema GNSS no trator e na plantadora para correção dos erros de paralelismo do trator.

Tratamento dos dados de tráfego da plantadora e geração de mapas reais da lavoura (mapa real de plantio). Nesse momento, as linhas virtuais (planejadas) devem ser descartadas.

Nessa etapa, todos as operações agrícolas deverão acompanhar a linha real de plantio, possibilitando o tráfego sempre no mesmo local. Pulverizadores, adubadoras e máquinas em geral devem ter sua bitola ajustada de forma a coincidir com as linhas reais da lavoura.

As colhedoras devem trabalhar sincronizadas com os veículos de carga, sendo que os sinais devem corrigir o trator para o transbordo não realizar pisoteio das soqueiras.

É importante que em cada uma das etapas, o controle de qualidade do trabalho realizado pelos equipamentos seja rigoroso para que os objetivos propostos sejam atingidos com sucesso.

zonas de trânsito, compactando severamente essa região. Isso propicia redução no consumo de combustível e melhora a eficiência de tração, porém se o controle de tráfego não estiver bem ajustado, esse pneu pode danificar permanentemente as soqueiras no caso de erros ou pisoteio acidental.

Nivelamento do solo (quebra-lombo)

O nivelamento do solo, também conhecido como quebra-lombo, normalmente é realizado de 70 a 90 dias após o plantio. Essa operação prepara o solo para o tráfego dos equipamentos e a colheita, removendo ondulações e fazendo o nivelamento basal. Essa prática carece de maior atenção, visto que tem influência direta nas operações mecanizadas posteriores na lavoura. Uma boa regularização dos solos possibilita uma melhor flutuação do sistema de corte de base das colhedoras, com redução significativa de perdas na colheita e danos às soqueiras (Figura 3).

Avaliação dos aspectos de colheita

A avaliação das características de colheita consiste na combinação de diversos parâmetros da lavoura que podem afetar o desempenho operacional das colhedoras. Desta forma, a depender do porte do canavial e das condições de solo, as máquinas podem apresentar falhas na colheita. A Tabela 2 apresenta os principais parâmetros que afetam a capacidade de colheita de uma determinada área agrícola.

Na seleção e avaliação das tecnologias de colheita de cana-de-açúcar, os índices de campo são relevantes, visto que não se pode jogar toda

Figura 3 - a operação de quebra-lombo permite que a colhedora transite com altura mais uniforme em relação ao solo durante a colheita, propiciando menor perda de material vegetal, aprimorando a qualidade de corte e otimizando as condições de trânsito das máquinas

Fonte: Jacto.com.br

a responsabilidade de uma boa colheita somente para as colhedoras ou os operadores, pois o processo deve ser sistêmico, começando por um bom planejamento de uso da área, determinação de linhas virtuais e manejo integrado das lavouras com tráfego controlado.

M

Kléber Pereira Lanças, Unesp; Aldir Carpes Marques Filho, Ufla; Michel Moura, CNH; André Campos Melo, John Deere; Leonardo Palú Petroni, Jacto; Fellippe Aroon de Jesus Damasceno, NempaTech

Tabela 2 - pontos fundamentais para avaliar uma área agrícola e determinar as características de “colheitabilidade” do canavial

Condições da lavoura

Aspectos do canavial

Estratégia de transbordo por máquina

Riscos de acidentes na colheita

Preparo e conservação do solo alinhados com a sistematização da lavoura. Topografia (declividade, terraços, curvas de nível). Traçado do talhão (comprimento da linha, largura do talhão). Manejo de águas (cacimbas).

Variedade ou cultivar. Condição da cana (ereta/tombada/deitada).

TCH estimado. Ervas daninhas (gramas, colonião, cipó, outras).

Distância dos pontos de transferência. Comprimento médio das linhas. Quantidade de manobras.

Erosão. Marcos de divisas. Redes de energia. Barrancos. Pedras.

Do início ao fim

Na cadeia produtiva dos tomateiros, da produção ao recebimento na indústria, são exigidos cuidados em todas as etapas

Várias etapas da cadeia produtiva devem ser levadas em conta para a produção de atomatados, tais como fornecedores de insumos e de matéria-prima, produtor rural, área a ser cultivada, distância das lavouras à indústria, tecnologia de cultivo adotada, utilização de máquinas para auxiliar nos processos agrícolas, entre outras. Os aspectos industriais são a parte final da cadeia e devem estar integrados com a parte produtiva. Neste trabalho, mostraremos como são realizados a colheita mecânica, o transporte e o recebimento de tomate numa indústria e os cuidados que devem ser tomados nos diferentes momentos.

Os principais fatores a serem avaliados numa lavoura, antes da colheita, são danos, quantidade de frutos verdes, coloridos e maduros, média por pé, densidade populacional e a produção estimada. Além disso, são efetuadas análises da área foliar e da firmeza dos frutos maduros. Esses procedimentos visam assegurar um controle rigoroso sobre a qualidade e a quantidade da colheita, que influenciam diretamente nas decisões logísticas e operacionais da indústria.

É importante olhar, também, a consistência do fruto e a sua coloração. A cor do tomate destinado à indústria tende a ser vermelha intensa, uniforme interna e externamente, pois isto influencia diretamen-

te no preço final da polpa. A firmeza e a maturação são importantes, pois os frutos moles são mais sujeitos a deformações e ao rompimento da epiderme, com a consequente liberação do suco celular, ocorrendo fermentação, deterioração e perda de rendimento industrial. Já a maturação é importante por sua ligação direta com o pH do tomate (algo de extrema importância na indústria) e por ser um fator influenciado pelas condições climáticas, pelo teor de umidade no solo e manejo de irrigação.

Dinâmica da colheita

A operação de colheita em si consiste em fazer o enleiramen-

As máquinas de colheita têm capacidade de colher entre 4 ha e 6 ha por dia, o que equivale de 400 a 600 toneladas

to manual e, após as plantas com os frutos estarem enleiradas, a colhedora passa na linha de cultivo recolhendo a parte aérea da planta, incluindo os frutos, e, através da plataforma de corte atuando rente ao solo, faz o seu processamento e os descarrega num caminhão que se desloca ao seu lado no mesmo momento em que a colhedora está em ação.

Dependendo da máquina, a sua plataforma tem largura de corte entre 1,2 m e 1,5 m, permitindo a colheita de linhas simples ou duplas.

As máquinas de colheita têm capacidade de colher entre 4 ha e 6 ha por dia, o que equivale de 400 a 600 toneladas.

Como dito, para a colheita mecânica de tomate industrial há necessidade de se fazer o enleiramento manual, o qual consiste em colocar as ramas do tomateiro com os frutos centralizados na linha de cultivo. Mesmo com a importação de máquinas, as que estão em atividade no Brasil exigem essa atividade, a fim de que os frutos sejam coletados pela plataforma de corte da colhedora.

As principais etapas de trabalho das colhedoras de tomate são corte, recolhimento, elevação, trilha, separação, seleção manual e eletrôni-

ca (visa separar o material indesejado pela indústria, a fim de manter a qualidade e o padrão dos produtos processados) e descarga dos tomates.

A plataforma de corte é equipada com uma lâmina de corte e uma esteira rotativa de vergalhões de aço (molinete) que faz o carregamento dos produtos colhidos para uma esteira de elevação. Nesta etapa de trabalho das máquinas, os principais cuidados a serem tomados são o não recolhimento de solo, pedras e torrões e evitar o corte muito elevado para não ocorrer perdas de frutos pelo não carregamento ou pelo corte.

Em seguida, os produtos colhidos são transportados por uma esteira mais longa, constituída por barras de aço, com espaçamentos menores que o molinete, de modo a permitir a queda de solo solto, mas não de frutos de tomate. Esta esteira transportadora eleva e entrega o material colhido para o sistema de trilha, não ha-

vendo necessidade de grandes cuidados, a não ser verificar o seu funcionamento adequado.

Nas máquinas mais modernas, o mecanismo de trilha consiste em remover os frutos dos ramos sem, no entanto, separar a massa colhida. Este mecanismo é constituído por um rotor com vários dedos de fibra de vidro, com dois movimentos, um giratório e outro vibratório. Neste ponto da máquina, deve-se atentar para que o impacto dos dedos seja suficiente para desprender os frutos dos ramos, mas não demasiadamente elevado, a fim de evitar danos.

A seguir, a massa colhida vai para uma esteira de taliscas espaçadas entre si de 3 cm a 4 cm, a fim de que os frutos de tomate caiam sobre uma esteira transportadora e a parte vegetativa que chegou até este ponto seja expelida e deixada na lavoura, com auxílio do vento gerado por um grande ventilador interno à máquina.

A próxima etapa, é o transporte transversal até uma esteira de seleção manual, realizado por uma esteira de vergalhões de aço com espaçamento suficiente para transportar os tomates maiores e deixar cair no solo os pequenos, que normalmente são verdes.

Na sequência, os tomates já separados e limpos passam sobre uma esteira transportadora, onde três ou quatro pessoas fazem a limpeza final, com a remoção de restos vegetais, tomates indesejáveis, torrões, frutos excessivamente danificados e quaisquer materiais estranhos que possam resultar da colheita. O material recolhido retorna para a lavoura, a fim de evitar contaminação na indústria e servir de material orgânico com nutrientes para as plantas do próximo cultivo na área.

Parte final do processo

Por fim, os tomates colhidos são

Fotos Francisco Faggion
Antes da colheita, deve-se avaliar a quantidade de frutos verdes e maduros na lavoura
Haniel Carlos Gomes da Cruz

descarregados por uma esteira transportadora diretamente na carreta ou caminhão, sem armazenamento intermediário. Vale destacar que a carreta graneleira acompanha a colhedora na lavoura durante a colheita e os tomates são descarregados diretamente nela pela esteira de descarga da colhedora. Devido às condições de tráfego na lavoura e à baixa velocidade de deslocamento, esta carreta necessita ser tracionada por um trator para auxiliar no deslocamento, evitando, desta maneira, quebras acidentais por utilizar um veículo projetado para superfícies pavimentadas em ambiente fora de estrada.

Após o carregamento da carreta, inicia-se o processo de transporte até a indústria. Neste momento, devemos ter cuidados, a fim de minimizar os danos aos tomates pela trepidação do veículo e eventuais capotamentos. Entre outros cuidados a serem observados durante o transporte, cita-se procurar realizar o percurso em estradas de boa qualidade, evitar percorrer longas distâncias e realizar o trajeto em baixas velocidades.

A descarga dos tomates da carreta ou do caminhão é realizada com o auxílio de um canhão de água, para

A descarga do caminhão é feita com auxílio de um canhão de água para minimizar os danos

Na parte final da colhedora, inspeção e remocão de partes indesejadas são realizadas por pessoas

minimizar o impacto e evitar danos. Em seguida, os tomates são direcionados para a rampa de descarga, a qual é equipada com um sistema de flotação, onde são lavados e limpos. Um mecanismo de separação de ramas é empregado, além de uma canaleta com ar comprimido e um decantador de pedras. Este conjunto de dispositivos visa assegurar a retirada eficaz de impurezas e resíduos presentes nos tomates, contribuindo para a qualidade da polpa a ser produzida.

Posteriormente, o tomate é encaminhado para a esteira de seleção manual, na qual pode ser empregado um processo de enxágue clorado. Nesse ponto do processo, auxiliares de produção realizam a seleção manual para remover quaisquer materiais indesejados que eventualmente ainda permaneçam. Após essa etapa, os tomates são direcionados para os concentradores.

É importante manter a integridade dos frutos, sem causar muitos danos, pois vários pequenos ferimentos em um tomate podem provocar o aumento na perda de umidade e reduzir o sabor dos produtos industriais. Neste sentido, o cuidado pós-colheita se faz muito necessário, a fim de evitar esmagamento e início da fermentação.

Cuidados do início ao fim Destaca-se a importância do trabalho sem ruídos entre as equi-

pes responsáveis pelos diversos setores, a fim de assegurar o funcionamento sinérgico de toda a cadeia, desde a colheita até o processamento final. Estas equipes compreendem a de qualidade, a de produção, a de manutenção (abarcando as áreas elétrica, mecânica e civil), a de expedição, a de faturamento e a de planejamento e controle da produção (PCP). É imperativo notar que essas equipes permanecem interligadas e colaboram de maneira harmônica entre si, com a parte produtiva da lavoura e o transporte, para garantir a eficiência operacional.

Vários métodos de análise e avaliação de perdas qualitativas são verificados antes de encaminhar o tomate para o processamento. Com base nestas análises, estando o produto recebido fora dos padrões aceitáveis, é dado retorno ao pessoal de campo para proceder as alterações necessárias, a fim de evitar que o problema continue a ocorrer. Neste sentido, a indústria e o campo devem estar sempre alinhados na busca de produtividade e padronização, o que resulta em qualidade do produto acabado.

Francisco Faggion, Tiago Pereira da Silva Correia, Haniel Carlos Gomes da Cruz, Rai Saavedra, Rodrigo Carniel, Lamagri/UnB

Pressão que define N

Calibragem correta pode aumentar a eficiência do seu trator ou colhedora; por outro lado, quando inadequada, gera prejuízos, desgaste precoce e problemas de rendimento

o campo, cada detalhe faz a diferença - e a pressão dos pneus agrícolas é um dos mais importantes, embora muitas vezes esquecida. Calibrar corretamente os pneus vai muito além de encher com ar: trata-se de garantir tração, economizar combustível, proteger o solo e aumentar a durabilidade do equipamento.

Pneus bem calibrados podem transformar a eficiência do seu trator ou colhedora. Já a pressão errada gera prejuízos, desgaste precoce e problemas de rendimento. A boa notícia é que corrigir esse ponto é simples, acessível e pode gerar economia real.

Consequências da calibragem incorreta

A pressão ideal garante que o pneu tenha o contato correto com o solo, suporte a carga de forma equilibrada e trabalhe dentro dos limites projetados pelo fabricante. Quando a calibragem está incorreta - seja para mais ou para menos - os danos aparecem rapidamente.

Pressão abaixo do ideal

A pressão abaixo do ideal nos pneus agrícolas aumenta o consumo de combustível, uma vez que gera esforço desnecessário ao motor e à transmissão, exigindo mais potência para manter o desempenho operacional. Além disso, essa condição provoca um desgaste irregular da banda de rodagem e pode causar rompimentos internos das lonas do pneu, comprometendo sua integridade estrutural. Pneus com pressão baixa também têm sua resistência contra furos e cortes reduzida, elevando o risco

o consumo de combustível, pois gera rolamento, exigindo esforço adicional

perde em meses. O pneu agrícola é um item caro. Em muitas usinas de cana, por exemplo, ele representa o segundo maior custo da frota agrícola - atrás apenas do combustível. Em algumas operações, o investimento com pneus chega a até 8% ou a até 12% do custo total da frota.

Fazer a calibragem correta dos pneus influencia diretamente a rentabilidade da propriedade. Preserva pneus, melhora o desempenho das máquinas e mostra profissionalismo. No fim das contas, é a pressão do pneu que sustenta o peso de toda a operação.

Qual a pressão ideal?

A calibragem correta depende de vários fatores: tipo do pneu, modelo da máquina, velocidade de operação

e carga. Essas informações podem ser encontradas no manual técnico do fabricante, como no exemplo no quadro acima.

Passo a passo para usar corretamente esse recurso

Identifique as informações básicas do pneu.

Localize na lateral do pneu os dados principais: medida (por exemplo, 800/70R38), modelo e fabricante. Essas informações serão a chave para encontrar o pneu correto no manual técnico.

Verifique a carga por eixo ou por pneu

É preciso saber qual o peso que cada pneu vai suportar durante a

Estrias externas causadas por uso com baixa pressão
Tabela técnica do pneu VF 800/70R38 - TM1000 ProgressiveTraction
Ruptura na lona interna causada por uso com baixa pressão
Fotos Ascenso Tyres

Em implementos de arrasto, a maior parte da carga fica no eixo traseiro do trator. Em implementos montados no terceiro ponto, parte do peso do implemento é transferida para o trator. Para implementos como transbordos ou pulverizadores, a carga atua diretamente sobre os eixos do próprio equipamentonesses casos, o cálculo é mais direto, e a carga total transportada deve ser considerada.

Em colhedoras e equipamentos com peso variável ao longo da operação, é importante considerar o pior cenário de carga, ou seja, a situação de maior peso acumulado (por exemplo, tanque cheio ou alto fluxo de material).

No caso de tratores, certifique-se de que a máquina esteja completamente lastreada, como será usada em operação. A pressão deve ser definida com o trator na sua configuração real de trabalho.

Divida o peso de cada eixo pelo número de pneus (por exemplo, 6 mil kg no eixo traseiro com dois pneus = 3 mil kg por pneu).

Sempre que possível, realize a pesagem do conjunto com a máqui-

Certifique-se de que a máquina esteja completamente lastreada, como será usada em operação; a pressão deve ser definida com o trator na sua configuração real operação. Para isso, some o peso bruto do trator e do implemento, incluindo qualquer lastro (líquido ou sólido). Considere a distribuição da carga entre os eixos, que varia conforme o tipo de implemento.

to dessas informações indicará a pressão ideal.

Ajuste com base na aplicação e no tipo de solo

Se a operação envolver solos mais leves ou uso com piloto automático, a pressão pode ser ajustada dentro dos limites recomendados. Em caso de dúvida, é melhor manter-se dentro da pressão mínima recomendada para a carga e a velocidade.

na pronta para operar, em uma balança por eixo. Se isso não for viável, utilize estimativas com base em fichas técnicas e conhecimento prático da operação.

Defina a velocidade de trabalho

A velocidade influencia diretamente na pressão recomendada. Máquinas que operam em alta velocidade, como tratores em transporte, exigem calibração diferente de tratores em operação de campo. Anote a faixa média de velocidade.

Consulte a tabela do manual técnico

Com a medida do pneu, carga por pneu e velocidade, procure a tabela correspondente no manual técnico. Encontre a linha que corresponde à carga e à velocidade da operação - o cruzamen-

Faça a calibragem com o pneu frio

Sempre calibre os pneus com a máquina parada e os pneus frios (ou seja, no início do dia), para obter uma medição precisa.

Dica importante

Atenção: a pressão indicada no flanco do pneu (como mostra o pictograma acima) refere-se à pressão de montagem, que é utilizada apenas no momento da instalação do pneu na roda. Essa não é a pressão de trabalho recomendada para operação no campo. A pressão de trabalho correta deve ser determinada com base na carga, na velocidade e no tipo de aplicação - e só pode ser consultada no manual técnico do fabricante. Sempre utilize essas referências para garantir desempenho, segurança e durabilidade dos pneus. M

Imagem estampada no flanco do pneu agrícola indicando a pressão de montagem (pictograma)
Juliana explica como a calibragem correta pode aumentar a eficiência do seu trator ou colhedora
Juliana Leitão, Ascenso Tyres
Fotos Ascenso Tyres

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