Revista nutriNews Brasil 2° Trimestre - 2022

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2º TRIMESTRE 2022

SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO ANIMAL

Tabela de Probióticos, Prebióticos e Simbióticos p. 79 Edição exclusiva Brasil



NOVO ANO, NOVOS DESAFIOS A razão pela qual a humanidade está sendo abalada por uma crise ultrapassa o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Além da pandemia do COVID, que paralisou várias atividades e iniciou um processo inflacionário global, doenças como a peste suína africana e a gripe aviária estão afetando a produção animal em alguns países. Além disso, o mundo enfrenta agora uma crise energética e alimentar sem precedentes na história moderna. Todos esses fatores resultaram no aumento do preço das principais commodities no mundo e isso tende a elevar ainda mais os preços agrícolas. Nas últimas décadas a alta produtividade contribuiu para o controle da inflação e para o aumento da renda dos brasileiros. A expansão da atividade agropecuária nos últimos anos reflete não somente a competitividade do setor no contexto mundial, mas também a demanda crescente por produção de alimento de qualidade e em grande quantidade para uma população que não para de crescer. A atenção à preservação ambiental e às possíveis consequências da atividade humana sobre a sustentabilidade da produção de alimento no mundo, também tem aumentado. A discussão segue persistente e, diante disso, é difícil contestar a ideia de que há que se produzir alimento, em abundancia, de qualidade, seguro, a um custo baixo e sem que haja considerável impacto ambiental. Os produtores de proteína animal enfrentam vários desafios hoje. A produção com menor impacto ambiental, especialmente reduzindo a emissão de gases efeito estufa, prezando pelo bem-estar animal e equilíbrio entre uma produção sustentável e lucrativa. Nesta edição o tema “sustentabilidade na produção animal” será abordado por especialistas da área. Todo produto causa um impacto ao meio ambiente,

EDITOR AGRINEWS LLC

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seja em função de seu processo produtivo, das matérias-primas que consome, ou devido ao seu uso ou disposição final. A professora Ines Andretta da UFRGS traz informações reais sobre impacto ambiental da suinocultura e orientações práticas para minimizar esse impacto. Muito se fala da emissão de metano - tema abordado pelo pesquisador da Embrapa Sérgio Raposo - e seus impactos ambientais. No entanto, pouco se fala do impacto ambiental do nitrogênio na produção de ruminantes. O Dr. Abmael Cardoso, nos mostrou a importância do nitrogênio no sistema e alternativas para redução do impacto causado pela emissão de óxido nitroso – gás de efeito estufa 298 vezes mais potente que o dióxido de carbono – como o uso de leguminosa no sistema de produção de ruminantes. Por fim, a pressão crescente que a indústria de produção animal está enfrentando com a legislação e consumidores para fornecer produtos sustentáveis, cria novos desafios. O uso de tecnologias como probióticos, prebióticos e aditivos fitogênicos é uma estratégia nutricional mais sustentável que melhora o ganho de peso e a conversão alimentar, favorecendo o meio ambiente por diminuir o tempo de abate, a excreção de dejetos e a produção de gases nocivos.

Victoria Yasmin Domingues +55 (41) 99209-1549 nutrisocial@grupoagrinews.com DIREÇÃO TÉCNICA André Carreira Ines Andretta José Antonio Ribas Jr. Luciano Trevizan Pedro Veiga Thiago Gil dos Santos COORDENAÇÃO TÉCNICA Fernanda de Kássia Gomes REDAÇÃO Fernanda de Kássia Gomes Osmayra Cabrera Victoria Yasmin Domingues COLABORADORES Abmael Cardoso Bruno Bracco Donateli Muro Cesar Augusto Pospissil Garbossa Diana Carla Fernandes Oliveira Gabriela Miotto Galli Ines Andretta Luciano Trevizan Marcos Sawaya Jank Sergio Raposo de Medeiros ADMINISTRAÇÃO Inés Navarro contabilidad@grupoagrinews.com

Cabe aos técnicos de campo, nutricionistas, pesquisadores, e demais envolvidos na cadeia de produção animal utilizar os melhores caminhos para produzir mais e de forma sustentável.

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A cadeia de produção animal dá frutos a quem se mantém à frente e encontra soluções para os problemas que surgirão no caminho, que é árduo, mas de grande recompensa ao final.

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Boa leitura!

GRATUITA PARA FABRICANTES DE ALIMENTOS, EMPRESAS DE PREMIX E NUTRICIONISTAS

ISSN (Revista impressa) 2696-8126 ISSN (Revista digital) 2696-8134 Preço da subscrição: USD 30,00 (Brasil) USD 90,00 (Internacional)

Equipe nutriNews Brasil.

A direção da revista não se responsabiliza pelas opiniões dos autores. Todos os direitos reservados. Imagen: Dreamstime

Revista Trimestral nutriNews Brasil 2o Trimestre 2022

1


CONTEÚDOS 4

Pontos críticos na nutrição de galinhas poedeiras Douglas Zaviezo Ph. D. Consultor Internacional, Congresso LPN 2021 Miami, USA-Outubro 2021

12

Relação entre aditivos alimentares e perfil de ácidos graxos na carne de frangos

Gabriela Miotto Galli1, Aleksandro Schafer da Silva2 e Ines Andretta3 Doutoranda em Zootecnia do Departamento de Ciência Animal, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil. 2 Professor do Departamento de Ciência Animal, Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC, Chapecó, SC, Brasil 3 Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. 1

18

A alta global do preço das commodities agropecuárias

Leandro Gilio1 e Marcos Sawaya Jank2 Economista e pesquisador sênior do Insper e Doutor em Economia Aplicada (ESALQ/USP) 2 Professor sênior de agronegócio no INSPER e coordenador do centro “Insper Agro Global” 1

Impacto ambiental da

26 suinocultura: mais um exemplo de que só melhoramos o que medimos!

Ines Andretta Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

34 Benefícios do uso de leveduras em dietas para suínos AB Vista

2 nutriNews Brasil 2o Trimestre 2022


nutrinewsbrasil.com Os benefícios das fibras para a cinética do parto de fêmeas suínas

40

74

Bruno Bracco Donateli Muro1 e Cesar Augusto Pospissil Garbossa2

Taís Silvino Bastos1 e Ananda Portella Félix2 Doutoranda em Ciências Veterinárias pela UFPR Professora do departamento de Zootecnia, Universidade Federal do Paraná 1

Doutorando do Departamento de Nutrição e Produção Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo 2 Professor do Departamento de Nutrição e Produção Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo 1

48

Probióticos na nutrição de pets

2

Entrevista Luciano Roppa CEO e Presidente do Conselho da YES SINERGY

Ruminantes, metano e o aquecimento global

56

Sergio Raposo de Medeiros Pesquisador Embrapa Pecuária Sudeste

Impacto Ambiental do Nitrogênio na produção de ruminantes

62

Abmael Cardoso

79 Tabela Prebióticos, Probioticos e Simbioticos 2022 Edição Brasil

Engenheiro Agrônomo e Doutor em Zootecnia University of Florida

68

Os peixes de água doce podem ser fonte de ômega 3? Diana Carla Fernandes Oliveira1, Rilke Tadeu Fonseca de Freitas2, Renan Rosa Paulino3

90

Conceitos básicos das micotoxinas e as ferramentas de controle VETANCO

Pós Doutoranda, Universidade Federal de Lavras (UFLA) 2 Professor do Departamento de Zootecnia (UFLA) 3 Técnico do Setor de Piscicultura da Universidade Federal de Lavras 1

3 nutriNews Brasil 2o Trimestre 2022


NA NUTRIÇÃO DE

GALINHAS POEDEIRAS Douglas Zaviezo Ph. D. Consultor Internacional Congresso LPN 2021 Miami, USA-Outubro 2021

podeiras

poedeiras

PONTOS CRÍTICOS

A

s galinhas poedeiras de hoje têm alto potencial genético para produzir ovos e, se

dadas as condições ambientais, sanitárias e nutricionais corretas, elas podem manter mais de 90% da postura durante um longo período do ciclo de produção.

Na última década, vimos como o avanço genético tem gerado galinhas poedeiras com extraordinária persistência produtiva, acompanhada por uma ligeira diminuição do peso corporal, consumo de ração e tamanho do ovo; atingindo 50% da produção mais cedo que há 10 anos.

4 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Pontos críticos na nutrição de galinhas poedeiras


As galinhas modernas representam um

Portanto, é necessário preparar as galinhas poedeiras para que iniciem a postura com tamanho e peso adequados,

desafio para os nutricionistas, pois não

um consumo alimentar de pelo

se pode mais basear completamente

menos 95 g e ideal de 100 g por

nas informações científicas geradas no

dia e com uma reserva de cálcio

passado com outros tipos de aves.

adequada, o que significa um osso

Pode-se pensar em um aumento dos requerimentos nutricionais; no entanto, ainda estão produzindo um ovo por dia, com uma massa de ovo diária levemente reduzida. Portanto, a demanda nutricional diária não deveria ter aumentado: daí a importância de considerar as exigências nutricionais da galinha em fase de postura com base no consumo diário de nutrientes.

A importância de alcançar o peso na recria

medular bem formado. Para inter-relacionar os parâmetros acima, é necessário que as dietas de recria estimulem um aumento no tamanho do trato digestivo,

podeiras

Galinhas modernas, um desafio para os nutricionistas

aumentando os níveis de fibra e utilizando alimentos com tamanho de partícula de cerca de 1,0 a 1,2 mm a partir da quinta semana de idade.

Recomenda-se usar níveis de fibra de 3,5% de 5 a 11 semanas e 3,5 a 4,5% de 12 a 18 semanas de idade. Dietas de cria e recria de poedeiras

Um dos problemas mais frequentes,

(0 - 4 e 5 - 11 semanas de idade)

atualmente, está em aves que estão

devem ser formuladas com, pelo

atingindo o pico de produção e não são capazes de consumir ração suficiente, tendo que contar com sua gordura corporal e estrutura óssea para compensar a falta de nutrientes, gerando uma queda típica de produção que afetará o desempenho da ave para o resto de sua vida se as reservas forem inadequadas e/ou a demanda for alta.

menos, 18% e 16% de proteína, respectivamente, com seus aminoácidos correspondentes para garantir um bom crescimento. E os níveis de energia metabolizáveis não devem estar abaixo de 2750 kcal/kg após 12 semanas.

5 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Pontos críticos na nutrição de galinhas poedeiras


A nutrição com cálcio, fósforo e vitamina D3 durante o crescimento é de suma importância para a formação dos ossos; mantendo a proporção correta entre cálcio e fósforo disponível, fornecendo níveis adequados desses minerais durante a prépostura para a formação óssea medular adequada.

A formação óssea medular começa cerca de 10 dias antes da postura e o esqueleto da ave aumenta 20%; devido a um sinergismo hormonal de estrogênio e androgênio que indiretamente aumentam a absorção e retenção de cálcio e fósforo.

Este processo se reflete externamente pelo crescimento e coloração da crista e do queixo, e é concluído por volta das 30 semanas de idade. Durante a postura, a formação do osso medular é entre cada ovulação e se deve exclusivamente à ação do estrogênio. O cálcio deste osso (aproximadamente 1 g) está sempre disponível para a formação da casca. É necessário entregar a quantidade de nutrientes suficientes na dieta no momento adequado para que este processo funcione; caso contrário, a reserva medular será mantida às custas do osso estrutural, resultando em fraqueza das pernas e fadiga da gaiola.

Funções Formação de gametas Depósito da gema

7

Oviduto

9

Folículos Infundíbulo

150 dias 10 dias 20m

33 Magno

Depósito albúmen

3h30m

10 Istmo

Membranas testáceas

1h15m

10 Útero 10 Vagina cloaca

6

Fecundação M.vitelinas

Tempo

Representação da formação do ovo nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Pontos críticos na nutrição de galinhas poedeiras

Hidratação Albúmen Formação de cascas Ovoposição

21h 1h30m

De 24 a 26 horas

Parte Anatômica (cm) Ovário

podeiras

poedeiras

Formação óssea


O calcio O tamanho da partícula da fonte de cálcio é uma das medidas mais importantes para manter a boa qualidade da casca. Partículas maiores que 2 mm são retidas na moela, lentamente solubilizadas, atrasando assim a assimilação do cálcio. Este cálcio dietético estará disponível durante a noite, que é quando ocorrerá a maior parte da calcificação da casca e a galinha não terá que depender, exclusivamente, do cálcio do osso

podeiras

medular.

Rim1c, hidroxilase 1,25 (OH)2D3

20-30 mg

E2 Ovário

Ca++ no sangue

25-OH D3

D3 Fígado 25, hidroxilase

Intestino Ca++

Osso

inibe

Ovo Figura 1. Homeostase do cálcio (modificado de Soares 1984) nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Pontos críticos na nutrição de galinhas poedeiras

7


O nível dietético de fósforo disponível também é importante para a qualidade da casca. Durante o crescimento da ave é necessário nível e relação apropriada de cálcio e fósforo disponível para a calcificação óssea ideal e a formação óssea medular. Entretanto, durante a postura, um

podeiras

poedeiras

Nível de fósforo

nível relativamente alto de fósforo disponível inibe a mobilização do cálcio a partir dos ossos; porque, mesmo que o cálcio dietético esteja disponível durante a noite, a galinha sempre se recorrerá ao osso medular para obter parte do cálcio que entra na casca e a mobilização do cálcio do osso implica na presença de um alto nível de fósforo no sangue.

Vitamina D3 A presença de um nível adequado de vitamina D3 na dieta é essencial para

Portanto, é necessário limitar

uma boa calcificação dos ossos e da

o nível de fósforo disponível

casca.

na dieta, especialmente, após as 60 semanas de idade, para melhorar a qualidade da casca.

Na atualidade encontram-se disponíveis os metabólitos de vitamina D3 que permitem aumentar a retenção de cálcio e, muitas vezes, reduzir a mortalidade.

8 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Pontos críticos na nutrição de galinhas poedeiras


Zinco, manganês e cobre Também é importante que a dieta contenha níveis adequados de zinco, manganês e cobre; pois participam da formação do membranas ou cutículas internas da casca do ovo e da matriz orgânica da casca. O zinco ajuda na disponibilidade de carbono para a formação do carbonato de cálcio na casca. A adição desses minerais através de

podeiras

uma boa fonte orgânica provou ser benéfica.

Estresse calórico e qualidade da casca Quando as galinhas estão sob estresse térmico, a ofegação contínua leva a uma queda no carbono do sangue e, consequentemente, a deterioração da qualidade da casca devido à falta de carbono. Para melhorar a situação neste caso, o uso de bicarbonato de sódio na ração até um máximo de 0,3%, substituindo o sal, deve ser utilizado. Além disso, a vitamina C pode ser adicionado à dieta pois promove a conversão de 25(OH) D3 a 1,25(OH)2 D3. O consumo de alimentos e água também pode ser aumentado com 1 hora de luz noturna adicional.

9 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Pontos críticos na nutrição de galinhas poedeiras


A galinha poedeira requer um consumo

Sua digestão e metabolismo geram um

mínimo diário de energia metabolizável

aumento desnecessário de calorias corporais,

de 280 a 300 kcal/kg com um consumo

aumentam os aminoácidos circulantes,

balanceado de aminoácidos digestíveis

diminuindo o apetite; o que causa a excreção

minerais e vitaminas para garantir uma

de quantidades excessivas de ácido úrico

adequação produção ovos e tamanho de

ácido úrico, com gasto de energia, que por

ovo.

fim, aumenta a poluição ambiental.

Quando a galinha está em produção, tem a capacidade de selecionar diferentes componentes da dieta ao longo do dia. Este é um processo muito eficiente e é recomendada a apresentação de um alimento onde o grão e a fonte de cálcio tenham um tamanho

podeiras

poedeiras

Seleção de alimentos pela galinha

de partícula entre 3 e 5 mm para promover sua seleção. Recomenda-se o uso de pelo menos 2% de óleo adicional ou ingredientes com alto teor de lipídios, como a soja integral, para reduzir a poeira e para ajudar a ave com a seleção da porção mais fina da ração.

É importante mencionar que as galinhas poedeiras não têm um requerimento de proteína bruta como tal; elas precisam apenas de uma quantidade que garanta uma reserva de nitrogênio suficiente para a síntese de aminoácidos.

Durante a última década, foi realizado um número considerável de estudos que objetivaram determinar as necessidades diárias de aminoácidos nas galinhas poedeiras; portanto, formulando com base nos requerimentos de aminoácidos

Níveis iguais ou superiores a 17% de

disgestíveis indispensáveis é uma prática

proteína têm sido, tradicionalmente,

comprovada. Foi demonstrado que poedeira

utilizados em dietas para galinhas

alimentadas com uma dieta de 13% a 14%

poedeiras. Entretanto, a tendência atual

de proteína, devidamente suplementadas

é formular com base nas exigências de

com aminoácidos puros (metionina, lisina,

aminoácidos digestíveis.

triptofano, arginina, treonina, valina e

Níveis excessivos de proteína na ração não significa apenas um alto custo adicional na formulação, mas também

isoleucina) tiveram melhor desempenho, semelhante às que são alimentadas com uma dieta controle de 16% ou 18% de proteína.

pode afetar o desempenho produtivo

É fundamental contar com valores

das poedeiras, especialmente, quando

precisos e confiáveis de ​​ aminoácidos

as galinhas estão sob condições de

digestíveis nos ingredientes para obter

estresse térmico.

esses tipos de resultados.

10 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Pontos críticos na nutrição de galinhas poedeiras


A quantidade de informações geradas em relação à digestibilidade dos aminoácidos nas matérias-primas e os níveis exigidos, nos permite formular dietas para galinhas poedeiras com maior precisão. A Tabela 1 mostra a faixa atualizada de níveis sugeridos de consumo diário de aminoácidos digestíveis para galinhas poedeiras.

CONCLUSÃO

Relação Ideal

mg/dia

Lisina

100

800 - 750

Metionina

50

400 - 375

Met + Cis

88

705 - 660

Arginina

105

840 - 790

Treonina

72

575 - 540

Triptofano

21

170 - 160

Valina

89

710 - 670

Isoleucina

79

630 - 590

Leucina

120

960 - 900

É um grande desafio adaptar o sistema nutricional programas nutricionais exigidos por novas linhagens genéticas de galinhas poedeiras, pois são aves muito eficientes com alta propensão para produzir ovos e, portanto, mais sensíveis à qualquer alteração nutricional. Em qualquer caso, o desenvolvimento destes programas nutricionais sempre devem considerar os retornos financeiros mais favoráveis para o o produtor.

podeiras

Aminoácido Digestível

Tabla 1. Relação sugerida de aminoácidos digestíveis para galinhas em postura

Pontos críticos na nutrição de galinhas poedeiras

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11 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Pontos críticos na nutrição de galinhas poedeiras


RELAÇÃO ENTRE

ADITIVOS ALIMENTARES E

PERFIL DE ÁCIDOS GRAXOS NA CARNE DE FRANGOS

Gabriela Miotto Galli1, Aleksandro Schafer da Silva2 e Ines Andretta1 Departamento de Ciência Animal, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil. Departamento de Ciência Animal, Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, Chapecó, SC, Brasil

1

aditivos

2

12 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Relação entre aditivos alimentares e perfil de ácidos graxos na carne de frango


PANORAMA DA AVICULTURA DE CORTE Ainda neste contexto, desde a década de 70, pesquisadores afirmam que a carne de frango é mais propensa a oxidação lipídica comparada a outras carnes (Gene e Pearson, 1979), e isto afeta sua qualidade nutricional e sensorial.

A União Europeia proibiu a utilização de antimicrobianos promotores de crescimento em 2006. Já no Brasil, houve uma proibição parcial de alguns fármacos em 2018 e 2020.

Buscando minimizar esse processo, a indústria de alimentação animal tem adicionado antioxidantes sintéticos nas rações com o intuito de buscar efeito nutracêutico e assim prolongar a vida de prateleira da carne (Castañeda et al., 2005).

aditivos

O uso de antibióticos como promotores de crescimento na produção animal tem sido objeto de inúmeras discussões. Isto ocorre em virtude dos relatos de resistência bacteriana, no qual é um problema de saúde pública mundial.

Porém, existem relatos sobre efeito carcinogênico de antioxidantes sintéticos em humanos, e, com isso, pesquisas com antioxidantes naturais em substituição aos sintéticos iniciaram na década de 90 (Chen et al., 1992).

Fitogênicos

Portanto, com a proibição dos promotores de crescimento convencionais em alguns países, surgem produtos comerciais a base de:

Fitoterápicos

Componentes herbários para substituir estes fármacos

Óleos essenciais 13 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Relação entre aditivos alimentares e perfil de ácidos graxos na carne de frango


RELAÇÃO ENTRE ADITIVOS ALIMENTARES E CARNE DE FRANGO

aditivos

Antioxidantes naturais são geralmente considerados como seguros, dessa forma, são uma alternativa aos antioxidantes sintéticos (Hang et al., 2018). Daneshyar et al. (2011) ao fornecerem Curcuma longa na dieta de frangos de corte verificaram uma menor quantidade de ácidos graxos saturados (AGS), principalmente, o ácido palmítico e C18:1 n-7 (ácidos graxos monoinsaturadosMUFA) na carne da coxa, o que pode ser explicado pela diminuição da síntese do novo dos ácidos graxos no fígado.

Isso é um efeito benéfico a diminuição do ácido mirístico e palmítico, em função de serem responsáveis pelo aumento do colesterol sérico LDL, que está relacionado com doenças cardiovasculares.

Hang et al. (2018) ao adicionarem curcumina na dieta de frangos observaram maiores proporções de ácido linoleico (C18: 2n6) e de ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) totais ômega-seis, o que resultou em um acúmulo de ácido linoleico na carne de peito. Além disto, não observaram alterações nos ácidos graxos ômega três como: eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenoico (DHA), durante três meses de armazenamento, o que é benéfico, pois, mostra um efeito protetor da curcumina sobre os ácidos graxos.

! Hashemipour et al. (2013) ao fornecerem timol e carvacrol na dieta de frangos verificaram menor quantidade de AGS e aumento de ácidos graxos poli-insaturados ômegas seis na coxa.

Ciftci et al. (2010) verificaram que o óleo de canela pode aumentar a proporção de AGPI e diminuir o teor de AGS da carne, devido às propriedades hipolipidêmicas do óleo de canela nas dietas.

A adição de monolaurato de glicerol (MLG) na dieta de frangos diminuiu a capacidade de retenção de água na carne (Fortuoso et al., 2019), assim como, esses frangos tiveram menor quantidade de lipídios na carne (Valentini et al., 2019).

14 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Relação entre aditivos alimentares e perfil de ácidos graxos na carne de frango


O consumo do fitogênico a base de:

Timol

Pelas aves durante todo ciclo produtivo também reduziu as percentagens de ácidos graxos saturados (AGS) na carne do peito (P=0,001; Figura 1); mas em contrapartida, aumentou a percentagem dos ácidos graxos poli-insaturados totais (P=0.001; Galli

Cinamaldeído

Carvacrol

% de ácidos graxos na carne

et al., 2020b). 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0

a

P<0.001 CP FI

CN

b

b a

a

b

AGS

AGPI

Figura 1. Perfil de ácidos graxos saturados (AGS) e poli-insaturados (AGPI) na carne de frangos de corte suplementados com ração basal (CN), com antibiótico e coccidiostático (CP) e fitogênico a base de timol, cinamaldeido e carvacrol (FIT). Letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0.05).

15 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Relação entre aditivos alimentares e perfil de ácidos graxos na carne de frango

aditivos

Esse estudo também mostrou que nas dosagens de 200 e 300 mg/kg de MLG na dieta é capaz de reduzir o somatório de ácidos graxos saturados e de aumentar o somatório de ácidos graxos poli-insaturados (Valentini et al., 2019), o que é um efeito desejável aos consumidores de carne.


A adição de 100 mg/kg de curcumina na dieta de frangos de corte diminuiu os AGS (P=0,05), e aumentou os A GPI (P=0,02) comparado ao grupo com promotor de crescimento (Galli et al., 2020a; Figura 2).

CP

aditivos

% de ácidos graxos na carne

35 30 25 20 15 10 5 0

31,5a

30b

P<0.05 CU

29

27,5b

AGPI

AGS

Figura 2. Perfil de ácidos graxos saturados (AGS) e poliinsaturados (AGPI) na carne de frangos de corte suplementados com antibiótico e coccidiostático (CP) e curcumina (CU). Letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0.05). ROS, TBARS

SOD, tióis

! Além disso, diminuiu os níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e de espécies reativas ao oxigênio (ROS) e aumentou a enzima antioxidante superóxido dismutase (SOD) na carne do peito (Galli et al., 2020a; Figura 3). Portanto, isto demostra que a adição de curcumina protegeu os ácidos graxos da peroxidação lipídica.

de enzimas antioxidantes e do tempo de prateleira

Figura 3. A adição de curcumina tem reduzido a peroxidação lipídica da carne e os danos causados pelas espécies reativas ao oxigênio no tecido muscular, o que tem aumentado o tempo de prateleira e a qualidade do produto final.

16 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Relação entre aditivos alimentares e perfil de ácidos graxos na carne de frango


Porém, acredita-se que a menor percentagem de AGS da carne pode ter ocorrido devido à uma diminuição da síntese do novo dos ácidos graxos no fígado e/ou pelo aumento da atividade da enzima lipogênica ∆9-dessaturase (estearoil-CoA dessaturase), que converte os ácidos graxos saturados em monoinsaturados, enzima conhecida por modular a biossíntese de ácidos graxos de novo (Poureslami et al., 2010).

Como já mencionado, este fato é benéfico, pois os AGS são responsáveis pelo aumento do colesterol sérico LDL, ou seja, transportam o colesterol do fígado para se acumular nas veias, o que causa doenças cardiovasculares.

Já quando aditivos alimentares elevam a percentagem de ácidos graxos poliinsaturados (AGPI) totais da carne, a explicação mais provável é o aumento da síntese das enzimas dessaturases A5, A6, (Mendonça et al., 2019) e A9 (Kumar et al., 2020) e das elongases.

aditivos

Portanto, já é sabido que os produtos identificados como fitogênicos, extratos herbais, ácidos graxos entre outros aditivos alteram o perfil de ácidos graxos da carne, mas o mecanismo envolvido ainda precisa ser melhor elucidado.

Os ômegas três e seis são benéficos para a saúde humana, e nutricionistas prescrevem e estimulam o consumo de produtos ricos neste tipo de ácido graxo. Além disso, os AGPI participam de mecanismos de regulação do sistema cardiovascular e imunológico (Grashorn, 2007), assim como, estão relacionados com a síntese de membranas celulares e com efeitos positivos sobre a pele, pêlos e visão.

Relação entre aditivos alimentares e perfil de ácidos graxos na carne de frango

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17 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Relação entre aditivos alimentares e perfil de ácidos graxos na carne de frango


ALTA GLOBAL DO PREÇO DAS COMMODITIES AGROPECUÁRIAS E A INFLAÇÃO DOS ALIMENTOS A

A crise tende a elevar ainda mais os preços agrícolas, mas é importante ponderar que nas últimas décadas a alta produtividade contribuiu para o controle da inflação e para o aumento da renda dos brasileiros

mercado

Leandro Gilio1 e Marcos Sawaya Jank2 1Economista e pesquisador sênior do Insper | Doutor em Economia Aplicada (ESALQ/USP) 2Professor sênior de agronegócio no INSPER e coordenador do centro “Insper Agro Global”

N

os últimos dois anos, todos os indicadores

macroeconômicos foram contaminados pelos efeitos deletérios da pandemia da Covid-19. Mas, diferentemente de outros setores da economia, o agronegócio brasileiro registrou forte crescimento, acumulando alta quase 38% em termos de renda nos últimos dois anos (dados do Cepea/CNA).

18 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | A alta global do preço das commodities agropecuárias e a inflação dos alimentos


O principal motor da expansão do agronegócio brasileiro é o segmento exportador de commodities agropecuárias e alimentares, que em 2021 cresceu quase 30% em valor de embarques na comparação com o mesmo período do ano anterior, atingindo o recorde de US$ 120,8 bilhões.

Esse resultado positivo se deve ao alto patamar alcançado pelos preços internacionais (em dólares) pagos pelas principais commodities exportadas pelo Brasil, visto que houve redução no volume embarcado em relação ao ano anterior (queda de aproximadamente 8%).

saldo da balança comercial brasileira (US$ 61,2 bilhões em 2021), já que nos demais setores da economia o Brasil apresentou déficit de US$ 43,8 bilhões, segundo dados do Mapa e da Secex.

No entanto, se por um lado esse resultado tem ajudado a minimizar os efeitos da crise gerada pela pandemia na economia brasileira, por outro tem causado preocupação para a sociedade em função de uma alta expressiva nos preços dos alimentos, influenciada também pela desvalorização do real no período. Essa preocupação ganha contornos ainda mais graves com a guerra na Ucrânia. O fato é que a população brasileira vem sentindo o aumento da inflação desde a eclosão da pandemia, sobretudo as famílias mais pobres, que gastam uma parte significativa de sua renda com alimentação.

19 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | A alta global do preço das commodities agropecuárias e a inflação dos alimentos

mercado

Isso contribuiu para manter positivo o


E o que tem puxado a alta da inflação de alimentos são itens importantes na composição da cesta básica de consumo da população, como: O gráfico abaixo mostra que a

Arroz,

inflação medida pelo IPCA (IBGE), em 2020 e 2021, acumulou mais

Leite e derivados,

de 15%, com o grupo “alimentação e bebidas” registrando um

Carnes e

crescimento de 23,2% em preços, a maior elevação entre os grupos de produtos que compõem o índice.

23,2%

22,3%

19,0%

Café.

18,8%

15.0% 5,8%

5,3%

4,9%

4,0%

Despesas pessoais

Saúde e cuidados pessoais

Comunicação

Educação

Vestuário

Artigos de residência

Habitação

Transportes

Alimentação e bebidas

Índice geral

mercado

9,1%

Figura 1: Inflação acumulada em 2020 e 2021. Medida pelo IPCA - Índice geral e principais subgrupos Fonte: Elaborado pelo Insper Agro Global com base em IBGE (2022) Vale destacar alguns fatores conjunturais observados nos últimos dois anos: As exportações do setor foram altamente incentivadas pela desvalorização do real frente ao dólar, intensificada pelo influxo de capitais decorrente da elevação dos riscos desde o início da pandemia; Demanda interna impulsionada pelo auxílio emergencial, e maior dispêndio com alimentação dentro do lar em consequência da pandemia;

Demanda externa firme, impulsionada pelos países asiáticos que tiveram instabilidades importantes nas cadeias de suprimentos, com destaque para a China; Quebras de safra observadas em importantes produtos, como milho, soja, café, carne bovina e cana-de-açúcar, em decorrência de secas e geadas subsequentes.

20 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | A alta global do preço das commodities agropecuárias e a inflação dos alimentos


choque de demanda no setor, que impulsionou preços, os quais não vêm sendo compensados com ações significativas de redução de tarifas para importação de alimentos (que também não teriam grande

Rússia e Ucrânia respondem por quase 30% das exportações mundiais do cereal em 2021. No mercado brasileiro, quase 50% da demanda de trigo é suprida por importações, oriundas, principalmente, da Argentina.

mercado

Dessa forma, houve um importante

efeito devido aos custos dessa operação) e taxa de câmbio desfavorável à importação.

Os preços globais do cereal já se elevaram em 30% desde o início da guerra, com o previsível choque de oferta, e certamente

Ao avaliar dados mais recentes da evolução dos preços ao produtor

parte dessa alta deverá ser transferida para o consumidor nos próximos meses.

rural, em várias culturas já se verificava uma tendência de estabilização, e a preocupação com relação a preços

Outro produto que teve altas

de produtos agroalimentares ao

importantes de preços é o milho, uma

consumidor final já vinha se dissipando — em 2021, o IPCA para o grupo alimentação apresentou alta de 7,9%,

vez que a Ucrânia é o quarto maior exportador mundial, atrás dos Estados Unidos, do Brasil e da Argentina.

enquanto o índice geral chegou a 10%.

Outra preocupação latente vem do mercado No entanto, a preocupação com relação

de fertilizantes. Atualmente, cerca de 85%

aos preços de produtos de origem agrícola

dos fertilizantes consumidos no Brasil têm

volta com força em 2022 diante do novo

origem em matérias-primas importadas, sendo

contexto gerado pela invasão da Ucrânia pela

a Rússia o maior fornecedor do Brasil e um

Rússia. No curto prazo, as atenções maiores

dos principais players globais na produção e

voltaram-se para o trigo.

exportação desses produtos.

21 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | A alta global do preço das commodities agropecuárias e a inflação dos alimentos


As questões de guerra certamente impulsionarão o valor de insumos agrícolas, que já vinham em trajetória de alta,

Segundo estudos do Cepea/Esalq-USP, os

pressionando a renda do produtor rural.

produtos do agronegócio representam cerca

Há, ainda, o risco de desabastecimento, o

de 42% dos serviços de transporte no país

que poderá prejudicar as safras que serão

e, em geral, o valor da carga é baixo em

entregues de 2022/23 e 2023/24 e exigirá

relação ao volume transportado — o que

do setor e do governo um grande esforço de

indica um forte impacto direto do custo de

planejamento e coordenação.

transporte sobre o valor final do produto. O fato é que observamos uma conjuntura altista de preços de insumos e produtos agropecuários desde 2020. No entanto, é importante ponderar que nas últimas três décadas o agronegócio vem entregando altas taxas

mercado

de crescimento de produção e produtividade, que resultaram em alimentos cada vez mais acessíveis e competitivos para o consumidor brasileiro, com evolução de preços reais abaixo dos demais setores da economia brasileira. Some-se a isso a alta do petróleo e de outras fontes energéticas. Em 11 de março, a Petrobras anunciou um reajuste de 24,9% no diesel às distribuidoras, e o agronegócio é o setor da economia mais vulnerável à alta no valor dos transportes rodoviários de carga.

Esse fenômeno é demonstrado na figura abaixo, na qual se verifica que os preços relativos dos alimentos ao consumidor no Brasil apresentaram queda significativa após a década de 1980, e não se elevaram nem mesmo durante o período que ficou conhecido como “boom das commodities”, entre 2008 e 2014.

22 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | A alta global do preço das commodities agropecuárias e a inflação dos alimentos


240 220 200

Indice (base 1981-100)

180 160 140

FAO Food Price Index

120 100 80 60 40

Brasil (IPCA - Alimentos e Bebidas)

20

1980

1985

1990

1995

2000

2005

2010

2015

2020

Figura 2: Evolução do índice de preços reais dos alimentos – Brasil e Internacional. Número Índice (base 1981=100) em média móvel de 3 anos Fonte: FAO (2022) e IBGE (2022) • Para mercado doméstico, a evolução real de preços se refere ao IPCA-Alimentos e Bebidas descontado o efeito da inflacionário pelo deflator implícito do PIB. Para o mercado internacional foi empregado o Índice de Preços Real dos alimentos, calculado pela FAO.

Com a manutenção de um baixo patamar de preços internos do agronegócio, graças ao forte crescimento da produção e da produtividade, o setor agrícola vem contribuindo por décadas para o controle da inflação brasileira, colaborando também para a maior disponibilidade de renda à população.

23 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | A alta global do preço das commodities agropecuárias e a inflação dos alimentos

mercado

0


Brasil 280.07

4 201 6 201 8

201

1

201

5 200 7 200 9

200

9 200 1 200 3

199

3 199 5 199 7

199

198

198

mercado

7 198 9 199 1

Mundo 169.84

1 198 3 198 5

Indice (1981=100)

280 260 240 220 200 180 160 140 120 100 80 60

Figura 3: Evolução da Produtividade Total dos Fatores de Produção (PTF) na Agricultura Fonte: USDA (2022) • Produtividade Total dos Fatores (PTF) é uma forma de se avaliar a evolução de produtividade com relação aos fatores de produção, em geral terra, capital e trabalho. Uma das evidências desse efeito é a perda de participação do grupo “alimentação” dentro do orçamento das famílias brasileiras, que chegava a 34% do total em 1974/75 e passou para 18% em 2017/18, segundo dados da última Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE.

1974-75

2002-03

2008-09

2017-18

18.15

15.06

14.68

14.75

6.53

7.05

7.87

18.07

19.57

18.68

35.14

35.23

36.38

21.08

20.55

17.7

11.09 30.24

34.27

Alimentação

Habitação

Assistência à Saúde

Educação

Transportes Outros

Figura 4: Evolução da participação de grupos de despesa selecionados nas despesas totais Fonte: POF (2018)

24 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | A alta global do preço das commodities agropecuárias e a inflação dos alimentos


Portanto, é importante refletir sobre

Destaca-se também que na complicada

esses dados históricos antes de atribuir

conjuntura da pandemia, o agronegócio,

ao agronegócio a queda recente de

além de contribuir para o crescimento

renda da população brasileira, o que

da renda e para a manutenção do saldo

não passa de uma visão distorcida

positivo na balança comercial brasileira,

e imediatista baseada na conjuntura

também manteve empregos no interior do

momentânea e volátil dos preços

país foi o setor que registrou menor queda

agrícolas. No longo prazo, o que se

de pessoas ocupadas na comparação com

verifica é o oposto.

outros setores econômicos brasileiros,

mercado

segundo dados do IBGE.

Portanto, é importante que se tenha uma visão mais ampla dos fatos e dados econômicos antes de atribuir um peso excessivo ao setor na verificada queda de renda dos brasileiros no período recente. A conjuntura de turbulência do mercado deverá ser passageira e o crescimento de longo prazo do agro traz um benefício distributivo significativo à população e à economia brasileira. A alta global do preço das commodities agropecuárias e a inflação dos alimentos

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25 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | A alta global do preço das commodities agropecuárias e a inflação dos alimentos


IMPACTO AMBIENTAL DA SUINOCULTURA: MAIS UM EXEMPLO DE QUE SÓ MELHORAMOS O QUE MEDIMOS!

impacto ambiental

Ines Andretta Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. ines.andretta@ufrgs.br

A suinocultura no contexto das demandas mundiais por alimento Atender à crescente demanda mundial por alimentos é certamente um dos maiores desafios que enfrentaremos nas próximas décadas. O setor produtivo (incluindo agricultura e pecuária)

A suinocultura já apresenta níveis muito altos de desempenho e certamente tem um papel social importantíssimo para a segurança alimentar do planeta. No entanto, ainda há espaço para melhorias quando se trata de sua sustentabilidade ambiental.

precisará alimentar uma população cada

Porém, aqui também vale aquela velha

vez maior, porém, sem comprometer

frase: “só melhoramos o que medimos”!

a capacidade das gerações futuras de também atenderem às suas necessidades. Em outras palavras, a construção de sistemas agroalimentares sustentáveis é um requisito obrigatório.

26 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental da suinocultura: mais um exemplo de que só melhoramos o que medimos!


Como avaliar o impacto ambiental? Os impactos ambientais da suinocultura têm sido geralmente analisados de forma isolada (exemplo: com foco no animal) ou restrita às suas associações diretas (exemplo: emissões no ambiente onde o animal é criado). Estes indicadores são úteis quando as emissões poluentes da cadeia têm um efeito apenas no ambiente local e são frequentemente utilizados para avaliar a emissão de substâncias como:

Todo produto causa um impacto ao meio ambiente, seja em função de seu processo produtivo, das matérias-primas que consome, ou devido ao seu uso ou disposição final. No caso da suinocultura, um animal terminado para o abate só é produzido após uma longa cadeia (produção dos leitões; cultivo, colheita e transporte dos grãos; etc.) e em cada etapa desta cadeia produtiva, energia é gasta e elementos poluentes são gerados.

nitrato,

amônia ou

impacto ambiental

A avaliação do ciclo de vida (do inglês, Life Cycle Assessment - LCA) é uma ferramenta amplamente reconhecida no contexto de análises globais de impacto ambiental. fosfato. A técnica permite examinar um determinado sistema (serviço ou produto) e analisar Porém, a suinocultura é uma cadeia

sistematicamente os fluxos e os impactos

complexa e, por isso, os impactos ambientais

ambientais que podem ser associados

podem ser mais bem compreendidos

à totalidade do seu ciclo de vida (“do

em abordagens multidisciplinares que

berço até ao túmulo” ou da extração das

considerem todo seu ciclo de produção.

matérias primas até sua disposição final),

As técnicas de avaliação global

ambiental associado a cada recurso

geram indicadores ambientais mais

ou a cada unidade de energia

representativos, pois consideram além dos

consumida no sistema.

pressupondo que há um impacto

impactos diretos da atividade, também as emissões associadas às matérias-primas utilizadas ao longo da cadeia produtiva.

27 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental da suinocultura: mais um exemplo de que só melhoramos o que medimos!


A análise do ciclo de vida pode ser utilizada

emissões ou usos de energia

para identificar pontos da cadeia que possam

importantes do ciclo de vida

ser melhorados em termos de sustentabilidade

são agregados e expressos em

ambiental e, em uma abordagem preventiva,

relação à unidade funcional

como facilitadores de decisão e de planejamento

escolhida (exemplo: 1 tonelada

estratégico para reduzir o impacto gerado na

de ração ou 1 tonelada de

produção de artigos de interesse para a sociedade,

carne suína; Figura 1).

como na produção de carne.

Cultivo de soja

Transporte

Durante a análise, todas as

Produção dos outros ingredientes

Produção da ração

Processamento

Creche

Cultivo de milho

impacto ambiental

Produção dos leitões

Crescimento e terminação Manejo de dejetos

Energia, sementes, máquinas, fertilizantes, pesticidas e outras substâncias

Unidade funcional: 1 tonelada de suínos (peso vivo) prontos para abate

Emissões para ar, solo e água

Contribução da alimentação no impacto total, %

Figura 1. Exemplo das etapas consideradas em um estudo de análise de ciclo de vida

100 75 50 25 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 29 30 Estudos disponíveis

Figura 3. Impacto relativo da alimentação no potencial total de mudança climática associado a produção de suínos em diversos artigos científicos

28 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental da suinocultura: mais um exemplo de que só melhoramos o que medimos!


Análise do ciclo de vida aplicada na suinocultura Argentina

1

recentemente (Andretta et al., 2021; DOI: 10.3389/

Brasil

8

fvets.2021.750733) e identificou 55 estudos de análise

Espanha

6

do ciclo de vida aplicados na suinocultura

França

5

(Figura 2). Além do potencial de mudança

China

4

Dinamarca

3

Holanda

3

Bélgica

2

Canadá

2

Cuba

2

Uma revisão sistemática de literatura foi realizada

climática, os estudos de LCA também utilizaram outras categorias de impacto ambiental, como: Eutrofização, Acidificação,

Alemanha

2

Itália

2

Japão

2

Suécia

2

Estados Unidos

2

Grécia

1

Noruega

1

Portugal

1

Reino Unido

1

Figura 2. Países cujos sistemas de produção de suínos foram estudados nas análises de ciclo de vida

Uso de energia e de solo.

impacto ambiental

Mudanças nas práticas alimentares (composição da dieta ou programas de alimentação) foram estudadas em 25% dos artigos. Isso porque a participação relativa da produção de ração (que inclui o ciclo de vida, fabricação e transporte de cada ingrediente) é bastante alta, representando até 76% do potencial total de impacto de mudança climática associado à produção de suínos (Figura 3).

28 29 29 30 31 32 32 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 Estudos disponíveis

29 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental da suinocultura: mais um exemplo de que só melhoramos o que medimos!


Em um contexto em que a maioria dos ingredientes utilizados para a produção de rações tem mercados globais, é importante destacar que os impactos associados a um determinado produto são praticamente compartilhados entre vários países envolvidos

impacto ambiental

no comércio internacional.

O exemplo mais frequente desse compartilhamento intercontinental citado nos estudos disponíveis foi o uso da soja importada da América do Sul, principalmente do Brasil (49% dos estudos). Nestes casos, é possível inferir que parte do impacto da produção de suínos na China ou na Europa acontece ainda no Brasil, quando essa importante matéria prima é produzida.

30 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental da suinocultura: mais um exemplo de que só melhoramos o que medimos!


A composição da ração em termos de

Práticas de alimentação como ferramentas de mitigação A sustentabilidade ambiental da suinocultura está intimamente ligada a otimização das práticas de alimentação. Por isso, diversas práticas podem

ingredientes também é uma forma de reduzir a excreção de nutrientes e, consequentemente, a composição dos dejetos. Por isso, a escolha dos ingredientes precisa ser feita sempre com cautela, focando na procedência, mas também na qualidade nutricional do produto.

ser propostas para minimizar esse impacto. Estratégias que reduzam a excreção de Algumas dessas práticas estão

impacto ambiental

nutrientes são muito importantes para mitigar o impacto ambiental.

associadas ao transporte de ingredientes e rações. A distância entre o local de produção das matérias-primas

Diversos exemplos poderiam ser citados aqui,

da ração e seu local de uso pode ser

como:

considerada um importante argumento a favor da escolha (ou substituição) de ingredientes. Esta discussão é comum quando se trata de impactos econômicos, mas é extremamente válida também para as questões ambientais.

Uso de enzimas exógenas, Aminoácidos sintéticos substituindo parcialmente ingredientes proteicos tradicionais ou O uso de dietas com menores teores de proteína bruta ou minerais.

Reduzir a distância dos produtores aos consumidores significa menos necessidade de transporte e, consequentemente, menos custos

A modificação dos métodos de formulação

e emissões. No entanto, o uso de ingredientes

das rações e a adoção de técnicas de

locais não deve prejudicar a conversão

alimentação de precisão também são

alimentar. Caso contrário, as vantagens podem

ferramentas muito importantes neste

ser perdidas devido ao aumento da demanda

contexto. Usando uma descrição bastante

por ração para atingir o mesmo peso final.

simples, é possível afirmar que alimentação de precisão consiste no fornecimento da quantidade certa de ração, com a composição certa para atender à exigência de cada animal do rebanho.

31 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental da suinocultura: mais um exemplo de que só melhoramos o que medimos!


Cada animal tem características únicas de crescimento e consumo, portanto, é único também em suas exigências

No cenário brasileiro, um estudo

nutricionais. Além disso, essas exigências

desenvolvido por Andretta et al. (2018;

mudam de maneira dinâmica e (em

DOI: 10.1017/S1751731117003159) mostrou

um conceito completo de nutrição de

que a substituição da alimentação

precisão) deveriam ser conhecidas e

convencional (onde uma mesma

atendidas em ‘tempo real’.

ração é fornecida por vários dias) pela alimentação diária (onde o fornecimento de nutrientes nas dietas é ajustado

O avanço da tecnologia e do conhecimento científico na área já

diariamente) pode diminuir o impacto potencial de eutrofização em 4% e de acidificação em 3%.

permitem que o fornecimento dos nutrientes seja ajustado ‘sob medida’ para atender em tempo real as

impacto ambiental

exigências nutricionais dos animais.

A mitigação foi ainda maior (até 6% para mudanças climáticas e 5% para eutrofização e acidificação) quando o programa de nutrição era ajustado

Embora esses modelos de produção ainda estejam limitados aos centros de pesquisa, os resultados mais recentes são bastante promissores. Na prática, o aumento no número de fases já pode ser considerado um passo no caminho para a alimentação de precisão, assim como a criação de animais em grupos mais homogêneos.

para cada animal (diariamente e individualmente). Em ambos os cenários, a principal vantagem dos programas de alimentação de precisão está na maior eficiência no uso de nutrientes. Em outras palavras, a mesma quantidade de produto (ex: suíno) é produzida usando menos recursos (ex: lisina).

Apesar de toda a variabilidade encontrada nos estudos disponíveis na literatura, a participação dos alimentos no impacto total da produção animal é relevante e merece ainda mais atenção dentro das estratégias de mitigação de impacto ambiental. A suinocultura já evoluiu muito e diversas práticas relatadas neste texto já são utilizadas pelos nutricionistas e produtores.

32 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental da suinocultura: mais um exemplo de que só melhoramos o que medimos!


impacto ambiental Identificar essas vantagens ambientais (inclusive as que já estão presentes nos sistemas de produção) pode ser uma alternativa para valorizarmos ainda mais a cadeia produtiva e seus esforços em busca da sustentabilidade. Impacto ambiental da suinocultura: mais um exemplo de que só melhoramos o que medimos!

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33 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental da suinocultura: mais um exemplo de que só melhoramos o que medimos!


BENEFÍCIO DO USO DE LEVEDURAS EM DIETAS PARA SUÍNOS Gustavo Cordero1 e Laura Merriman2 1 Gerente Técnico Global de Suínos 2 Gerente Técnica, NAM

P

ara aumentar a produtividade de matrizes, porcas estão sendo selecionadas para produzir mais

leitões por ninhada e, consequentemente, desmamar mais leitões por porca por ano

levedura

(PSY). O aumento do tamanho da ninhada geralmente aumenta o tempo de parição e o número de leitões nascidos expostos à hipoxia.

34 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Benefício do uso de leveduras em dietas para Suínos


Levedura viva Considerando os efeitos benéficos no equilíbrio microbiano intestinal, a administração dietética Isto aumenta o número de leitões menos

de probióticos como as leveduras vivas é

viáveis ao nascimento. Consequentemente,

relatada para aliviar o estresse das porcas em

a prolificidade das porcas aumentou

gestação e lactação. As leveduras vivas são

enquanto o peso individual do leitão ao

conhecidas por muitos efeitos benéficos à saúde,

nascer diminuiu, causando um aumento na

incluindo os mecanismos de defesa antioxidantes,

variação do tamanho do leitão.

assim amenizando o estresse oxidativo (Cai et al., 2014; Dowarah et al., 2016).

Boulot et al. (2008) relataram que o peso médio do leitão ao nascer é reduzido em 100 g/animal para cada leitão extra acima de 9 leitões (9 leitões, 1,89 kg/leitão; 16 leitões, 1,38 kg/leitão). Isto pode, em parte, ser explicado pela limitação no tamanho do útero, onde um número crescente dos fetos em desenvolvimento está sujeito a

Célula

1,38 kg

levedura

retardo de crescimento intrauterino (IUGR).

Radicais livres atacando as células

1,89 kg Estresse Oxidativo Leveduras vivas são, principalmente, leveduras Os leitões IUGR representam agora até 30-40%

secas ativas (tipicamente Saccharomyces

dos leitões em grandes ninhadas. Um tempo

cerevisiae). Seus efeitos dependem de uma

de parição mais longo também pode afetar a

combinação de especificidade de tensão e

longevidade das porcas, que é um fator chave para

quantidade de levedura viva (UFC) sobrevivendo e

a rentabilidade de um rebanho suíno comercial

atuando no trato gastrointestinal.

(Stalder et al., 2004). Neste sentido, uma levedura viva que Como a capacidade uterina é limitada,

tenha sido selecionada por um alto

as estratégias nutricionais devem ser

potencial de absorção de oxigênio, além

adaptadas para mitigar os impactos

de um produto com maior concentração

negativos dessas mudanças fisiológicas na

de UFC, seria mais benéfica, pois

longevidade das porcas e no desempenho

precisaria de menos inclusão para atingir

de sua progênie durante toda sua vida útil.

o número de UFC no local-alvo.

35 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Benefício do uso de leveduras em dietas para Suínos


A gestação e a lactação representam

O benefício de adicionar uma

um desafio metabólico considerável

levedura viva está relacionado à sua

para as porcas, particularmente

capacidade de remover o oxigênio

em porcas altamente prolíficas. A

presente no trato gastrointestinal. Um alto

demanda por energia aumenta com a

nível de unidades formadoras de colônias (UFC)

absorção de oxigênio, e o aumento da

apresenta maior capacidade de remover o

liberação de hormônios de estresse

oxigênio do trato, o que pode ser medido através

(glicocorticóides) associados à

do potencial redox (PR), proporcionando que a

gestação e à parição contribui para

levedura viva mude e otimize o ambiente intestinal

o aumento da produção de espécies

através da remoção da concentração de oxigênio.

reativas de oxigênio que induzem estresse oxidativo.

Quanto mais negativo for o valor PR, maior será o potencial de absorção de oxigênio. Durante a ingestão de ração e água ou sob estresse, a concentração de oxigênio é maior devido ao aumento da ingestão de oxigênio e da emissão

levedura

Valor P Tempo: <0,01 Tratamento: <0,01

0,0

Controle

respectivamente.

Levedura

-50,0 Potencial redox, mV

de oxigênio das células epiteliais,

A alimentação com levedura viva mantém um menor PR, mesmo em momentos de alimentação

-100,0

(Krizova et al., 2011). Com base em trabalhos

-150,0

recentes em leitões, adicionando uma levedura

-200,0

viva (Vistacell, AB Vista) foi possível melhorar o

-250,0

potencial redox (Cordero et al., 2022; Fig. 1).

-300,0

NS

**

0

5

* 10

* 15

* 20

+ 25

+ 30

NS 35

Tempo post-mortem, min NS: Não significativo, ** (P≤0.01), *(P ≤0.05), +(P≤ 0.10)

Figura 1. Potencial redox no ceco de leitões alimentados com controle ou dieta de leveduras vivas.

36 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Benefício do uso de leveduras em dietas para Suínos


CFU/g

Enterobactérias 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0

4,62

4,53 4,1

4,31 ***

3,39

***

*** 2,83

2,34

***

<1. [VALOR] Controle Leveduras vivas

Controle Leveduras vivas

Controle Leveduras vivas

Controle Leveduras vivas

Estômago

Jejuno

Íleo

Ceco

*** (P≤0.001)

levedura

CFU/g

Figura 2. População (UFC/g) de enterobactérias em diferentes partes do trato gastrointestinal de leitões alimentados com uma dieta sem leveduras ou leveduras vivas. Bactérias lácticas 6,61 6,18 6,44 6,51 7,0 5,31 5 , 73 , 51 5 *** 6,0 4,4 5,0 *** 4,0 3,0 *** 2,0 1,0 0,0

Controle Leveduras vivas

Controle Leveduras vivas

Controle Leveduras vivas

Controle Leveduras vivas

Estômago

Jejuno

Íleo

Ceco

*** (P≤0.001)

Figura 3. População (UFC/g) de fibras utilizando bactérias lácticas em diferentes partes do trato gastrointestinal de leitões alimentados com uma dieta sem leveduras ou leveduras vivas.

Como um removedor de oxigênio, a levedura viva suprime o crescimento de bactérias indesejáveis (Fig. 2) e torna o ambiente intestinal mais favorável à fermentação das fibras (Fig. 3), já que a maior parte da microbiota fermentadora de fibras é anaeróbica e prefere um pH mais baixo à microbiota patogênica.

37 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Benefício do uso de leveduras em dietas para Suínos


decompõem as fibras pode resultar em Maior hidrólise da fibra detergente neutra,

Figura 4

O ambiente luminal favorável para as bactérias que

20 15 10 5 0

Maiores níveis de produção de ácidos

16,3

17 8,4

Nascido vivo Controle

7,4

% natimorto Vistacell 0.5kg

graxos voláteis e, portanto,

Peso ao nascer (kg) nos materiais de alimentação que podem ser desperdiçados (Lizardo et al., 2012).

Figura 5

Um maior nível de extração de energia

Ambos os modos de ação são

1,4 1,3 1,2 1,1 1

do animal através de períodos estressantes.

influenciar o microbioma intestinal de forma

20

0

Controle

fibras tanto em porcas quanto em leitões.

levedura viva (Vistacell, AB Vista; 20

12

10

a suportar um pH estável e a fermentação das

Um estudo examinou o efeito da

Vistacell 0.5kg

Suínos< 1,0 kg (total de nascidos) 27 30 Figura 6

levedura

abordagem nutricional potencial que pode

1,13

Controle

fundamentais para apoiar as necessidades

Adicionar levedura viva à ração é uma

1,29

Vistacell 0.5kg

Figuras 4-6. Efeito da adição de 0,5 kg de levedura viva (Vistacell) sobre (Fig. 4) nascidos vivos, % de nados-mortos; (Fig. 5) peso ao nascer; (Fig. 6) % de leitões com menos de 1,0 kg de peso vivo.

bilhões de UFC/g) no desempenho da parição das porcas quando dosadas a 0,5 kg por tonelada durante a gestação.

Com uma porcentagem maior de porcas hiper prolíferas no rebanho de criação comercial, a necessidade de apoiar as

As porcas alimentadas com a levedura viva

porcas durante a gestação e lactação

tiveram

para manter a eficiência reprodutiva para a produção em longo prazo é ainda

Mais leitões nascidos vivos,

mais crítica. A levedura viva combina o efeito da parede celular

Peso médio de leitão mais pesado (1,29

da levedura com o efeito benéfico adicional de ser

vs. 1,13 kg, P=0,016) e

metabolicamente ativa, o que oferece ao produtor uma tecnologia de ração única que pode ajudar a

Menor porcentagem de leitões com

manter a porca durante a gestação e a lactação.

peso inferior a 1 kg (P<0,001; Figuras 4-6).

Benefício do uso de leveduras em dietas para Suínos

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38 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Benefício do uso de leveduras em dietas para Suínos


VISTACELL

LEVEDURA VIVA PARA SUINOCULTURA COMERCIAL TECNOLOGIA EM LEVEDURA QUE MELHORA O DESEMPENHO

NEM TODA LEVEDURA É CRIADA DA MESMA MANEIRA Vistacell é a combinação perfeita para modulação de flora intestinal dos suinos, ao oferecer a maior Levedura Viva

dose de levedura viva e gerar desta maneira, uma melhor modulação de flora intestinal das fêmeas reprodutoras, com aumento no peso ao nascer e no desmame da leitegada.

Cepa

LEVEDURA VIVA: MODO DE AÇÃO

Selecionada

QUE OFERECE BENEFÍCIOS ÚNICOS Vistacell é uma levedura viva multifuncional, que contribui com as necessidades nas diferentes fases de vida do animal. O uso de Vistacell em matrizes garante um maior peso de leitão ao

Microlevedura

nascer, melhoria na composição de nutrientes do leite das porcas, com níveis mais altos de Potencial Redox (in Vitro)

imunoglobulinas, gerando um aumento da

Vistacell

imunidade dos leitões.

Levedura 1 Levedura 2

A inserção de levedura viva na alimentação das

Levedura 3

reprodutoras também apresenta uma melhora na

Levedura Inativa

saúde intestinal, estabilizando flora e aumentando a presença de bactérias benéficas.

Controle 0%

20%

40%

60%

80%

100%

% Diferença Relativa

www.abvista.com


BENEFÍCIOS DAS FIBRAS PARA A CINÉTICA DO PARTO DE FÊMEAS SUÍNAS - PARTE I OS

fibras

Bruno Bracco Donateli Muro1 e Cesar Augusto Pospissil Garbossa2 1 Doutorando do Departamento de Nutrição e Produção Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo 2 Professor do Departamento de Nutrição e Produção Animal, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo

N

Essa fração não digestível

enzimas digestivas do intestino delgado e fica

presente em altas concentrações em

a produção comercial de suínos, os carboidratos vegetais representam a principal fração da dieta. No entanto,

parte desses carboidratos não é digerido pelas disponível como substrato para fermentação bacteriana, principalmente no intestino grosso.

pelas enzimas endógenas é denominada fibra dietética e está coprodutos e resíduos das indústrias sucroalcooleira e alimentícia.

40 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os benefícios das fibras para a cinética do parto de fêmeas suínas


Apesar de diminuir a digestibilidade de

Como resultado de um intenso processo de

nutrientes e a energia da dieta, a fibra

seleção genética visando a prolificidade, as

alimentar tem funções nutricionais e

fêmeas suínas modernas tiveram um incremento

metabólicas importantes para melhorar o

significativo no número de leitões nascidos nas

desempenho produtivo e reprodutivo de

últimas décadas (Da Silva et al., 2016).

fêmeas suínas adultas.

Sendo assim, a seguinte revisão foi elaborada para apresentar e discutir os benefícios da inclusão de fibra dietética na dieta de fêmeas suínas

nascidos, por sua vez, está associado a alguns efeitos indesejáveis como o aumento na duração do parto. Partos excessivamente prolongados (>300 min) são deletérios para a saúde da matriz, podendo resultar em prejuízos nos parâmetros produtivos e reprodutivos (Björkman et al., 2018).

fibras

parturientes.

O aumento do número de leitões

Adicionalmente, há prejuízos na vitalidade, sobrevivência e desempenho dos leitões

(Langendijk; Plush, 2019).

No parto, a fêmea suína passa por diversas alterações hormonais e metabólicas durante um período de tempo muito curto (Algers; Uvnäs-Moberg,

2007). Consequentemente, a cinética do parto pode ser facilmente afetada por fatores relacionados: A fêmea, Manejo, Ambiente e/ou Nutrição (Peltoniemi et al., 2016).

41 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os benefícios das fibras para a cinética do parto de fêmeas suínas


fibras

A dieta e o manejo nutricional no periparto

A fibra alimentar tem recebido

são um dos fatores mais comumente

considerável atenção nos últimos anos

relacionados à distúrbios no parto. Sendo

devido à sua associação com efeitos

assim, uma composição corporal adequada e

benéficos sobre o metabolismo, saúde

um plano alimentar específico para atender

intestinal, composição da microbiota,

as exigências nutricionais do periparto

saciedade, manutenção de níveis

(dieta de transição) são cruciais para atingir

glicêmicos e na cinética do parto (Theil et

todo o potencial produtivo das fêmeas

al., 2011; Feyera et al., 2018).

hiperprolíficas modernas. Nesse contexto, estudos demonstraram que Algumas características inerentes a produção

a inclusão de fibra alimentar nas dietas de

suinícola brasileira como:

transição de fêmeas suínas pode melhorar as

Dietas pobre em fibras, Alimentação fornecida apenas uma ou

características de parto, resultando em benefícios para a saúde, desempenho e bem estar da fêmea e dos leitões. Sendo assim, a seguinte revisão foi

duas vezes ao dia e

elaborada para apresentar e discutir os benefícios

O sedentarismo excessivo ao qual as

parturientes.

da inclusão de fibras na dieta de fêmeas suínas

fêmeas suínas são submetidas em sistemas intensivos de produção Fazem com que esses animais sejam especialmente susceptíveis a constipação e a problemas metabólicos no periparto

(Van Kempen, 2007; Feyera et al., 2017; Feyera et al., 2018; Carnevale et al., 2020).

42 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os benefícios das fibras para a cinética do parto de fêmeas suínas


FIBRA ALIMENTAR Os AGCC são absorvidos no lúmen intestinal

UTILIZAÇÃO

especialmente quando o pH luminal é baixo ou quando a concentração destes é elevada

As dietas ricas em fibra alimentar (Figura 1) são

(Sakata; Inagaki, 2001).

comumente associadas a dietas com baixo valor nutricional para animais monogástricos, como os suínos, uma vez que estes não possuem adequada capacidade de digerir os polissacarídeos nãoamiláceos pelas enzimas endógenas. Deste modo, apenas um nível mínimo de fibra é tipicamente incluído nas dietas de suínos (Agyekun; Nyachoti, 2017).

Os AGCC são transportados através das membranas apical e basolateral dos colonócitos tanto pela difusão passiva dos AGCC não dissociados quanto pelo transporte ativo mediado por diferentes transportadores de membrana para transportar os AGCC dissociados (Den

Besten et al., 2013).

fermentação bacteriana no intestino grosso

Quando absorvida, uma grande

de suínos, interagindo com a microbiota e

parte é usada como fonte de energia;

exercendo efeitos benéficos sobre a mucosa

aproximadamente 30% da energia líquida

intestinal (Agyekun; Nyachoti, 2017).

de mantença pode se originar dos AGCC em

fibras

A fibra alimentar é o principal substrato para a

porcas alimentadas com altos níveis de fibra

(Serena et al., 2009). A microbiota hidrolisa os carboidratos e monossacarídeos, que são então

utilizadas pelas bactérias convertem os monossacarídeos em fosfoenolpiruvato que, por sua

N)

As principais vias metabólicas

Li

ina gn

do intestino.

Polissac aríd eos Nã oA

fermentados no ambiente anaeróbico

Fibra alimentar + NA) P B ( a r Fib ruta (FB) eos li ác Detergente Ácid m a em rgente N o (FDA r b eutr ) Fi m Dete o (F e D bra

Fi

não digestíveis em oligossacarídeos

Celulose

Lignina

Pectina

Hemicelulose

vez, é convertido nos produtos da fermentação, principalmente os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) - acetato, butirato e propionato (Den Besten et al., 2013).

43 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os benefícios das fibras para a cinética do parto de fêmeas suínas


PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS

Apesar da sua insolubilidade, a exposição de grupos hidroxilas ao longo das cadeias

Os polissacarídeos que compõem a parede

principais, fornece a capacidade de adsorver

celular dos vegetais variam muito em:

moléculas de água, levando a um aumento

Sua composição química, Associações intermoleculares, Comprimentos de cadeia linear e

de volume das fibras que compõem. Esta capacidade de retenção de moléculas de água permite também um amaciamento do bolo fecal e um aumento de volume, facilitando e reduzindo o tempo de trânsito intestinal (Spiller, 2001).

Efeitos sobre o metabolismo

(McRorie et al., 2017).

Por outro lado, as fibras solúveis apresentam um elevado grau de

fibras

hidratação, com capacidade de Devido à sua heterogeneidade, as fibras

formar géis e soluções viscosas

alimentares podem ser classificadas de

(SPILLER, 2001). Esta capacidade é

acordo com diferentes propriedades

dependente da forma como os

físico-químicas, como solubilidade

monômeros estão ligados entre si,

em água, viscosidade, formação de

da presença de determinados grupos

gel, capacidade de ligação à água e

funcionais e do peso molecular do

fermentabilidade (Blackwood et al., 2000).

polímero; polissacáridos de menor peso molecular são mais solúveis em meio aquoso e a presença de

As propriedades físico-químicas das fibras resultam a diferentes mecanismos pelos quais a fibra pode interferir na fisiologia

grupos funcionais polares (ex. COO- e SO3-) também favorece fortemente a solubilidade (Cho et al., 1999).

digestiva, no metabolismo e na composição da microbiota (Molist et al., 2014).

A solubilidade é uma das características mais importantes a se considerar ao incluir fibras na dieta de suínos (Bach Knudsen; Hansen,

1991). As fibras insolúveis (celulose, lignina e algumas hemiceluloses) são estruturalmente lineares, o que lhes permite uma maior adesão intramolecular (Cho et al., 1999).

44 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os benefícios das fibras para a cinética do parto de fêmeas suínas


A fibra solúvel geralmente tem taxa de fermentação mais completa e mais rápida quando comparada com a fibra insolúvel, com consequente maior produção de AGCC

(Bach Knudsen; Hansen, 1991).

Polímeros altamente ramificados têm um efeito negativo sobre a viscosidade e

fibras

são, portanto, chamados de não-viscosos. Em contraste, os polímeros lineares têm grande efeito sobre a viscosidade.

Portanto, dietas contendo uma quantidade elevada de fibra

De modo geral, quanto mais longa e

insolúvel podem prejudicar a fermentação da fibra dietética em suínos (Agyekun; Nyachoti, 2017).

não ramificada é sua cadeia, maior seu efeito sobre a viscosidade. Um polímero linear, no qual as cadeias adjacentes formam ligações cruzadas, pode formar gel (β-glucano e gomas)

(McRorie; McKeown, 2016).

Adicionalmente, as fibras solúveis: Aumentam o número e atividade dos microrganismos no intestino grosso e até

O aumento da viscosidade retarda as

mesmo no íleo (Wenk, 2001),

interações de enzimas digestivas e

Atrasam o esvaziamento gástrico, Mantêm a glicemia alta por um período mais prolongado e

nutrientes, o que atrasa a degradação de nutrientes complexos, a absorção de glicose e de outros nutrientes nas microvilosidades intestinais (McRorie, 2015).

Aumentam a quantidade de secreções pancreáticas (Pluske et al., 2001).

45 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os benefícios das fibras para a cinética do parto de fêmeas suínas


CONSIDERAÇÕES FINAIS As necessidades nutricionais da fêmea suína mudam rapidamente durante o período de transição, portanto, dietas específicas podem trazer resultados melhores para esse período. As fibras podem ser uma ferramenta muito importante nessas dietas. No entanto, as fibras pertencem a um grupo de nutrientes

fibras

com características bastante heterogêneas e com funções distintas de acordo com suas propriedades físico-químicas. Portanto, para se obter máxima eficiência do uso de fibras nas dietas de transição, com especial atenção para a cinética do parto, é interessante combinar fibras com diferentes propriedades e funções no metabolismo.

Os benefícios das fibras para a cinética do parto de fêmeas suínas

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46 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os benefícios das fibras para a cinética do parto de fêmeas suínas


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O MAIOR EVENTO POLÍTICO, TÉCNICO E COMERCIAL DOS SETORES NO BRASIL!

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Entrevista com...

LUCIANO ROPPA entrevista

CEO e Presidente do Conselho da Yes Sinergy

O ano de 2022 iniciou com o conflito entre Rússia e Ucrânia que tem ganhado forças progressivamente. O conflito provocou grandes rupturas em escala global em diversos setores devido às commodities produzidas por esses dois países e ao aumento da inflação. O setor de produção animal foi fortemente afetado. Qual o impacto do conflito no Leste Europeu na produção de proteína animal?

A PSA dizimou 30% do plantel mundial de suínos (e continua ainda ativa em vários países); a gripe aviaria, hoje está presente em vários países, causando perdas consideráveis, como nos EUA, onde causou o abate de 6% na produção de galinhas poedeira e na França, onde se abateu 8% do plantel de aves. Estas enfermidades nos animais, diminuíram a oferta de carnes desestabilizando as cadeias globais de abastecimento.

As causas do difícil momento que a humanidade está vivendo, vão

Quando olhamos esse quadro de

além do conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

enfermidades na espécie humana e nos

Ele foi precedido pela pandemia da COVID,

animais, além do conflito entre a Rússia e a

que paralisou várias atividades e iniciou

Ucrânia, começamos a entender por que o

um processo inflacionário global, e pelas

mundo atravessa, no presente momento, uma

enfermidades que afetaram os animais, como

crise energética e uma crise alimentar sem

a peste suína africana e a gripe aviária.

precedentes na história moderna.

48 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Entrevista com: Luciano Roppa - CEO e Presidente do Conselho da YES SINERGY


Todos esses fatores mencionados

Somados todos estes fatores, vivemos hoje

vieram a aumentar o preço das

um momento de aumentos generalizados de

principais commodities no mundo.

preços, uma inflação global e uma dificuldade

Começando com o aumento do preço

muito grande por parte dos criadores no mundo

do petróleo que encareceu todos os

inteiro de suportar esses novos preços.

fretes, principalmente, os marítimos.

Passando também pela dificuldade das exportações pela Rússia e pela Ucrânia que são grandes produtores de:

As consequências mais fortes são sentidas pelos pequenos produtores. Isso é muito triste e preocupante, porque 70% dos alimentos do mundo são por eles produzidos. Eles ficaram

Milho,

muito vulneráveis ao aumento de custos e gradativamente vão

Trigo,

abandonando a atividade. Girassol e Mesmo com a alta nos preços dos

entrevista

Levedura de cerveja.

alimentos há muita dificuldade de repassar o custo real para os Também, por serem países que

consumidores, já que, com todos esses

produzem potássio e ureia, acabaram

fatores mencionados, as economias do

afetando o mercado de fertilizantes, que

mundo todo enfraqueceram e diminuíram

encareceram e acabaram afetando toda

o poder aquisitivo das suas populações.

a cadeia produtiva de grãos. Metade da população mundial obtém seus alimentos graças ao uso de fertilizantes, e se isso for retirado de alguns cultivos, essa produção pode cair até 50%. Sem o potássio somente, cairia 20%.

49 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Entrevista com: Luciano Roppa - CEO e Presidente do Conselho da YES SINERGY


A preocupação é tanta em relação à crise alimentar, que vários países suspenderam suas exportações para garantir o abastecimento interno e evitar aumentos que trouxessem uma grande inflação (e falta) para sua própria população. A Índia e o Egito suspenderam as exportações de trigo, a Argentina as de farelo e óleo de soja.

Se olharmos o conflito da Ucrânia e Rússia especificamente, fica claro o prejuízo para os países Europeus. Além de não poder contar com os grãos originários daqueles países, ainda sofrem a consequência do aumento dos preços das fontes energéticas.

Esse quadro apresentado é um grande desafio para o processo de Globalização porque

Dependentes em grande

todos os países estão agindo para proteger

parte do gás da Rússia, hoje

suas próprias fronteiras e população, evitando

sofrem com a elevação de

as exportações e tentando administrar a crise

preços e o desabastecimento eminente.

alimentar dentro dos seus próprios territórios.

Para piorar a situação, esses países não têm condições de repor essas fontes num prazo

entrevista

menor que 3 a 4 anos.

Os europeus também ficaram bastante prejudicados porque eram grandes clientes consumidores de trigo, milho e girassol fornecidos pela Ucrânia e pela Rússia. Com isso, passam a ter que importar, ou, na pior das hipóteses, passam a ter um aumento altíssimo nos custos de produção, inviabilizando tanto a produção de aves, como de suínos. Já começam a surgir novas palavras para definir o momento atual de protecionismo e nacionalismo da produção: “nearshoring” (produzir em um lugar próximo), “onshoring” (retomar a

Nota-se hoje uma perspectiva de diminuição de 2 a 3% do plantel de animais de produção na Europa devido aos altos custos de produção.

produção no país), “renacionalização”.

A preocupação atual é tanta, que a forte

Seguramente, a crise alimentar,

proposta de usar 2 milhões de hectares,

pela falta e pelo alto preço dos

dos 8 milhões de hectares de EFA’s

alimentos, vai afetar os países menos

(Superfície de interesse ecológico), para

desenvolvidos, principalmente os que

voltar a plantar. Querem revisar sua

importam muitos alimentos como os

estratégia Ambiental e de biodiversidade

países africanos e do oriente médio.

auto imposta, em nome de sua segurança

Central Agrícola COPA-COGECA fez a

alimentar.

50 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Entrevista com: Luciano Roppa - CEO e Presidente do Conselho da YES SINERGY


O Brasil como grande produtor agrícola e de carne, exportando praticamente 20 a 25% da sua produção de proteínas animais, nesse momento se vê beneficiado, pois está podendo exportar grandes quantidades.

Após esse conflito, o qual acabou aumentando ainda mais o custo de produção de proteína animal, houve alguma mudança no mercado de produtos que contenham biotecnologia (aditivos como probióticos, prebióticos, fitogênicos, etc) devido ao conflito? O produtor deixou de comprar esses produtos ou,

Os bovinos e frangos, nesse primeiro quadrimestre de 2022, bateram recorde

prezando pela eficiência na produção, continuou utilizando?

de exportação. A única queda nas à diminuição da importação da China.

Sim, sempre que há um aumento

Porem, o problema da China não esta

do custo de produção, com

relacionado com esses fatores que

uma dificuldade de repassar isso

mencionamos, mas sim pelo aumento

ao consumidor e o criador passa a

da produção de suínos que foi feita em

ter menores margens, os primeiros

tempo recorde no país.

ingredientes que saem da formulação,

entrevista

exportações foi na carne suína, devido

são os aditivos. Era esperado que essa reposição dos plantéis - que foram dizimados pela peste suína africana - fossem durar até 2024/25, mas os chineses, numa velocidade impressionante, reconstituíram a sua produção. Os plantéis chineses praticamente já voltaram a níveis muitos próximos aos de antes da peste suína africana, e começam a importar cada vez menos. Esse ano eles vão importar 1 milhão de toneladas de carne suína a menos do que o ano passado.

51 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Entrevista com: Luciano Roppa - CEO e Presidente do Conselho da YES SINERGY


Porém, isso pode ser um grave erro, pois os aditivos alimentares melhoram a eficiência da produção.

A redução do uso de antibióticos é uma

O não uso faz com que a produção

tendência crescente em todo o mundo

seja menos eficiente e esse é um dos

em resposta à preocupação em torno

primeiros passos para inviabilizar

da resistência antimicrobiana. Na União

uma criação. É onde você começa a

Europeia o seu uso é proibido. Como

entrar em resultados que não são bons

ficou o mercado de substitutos de

zootecnicamente e que encarecem

ionóforos (ex. probióticos, prebióticos,

ainda mais o custo.

fitogênicos) após a restrição? Os produtores brasileiros de proteína animal têm buscado esse mercado?

Portanto, antes de retirar um aditivo, o criador deve avaliar sua eficiência e ver se ele tem um custo-benefício positivo. Vou dar um exemplo: tirar um

entrevista

adsorvente de micotoxinas quando você tem grãos altamente contaminados. A economia que você terá retirando o

A redução do uso de antibióticos promotores de crescimento na nutrição animal é irreversível. À medida que o mercado estabelece legislações para diminuir o uso de promotores de crescimento, o criador sentese na obrigação de buscar alternativas para substituir parcialmente a saída desses produtos.

adsorvente não vai compensar o grande prejuízo que você terá com a intoxicação dos animais pelas micotoxinas. E assim por diante, em todos os aditivos, tem que se fazer uma análise de sua eficiência, do seu custo e avaliar o custo-benefício final.

52 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Entrevista com: Luciano Roppa - CEO e Presidente do Conselho da YES SINERGY


A indústria de produção animal está enfrentando uma pressão crescente Hoje já temos inúmeras alternativas, dentre as

da legislação e de consumidores para

quais se destacam os:

fornecer produtos sustentáveis, criando novos desafios. Dentro do contexto

Acidificantes,

ambiental, como a YES tem contribuído para diminuir o impacto da indústria de

Probióticos,

produção animal?

Prebióticos, A YES é uma empresa de produtos naturais,

Simbióticos e

livres de antibióticos e altamente sustentáveis.

Compostos fitogênicos. Seus produtos são originados na indústria da cana de açúcar, que é uma energia renovável. Da produção

adotado pelos nutricionistas no mundo

do Etanol sobra um co-produto

inteiro e tem mostrado uma eficiência

rico em uma levedura denominada

bastante grande em relação a substituição

Saccharomyces. O seu uso na

dos promotores de crescimento. A maioria

produção de bebidas e alimentos

dos produtos no mercado hoje já consegue

fermentados, acompanha a história do

mostrar que não há diferença entre usar o

desenvolvimento cultural, tecnológico

promotor de crescimento ou os produtos

e científico da humanidade.

entrevista

O uso desses produtos já é praticamente

eficientes para substituí-los. Dessa levedura, a YES extrai seus principais Os resultados de campo com essas tecnologias são bastante comprovados através de inúmeros trabalhos científicos. Cabe ao criador escolher qual a melhor opção para a sua criação e, principalmente, pelo serviço prestado pelos fornecedores.

produtos: Os Prebióticos (FOS, MOS e BETAGLUCANOS), As Leveduras (Seca, Hidrolisada e Parede Celular), Os Extratos (para uso fertilizante na

Não é somente vender produtos para

agricultura),

substituir os promotores de crescimento,

Além de servirem como base da

mas sim, produtos e serviços para auxiliar

elaboração de seus Adsorventes de

os criadores a alcançar uma melhor

Micotoxinas.

saúde intestinal dos seus animais e melhorar a imunidade para protegê-los contra as enfermidades.

53 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Entrevista com: Luciano Roppa - CEO e Presidente do Conselho da YES SINERGY


A YES é a única empresa do Brasil

Para a melhora da Saúde Intestinal, a YES

que obteve a certificação chamada

produz os chamados prebióticos, como

“Patente Verde”, que atesta seu processo sustentável desde a

FOS (fructooligossacarideos),

origem de suas matérias prias até o produto final. Outra certificação de sustentabilidade obtido pela YES

GOS (galactooligossacarideos) e o MOS (mananooligossacarideo).

é o selo da “ECO Vadis Prata”, que comprova a sustentabilidade na produção dos seus produtos.

Estes prebióticos estimulam o crescimento das bactérias positivas (bifidobactérias), inibindo o crescimento das bactérias patogênicas no intestino. Com isso, há melhor saúde intestinal e eficiência

Finalmente, por melhorar o ganho de peso

na conversão da ração em carne.

entrevista

e a conversão alimentar, os produtos da YES contribuem para a melhora do meio ambiente, por abreviar o tempo de abate, diminuir a excreção de dejetos e a produção de gases nocivos.

Recentemente, a imunomodulação tem assumido um papel cada vez mais importante, tanto em medicina humana, quanto no animal. Hoje sabemos que

Quais as expectativas da YES para o setor de nutrição nos próximos anos e como avalia o posicionamento da empresa nesse contexto? A YES vê o mercado de forma muito positiva,

os desafios sanitários são crescentes e cada vez mais intensos. Por este motivo, tanto o homem, como os animais, precisam estar com suas defesas imunitárias mais preparadas para enfrentes os novos vírus e bactérias.

pois toda sua linha de produtos está em linha com as megatendências da nutrição animal.

Para isso existem as Vacinas, a prevenção através da Higiene, e mais recentemente as substâncias imunomoduladoras. Estas

Os grandes pontos de

últimas, como por exemplo os Betaglucanos

destaque da nutrição no

purificados de alta concentração, estimulam

momento e, para o futuro, são

as defesas do próprio organismo,

o “aumento da Imunidade” dos

estabelecendo uma primeira linha de defesa

animais, a “saúde Intestinal” e a

eficiente contra o agressor.

preservação do “Meio Ambiente”.

54 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Entrevista com: Luciano Roppa - CEO e Presidente do Conselho da YES SINERGY


Para o aumento da Imunidade, a YES é uma das poucas empresas no mundo que produz os Beta-glucanos purificados, com mais de 70% de pureza. Esse produto diminui o uso de antibióticos e fortalece o animal para enfrentar os desafios sanitários.

Para a preservação do Meio ambiente, a YES dispõe da sua linha de minerais Quelatados, que contribui para a diminuição da contaminação ambiental,

entrevista

principalmente do solo. Isso porque, os minerais inorgânicos têm em sua composição metais pesados, que contaminam o solo quando são utilizados.

Hoje, a maior parte dos nutricionistas está migrando dos minerais i Inorgânicos para os minerais orgânicos (ou quelatados). A YES é a única empresa do mercado com 9 minerais, e uma excelente parceira dos nutricionistas na luta pela preservação do meio ambiente. CEO e Presidente do Conselho da YES SINERGY

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55 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Entrevista com: Luciano Roppa - CEO e Presidente do Conselho da YES SINERGY


RUMINANTES, METANO E O AQUECIMENTO GLOBAL Sergio Raposo de Medeiros Pesquisador Embrapa Pecuária Sudeste

O

s ruminantes, ao longo de milhões de anos de evolução, desenvolveram um dos melhores

metano

exemplos de simbiose da natureza:

Eles proveem abrigo, Ambiente controlado e que, em troca, digerem compostos para os quais os mamíferos não são equipados.

Substrato para uma imensa gama de microrganismos ruminais

Essa parceria permite ao ruminante acesso ao material mais abundante na natureza: a celulose.

56 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Ruminantes, metano e o aquecimento global


Mas, os benefícios dessa parceria vão além:

A biodiversidade é gigantesca e as quase

ela permite que várias formas de nitrogênio

infinitas interações entre eles estão longe

não proteico que entram no rúmen possam

de ser totalmente compreendidas, ainda

ser incorporadas na massa microbiana que,

que técnicas atuais de biologia molecular

ao passar para o trato digestivo posterior,

tenham permitido grandes avanços.

frequentemente, é uma fonte de proteína mais relevante para o animal.

O termo ecossistema ruminal, portanto, expressa bem do que

É por esse motivo que podemos fornecer aos

estamos tratando.

ruminantes a ureia como fonte de proteína.

No processo de fermentação no

O rúmen é um local de baixa

ecossistema ruminal, enzimas dos

concentração de oxigênio, com

microrganismos ruminais permitem o

temperatura próxima aos 38oC e pH

desdobramento de carboidratos estruturais,

ligeiramente ácido. O conteúdo ruminal é

como a celulose e a hemicelulose, em

constantemente renovado pela ingestão de

carboidratos simples, como a glicose. É essa

alimentos, recebendo, continuamente, uma

A saliva é rica em tamponantes, que

metano

habilidade que nós, mamíferos, não temos.

copiosa quantidade de saliva.

Os carboidratos simples são,

ajudam a manter a estabilidade do pH ruminal. Esse conjunto de características o torna uma verdadeira dorna de

então, fermentados para gerarem a energia necessária para os microrganismos.

fermentação, que é a forma como os microrganismos retiram energia do

Felizmente, a fermentação não é uma

substrato que colonizam.

forma muito eficiente de extrair energia A população microbiana é composta por fungos,

e seus produtos finais, portanto, ainda

protozoários e bactérias, com destaque para

são ricas fontes de energia. Abaixo,

esse último grupo em termos de quantidade e

uma simplificação do que ocorre na

atividade.

fermentação ruminal:

Glicose Ácidos Graxos de Cadeia Curta (AGCC) + Metano (CH4)

57 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Ruminantes, metano e o aquecimento global


Os ácidos graxos de cadeia curta de

Apesar de ser uma perda energética,

relevância como fonte de energia são

ele é parte fundamental do processo

três:

fermentativo ao ser o aceptor final na cadeia de elétrons.

C2

o acético (C2),

C3

o propiônico (C3) e

Mal ilustrando, seria como se ele fosse o último degrau da série de reações e, do mesmo jeito que a gravidade “puxa” o que estiver na parte de cima de uma escada para o

C4

último degrau, o metano se presta a

o butírico (C4),

esse papel de “puxador” da cadeia de elétrons.

Com 2, 3 e 4 carbonos, respectivamente. Eles são absorvidos pelas paredes

Assim, apesar dele ser um resíduo, tem

ruminais, entram na circulação e podem

papel fundamental para manter o processo

ser usados diretamente como fonte

fermentativo ruminal funcional.

de energia pelos tecidos do animal ou

metano

serem aproveitados como matéria prima para produção de gordura ou glicose (neoglucogênese).

O produto final da fermentação é o metano que, em forma de gás, deixa o rúmen ao ser eructado pelo animal.

O metano é, também, um potente gás de efeito estufa (GEE) e, em que pese a contribuição dos ruminantes seja menor do que frequentemente se atribui, o fato trata-se do setor que mais rapidamente pode alterar sua trajetória e contribuir para a redução das concentrações de GEE, desde que métricas corretas sejam usadas

(Costa Jr. et al., 2021).

58 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Ruminantes, metano e o aquecimento globalA


Uma das vantagens que o

A redução das perdas de metano

setor de ruminantes tem

entérico significa maior eficiência

é que, ao contrário das

energética de produção. O aumento de

atividades dependentes

C no solo, solos mais produtivos.

de C fóssil,

Outra vantagem: algumas

que precisam ser

estratégias que reduzem as

descarbonizadas, o que

emissões têm custo marginal

depende de mudanças

negativo, ou seja, ao se

custosas,

investir para reduzir o metano, ao mesmo tempo, ganha-se mais dinheiro (De Oliveira et al.,

no caso da pecuária boa

2015).

parte da solução está

A manipulação do ambiente ruminal é

em se colocar o C no

uma das alternativas para a redução da reduzir as perdas de

emissão do metano entérico.

metano e aumentar o sequestro de C no

Na Tabela 1, são mostradas as cinco rotas

solo, por exemplo.

dominantes da fermentação ruminal.

metano

lugar certo, ou seja,

Tabela 1: As cinco rotas dominantes da fermentação ruminal

Equação Produtos da Fermentação

Moles de Metano por Mol de Glucose

1

Acetato + Propionato

Zero

2

Acetato + Propionato +H2

0,25

3

Butirato + H2

0,5

4

Acetato + Butirato + H2

0,66

5

Acetato + H2

1,0

Fonte: Capper (2021) baseado em dados de Johnson, 2010

59 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Ruminantes, metano e o aquecimento global


A proporção em que cada uma contribui para a produção de energia depende do pH ruminal: quanto mais o pH fica

Vale ressaltar que não se trata

próximo da neutralidade, mais o

de escolher entre uma opção ou

balanço pende para as equações que

outra, mesmo porque a inclusão do

produzem mais acetato e metano (4 e

confinamento para terminação dos

5) e, do contrário, as rotas 1 e 2 tornam-

animais provenientes da pastagem é um

se preferenciais, resultando em mais

sistema de produção interessante, entre

propionato e menos metano.

outras tantas opções que caracterizam nossa variada pecuária.

Em dietas ricas em volumosos, a concentração de hidrogênio no rúmen pode ser tão baixa quanto 0,001 μM, ou seja observa-se o pH mais próximo da neutralidade (pouco ácido), favorecendo o metabolismo pelas vias 4 e 5, ou seja, a mais metano por quilograma de

metano

matéria orgânica fermentada.

Explica, também, a menor produção de metano quando os bovinos são alimentados com dietas ricas em concentrado, pois o pH ruminal nessa situação é mais baixo, devido à produção mais intensa de AGCC.

Nesse ponto, parece que a solução seria substituir nossa produção baseada em fibras por animais recebendo dietas de alto concentrado, o que tem sido a tendência nos confinamentos brasileiros.

Nada mais longe da verdade, pois estaríamos abrindo mão dos nossos

Entender melhor a fermentação ruminal, de

sistemas de produção baseados em

maneira a poder manipulá-la para rotas que sejam

pastagem que, na verdade, são a razão

menos metanogênicas, reduzindo a produção

de termos nos tornados um dos maiores

de CH4 e, ao mesmo tempo, gerando mais

produtores e o maior exportador de

eficientemente energia gerada no rúmen tem

carne do mundo.

grande potencial.

60 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Ruminantes, metano e o aquecimento global


Um trabalho da Embrapa Pecuária Sudeste (Andrade et al, 2022) conseguiu interessantes relações entre a composição da dieta e o microbioma ruminal. Nele, as populações de microbioma foram identificadas em sua diversidade e abundância por técnicas de biologia molecular em duas dietas: uma com ingredientes convencionais e, outra, predominantemente de subprodutos.

Foram identificadas diferenças significativas entre os microbiomas das dietas. Os resultados revelaram grupos de microrganismos que podem ser indicadores de emissão de CH4 e eficiência nutricional. Maiores esforços nessa linha continuam sendo feitos por esse grupo de pesquisa que podem ajudar muito na luta para reduzir as emissões de metano entérico, ao desvendar a complexidade do ecossistema ruminal.

Com reduções na emissão entérica

metano

teremos animais individualmente menos poluentes. Eles precisam ser criados em sistemas de produção que, também, ajudem na redução de metano, especialmente usando a métrica de quilogramas de CH4 por quilograma de carne produzida. Esses sistemas podem, ainda, sequestrar carbono, seja nos solos sobre as pastagens, seja nos troncos das árvores dos sistemas integrados. Dessa forma o Brasil tem a chance de continuar produzindo proteína animal de alta qualidade de maneira sustentável. Ruminantes, metano e o aquecimento global

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61 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Ruminantes, metano e o aquecimento global


IMPACTO AMBIENTAL DO NITROGÊNIO NA PRODUÇÃO DE RUMINANTES

nitrogênio

Abmael Cardoso Engenheiro Agrônomo e Doutor em Zootecnia University of Florida

M

uito se fala do metano

O nitrogênio é o nutriente mais

produzido durante a

importante para a produção de

fermentação da fibra pelos

forragem, alimento base para a

ruminantes e seus impactos ambientais.

produção de ruminantes no Brasil, e

No entanto, pouco se fala do impacto

o mais estudado elemento na nutrição

ambiental do nitrogênio na produção de

animal. Quando falamos de nitrogênio

ruminantes.

estamos nos referindo à proteína.

62 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental do nitrogênio na produção de ruminantes


O nitrogênio desempenha papel fundamental nas plantas forrageiras, e está diretamente ligado a composição de: Aminoácidos e proteínas,

Nos ruminantes, resumidamente as proteínas ingeridas pelos

Constituinte de macromoléculas e

animais são degradadas pelos microorganismos do rúmen até aminoácidos, que posteriormente,

Enzimas.

serão reutilizados pelas bactérias para sintetizar suas próprias proteínas, denominada proteína microbiana.

Parte da proteína que escapa da degradação ruminal (proteína by-pass)

nitrogênio

e parte do N amoniacal do rumen não é utilizado pelos microorganismos sendo transformado em ureia no fígado, podendo ser excretada via urina

(McDonald, 1995).

Uréia

Alimento

Urina NH3 Este nutriente é um dos elementos exigidos em maior quantidade pelas forrageiras, constituindo de 1 a 5% da matéria seca da planta (Reis et al.,

2013). A concentração de N é menor nas gramíneas (ex. capim-marandu) e maior nas leguminosas (ex. alfafa). As forrageiras leguminosas se beneficiam

Figado

Tecidos

Rúmen Aminoácidos

PNDR Proteina microbiana

TGI

Fezes

Imagem adaptada de Van Soest, 1994

da fixação biológica de nitrogênio que é considerado um importante serviço ecossistêmico.

63 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental do nitrogênio na produção de ruminantes


Como veremos posteriormente neste artigo, a quantidade total de N excretado via urina ou fezes e a

Na excreta, a ureia é hidrolisada a amônio e

concentração de ureia na urina são

contribui para a volatilização de NH3. O total

fatores importantes a serem considerados

de N volatilizado varia de 1 a 40% do N da

para a redução dos impactos ambientais

excreta e é dependente do tipo de excreta,

do nitrogênio na produção de

compostos nitrogenados, solo e padrão de

ruminantes.

chuvas da região (Longhini et al., 2020). Diversos estudos em ambiente

A pecuária é reconhecida como uma das maiores fontes da emissão de amônia (NH3) para a atmosfera. A deposição de NH3 é um dos principais impactos ambientais da utilização de nitrogênio. A NH3 também é uma fonte indireta de

nitrogênio

emissão de óxido nitroso (N2O).

temperado ou tropical observaram que as perdas de N na forma de ureia são maiores em urina comparada com fezes (Cardoso et al., 2019a). Isso se deve a diferenças na composição do N total dessas excretas. Enquanto na urina predomina o N na forma de ureia, nas fezes o N está principalmente na forma orgânica. A degradação do N orgânico

A produção de ruminantes

no solo é mais lenta e, portanto, o que

contribui para emissão de NH3

reduz a volatilização de N das fezes.

através da deposição de fezes e urina, manejo de dejetos dos animais confinados e aplicação desses dejetos em pastagens e também quando adubamos as pastagens com fontes de nitrogênio (Cardoso et al., 2020).

Na produção de ruminantes além do tipo de excreta afetar a emissão de NH3, a concentração de ureia na urina e o pH são importantes variáveis que controlam a produção de NH3 (Yalmuki et al., 1998).

64 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental do nitrogênio na produção de ruminantes


Há uma considerável oportunidade Smits et al. (1995) demonstrou que alteando o balanço de proteína degradável no rúmen pode reduzir

para redução do impacto causado pela emissão de NH3 através do aumento da eficiência de uso de N.

a volatilização de NH3 em até 40%, porque reduz a concentração de ureia na urina. Mais informações de como a excreta ou dejetos de ruminantes têm o pH alterado através Ademais, a formulação da dieta pode afetar o pH da excreta de bovinos em até uma unidade, de 6,8 para 7,7, através

da dieta, afetando assim a volatilização de NH3, podem levar a excelentes opções para mitigação do impacto da utilização de N.

da alteração da composição da dieta de 75% de sorgo para 75% de

Em pastagens, durante a micção grande

cevada (Kellems et al., 1979).

quantidade de ureia é excretada em

nitrogênio

uma pequena área. O pH do solo, a velocidade que a urina infiltra no solo, Também foi observado um efeito diluitório da ureia na urina quando aumentou o consumo de cloreto de sódio (sal comum) pelos bovinos. A concentração de ureia na urina reduziu mais de 40% entre animais que não consumiram sal e os que consumiram a quantidade recomendada

(Cardoso et al., 2019b).

a umidade do solo e a quantidade de N absorvido pelas plantas determinam a quantidade de N que será volatilizado

(Sommer and Hutchings, 1997). O manejo de pastagens objetivando evitar a formação de áreas de compactação e com alta deposição de N resultam em menor emissão de NH3.

65 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental do nitrogênio na produção de ruminantes


No que se refere à emissão de gases de

O aumento da quantidade de proteína

efeito estufa, o N2O é o principal gás

by-pass pode levar a uma redução

nitrogenado. A concentração atmosférica

na emissão de N2O, já que a urina é a

de N2O aumentou aproximadamente 150%

principal via de produção deste gás.

desde a revolução industrial, sendo que este

Existem diversas opções para aumentar

gás é aproximadamente 298 vezes mais

a proteína by-pass. Entre elas está a

potente que o dióxido de carbono em

utilização de compostos de plantas

reter a radiação solar. Ou seja, em aquecer a

como o tanino.

atmosfera (IPCC, 2022).

OH OH

Do N depositado via excretas em pastagens entre 0.1 e 7% pode ser perdido na forma de N2O (Cardoso et al.,

HO

O

2020). Assim como para emissão de NH3 a principal fonte de N2O é a urina

(Cardoso et al., 2019a). A produção de N2O é nitrogênio

diretamente relacionada com o N total

OH OH

OH OH

das excretas. Isso significa que as estratégias nutricionais

HO

O

que visam aumentar a eficiência de N pelos animais como a nutrição proteica de precisão

OH

estão entre as que devem ser priorizadas

OH

para redução deste gás.

OH

n OH

HO

O OH

OH Oligomeric procyanidins: n=0-5 Polimeric procyanidins: n>5 Figura 1. Tanino condensado

O tanino pode se ligar a proteína, protegendo-a da degradação ruminal, o que confere ao tanino a característica de by-pass, ou seja, pode levar ao aumento da proteína não degradada no rúmen

(Hristov et al., 2013).

66 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental do nitrogênio na produção de ruminantes


CONSIDERAÇÕES FINAIS No entanto, alguns estudos não têm confirmado esse possível efeito mitigador da emissão de N2O em função do aumento do aporte de proteína não degradada no rúmen para ruminantes ou uso de taninos (Carvalho et al., 2022).

Recentemente o custo do adubo nitrogenado aumentou exponencialmente o que também reflete no preço das rações para os animais. O uso preciso de N na nutrição animal e adubação de

nitrogênio

plantas forrageiras é essencial para redução de custos e aumento da sustentabilidade dos sistemas de produção.

O uso de leguminosas é uma alternativa promissora para reduzir o impacto do uso de nitrogênio. A fixação biológica de nitrogênio não é considerada uma fonte direta de NH3. As leguminosas contribuem com aporte de N no sistema, o que reduz a dependência externa deste nutriente, além de serem excelentes fontes de proteína para os ruminantes.

Impacto ambiental do nitrogênio na produção de ruminantes

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67 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Impacto ambiental do nitrogênio na produção de ruminantes


PEIXES DE ÁGUA DOCE PODEM SER FONTE DE ÔMEGA 3? OS

ácidos graxos

Diana Carla Fernandes Oliveira1, Rilke Tadeu Fonseca de Freitas2 e Renan Rosa Paulino3 1 Pós Doutoranda, Universidade Federal de Lavras (UFLA) 2 Professor do Departamento de Zootecnia (UFLA) 3 Técnico do Setor de Piscicultura da Universidade Federal de Lavras

Introdução Os ácidos graxos poli-insaturados (PUFA – polyunsaturated fatty acids), linoleico (18:2n6 – LA) e linolênico (18:3n3 – ALA) não podem ser sintetizados pelos humanos sendo então considerados nutricionalmente essenciais, e precisam ser obtidos via alimentação.

68 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os peixes de água doce podem ser fonte de ômega 3?


Os peixes são a principal fonte alimentar de n-3 LC-PUFA para os seres humanos, sendo uma excelente fonte de proteína, vitaminas e minerais. Recomendações para os níveis de ingestão diária recomendada de EPA e DHA variam enormemente, dependendo da organização científica. No entanto, a maioria dessas organizações recomendam o consumo de pelo

Os ácidos graxos da série ômega 3 (n3) são amplamente reconhecidos como sendo um nutriente essencial para a saúde e bemestar de seres humanos, particularmente

menos duas porções de peixe por semana, uma das quais deve ser de peixe gordo, com elevada concentração de n-3 LC-PUFA (Aha, 2015).

no que diz respeito aos ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa (n-3 LC-PUFA – long chain polyunsaturated fatty

ácidos graxos

acids), eicosapentaenóico (EPA; 20: 5n-3) e docosahexaenóico (DHA, 22: 6n-3), que exercem uma variedade de benefícios para a saúde através da sua ação molecular,

A biossíntese de EPA, DHA e ARA endógena é possível para a maioria

celular e fisiológica.

dos organismos superiores a partir dos compostos da série n3 e n6 de 18 carbonos.

A deficiência de desses ácidos graxos da série n3 estão associados a dermatite escamosa, alopecia, trombocitopenia e, em crianças, deficiência intelectual. Assim, são especialmente importantes entre os alimentos funcionais; prova disto, é a recomendação de organizações profissionais para um consumo individual diário de 500mg desses ácidos graxos, que proporcionaria benefícios à saúde.

Nesse processo de biossíntese dos LC-PUFA da série n-3 e n6 (Figura 1), é necessário a introdução de carbonos e duplas ligações catalisadas por enzimas específicas: As elongases e Dessaturases.

69 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os peixes de água doce podem ser fonte de ômega 3?


Esse complexo enzimático converte o 18:2n-6 em 20:4n-6 (ARA), e 18:3n-3 em

18:0

20:5n-3 (EPA) e 22:6n-3 DHA (Li et al., 2010).

Δ9 Δ6 18:1n-9

Elov15 18:2n-9

Δ5 20:2n-9

20:3n-9

22:5n-6

Δ12

short Δ6

Elov15 18:3n-6

18:2n-6

Elov15/2

Δ5 20:3n-6

20:4n-6

Δ6

Elov12 22:4n-6

24:4n-6

24:5n-6

Δ15 Δ6 18:3n-3

Elov15 18:4n-3

Elov15/2

Δ5 20:4n-3

20:5n-3

Δ6

Elov12 22:5n-3

24:5n-3

24:6n-3

ácidos graxos

short

Figura 1. Processo biosintético dos n-3/6 LC-PUFA (ARA, EPA e DHA) Fonte: Tocher et al. (2010)

70 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os peixes de água doce podem ser fonte de ômega 3?

22:60-3


Apesar dos benefícios do óleo de peixe, o preço elevado do produto tem se tornado

Dentre os peixes marinhos, o salmão

um fator limitante para o desenvolvimento

do Atlântico (Salmo salar L.) é o

sustentável da indústria da aquicultura.

principal representante dos peixes gordos com alta concentração de n-3 LC-PUFA. A cadeia alimentar marinha desses peixes é formada por seres ricos em n3, como o EPA e o DHA e por

Atualmente, os óleos vegetais são considerados uma alternativa sustentável para substituição de óleo de peixe em

essa razão, grande parte dos peixes

rações para a aquicultura devido ao

marinhos perderam a capacidade de elongamento e dessaturação de ácidos

Aumento constante da produção,

graxos.

Alta disponibilidade e

Esses peixes quando cultivados em viveiros, são tradicionalmente alimentados com uma dieta com óleo de peixe, derivados de espécies pelágicas.

ácidos graxos

Preços mais estáveis.

Entretanto, os peixes de água doce, de uma forma geral, possuem uma série de enzimas com a capacidade de

Com o aumento da

promover o alongamento e seguindo

população mundial ocorreu concomitantemente um aumento de demanda por pescado. Como a pesca por captura encontra-se estagnada e com tendência a diminuir, cada vez mais

uma dessaturação dos ácidos graxos das séries n3 e n6 consumidos levam a produção de ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (Zheng et al.,

2004).

a aquiculturauma maior proporção de peixes destinados ao mercado deve vir por peixes cultivados (Jackson e

Shepherd, 2012; OECD-FAO, 2013).

Sendo assim, com a expansão da piscicultura e do consumo de peixe, ocorre um aumento na demanda por insumos destinados à alimentação de organismos aquáticos.

71 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os peixes de água doce podem ser fonte de ômega 3?


A partir do ácido linoleico (Al, 18:2n-6)

Dentre as espécies que possui essa capacidade

convertem em araquidônico (20:4n−6, ARA)

biossintética, podemos destacar:

e o ácido linolênico (18:3n-3, ALN) em ácido eicosapentaenoico (20:5n-3, EPA), e

A tilápia do Nilo (Tocher et al., 2001) e

finalmente para ácido docosahexaenóico (22:6n−3, DHA) (Sargent et al., 2002) (Figura 2).

O tambaqui, espécies mais produzidas em nosso país.

ALN (18:3 n-3)

DIETA

AL (18:2 n-6)

ácidos graxos

Δ6 dessaturação 18:4 n-3

18:3 n-6

peixe como fonte lipídica em dieta por alguns recursos alternativos são interessantes para o

Elongação (+2 C) 20:4 n-3

Estudos sobre a substituição do óleo de

desenvolvimento sustentável para a nutrição

20:3 n-6 (AA)

aquícola (Rombenso et al., 2016), sem influenciar o desempenho dos animais e a qualidade da carne.

Δ5 dessaturacão 20:5n-3 (EPA)

22:6 n-3 (DHA)

Elongação +Δ6 dessaturacão

20:4 n-6

A utilização de óleos vegetais tem sido uma boa alternativa, como: Óleo de girassol,

22:5 n-6 Óleo de linhaça,

EPA DHA AA Figura 2. Bioconversão de ALN e AL, em EPA, DHA e AA pelas enzimas elongases e dessaturases. Fonte: Adaptado de Souza et al. (2007)

Óleo de soja, Óleo de canola e Óleo de milho, Podendo ser utilizados para substituir o óleo de peixe (YUE e SHEN, 2021).

72 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os peixes de água doce podem ser fonte de ômega 3?


A ração dos peixes de cativeiro exerce

Segundo Souza et al. (2007), mais

função determinante em sua

estudos sobre a alimentação dos

composição lipídica, uma vez

peixes bem como a capacidade que

que, caso seja rica em PUFA n-3,

cada espécie possui em bioconverter

favorece a síntese de EPA e

PUFA em ácidos graxos altamente

DHA do peixe, melhorando a

insaturados deveriam ser realizados.

qualidade de carne.

Assim, poderia ser

realizados com o objetivo de aumentar os níveis de ácidos graxos de cadeia longa poliinsaturados com a manipulação de dietas contendo diferentes tipos de óleo ou usando dietas com altos níveis de ácido linoleico entre

viabilizado o aumento na quantidade de EPA e DHA nos peixes de cativeiro, garantindo maiores benefícios à saúde

ácidos graxos

Muitos estudos nutricionais vêm sendo

dos consumidores.

outros (Hsiehet al., 2007).

Considerações finais Através da manipulação da dieta das espécies criadas em cativeiro, os peixes de água doce se tornam uma opção para a saúde humana, uma vez que podemos melhorar a qualidade da carne, utilizando uma dieta com fontes de óleo vegetal, enriquecendo-a com EPA e DHA.

Os peixes de água doce podem ser fonte de ômega 3?

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73 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Os peixes de água doce podem ser fonte de ômega 3?


PROBIÓTICOS NA

NUTRIÇÃO DE

CÃES

probióticos

Taís Silvino Bastos1, Ananda Portella Félix2 1 Doutoranda em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) 2 Professora do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

74 nutriNews Brasil 20 Trimestre 2022 | Probióticos na nutrição de cães


A saúde e o bem-estar dos animais de companhia dependem, além de diversos fatores, do equilíbrio (eubiose) da microbiota do trato gastrointestinal (TGI).

Desse modo, os probióticos podem auxiliar na manutenção da eubiose e da saúde intestinal em situações adversas ao organismo que afetam o TGI, como estresse, troca abrupta de dieta, uso de antibióticos de amplo espectro, entre outros.

probióticos

Alterações nesse equilíbrio podem levar ao desenvolvimento de: Doenças Distúrbios gastrointestinais Alergias e Estresse

Desse modo, estratégias que auxiliam na melhoria da funcionalidade intestinal dos animais de companhia, como o uso de probióticos, tornaram-se abordagens de rotina nas pesquisas relacionadas à nutrição canina.

Os probióticos são definidos como microrganismos vivos que, quando consumidos em quantidades adequadas, atuam como auxiliares no equilíbrio da microbiota do TGI do hospedeiro, controlando o desenvolvimento de microrganismos oportunistas com potencial patogênico

Além disso, a microbiota intestinal fermenta compostos indigestíveis que chegam ao cólon, gerando metabólitos importantes para a função intestinal e saúde do hospedeiro. Dentre esses metabólitos, os oriundos principalmente da fermentação de carboidratos, como os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), apresentam importância na absorção de água e eletrólitos, peristaltismo e controle da inflamação intestinal. Já, alguns metabólitos provenientes da fermentação de compostos nitrogenados, como a amônia, aminas biogênicas e fenóis, podem contribuir para processos inflamatórios, como a colite e a carcinogênese do cólon, bem como aumentar o odor fecal.

75 nutriNews Brasil 20 Trimestre 2022 | Probióticos na nutrição de cães nutriNews Brasil 20 Trimestre 2022 | Probióticos na nutrição de cães


Vale ressaltar que cada animal tem um perfil microbiano único, dependente da idade, dieta, fatores ambientais, fisiológicos e individuais.

Como alguns grupos de microrganismos do TGI apresentam predileção por produzir metabólitos da fermentação de carboidratos ou proteínas, a modulação da microbiota a favor da eubiose, pode favorecer a produção de AGCC e controlar a produção de compostos putrefativos.

probióticos

Os filos bacterianos predominantes identificados no microbioma intestinal de cães saudáveis são:

Benefícios e possíveis mecanismos de ação dos probióticos

Firmicutes Bacteroidetes

Os benefícios do uso dos probióticos na nutrição canina têm sido divulgados na literatura científica (Tabela 1), principalmente nas últimas duas décadas (com o avanço das técnicas moleculares), sendo os mais comuns:

Proteobacteria Fusobacteria e Actinobactéria (Figura 1)

Duodeno Firmicutes Lactobacillus

Estômago Firmicutes Proteobactéria Lactobacillus Helicobacter

Por outro lado, as características comuns observadas na microbiota de animais com algum distúrbio intestinal ou quadros de disbiose são: redução da diversidade de microrganismos, aumento de bactérias como E. coli, Streptococcus e Clostridium perfringens e redução de Faecalibacterium, Blautia, Fusobacterium, Turicibacter e Clostridium hiranonis.

Jejuno e Íleo Firmicutes Staphylococcus

Cólon Firmicutes Proteobactéria Bacteroidetes Actinobactéria Lactobacillus Enterecoccus Streptococcus Staphylococcus Bifidobactéria Weissella

Figura 1. Filos e gêneros bacterianos predominantes nos segmentos do TGI de cães saudáveis. Adaptado de Grzeskowiak et al. (2015) e Lee et al. (2022)

76 nutriNews Brasil 20 Trimestre 2022 | Probióticos na nutrição de cães


D.R.C = Doença renal crônica D.A = dermatite Atópica E.C = Enteropatias crônicas D.I.I = Doença inflamatória intestinal Di.A = Diarreia aguda C.S = Cães saudáveis

↑ = aumentou; ↓ = reduziu ¹L. casei, L. plantarum, L. acidophilus, B. breve, B. infantis e S. salivarius ²L. casei, L. plantarum, L. acidophilus, L. delbrueckii bulgaricus, B. longum, B. breve, B. infantis e S. salivarius thermophilus

Características dos probióticos

Exclusão competitiva por nutrientes e sítios de ligação na mucosa intestinal, reduzindo as bactérias potencialmente patogênicas Colonização e restabelecimento da microbiota normal por meio da sua modulação, melhorando assim, a disponibilidade de metabólitos microbianos considerados benéficos

Como forma de garantir que os probióticos cheguem viáveis ao intestino grosso é necessário que o agente não seja patogênico ou tóxico, resista as variações do pH, enzimas e sais biliares do trato intestinal anterior, seja capaz de metabolizar compostos no ambiente intestinal. Ainda, o microrganismo deve resistir as condições de processamento e armazenamento atéo momento do fornecimento ao animal.

probióticos

Os principais mecanismos de ação dos probióticos incluem:

Estímulo do sistema imune, por meio de interações com o epitélio do hospedeiro e o sistema imune associado ao intestino Produção de metabólitos e peptídeos antibacterianos

77 nutriNews Brasil 20 Trimestre 2022 | Probióticos na nutrição de cães nutriNews Brasil 20 Trimestre 2022 | Probióticos na nutrição de cães


Assim, os probióticos frequentemente utilizados na nutrição canina que atendem à essas características são as bactérias pertencentes aos gêneros:

CONSIDERAÇÕES FINAIS As evidências científicas sugerem que os probióticos têm potencial de promover a saúde e o bem-estar de cães saudáveis ou podem ser utilizados com um agente coadjuvante no manejo de distúrbios gastrointestinais, como casos de diarreia aguda e/ou crônica e doença inflamatória intestinal.

probióticos

Ademais, o uso desse aditivo pode contribuir com a redução da produção de compostos putrefativos, que são tóxicos em altas concentrações e responsáveis pelo aumento da produção de gases, odor fecal e doenças inflamatórias, como a colite.

Probióticos na nutrição de cães

BAIXAR EM PDF A bibliografia estará disponível mediante solicitação

78 nutriNews Brasil 20 Trimestre 2022 | Probióticos na nutrição de cães

No entanto, como o ambiente intestinal é extremamente complexo e afetado por múltiplos fatores e suas interações, ainda há necessidade de maiores estudos para melhor compreensão da efetividade de diferentes cepas de probióticos em cães com diferentes condições clínicas.


TABELA

PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS 2022 EDIÇÃO BRASIL


80

nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Tabelas de prebióticos, probióticos e simbióticos 2022

Distribuído por:

Produzido por:

EMPRESA

Bacillus subtilis 29784

ALTERION NE 50

GVF-BAC RP

GVF-PELLETS

2 cepas de Bacillus subtilis, 1 cepa de Bacillus licheniformis.

Lactobacillus reuteri, Lactobacillus salivarius, Lactobacillus acidophillus, Lactobacillus delbrueckii, Lactobacillus plantarum, Lactobacillus rhamnosus, Bacillus subtilis, Bacillus licheniformis, Pediococcus acidilactici, Enterococcus faecium.

Bacillus subtilis 29784

ALTERION NE

GVF-MIX RF

INGREDIENTES ATIVOS

NOME DO PRODUTO

10 g/ton de ração preparada.

500 g/ton de ração preparada.

Misturar de 100 a 150 g/ton de ração, de acordo com a fase de criação e/ou idade das aves.

2 gramas para cada pintainho em sua primeira alimentação

100 a 150 g/ton de ração, de acordo com a fase de criação e/ou idade das aves.

Produto para incorporação direta em rações de frangos de corte, perus, matrizes e aves de postura comercial.

Indicado para uso na ração de frangos de corte, poedeiras e aves reprodutoras em todas as fases. Indicado para pintos de frangos de corte, poedeiras e aves reprodutoras na sua primeira alimentação. Indicado para uso na ração de frangos de corte, poedeiras e aves reprodutoras em todas as fases.

1x10 UFC/g prod

≥ 109 UFC/grama

≥ 108 UFC/grama

≥ 1010 UFC/grama

2x108 UFC/g prod

10

Produto para incorporação em premixes que serão utilizados para produção de rações para frangos de corte, perus, matrizes e aves de postura comercial.

DOSE

TIPO DE USO

CONCENTRAÇÃO (UFC/G PROD.)

PROBIÓTICOS INFORMAÇÃO ADICIONAL

Constituído por bacilos que contribuem para o desenvolvimento, auxiliando no controle de enterobactérias patogênicas, competindo por nutrientes no intestino, e melhoram a qualidade da cama.

Aditivo probiótico associado à ração extrusada (mini pellet), indicado como primeiro alimento em caixas de transporte de pintainhos ou como ração pré-inicial no aviário. Potencializa a colonização precoce e o desenvolvimento intestinal.

Indicado para colonização intestinal precoce, modulação da microbiota, auxiliando na redução da proliferação de enterobactérias patogênicas (foco em sanidade).

1 Primeiro probiótico do mercado com germinação intestinal comprovada in vivo. 2 Probiótico resistente à peletização e ao pH gástrico com germinação precisa no intestino das aves. 3 Ação na modulação da microbiota intestinal, inclusive favorecendo o controle de patógenos como E. coli, Clostridium perfringens e Salmonella spp.. 4 Favorece a integridade intestinal e possui ação anti-inflamatória promovendo um maior equilibrio da saúde intestinal, diminuindo disbiose e proporcionando aumento dos ganhos zootécnicos. 5 Produto com compatibilidade comprovada com os principais promotores e anticoccidianos do mercado.

PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS 2022

Tabela de produtos

2022


EMPRESA

2x10 UFC/g

1x1010 UFC/g

1x109 UFC/g

Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077

Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077

Saccharomyces cerevisiae CNCM I-1077

Levucell SC 20

Levucell SC10me Titan

Levucell Farm

10

20 bilhões UFC/ grama

CONCENTRAÇÃO (UFC/G PROD.)

Saccharomyces cerevisiae.

INGREDIENTES ATIVOS

Vistacell

NOME DO PRODUTO

Vacas leiteiras, Gado de corte, Pequenos ruminantes e Equinos.

Vacas leiteiras, Gado de corte, Novilhas, Cabras, Ovelhas, Cordeiros e Cavalos.

Aditivo alimentar para monogástricos e ruminantes com foco em saúde do trato gastro intestinal.

TIPO DE USO

DOSE

Vacas leiteiras 10 g/animal/dia; Gado de corte 8 g/animal/dia; Pequenos ruminantes 4 g/animal/dia; Equinos 3 kg/t de ração.

Vacas leiteiras 1,0 g/animal/dia; Gado de corte 0,8 g/animal/dia; Novilhas, Cabras e Ovelhas 0,4 g/animal/dia; Cordeiros 0,30 g/animal/dia; Cavalos 1,0 g/animal/dia.

Vacas leiteiras 0,5 g/animal/dia; Gado de corte 0,4 g/animal/dia; Novilhas, Cabras e Ovelhas 0,2 g/animal/dia; Cordeiros 0,15 g/animal/dia; Cavalos 0,5 g/animal/dia.

Depende da espécie, favor consultar o rótulo do produto.

PROBIÓTICOS INFORMAÇÃO ADICIONAL

Estabiliza o pH do rúmen, reduzindo os riscos de acidose e melhorando a digestibilidade da fibra. Aumenta a produção de leite em vacas, ovelhas e cabras e o ganho de peso em bovinos de corte. Além disso, aumenta a eficiência alimentar em todas as categorais de animais.

Modo de ação: MONOGÁSTRICOS - melhora e estabiliza a microflora intestinal de poedeiras e suínos, aumenta a presença de bactérias benéficas, melhora a composição de nutrientes do leite de matriz suína e beneficia o leitão lactente, através do aumento do seu peso e da redução da mortalidade antes do desmame. RUMINANTES - ajudar a aumentar o pH ruminal, reduzindo o número de microrganismos produtores de ácido lático, enquanto aumenta o número e a atividade dos microrganismos digestores de fibra. Incrementa a digestão de fibras e ingestão de matéria seca, o que resultam em maior produtividade.

PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS 2022

Tabela de produtos

2022

nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Tabelas de prebióticos, probióticos e simbióticos 2022

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EMPRESA

1x109 UFC/g

2x1010 UFC/g

1x1010 UFC/g

2x1010 UFC/g

1x1010 UFC/g

1x1010 UFC/g

Bacillus toyonensis BCT-7112

Saccharomyces cerevisiae boulardii CNCM I-1079

Saccharomyces cerevisiae boulardii CNCM I-1079

Saccharomyces cerevisiae boulardii CNCM I-1079

Saccharomyces cerevisiae boulardii CNCM I-1079

Pediococcus acidilactici CNCM MA18/5M

Micro-Cell Platinum

Proternative 20

Proternative 10 ME Titan

Levucell SB20

Levucell SB 10ME

Bactocell

CONCENTRAÇÃO (UFC/G PROD.)

INGREDIENTES ATIVOS

NOME DO PRODUTO

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nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Tabelas de prebióticos, probióticos e simbióticos 2022

Suínos e Galinhas poedeiras 100 g/t de ração; Salmonídeos 100 a 200 g/t de ração; Frangos, Camarões, Tilápias e outros peixes 100 a 1000 g/t de ração.

Porcas em gestação ou lactação 100 g/ t de ração; Leitões em amamentação e pós-desmame 200 g/ t de ração; Frangos de corte 200 g/ t de ração.

Porcas em gestação ou ctação, Leitões em amamentação e pós-desmame e Frangos de corte Suínos, Frangos, Galinhas poedeiras, Salmonídeos, Camarões, Tilápias e outros Peixes

Porcas em gestação ou lactação 50 g/ t de ração; Leitões em amamentação e pós-desmame 100 g/ t de ração; Frangos de corte 100 g/ t de ração.

Bezerros lactantes 0,4 g/animal/dia ou 400 g/t de ração até o desmame; Novilhos de engorda 1,0 g/animal/dia ou 200 g/t de ração durante 30 dias pós-desmama; Bovinos em confinamento 1,0 g/animal/ dia ou 200 g/t de ração durante os primeiros 45 dias de confinamento.

Bezerros lactantes 0,2 g/animal/dia ou 200 g/t de ração até o desmame; Novilhos de engorda 0,5 g/animal/ dia ou 100 g/t de ração durante 30 dias pós-desmama; Bovinos em confinamento 0,5 g/animal/ dia ou 100 g/t de ração durante os primeiros 45 dias de confinamento.

1 g/animal/dia ou 200 g/t de ração.

DOSE

Porcas em gestação ou lactação, Leitões em amamentação e pós-desmame e Frangos de corte

Bezerros lactantes, Novilhos de engorda e Bovinos em confinamento

Bovinos de corte

TIPO DE USO

PROBIÓTICOS INFORMAÇÃO ADICIONAL

Estimula o desenvolvimento da microbiota benéfica por meio da redução do pH intestinal, favorece a maturidade da parede do intestino e aumenta a eficiência digestiva. Em galinhas poedeiras, melhora os resultados de postura e a qualidade dos ovos.

Regula a microbiota intestinal e neutraliza toxinas de patógenos entéricos (C. dificille, E. coli). Melhora os rendimentos produtivos em todas as fases de crescimento, desde a etapa de gestação das matrizes até a entrada dos leitões na fase de engorda. Probiótico importante para ser incluído nos programas de redução de medicamentos em rações.

Favorece o equilíbrio da microbiota intestinal benéfica e modula o sistema imune, aumentando a resistência do animal aos fatores de estresse do ambiente. Melhora a ingestão de alimentos e aumenta o ganho médio de peso diário.

Atua na biorregulação da microbiota intestinal, reduzindo a população de bactérias patogênicas. Melhora o ganho de peso e a conversão alimentar em bovinos de corte.

PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS 2022

Tabela de produtos

2022


EMPRESA

Suplemento hidrossolúvel para Aves e Suínos

Indicado para Aves em todas as suas fases e ciclos de produção

Indicado para Aves em todas as suas fases e ciclos de produção

2,5x109 UFC/g

Lactobacillus bulgaricus (3 cepas) 1,4 x 107 Lactobacillus casei (2 cepas) 5,7 x 106 Lactobacillus cellobiosus (2 cepas) 7,1 x 106 Lactobacillus fermentum (3 cepas) 5,0 x107 Lactobacillus helveticus (1 cepa) 2,1 x107 Bacillus subtilis SL - 12 - 1 Concentração 5 x 10¹¹ UFC

Pediococcus acidilactici + Complexo vitamínico, aminoácidos e eletrólitos

Bactérias ácido lácticas

Bacillus subtilis

Pedioflora Vita

FloraMax-B11

Zymospore

Aves e Suínos

Suínos, Aves e Coelhos

2x1010 UFC/g

1x109 UFC/g

TIPO DE USO

Pediococcus acidilactici CNCM I- 4622

Bacillus toyonensis BCT-7112

Toyocerin

CONCENTRAÇÃO (UFC/G PROD.)

Pedioflora

INGREDIENTES ATIVOS

NOME DO PRODUTO DOSE

nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Tabelas de prebióticos, probióticos e simbióticos 2022

200 a 400 g / tonelada de ração

60g para 10.000 aves

200 gramas do produto em1.000 litros da água de bebida dos animais

Suínos (todas as fases) e Galinhas Poedeiras e Matrizes 50 g/t de ração ou 25 g/1000 litros de água de bebida dos animais; Frangos 50 a 500 g/t de ração ou 25 a 250 g/1000 litros de água de bebida dos animais;

SUÍNOS: Inicial (do desmame até 2 meses de idade) 500 a 1000 g/ t de ração; Crescimento (de 2 até 4 meses de idade) 500 a 1000 g/t de ração; Terminação (engorda até abate) 200 a 1000 g/t de ração; Reprodutoras (gestaçao e lactação) 500 a 2000 g/t de ração; AVES: 200 a 1000 g/t de ração; COELHOS: Engorda 100 a 5000 g/t de ração; Reprodutoras 200 a 1000 g/t de ração.

PROBIÓTICOS INFORMAÇÃO ADICIONAL

Produto desenvolvido pela BV Science

Produto desenvolvido pelo Center of Excellence for Poultry Science da Universidade de Arkansas

Contribui para o equilíbrio da microbiota intestinal e melhora de parâmetros de produtividade e desempenho. Além disso, repõe as deficiências de vitaminas, aminoácidos e eletrólitos.

Contribui para o equilíbrio da microbiota intestinal e melhora de parâmetros de produtividade e desempenho.

Promove maior estabilidade da microbiota intestinal do animal, melhorando o desempenho e o aproveitamento dos nutrientes fornecidos pela ração.

PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS 2022

Tabela de produtos

2022

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EMPRESA

Produto desenvolvido pela BV Science

Produto desenvolvido pela BV Science

1 kg / tonelada de ração

1,0 Kg / tonelada de ração Suínos: 2 doses de 2 ml por leitão, por via oral com intervalo de 14 dias. Frangos de corte, Recria de Poedeiras e Reprodutoras: Administrar 0,2 mL por ave dentro dos três primeiros dias de vida e repetir 14 dias após a primeira administração.

Todas as espécies

Indicado como aromatizante destinado aos fabricantes de produtos para alimentação de suínos Aditivo prebiótico destinado a fabricantes de produtos para alimentação de aves e suínos Aditivo prebiótico destinado a fabricantes de produtos para alimentação de aves e suínos Aditivo Aromatizante destinado aos fabricantes de produtos para alimentação animal de todas as espécies Aditivo prebiótico para uso oral em aves e suínos

Duas cepas de Saccharomyces cerevisiae e uma cepa de Cyberlidnera jadinii

Extrato de Tomilho e Farinha de Alfarroba Parede de Levedura (Mananoligossacarídeos e beta glucanos), Formiato de Amônio, Ácido Fórmico, Propionato de Amônio, Ácido Acético, Água,Carrier mineral Parede de Levedura (Mananoligossacarídeos e beta glucanos), Formiato de Amônio, Ácido Fórmico, Propionato de Amônio, Ácido Acético, Carrier mineral Lúpulo, Gérmen de Trigo

Produto de fermentação de Bacillus subtilis, e Parede de leveduras

Extratos Herbais

Blend de Ácidos Orgânicos mais Parede de Leveduras

Blend de Ácidos Orgânicos mais Parede de Leveduras

Extratos Herbais

Fermentado de Bacillus subtilis e Parede de Levedura

DYSANTIC

UNIWALL MOS 25

UNIWALL MOS 50

HERBANOPLEX

GAMAXINE

1 a 2 kg / tonelada de ração

1,0 - 2,0 Kg / tonelada de ração

De 400 a 800 g/t

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Produto desenvolvido pela BV Science

Produto desenvolvido pela BV Science

Produto desenvolvido pela BV Science

Produto recomendado para inclusão em todos os tipos de alimentos para animais, especialmente em idades mais jovens e fases de maior desafio. Ajuda a equilibrar a microbiota intestinal aderindo a microorganismos flagelados e estimula o sistema imunológico de maneira sinérgica. Solução natural para complementar os programas de redução de medicamentos em ração.

Aditivo natural exclusivo que age na modulação do sistema imune e equilíbrio da microbiota, proporcionando a melhora da saúde intestinal que reflete em ganhos em produtividade. Recomendado para dietas de todas as espécies animais, especialmente em fases de maior desafio.

Combinação sinérgica de frações de diferentes cepas de leveduras inativadas

Todas as espécies

De 250g à 2kg, conforme recomendação do responsável técnico

YANG

INFORMAÇÃO ADICIONAL

Pichia guilliermondii

DOSE

Cepa de levedura inativada

TIPO DE USO

CitriStim

COMPOSIÇÃO

TIPO DE INGREDIENTE/S

NOME DO PRODUTO

PREBIÓTICOS

PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS 2022

Tabela de produtos

2022


EMPRESA

YES - GOLF FUSION

NOME DO PRODUTO

Parede celular de levedura,extrato de levedura, galactoligossacarídeos, frutoligossacarídeos, levedura de cana de açúcar inativada e desidratada, cobre aminoácido quelato, ferro aminoácido quelato, magnésio aminoácido quelato, manganês aminoácido quelato e zinco aminoácido quelato

TIPO DE INGREDIENTE/S

Mananooligossacarídeos, 1,3 e 1,6-beta-glucanos, galactooligossacarídeos, frutooligossacarídeos, levedura e minerais orgânicos

COMPOSIÇÃO

Indicado para todas as espécies

TIPO DE USO

DOSE

Aves (frangos de corte pré-inicial e inicial) 1 ,0-2,0kg/ton Aves (frangos de crescimento e final) 0,5 -1,0,kg/ton Aves (poedeiras pré-inicial e inicial) 1,0-2,0kg/ton Aves (poedeiras demais fases) 0,5 -1, 0,kg/ton Suínos (pré-inicial, inicial, creche,gestação e lactação) 3,0 kg/ton Suínos (crescimento e terminação) 1,0-2,0kg/ton Bovinos 1,5-2,5kg/ton Ovinos e caprinos 1,5-2,5kg/ton Equinos 1,5-2,5kg/ton Peixes 1,0-3,0kg/ton Camarões 1,0-2,0kg/ton Cães e gatos (filhotes) 1,0-3,0kg/ton Cãese gatos (adultos) 1,0-2,0kg/ton

PREBIÓTICOS

PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS 2022

Tabela de produtos

O YES-GOLF é um blend de prebióticos naturais, de tecnologia exclusiva da Yes, especialmente desenvolvidos para aumentar dezenas de vezes as populações de bactérias benéficas (principalmente Lactobacillus e Bifidobacterias) e reduzir a população de microrganismos patogênicos, como Salmonella, E. coli, o Clostridium, e outros patógenos oportunistas devido a sinergia de seus componentes (FOS, GOS, MOS e beta-glucanos), que atuam modulando a microbiota intestinal e, por conseguinte promovem a saúde intestinal e sistêmica do animal. EFEITO BIFIDOGÊNICO: Os prebióticos FOS e GOS são fibras fermentáveis ​​solúveis, que, por não serem digeridas pelas enzimas digestivas do animal, chegam ao intestino grosso, onde servem como substratos para bactérias benéficas, aumentando a síntese de ácidos graxos de cadeia curta (acético, propiônico e butírico) e Bacteriocinas. SAÚDE INTESTINAL: Com o aumento da população de bactérias benéficas, o crescimento de microrganismos patogênicos é inibido por diferentes meios de ação, sendo estes a exclusão competitiva, acidificação do meio intestinal, ação direta de bacteriocinas e ácidos graxos. A redução da enterite e a acidificação do pH intestinal favorecem a ação das enzimas digestivas, resultando em uma melhora na absorção de nutrientes da dieta, incluindo minerais como cálcio e magnésio. IMUNOMODULAÇÃO: Os 1,3 e 1,6 beta-glucanos são imunomoduladores, estimulando a atividade das células do sistema imunológico. Ao mesmo tempo, os 1,3 e 1,6 beta-glucanos são adsorventes de micotoxinas que, em sua maioria, são hepatotóxicos e prejudicam a eficiência do sistema digestivo. AGLUTINAÇÃO FÍSICA DE BACTÉRIAS NOCIVAS: MOS é um poderoso aglutinador de bactérias que possuem fímbrias do tipo I, como Salmonella e E. coli. A sinergia entre seus princípios ativos faz do YES GOLF uma mistura prebiótica com alta capacidade de modular a microbiota de animais com efeito imunomodulador efetivo, aumentando o desempenho produtivo e melhorando o estado de saúde dos animais.

INFORMAÇÃO ADICIONAL

2022

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EMPRESA

COMPOSIÇÃO

Mananooligossacarídeos, 1,3 e 1,6 betaglucanos, galactooligossacarídeos, frutooligossacarídeos, levedura e minerais orgânicos

Mananooligossacarídeos, 1,3 e 1,6-beta-glucanos, galactooligossacarídeos, frutooligossacarídeos, levedura e minerais orgânicos

Mananooligossacarídeos, 1,3 e 1,6-beta-glucanos, galactooligossacarídeos, frutooligossacarídeos, levedura e minerais orgânicos

TIPO DE INGREDIENTE/S

Parede celular de levedura, extrato de levedura, frutooligossacarídeos, galactooligossacarídeos, cobre aminoácido quelato, magnésio aminoácido quelato, manganês aminoácido quelato, selênio proteinato, zinco aminoácido quelato e levedura seca de cana de açúcar

Parede celular de levedura, extrato de levedura, frutooligossacarídeos, galactooligossacarídeos, cobre aminoácido quelato, magnésio aminoácido quelato, manganês aminoácido quelato, selênio proteinato, zinco aminoácido quelato e levedura seca de cana de açúcar

Parede celular de levedura, extrato de levedura, frutooligossacarídeos, galactooligossacarídeos, cobre aminoácido quelato, magnésio aminoácido quelato, manganês aminoácido quelato, selênio proteinato, zinco aminoácido quelato e levedura seca de cana de açúcar

NOME DO PRODUTO

YES - GOLF EGG

YES - GOLF POULTRY

YES - GOLF PIG

86

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Indicado para suínos

Indicado para frangos de corte e perus

Indicado para aves de postura

TIPO DE USO

DOSE

Suínos: 2,0 kg/ton

Frangos de corte e perus: 1,0 - 1,5kg/ton

Aves de postura: 2, 0 a 3,0 kg/ton

PREBIÓTICOS

PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS 2022

Tabela de produtos

YES- GOLF PIG é uma blend prebiótico cujo equilíbrio entre os ingredientes de sua composição foi planejado especificamente para suínos, visando aumentar a população de bactérias benéficas (principalmente Lactobacillus e Bifidobacterias) e reduzir a colonização de bactérias patogênicas, como Salmonella, E. coli e também Clostridium, resultando em melhor conversão alimentar, melhores ganho de peso e viabilidade e diminuição nos quadros de diarreia. O equilíbrio da microbiota beneficia, também, o sistema imunológico dos animais.

YES - GOLF POULTRY é um blend prebiótico desenvolvido especificamente para frangos de corte e perus que atua na modulação da microbiota intestinal, promovendo o crescimento das bactérias benéficas em detrimento das patogênicas e por conseguinte melhorando a saúde do animal. Esta formula foi otimizada para um melhor dezempenho zootécnico tais como ganho de peso, homogeneidade de lotes, maior saúde animal, combate a Salmonella e diminuição da mortalidade.

YES - GOLF EGG é uma blend prebiótico desenvolvido especificamente para aves de postura, visando aumentar a população de bactérias benéficas (principalmente Lactobacillus e Bifidobacterias) e reduzir a colonização de bactérias patogênicas, como Salmonella, E. coli e também Clostridium, resultando em melhor conversão alimentar, maior produção e qualidade de ovos, incluindo, cascas mais resistentes, inclusive, em aves mais velhas. O equilíbrio da microbiota beneficia, também, o sistema imunológico dos animais.

INFORMAÇÃO ADICIONAL

2022


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Diatomita, Sulfato de Zinco, Sulfato de Manganês, Aditivos Probióticos (Bacillus subtilis, Lactobacillus acidophillus, Lactobacillus lactis, Lactobacillus casei, Enterococcus faecium, Bifidobacterium bifidum)

SIMBIUM AVES DIVITA

CINERMAX SUIS

GVF-AQUA NUTRI

Lactulose/Lactose, Diatomita, Sulfato de Zinco, Sulfato de Manganês, Aditivos Probióticos (Lactobacillus reuteri, Bacillus subtilis, Bacillus licheniformis, Lactobacillus salivarius, Lactobacillus acidophillus, Lactobacillus delbrueckii, Lactobacillus plantarum, Pediococcus acidilactici, Lactobacillus rhamnosus e Enterococcus faecium)

Lactose, Diatomita, L- glutamina, Cloreto de Sódio (Eletrólitos), Lactobacillus reuteri, Lactobacillus salivarius, Lactobacillus acidophillus, Lactobacillus delbrueckii, Lactobacillus plantarum, Lactobacillus rhamnosus, Pediococcus acidilactici, Enterococcus faecium.

INGREDIENTES ATIVOS E OUTROS INGREDIENTE/S

NOME DO PRODUTO

Lactose (mín) 75g/100g, Aditivos probióticos (mín) 109 UFC/100g

Matéria Mineral (máx) 900 g/kg, Cálcio (mín) 160g/kg, Zinco (mín) 350 mg/kg, Manganês (mín) 260 mg/kg, Bacillus subtilis (mín) 6,5X107 UFC/g, Lactobacillus acidophillus (mín) 1,0X108 UFC/g, Lactobacillus casei (mín) 7,5X107 UFC/g, Enterococcus faecium (mín) 1,0X108 UFC/g, Lactobacillus lactis (mín) 8,0X107 UFC/g, Bifidobacterium bifidum (mín) 7,0x107 UFC/g.

Matéria Mineral (máx) 140 g/kg, Cálcio (mín) 20 g/kg, Zinco (mín) 700 mg/kg, Manganês (mín) 520 mg/kg, Aditivos probióticos (mín) 1,0X109 UFC/g

COMPOSIÇÃO

Indicado para uso na água de bebida de frangos de corte do primeiro dia ao pré-abate, poedeiras e aves reprodutoras em qualquer fase da vida ou no período de estresse.

Indicado para suínos em todas as fases.

Indicado para frangos de corte, matrizes pesadas e poedeiras em todas as fases.

TIPO DE USO

* Produtos formulados, que em sua composição contêm aditivos prebióticos e probióticos, além de outros ingredientes.

Distribuido por:

Produzido por:

EMPRESA

DOSE

Misturar 100 gramas para cada 1.000 litros de água de bebida.

Misturar 5kg/ton em ração maternidade e pré inicial, de 2 a 5kg/ton para ração inicial, de 0,5 a 1kg/ton para ração crescimento e terminação, 2kg/ton para ração reprodução e lactação.

Poedeiras e matrizes pesadas: misturar de 1 a 1,5kg/ton nas rações de cria, recria e pré postura e 500g/ton nas rações de produção. Frangos de corte: misturar 1,5kg na ração pré inicial, 1kg na ração inicial, 750g na ração crescimento e 500g na ração final.

SIMBIÓTICOS E OUTROS*

PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS 2022

Tabela de produtos

Os nutrientes e bactérias probióticas contribuem para a saúde intestinal, pois promovem a regeneração celular, o equilíbrio da microbiota e consequente auxílio na redução de microrganismos patogênicos como as salmonelas.

Indicado para auxílio no controle de quadros entéricos em suínos e para melhor desempenho, em todas as fases de criação.

Promove a colonização intestinal das aves e do ambiente por bactérias probióticas, contribui para o melhor desempenho zootécnico, e para manutenção do equilíbrio da microbiota intestinal e é fonte de minerais (Ca, Mn, Zn).

INFORMAÇÃO ADICIONAL

2022

87


EMPRESA

INGREDIENTES ATIVOS E OUTROS INGREDIENTE/S

Aditivo Estimbiótico

NOME DO PRODUTO

SIGNIS 160.000 BXU/g de produto

COMPOSIÇÃO

Aditivo Estimbiótico para uso em aves de corte e postura e suínos

TIPO DE USO

50 a 200gr/ton

DOSE

SIMBIÓTICOS E OUTROS* INFORMAÇÃO ADICIONAL

O termo estimbiótico foi introduzido recentemente e é definido como aditivos não digeríveis, mas fermentáveis, que estimulam a fermentabilidade da fibra naturalmente presente nos ingredientes, porém que são utilizados em uma dose muito baixa para que o próprio estimbiótico possa contribuir de maneira significativa para a produção de ácidos graxos de cadeia curta. Portanto, ao contrário dos prebióticos, que são fermentados quantitativamente pelo microbioma, o estimbiótico simplesmente melhora a fermentação da fibra que já está presente na dieta.

PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS 2022

Tabela de produtos

2022

88

nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Tabelas de prebióticos, probióticos e simbióticos 2022


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CONCEITOS BÁSICOS DAS MICOTOXINAS E AS FERRAMENTAS DE CONTROLE micotoxinas

Autores: Carolini Prigol, Bruno Vecchi e Eduardo Miotto

INTRODUÇÃO As micotoxinas são compostas de diversas estruturas químicas, em geral de baixo peso molecular, produzidas por muitas espécies de fungos sendo as principais: Aspergillus, Penicillium e Fusarium.

90 nutriNews Brasil 2º Trimestre 2022 | Conceitos básicos das Micotoxinas e as ferramentas de Controle


Atualmente existem cerca de 2000 tipos diferentes de micotoxinas conhecidas, porém na produção animal, as micotoxinas mais relevantes são Aflatoxinas, Fumonisinas, Ocratoxinas, Tricotecenos (DON/T2/NIV/DAS) e Zearalenona. A contaminação por micotoxinas pode ocorrer em vários estágios da produção de grãos, tais como já no plantio, colheita, transporte, processamento e armazenamento (Tabela 1).

Tabela 1: Os fungos produtores de micotoxinas e as condições climáticas para o seu desenvolvimento. FUNGO

CONDIÇÕES AMBIENTAIS

Aflatoxinas

Aspergillus flavus/ A. parasiticus

Seco e Quente

DON/Zearalenona

Fusarium graminearum/ F. culmorum

Úmido e Frio

Fumonisinas

Fusarium verticilloides/ F. proliferatum

Seco e Temperado

Ocratoxina A

Penicillum verrucosum

Quente e úmido

micotoxinas

MICOTOXINA

A Vetanco S.A. no ano de 2021, realizou mais de 7.000 determinações de micotoxinas em matérias-primas de 8 países da América Latina. Do total de amostras analisadas, 93% foram positivas para pelo menos uma micotoxina. O Dado mais preocupante é que deste total de amostras positivas, 67% das amostras possuíam duas micotoxinas ou mais, evidenciando uma alta taxa de co-contaminações.

DETERMINAÇÃO DE MICOTOXINAS EM MATÉRIAS-PRIMAS NA AMÉRICA LATINA 7%

Micotoxinas não identficadas

93%

Presença de pelo menos uma micotoxina

TOTAL DE AMOSTRAS POSITIVAS PARA MICOTOXINAS

33%

Presença de uma micotoxina ou menos

67%

Presença de duas micotoxinas ou mais

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O QUE ELAS CAUSAM A ingestão de micotoxinas pelos animais pode desencadear quadros agudos ou crônicos em função das concentrações e periodicidade de ingestão. As lesões podem variar desde uma ligeira diminuição dos parâmetros de produção até culminar com a morte do animal.

Tabela 2: Resumo das lesões causadas pelas principais micotoxinas em suínos. Lesões orais

T2

Disfunções cardíacas

FUM

Edema pulmonar

FUM

Nefrotoxicidade

AFLA/OTA

Imunossupressão

AFLA/T2/DON/ FUM/OTA

Hemorragias

AFLA

Perda de Peso

AFLA/FUM/OTA/ DON

Sindrome de má absorção, enterite, necrose

FUM/DON

Morte Súbita

AFLA

Hepatoxicidade

AFLA/FUM

Abortos, Natimortos, Redução na fertilidade, Alterações no cicle estral

Z/T2/DON

No entanto, as consequências mais comuns da ingestão de micotoxinas são a imunossupressão e os transtornos reprodutivos.

micotoxinas

A seguir, são mencionadas algumas das alterações que podem ser observadas as causas das diferentes micotoxinas.

T2:Tricotecenos T2 – DON: Deoxinivalenol– AFLA: Aflatoxina B1 – FUM: Fumonisina B1 – ZEA: Zearalenona – OTA: Ocratoxina A– DAS: Diacetoxiscirpenol.

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CONTAMINAÇÕES MISTAS As co-contaminações são muito comuns e podem gerar distintos efeitos nos animais como principalmente efeitos sinérgicos ou aditivos. O efeito aditivo ocorre quando o resultado da exposição a duas micotoxinas é maior do que a exposição a cada uma delas individualmente. Tanto DON como Fumonisinas diminuem o número de células caliciformes e a altura das vilosidades intestinais. Mas quando estão juntas, a diminuição em ambos os parâmetros é maior.

COMO ELAS SE CLASSIFICAM As micotoxinas classificam-se em polares e com menor polaridade, de acordo com sua estrutura química. A Aflatoxina B1 e a Fumonisina B1, são as mais polares das micotoxinas e são adsorvidas mais facilmente do que as de menor a solubilidade, a capacidade de dissociação

Um efeito sinérgico ocorre quando

e as cargas iônicas, também desempenham

diferentes micotoxinas atuam em

um papel essencial em sua capacidade de

diferentes fases do mesmo mecanismo

serem adsorvidas.

de ação. Por exemplo, T2 aumenta a peroxidação lipídica, causando um

A maioria dos adsorventes tem

aumento na concentração de espécies

demonstrado baixa e/ou nula capacidade

reativas de oxigênio (ROS), enquanto

para adsorver micotoxinas com menor

a Aflatoxina B1, inibe os mecanismos

polaridade, tais como o T2, DON e ZEA.

naturais de eliminação de ROS.

Por sua vez, os inativadores enzimáticos têm demonstrado ser a melhor opção para o controle das micotoxinas de baixa polaridade.

Tabela 3: Grau de Polaridade das Micotoxinas graduado na escala Debey.

AFLA FUM

DON

DAS

OTA

Figura 1: Efeito sinérgico (linha completa) e Efeito aditivo (linha pontilhada)

MICOTOXINA

VALOR D

Aflatoxina B1

9,50

Ocratoxina A

6,90

Nivalenol

5,03

Desoxinivalenol

3,95

Toxina T-2

2,49

Zearalenona

2,20

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micotoxinas

polaridade. Por sua vez, o peso molecular,


FORMAS DE CONTROLE

micotoxinas

Assim como há uma grande variedade de micotoxinas, existe uma enorme variedade de métodos de controle. Esses variam desde boas práticas agrícolas, de armazenamento, à produtos enzimáticos com um elevado valor tecnológico. Os adsorventes agem na remoção de micotoxinas no trato digestivo dos animais, uma vez que a adsorção é dependente principalmente da polaridade (carga iônica das moléculas) de cada micotoxina.

Nos últimos anos, o uso de enzimas para a inativação de micotoxinas tornou-se uma ferramenta segura com efeitos sobre uma ampla gama de micotoxinas, principalmente as que possuem baixa polaridade, as quais não são adequadamente controladas por métodos tradicionais. Esse mecanismo onde as enzimas são capazes de metabolizar as micotoxinas é chamado de detoxificação, biotransformação ou inativação enzimática.

CONCLUSÕES Conhecer as características das micotoxinas é fundamental para a escolha da correta ferramenta para controle. Tendo as enzimas um amplo espectro de ação, eficácia e não possuir efeitos colaterais, os inativadores enzimáticos tem se tornado a melhor ferramenta para controle das principais micotoxinas de importância na suinocultura mundial.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOB CONSULTA JUNTO AOS AUTORES Conceitos básicos das Micotoxinas e as ferramentas de Controle

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